31

A chegada da família Genelhu no Brasil

Embed Size (px)

DESCRIPTION

A epopeia dos primeiros suiços que chegaram no Brasil em 1819

Citation preview

Page 1: A chegada da família Genelhu no Brasil
Page 2: A chegada da família Genelhu no Brasil

EM B

RANCO

Page 3: A chegada da família Genelhu no Brasil

APRESENTAÇÃO

O objetivo desta pequena obra, que oferecemos em homenagem ao encontro festivo dos descendentes de um dos primeiros grupos de pioneiros suíços a chegar ao Brasil, é o de reunir alguns dos dados disponíveis sobre os antepassados da família GENILLOUD, atualmente sob o patronímico de GENELHU, provavelmente assim transformado pelas constantes mudanças nos assentamentos dos registros civis e mesmo naqueles feitos pelas secretarias da casas paroquiais de cidades Brasileiras, onde muitos descendentes se casaram e posteriormente batizaram os filhos.

Das primeiras décadas do século passado aos nossos dias, uma longa e tortuosa caminhada nos separa dos pioneiros saídos do Cantão de Fribourg, na Suíça, e vindos para o Rio de Janeiro, onde a família Genilloud instalou-se, na região da hoje Nova Friburgo. Encontrar informações sobre essa colonização depois de dois séculos é tarefa inglória, a que se dedicam apenas aqueles cuja paixão pelas raízes do passado lhe movem a alma.

A idéia de unificar os poucos dados de que dispomos nasceu há alguns anos e foi reforçada em 1993, com o sugestiva carta de José Carlos Ferreira Barbosa, vivendo em Nova Friburgo-RJ, um descendente das famílias Genilloud e Musy. Juntos com a missiva, josé Carlos teve a gentileza de enviar alguns documentos que já reunira, além de dados conseguidos a partir de pesquisas feitas no livro A Gênese de Nova Friburgo, do Professor Martin Nucoulin, da Universidade de Friburgo, Suíça, tradução de Estela dos Santos Abreu e Claudio Cesar Santoro (Ed. Fundação Biblioteca Nacional / Município de Nova Friburgo-RJ), materiais que estão reproduzidos, em sua maioria, neste pequeno apanhado sobre a história dos Genilloud. Foi uma grande contribuição para esse modesto trabalho.

As pesquisas que realizamos posteriormente estabeleceram um primeiro esboço da árvore genealógica de nossa família, mas ainda faltam informações, em que pesem as inúmeras buscas que realizamos em diversas cidades, distritos, pequenas comunidades dos Estados de Minas Gerais, Espírito Santos e Rio de Janeiro. Por

A chegada da família Genelhu no Brasil

03

G

Page 4: A chegada da família Genelhu no Brasil

isso mesmo esse trabalho não é definitivo. Vamos prosseguir as buscas até estabelecer a totalidade de laços que nos ligam a nossos antepassados, percorrendo novos cartórios de registros, casas paroquiais e outros locais onde possam existir rastros do passado de nossa família Genelhu, que disponham de quaisquer dados, fotografias, informações e documentos a respeito do assunto.

Esse relato não teria sido possível sem a participação da advogada, jornalista e pesquisadora Maria Goretti Dal Bosco, que deu forma leterária aos dados, tornando possível a conclusão dessa obra em curto espaço de tempo.

Antônio Braz Genelhu Melo

A chegada da família Genelhu no Brasil

04

G

Page 5: A chegada da família Genelhu no Brasil

S U M Á R I O

____________________________________________________

APRESENTAÇÃO.......................................................................03

I. A FUGA DA EUROPA CONTURBADA ......................................07

II. A MORTE POR COMPANHEIRA .............................................13

III. A FAMÍLIA GENILLOUD..........................................................17

DOCUMENTOS PESQUISADOS ...............................................19

A chegada da família Genelhu no Brasil

05

G

Page 6: A chegada da família Genelhu no Brasil

FICHA TÉCNICA

PROJETO GRÁFICOAlexandre de Souza Farias

EDITORAÇÃO ELETRÔNICAMarcia Regina Carreri

06

G

A chegada da família Genelhu no Brasil

Page 7: A chegada da família Genelhu no Brasil

I. A FUGA DA EUROPA CONTURBADA:POBRES E DEPORTADOS

As primeiras décadas do século passado encontraram a Europa em plena crise econômica, envolvida nas guerras napoleônicas responsáveis pela insegurança e medo para milhares de famílias, que decidiram emigrar em busca de paz e prosperidade. D. João VI, rei de Portugal, fugira para o Brasil pressionado pelas tropas de Napoleão.

Em 1808, D. João VI assina o Ato de Abertura dos Portos a o Comércio das Nações Amigas.

Grandes contingentes de europeus sonhavam iniciar viagem à América, onde os aguardava a possibilidade de iniciar nova vida, mesmo com as adversidades, que a terra desconhecida e longínqua oferecia.

Em maio de 1818, D. João VI autoriza por decreto a primeira imigração não portuguesa para o Brasil, exatamente as cem famílias de colonos do Cantão de Fribourg, na Suíça. O primeiro grupo de trinta delas chegou no começo do ano de 1819. Depois vieram famílias italianas, portuguesas e sírias (Enciclopédia Mirador, p. 8132). Era o primeiro passo da estratégia do rei de ‘‘ promover e dilatar a civilização do vasto reino Brasil’’, tentando a colonização com auxílio dos suíços, nas citações de Lygia da Fonseca Fernandes da Cunha, no prefácio à obra de Nicoulin.

A colonização, em verdade, nasce de um acordo entre os governantes da Suíça e do Brasil fundado em interesses de ambos os lados: o Brasil precisava povoar suas terras extensas e a Suíça desejava deportar muitos de seus colonos e artesãos pobres, além de alguns habitantes de presença pouco grata para o governo.

Os primeiro pioneiros suíços a deixar o pais eram dos cantões de Fribourg, Berna, Valais, Vaud, Neuchâtel, Genebra, Argóvia, Solothourn, Lucerna e Schwyz.

1.OS EMIGRANTES DO CANTÃO DE FRIBOURG____________Aeby Bändely Bardy BeaudArguet Bapst Baudevin BersierArmingaud Barras Bavaud BerroudBalmat Bard Bavaz Blanc

07

G

A chegada da família Genelhu no Brasil

Page 8: A chegada da família Genelhu no Brasil

G

BochudBongardBorcardBornetBossensBothBrüggerBrülhartBrunetBussardButtyCagnardCardinauxCastellaChappuisChassotChavannazCholletClercCochardColignonCombaComteCosandeyCurratCurtyDafflondelacroixDerveydesjacquesDessoies

DessonnazDutoiEquezEsseivaEtienneFavreFollyFranceyGachetGaudardGauthierGavilletGeisenhoffGeneinaGendreGenilloudGenoudGillierdGindrozGovosGrandGrandjeanGremaudGremionGutermannHêcheHerrenHildebrandHouxHubachetImbert

AccoudJacquetJacqueroudJorandJordanJostJoyeJungoJutzetKollyLambertLandverlyLanthemannliaudatMabbouxMacheretMagneMagninMantelMarchonMarquisMenoudMercierMettrauxMicardMichelModouxMoïseMorandMorierMosbrugger

MouraMüllerMurithMusyNideggerObersonOddinOttetOverneyPachoudPagePaviePéclatPelletPerrierPérissetPerroudPessePillerPiloudPittetPoffetPorceletQuilletRemy (Cachappuis)RenaudRialRiedoRigoletRimeRiso

08

A chegada da família Genelhu no Brasil

Page 9: A chegada da família Genelhu no Brasil

RisseRobadeyRobatelRobertRocheRondoRossaletRothRuffieuxRutschmannSavarySavaySchneuwlyShreiberSchuelerSchwartzSermoudSeydouxSeydouxSingySonaillonSottazStoecklinStutzStuckyStuderTardinThomasThometThorinThüler

TinguelyToffelVerdanVialVonlanthenVuichardWagnerWäberWengerWincklerZahnoZbindenZinderZurkinden2. OSEMIGRANTESDO JURADE BERNA____________AdorAmuatAnklinBaloneckerBarthBauerBédatBerretBersotBoéchatBognardBohrerBoichat

BoinayBonanomyBourgnonBourquardBredekowBrique?BrokstalBrunnerBrunnetCailletCailletCattinChaboudezChevallierChisteCoeudevezComteContatCrelierCuttatDeulerEberlyEgliEscabertFroidevauxFrossardFrotéGirardGlückGrillonGuebelGuerdat

GuinansHêcheHelferHentzyHotzHugardIthJaquatJoliatJosetJourdainJuilleratKochmannKrüttlinKupferLangelLanghammerLapaireLaskiLaurentLéchenneLuternauMeunierMeuretMiserezGermainMonneratMorettiMüllerNicoletNoirjeanOry

G

09

A chegada da família Genelhu no Brasil

Page 10: A chegada da família Genelhu no Brasil

ParattePicPoubelPrétatPricePrudetQuenetRelogeRoyRondezRönerRosséSanglardSchaeffeterSchumacherSchelgerSimonSinnerSteulletStollerTroillatVerneueilVilletteVillimannVoirolVoyameVuilleminWener3.OS OUTROSEMIGRANTESDA SUÍÇAFANCÓFONA____________a) do ValaisAddy

BesseBerthetbertholetBlättlerBochateyBorterBrêmeBronCharlesCharrexCrettonDomingoFarquetGottsGuerrazLantelmloveyLugonMarineyMassonMexMorandNicollierMaretParchetPérillazOssierSottenbergTroilletVaallotonPougetVolluzb) de VaudAnsermet

BaudinbermondBeroudBurnierChapallazChappuisClercDemartinDuchesneDucrauxDucretDumuidDuperretDuportDutoitFalnafachFauchezFarelFornyFriauxHernnardLambeletLiechtenhannMolliezMantonMoserMutrilleNoverrazPinelPorchatRegameyTacheronTestuVaudoz

Vicentc) deNeuchâtelAndriéDavoineClottuStreicherSauvaind) de GenebraChevrandPetament4. OSEMIGRANTESDA SUíÇAALEMÃ____________A) da AgóviaBenzBossingerDannGayesGrafHemmlerHerdeKariusKäserKellerKleinLeimgrüberMeierSchibliSchmiedSchnebeliSchueleSteinegger

10

G

A chegada da família Genelhu no Brasil

Page 11: A chegada da família Genelhu no Brasil

UebelhardWellingerWickiWinklerZehnderb) de LucernaBüttlerElmigerHaslimannHechtHodelHuberHunkelerJostJungKnuppKunkelerLackLütolfLuterbachMarfurtMayerPfyfferRüttimannSuppigerStutzWaserWäterwaldswermelingerC) de SoleureAlterArniBorer

BraunElmigerEnglerFreyGottsteinHaefelyHeggendornImberJäggiJeckerKellerhalsMeyerMoserObrechtProbstSaladinSanerSchmidSchmidliVogtWehrliWigglid) de SchwyzHeintzerMayerNiggWidmann

11

G

A chegada da família Genelhu no Brasil

Page 12: A chegada da família Genelhu no Brasil

12

G

A chegada da família Genelhu no Brasil

EM B

RANCO

Page 13: A chegada da família Genelhu no Brasil

II. A MORTE POR COMPANHEIRA

O acordo do Reino de Portugal Brasil e Algarves e o governo da Suíça tratou de todos os detalhes para o deslocamento das famílias de seus Cantões até o mar, recomendado, inclusive, que cada núcleo familiar providenciasse o valor necessário às despesas mínimas para a viagem, assim como deixasse as dívidas todas pagas.

Dos diversos Cantões seguem os emigrantes para Estavayer-le-Lac, a cidade portuária do Reino, de onde se deslocaram ao mar, na Holanda, para a partida de seus navios. Percorrendo planícies e vales, cortando a distância em suas carroças carregadas dos pertences mínimos recomendados pelos homens do governo. Antes de iniciar a viagem, os emigrantes se despedem no povoado de seus parentes e amigos, e participam da última missa em terras suíças. Na partida, muitos cantam canções para espalhar otimismo entre aqueles que choram a saída da pátria e a insegurança da viagem. Versos como os que se seguem:

Vamos ao Brasil, viver alegres e contentes!Deixamos nossa pátria, nossos amigos, nossos parentes!Demos à Suíça nosso adeus sem retorno;Vamos ao Brasil para lá terminar nossos dias!

Vamos, cara esposa, com todos os nossos filhos!Nós encontraremos, sem dúvida, ouro e prata.Desmatando as terras, nós as cultivaremos.E teremos colheitas em todas as estações.

Vamos, rapazes e moças, nós os casaremosPara povoar o Brasil de moças e rapazes.Vocês terão por capital Nova Friburgo,Vocês terão a vantagem de ser Burgueses para sempre.

Sobre o mar e sobre a onda, vamos, embarquemos!Para ir ao Novo Mundo, rápido apressemos-nos!Lá encontraremos vacas, cavalos e ovelhasE muitas outras coisas que nos prometeram.

06

G

A chegada da família Genelhu no Brasil

13

Page 14: A chegada da família Genelhu no Brasil

(Gênese...,ob cit., p. 135/136)

Os habitantes de Fribourg chegariam a St-Gravendeel no final de agosto de 1819, dois meses após terem deixado seus locais de origem, vivendo um período de dificuldades e doenças. Muitos morrem antes de iniciar a viagem em função de uma epidemia de varíola e das condições precárias de higiene e alimentação nos acampamentos durante o trajeto.

O primeiro navio a sair da Holanda foi o Daphné, transportado 197 passageiros, no dia 11 de setembro de 1819. A viagem dos emigrantes suíços de Fribourg rumo ao Brasil iniciou-se com o embarque no navio Urania, em 12 de setembro de 1819. Outros navios saíram depois mas o primeiro a chegar ao Brasil foi o Daphné, em novembro de 1819, trazendo 166 dos 179 passageiros que partiram. Era o prenúncio de um ciclo de mortes sucessivas para aqueles sonhadores pioneiros que rumavam em busca do desconhecido. No total, 2.013 pessoas embarcaram em sete navios: Urania, Daphné, Debby-Elisa, Elisabeth-Marie, Heureux-Voyage, Deux Catherine e Camillus. Ao chegar ao destino, só 1.702 passageiros conseguiram concluir a primeira parte do sonho, que era estar vivo no desembarque.

A chegada da família Genelhu no Brasil

14

G

O monarca do Brasil, para povoar este lugar,Preferiu os suíços, sobretudo os de Fribourg,E deu-lhes terras próprias para cultivarEles terão terras para sempre.

Não escutemos o mundo, o mundo está corrompidoCom todas as suas mentiras, ah! não o escutemos mais!Com a esperança, a fé e a caridadeEstaremos em segurança, mesmo no perigo.

E se tudo for como nós o cremosAmigos, bebamos à vontade e cantemosA canção do Brasil, para nosso júbiloFoi ela composta no tom da alegria.

Page 15: A chegada da família Genelhu no Brasil

Vieram 437 pessoas no navio Urania, entre elas, os integrantes da família Genilloud, que partiu da Holanda em 12 de setembro de 1819. A viagem era penosa, faltava alimentação para atender a todos e muitos morriam de vários tipos de doenças, nunca diagnosticadas, caracterizadas basicamente por ‘‘febres intermitentes’’ referidas entre os colonos, mais tarde identificados pelos médicos como malária.

As péssimas condições à bordo do navio, o excesso de passageiros e, principalmente, os ares do pântanos da Holanda foram as principais causas da morte de 107 pessoas, entre adultos e crianças, durante os longos 80 dias de viagem do Urania. A chegada aconteceu em 30 de novembro daquele mesmo ano (A Gênese..., ob. cit., p. 159, 164, 172).

O padre Jacob Joye, um dos passageiros do Urania, descreve em vários relatos os episódios de mortes de vários passageiros, a quem ministrava a extrema-unção e fazia os rituais de sepultamento no mar. O religioso descreve o ato de sepultar o corpo de François Butty, um chefe de numerosa família, informando:

‘‘...Durante a Cerimônia cadáver foi pousado na amurada do navio em cima de uma prancha côncava, bastou levantar a prancha na extremidade para que o corpo fosse logo tragado pelas vagas’’.

Depois de sete sepultamentos na tarde de 24 de setembro, o padre decidiu não mais realizar os rituais para não deixar impressionados os passageiros ‘‘com o cântico lúgubre da cerimônia’’ (A Gênese, cit., p. 164 / 165).

O grupo de emigrantes não era apenas de agricultores. haviam profissionais da construção civil (pedreiros, carpinteiros, marceneiros), fabricantes de diversos produtos à base de ferro e couro, alimentos e têxteis, todos denominados artesãos, além de profissionais liberais (farmacêutico, professor, médico), padres e outras pessoas instruídas (Martin Nicoulin - Gênese de Nova Friburgo, ob. cit., p. 76 - 77).

O porto de chegada dessas famílias foi a Província do Rio de Janeiro, no Reino do Brasil, ligado à coroa portuguesa no Reino de Portugal, Brasil e Algarves.

A maiorias dos grupos familiares, revela a obra do professor Nicoulin, era gente de poucos recursos, que, apesar dos costumes tipicamente europeus, vinha mesmo em busca de uma terra de prosperidade, para melhorar de vida. Qualquer coisa poderia se melhor do que a própria pátria arrasada.

06

A chegada da família Genelhu no Brasil

G

15

Page 16: A chegada da família Genelhu no Brasil

Mas a política de povoação do Brasil e a operação de ‘‘limpeza’’ do governo suíço trouxe à nova terra também muitos ‘‘indesejados’’ na Europa: os chamados ‘‘apátridas’’ - estrangeiros nômades que não produziam e viviam às custas do Estado, além de ex-prisioneiros condenados por crimes diversos, libertados à última hora de cada um dos cantões que despacharam habitantes para a viagem de colonização suíça no Brasil.

Uma carta do padre Joye à Suíça em junho de 1820, quando respondia pela paróquia de Nova Friburgo, revela o lado pouco entusiasmado da colonização. Depois de estranhar que Sua Majestade o rei, tivesse destinado as regiões tão irregulares da beira-mar aos imigrantes, onde a produção era bem mais difícil, ao invés de fixá-las nas ‘‘belas e imensas planícies das cercanias de São Paulo’’, o religioso confessa que, mesmo com a rudeza da topografia, os que quisessem trabalhar poderiam dar-se bem, ‘‘ao passo que os preguiçosos, quando acabarem os subsídios concedidos por S.M., estarão mergulhados na mais pavorosa indigência, e seu número será infelizmente muito grande’’. E denuncia:

- Sobretudo a parte alemã da Suíça pode gabar-se de ter expurgado do país mendigos, vagabundos, ocioso, que estavam a cargo da sociedade. Disso temos provas mais do que convincentes. Deve-se ao Sr. Brémond essa brilhante escolha que de modo algum honra nossa pátria, visto que aqui se julga por analogia (idem, p. 293 / 294).

Aqueles que traziam na bagagem algum dinheiro - e esses eram poucos - conseguiram crescer e prosperar, desenvolvendo a agricultura, montando pequenos negócios, comprando animais de trabalho os próprios móveis de casa, melhorando a habitação que o governo brasileiro destinado a cada família.

Muitas das famílias que tiveram parentes mortos durante a viagem, ainda enfrentaram outras perdas quando se estabeleceram no Brasil. Marie Ruffieux escreveu em carta de setembro de 1825, que dos sete membros de sua família saída da Suíça, estavam ainda vivos apenas três: ela e mais duas irmãs. A mãe morrera no navio, o pai logo ao chegar ao Brasil e os dois irmãos, no caminho de estradas e acampamentos precários, antes ainda da família se estabelecer na colonização destinada aos suíços.

A chegada da família Genelhu no Brasil

16

G

Page 17: A chegada da família Genelhu no Brasil

III. A FAMÍLIA GENILLOUD

Os Genilloud eram oriundos de Bulle, Cantão de Fribourg, na Suíça. Era uma família de artesãos. Embora a média dos emigrantes fosse de pouco ou nenhum recurso, a família trouxe na bagagem uma pequena fortuna: 1.300 escudos (cerca de R$ 8.000,00).

Ao sair da Suíça, eram onze pessoas: o pai, Claude Genilloud, 66 anos, a mãe, Maria Ana Mopsier, 48, e os filhos Maria Louise, 19 anos; Katherina, 18 anos; Cláudio, 17 anos; Mariette, 14 anos; Elizabetha, 12 anos; Madeleine, oito anos; Louis, dez anos; Ursula, com seis anos, e Jacob José nascido à bordo do Urania, durante a viagem, em 13 de novembro de 1819, um mês após a morte do pai, Claude, em 14 de outubro.

O patriarca foi sepultado no mar, assim como outros membros da família falecidos durante o percurso: Louis, com dez anos, morreu em St-Gravendeel, na Holanda, em 16 de setembro de 1819 apenas quatro dias após a partida do navio Urania; Ursula, de seis faleceu na mesma situação, embora não haja registro da data exata. Elizabetha, aos 12 anos, faleceu logo após chegar ao Brasil, em três de fevereiro de 1820.

A família Genilloud foi viver na casa de número de 17 da vila de Nova Friburgo, vizinha às famílias Jacoud e Musy, o que explica o parentesco, algum tempo depois, com os Musy, pelo casamento da filha mais velha dos Genilloud, Maria Louise, com João José Jacinto Musy, em 1824, conforme mostra os documentos reunidos ao final deste trabalho. Tentamos reunir mais dados, construir a árvore genealógica completa da família, mas ainda não foi possível. A seguir, os resultados de nossas pesquisas em documentos, livros e registros, na primeira tentativa de resgatar o passado da grande família Genelhu.

1. Claude Genilloud - pai - nascido em Bülle, Cantão de Fribourg, Suíça.Morto em 14 / 10 / 1819. Sepultado no mar;2. Anna Maria Mopsier (Mofsy) - mãe - casada com Claude - chegou ao Brasil em 1819, com 48 anos;

A chegada da família Genelhu no Brasil

G

17

Page 18: A chegada da família Genelhu no Brasil

3. Louise (Maria Louise) Genilloud - filha mais velha do casal. Chegou ao Brasil em 1819, com 19 anos; Casou-se com João José Jacinto Musy, em 16 / 02 / 1924;4. Catherina Genilloud - filha - 18 anos, chegou em 1819. Faleceu no Brasil, em 14 / 05 / 1820;5.Claudio (Claude) Genilloud - filho - Chegou em 1819, tinha 17 anos.Casou-se em 12 / 08 / 1823 com Maria Clara Paratte, filha de Pedro Ignácio Paratte e de Josefa Isabel, natural do Cantão de Berna, Suíça. Tiveram os filhos:

- Manoel Genilloud - nascido em 19/09/1824 e falecido em 15/03/1931- Ana Genilloud - nascida em 24/04/1832.- Maria Genilloud, nascida a 26/02/1834.- Joaquim Jacques Genilloud, nascido a 14/08/1836.- Augusto Genilloud - nascido a 06/02/1838.- Casimiro Genilloud - nascido a 06/02/1840.- Joaquim Luiz Genilloud - nascido a 10/07/1841.6. Mariete Genilloud - filha - chegou ao Brasil em 1819 tinha 14 anos7. Elizabetha Genilloud - filha - chegou ao Brasil em 1819, com 12 anos. Faleceu em 03/02/1820.8. Madeleine Geniloud - filha - chegou ao Brasil em 1819, com 8 anos. Casou-se com Francis Rimes. Tiveram um filho:

- Manoel Rimes - nascido em 25/08/1837. Foi depois Barão de Rimes.

9. Louis Genilloud - filho - faleceu durante a viagem do Urania, em 16/09/1819. Tinha 10 anos.10. Ursula Genilloud - filha - faleceu à bordo do navio Urania, durante a viagem, em 1819.11. Jacob José Genilloud - filho - nasceu à bordo do Urania, em 13/11/1819.

Veja cronogram na contra-capa.

07

A chegada da família Genelhu no Brasil

18

G

Page 19: A chegada da família Genelhu no Brasil

DOCUMENTOS PESQUISADOS

G

19

Registro de óbito de Claude Genilloud - sepultado no mar - 14 / 10 / 1819

Registro de batismo de Jacob José Genilloud - 13 / 11 / 1819

A chegada da família Genelhu no Brasil

Page 20: A chegada da família Genelhu no Brasil

20

G

Registro de óbito de Louis, filho de Claudio Genilloud - 06 / 09 / 1819

Registro de óbito de Catherina Genilloud - 04 / 05 / 1820

A chegada da família Genelhu no Brasil

Page 21: A chegada da família Genelhu no Brasil

Registro de batismo de Manoel Genilloud, filho de Claudio Genilloud e Maria Clara Paratte - 31/10/1820

Certidão do casamento religioso de Claudio Genilloud e Maria Clara Paratte - 12/08/1823

G

21

A chegada da família Genelhu no Brasil

Page 22: A chegada da família Genelhu no Brasil

Registro de casamento de João José Jacintto Musy e Maria Luisa Genilloud 16/02/1824

Registro de óbito de Elisabetha, fhilha de Claudio Genilloud - 23/02/1830

22

G

A chegada da família Genelhu no Brasil

Page 23: A chegada da família Genelhu no Brasil

G

23

Registro de óbito de Manoel Genilloud, filho de Clauodio Genilloud e Maria Clara Paratte - 12/03/1831

Registro de batismo de Anna Genilloud, filha de Claudio Genilloud e Maria Clara Paratte - 24/07/1832

A chegada da família Genelhu no Brasil

Page 24: A chegada da família Genelhu no Brasil

24

G

Registro de batismo de Maria Genilloud, filha de Claudio Genilloud e Maria Clara Paratte - 18/05/34

Registro de batismo de Joaquim Jacques Genilloud, filho de Claudio Genilloud e Maria Paratte - 16/03/1836

A chegada da família Genelhu no Brasil

Page 25: A chegada da família Genelhu no Brasil

Registro de batismo de João Jozé Eduardo Tardin, filho de Antonio Tardin e Maria Genilloud - 26/12/1836

Registro de batismo de Manoel, filho de Francisco Remin e Madalena Genelloud - 25/08/1837

G

25

A chegada da família Genelhu no Brasil

Page 26: A chegada da família Genelhu no Brasil

26

G

Registro de batismo de Augusto Genilloud, filho de Claudio Genilloud e Maria Clara Paratte - 15/04/1838

Registro de batismo de Manoel, filho de Francisco Remin e Madalena Genelloud - 25/08/1837

A chegada da família Genelhu no Brasil

Page 27: A chegada da família Genelhu no Brasil

Registro de óbito de Cassimiro Genilloud, filho de Claudio Genilloud e Maria Clara Paratte - 20/08/1840

Registro de batismo de Joaquim Louis Genellhu, filho de Claudio Genilloud e Maria Clara Paratte - 14/05/1842(1º registro do sobrenome Genelhu)

G

27

A chegada da família Genelhu no Brasil

Page 28: A chegada da família Genelhu no Brasil

Registro de batismo de Francisca Tardin, filha de Antonio Tardin e Maria Genelloud - 01/12/1843

Registro de batismo de Maria Gravat, Henriqueta Tardin, João Luiz Tardin e Maria Tardin,todos descendentes das primeiras vindas de Fribourg - 26/12/1843

28

G

A chegada da família Genelhu no Brasil

Page 29: A chegada da família Genelhu no Brasil

Mapa extraído do livro ‘‘HISTÓRIA, CONTOS E LENDAS DA VELHA NOVA FRIBURGO’’ - de Raphael Luíz de Siqueira Jaccoud

G

29

A chegada da família Genelhu no Brasil

Page 30: A chegada da família Genelhu no Brasil

30

G

A chegada da família Genelhu no Brasil

EM B

RANCO

Page 31: A chegada da família Genelhu no Brasil

Claude G

enilloud

Nascido

em Bül

le,Can

tão de F

ribourg

Suiça

Anna M

aria Mo

psier

(mofsy)

Chegou

ao Bras

ilno a

no de 18

19

Pedro I

gnácio

Paratte

Cantão

de Be

rnaSuí

ça

Josefa Iz

abelCan

tão de Be

rnaSuíç

a

Ursu

laGe

nillou

dFa

leceu

nona

vio 18

19

Louis G

enilloud

Faleceu

no nav

ioaos

10 ano

s16 /

09 / 18

19

Maria C

lara Par

atteData

de casa

mento

12 / 08

/ 1823

Claudio

Genillou

dChe

gou ao

Brasil

no ano d

e 1819

João Jos

éJaci

nto Mus

yData

de Cas

amento

16 / 02

/ 1824

Louise

Genillou

d(Ma

ria Louis

e)Che

gou ao

Brasil

no ano d

e 1819

Catheri

naGen

illoud

Chegou

ao Bra

silno a

no de 18

19

Madelei

neGen

illoud

Chegou

ao Bra

silno a

no de 18

19

Elizabe

thaGen

illoud

Chegou

ao Bra

silno a

no de 18

19

Mano

elGe

nillou

dNa

scido

em10

/ 09 /

1824

Cassi

miro

Genill

oudNa

scido

em06

/ 02 / 1

840

Augu

sto

Genill

oud

Nasci

do em

06 / 0

2 / 18

38

Joaquim

Jaques

Genillou

dNas

cido em

14 / 08

/ 1836

Maria

Genill

oud

Nasci

da em

24 / 0

4 / 18

32

Anna

Genu

lloud

Nasci

da em

24 / 0

4 / 18

32

Franci

scoGe

nillou

dNa

scido

em29

/ 09 /

1829

Maria

Genill

oud

Nacid

a em

14 / 0

5 / 18

28

Mariette Ge

nilloud

Chegou ao

Brasil

no ano de

1819

Jacob J

oséGen

illoud

Faleceu

no nav

io13 /

11 / 18

19

Joaqui

m Luis

Genel

huNa

scido

em10

/ 07 / 1

841