A Castidad e

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    A castidade

    Pe. Francisco Faus

    Todos chamados ao verdadeiro amor

    Chamados ao verdadeiro amor.O ser humano, enquanto imagem de Deus, criado paraamar. Esta verdade foi-nos revelada plenamente no Novo Testamento, juntamente com omistrio da vida intratrinitria: Deus amor (1 Jo 4,8) e vive em si mesmo um mistrio decomunho pessoal de amor [o Pai ama o Filho e o Filho o Pai, e o Amor que deles procede e osune o Esprito Santo, Amor substancial de Deus]. Criando-a sua imagem, Deus inscreve nahumanidade do homem e da mulher a vocao, e, assim, a capacidade e a responsabilidade doamor e da comunho. O amor , portanto, a fundamental e originria vocao do serhumano. Assim se expressa, no n.8, um importante documento do Conselho pontifcio para afamlia, de 8/12/1995: Sexualidade humana: verdade e significado(que inclui uma citao daExortao apostlica Familiaris consortio, de Joo Paulo II, n. 11)).

    A pessoa , portanto continua o citado documento, no n. 9 , capaz de um tipo deamor superior: no o amor de concupiscncia, que v s objetos com que satisfazer os

    prprios apetites, mas o amor de amizade e oblatividade, capaz de reconhecer e amar aspessoas por si mesmas. um amor capaz de generosidade, semelhana do amor de Deus;quer-se bem ao outro porque se reconhece que digno de ser amado. um amor que gera acomunho entre as pessoas, visto que cada um considera o bem do outro como prprio. umdom de si feito quele que se ama [...]. Cada ser humano chamado ao amor de amizade eoblatividade; e libertado da tendncia ao egosmo pelo amor de outros [...], definitivamentepor Deus [pelo amor de Deus], de quem procede todo o amor verdadeiro e em cujo amorsomente a pessoa humana descobre at que ponto amada.

    Entende-se, assim, que So Paulo resumisse a vida crist dizendo: Sede imitadores deDeus, como filhos muito amados. Vivei no amor, a exemplo de Cristo, que nos amou e por nsse entregou a Deus como oferenda e sacrifcio de agradvel odor(Ef 5,1-2). O modelo de todoamor cristo (do amor a Deus, do amor dos esposos, do amor entre pais e filhos, do amor

    sincero entre amigos) a entrega de Cristo, a figura de Jesus com o Corao trespassado naCruz, que Bento XVI no se cansa de propor como imagem perfeita do amor cristo (cf.Encclica Deus caritas est, n. 12).

    Este amor-doao, que faz viver em funo dos outros, tem duas dimenses primordiais,vocacionais, na vida dos cristos:

    1. A vocao para a entrega total da pessoa, alma e corpo, na castidade perfeita, nocelibato por amor a Deus; e tambm como disponibilidade plena para o servio do prximo(celibato apostlico). Jesus, aps falar de que o matrimnio indissolvel, dirigiu-se aosdiscpulos, que, por motivos egostas, comentavam que se a situao do homem com a mulher assim, melhor no casar-se, e disse-lhes, com expresso grfica: Nem todos so capazes deentender isso, mas s aqueles a quem concedido. De fato, existem homens impossibilitados

    de casar-se, porque nasceram assim; outros ainda, por causa do Reino dos Cus, se fizeramincapazes do casamento. Quem puder entender, que entenda(Mt 19,10-12).

    Tambm So Paulo, seguindo os ensinamentos de Cristo, escreve: O homem no-casado solcito pelas coisas do Senhor e procura agradar o Senhor. O casado preocupa-se com ascoisas do mundo, e procura agradar sua mulher. E, assim, est dividido[...].Do mesmo modo,a mulher no-casada, a virgem, preocupa-se com as coisas do Senhor e procura ser santa decorpo e esprito. Mas a que casada preocupa-se com as coisas do mundo e procura agradarao seu marido. Digo isto para o vosso prprio bem e no para vos armar um lao. O que eu

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    desejo levar-vos ao que melhor e dedicao integral ao Senhor, sem outras preocupaes(1 Cor 7,32-35).

    2. A vocao de entrega de amor no matrimnio, que tem como modelo a entrega deCristo sua Igreja (esposa de Cristo): Maridos, amai as vossas mulheres, como Cristotambm amou a Igreja e se entregou por ela [...]. Este mistrio grande eu digo isso emreferncia a Cristo e Igreja(Ef 5,25.32).

    As pessoas casadas so chamadas a viver a castidade conjugal, lembra o Catecismo daIgreja (n. 2349). E o documento Sexualidade humana: verdade e significado, n. 20, comentaque os casados devem estar conscientes de que no seu amor est presente o amor de Deus e,por isso, tambm a sua doao sexual dever ser vivida no respeito de Deus e do Seu desgniode amor, com fidelidade, honra e generosidade para com o cnjuge e para com a vida quepode surgir do seu gesto de amor. S dessa maneira ela se pode tornar expresso dacaridade.

    Quando tal amor [cristo] se realiza no matrimnio diz ainda o documento sobre asexualidade humana (nn. 11 ss.) , o dom de si exprime, por intermdio do corpo, acomplementaridade e a totalidade do dom; o amor conjugal torna-se, ento, fora queenriquece e faz crescer as pessoas e, ao mesmo tempo, contribui para alimentar a civilizao

    do amor; quando, pelo contrrio, falta o sentido e o significado do dom na sexualidade,acontece uma civilizao das coisas e no das pessoas; uma civilizao em que as pessoasse usam como se usam as coisas. No contexto da civilizao do desfrute, a mulher pode tornar-se para o homem um objeto, os filhos um obstculo para os pais.

    , sem dvida acrescenta , um amor exigente. Mas nisto mesmo est a sua beleza:no fato de ser exigente, porque deste modo constri o verdadeiro bem do homem e irradia-otambm sobre os outros.

    Amor grande e exigente

    Este desgnio divino sobre o homem criatura espiritual e corporal, criada imagem esemelhana de Deus, elevada condio de filho de Deus, membro do Corpo de Cristo etemplo do Esprito Santo , essa vocao primordial e essencial para o Amor, d sexualidadehumana, em todas as situaes (virgindade, celibato, casamento) uma dimenso infinitamentemais elevada e qualitativamente diferente, essencialmente diferente, do sexo puramentebiolgico e instintivo dos animais.

    A virtude que caracteriza esse modo cristo de viver a sexualidade a castidade. E,sendo uma virtude, deve tender, por definio como todas as virtudes , ao fim da vocaodo cristo: a santidade.

    Esse ideal de santidade expresso, com vigor e clareza, numa das homilias de SoJosemaria Escriv: Esta a vontade de Deus, a vossa santificao... Que cada um saiba usar o

    seu corpo santa e honestamente, no se abandonando s paixes, como fazem os pagos, queno conhecem a Deus (1 Tes 4, 3-5). Pertencemos totalmente a Deus, de alma e corpo, com acarne e com os ossos, com os sentidos e com as potncias. Rogai-lhe com confiana: Jesus,guarda o nosso corao! Um corao grande, forte e terno e afetuoso e delicado,transbordante de caridade para contigo, a fim de servirmos a todas as almas.

    O nosso corpo continua a dizer santo, templo de Deus, precisa So Paulo. Estaexclamao do Apstolo traz-me memria a chamada universal santidade que o Mestredirige aos homens: Estote vos perfecti sicut et Pater vester caelestis perfectus est (Mt 5,48). OSenhor pede a todos, sem discriminaes de nenhum gnero, correspondncia graa; exige

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    de cada um, conforme a sua situao pessoal, a prtica de virtudes prprias dos filhos deDeus. (Amigos de Deus, n. 177).

    No podemos esquecer, porm, que o ser humano carrega consigo as inclinaesegostas procedentes da desordem do pecado (original e pessoal), e que experimenta em simesmo inclinaes contraditrias, de modo que se trava uma luta entre a carne e o esprito(Gal 5,16-17), entre o homem velho e o homem novo(Ef 4,22-24). por isso que a castidade s

    se pode viver, de acordo com o plano de Deus, com o auxlio da graa e com o esforo pessoalda luta asctica, especialmente com o exerccio da virtude da temperana (do autodomnio).Por isso, o documento sobre a sexualidade, que acima citamos, indica: Tudo isto exige oautodomnio, condio necessria para se ser capaz do dom de si. As crianas e os jovens [e osadultos] devem ser encorajados a estimar e praticar o autocontrole e a renncia, a viver demodo ordenado, a fazer sacrifcios pessoais, em esprito de amor de Deus, de auto-respeito ede generosidade para com os outros, sem sufocar os sentimentos e as tendncias, mascanalizando-os numa vida virtuosa (n. 58).

    Neste mesmo sentido, o Catecismo da Igreja Catlica recorda que a castidade supeuma aprendizagem do domnio de si, que uma pedagogia da liberdade humana. A alternativa clara: ou o homem comanda as suas paixes e alcana a paz, ou se deixa comandar por elas etorna-se infeliz (n. 2339).

    Para alguns, que se encontram em ambientes em que se ofende e se deprecia acastidade acrescenta ainda o documento Sexualidade humana: verdade e significado(n. 19), viver de modo casto pode exigir uma luta dura, s vezes herica. De qualquer maneira, coma graa de Cristo, que brota do seu amor esponsal pela Igreja, todos podem viver castamentemesmo que se encontrem em ambientes pouco favorveis.

    A castidade um ideal, uma vir tude que deve ser conqui stada

    J os primeiros cristos, que tiveram que viver num mundo tremendamente afetado pela

    corrupo dos costumes, praticavam a virtude da castidade de um modo indito, queadmirava e chocava os pagos, acostumados a toda a sorte de devassides. Alguns cristosinclusive, em pocas de perseguio, foram denunciados como tais e levados aos tribunaispagos precisamente porque eram castos: s isso j constitua um carto de identidade. Para opago de ento, que tinha no prazer material o mximo ideal de felicidade, a luta pelacastidade era inconcebvel, e a prtica da castidade era julgada impossvel. O pago atualpensa da mesma forma.

    preciso, por isso, que os cristos nos compenetremos da convico de que a castidade,apesar da incompreenso quase absoluta da maioria, um ideal grande, uma metanecessria para a realizao humana e crist, uma conquista possvel e acessvel. Nonasce, porm, sozinha: como toda virtude humana, como toda qualidade moral habitual,tem que ser adquirida; como as outras virtudes morais do cristo, deve forjar-se - no cadinho

    onde se fundem a graa de Deus e o esforo pessoal - mediante a orao e luta por ordenar aspaixes de acordo com a reta razo e a f. Mas essa luta impossvel sem a mortificao.

    Em suma, a castidade , simultaneamente, um dom que preciso pedir a Deus (cf. S.Josemaria Escriv, Caminho, n. 118), e uma virtude que deve se conquistar, aperfeioar ecrescer (cf. Id., Forja, n. 91), mediante o esforo generoso da nossa correspondncia graa.

    Com o esprito de Deus diz So Josemaria , a castidade no se torna um peso aborrecido ehumilhante. uma afirmao jubilosa: o querer, o domnio de si, o vencimento prprio, no a carne que o d nem procede do instinto; procede da vontade, sobretudo se est unida

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    Vontade do Senhor. Para sermos castos - e no somente continentes ou honestos -, temos quesubmeter as paixes razo, mas por um motivo alto, por um impulso de Amor.

    Comparo esta virtude a umas asas que nos permitem propagar os preceitos, a doutrina deDeus, por todos os ambientes da terra, sem temor a ficarmos enlameados. As asas - mesmo asdessas aves majestosas que sobem mais alto que as nuvens - pesam, e muito. Mas sefaltassem, no haveria vo. Gravai-o na vossa cabea, decididos a no ceder se notais a

    mordida da tentao, que se insinua apresentando a pureza como uma carga insuportvel.nimo! Para o alto! At o sol, caa do Amor (Amigos de Deus, n. 177).

    O ideal do cristo no se contenta s com amar e praticar pessoalmente a castidade,mas sente a necessidade, a misso especialmente num mundo que cada vez mais afunda noniilismo sem sentido e no hedonismo egosta de empenhar-se numa cruzada de virilidade ede pureza que enfrente e anule o trabalho selvagem daqueles que pensam que o homem uma besta (Caminho 121).

    interessante, neste ponto, lembrar um comentrio de Santo Tomas de Aquino, quehoje de uma atualidade plena. Diz o santo doutor, na Suma Teolgica(II-II, q.142, a. 2 e 3)que a maior parte dos pecados se cometem no porque o homem seja levado a eles pelas suasinclinaes naturais, mas pelo escndalo [maus exemplos, espetculos, etc.], que provoca uma

    super-excitao artificial das paixes. Da tambm a necessidade de unir, ao amor, a lutaasctica, tambm com carter profiltico: o esforo por evitar colocar-se voluntariamente nasocasies de pecado, na fogueira da tentao.

    A aquisio e cult ivo da vir tude da castidade

    No mundo atual, fortemente erotizado, evidente que a mortificao se torna mais necessriado que em pocas do passado recente. Por toda a parte gente mal-vestida na rua, outdoors,espetculos, jornais, revistas, livros, Internet - h uma agresso contnua castidade, umaestimulao artificial e massiva da fisiologia, da simples genitalidade animal, sem o menor

    contexto de grandeza e amor. Sexo pelo sexo. Sexo como consumo e prazer (Esta parte dapalestra recolhe vrios textos e idias do livro de F. Faus Autodomnio: elogio da temperana,pp. 72 a 83).

    O papel da mortificao, nesta batalha do cristo (e de qualquer ser humano honesto), maisdo que nunca um no sereno e corajoso a esses incentivos artificiais, absolutamentenecessrio para poder dizer sim beleza, grandeza e dignidade do amor; grandeza, emsuma, da alma e do corpo dos filhos de Deus. Por isso, da mesma forma que devemos dizer umno rotundo droga, para poder dizer um sim vida e preservao da sade fsica epsquica, temos que saber dizer o mesmo no a esses estmulos degradantes, para sermoscapazes de dizer sim ao amor, e beleza da sexualidade prpria de um filho de Deus, emque o amor de Deus, a alma e o corpo se integram numa harmonia equilibrada e perfeita.

    Da a necessidade desse autocontrole que a Igreja nos aconselha como meio necessrio contando sempre com a fora dos Sacramentos e da orao para manter, como diria SoJosemaria Escriv, a juventude do amor em qualquer estado de vida ( Cristo que passa, n.25). De fato, maravilhoso constatar que no h amor mais jovem, mais feliz e mais bonitoque o dos casais que vem o matrimnio e a famlia como uma vocao divina para asantidade sacramento grande, diz So Paulo (Ef 5,32) e uma misso na sociedade; e o doshomens e mulheres que decidem entregar a vida inteira, por amor, ao servio de Cristo e dosoutros, oferecendo a Deus com alegria a renncia ao sexo, no estado de celibatovoluntariamente assumido.

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    E agora eu te pergunto diz So Josemaria : como que enfrentas esta peleja? Bem sabesque a luta, se a mantns desde o princpio, j est vencida. Afasta-te imediatamente do perigo,logo que percebas as primeiras chispas da paixo, e mesmo antes. Fala, alm disso,imediatamente com quem dirige a tua alma; melhor antes, se for possvel, porque, se abrimoso corao de par em par, no seremos derrotados. Um ato e outro formam um hbito, umainclinao, uma facilidade. Por isso necessrio batalhar para alcanar o hbito da virtude, o

    ato da mortificao , para no repelir o Amor dos amores (Amigos de Deus, n. 182) .Nesta batalha santa, em primeiro lugar importante a mortificao da gula. O autodomniono comer e no beber ajuda-nos, mais do que imaginamos, a manter o equilbrio alegre e sadioda castidade. Tenho para mim afirmava o abade Joo Cassiano (sculo V) que nopoderemos jamais reprimir o aguilho da carne, se antes no conseguirmos refrear os desejosda gula.

    Ao mesmo tempo, faz-nos falta cuidar delicadamente da mortificao dos olhos, janelasabertas ao mundo e receptores principais da chuva constante de incentivos erticos que,infelizmente, h por toda a parte. Quem se estima a si mesmo, como vamos antes, sabe dizerno (no estou disposto a olhar tudo pela rua, nem a comprar revistas pornogrficas, nem afuar em programas noturnos na tv, nem a alugar fitas erticas, nem a pesquisar no lixo sexualda Internet); e diz esse no insisto porque est decidido a dizer sim a um ideal deamor muito maior do que o prazer carnal egosta e descomprometido que faz o homem descerabaixo do nvel dos bichos (que, diga-se de passagem, so em geral bem mais castos do queos homens,).

    Que outras armas vamos empregar para alcanar a pureza crist? Recorda-as tambm SoJosemara (cf. Amigos de Deus, n. 185): Cuidai da castidade com esmero, e tambm dessasoutras virtudes que formam o seu cortejo - a modstia e o pudor -, que vm a ser como que asua salvaguarda. No passeis com ligeireza por cima dessas normas que so to eficazes paranos conservarmos dignos do olhar de Deus: a guarda atenta dos sentidos e do corao; avalentia - a valentia de ser covarde - para fugir das ocasies...:

    Comecemos pela valentia de ser covarde, para fugir das ocasies, que j antesmencionvamos. Na maior parte dos casos, este o grande segredo para no ter que repetir,

    de modo triste e insincero, aquela velha desculpa de que a carne fraca e eu no consigome segurar. Fugir das ocasies evitar os lugares (um apartamento vazio, certas boates,bares, danceterias, etc.), as situaes (um carro estacionado em lugar escuro) e as pessoas quefacilmente nos podem arrastar para a simples exploso genital (p.e., certos reveillons ecarnavais comemorados em hotis ou clubes, em que a promiscuidade de rapazes e moas de mistura com lcool, drogas e dana quase orgistica convite quase inesquivvel a cairnos maiores abusos sexuais).

    Depois, lembremos a guarda atenta dos sentidos e do corao. Em primeiro lugar, da vista,da curiosidade mrbida, por vezes quase que obsessiva e compulsiva; depois, poderamosrecordar a importncia de guardar tambm o ouvido, pequeno bueiro onde so despejadasconstantemente gracinhas sujas; e o tato, para no cair em familiaridades e manifestaes deafeto pegajosas, bastante "suspeitas", especialmente com pessoas do outro sexo, que muitavez equivalem a catar sorrateiramente migalhas de sensualidade, enquanto se finge seramvel e cordial; e ainda o controle, importantssimo, dos chamados sentidos internos, aimaginao e a memria.

    Reconheamos que noventa por cento dos desvarios sexuais procedem do descontrole destesdois sentidos internos. Deixar a imaginao solta alimentada muitas vezes pelasrecordaes de pecados cometidos, de conversas, ou por filmes, por leituras, por imagensvisuais procuradas nas revistas, na Internet ou na tv a mesma coisa que escancarar asjanelas da alma a uma srie de tentaes, constantes e progressivas, que entram como uma

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    revoada de cupins; a mesma coisa que acender um caldeiro de aprendiz de bruxo, de ondepodem sair todas as torpezas, abusos e anomalias. Quem dono da imaginao, tem noventapor cento ganho para ser, com fortaleza, dono e senhor dos seus impulsos sexuais e dos seussentimentos e, portanto, do seu amor. Este autodomnio do pensamento a chamadamortificao interior, tanto ou mais importante para o senhorio da vontade como amortificao dos sentidos.

    Finalmente, temos de repisar a importncia primordial dos meios sobrenaturais, que exigem aconcretizao de propsitos e esforos perseverantes: O trato assduo com o Senhor atravsda Eucaristia [...]. A freqncia dos sacramentos, de modo particular [alm da Eucaristia] aConfisso sacramental; a sinceridade plena na direo espiritual pessoal; a dor, a contrio, areparao depois das faltas, e tudo ungido com uma terna devoo a Nossa Senhora, para queEla nos obtenha de Deus o dom de uma vida santa e limpa (So Josemaria Escriv, Amigos deDeus, cf. nn. 185 e 186).

    Vivendo assim, confirmaremos com a nossa vida e saborearemos com alegria a verdade destaspalavras de So Josemaria Escriv: A castidade a de cada um no seu estado: solteiro,casado, vivo, sacerdote uma triunfante afirmao do Amor (Sulco, n. 831).

    N.B. Os sublinhados nas citaes includas na palestra no constam do original: foram todos

    eles acrescentados para dar destaque, na exposio, a alguns conceitos.