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As terras americanas apresentaram poucos atrativos ao governo português de imediato. Não havia sinais da existência de ouro e prata e muito menos a possibilidade de estabelecer qualquer forma de comércio, inexistente entre a população nativa, ou seja, aos olhos da Coroa portuguesa, nenhuma vantagem econômica poderia ser tirada daquelas paragens. Desde a viagem de Vasco da Gama ás Índias, em 1498, boa parte das atenções de Lisboa estava voltada para o rendoso comércio de especiarias do Oriente.
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A COLONIZAÇÃO DA AMÉRICA América Portuguesa
As terras americanas apresentaram poucos atrativos ao governo
português de imediato. Não havia sinais da existência de ouro e prata e muito
menos a possibilidade de estabelecer qualquer forma de comércio, inexistente
entre a população nativa, ou seja, aos olhos da Coroa portuguesa, nenhuma
vantagem econômica poderia ser tirada daquelas paragens. Desde a viagem
de Vasco da Gama ás Índias, em 1498, boa parte das atenções de Lisboa
estava voltada para o rendoso comércio de especiarias do Oriente.
Era lá que se encontrava a maior fonte de luro da Coroa. No entanto,
nas novas terras havia abundância de uma árvore de cuja madeira se podia
extrair uma tinta utilizada para dar coloração carmim aos sofisticados tecidos
usados pela nobreza. O pau-brasil logo passaria a ser muito valorizado no
mercado europeu, atraindo a atenção de comerciantes portugueses, traficantes
e negociantes de outras potências europeias. Só quando se sentiu ameaçada
de perder as terras conquistadas para uma das potências interessadas na
riqueza recém-descoberta, o rei de Portugal decidiu-se finalmente pela
ocupação e colonização do território descoberto, peso ainda, nessa decisão o
fato de que por volta de 1530, a rota comercial com o Oriente (explorada por
vários países) já não gerava a mesma rentabilidade do passado.
1. PERÍODO PRÉ-COLONIAL:
No período de 1500 a 1530, o governo português não esboçou nenhum
plano de ocupação das terras das americanas. Limitava-se a enviar
esporadicamente algumas expedições ao litoral, ou para retirar dele o precioso
pau-brasil, que apesar de ser encontrado também na Oriente era um produto
de grande importância comercial, usado na produção têxtil.
Existia em grande quantidade na mata atlântica, que à época recobria
quase todo o litoral brasileiro. A coroa detinha o monopólio da extração do pau-
brasil, mas podia contratar terceiros para esse empreendimento. Assim, em
1502, Portugal fechou um acordo para a exploração da madeira com um
grupo de comerciantes liderado por Fernão de Noronha, - contrato foi
renovado. Sem uma ocupação mais efetiva, as novas terras ficaram à mercê
da ação de traficantes e negociantes de outros países, principalmente
franceses. Para combater “os intrusos” entre 1516 e 1526, Portugal enviou
algumas expedições denominadas Guarda-costas.
No comércio do pau-brasil, tanto franceses quanto portugueses
contaram com a “ajuda” de alguns povos nativos. Os indígenas cortavam a
madeira no interior do território e transportavam as toras até o litoral. Lá
chegando, elas eram recolhidas nas feitorias, de onde seguiam para os navios.
Os europeus “recompensavam trabalho dos nativos” oferecendo objetos
de pouco valor econômico, mas muito apreciados por eles, como contas de
vidro, espelho e facas. A essa troca deu-se o nome de escambo.
2. COLONIZAÇÃO E TRABALHO FORÇADO:
Em 1539, Portugal finalmente decidiu implementar colonização das
terras que lhe cabiam na América. A decisão foi tomada por três razões: por
um lado, o governo português estava preocupado como o risco de perder o
novo território para os franceses, caso não promovesse sua ocupação.
Estes ignoravam os termos do tratado de Tordesilhas e ameaçavam
tomar as terras que não estivessem efetivamente ocupadas por portugueses ou
espanhóis. Por outro lado, o comércio de especiaria como o Oriente estava
cada vez mais complicado. As despesas de viagem eram enormes e Portugal
enfrentava uma baixa nos preços dos produtos provocada pela concorrência
com outros países. Para completar, sua grande rival, a Espanha, obtinha êxito
com a ocupação dos territórios americanos onde explorava ouro e prata.
O marco da ocupação portuguesa na América foi à expedição
comandada por Martim Afonso de Sousa, enviado em 1530, pelo rei dom
João III. Martim Afonso percorreu grande parte do litoral do Brasil atual e
promoveu algumas incursões pelo interior, na esperança de encontrar ouro e
prata. Não foi bem-sucedido nessa empreitada, mas conseguiu destruir uma
feitoria francesa no atual Estado de Pernambuco e, bem mais ao sul, fundou
em 1532 a Vila de São Vicente, no litoral do atual Estado de São Paulo.
Nesse primeiro núcleo de povoamento, Martim Afonso distribuiu terras,
introduzindo mudas de cana-de açúcar e animais das ilhas do Atlântico –
Madeira, Açores e Cabo Verde – e construiu engenhos. Em seu trabalho foi
auxiliado por João Ramalho, um náufrago português que vivia entre os
indígenas. É importante lembrar que a relação entre europeus e nativos,
relativamente amistosa até esse momento, iria passar por grandes mudanças.
Afinal, os portugueses estavam invadindo terras indígenas e logo iriam impor o
trabalho compulsório e metódico entre os nativos. Os indígenas viviam livres e
não estavam habituados ao trabalho forçado, por isso resistiram à imposição. A
maioria deles reagiu com violência contra as invasões, dando início a longos
conflitos.
3. AS CAPITANIAS HEREDITÁRIAS:
O êxito da expedição de Martim Afonso estimulou a Coroa portuguesa a
promover a ocupação sistemática do território que lhe cabia na América, nos
termos do Tratado de Tordesilhas. Para isso, o governo adotou o sistema de
capitanias hereditárias. O sistema já havia sido implantado com sucesso na
colonização das ilhas do atlântico. Na América portuguesa, primeiro as terras
foram divididas sem lotes gigantescos e depois concedidas a altos
funcionários da Corte, chefe militares e membros da baixa nobreza
interessados em administra-las. Esses administradores foram denominados
capitães donatários. Ao todo, eram quinze capitanias hereditárias, concedidas
a doze donatários. Martim Afonso recebeu duas capitanias e seu irmão, Pero
Lopes de Sousa foi agraciado com três.
Dois documentos regulamentavam o sistema das capitanias: A Carta de
Doação, pela qual o governo oficializava a concessão e atribuía poderes ao
donatário; e o Foral, que fixava os “direitos, foros, tributos e coisas” que
deveriam ser pagos ao rei e ao capitão donatário.
O donatário tinha o direito de posse e de usufruto da capitania, em
caráter vitalício e hereditário, mas não era proprietário da terra. Cabia a ele
ocupar, defender e administrar a capitania com os próprios recursos. Tinha
ainda o poder de cobrar impostos, mas o controle da parte da arrecadação
destinada à metrópole era feita por funcionários nomeados pelo governo de
Portugal.
Os poderes do donatário eram amplos. Em seus domínios, ele estava
autorizado a fundar vilas, exercer a justiça, criar cargos nomear funcionários e
empregar a mão de obra nativa. Podia ainda conceder, dentro dos limites da
capitania, lotes de terra a pessoas de todas as condições (incluindo os
estrangeiros), exceto a ele mesmo, a sua esposa e a seus herdeiros.
Esses lotes eram conhecidos com sesmarias, e quem as recebia, o
sesmeiro, devia ser católico e assumir a obrigação (pouca vezes cumpridas) de
iniciar o cultivo da terra num prazo de cinco anos.
A concessão da sesmaria tinha por base a lei das Sesmarias, de 1375.
Tratava-se de uma pratica antiga em Portugal, empregada pelos reis na
ocupação de terras pouco habitadas para aumentar a oferta de alimentos. Nas
capitanias brasileiras, as sesmarias consistiam em grandes propriedades, que
deram origem aos latifúndios que até hoje caracterizam o regime de
propriedade da terra no Brasil.
Três características principais norteavam o sistema de capitanias
hereditárias: a descentralização administrativa, a participação decisiva da
iniciativa privada no esforço da colonização e transferência á particulares de
poderes que, em Portugal, eram exclusivos do rei.
Uma experiência fracassada.
A experiência com implantação das capitanias, no entanto, não surtiu os
efeitos esperados. Apenas duas delas (Pernambuco e São Vicente) foram
bem-sucedidas, principalmente pelos resultados positivos alcançados com a
produção de açúcar, sobretudo em Pernambuco, e pelos acertos de seus
administradores. As demais capitanias tiveram diferentes destinos.
Santo Amaro, Itamaracá, Espirito Santo, Porto Seguro e Ilhéus
conseguiram, por algum tempo, sobreviver com muitas dificuldades. Outras,
como São Tomé, Maranhão, Rio Grande e Bahia fracassaram. Ceará e
Santana permaneceram abandonados. Entre as causas do fracasso do sistema
de capitanias podem ser apontadas as seguintes:
A escassez de capital necessário, para instalação de uma atividade econômica rentável, como a açucareira, que exigia altos investimentos;
A incapacidade de alguns donatários de atrair colonos, ou porque Portugal era um país pouco povoado ou porque não havia estímulo suficiente que motivasse a mudança das pessoas para terras tão distantes;
Em alguns casos, a hostilidade de grupos indígenas, que inicialmente colaboravam com os europeus na fase da extração do pau-brasil, mas que resistiam à ideia de se submeter ao trabalho compulsório e sistemático.
De toda forma, o sistema de capitania hereditária acabou se estendendo
até meados do século XVIII. Durante esse período, as capitanias foram sendo
readquiridas, por meio da compra, pela Coroa portuguesa. Perderam o caráter
privado, mas se mantiveram como unidades administrativas. Em 1754, porém,
todas já haviam sido incorporadas definitivamente pelo poder público.
4. O GOVERNO GERAL:
Como as capitanias não haviam cumprido o papel que a coroa
portuguesa desejava, voltava-se ao problema inicial: a necessidade de ocupar
e defender a terra e fazê-la dar lucro. Como esse objetivo, a Coroa criou, em
1548, o cargo de Governador-Geral. Eram uma espécie de representante do
rei na colônia, colocando acima dos donatários, e sua ação estava
regulamentada por um regimento.
A sede do governo-geral foi estabelecida em 1549 na capitania da
Bahia, comprada aos donatários. O governo-geral era auxiliado por um
provedor-mor, responsável pelas finanças e pelas cobranças de impostos; por
um capitão-mor, encarregado da defesa do território contra tentativas de
invasão; e por um ouvidor-mor, cuja atribuição consistia em aplicar a justiça.
Com a instituição do Governo-Geral, a administração colonial acabou
quase ficando centralizada, em prejuízo do poder quase sem limite dos
donatários de terras na América Portuguesa.
Os primeiros governadores- gerias.
Os três primeiros governadores-gerais foram Tomé e Sousa, Duarte da
Costa e Mem de Sá. A administração de Tomé de Sousa teve início em 1549 e
deu significativo impulso à ação colonizadora.
O governo-geral desembarcou em território brasileiro acompanhado de
mais de mil pessoas, entre funcionários civis e militares, missionários e
colonos. Tomé de Sousa distribuiu terras e implementou a pecuária e a
lavoura açucareira na região da Bahia. Mandou virem africanos escravizados,
que começaram a chegar por aqui já no segundo ano do seu governo. Para a
capital da colônia, ergueu Salvador, que recebeu foros de cidade. Visito outras
capitanias, mas não conseguiu entrar em Pernambuco, porque o donatário,
Duarte Coelho, não aceitou s presença de outra autoridade em seus domínios.
Esse fato mostra quanto os capitães donatários ainda disponham de
parte de poder nesse período.
Com Tomé de Souza vieram os primeiros jesuítas que chefiados por
Manuel da Nobrega, iriam se dedicar à catequese dos indígenas e ao ensino
na colônia. Em 1553, instituiu-se o primeiro bispado em terras brasileiras, e
dom Pero Fernandes Sardinha foi nomeado bispo. Era um passo importante
para consolidar e unir os poderes político e religioso na estrutura administrativa
da colônia portuguesa.
O segundo governador.
O segundo governador Duarte Costa, assumiu a administração em 1553.
Seu governo foi prejudicado pelos conflitos que colocaram jesuítas, bispos,
colonos e o próprio governador uns contra os outros. Os jesuítas, querendo
impedir a escravidão dos indígenas, entraram em choque como os colonos. Por
sua vez, dom Pero Sardinha criticava a tolerância dos jesuítas em relação aos
costumes indígenas (a nudez, a poligamia) e também censurava os hábitos
desregrados dos colonos. A censura do bispo atingiu o filho do próprio
governador, dando início a uma crise que teve repercussão até em Portugal.
Chamado a Lisboa, o religioso seguiu num barco que acabou naufragando; ele
se salvou, mas foi capturado e devorado pelos caetés.
No quadro de dificuldades surgidas no governo de Duarte da Costa,
sobreveio a invasão do Rio de janeiro pelos franceses, que aí se
estabeleceu em 1555, fundando um núcleo de povoamento, ao qual deram o
nome de França Antártica. O sucessor de Duarte da Costa, Mem de Sá ficou
no cargo de 1558 a 1572. Mem de Sá impulsionou a colonização,
restabelecendo e consolidando a autoridade real na colônia. Em 1567, o
governador-geral conseguiu expulsar os franceses da região da baía de
Guanabara, onde seu sobrinho Estácio de Sá havia fundado o povoado de São
Sebastião do Rio de Janeiro, no começo de 1565.
Vilas e cidades.
Desde que Martim Afonso de Sousa fundou São Vicente, em 1554,
outras vilas se constituíram na colônia. As primeiras surgiram no Litoral. São
Paulo, por exemplo, fundada em 1554, foi durante muito tempo a única vila no
interior. Fundar uma vila significa erguer um pelourinho (uma coluna de
madeira ou de pedra), local onde se aplicava penas físicas principalmente aos
escravizados e símbolo da autoridade real, construir uma cadeia; instalar órgão
de cobrança de impostos, promover o povoamento, nomear funcionários, e,
sobretudo, criar uma Câmera Municipal.
A câmara constituía o órgão de administração local. Compunha-se de
seis membros: três vereadores, dois juízes ordinário e um procurador.
Inicialmente, todos eram escolhidos por meio de votação entre os grandes
proprietários locais, os chamados homens bons. Na prática, a câmera se
transformou num instrumento de poder dos homens ricos do lugar que,
por muito tempo, desafiaram a autoridade dos funcionários nomeados
pela coroa. A situação começou a mudar na segunda metade do século XVII,
quando a Coroa passou a ampliar seu controle, intensificando a exploração da
colônia.
PARA SISTEMATIZA OS ESTUDOS1
1. No chamado período pré-colonial da historia brasileira, a extração do
pau-brasil era feita com a colaboração dos indígenas. Que participação
eles tinham nessa tarefa e como eram remunerados?
2. Por volta de 1530, o rei de Portugal, dom João III, e seus conselheiros
concluíram que era preciso iniciar a ocupação efetiva das terras do Brasil.
Explique por que o governo português tomou essa decisão.
3. Enumere os direitos e os deveres dos capitães donatários.
4. A pesar de diversas regalias oferecidas aos donatários, apenas as
capitanias de Pernambuco e São Vicente prosperam. Indique as causas
do fracasso do sistema de capitanias hereditárias no Brasil.
5. Vimos que o sistema de capitania hereditária acabou fracassando,
embora tenha se mantido até 1745. A partir de 1548, porem, a colonização
portuguesa adquiriu um novo rumo com a criação do cargo de
governador geral. Em que constituiu essa mudança?
6. Com base no texto estudado, explique se foi possível à instituição do
governo-geral alcançar seus objetivos?
1 Material elaborado pelo prof. Elicio Lima para sistematizar situações de aprendizagem na sala de aula,
a intertextualidade desse trabalho são entre as obras: História: Volume único: Divalte Garcia Figueiredo. 1. ed. São Paulo: Ática, 2005. História global volume único: Gilberto Cotrim. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 1995. (Feitas algumas adaptações e grifos para facilidade o processo didático ensino aprendizagem - 2015). Sequencia didática - Segundo ano do ensino médio.
A COLONIZAÇÃO DA AMÉRICA América Portuguesa
Situação de aprendizagem 6 – História - Prof. Elicio Lima
Nº Série Data
NOME: