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7/26/2019 A Ciência Da Sociedade - Vilma Figueiredo http://slidepdf.com/reader/full/a-ciencia-da-sociedade-vilma-figueiredo 1/27  A ciência da sociedade  Vilma Figueiredo Muitas das grandes questões que ocupam sociólogos contemporâneos remontam, pelo menos na  tradição ocidental, à Grécia Antiga. Por que vivemos em sociedade? quais as razões do pacto  social? indivíduo ou sociedade, quem prevalece na condução da história? Existe sujeito humano fora  da coletividade social? É nesse humanismo clássico, aliás, que se fundam as raízes de disciplinas  científicas diversas na medida em que nele estão formuladas perguntas elementares sobre a natureza  física e social e sobre a possibilidade de respondê-las. Nele remontam as bases das concepções que prevalecem contemporaneamente a respeito, por  exemplo, das relações entre indivíduo e sociedade: é a diferenciação das partes que gera a unidade  do conjunto. E o contrário também é verdadeiro. Os indivíduos pactuam a vida em sociedade, mas  esta não é, apenas, um somatório daqueles que a integram; mais que isso, é ela, em múltiplos  sentidos, que dá origem ao indivíduo. Somos nós que fazemos a sociedade ao mesmo tempo que  somos humanos porque a sociedade assim nos faz. No caso da Sociologia, é no século XIX que surgem os primeiros esforços sistemáticos de  delimitação de objetos de estudo e de estratégias metodológicas para a produção de conhecimento  fidedigno. Com as grandes transformações econômicas, sócio-culturais e políticas que  acompanhavam a revolução industrial em franca expansão, particularmente na Europa, foram muitos  os pensadores que, tanto lá como nos Estados Unidos, se dedicaram a entender os imensos  problemas que surgiam e a propor soluções. Eram as condições inumanas de trabalho, a exploração  de mão de obra infantil, as precárias condições de higiene, a miséria generalizada, estruturas de poder  pouco flexíveis e impermeáveis aos anseios das grandes massas alguns dos principais temas que  ocupavam grande número de intelectuais de então. Foi Augusto Comte (1798-1857) quem primeiro usou o termo sociologia ao pretender uma ciência  da sociedade com um grau de positividade equivalente ao das ciências físicas e capaz de orientar a  solução de problemas concretos. Para Comte havia chegado a hora de a ciência da sociedade atingir  RSOSOC.DOC - Google Drive https://docs.google.com/document/d/1HKfK0afGn_LEOKGjPTxzinxD1... 27 27/5/2013 14:27

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 A ciência da sociedade

  Vilma

Figueiredo

Muitas das grandes questões que ocupam sociólogos contemporâneos remontam, pelo menos na 

tradição ocidental, à Grécia Antiga. Por que vivemos em sociedade? quais as razões do pacto 

social? indivíduo ou sociedade, quem prevalece na condução da história? Existe sujeito humano fora 

da coletividade social? É nesse humanismo clássico, aliás, que se fundam as raízes de disciplinas 

científicas diversas na medida em que nele estão formuladas perguntas elementares sobre a natureza 

física e social e sobre a possibilidade de respondê-las.

Nele remontam as bases das concepções que prevalecem contemporaneamente a respeito, por 

exemplo, das relações entre indivíduo e sociedade: é a diferenciação das partes que gera a unidade 

do conjunto. E o contrário também é verdadeiro. Os indivíduos pactuam a vida em sociedade, mas 

esta não é, apenas, um somatório daqueles que a integram; mais que isso, é ela, em múltiplos 

sentidos, que dá origem ao indivíduo. Somos nós que fazemos a sociedade ao mesmo tempo que 

somos humanos porque a sociedade assim nos faz.

No caso da Sociologia, é no século XIX que surgem os primeiros esforços sistemáticos de 

delimitação de objetos de estudo e de estratégias metodológicas para a produção de conhecimento 

fidedigno. Com as grandes transformações econômicas, sócio-culturais e políticas que 

acompanhavam a revolução industrial em franca expansão, particularmente na Europa, foram muitos 

os pensadores que, tanto lá como nos Estados Unidos, se dedicaram a entender os imensos 

problemas que surgiam e a propor soluções. Eram as condições inumanas de trabalho, a exploração 

de mão de obra infantil, as precárias condições de higiene, a miséria generalizada, estruturas de poder pouco flexíveis e impermeáveis aos anseios das grandes massas alguns dos principais temas que 

ocupavam grande número de intelectuais de então.

Foi Augusto Comte (1798-1857) quem primeiro usou o termo sociologia ao pretender uma ciência 

da sociedade com um grau de positividade equivalente ao das ciências físicas e capaz de orientar a 

solução de problemas concretos. Para Comte havia chegado a hora de a ciência da sociedade atingir 

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essa positividade, essa capacidade de identificar leis naturais, já completada pelas ciências anteriores, 

menos complexas, tais a matemática, a astronomia, a física, a química e a biologia. Para isso a 

sociologia teria que se livrar de concepções dogmáticas, supranaturais, religiosas e de idéias 

pré-concebidas, passando a elaborar um sistema de conhecimentos baseado em fatos. À medida 

que as ciências se aproximam do homem, tornam-se mais complexas e menos gerais ao mesmo 

tempo que enriquecem seus instrumentos metodológicos.

Segundo Comte, além de observação, comparação, classificação, próprias das demais ciências, à 

sociologia compete, também, o procedimento da filiação histórica para que possa obter e ordenar 

os dados da realidade em hipóteses de trabalho. A sociologia assim, como ciência positiva, trazia a 

possibilidade de conhecer o passado, e dele extrair a linha evolutiva que conduz ao futuro. A 

história é, essencialmente, a história do progresso do espírito humano. A principal parte dessa 

evolução, a que mais influiu sobre o progresso geral da humanidade, consiste no desenvolvimento 

contínuo do espírito científico. Comte tem duas metas nada modestas: reformar a sociedade e 

estabelecer a síntese do conhecimento científico. Em contrapartida, a ciência que pretende 

desenvolver não é a busca de uma explicação definitiva, a identificação da causa primeira; 

contenta-se em constatar a ordem que reina no mundo; de modo, porém, a agir eficazmente sobre 

ela.

Para Comte, o grau de liberdade da ação humana é limitado pela natureza e pelo ritmo das leis 

naturais. Mas cabia, sim, espaço para a intervenção do Estado na vida econômica e na organização 

social. O homem público, o legislador, muito pode fazer para acelerar a expressão das mais elevadas 

qualidades humanas na melhor convivência social, desde que tenha o conhecimento necessário. O 

homem é livre na medida em que compreende e consegue colocar as leis naturais a seu serviço e a 

mudança social processa-se, sem saltos, dentro da ordem. E sem ordem não há progresso. A 

tendência à dogmatização vai crescendo em Comte na medida em que envelhece e sua sociologia 

vai-se transformando em doutrina. O positivismo passa a atrair seguidores apaixonados em diferentes 

regimes republicanos que se constituíam no século XIX, tendo deixado marcas indeléveis na ordem e 

no progresso da república brasileira.

O espaço para a ação voluntária em um desenvolvimento histórico determinado por leis naturais 

também foi tema central de outro precursor da sociologia. Karl Marx (1818-1883), no prefácio da 

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primeira edição alemã de O Capital, deixa isso claro quando afirma que a sociedade não pode nem 

ultrapassar por saltos nem abolir por decretos as fases de seu desenvolvimento natural, se bem que 

possa abreviar os períodos de gestação e aliviar as dores do parto de cada fase desde que descubra 

a lei natural que preside a seu movimento. Os homens não arbitram livremente sobre as forças 

produtivas, base da história, pois elas são produto de uma atividade anterior. Toda geração nova 

encontra forças produtivas adquiridas pela geração precedente e que irão servir de matéria prima 

para a nova produção. Pensador ocupado com inúmeros temas de seu tempo, Marx é, antes de 

tudo, como afirma Raymond Aron, o sociólogo-economista do capitalismo. O esforço intelectual 

de Marx é demonstrar cientificamente a evolução, a seu ver inevitável, do capitalismo. Assim como 

Comte, Marx considera as sociedades modernas industriais e científicas, em oposição às sociedades 

militares e teológicas. Entretanto, ao invés de centrar sua análise na oposição entre sociedades do 

passado e do presente, Marx focaliza atenção na contradição - que se esforça por demonstrar a ela 

inerente - da sociedade moderna, chamada de capitalismo. Se para o positivismo os conflitos entre 

trabalhadores e empresários eram imperfeições, de fácil solução, da sociedade industrial, para Marx 

o conflito entre proletariado e capitalistas está no cerne da natureza e do desenvolvimento das 

sociedades modernas. A obra de Marx - especialmente o Manifesto Comunista, a Contribuição à 

Crítica da Economia Política e O Capital - é centrada na afirmação e na demonstração do caráter 

antagônico do capitalismo e de sua necessária superação. É também, ao mesmo tempo, um apelo à 

ação com vistas a acelerar o cumprimento desse destino histórico. Na essência do capitalismo estão 

a mais valia, fundamento da acumulação de capital, e o proletariado, que produz a mais valia. A 

partir do momento em que descobre que é ele quem produz a mais valia, o proletariado começa a 

libertar-se da dominação burguesa. Burguesia e proletariado são classes revolucionárias e 

antagônicas, a primeira instaura o capitalismo e a segunda é a portadora da sua destruição. São duas 

as contradições elementares do capitalismo, que se expressam no antagonismo de classes: em 

primeiro lugar, a contradição entre forças produtivas, que não cessam de crescer, e as relações de 

produção (relações de propriedade e distribuição de renda) que não se transformam no mesmo 

ritmo; e em segundo lugar entre o crescimento da riqueza e o aumento da miséria. São essas as 

contradições que irão acarretar a superação do capitalismo, cabendo aos homens a possibilidade de 

acelerar esse processo. A superação do capitalismo, quer pelo desenvolvimento natural de suas 

contradições, quer pela aceleração da revolução socialista dará origem à primeira sociedade não 

antagônica da história.

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Sendo Marx, além de intelectual, homem de ação, suas idéias e seu exemplo inspiraram muitos 

movimentos sócio-políticos já em seu tempo de vida. Dos debates então iniciados entre simpatizantes 

e opositores, germinaram as duas principais derivações no campo da prática político-social, quais 

sejam a social-democracia e o comunismo. Inúmeras organizações operárias e partidos políticos 

clamam por filiação marxista buscando inspiração em alguma parte da monumental obra de Marx. 

Organizações políticas distintas vão dar ênfase variada a diferentes combinações de conceitos que 

Marx forjou para a compreensão do capitalismo e do processo histórico; forças produtivas e 

relações de produção, luta de classes e consciência de classe, infraestrutura e superestrutura serão 

instrumentos analíticos com força diversa segundo intenta-se mudança gradual ou revolução já. 

Entretanto, é no século XX que, em nome de Marx ou no diálogo com ele, se efetivam governos e 

revoluções socialistas. Primeiro na Europa e depois em muitos países da Asia, da Africa e da 

América Latina organizaram-se movimentos em busca de maior desenvolvimento sócio-econômico 

ou de independência nacional ou de ambos, movimentos que, em alguns casos, chegaram a assumir o 

governo. Com tais características, o impacto mais visível da obra de Marx foi no fornecimento de 

aparato ideológico justificador de ação concreta orientada para a mudança social. Não é menor, 

porém, a presença de Marx no avanço propriamente científico da sociologia com seu exemplo de 

rigor no levantamento e tratamento de dados empíricos, de obsessão pela clareza conceitual e de 

ousadia teórico-metodológica. Preocupado em evidenciar suas filiações e interlocutores, Marx 

elabora a crítica das filosofias hegeliana e pós-hegeliana, do socialismo utópico francês e a economia 

política inglesa, passando a ser, ele próprio, referência, explícita ou não, na maior parte da produção 

sociológica relevante, que lhe é subsequente, dedicada à mudança social.

É na virada do século XIX que surgem mais dois marcos na fundação da sociologia enquanto ciência 

da sociedade, especialmente dedicados à compreensão do fato e da ação social: Durkheim e Weber.

Emile Durkheim (1858-1917) marca o estudo da relação indivíduo/sociedade, da constituição dos 

vínculos de solidariedade, do rigor metodológico na indução e na análise comparada em quatro obras 

que se tornaram clássicas e continuam obrigatórias na formação do sociólogo contemporâneo:  A 

 Divisão do Trabalho Social (tese de doutorado defendida em 1893),  As Regras do Método 

Sociológico (1895), O Suicídio (1897) e As Formas Elementares da Vida Religiosa (1912).

Para Durkheim a sociologia constitui uma ciência entre as ciências positivas, ocupando-se do reino 

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social e visando a revelar as leis necessárias que o regem. Tem um objeto claramente definido, os 

fatos sociais, e um método próprio para estudá-lo, a observação e a experimentação indireta, ou seja 

o método comparativo. Durkeim produz o primeiro trabalho sistemático sobre o método sociológico 

e é nele que afirma deverem os fatos sociais ser considerados como coisas, isto é, devem ser 

observados de fora, devem ser descobertos como os fatos da física. Além disso, a característica do 

fato social é que ele se impõe sobre o indivíduo. As causas dos fenômenos sociais devem ser 

encontradas no próprio meio social, todo fato social tem por causa um outro fato social e jamais um 

fato da psicologia individual. A normalidade é entendida por sua generalidade; um fenômeno social é 

normal quando é encontrável de maneira geral numa sociedade de um certo tipo em determinada fase 

de seu desenvolvimento. A sociedade não é a simples soma de indivíduos; o sistema formado por 

sua associação é uma realidade específica com características próprias. O problema social não é de 

ordem econômica e sim um problema de consenso, isto é, de sentimentos partilhados pelos 

indivíduos, graças aos quais os conflitos são resolvidos ou atenuados. A solidariedade entre os 

indivíduos é de dois tipos: a mecânica ou solidariedade por semelhança, entre indivíduos não 

diferenciados, e a orgânica, que se constitui entre indivíduos diferentes pelo consenso. Os dois tipos 

de solidariedade correspondem a tipos extremos de sociedades arcaicas, indiferenciadas, ou 

modernas, onde aparece a divisão social do trabalho. O problema central das sociedades é a relação 

dos indivíduos ao grupo e o estudo do suicídio é especialmente revelador da natureza dessa relação. 

Procurando mostrar que mesmo no ato privado de tirar a própria vida conta mais a sociedade 

presente na consciência do indivíduo do que sua própria história individual, em seu exemplar trabalho 

sobre o suicídio, Durkheim identifica três tipos. O suicídio egoista cometido por indivíduos 

preocupados essencialmente consigo próprios, pouco integrados ao grupo, o suicídio altruista que 

ocorre quando o indivíduo se sacrifica em obediência a algum imperativo social interiorizado como no 

caso das viúvas indianas que aceitam ser queimadas junto ao corpo do marido e o suicídio anômico, 

o mais característico da sociedade moderna. Tanto em A Divisão Social do Trabalho como em O 

Suicídio, Durkheim conclui que há indícios de integração insuficiente do indivíduo à coletividade na 

sociedade moderna. Para ele a sociologia pode contribuir para melhorar a vida em sociedade com 

base no estudo objetivo e científico dos fenômenos, agindo sobre o que é socialmente patológico. Se 

um fenômeno é normal em uma coletividade, não cabe tentar eliminá-lo. Cabe, porém, difundir o 

conhecimento científico, ampliando o racionalismo e a autonomia individual.

Max Weber (1864-1920) deixou obra densa e diversa, cobrindo questões metodológicas e 

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históricas, e múltiplos temas, do trabalhador rural alemão ao império tsarista, da distinção e das 

relações entre ciência e política. É considerado dos grandes pensadores do milênio e, sem dúvida, 

sociólogo vigoroso cuja presença ainda marca a produção sociológica atual. Em A ética protestante 

e o Espírito do Capitalismo (1904/5) e no estudo comparativo das grandes religiões, ocupou-se 

da ação recíproca entre condições econômicas, situações sociais e convicções religiosas. Evitando 

estabelecer determinismos causais, Weber mostrou a importância dos valores na constituição da vida 

social. Sua obra maior, onde de certa forma sintetiza sua producão, é o tratado de sociologia geral 

em que trabalhou nos últimos anos, Economia e Sociedade , publicada postumamente (1922). 

Weber distingue tipos de ação social: a ação racional em relação a um fim, a ação racional em 

relação a um valor, a ação afetiva ou emocional e a ação tradicional. Cabe à sociologia compreender 

a ação social, ou seja, captar o sentido que o ator dá a sua conduta. O traço característico do mundo 

contemporâneo é o processo de racionalização crescente ou de desencantamento do mundo, típico 

da empresa econômica e da gestão burocrática do Estado. E o desafio para o conhecimento da 

realidade social e também para a atuação sobre ela é a identificação de setores ou segmentos da 

sociedade que escapam à tendência geral e onde subsiste ação de tipo não racional. Assim, os 

vínculos entre ciência e política são objeto central na reflexão de Weber e na construção da 

sociologia compreensiva. O tipo ideal é o recurso metodológico próprio do processo de 

compreensão característico da racionalização da ciência moderna. O tipo ideal é uma estilização 

racional da realidade histórico-social, instrumento da compreensão de relações causais de certo 

conjunto de fenômenos. A ciência é um aspecto do processo de racionalização próprio das 

sociedades ocidentais modernas, em sua busca sempre renovada da verdade objetiva. Nenhuma 

ciência, entretanto, será capaz de, definitivamente, ensinar aos homens a melhor maneira de viverem 

ou às sociedades de se organizarem e nem tampouco de dizer à humanidade qual será o seu futuro: 

sempre existirão as esferas ou dimensões da sociedade onde a ação social não racional prevalece e a 

ciência pode expressar-se, apenas, em termos de probabilidades.

Encerra-se, com Weber, o elenco de pilares europeus da sociologia e explicita-se o legado 

teórico-prático para o século XX, já iniciado por Comte, Marx e Durkheim. Deixam-nos uma 

macro-sociologia cujo eixo está no fatores condicionantes do conflito e da solidariedade na 

sociedade industrial, nas razões da ordem e nas possibilidades de mudança lenta ou acelerada, 

gradual ou não, para sociedades mais avançadas, quer sejam mais solidárias, mais igualitárias ou mais 

racionais.

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Não se incluíram contribuições de outros filósofos sociais interessados na constituição e nas esferas 

do poder, particularmente as dos socialistas utópicos, e dentre esses Saint Simon, não por se lhes 

desprezar a importância, mas por se tentar aqui delimitar as bases da sociologia científica em seu 

sentido o mais estrito possível. Os quatro fundadores aqui tratados são marcos inquestionáveis na 

proposição da ciência da sociedade e revelação das leis de seu funcionamento bem como na 

afirmação de ações passíveis de transformá-la, dentro dos limites da lei natural.

B) Teoria e fato na diferenciação social e especialização de funções.

o enfrentamento da diversidade macro e micro-social

No século XX a sociologia deixa de ser exclusivamente européia, apesar da grande influência que 

irão ainda exercer seus pais fundadores e seus intérpretes, quer nas formulações teóricas, quer em 

ações concretas inspiradas em suas idéias. Muitos de seus achados e proposições vieram a ser 

efetivamente testados neste século, abrindo caminho para ajustes e mudanças de rumo nas vidas de 

diversas sociedades. Um século abalado por acontecimentos centrados em território europeu: duas 

guerras mundiais em torno de disputas por hegemonia política e poder econômico e uma revolução 

que pretendia por em prática a superação do capitalismo, tendo resultado no império soviético. Com 

maior ou menor propriedade e justeza, os fundadores da sociologia foram evocados no palco desses 

acontecimentos de modo a esclarecer sua ocorrência e/ou a justificar decisões e ações sobre eles.

Se em todas as ciências a relação entre teoria e prática é via de mão dupla, particularmente na 

sociologia, em que a matéria sob análise são as coletividades humanas, as condições em que o 

conhecimento é produzido e posto a prova são capazes de influenciar o que e o quanto se conhece. 

Desde sua origem a sociologia é pensada como ciência de possível aplicação na realidade, estando 

em Comte a concepção de que, além de uma ordem que espontaneamente se forma e dá contorno à 

sociedade, haveria a possibilidade de uma outra, planificada, estabelecida a partir do conhecimento 

das leis sociais e de sua aplicação racional a problemas e situações concretas.

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A rigor, todos os fundadores da sociologia como ciência sistemática com base empírica tiveram suas 

formulações teóricas postas em prática por eles próprios ou pelos inúmeros seguidores e intérpretes 

que, no século XX, neles se inspiraram visando a controlar a sociedade, quer no sentido de sua 

organização, conservação, quer no de mudança gradual ou transformação radical.

A importância de Comte, Durkheim ou de Weber na formulação e desenvolvimento das democracias 

que se fortaleceram durante o século é marcante, particularmente com as teorizações que 

produziram, respectivamente, sobre a evolução da racionalidade, a natureza do vínculo social e os 

tipos de dominação. É Marx, entretanto, quem fornece o exemplo mais visível de teoria posta em 

prática. Isso porque foi em seu nome que se desenvolveram argumentos e desdobramentos 

inspiradores e justificadores da revolução que pretendeu implantar o comunismo na Rússia e criou a 

União Soviética. De 1917, quando os bolcheviques tomam o poder, a 1991, quando se realizam 

eleições diretas para presidente da Rússia, produziu-se uma profunda reestruturação sócio-política e 

econômica nos países do leste europeu que integraram o bloco soviético.

Essa marcante experiência histórica que mudou a face do mundo contemporâneo provou ser 

falaciosa a busca exclusiva da igualdade social em detrimento da liberdade. A rigor, em Marx, estão 

presentes os dois elementos, sendo a igualdade de condições requisito necessário à expressão da 

liberdade, e esta fator constitutivo da almejada sociedade comunista. Entretanto, o teste da teoria 

marxista praticado pelos soviéticos calcou-se numa leitura e numa interpretação de Marx apoiadas, 

apenas, na busca da igualdade. A prática daí derivada gerou a dominação autoritária e impossibilitou 

o desenvolvimento do cidadão responsável e crítico, condutor da mudança social. A crise e a falência 

política, econômica e social do sistema obrigaram ao processo de sua superação, em curso há uma 

década, no qual a experiência de mais de 70 anos de regime soviético é parte constitutiva, com seus 

fracassos e possíveis êxitos.

A rica experiência soviética permitiu, igualmente, que se confirmassem hipóteses derivadas de 

Durkheim e Weber sobre a natureza do vínculo social e da dominação política. Ficou claro que o 

vigor das sociedades origina-se da relação equilibrada entre igualdade, disciplina e regulação, de um 

lado, e liberdade, inovação, criação, de outro. A prevalência desproporcionada de qualquer dos dois 

grupos impossibilita a vida em sociedade: o excesso de disciplina leva à rotinização e ao marasmo; a 

liberdade sem controle opõe-se à formação de consenso e dá origem à anomia social.

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O século XX foi palco de outro fenômeno marcante e desafiador, qual seja o deslocamento da 

hegemonia européia e a emergência de novos centros de poder político, econômico e cultural. 

Primeiramente vem à tona a América do Norte, particularmente os Estados Unidos, mas surgem, 

também, outros focos, inclusive os chamados países de terceiro mundo, que assumem personalidade 

após a Segunda Guerra Mundial, em meados do século. A sociologia acompanha esse 

deslocamento, passando a ser produzida em diferentes lugares, com multiplicidade de temas, 

problemas e propostas. A diversidade teórica e metodológica vai marcar o desenvolvimento 

sociológico ao longo do século, num percurso da macro para a micro-sociologia e numa retomada do 

desafio das explicações globais. A sociologia consolida-se como ciência da sociedade enquanto 

ciência plural.

Antes do florescimento vigoroso da sociologia americana a partir dos anos 50, as bases da 

micro-sociologia empírica foram estabelecidas no início do século por Charles H. Cooley 

(1864-1929) e William I. Thomas (1863-1947). Ambos os autores preocupavam-se com os 

vínculos entre indivíduo e sociedade, atentos para a importância da liberdade individual no 

estabelecimento da ordem social negociada e, principalmente, na direção da mudança social.

Para Cooley ( Human Nature and the Social Order, 1902; Social Organization, 1909; Social 

Process, 1918), quando a vida individual começa, os elementos hereditário e social fundem-se e 

deixam de existir como forças isoladas. Inserindo-se no debate do seu tempo, considerava que as 

discussões sobre a importância absoluta ou relativa da hereditariedade ou do meio eram tão fúteis 

quanto os debates sobre o domínio do espírito sobre a matéria e vice-versa. Para ele, nem o 

indivíduo, nem o grupo, tem primazia na análise sociológica, existindo, sim, um processo de influência 

mútua entre um e outro. Na sociedade americana que se construia apoiada na liberdade, nada mais 

adequado do que trazer para a teorização sociológica o peso da decisão individual. A grande 

contribuição de Cooley para a sociologia continua sendo o tratamento que deu ao grupo primário, 

aquele constituido com base nas relações afetivas, que permanece como acréscimo relevante tanto 

para a sociologia como para a psicologia social. A distinção por ele feita entre grupos primários e 

secundários - aqueles baseados em relações sociais impessoais - foi contribuição independente e 

chave analítica para o estudo das sociedades complexas e os eixos elementares de seus processos de 

organização e de mudança.

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O outro nome de destaque daquilo que poderia ser chamado de sociologia psicológica é Thomas, 

que, em Chicago até 1918, trabalhou independentemente de Cooley. Thomas (The Undajusted  

Girl, 1923;The Polish Peasant in Europe and North America, 1926, em colaboração com 

Znaniecki) desenvolveu a hipótese de que cada indivíduo tem uma ampla variedade de desejos que 

só podem ser satisfeitos com sua incorporação à sociedade. O esquema analítico conceitual por ele 

proposto constitui-se de atitude, valor, desejos, tipos pessoais e definição de situação.

Thomas e Cooley foram dos primeiros sociólogos a não admitirem um fator único - econômico, 

político social ou outro - capaz de explicar a sociedade, a cultura e suas transformações. Além 

disso, atinham-se à análise empírica, ao levantamento de dados da realidade, como condição 

imprescindível ao conhecimento científico. O método, atualmente usado na sociologia, de comparar 

grupo experimental com grupo de controle é inspirado, pelo menos em parte, em Thomas.

Ao insistirem em que os fenômenos sociais devem ser encarados no contexto das culturas que os 

envolvem, tanto Cooley como Thomas anunciam princípio central da abordagem funcionalista em 

sociologia.

George Mead (1863-1931) completa o tripé americano dos fundadores da sociologia empírica e 

sistemática. Igualmente envolvido com a temática das relações entre indivíduo e sociedade, Mead 

dedica-se à investigação da gênese do eu humano no processo da interação social e dá forma ao que 

veio a ser conhecido como escola de Chicago. Sofistica a micro-sociologia com o seu Mind, Self  

and Society , publicado em 1934, e, com o seu interacionismo simbólico, sustenta, abstrata e 

concretamente, o fortalecimento da responsabilidade individual na montagem de uma coletividade 

complexamente gerada por indivíduos orientados para si próprios e para o outro. Em suma, fornece 

fundamentos teóricos e razões práticas para a democracia contemporânea. Nas escolas e empresas, 

nos Estados Unidos e onde quer que tenham sido captados, Mead, Thomas e Cooley contribuiram 

para a institucionalização de mecanismos e processos de valorização do indivíduo na costura social, 

de respeito à pessoa na construção do espaço público. Os três firmaram, igualmente, as bases de 

uma sociologia não determinista em que a multiplicidade de fatores deve, obrigatoriamente, ser 

considerada na análise dos fenômenos sociais.

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Muitos sociólogos americanos propuzeram estratégias teóricas e metodológicas inovadoras no 

tratamento das relações entre indivíduo e sociedade, a rigor, em harmonia com a escola de Chicago, 

sempre postulando a não oposição entre essas duas entidades.

Talcott Parsons (1902-1979) desconsiderou o esforço sociológico feito por seus conterrâneos e 

apelou aos pais europeus na junção, principalmente, de Durkheim e Weber para criar a teoria da 

ação social baseada num princípio voluntarista e contribuir para o fortalecimento da teoria da escolha 

racional. The Structure of Social Action foi publicada em 1937 e afirmava a possibilidade de uma 

ação voluntária, apoiada na escolha entre valores e princípios alternativos. Em The Social System , 

publicado em 1951, Parsons tratou da delimitação e da articulação de sistemas em larga escala, 

dando menor ênfase aos motivos da ação.

Desafiado por problemas marcadamente americanos (liberdade e justiça social) e fazendo-se 

aparelhar por instrumentos e contextos europeus, Parsons não conseguiu convencer seus pares. A 

riqueza da análise funcionalista e sistêmica, por ele fornecida, jamais chegou a impregnar a análise 

sociológica, por mais em moda que tenha estado criticá-lo nos anos 60. Os seminários e palestras 

de Parsons lotavam salas e auditórios em Harvard ou aonde quer que fosse convidado, mas seus 

pares atacavam-no por diversos ângulos. Conservadorismo político, descaso pela mudança social 

ou elaboração de meta-teoria incapaz de fornecer instrumentos efetivos para a compreensão da 

realidade sintetizam as principais acusações feitas a ele e a sua obra na ocasião. Entretanto, 

pretendendo uma macro-sociologia ocupada com as maneiras pelas quais as unidades se 

relacionam e interagem formando um sistema social que se mantem e desenvolve no tempo, Parsons 

traz para a sociologia a lógica da razão impessoal, que transcende a escolha racional. Pode-se dizer 

que, com tal ousadia, dá destaque à proposição durkheimiana de que o fato social é mais do que a 

soma dos indivíduos que o integram e busca captar o funcionamento sistêmico desse algo mais. 

Assim sendo, Parsons não apenas supera suas formulações anteriores sobre ação social baseada 

em princípio voluntarista, mas também antecipa tendência teórico-metodológica que apenas no final 

do século XX começa a ter expressão na sociologia.

A crítica a Parsons possibilita o relêvo de outras duas abordagens na América do Norte, as quais 

podem ser identificadas, grosso modo, como sociologia da ordem e do conflito e como 

etnometodologia. A primeira dessas desenvolve-se na Universidade de Columbia com os trabalhos 

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de Robert Merton (1910), Paul Lazarsfeld (1901-1976) e Charles Wright Mills (1916-1962). 

Merton dedicou-se ao estudo do comportamento desviante e da adaptação social, à pesquisa 

qualitativa e quantitativa das profissões em ambiente de solidariedade e de conflito. Suas 

contribuições que se tornaram clássicas na sociologia, entretanto, foram seu tratado sobre a análise 

estrutural funcionalista, Social Theory and Social Structure , publicado em 1949, onde apresenta a 

noção de função latente, complementar à função manifesta, típica dos fenômenos sociais e The 

Sociology of Science (1942), onde tenta esclarecer os condicionantes sociais do processo de 

produção do conhecimento científico, específico e distinto de outras formas de conhecimento. 

Merton ocupa-se em afirmar a sociologia como produtora de teoria de alcance médio, limitado; a 

teoria de médio alcance situa-se a meio caminho das hipóteses de trabalho rotineiras na pesquisa e as 

amplas especulações que abarcam um sistema conceitual dominante. Merton usa teoria sociológica 

nessa acepção em que as abstrações e generalizações estão sempre vinculadas a bases empíricas, 

portanto de alcance médio.

Colaborador de Merton, Lazarsfeld, natural de Viena, chega aos Estados Unidos em 1933 e em 

Columbia em 1944, onde contribui para o avanço da sociologia empírica com estudos sobre cultura 

de massas. Seus trabalhos exemplares no tratamento de dados são The People's Choice (1944) e 

Voting (1954), usados em cursos de sociologia e ciências sociais em diversos lugares do mundo 

como modelos de método e técnica de pesquisa. Além disso,

os estudos de Lazarsfeld muito contribuíram para esclarecer o comportamento eleitoral americano e 

também para o desenvolvimento de estratégias formadoras de opinião.

Wright Mills (1916-1962) focaliza seu trabalho na mudança social e busca identificar seus diferentes 

agentes. Estuda o papel dos intelectuais no mundo moderno e faz esforço para complementar o 

conceito de classe social com o de status visando a esclarecer processos e mecanismos de solução 

de conflitos na direção da mudança. The Power Elite é publicado em 1956 e The Sociological 

 Imagination em 1959. Ambos alcançaram grande prestígio; o segundo é peça obrigatória na 

formação do sociólogo e o primeiro esclarece a complexidade de estruturas de poder, 

particularmente das elites e de seu papel na condução da mudança social, escapando das 

concepções de revolução como a condição única de transformação social radical. Ainda, próximo 

aos temas marxistas a que se dedicou, publicou White Collar  (1951) e The Marxists (1962) tendo 

incitado sociólogos a assumirem responsabilidade social como ativistas na sociedade, superando o 

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que ele chamava de "empirismo abstrato", criticando seus contemporâneos. A presença de Mills foi 

evidente na criação do clima cultural e político-intelectual da época. Em suas aulas de introdução à 

sociologia, a que sempre se dedicou, educava a juventude americana dos anos 50 e início dos 60, 

procurando nela desenvolver capacidade crítica. Mills ajudou a formar a liderança de uma juventude 

que acreditava em sua força para mudar a sociedade e que tanto se opos à discriminação racial como 

à guerra no Vietnam, movimentos marcantes no final da década.

Estruturando crítica aos fundamentos motivacionais do estrutural-funcionalismo de Parsons, seu 

mestre em Harvard, Harold Garfinkel (Studies in Ethnometodology, 1967) cunhou o termo 

etnometodologia para identificar a abordagem que trata de como os indivíduos se comunicam 

enquanto interagem, ocupando-se da maneira como os atores descrevem, criticam e idealizam 

situações específicas e dão sentido ao mundo social. A realidade, assim vista, não é estável e sim 

criada por situações específicas envolvendo comunicação interpessoal. A linguagem tem lugar 

privilegiado na investigação daquilo que é dito e do não dito na comunicação. Na linha do 

interacionismo simbólico inaugurado por Mead, também para a etnometodologia o foco da análise é 

a atividade humana por meio da qual os agentes elaboram linhas de conduta em situações 

concretas. Entretanto, se para Mead tanto os processos interativos que produzem e reproduzem as 

estruturas sociais como as estruturas em si são igualmente importantes no estudo da realidade 

social, para os interacionistas contemporâneos a própria realidade social é a interpretação 

contextual e indicial de signos e símbolos entre determinados agentes. Ou seja, afirma-se a 

concepção de uma realidade social múltipla, diversificada e bastante indeterminada.

A ênfase no nível micro-sociológico e o relativismo interpretativo, típicos dessa abordagem, fazem 

parte de um sentimento que começa a se generalizar depois da Segunda Guerra e que cresce à 

medida que se desenvolve a revolução científico tecnológica, particularmente a partir dos anos 70. 

É o sentimento de um mundo complexo, desestruturado, fruto do acaso, em que a ação humana 

racional pode muito pouco. Esse sentimento é bastante explicável pela quebra da ordem gerada na 

revolução industrial, provocada pelos avanços em diversas áreas do conhecimento, particularmente 

na química fina, na biotecnologia, na telemática, na informática, apenas para mencionar os mais 

evidentes. Avanços que possibilitaram inovações radicais e amplas no modo como se organizam e 

se reproduzem as sociedades contemporâneas. Essas mudanças profundas e rápidas associam-se, 

quer a um dobrar-se sobre o pequeno espaço e o tempo curto, que na sociologia é bem 

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representado pela teoria de médio alcance e pela etnometodologia, quer a um pessimismo ou a um 

ceticismo associados à proliferação e expansão de formas não científicas de abordagem da 

realidade. Não é à toa que as crenças associadas a esse sentimento de perplexidade e impotência 

emergiram nos principais centros de produção científica e tecnológica, como os Estados Unidos, 

palco, também, da proliferação intensa de novas religiões.

Mesmo reconhecendo uma enorme padronização na maneira como a interação organizada é 

realizada e reconhecida, Garfinkel muito contribui para o relativismo na teorização sobre a sociedade. 

Pode-se dizer que, radicalizando ainda mais a micro-sociologia, Erving Goffman (Presentation of  

Self in Everyday Life, 1959) destaca uma variedade de práticas que podem ser conduzidas na 

ausência de outros, escapando, então, à interação social direta, à conversa com o outro. Além disso, 

muitas práticas sociais com significado estão fora dos limites estritos da conversação, como a 

gesticulação e a postura corporal. Essa abordagem tende para relativismo perigoso, pois se tudo 

passa a ter significado, nada tem significado, ou seja, cada fenômeno social é único, denso e 

irreproduzível. No limite, é a negação da ciência que está em pauta. Evidentemente nenhum dos 

autores da etnometodologia formulou o problema dessa maneira , mas é essa a derivação que se 

pode fazer de sua postura teórico-metodológica.

A rigor, apenas mais para o final do século a etnometodologia veio a se expandir significativamente 

na estratégia metodológica de sociólogos de fora da América do Norte. A presença da 

etnometodologia e de outras abordagens micro-sociológicas ocorre, particularmente em países 

europeus e do terceiro mundo, com o profundo abalo na hegemonia de posturas marxistas, ocorrido 

a partir do final dos anos 70, com a crise e o colapso do sistema soviético.

A riqueza empírica das descrições produzidas pelas micro-sociologias e a fertilidade das hipóteses 

por elas fornecidas não podem ser menosprezadas, quer na inspiração de práticas e políticas de 

escopo mais limitado, mais localizado, de tão grande interesse de comunidades diversas, quer na 

possibilidade que oferecem para o início do milênio poder ousar na sistematização macro-teórica 

com efetiva ancoragem na realidade. Toda essa imensa diversidade à disposição da análise 

sistemática de base empírica está obrigando ultrapassar simplismos binários e interpretações 

maniqueístas ainda presentes na teoria sociológica. Está, ao mesmo tempo, apontando para a 

necessária superação da centralidade da vontade de sujeitos privilegiados na direção da mudança em 

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sociedades concretas, em nome de uma maior interação entre sistemas diversos.

A relação entre teoria e prática na sociologia, talvez mais do que em outras ciências, é clara e íntima 

não apenas no resultado da pesquisa e sua aplicação possível ou efetiva. Ela é igualmente forte no 

início do processo de conhecimento, na busca do que conhecer e na maneira como se formulam os 

problemas da investigação, como aqui também se procura destacar. Tanto a perda da exclusividade 

européia na produção da sociologia, quanto a entrada em cena de países do terceiro mundo 

acompanham as profundas transformações ocorridas na segunda metade do século. Com especial 

aceleração nas últimas três décadas, a revolução científico-tecnológica tem redefinido as bases da 

produção de riquezas, a natureza do emprego produtivo, os padrões de relacionamento entre 

indivíduos e grupos, nações e culturas, sociedades e meio-ambiente.

Na América Latina e no Brasil, particularmente, estudos sistemáticos da sociedade começam a ser 

feitos desde o início do século, com Euclides da Cunha (Os Sertões, 1902 ) e recebem a grande 

contribuição de Gilberto Freyre (Casa Grande e Senzala, 1933 ). Foram muitos os que, entre nós, 

firmaram as bases da sociologia, ocupados com as especificidades sócio-culturais e políticas que nos 

caracterizam. Entretanto, foi a partir dos estudos sobre subdesenvolvimento, desenvolvimento, 

modernização e dependência que a sociologia latinoamericana, especialmente, passou a ser 

efetivamente conhecida, não apenas como reveladora de caracteres e articulações típicos, mas 

propondo desafios teórico metodológicos à macro-análise.

A partir dos anos 50 e principalmente no início dos anos 60 economistas e sociólogos de origem 

européia, americana e latino-americana começam a divulgar relatórios de pesquisa e ensaios teóricos 

sobre o subdesenvolvimento e o processo de modernização de sociedades tradicionais. A transição 

da sociedade tradicional para a moderna é vista como um processo de remoção de obstáculos e de 

difusão da modernidade. Destacam-se, nessa linha, Bert Hozelitz (Sociological Factors in 

Economic Growth , 1960), David McClelland (The Achieving Society,1961), Everett Hagen ( On 

The Theory of Social Change , 1962), W.W. Rostow ( The Stages of Economic Growth , 1962) 

e Gino Germani ( Politica y Sociedad en una Epoca de Transición , 1962). O quadro teórico que 

envolvia as análises da transição continha uma perspectiva linear do processo de desenvolvimento, 

cujo modelo eram as sociedades já desenvolvidas na Europa e América do Norte e os obstáculos a 

serem removidos eram as características típicas das demais sociedades.

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O ambiente intelectual e de pesquisa criado pela Comissão Econômica para a América Latina, 

CEPAL, órgão das Nações Unidas sediado no Chile, tornou possível a primeira ruptura nesse 

arcabouço teórico. Raul Prebish ( Dinâmica do Desenvolvimento Latino-americano , 1964) 

localiza no próprio âmbito das relações internacionais o maior obstáculo ao desenvolvimento. Em 

contraposição aos argumentos de vantagens comparativas advindas de uma divisão internacional do 

trabalho, é apresentada a deterioração nos termos de troca, que implica a necessidade de os países 

da periferia exportarem cada vez mais produtos agrícolas ou matéria prima de modo a poderem 

importar os bens manufaturados, de valor agregado crescente, dos países centrais. A noção do 

desenvolvimento como sendo espontaneamente alcançado sem esforço racional e proposital 

demonstrou ser uma ilusão para o caso latino-americano e também para toda a periferia. Além disso, 

o obstáculo a ser removido não era fruto exclusivo da chamada sociedade tradicional, mas resultava 

do próprio funcionamento do sistema internacional de trocas.

O desenvolvimentismo cepalino propunha a cooperação internacional e o estabelecimento de 

políticas racionais planejadas por um estado tecnocrata capaz de incrementar a industrialização e 

fazer crescer a exportação industrial dos países subdesenvolvidos. Tais propostas orientaram 

políticas nacionais em diferentes governos de países latino-americanos sem que, entretanto, tivessem 

conseguido romper os elos da sua condição de periferia.

A ruptura definitiva com o arcabouço teórico das análise da transição para o desenvolvimento foi 

provocada pela análise da dependência, particularmente pela fornecida por Fernando Henrique 

Cardoso e Enzo Faletto ( Dependencia y Desarrollo en America Latina, 1969). Os antecedentes 

político-intelectuais dessa abordagem são as críticas endereçadas à sociologia do desenvolvimento, 

ao funcionalismo, ao nacional-populismo e às posições políticas associadas a ele. Os pontos centrais 

dessa proposta de análise podem ser assim resumidos: a) o desenvolvimento e o subdesenvolvimento 

são estruturas parciais, interdependentes, do sistema global, o sistema capitalista; as relações 

centro-periferia não devem ser compreendidas em termos de transição, mas como relações 

complementares; b) a dependência não é uma variável externa, mas uma situação condicionante que, 

também, se manifesta internamente; c) as dimensões econômicas, sociais e políticas devem ser 

organicamente ligadas na análise para mostrar a natureza das relações entre estrutura produtiva, as 

classes sociais e o Estado. O desenvolvimento do capitalismo e da dependência são processos 

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contraditórios e correlatos que se reproduzem, modificam e expandem sempre que nenhum processo 

político surja para detê-los.

O impacto causado por essa "teoria da dependência" foi grande, não apenas entre sociólogos e 

analistas políticos, mas também entre governos, partidos políticos e movimentos sociais, que se 

apropriavam de segmentos ou subconjuntos da complexa hipótese, segundo as necessidades do 

momento. A teoria da dependência animou o debate intelectual nos anos 70, quando fortes críticas 

lhe foram feitas sobre imprecisão conceitual e abrangência muito grande. Há que reconhecer que no 

desenrolar do debate muitos autores entraram em cena com reflexões críticas, interpretações e 

pesquisas empíricas, tendo havido, sim, incremento na definição mais precisa de conceitos e de 

problemas relacionados à superação do subdesenvolvimento.

Essa concepção da teoria da dependência mostrou ser possível o desenvolvimento, mesmo na 

situação de dependência, contribuindo, assim, para eliminar alguns simplismos de análises 

imperialistas que concebiam a periferia como polo estagnado ou em involução dentro do sistema 

capitalista. Além disso, pode ser considerada a primeira contribuição de sociólogos de fora da 

Europa e dos Estados Unidos a causar impacto na sociologia mundial. Finalmente pode ser 

considerada, no início dos anos 70, a última ousadia macro-teórica de sociólogos do século XX.

A partir daí, a grande expansão do sistema de pós-graduação e de pesquisa, também no Brasil, 

acompanha a prática dos estudos de caso e da multiplicidade de temas, com o surgimento das 

inúmeras sociologias específicas (da família, do conhecimento, da violência, urbana, rural, da arte, da 

ciência e da tecnologia e muitas outras). Esse fenômeno, por um lado, não destoa da aparente 

fragmentação do mundo e do relativismo a ela associado, que tomam força à medida que se 

aprofunda a revolução científico-tecnológica. Por outro, evidencia que a sociologia vem aceitando o 

desafio de analisar os diferentes aspectos de sociedades que se tornam cada vez mais complexas.

Acompanhada de perto pela filosofia social e pelos historiadores, mesmo a sociologia mais ensaística 

e menos empírica que veio a caracterizar a produção européia não escapa dessa tendência à 

especialização. Como não cabe, aqui, tratar de filósofos e outros cientistas sociais, Alain Touraine, 

Pierre Bourdieu e Anthony Giddens podem ser escolhidos como exemplares contemporâneos dessa 

sociologia européia, pela grande repercussão internacional de sua contribuição. Preocupados com a 

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produção e a reprodução do mundo social, os três autores elaboram importantes e abrangentes 

resenhas da concepção de ação social e, introduzindo hipóteses e conceitos próprios, delimitam suas 

preocupações a questões específicas. Movimentos sociais, distinção social e vias da democracia 

aparecem, respectivamente, como focos de investigação.

Touraine (Sociologie de l'Action , 1965; Production de la Société , 1973; Mouvements Sociaux 

d'Aujourd'hui , 1979) enfatiza que a estrutura social é algo sempre provisório, frágil e pouco 

integrado, resultante das relações mais ou menos conflituosas entre atores da historicidade de uma 

sociedade, atores que se formam nas classes e forças sociais delas derivadas. Dessa maneira, o 

estudo dos movimentos sociais passa a ser central na ilustração e na antecipação dessa mutante 

realidade social. Bourdieu ( Le Sens Pratique, 1980;  La Noblesse d'Etat, 1989;  La Distinction 

Sociale , 1979) volta-se para a reprodução do capital social, para o campo em que instituições, 

grupos e indivíduos tornam-se capazes de manter uma sociedade e de possibilitar caminhos para sua 

transformação. Particularmente ocupado com a sociedade francesa, Bourdieu motivou estudos em 

diversos lugares, inclusive no Brasil, especialmente sobre constituição e reprodução de elites 

variadas, tanto de trabalhadores rurais e urbanos, como de intelectuais. Giddens (Central Problems 

in Social Theory , 1981; The Constitution of Society , 1984; The Nation State and Violence , 

1985), sempre dedicando-se à teoria e método em sociologia, toma o caminho da sociologia política 

e, entre direita e esquerda, propõe a terceira via como o caminho do avanço das democracias 

contemporâneas e a Europa como o lugar privilegiado de sua realização.

a ciência e a construção da sociedade

Os achados da sociologia muitas vezes trazem implicações significativas para a organização e 

reorganização da vida social, do mesmo modo que condições sociais dadas influenciam a produção 

sociológica, como bem ilustram os trabalhos marcantes de sociólogos do século XX. Uma das 

especificidades da ciência da sociedade é que os discursos por ela produzidos procuram a verdade, 

ficando constantemente sujeitos a estipulações racionais sobre como a verdade pode ser alcançada e 

o que vem a ser essa verdade. Não há, na sociologia, uma referência óbvia e indiscutível para os 

elementos conceituais e empíricos que a compõem. Da mesma forma, não há trânsito claro entre 

diferentes níveis de generalidade. Por exemplo, medidas empíricas exatas de duas correlações 

variáveis podem ser estabelecidas, sem que, entretanto, a correlação prove ou negue proposições 

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estabelecidas para níveis mais gerais. Isso porque a existência de discordâncias empíricas e 

ideológicas permite aos sociólogos operacionalizar proposições de modos diferentes.

Para a sociologia é muito difícil descartar, definitivamente, uma hipótese: o sociólogo está 

mergulhado em seu objeto de estudos e a densidade extrema de elementos empíricos à disposição 

implica um elemento de dúvida.

Assim sendo, se alguma ciência desenvolve-se de modo linearmente cumulativo, tal não ocorre com a 

sociologia. A produção da sociologia é sujeita a alguns fatores aleatórios, oriundos de suas 

características intrínsecas de ser um conhecimento produzido pelo homem sobre uma sociedade por 

ele igualmente criada. Apesar de tudo, entretanto, existe cumulatividade no conhecimento 

sociológico e o século XX bem ilustra essa possibilidade. A ousadia e o esforço de inúmeros 

investigadores da realidade social, em diferentes lugares e momentos, com preocupações macro ou 

micro sociológicas em muito contribuíram para estabelecer padrões de comportamento e para sobre 

eles intervir.

A diversidade de perspectivas analíticas e a multiplicidade de situações descritas enriqueceram, 

sobremaneira, o conhecimento do homem sobre as sociedades em que vive e, também, sobre as 

condições e os limites de sua atuação sobre elas. Conduzir a mudança social de modo a que as 

sociedades caminhem na direção em que se deseja mostrou ser processo muito mais complexo do 

que se poderia imaginar: são múltiplos os sistemas, dimensões e variáveis envolvidos, como são 

diversas as concepções daquilo que é desejável.

Os dramáticos e exemplares experimentos de condução centralizada e planejada da sociedade que 

fornece o século XX, tanto à direita como à esquerda, com o nazi-fascismo ou com o regime 

soviético, permitiram à sociologia estruturar elementos definitivos contra a gestão autoritária no nível 

macro-social. Igualmente nos níveis micro-sociais a sociologia revelou ser o autoritarismo inibidor 

da criatividade e da inovação necessárias à sobrevivência de instituições e processos.

Ao longo do século a sociologia firma-se como ciência plural ocupando-se da diversidade de 

relações sociais no tempo e no espaço. Firma-se, igualmente, como ciência capaz de fornecer 

elementos para ação concreta e interferência em processos sociais em curso ou realização daqueles 

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almejados. Caracteriza-se como atividade grupal, de equipe. Assume, também, a limitação de suas 

possibilidades, já que não é o único conhecimento a fornecer motivos para a ação e nem ela própria 

constitui-se em conhecimento uniforme e neutro.

A sociologia do século XX e as históricas experiências nele vividas, inspiradas com mais ou menos 

clareza em achados sociológicos, obrigam a reconhecer a importância do esforço racional de um 

conhecimento sistemático das formas e conteúdos das relações sociais. Nunca pretendendo 

monopolizar conhecimentos da vida e do homem, a sociologia apenas pode fornecer forma e 

conteúdo racionais e partilháveis dos processos e das interações dos homens entre si e deles com os 

ambientes que os cercam. É com as armas da racionalidade científica que a sociologia disputa com 

outras formas de conhecimento a aplicação prática de seus resultados. E mesmo essa aplicação, 

quando ocorre, é sempre contaminada por interesses e valores extra científicos, pois o ambiente onde 

se desenvolve a sociologia, desde a concepção até a aplicação, não é esterilizado.

A sociologia está aparelhada para entrar no século XXI suficientemente forte para enfrentar as 

incertezas de uma realidade em mutação profunda e acelerada sem precisar apelar para muletas 

extra-científicas como são as crenças na vitória do bem sobre o mal ou no poder crescente e 

definitivo da racionalidade. Tais crenças são próprias de outras esferas do conhecimento e são 

pouco compatíveis com a modéstia que deve caracterizar a busca sistemática do conhecimento 

fidedigno, própria da ciência.

O século ensinou que a teoria sociológica não deve pretender ser abrangente no sentido de não 

deixar lugar para o desconhecido, para o indefinido. Isso não é desejável e nem necessário. A 

ciência apenas é possível porque se pode afirmar algo sem que se saiba tudo. A ciência é inexaurível.

C) Novos Sistemas em integração

O legado para o século XXI é positivo. A produção sociológica parece ter, competentemente, 

exorcizado a lógica binária do sim e do não, do certo e do errado. A introdução de nuances 

conceituais e de múltiplas estratégias metodológicas deverá possibilitar, nas próximas décadas, uma 

sociologia adequada ao dinamismo do mundo produzido pela revolução científico-tecnológica.

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Além disso, a regularidade nos padrões de interação social, revelada pelos inúmeros estudos de caso 

realizados em diferentes regiões do mundo, especialmente nas últimas décadas, fornece elementos 

para um salto qualitativo na explicação sociológica não monística.

Essas duas contingências, uma extra e outra intra sociológica, deverão fortalecer a tendência 

teórico-metodológica, já iniciada, da retomada da análise sistêmica. Agora, entretanto, num patamar 

de maior concretude.

Igualmente já iniciada, a maior colaboração entre diferentes disciplinas científicas deverá marcar a 

produção de ciência neste início de milênio.

Revolução científico-tecnológica, multidisciplinaridade e previsibilidade da ação social parecem 

definir o panorama da sociologia vindoura. Uma sociologia de equipe. Uma sociologia compatível 

com os desafios da sociedade do conhecimento, que já se iniciou. A sociedade de cultura múltipla e 

complexa, democraticamente tolerante, cujos problemas terão solução apenas quando apoiada no 

esforço de profissionais competentes em suas diferentes especialidades, cuja prática deriva da 

racionalidade científica.

A revolução científico-tecnológica intruduziu profundas mudanças nas bases e processos produtivos 

dominantes no mundo contemporâneo, tendo acarretado transformações radicais nas formas e nos 

conteúdos da interação social. Tais processos continuam em andamento e suas consequências, 

portanto, ainda irão aprofundar-se nas já instaladas economia e sociedade do conhecimento. A 

aproximação das distâncias, resultante da maior rapidez e melhor qualidade da comunicação, a 

transparência de conteúdos, igualmente decorrente das possibilidades criadas pelas novas tecnologias 

da informação, são exemplos desse fenômeno popularizado como globalização. Aproximam-se 

regiões e culturas, encurtam-se distâncias geográficas e sócio-culturais, aumenta o controle humano 

sobre processos físicos e vitais como fruto da utilização concreta dos conhecimentos científicos.

São amplas as possibilidades de maior interação entre formas diversas -econômicas, políticas e 

culturais-, criadas pelo avanço da ciência e da tecnologia, na constituição de um sistema global mais 

integrado. Entretanto, é ingênuo e falacioso supor que desse processo de globalização derive alguma 

homogenização do mundo. Não há porque imaginar que toda a humanidade dele participe e nem 

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que os participantes o façam de modo semelhante.

Há resitências diversas à expansão dos efeitos da revolução científico-tecnológica que se expressam 

nas múltiplas manifestações de fundamentalismos diversos, religiosos ou políticos, que grassam pelo 

mundo.

Frente ao reconhecimento da pluralidade de identidades e de poderes, tornado possível no mundo 

globalizado e multicultural típico da sociedade do conhecimento e da alta tecnologia, permanecem ou 

fortalecem-se tentativas de reconstrução de identidades purificadas ou de restauração de coesões 

fechadas. Não podem ser ignoradas ou minimizadas as manifestações de nacionalismo étnico, 

alimentado por idéias de pureza racial e de ortodoxia religiosa, que proliferaram na Europa pós União 

Soviética. Da mesma maneira, há que se reconhecer, também na Europa, mas em outras regiões do 

mundo, a utilização de argumentos fundamentalistas feita por movimentos sócio-políticos que se 

pretendem opor ao que supõem ser um processo de homogeneização mundial sob hegemonia 

americana. À incerteza gerada pelo pluralismo e pela multiplicidade, contrapõe-se a simplificação da 

avaliação e do julgamento maniqueístas.

À sociologia compete, exatamente, assumir a complexa estratégia metodológica capaz de render 

conta da diversidade de formas e de conteúdos das relações sociais e da intricada rede de conexões 

entre os mesmos. Abrindo-se à multidisciplinaridade e encarando o funcionamento de sistemas 

complexos e de suas fronteiras, a sociologia deverá ser capaz de admitir a incerteza e, por isso 

mesmo, de poder afirmar possibilidades e condições de avanço da democracia política e da justiça 

social. E isso, não se arvorando a competência moral e justificadora-diretiva de movimentos sociais, 

mas procurando ser o ingrediente racional e fidedigno a se contrapor a simplismos ético-morais ou 

políticos.

É dessa maneira que, fiel aos ensinamentos de seus fundadores e de seus clássicos, a sociologia será 

capaz de fornecer instrumentos eficazes para a solução dos problemas sociais que afligem a 

humanidade na virada do milênio, tais a violência urbana, a desigualdade social ou a destruição do 

meio ambiente. A distância entre indivíduos entre si e deles com sua realidade, inclusive a social, 

deverá ser encurtada na medida em que se reduza a anomia e que os vínculos entre sistemas 

individuais e coletivos se estabeleçam sobre bases cada vez mais racionais e partilháveis.

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Na sociedade do conhecimento que se começa a construir, a sociologia tem lugar de destaque desde 

que permaneça fiel a sua história e consciente de seus limites. Ao lado das demais disciplinas 

científicas, será capaz de fazer a sua parte. Multiplicidade e diversidade não mais deverão espantar 

esforços de integração teórico-metodológica. A retomada da proposta sistêmica em outro nível de 

concretude é uma possibilidade que permitirá assumir a incerteza e os limites da ação voluntária 

frente a pressões de diferentes sistemas sócio-culturais e, também, frente a demandas de sistemas 

ambientais, todos em ritmo acelerado de mudanças.

O êxito da revolução científico-tecnológica, ainda em andamento, faz da ciência e da tecnologia 

fatores produtivos não apenas da economia, mas também das formas de comunicação, de 

organização e de mudança social. Essa sociedade do conhecimento em que a humanidade ingressa 

deverá sofrer, ainda, mudanças profundas, segundo se pode antecipar pelas inovações em curso.

Nas próximas décadas preve-se que todas as formas de comunicação do mundo - sejam de voz, 

dados ou imagens - poderão ser transmitidas através de uma única fibra ótica, em apenas um 

segundo. Um transistor poderá ser feito de apenas um átomo. Os microprocessadores mais 

avançados não serão maiores do que uma molécula. Antes dessa miniaturização extrema, teremos 

transistores de plástico, produzindo aparelhos e computadores da espessura do tecido de nossa 

roupa. Curvaremos raios de luz dentro de pastilhas de silício. Faremos a seleção de comprimentos de 

onda por meio de cristais fotônicos. A banda larga e as transmissões em alta velocidade - inclusive 

sem fio - triunfarão sobre todas as formas de comunicação atuais. A nanotecnologia permitirá a 

produção de minúsculos robôs, com apenas alguns bilionésimos de milímetro (ou nanômetros) de 

altura. Para quê? Para combater doenças, limpar nossas artérias, despoluir o ambiente ou realizar 

tarefas ainda totalmente impossíveis. Os pesquisadores aprenderão muito com os processos físicos, 

químicos e biológicos, para aplicá-los ou imitá-los em novas formas de computação (extraído de 

Horst Störmer, cientista dos Laboratórios Bell e um dos três laureados do Prêmio Nobel de Física 

de1998, em entrevista divulgada em periódico brasileiro).

Esses são, apenas, alguns exemplos do que está para vir. Evidentemente a produção e a distribuição 

desses bens e serviços não serão igualmente feitas pela face do planeta. A natureza e a extensão da 

diferenciação que se produz entre sociedades e grupos constituem o desafio para a sociologia na 

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entrada do próximo milênio. E a sociologia, tal como se fortaleceu no século XX, está preparada 

para a tarefa.

D) Fontes primárias:

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 Latina. México: Siglo XXI, 1969.

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Schleicher Frères, 1907/1908.

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(idêntica à primeira edição de 1902).

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edição de 1909)

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primeira edição de 1918).

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Obras de referência e história da sociologia:

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GIDDENS, Anthony e Jonathan TURNER - Social Theory Today. Traduzido por Gilson César 

Cardoso de Sousa para editora UNESP, São Paulo, 1999.

TIMASHEFF, Nicholas S. - Sociological Theory: its nature and growth. traduzido por Antônio 

Bulhões para Zahar ed. , Rio,1960.

Resumo:

Apresentação do percurso da sociologia desde sua institucionalização clássica européia aos dias 

atuais, passando pela contribuição americana, inclusive da América latina. As escolhas de autores e 

escolas se fizeram no intento de mostrar cumulatividade não linear do conhecimento sociológico no 

tratamento de temas variados e na escolha de estratégias metodológicas diversas para abordá-los.

Abstract:

Sociology is presented from its classical european institutionalization to contemporary sociology, 

taking into account the American contributions, including Latin America. Selections were made from 

authors and schools in order to reveal the non linear process of accumulating knowledge in dealing 

with various themes treated with different methodologic strategies.

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