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A CASA DA SAUDADE (CANTO DE VIÚVO) Onde a solidão cozinha, Serve a cama, sorve o mate, E borra os olhos da tarde, Com seus matizes de dor... É onde a guanxuma varre Do piso de chão batido, Sangrado sonho abatido, De um coração desertor. E quando escorrem milongas, de um fim de tarde, E um candeeiro solta as bruxas, sem alarde, Minha guitarra soluça e eu me debruço No ombro da escuridão. Neste rancho, nesta casa, De noites sempre encobertas, O vento sul, pelas frestas, Fere o silêncio, a pulsar. Aqui só as almas se encontram,

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A CASA DA SAUDADE (CANTO DE VIÚVO)

Onde a solidão cozinha,Serve a cama, sorve o mate,E borra os olhos da tarde,Com seus matizes de dor...

É onde a guanxuma varreDo piso de chão batido,Sangrado sonho abatido,De um coração desertor.

E quando escorrem milongas, de um fim de tarde,E um candeeiro solta as bruxas, sem alarde,Minha guitarra soluça e eu me debruçoNo ombro da escuridão.

Neste rancho, nesta casa,De noites sempre encobertas,O vento sul, pelas frestas,Fere o silêncio, a pulsar.

Aqui só as almas se encontram,Ninguém habita esta herdade,Pois na Casa da SaudadeSó as sombras podem morar.