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A COLEÇÃO NUMISMÁTICA DO MUSEU HISTÓRICO NACIONAL Em Busca de condições ideais de acondicionamento GUERRA, Juarez da Fonseca 1 NERY, Eliane Rose Vaz Cabral 1 VIEIRA, Rejane Maria Lobo 1 GUERRA, Maria Filomena 2 SCORZELLI, Rosa Bernstein 3 OLIVEIRA, Cristiano Honório de 4 1 Departamento de Numismática, Museu Histórico Nacional, Praça Marechal Âncora, s/nº, Centro, Rio de Janeiro, 20.021-200 2 C2RMF Palais du Louvre, Porte des Lions, 14 Quai François Mitterrand, 75001 Paris 3 Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, Rua Xavier Sigaud 150, 22290-180 Rio de Janeiro 4 Centro de Tecnologia Mineral (CETEM), Av. Ipê, 900, Ilha da Cidade Universitária, Rio de Janeiro, 21941-590

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A COLEÇÃO NUMISMÁTICA DO MUSEU HISTÓRICO NACIONAL

Em Busca de condições ideais de acondicionamento

GUERRA, Juarez da Fonseca1

NERY, Eliane Rose Vaz Cabral1VIEIRA, Rejane Maria Lobo1

GUERRA, Maria Filomena2

SCORZELLI, Rosa Bernstein3

OLIVEIRA, Cristiano Honório de4

1 Departamento de Numismática, Museu Histórico Nacional, Praça Marechal Âncora, s/nº, Centro, Rio de Janeiro, 20.021-2002 C2RMF Palais du Louvre, Porte des Lions, 14 Quai François Mitterrand, 75001 Paris3 Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, Rua Xavier Sigaud 150, 22290-180 Rio de Janeiro 4 Centro de Tecnologia Mineral (CETEM), Av. Ipê, 900, Ilha da Cidade Universitária, Rio de Janeiro, 21941-590

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INTRODUÇÃO

● Desde a Antiguidade metais foram utilizados como meio de pagamento, padrão de equivalência e reserva de valor (inicialmente a peso, pepitaslingotes e depois MOEDAS).

● Mais empregados na fabricação de moedas: Ag, Cu e suas ligas →→ Ag e menos Cu padrões de sistemas monetáriosAu →→ cunhado como múltiplo da Ag, em moedas de gde valorZn, Fe e Al →→ cunhagens de emergênciaPb →→ India (100 a.C-200d.C), Egito (sec. III d.C)Ligas de Sn →→ Inglaterra e Gália (sec. I a.C)Pt →→ Russia e Espanha (sec. XIX) - (economica/ inadequadas)Au, Ag e Cu →→ permaneceram como os mais utilizadosNi, Cu-Ni, bronze-Al e aço inoxidável →→ frequência c/ vez maior (moedas de pequeno valor)

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COLEÇÕES DE MOEDAS Higienização e Conservação

● Importância como fontes primárias ricas em informações sobre a história, técnicas, economia, metrologia, arte e cultura das sociedades que as produziram e utilizaram.

● Problemas específicos: preservação pelo maior tempo e nasmelhores condições e cuidados exigidos pelo manuseio, guarda e apresentação ao público.

● Conservação preventiva: condições de acondicionamento, guardae exposição que minimizem o desgaste e efeitos de oxidação e/oucorrosão, reduzindo necessidade de higienizações frequentes.

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A COLEÇÃO NUMISMÁTICA DO MUSEU HISTÓRICO NACIONAL

Características e procedimentos adotados quanto à conservação

● Considerada a mais importante do gênero na América Latina – importantesconjuntos de moedas gregas e romanas da Antiguidade.

● Armazenamento em medalheiros e cofres1- Medalheiros de aço revestidos de tinta esmaltada, fabricados na Inglaterra –condições excelentes, apesar da proximidade do mar, poluição do entorno, climatização não contínua e não separação do acervo por metais.2- Medalheiros de aço fabricados no Brasil – maior controle e higienizações mais frequentes.

● Apesar dos cuidados básicos, sinais de corrosão foram detetados em certasmoedas gregas cunhadas em colônias do sul da Itália.

● Foram analisadas moedas do mesmo período e da mesma região das peçasafetadas, buscando compreender a origem do processo de corrosão.

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ANÁLISE DE MOEDAS COM CORROSÃO DA COLEÇÃO DO MHN

Quatro moedas ditas de cobre e de prataQuatro moedas ditas de cobre e de prata1) Dióbolo de prata de Tarento, Calábria, datado do século IV a.C. 2) Moeda de bronze de Tarento, Calábria, datada de 350-228 a.C.3) Estáter de prata de Metaponto, Lucânia, datada de 510-480 a. C.4) Didracma de prata de Tarento, Calábria, datada de 281-272 a.C.

Análises:Análises:microscópio ótico (MO) - aumento de até 220 vezes microscópio eletrônico de varredura (MEV) - fluorescência de raios Xespectroscopia Mössbauer (Moeda 3)

compreender, entre outros, o fenômeno de corrosão das moedas da Magna Grécia expostas na vitrine do MHN.

Objetivo:Objetivo:

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ANÁLISE DE MOEDAS COM CORROSÃO DA COLEÇÃO DO MHNResultados preliminares

MOEDA 1MOEDA 1 - Dióbolo de prata de Tarento, Calábria, datado do séc. IV a.C.Microscópio ótico (aumentada 9 vezes)

Microscópio eletrônico de varredura● Região da cratera de corrosão – óxido de Fe e Cl – núcleo da moeda

Oxigenio e Cloro – corrosões mais recentes do Fe● Zona corrosão camadas internas – mesmos elementos, proporções diferentes● Camada exterior (dita de Ag) – Ag quase pura, O2 e Fe (pequenas contribuições),

S (corrosão da Ag)● Conclusão: Moeda constituída de núcleo de Fe coberto c/ camada de Ag. Típicamente

moeda falsa de época, fabricada pela técnica de moeda forrada, mas na qual o núcleo de Fe, é pouco habitual.

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ANÁLISE DE MOEDAS COM CORROSÃO DA COLEÇÃO DO MHNResultados preliminares

MOEDA 2MOEDA 2 - Moeda de bronze de Tarento, Calábria, datada de 350-228 a.C. MEV

espectro de raios X da região 1zona de interface entre a região de corrosãoe a região de prata (aumento de 500x)

● Zona 1- composição de um bronze (liga Cu+Sn)- Si, O2, Cl e C – provenientes da corrosão da superfície e produtos de limpeza

● Zona 2 – equivalente à zona 1, c/ menos estanhopequena quantidade de Pb

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MOEDA 2 MOEDA 2 -- MEVMEV

● Zona 3- Pb – presença de “grãos” correspondendo à presença do Pb que produz no bronze a formação de uma fase não miscível nesta liga.

● Zona 4- zona cinzenta perto da inclusão de Pb – composição de um bronze c/ Pb

Conclusão: moeda de composição “clássica”, adição de Pb ao bronze permitia não só baixar o ponto de fusão da liga (economia de fusão) mas tbacrescentar um metal branco de valor bem inferior ao Sn, por vezes raro.

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ANÁLISE DE MOEDAS COM CORROSÃO DA COLEÇÃO DO MHNResultados preliminares

MOEDA 3MOEDA 3 - Estáter de prata de Metaponto, Lucânia, datada de 510-480 a.C.

MO (aumentada 9 vezes)

● Fragmentos de corrosão analisados por Espectroscopia Mössbauer → óxidos de ferroResultado surpreendente – pelos registros esta moeda não deveria ter Fe.

● MO e MEV – resultados semelhantes à moeda 1 – confirmação do MössbauerCorrosão devida à oxidação das camadas internas da moeda (núcleo) que atinge a

superfície de Ag.● MO no bordo – núcleo avermelhado e a camada de Ag que forma a superfície.

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ANÁLISE DE MOEDAS COM CORROSÃO DA COLEÇÃO DO MHNResultados preliminares

MOEDA 3MOEDA 3 - MEV

espectro de raios X da região 1zona de interface entre a região de corrosãoe a região de prata (aumento de 50x)

● Região 1 – Ag (quase pura), O2 e Fe devidas à corrosão mto próxima

● Região 3 – camada superficial de Ag, pequenas quantidades de Fe do núcleo e gdes quantidades de Cl (devidas à corrosão da Ag)

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● Região 2- zona de corrosão- Ag e mto FeSugere núcleo de Fe c/ aplicação folha de Ag● Região 4- onde a camada superficial de Ag “rasgou” devido à corrosão

Conclusão: moeda constituída por núcleo de Fe forrado c/ camada de Ag. Tipica/ moeda falsa, de época (técnica meda forrada)-núcleo de Fe pouco habitual.

ANÁLISE DE MOEDAS COM CORROSÃO DA COLEÇÃO DO MHNResultados preliminares

MOEDA 3MOEDA 3 - MEV

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ANÁLISE DE MOEDAS COM CORROSÃO DA COLEÇÃO DO MHNResultados preliminares

MOEDA 4MOEDA 4 - Didracma de prata de Tarento, Calábria, datada de 281-272 a.C.

MO (aumentada 9 vezes)

● Diferentes zonas foram analisadas com aumentos de 25x e 55x

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MOEDA 4MOEDA 4 - Didracma de prata de Tarento, Calábria, datada de 281-272 a.C.

55x25x

25x

9x

Microscópio ótico

55x

● Esta moeda parece fabricadacomo as moedas 1 e 3, núcleo de Fe recoberto de Ag.Hipótese confirmada pelas imagens de MO no bordo –aparece uma “casca” de Ag que onde desaparece faz surgir uma zona avermelhada.

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MOEDA 4MOEDA 4 - Didracma de prata de Tarento, Calábria, datada de 281-272 a.C.

9x

Microscópio óticoMicroscópio eletrônico de varredura

Conclusão: Moeda 4 constituída por núcleo de Cu forrado c/ Ag,

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CONCLUSÃO FINAL●● AnAnáálise de 4 moedas ditas de Cu e Ag da colelise de 4 moedas ditas de Cu e Ag da coleçãção do MHN mostra a heterogeneidade o do MHN mostra a heterogeneidade

das tdas téécnicas de fabrico utilizadas na Antiguidade para produzir discoscnicas de fabrico utilizadas na Antiguidade para produzir discos metmetáálicos.licos.

●● Todas as moedas de Ag sTodas as moedas de Ag sãão forradas, apresentando no forradas, apresentando núúcleos de metais de qualidade cleos de metais de qualidade inferior ao esperado, isto inferior ao esperado, isto éé, em Fe e em Cu., em Fe e em Cu.

●● SSãão assim as moedas de Ag da coleo assim as moedas de Ag da coleçãção do MHN que apresentam estado de corroso do MHN que apresentam estado de corrosãão o mais avanmais avanççado, que se agrava no caso dos nado, que se agrava no caso dos núúcleos de Fe.cleos de Fe.

●● CorrosCorrosãão devida o devida àà atmosfera atmosfera áácida produzida pela poluicida produzida pela poluiçãção da cidade e o da cidade e àà presenpresençça a dos pinos de suporte de ados pinos de suporte de açço anodizado a 99% das vitrines de exposio anodizado a 99% das vitrines de exposiçãçãoo

●● Quanto Quanto àà moeda dita de Cu, ela moeda dita de Cu, ela éé fabricada a partir de um disco monetfabricada a partir de um disco monetáário em bronze rio em bronze que apresenta um estado de corrosque apresenta um estado de corrosãão pro próóximo do esperado para este tipo de liga. ximo do esperado para este tipo de liga.