A catedral de Jacarezinho

7/21/2019 A catedral de Jacarezinho

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CATEDRAL DIOCESANA DE JACAREZINHO: RELIGIÃO E HISTÓRIA

Fumie Inouye Barbuio1

RESUMO

Este trabalho apresenta um recorte da história da cidade de Jacarezinho, sobre ainfluência do catolicismo na formação cultural da população do norte pioneiro,especialmente no setor educacional, por ter mantido durante dcadas, escolas de

renome fre!uentadas pela elite econ"mica e pol#tica da re$ião% &lm disso,e'idencia o conflito !ue hou'e entre o catolicismo e as ideias comunistas !ue estãocontempladas na (atedral )iocesana de Jacarezinho% *or estes elementos, estemunic#pio possui 'alor histórico !ue poderia ser melhor apro'eitado pelas funç+esdidticas no ensino da disciplina de -istória, entrelaçando história local e $eral,podendo demonstrar a todos como esta rea do conhecimento est 'inculada aonosso cotidiano% &ssim, trazer o estudo da localidade para dentro da sala de aula foio ob.eti'o do *ro.eto desen'ol'ido no *)E /*ro$rama de )esen'ol'imentoEducacional0 durante o ano de 2234225, buscando uma formação histórica dedocentes e discentes potencializando uma função social e indi'idual para a -istória% &tra's deste arti$o, foram e6postos os resultados desse trabalho, desen'ol'idocom Jo'ens e &dultos, no (EEBJ& *rof7 8eni 9ampaio :emos, onde ocorreu aimplementação do pro.eto citado cu.o ob.eto espec#fico de estudo foi a (atedral)iocesana de Jacarezinho%

PALAVRAS CHAVES; Jacarezinho% Ensino de -istória% -istória local% (atedral

)iocesana de Jacarezinho%

ABSTRAT

<his article presents a slice of the history of the to=n of Jacarezinho, specially aboutthe influence of the (atholicism on the cultural de'elopment of its population,focused in the educational sector for ha'in$ sustained renamed schools durin$decades, attended by the economical and political elite of that area% Besides that, thispaper e'idences the conflict that happened bet=een the (atholicism and thecommunist ideas =hich can be obser'ed at the )iocesan (athedral of Jacarezinho%By those elements this to=n has a $reat historical importance that could be betterused in the didactics in the teachin$ of -istory, mi6in$ the local history and $eneral,mi$ht sho=in$ e'eryone ho= this area of >no=led$e is connected to our !uotidian%

1 Professora de História da Rede Estadual de Ensino em Jacarezinho - PR



2

<his =ay, brin$ the study of the local area to the classroom =as the aim of thepro.ect de'eloped in the *)E /Educational de'elopment pro$ram0 durin$ the years of2234225, aimin$ a historical education of teachers and students, impro'in$ thesocial and indi'idual function to the history, throu$h this article, =e sho= the results

of this =or>, de'eloped =ith >ids and adults at the (EEBJ& *rof% 8eni 9ampaio:emos, =here the pro.ect abo'e mentioned has happened =hich had the )iocesan(athedral as specific sub.ect of study%

KEY WORDS: Jacarezinho% -istory <eachin$% :ocal -istory% )iocesan (athedral ofJacarezinho%

INTRODUÇÃO2

Este trabalho apresenta al$umas das refle6+es desen'ol'idas no *ro$rama

de )esen'ol'imento Educacional /*)E0 do Estado do *aran !ue possibilitou um

contato e retorno aos campi uni'ersitrios oportunizando refle6+es sobre o cotidiano

escolar, aprofundando o contato com reas di'ersas do conhecimento sendo

desen'ol'ido em etapas distintasnas !uais hou'e tempo para aprofundamento

teórico e depois aplicação em sala de aula, finalizando?se no trabalho%

)entro dos princ#pios do ensino da -istória, pode?se utilizar a -istória local,

partindo da comunidade onde con'i'e o aluno e a preocupação de conscientiz?lo

para a preser'ação de patrim"nio cultural como forma de compreensão da realidade

local e re$ional%

@essa perspecti'a, a -istória local apresenta?se como um est#mulo e

moti'ação para o ensino de -istória, tornando a própria disciplina para o aluno como

um realidade pró6ima e concreta ao aluno%

*artindo desses pressupostos este arti$o e6p+e os resultados de um trabalho

desen'ol'ido durante o *)E /*ro$rama de )esen'ol'imento Educacional do Estado

do *aran0 primeiro com professores, no 8<A /8rupo de <rabalho em Aede0 e

implementado na sala de aula, com Jo'ens e &dultos, no (EEBJ& *rof7% 8eni

9ampaio :emos%

@essa instituição ocorreu a implementação do pro.eto de estudo da -istória

local, cu.o ob.eto foi a (atedral )iocesana de Jacarezinho /*A0% & história da

construção da catedral possibilitou, alm da aborda$em sobre as influências do2 Estudo orientado pelo Prof°. Me. Alfredo Moreira da il!a J"nior.# $EEEJA % $entro Estadual de Educa&'o para Jo!ens e Adultos



#

catolicismo romanizado na Educação no @orte do *aran, retratar a história de um

dado per#odo da humanidade, mostrando não ser a história local um espaço isolado

mas confi$uração do mundo de uma poca, com todas as suas contradiç+es sociais,

pol#ticas e culturais%

*artindo?se desse princ#pio cabe C -istória en!uanto disciplina contribuir para

a construção do pensamento histórico dos alunos, contribuir para a formação de

uma consciência histórica, entendida como condição da e6istência do pensamento

humano, pois Das e6periências históricas dos su.eitos se e6pressam em suas

consciências% /)IAE<AIE9 (GAAI(G:&AE9 *&A& H E@9I@H )E -I9<AI& )H

E9<&)H )H *&A&@, 223, p%K0%

@esse sentido o presente arti$o tratou relatar o trabalho desen'ol'ido erefletir sobre este, em etapas distintas, durante o pro$rama !ue oportunizou o tempo

para aprofundamento teórico e posterior desen'ol'imento e aplicação em sala de

aula%

Buscou?se, assim, atender Cs necessidades da clientela da referida

instituição, !ue se caracteriza por uma maioria si$nificati'a de trabalhadores, !ue,

por moti'os di'ersos, dei6aram de fre!uentar escola re$ular e ho.e na disputa do

mercado de trabalho, retornam C escola, ansiosos por certificação, trazendo consi$ouma $ama de e6periência e maturidade !ue enri!uecem o cotidiano escolar, . !ue,

muitas 'ezes, os conteLdos trabalhados em história foram 'i'enciados em parte por

eles ou por pessoas pró6imas a eles%

)a# a necessidade e curiosidade dentre muitos, no campo histórico, li$adas C

cidade de Jacarezinho, onde o conser'adorismo da reli$ião católica ainda muito

forte e durante dcadas, este'e C frente do setor educacional, liderando e norteando

a sociedade da re$ião% & educação brasileira este'e, por muito tempo, atrelada C I$re.a, em 'irtude

da atuação dos bispos, com condutas e linhas de ação romanizadas !ue acabaram

por M%%%N atin$ir a realidade brasileira a partir de meados do sculo OIO, centralizando

todo o poder da i$re.a em Aoma nas mãos do papaP tornar a F do po'o mais

ortodo6a e doutrinria e combater a modernidade% /E9<EQE9, 22R, p%120%

@essa perspecti'a, o presente trabalho te'e como foco a história da (atedral

diocesana e as obras desen'ol'idas na re$ião pelos bispos )om Fernando <addei e

)% 8eraldo 9i$aud no setor da educação com as construç+es no in#cio do sculo OO,

dos (ol$ios (risto Aei e Imaculada (onceição, anti$os col$ios católicos da



(

re$ião% Sostrar?se?ão ainda al$uns aspectos do s#mbolo maior do catolicismo na

cidade de Jacarezinho !ue a (atedral )iocesana, cu.as pinturas foram elaboradas

pelo pintor Eu$ênio *roença de 9i$aud, assumidamente ateu e irmão do bispo

8eraldo de *roença 9i$aud, atra's de rica icono$rafia presente na catedral de

Jacarezinho%

&ssim, tendo em 'ista este patrim"nio histórico cultural, buscou?se

desen'ol'er, em sala de aula, um trabalho com a disciplina -istória !ue procurou

elucidar as contradiç+es brasileiras do per#odo, tomando como referência simbólica

as contradiç+es do catolicismo da re$ião%

Isso foi possibilitado uma 'ez !ue a catedral diocesana de Jacarezinho

apresenta contradiç+es !ue tanto con'idam C oração, como le'am C refle6ão sobreo papel da reli$ião e al$umas inda$aç+es sobre o cotidiano, o profano% Ilustrati'o do

e6posto a e6istência, lo$o na entrada do templo, dispostos no teto, da pintura dos

si$nos do zod#aco% @os traços das fi$uras de 9i$aud, reflete?se o !ue ele 'i'eu; seus

pensamentos sociais e con'icç+es pol#ticas estampadas nas fi$uras sacras !ue

embelezam a catedral diocesana de Jacarezinho%

H estudo sobre a (atedral )iocesana de Jacarezinho, em seu conte6to

histórico social possibilitou uma refle6ão acerca da história da humanidade atra'sde 'rias dcadas, mostrando não ser a história local um espaço isolado e sim,

dentro de um recorte local, uma 'erdadeira confi$uração do mundo da poca%

@essa perspecti'a, o pro.eto desen'ol'ido te'e por ob.eti'o estudar o

catolicismo e a educação no norte do *aran tendo como base documentos /fontes

primrias0 datados da construção da (atedral )iocesana e estudos . efetuados

pelos alunos do @Lcleo de pes!uisa de -istória das Aeli$i+es da Gni'ersidade

Estadual do @orte do *aran? GE@*T

% *rocurou?se, assim, analisar as aç+es eimplicaç+es do catolicismo romanizado implantado no per#odo dos primeiros bispos

da diocese do munic#pio de Jacarezinho /*A0%

DO GERAL AO LOCAL: A HISTÓRIA REGIONAL NA SALA DE AULA

( )"cleo de Pes*uisa em História das Reli+i,es )PHR da /)EP0 +rupo de pes*uisa da disciplina de História*ue atua so a dire&'o do professor mestre Alfredo Moreira da il!a Junior0 *ue efetuam as coletas de dados e

anlise historio+rficas dos documentos e dados históricos reli+iosos da re+i'o



3

Estudar o município é o exercício teórico-metodológico para trabalhar o

espaço e o tempo, possibilitando uma visão mais abrangente sobre os mesmos e

sobre um contexto maior (CAA!, "##$%&

*rocurou?se definir a filiação teórica e os procedimentos metodoló$icos da

pes!uisa, não perdendo o percurso histórico e temporal !ue en'ol'e a ori$em das

ciências modernas, bem como a constituição dos campos nos !uais estão situadas

as ciências humanas em $eral e, em particular, a educação, 'isto !ue escolhas e

opç+es por determinados referenciais são respons'eis por indicar os poss#'eis

resultados alme.ados no tratamento dado ao ob.eto in'esti$ado%

&pesar do a'anço do pensamento histórico re'elado pelos no'os paradi$masda história no campo teórico, refletido nas no'as aborda$ens historio$rficas !ue

!uestionam a forma de elaboração histórica baseada no eurocentrismo% Essa

concepção ainda não se faz presente de forma consider'el na prtica escolar ? se.a

nos curr#culos, nos li'ros didticos, nos plane.amentos peda$ó$icos ou na sala de

aula% &ssim, a e6clusão, o silêncio, a desconsideração do 'alor da coleti'idade ainda

predomina , impondo 'alores e memórias%

@esse sentido, o *)E procura apro6imar os conhecimentos produzidos pelaacademia e aplic?los na escola, ob.eti'ando !ue esses espaços de conhecimentos

antes distintos, se tornem reais, saiam do teórico e melhorem a !ualidade

educacional ob.eti'ada% &s especificidades desses espaços e os ob.eti'os do

conhecimento da história, para cada uma deles, re!uerem as de'idas ade!uaç+es,

pois a produção do conhecimento histórico na academia diferenciada em face da

produção do conhecimento histórico escola, porm de'e e6istir uma relação estreita

entre eles%@esse arti$o, situou?se o conhecimento histórico acadêmico como um

con.unto de conhecimentos socialmente ad!uiridos ou produzidos, estruturados com

mtodos, teorias e lin$ua$ens próprias, !ue 'isam compreender a natureza e as

ati'idades humanas, en!uanto

H conhecimento histórico escolar uma forma de saber !ue pressup+e ummtodo cient#fico no processo de transposição da ciência de referência parauma situação de ensino, permeando?se em sua reelaboração, com o

conhecimento pro'eniente do Usenso comumV, de representaç+es sociais deprofessores e alunos e !ue são redefinidos de forma dinWmica e cont#nua nasala de aula% /BI<<E@(HGA<, 1553, p% K0



4

&ssim, no espaço do conhecimento histórico escolar !ue mais se fazem

sentir os res!u#cios da elaboração historio$rfica eurocêntrica e !ue podem ser

percebidos ainda ho.e em 'rios aspectos%

Hs efeitos dessas !uest+es se traduzem nos resultados da relação ensino4

aprendiza$em de história; conformação de um professor limitado em sua prtica

docente e alunos submissos, passi'os, indi'idualistas, ne$adores do seu carter

social e histórico% Xuest+es como essas têm, no Brasil, na Lltima dcada do sculo

OO e adentrando o OOI, e'ocado estudos e refle6+es sobre o ensino de história,

especialmente dos profissionais li$ados C academia%

@esses espaços !ue $arantem o estudo e a di'ul$ação da produção sobre o

ensino de história, recorrente a forma como essas !uest+es são elaboradas,!uase sempre apresentando !uest+es teóricas !ue . são produtos da pr6is de

trabalho dos seus autores; estudos de caso, relatos de e6periências e pro.etos de

ensino, entre outros, sendo importante destacar não só seu mrito, mas,

principalmente, a contribuição metodoló$ica !ue tais estudos podem trazer C prtica

do ensino em história%

*rocurando compor uma 'isão $eral do conhecimento, nota?se um aumento

consider'el de profissionais preocupados com o ensino de história, com a formaçãode professores e com a 'ariedade de metodolo$ias e tcnicas !ue podem au6iliar no

processo de ensino e aprendiza$em% )istin$ue?se o estabelecimento de uma

relação mais estreita entre ensino de história, história social, história cultural, história

do cotidiano, história oral e de 'ida, micro?história, educação patrimonial e memória%

*ontualmente, apresentam?se tambm estudos acerca da história local e sua

aplicabilidade na sala de aula, porm, cabe destacar !ue esses estudos, tratam, em

$eral, de orientaç+es tcnicas para utilização nos n#'eis fundamental e mdio, com aindicação de uma presença ainda t#mida no processo de formação dos historiadores

? professores4 pes!uisadores, nas uni'ersidades%

)a mesma forma, sur$em propostas da inclusão do local na :ei de )iretrizes

e Bases /:)B0, nos princ#pios apontados pelas )iretrizes (urriculares do Estado do

*aran, e nas orientaç+es curriculares indicadas pelas 9ecretarias de Educação nos

estados e munic#pios brasileiros, os !uais mesmo apontando a reno'ação teórico?

metodoló$ica das no'as aborda$ens historio$rficas e sua conse!uente introdução

nos cursos de :icenciatura e Bacharelado em -istória, estes conhecimentos têm

sido incorporados a passos lentos no ensino fundamental e mdio%



5

Y nesse espaço !ue se insere o pro.eto foco desse arti$o, no !ual se

compreendem as representaç+es e a cultura como uma produção histórica,

ancorada no entendimento de praxis, de Freire /2250, se$undo o !ual, a cultura só

se realiza na ação de su.eitos históricos e concretos, isto , na ação?refle6ão?ação

de indi'#duos 'i'entes em determinado conte6to e poca%

&ssim, para conceber e entender as contradiç+es !ue permearam a

construção da (atedral )iocesana de Jacarezinho preciso considerar a sua

localidade, temporalidade, conte6to, conflitos, confrontos de interesses, alm das

poss#'eis resistências !ue en'ol'em a relação de su.eitos históricos do per#odo,

dentre outros aspectos%

@a concepção de :e 8off /155T0, documentos4monumentos traduzem sinais,res!u#cios, impress+es% @o trabalho em !uestão, buscam?se re'elar as faces da

cultura do catolicismo romanizado presente na (atedral )iocesana de Jacarezinho,

na!uilo !ue h de sin$ular e de uni'ersal, dando uma 'isão ampla das implicaç+es,

a'anços e conser'ação de um iderio católico na re$ião%

@esse sentido, a ar!uitetura tem a pretensão de si$nificar a

multidimensionalidade4comple6idade do ob.eto !ue, neste caso, em particular, inclui

o ideal missionrio e e'an$elizador% @estes termos, a denominação de ar!uiteturapoder abri$ar não apenas a dimensão espacial e f#sica, como tambm, as di'ersas

interfaces das relaç+es institucionais, estruturais, or$anizacionais, peda$ó$icas,

rituais e socioculturais da poca%

&ssim entendida, a ar!uitetura em seu sentido amplo, abri$a desde a

constituição f#sica da edificação, com suas caracter#sticas de or$anização espacial,

at as mLltiplas dimens+es da instituição% Y considerada nos di'ersos arran.os de

espaço, tempo, rituais, re$ras e simbolo$ias, !ue possam conferir identidade Csinstituiç+es reli$iosas da poca%

Entender a escola como espaço pri'ile$iado de relação de troca de

conhecimentos, em seu papel ori$inal, seria um dos mais importantes 'e#culos para

difusão e sistematização do conhecimento% E assim foi aceita pela I$re.a (atólica

para desempenhar este papel para as no'as $eraç+es, ser'indo como porta 'oz de

seus iderios%

H homem um ser histórico e busca apropriar?se de sua historicidade, com

isso alm de ser su.eito da história !uer ter a consciência de sua identidade, o !ue



6

implica re'isitar constantemente seu papel na -istória, por sua importWncia na

formação das representaç+es !ue ser'irão de referências futuras%

&ssim, destacou?se a importWncia de propostas mais si$nificati'as para o

ensino de história, entendendo !ue a forma como o aluno se relaciona com a história

!ue estuda na escola nortear o maior ou menor apreço por ela ao lon$o de sua

'ida, bem como, influenciar a ima$em !ue tem da sociedade da !ual participa,

portanto, torna?se fundamental asse$urar um ensino e6pressi'o% & propósito do

relacionamento dos alunos com a história, lembra Ferro;

@ão nos en$anemos; a ima$em !ue temos de outros po'os, e at de nósmesmos, est associada C -istória !ue nos ensinaram !uando ramos

crianças% Ela nos marca para o resto da 'ida% 9obre essa representação,!ue para cada um de nós uma descoberta do mundo e do passado dassociedades, en6ertam?se depois opini+es, idias fu$azes ou duradouras,como um amor M%%%N, mas permanecem indel'eis as marcas de nossasprimeiras curiosidades, das nossas primeiras emoç+es% /FEAAH, 153,p%110%

Essa colocação desperta preocupação !uanto C forma com !ue a -istória

trabalhada nas escolas portanto de'emos repensar a produção e o ensino de

história, a partir de uma perspecti'a comprometida com a soma da e6periência da

teoria e da prtica% Buscar sua função bsica como disciplina, considerando suaconstante interação com a cultura e com as 'ari'eis sociais e !ual seu papel na

formação das identidades pessoais e sociais dos alunos%

@esse sentido, !uando se prop+e trabalhar a história local em sala de aula

rele'ante discutir e analisar as situaç+es encontradas C luz de um aporte teórico,

ampliando a compreensão dos processos de aprendiza$em e de formação de

identidade%

& partir desse entendimento, pode?se 'er a -istória Z disciplina escolar Z comum papel; fazer com !ue o aluno se entenda a partir da tra.etória histórico?social de

seu $rupo Z pa#s, estado, cidade ou re$ião% &ssim, a -istória Ae$ional entra como

um ob.eto de compreensão dos acontecimentos, a ação dos homens ao lon$o do

tempo, porm em um determinado espaço, não possui carter restriti'o e como se

fechar ou isolar determinados fatos e processos a uma rea $eo$rfica%

Ela apenas corrobora com a 'isão de !ue e6istem diferenças 'inculadas C

história sociocultural de um determinado $rupo% *ermite, assim, retomar a idia de

identidade social !uando reconhece a di'ersidade histórica e descontinua a idia de

uma -istória Lnica, homo$ênea e uni'ersal%



7

RELAÇÃO DA IGREJA, EDUCAÇÃO E A SOCIEDADE

&ssim o desen'ol'imento de ati'idades com o ensino de história e, em

especial, com refle6+es sobre história local, de'e ocorrer a partir da proposta de

repensar a sua produção e formas de ensino mais coerentes com uma prtica

comprometida com uma peda$o$ia social, em !ue de'e somar?se a e6periência e a

formação de professores, alunos e comunidades locais, embasados na perspecti'a

de educação pro$ressista como prop+e Freire DM%%%N 9aber !ue ensinar não transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou

a sua construção /Freire, 225, p%T[0%

@essa perspecti'a, o ensino de história local $anha si$nificado e importWncia

na educação, e6atamente pela possibilidade de introduzir e de prenunciar a

formação de um racioc#nio histórico !ue contemple não só o indi'#duo, mas a

coleti'idade, apreendendo as relaç+es sociais !ue ali se estabelecem, numa

realidade mais pró6ima% &presenta?se a aborda$em da história cotidiana e dos fatospresentes introduzindo a possibilidade de res$atar o passado, atra's de 'ariadas

formas, entre elas, o uso de fontes dispon#'eis na própria localidade ? !uando

e6istirem%

@esse 'is, o estudo do catolicismo e suas influências na cidade têm?se como

representati'idade maior da reli$ião católica, a (atedral )iocesana de Jacarezinho,

patrim"nio histórico cultural !ue, atra's de suas pinturas, tombadas pelo *atrim"nio

-istórico e &rt#stico do *aran, de autoria de Eu$ênio de *roença 9i$aud, pintor derenome internacional, cu.as caracter#sticas sociais traz todo o conte6to histórico de

uma poca, retratada nas fi$uras b#blicas% H pintor eternizou em suas pinturas

pessoas da cidade de Jacarezinho%

9abe?se !ue o pa#s ao ser colonizado pelos portu$ueses, herdou .unto com

os primeiros colonizadores uma forte reli$iosidade católica, o !ue .ustifica !ue

passados sculos, a I$re.a (atólica continua com $rande rebanho de fiis, tentando

influenciar a sociedade em !ue atua, e não se limita apenas C dimensão espiritual,

mas tambm C realidade temporal, atra's do conte6to sócio?pol#tico, cultural e

educacional%



18

Instituição reli$iosa de $rande presença social, pol#tica e cultural no Brasil, a

I$re.a (atólica che$a ao pa#s .unto com os portu$ueses e lança profundas ra#zes na

sociedade a partir da colonização% Hrdens e con$re$aç+es reli$iosas assumem os

ser'iços nas paró!uias e dioceses, a educação nos col$ios, a e'an$elização

ind#$ena e inserem?se na 'ida do pa#s%

&t meados do sculo OQIII, o Estado controla a ati'idade eclesistica na

col"nia por meio do padroado% &rca com o sustento da I$re.a e impede a entrada no

pa#s de outros cultos, em troca de reconhecimento e obediência% H Estado nomeia e

remunera procos e bispos e concede licença para construir i$re.as% (onfirma e

e6ecuta as sentenças dos tribunais da In!uisição% Em contrapartida, controla o

comportamento do clero, pela Sesa de (onsciência e Hrdens, ór$ão au6iliar do(onselho Gltramarino

& (onstituição de 13T asse$ura'a a união entre I$re.a e Estado e o

Imperador era !uem nomea'a os bispos, com apro'ação posterior do Qaticano,

portanto, têm?se, desde o in#cio do Estado Brasileiro, I$re.a e Estado atrelados o !ue

$arantia uma forte influência da I$re.a na educação brasileira%

(om o ad'ento da AepLblica /13350, hou'e separação entre I$re.a e Estado

com a instituição do casamento ci'il% /(onstituição de 13510 e a I$re.a brasileiracomeçou a realizar reformas internas !ue a.udaram a melhorar sua ima$em, re'erter

a decadência institucional das dcadas anteriores, tornar a f do po'o mais ortodo6a

e combater o iderio da modernidade com implantação do catolicismo romanizado%

Hbser'a?se o embate entre as Uno'as idiasV e a reação católica, conforme afirma

9I:Q& J\@IHA /22R%p%10%

& AepLblica acaba com o padroado, reconhece o carter lei$o do Estado e

$arante a liberdade reli$iosa% Em re$ime de pluralismo reli$ioso e sem a tutela doEstado, as associaç+es e paró!uias passam a editar .ornais e re'istas para

combater a circulação de idias anar!uistas, comunistas e protestantes%

& partir da dcada de 2, do sculo OO, o pro.eto desen'ol'imentista e

nacionalista de 8etLlio Qar$as influencia a I$re.a no sentido de 'alorização da

identidade cultural brasileira% &ssim, a I$re.a e6pande sua base social para alm das

elites, abrindo?se para as camadas mdias e populares%

& (onstituição de 15T pre'ê uma colaboração entre I$re.a e Estado% 9ão

atendidas as rei'indicaç+es católicas, como o ensino reli$ioso facultati'o na escola



11

pLblica e a presença do nome de )eus na (onstituição% (ontra a ascensão da

es!uerda, a I$re.a apóia a ditadura do Estado @o'o /15[?15TK0%

Y nesse conte6to histórico !ue se insere a construção da catedral, !ue reflete

em sua $randiosidade /R[ m de comprimento e m de lar$ura0, os sinais materiais

da sociedade local, a !ual possu#a forte cafeicultura e nela predomina'a a reli$ião

católica, o !ue le'a a acreditar !ue essa cafeicultura contribuiu $randemente para a

e6ecução da obra%

@essa poca, a influência do catolicismo se fazia presente tambm na

educação% Hs filhos das fam#lias abastadas da re$ião estuda'am nos col$ios

internos; (ol$io (risto Aei /masculino0 e Imaculada (onceição /feminino0%

(om a sa#da de dom Ernesto, a diocese ficou aos cuidados de SonsenhorJoão Belchior, 'i$rio capitular !ue assumiu at a 'inda do pró6imo bispo, dom

8eraldo de *roença 9i$aud%

*e% -u$o Elsasse 9&(K diz no li'ro <ombo /[4Q4R10 !ue )% 8eraldo encontrou

a catedral nos alicerces, al$uns dos !uais, mal colocados% Essa colocação

contestada por *AHB9< /15[K, p%50 ao relatar !ue; DIsso foi en$anoP a catedral .

esta'a coberta, mas sem acabamento interior e e6terior, o !ue permitiu a mudança

de estiloR

%H fato relatado por *robst /15[K, p%10 !ue )om 8eraldo, Damante do estilo

colonial, alterou o estilo da catedral !uando ainda era poss#'el, e confiou a

orientação do acabamento ao ar!uiteto e pintor )r% Eu$ênio 9i$aud, seu irmão%

*ode?se considerar !ue dom 8eraldo ao alterar o estilo ar!uitet"nico da

catedral de DM%%%N brandamente moderno para um estilo basilical romWnico com

caracter#sticas medie'ais, M%%%N seu formato em cruz e a presença de caracteres

$óticos /9&@<H9 e 9&@<H9, 22[, p%10 mostram desde sua che$ada aJacarezinho !ue sua personalidade e formação se$uem o estilo romanizado,

herança de seus estudos em Aoma% *ro'a'elmente, esses estilos ar!uitet"nicos

pelo !ual passou a construção da catedral de Jacarezinho de'em?se aos per#odos

históricos da poca%

@essa perspecti'a, percebe?se !ue )om Ernesto demonstra influência Ddos

ares modernos sur$idos na dcada de 2 na 9emana de &rte Soderna, podendo

então ser considerado moderadamente moderno% )om 8eraldo, era3 ociedade Apostólica $rist' mais conhecida como Palotinos.4 Essa contradi&'o entre os documentos carece de maiores estudos0 mas s'o os dados encontrados pelo )"cleo de

Pes*uisas de História das Reli+i,es da disciplina de História da /E)P % campus 9A9:JA.



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ultraconser'ador, pois ao mandar alterar o estilo ar!uitet"nico da I$re.a, mostra a

luta contra os ares do comunismo e a con'icção da I$re.a, afirmando !ue o melhor

para o mundo seria a restauração do per#odo do medie'o, DM%%%N a reli$ião uma

coisa eminentemente social% &s representaç+es reli$iosas são representaç+es

coleti'as !ue e6primem a realidade coleti'a /)GA]-EI@, 15[3, p% 1 apud

9&@<H9 e 9&@<H9, 22[, p%T%0%

H bispado de )om 8eraldo /15T[ a 15R10 foi si$nificati'o na sociedade local%

9e$uidor do modelo da neocristandade[ !ue a!ui DM%%%N foi tardia, isto , perdurou

ainda mais de uma dcada em Jacarezinho depois de seu decl#nio% /9I:Q&

JG@IHA, 22R, p%T2?T30%

9e$uindo essa tendência, em seu (atecismo &nticomunista, )om 8eraldoassocia o comunismo como o diabólico, ale$ando ser o comunismo; DM%%%N Gma seita

internacional !ue se$ue a doutrina de ]arl Sar6 e trabalha para destruir a sociedade

humana baseada na lei de )eus e no e'an$elho, bem como para instaurar o reino

de satans neste mundo, implantando um Estado #mpio /9I8&G), 15R, p%2K apud

SEIA&, 223, p% R0%

)essa forma, interpretando o comunismo, como ensinamentos mar6istas do

mal para desorientar e desunir os católicos, buscou implantar na sua diocese comoforma de combater essa idia, uma educação cristã, o !ue foi fa'orecido pelo fato de

Jacarezinho, na poca, ser considerada pólo?cultural% )om 8eraldo 'endo a

formação de um catolicismo forte a partir da educação 'isou criar uma mentalidade

de pensamento católico na elite dominante e na massa%

*ara difundir seu iderio de combater o comunismo, conclamou os católicos a

serem presença efeti'a na sociedade, com atuação em todos os se$mentos, ou

se.a, estar presente por meio de suas idias e doutrinas na 'ida cotidiana daspessoas, mediada pela moral católica, en$a.ada no seio educacional /as escolas

católicas0, no meio pol#tico e intelectual /Faculdade de Filosofia, (iências e :etras de

Jacarezinho, da !ual um dos fundadores0 em suma, ser o motor da sociedade%

Inferem?se do e6posto as formas como a i$re.a foi afetada em conte6tos

sociais distintos, assim conforme Sain=arin$, /22T, p% R4[0 !ue

Entretanto, tambm importante le'ar em consideração as formas pelas!uais a I$re.a influi no processo pol#tico% & I$re.a não somente ob.eto demudança% (omo uma instituição importante, ela tambm e6erce influência

5 9ase da :+re;a $atólica onde se destaca um conser!adorismo0 uma luta para retornar aos pri!il<+ios do

medie!o. cott Main=arin+ 288( situa seu au+e na Era >ar+as 17#8-17(3.



1#

sobre a transformação pol#tica% Ela afeta a formação da consciência das'rias classes sociais, mobiliza al$umas forças pol#ticas ou as critica%/S&I@^&AI@8, 22T, p%R4[%0

E como afirma El#ade DM%%%N não e6iste nenhum fen"meno reli$ioso puro, fora

da história, por!ue não e6iste nenhum fen"meno humano !ue não se.a ao mesmo

tempo fen"meno histórico% <oda e6periência reli$iosa e6pressa e transmitida num

conte6to histórico particular% (apud &:BGXGEAXGE, 22T, p%RR0, assim analisar a

história da i$re.a católica na re$ião do @orte do *aran aliada C educação faz se

necessrio na medida em !ue não se têm tantos re$istros historio$rficos, sal'o

trabalhos realizados no @Lcleo de *es!uisa em -istória das Aeli$i+es da GE@*, a

!uem de'e?se referendar%

METODOLOGIA

*rimeiramente foi feita uma re'isão biblio$rfica sobre o tema proposto% &

essa re'isão de literatura se$uiu?se a elaboração do *ro.eto de Inter'enção

*eda$ó$ica na escola (EEBJ& Z *rof7% 8eni 9ampaio :emos%

*ara a implementação do pro.eto na escola se$uiram?se al$uns passos;

1% *rimeiro apresentou?se e di'ul$ou?se aos professores da Escola a

proposta do pro.eto a ser desen'ol'ido no corrente ano de 225%

% )estacaram?se as ati'idades a serem desen'ol'idas, con'idando?os

a formar um $rupo para a implementação do pro.eto *)E na escola%

% &presentou?se aos alunos da disciplina o presente pro.eto,

trabalhando com eles o pensamento histórico sobre o tema e6postoe a conscientização sobre patrim"nios históricos, ob.eti'ando sua

preser'ação, 'isto serem os alunos do (EEBJ&, oriundos da re$ião

do norte do *aran%

(. Incenti'aram?se os alunos a constru#rem narrati'as sobre esses

patrim"nios a partir de 'isitas Uin loco'&

K% H tema foi trabalhado tambm no 8<A /$rupo de <rabalho em

Aede0, durante o !ual se pediram su$est+es de ati'idades, as !uais,poderiam ser utilizadas na implementação do pro.eto na Escola%



1(

R% Elaborou?se uma produção de material multim#dia, !ue ser'iu para

enri!uecer os recursos peda$ó$icos dos professores no conteLdo

apresentado%

[% *or fim, realizou?se a a'aliação do pro.eto, para o !ue ele$eu uma

metodolo$ia !ue 'iabilizasse aç+es sistemticas, considerando aspectos como o

conhecimento !ue os alunos possuem sobre determinados conteLdos, a sua prtica

social, o confronto entre esse conhecimento e os conteLdos espec#ficos, as relaç+es

e interaç+es estabelecidas por eles no processo co$niti'o%

& a'aliação, nesses moldes, utilizou?se dos princ#pios da a'aliação

dia$nóstica, aplicada pelo professor atra's de sua interação diria com os alunos

'erificando, de forma efeti'a, a maneira com !ue eles esta'am se apropriando dosconteLdos trabalhados% @esse sentido, utilizaram?se pes!uisas, trabalhos em $rupo,

narrati'as, autoa'aliação, tarefas em classe, painis, etc%

Hs resultados foram fruto de um le'antamento de dados e informaç+es de

cada ati'idade, !ue resultou nesse trabalho final%

RESULTADOS E CONCLUSÕES

) processo de ensino deve transmitir aos alunos a lógica do conhecimento dere*erencia& +&&& é do saber especialiado e acumulado pela humanidade .ue devemser extraídos os conceitos e os princípios a serem ensinados ao alunos/ ()0E1,2332, p&"4"-"42%&

Hs estudos desen'ol'idos durante esse per#odo *)E proporcionaram no'os

conhecimentos principalmente no campo da história local permitindo !ue o professor

na sala de aula possa partir da realidade do aluno /história local0 para o conteLdo

trabalhado 'isto !ue a partir do final do sculo OIO Jacarezinho e a re$ião do norte

do *aran foram inseridos na -istória propriamente dita%

@ossos alunos, se.a da EJ&, se.a do re$ular, não possuem conhecimento da

-istória local e não se 'eem como su.eitos participantes dela e ao trabalhar com

história local, na !ual se encontram inseridos, 'alorizam o estudo da disciplina e

mudam seu conceito%



13

Inicialmente, neste pro.eto de Implementação, estudou?se principalmente a

fi$ura de ]arl Sar6 e o combate do comunismo na re$ião atra's do catolicismo,

pois ele 'isto no painel da capela do 9ant#ssimo da (atedral de Jacarezinho,

contradição histórica 'isto o embate !ue hou'e entre I$re.a e os se$uidores das

idias Sar6istas ser'indo de ponto inicial para o trabalho desen'ol'ido no *)E%

@essa etapa, conte6tualizou?se a educação no norte do *aran, onde o

modelo a ser se$uido era o da I$re.a (atólica !ue por dcadas administrou o

(ol$io (risto Aei de Jacarezinho, para os meninos, de onde sa#ram 'rios lideres

da re$ião e o (ol$io Imaculada (onceição direcionada para meninas da elite local

e re$ional%

Essas escolas católicas direciona'am a elite local a não aceitarem ospensamentos contrrios aos seus do$mas% Sesmo ho.e, a I$re.a (atólica continua

com $rande rebanho de fiis, tentando influenciar a sociedade em !ue atua, e não

se limita apenas C dimensão espiritual, mas tambm C realidade temporal, atra's

do conte6to sócio?pol#tico, cultural e educacional%

-istoricamente, a I$re.a (atólica não de'er ser entendida somente como

instituição reli$iosa, mas sim como DM%%%N instituição importante !ue e6erce influência

sobre a transformação pol#tica, afeta a formação da consciência das 'rias classessociais, mobiliza al$umas forças pol#ticas ou as critica% /S&I@^&AI@8, 22T, p%[0

DM%%%N e a reli$ião pode ser uma força poderosa na determinação da orientação

pol#tica, fre!_entemente at mais importante !ue a classe% /!bidem& p%R0%

Entender a formação do pensamento cultural da cidade era primordial para

se entenderem as contradiç+es e os marcos encontrados na cidade, delimitando?se

a um per#odo determinado, 'isto não ser poss#'el em tão pouco tempo de estudo,

um le'antamento abran$ente e minucioso como re!uer uma pes!uisa decredibilidade, assim limitou?se ao conte6to educacional da cidade no in#cio do sculo

OO, li$eiro histórico das escolas católicas em Jacarezinho e in#cio da construção da

(atedral )iocesana, com as pinturas de 9i$aud%

E ao retornar a sala de aula, os conteLdos a serem trabalhados na

disciplina, partindo das )iretrizes (urriculares do *aran e . respaldados pelos

estudos desen'ol'idos, permitiram !ue fosse ampliada essa 'isão e assim, 'rios ou

!uase todos os conteLdos foram relacionados com a realidade de Jacarezinho e

com aspectos !ue se encontram diretamente em contato com os alunos%



14

@a sala de aula, para iniciar um no'o conteLdo procurou?se, primeiramente

a$uçar a curiosidade, le'antando !uest+es para se perceber o !ue eles .

conheciam do assunto e após a de'ida conte6tualização, buscou?se apro6imar o

aluno da história local, mostrando !ue na cidade onde residem, podem?se encontrar

'rios marcos históricos, como e6emplo, a elite a$rria retratada na AepLblica

oli$r!uica, . !ue Jacarezinho foi di$na representante da cafeicultura, h na

(atedral pinturas de cafezais e ramos de caf nos !uadros pintados por 9i$aud,

alm das 'rias ruas com nomes de coronis%

@o transcorrer do trabalho, percebeu?se !ue os alunos não possuem

conhecimento da -istória local e não se 'eem como su.eitos participantes dela e, ao

trabalhar com história local, na !ual encontram?se inseridos, 'alorizam o estudo dadisciplina e mudam seu conceito%

@o desen'ol'imento do pro.eto de Implementação, abordou?se,

especialmente a fi$ura de ]arl Sar6 e o combate ao comunismo na re$ião atra's

do catolicismo, enfatizando a contradição a!ui e6posta, 'isto !ue se encontram

mensa$ens 'isuais interpretadas como comunistas no painel da capela do

9ant#ssimo da (atedral de Jacarezinho% (aracteriza?se, assim, uma contradição

histórica, 'isto o embate ha'ido entre i$re.a e os se$uidores das idias Sar6istas%Esse debate ser'iu de ponto inicial para o trabalho desen'ol'ido%

@a sala de aula, os conteLdos trabalhados na disciplina, fundamentados nas

)iretrizes (urriculares do *aran e . respaldada pelos estudos desen'ol'idos,

permitiram !ue fosse ampliada essa 'isão e assim 'rios ou !uase todos os

conteLdos relacionaram a realidade de Jacarezinho com aspectos da história macro,

apro6imando?os da realidade dos alunos%

*ara se atin$ir este est$io, os alunos fizeram 'isitaç+es C (atedral dacidade, e por ser a escola de implementação, pró6ima da i$re.a, alis prdio

pertencente C mitra local, essa li$ação foi !uestionada e 'rios !uestionamentos

le'antados%

Gm dos !uestionamentos !ue mais chamaram a atenção dos alunos foram as

contradiç+es do sa$rado e profano !ue a (atedral apresenta% Suitos não sabiam

interpretar as mensa$ens !ue as fi$uras retratadas por 9i$aud demonstram e

!uando e6plicadas sobre as mãos e ps apresentarem um formato !ue chama

atenção, um dos alunos, o 9r% Jos &% de Senezes, R2 anos, afro descendente,

relatou !ue, como foi criado no meio rural fazendo ser'iços braçais, te'e seus ps e



15

mãos na!ueles formatos, maiores e !uando passou a morar na cidade, seus ps

!ue calça'am n%` T diminu#ram dois nLmeros, calçando ho.e n%` T2 e isso foi

constatado por um mdico como Dretenção óssea%

Esse passeio com a turma do 9r% Jos foi um dos mais produti'os, pois seu

relato no momento das e6planaç+es e6emplificou cientificamente umas das

constataç+es apresentadas pelas pinturas de 9i$aud%

9ituaç+es como essas fizeram com !ue os passeios feitos C (atedral

enri!uecessem muito os trabalhos desen'ol'idos em sala de aula e isso despertou

nos alunos o $osto pela disciplina ou pelo menos a curiosidade sobre sua história%

Esses estudos, conforme a!ui narrados, foram socializados com professores

da rede estadual do *aran atra's do 8rupo de <rabalho em Aede /)n ine0 8<A,desen'ol'ido durante o per#odo de final de outubro de 223 ao final de .unho de

225, onde se efeti'aram 'rias trocas de e6periências e apresentados os trabalhos

desen'ol'idos no *)E para debates, cr#ticas e su$est+es%

Esse $rupo foi muito importante para o enri!uecimento, pois todas as

professoras en'ol'idas são da sala de aula, do chão da escola o !ue possibilitou,

durante esse per#odo, !ue se partilhassem an$Lstias, dL'idas e se colhessem 'rias

su$est+es%H trabalho em rede foi di'idido em seis unidades, sendo a primeira de

apresentação e e6pectati'as sobre o curso%

@a se$unda Gnidade apresentou?se o te6to D@ós fabricamos carros e eles

tinham !ue andar a p; compreensão das pessoas do passado de *eter :ee,

discutindo empatia, interesse dos alunos, conhecimento pr'io, diferentes modos de

trabalhar na sala de aula; uso de documentos, te6tos, ima$ens e tecnolo$ias, pois

a$ora temos nas salas de aula a <Q *endri'e% & unidade 2 compro'ou a an$Lstiados professores em encontrar 'is para enri!uecer o trabalho em sala de aula,

en'ol'er os alunos, incenti'ando a prtica de leitura e despertar para a rele'Wncia

dos estudos históricos%

Iniciou?se a Gnidade 2 com o te6to de Eduardo Basto de &lbu!uer!ue

D)istinç+es no campo de Estudo da Aeli$ião e da -istória, e o *ro.eto de

Implementação, conforme pro$ramação%

@essa unidade, com o te6to de &lbu!uer!ue 'iu?se a estreita li$ação da

disciplina -istória com outros campos dos saberes e DM%%%N se h al$o !ue distin$ue o



16

saber histórico dos outros saberes sua postura de ancorar?se no tempo como o

fundamento de onde partem todas as suas anlises /&lbu!uer!ue, 22T, p%K[0%

&pós a leitura do te6to e da apresentação do *ro.eto de Implementação, foi

poss#'el contato com a história local, pois, no pro.eto, encontra?se como foi a

sociedade re$ional e local inserido a 'isão da influência católica, atra's do

sur$imento de escolas católicas a partir de 152, e6emplos em Jacarezinho de

col$io (risto Aei e col$io Imaculada (onceição% Essa discussão ser'iu para

di'ul$ação e enri!uecimento do próprio acer'o de história local, escasso em

formação%

@a Gnidade 2T, foi apresentado a unidade temtica (atedral )iocesana de

Jacarezinho e entre os comentrios tecidos, o !ue chamou a atenção foi o !uasetotal desconhecimento da história local, da importWncia histórica da catedral,

principalmente ao relacionar com os conte6tos históricos de sua construção e sua

ornamentação interna e6ecutada pelo renomado Eu$ênio de *roença 9i$aud, bem

como o tesouro !ue ela contm%

@a Gnidade 2K, foi apresentado para as participantes como esta'a sendo

desen'ol'ido o trabalho de implementação na escola e re!ueria !ue apresentassem

uma anlise, uma cr#tica, um !uestionamento para debates ou su$erissem !uest+espara melhoria ao plano de Implementação do *)E na Escola !ue . esta'a em

andamento%

& maioria das professoras compartilhou a importWncia do res$ate da história

local para trabalho em sala de aula e como nós professores, desconhecemos esse

aspecto por não termos conhecimento de material nessa rea ou mesmo não

conse$uirmos fazer a ponte entre a macro e a micro história% <odas conclu#ram !ue

apro6imar os alunos de fatos concretos, sem perder a conte6tualizaçãohistorio$rfica oficial, tende a promo'er nos alunos um saber articulado e

relacionado, fazendo com !ue participem mais, moti'ando?os para as pes!uisas e

tarefas propostas, e !ue o conte6to se.a apenas o ponto de partida da aborda$em a

ser trabalhada%

Ficou e'idente, nessas ati'idades do 8<A, !ue nós professores, de história

apresentamos dificuldades em articular a historia re$ional /micro0 com a $eral por

não termos material para estudos e !ue a di'ul$ação de material de micro história

passo importante para a melhoria de nossa pratica em sala de aula%



17

@esse conte6to, foi poss#'el trabalhar 'rios conteLdos e relacion?los com a

-istória, principalmente com a (atedral da cidade !ue traz em suas pinturas 'rios

conte6tos de poca, o !ue permite concluir !ue a e6periência foi 'lida,

esclarecedora e enri!uecedora tanto para alunos, como para os professores%

REER!NCIAS

&:BGXGEAXGE, Eduardo Bastos de% )istinç+es no campo de estudo da Aeli$ião e

da -istória% In% 8GEAAEIAH9, 9ilas /or$0% O "#$%&' &(# )"*++-"#: &"#(.+'#/'0$"1')30"'#% 7 ed% 9ão *aulo; *aulinas, 22T% p% K[?R3%

BI<<E@(HGA<, (irce S% F% D(apitalismo e cidadania nas atuais propostascurriculares de -istória% In; BI<<E@(HGA<, (irce S% F /or$%0% O #(4") "#/'*() "1#(*( &" (%*(% 9ão *aulo; (onte6to, 1553%

(-E9@E&GO% Jean% D"5"1'# .(6") $74%*( )(#( &' (##(&' 9ão *aulo; tica;155K%

)IH(E9E )E J&(&AEI@-H; K2 anos% L+5)' &' J%4+*"% &" O%)'8 15[R%

FEAAH, Sarc% A 1(0+%*(9' &( ;+#$<)+( 0' "0#+0' " 0'# 1"+'# &"/'1%0+/(9'% 9ão *aulo; Ibrasa, 153%

FH@9E(&, 9el'a 8uimarães% C(1+0;'# &( ;+#$<)+( "0#+0(&(% 9ão *aulo;*apirus, 155%

FAEIAE, *aulo% P"&('+( &( A%$'0'1+(: #(4")"# 0"/"##7)+'# = )7$+/("&%/($+5(% 9ão *aulo; *az e <erra, 155R /(oleção :eitura0

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28

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SEIA&, lmes Oisto, C($'*+/+#1', 1%&(09(# " ")1(00/+(#: as con'er$ênciase di'er$ências no episcopado de d% 8eraldo 9i$aud e d% *edro Filipa> na )iocese deJacarezinho /15T[ ?15[30, Sono$rafia apresentada para $raduação em -istória,F&FIJ&, 22[, Jacarezinho /*A0%

SHGA&, *e% :% )% de% A E&%/(9' C($<*+/( 0' B)(#+* Z passado, presente efuturo% 9*; :oyola 222%

*&A&@, D+)"$)+6"# C%))+/%*()"# ()( ' E0#+0' &" H+#$<)+(, 9ecretria Estadualde Educação, (uritiba, 223

*AHB9<, *e% (arlos% H+#$<)+( &( )'5?0/+( S' P(%*' (<#$'*'% Qolume I%:ondrina% 15[K%

9&@<H9, Elton &l'es dos e 9&@<H9, Junior (sar, (atedral; Semória e *ol#tica,22[, (0(+#8 I S"1(0( &" H+#$<)+(, $raduandos% GE@* ?F&FIJ&%

A&SH9, S%@% A /'0$"$%(*+6(9' 0' /%))?/%*' &" "0#+0' 1&+': a necessidadeda cr#tica na construção do saber cient#fico% Simeo% 9em data%

9I:Q& JG@IHA, &lfredo Soreira da% O C($'*+/+#1' 0( ')1(9' C%*$%)(* &'N')$" P()(0("0#" , p%1T, trabalho apresentado na 9emana de -istoriade 22 na G@E9*4&ssis%

% C($'*+/+#1', '&") " $)(&+9': umestudo sobre as aç+es do conser'adorismo brasileiro durante o Bispado de )%8eraldo 9i$aud em Jacarezinho /15T[?15R1 %& 22R%5Tp% )issertação /Sestrado em-istória0 Z *ós 8raduação em -istória, G@E9*, &ssis%

Documents

A catedral de Jacarezinho