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COORDENAÇÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM POLÍTICAS E GESTÃO EM SEGURANÇA PÚBLICA THAYRONILSON EMERY DOS SANTOS A CONCESSÃO DE DISPENSAS MÉDICAS NA POLÍCIA MILITAR DE ALAGOAS: CONSIDERAÇÕES E PROPOSTA DE ORDENAMENTO. Maceió-AL 2009

A concessão de dispensas médicas na PMAL. considerações e proposta de ordenamento.Thayronilson Emery

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COORDENAÇÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISACURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM POLÍTICAS E GESTÃO EM SEGURANÇA PÚBLICA

THAYRONILSON EMERY DOS SANTOS

A CONCESSÃO DE DISPENSAS MÉDICAS NA POLÍCIA MILITAR DE ALAGOAS: CONSIDERAÇÕES E PROPOSTA DE ORDENAMENTO.

Maceió-AL

2009

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THAYRONILSON EMERY DOS SANTOS

A CONCESSÃO DE DISPENSAS MÉDICAS NA POLÍCIA MILITAR DE ALAGOAS:

CONSIDERAÇÕES E PROPOSTA DE ORDENAMENTO

Monografia apresentada como exigência para a conclusão do curso e obtenção do título de Especialista em Políticas e Gestão em Segurança Pública, promovido através de convênio entre a Secretaria Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça e a Faculdade de Alagoas – FAL, sob a orientação do Coronel PM Adilson Bispo dos Santos.

Maceió

2009

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TERMO DE NOMEAÇÃO

A CONCESSÃO DE DISPENSAS MÉDICAS NA POLÍCIA MILITAR DE ALAGOAS: CONSIDERAÇÕES E PROPOSTA DE ORDENAMENTO

__________________________________________

Cel PM Adilson Bispo dos santos

Orientador

Por ter atendido aos critérios relacionados no Regulamento de monografia do Curso de

Pós Graduação em Políticas e Gestão em Segurança Pública, o presente Trabalho de Conclusão de

Curso – TC, requisito para obtenção do titulo de Especialista, recomendado e aprovado pela banca

examinadora abaixo assinada.

________________________________________________

Primeiro examinador

_________________________________________________

Segundo examinador

Data da aprovação: ______ /______ /______

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3

DEDICATÓRIA

À Deus, por sua graça e misericórdia imerecíveis, fonte

inesgotável de força e bálsamo nos momentos em que mais

precisamos.

Aos que fazem a briosa Polícia Militar de Alagoas, como

forma de contribuição para a melhoria e valorização do trabalho

policial militar.

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AGRADECIMENTOS

Ao meu querido irmão Major PM Thúlio pelo apoio e a

contribuição das informações do Batalhão de Polícia de Rádio

Patrulha (BPRP), o qual comandava, essenciais para a realização do

trabalho;

Ao Professor Eraldo Souza Ferraz, pelo auxílio e orientação

técnica na formatação e revisão do trabalho;

Ao Coronel PM Adilson Bispo dos Santos, ícone dos Direitos

Humanos na Polícia Militar de Alagoas, pela confiança e disposição

no presente trabalho.

Aos meus pais Major PM Gracino e Marlucy, por mais uma

conquista no caminhar da minha vida profissional, retribuição pelos

esforços na construção do meu caráter;

À minha querida esposa Janayna Medeiros, pelo amor,

carinho e conforto em todas as horas nesta caminhada;

Aos meus filhos Paulo Eduardo e Pedro Henrique, por serem

os motivos e inspiração do meu crescimento pessoal.

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RESUMO

O elevado número de afastamento de policiais militares do trabalho por motivo de saúde é um dos problemas pelos quais os Oficiais da Polícia Militar enfrentam no dia-a-dia do serviço. Assim, este trabalho monográfico visa à compreensão dos procedimentos adotados na Polícia Militar de Alagoas relacionados às dispensas médicas de policiais militares, abrangendo as concessões e as homologações de atestados médicos, no trabalho de controle de pessoal. Para a melhor compreensão, foi realizada uma pesquisa bibliográfica e documental no sentido de coletar dados necessários a responder aos questionamentos levantados. Através do relato histórico da Corporação e da estrutura organizacional, buscou-se situar o tema e os órgãos que estão diretamente ligados ao problema. Procurou-se a conceituação dos termos dispensa médica e atestado médico, a análise da legislação correspondente, as considerações dos gestores de saúde e de pessoal, a identificação das conseqüências à atividade fim das unidades, a partir da análise dos reflexos no Batalhão de Polícia de Rádio Patrulha - BPRp, e apresentando, ao final, propostas de discussão do problema.

Palavras-chave:

Dispensa médica – atestado médico – controle de pessoal.

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ABSTRACT

The removal of large numbers of military police work because of health is one of the problems for which the military police officers face on a day-to-day service. Thus, this monographic work aims to understand the procedures adopted in the Military Police of Alagoas related to medical exemptions from military police, including concessions and approvals of medical certificates, work control plan. For better understanding, we performed a literature search and document in order to collect data necessary to respond to questions raised. Through the Corporation's reporting history and organizational structure, we tried to locate the subject and the organs that are directly related to the problem. It was the concept of dispensing medical terms and medical certificate, the analysis of relevant legislation, the considerations of health managers and staff, identification of the consequences to the activity order of the units from the analysis of reflections of the Police Battalion Radio Patrol - BPRp, and presenting the end, proposals for discussion of the problem.

Key words:

Medical waiver - medical certificate - control of personnel.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Quadro de Organização Geral da PMAL .............................................................. 24

Figura 2 – Organograma da Diretoria de Pessoal ................................................................... 26

Figura 3 – Organograma da Diretoria de Saúde ..................................................................... 27

Figura 4 – Organograma da Divisão de Juntas Médicas (DJM) ............................................. 28

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Efetivo de policiais militares previsto, existente e claro – Alagoas – 2008 ....... 21

Tabela 2 – Grau de conhecimento dos entrevistados acerca dos procedimentos legais relativos à concessão de dispensas médicas – Alagoas – 2008 ............................................................. 46

Tabela 3 – Grau de conhecimento dos entrevistados acerca da existência de norma escrita que regulamenta a concessão de dispensas médicas na Polícia Militar – Alagoas – 2008 ............ 47

Tabela 4 – Periodicidade do número de dispensas médicas concedidas nas OPMs sob o comando dos entrevistados – Alagoas – 2008 ........................................................................ 48

Tabela 5 – Grau de concordância dos entrevistados quanto aos prejuízos à atividade-fim causados pelos procedimentos adotados na concessão de dispensas médicas – Alagoas – 2008 ....................................................................................................................... 49

Tabela 6 – Grau de avaliação quanto ao conteúdo do formulário de dispensa médica concedida aos policiais militares – Alagoas – 2008 ............................................................... 50

Tabela 7 – Existência de conflitos entre os gestores de pessoal (Comandante/Chefe) e os médicos militares quanto aos procedimentos adotados nas concessões de dispensas médicas – Alagoas/2008 ....................................................................................................................... 51

Tabela 8 – Freqüência de observação de concessão de dispensas médicas que não condizem com a realidade – Alagoas/2008 ............................................................................................. 52

Tabela 9 – Alternativa que melhor representa a situação que em geral, você adota quando lhe são apresentadas dispensas médicas de policiais militares sob seu comando – Alagoas/2008 ....................................................................................................................... 53

Tabela 10 – Opinião dos entrevistados quanto à hipótese do Gestor de Pessoal ter autoridade para restringir ou modificar o conteúdo descrito nas dispensas médicas – Alagoas/2008 ..... 54

Tabela 11 – Opinião dos entrevistados quanto à importância da realização de novos estudos que proponham mudanças nos procedimentos relativos às concessões de dispensas médicas – Alagoas/2008 ....................................................................................................................... 55

Tabela 12 – Quadro demonstrativo do número de dispensas medicas, por modalidade, realizadas no CMH/PMAL, no período de Janeiro à Novembro de 2008 ............................ 56

Tabela 13 – Número de afastamentos de policiais militares do BPRp/PMAL, em virtude de dispensa médica, por modalidade, em relação ás graduações, no período de Janeiro a Outubro de 2008 .................................................................................................................................... 58

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Efetivo de policiais militares previsto, existente e claro – Alagoas – 2008 ..... 21

Gráfico 2 – Grau de conhecimento dos entrevistados acerca dos procedimentos legais relativos à concessão de dispensas médicas – Alagoas – 2008 ............................................... 46

Gráfico 3 – Grau de conhecimento dos entrevistados acerca da existência de norma escrita que regulamenta a concessão de dispensas médicas na Polícia Militar – Alagoas – 2008 ..... 47

Gráfico 4 – Periodicidade do número de dispensas médicas concedidas nas OPMs sob o comando dos entrevistados – Alagoas – 2008 ........................................................................ 48

Gráfico 5 – Grau de concordância dos entrevistados quanto aos prejuízos à atividade-fim causados pelos procedimentos adotados na concessão de dispensas médicas – Alagoas – 2008 .................................................................................................................................................. 49

Gráfico 6 – Grau de avaliação quanto ao conteúdo do formulário de dispensa médica concedida aos policiais militares – Alagoas – 2008 ............................................................... 50

Gráfico 7 – Existência de conflitos entre os gestores de pessoal (Comandante/Chefe) e os médicos militares quanto aos procedimentos adotados nas concessões de dispensas médicas – Alagoas/2008 ....................................................................................................................... 51

Gráfico 8 – Freqüência de observação de concessão de dispensas médicas que não condizem com a realidade – Alagoas/2008 ............................................................................................. 52

Gráfico 9 – Alternativa que melhor representa a situação que em geral, você adota quando lhe são apresentadas dispensas médicas de policiais militares sob seu comando – Alagoas/2008 .......................................................................................................................... 53

Gráfico 10 – Opinião dos entrevistados quanto à hipótese do Gestor de Pessoal ter autoridade para restringir ou modificar o conteúdo descrito nas dispensas médicas – Alagoas/2008...... 54

Gráfico 11 – Opinião dos entrevistados quanto à importância da realização de novos estudos que proponham mudanças nos procedimentos relativos às concessões de dispensas médicas – Alagoas/2008 .......................................................................................................................... 55

Gráfico 12 – Quadro demonstrativo do número de dispensas medicas, por modalidade, realizadas no CMH/PMAL, no período de Janeiro à Novembro de 2008 ............................ 56

Gráfico 13 – Diagnóstico do afastamento de policiais militares do BPRp/PMAL, em virtude de dispensa médica, no período de Janeiro à Outubro de 2008 .............................................. 57

Gráfico 14 – Situação do efetivo do BPRp por mês - Alagoas/2008 ...................................... 58

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .....................................................................................................................

1 A INSTITUIÇÃO PESQUISADA: A POLÍCIA MILITAR DE ALAGOAS .............1.1 GENERALIDADES ........................................................................................................1.2 AS ORIGENS HISTÓRICAS ........................................................................................1.3 AS MISSÕES GERAIS ..................................................................................................1.4 A ESTRUTURA ORGANIZACIONAL .......................................................................1.5 O CONTROLE DE PESSOAL ......................................................................................1.6 O CONTROLE DE SAÚDE ..........................................................................................

2 AS DISPENSAS MÉDICAS ..............................................................................................2.1 GENERALIDADES E CONCEITUAÇÃO ..................................................................2.2 A LEGISLAÇÃO APLICADA ......................................................................................2.3 REQUISITOS E FORMALIDADES PARA A CONCESSÃO DE ATESTADO MÉDICO ................................................................................................................................2.4 ASPECTOS ÉTICOS, PENAIS E OUTRAS SITUAÇÕES DIVERSAS ..................2.4.1 Segredo médico .............................................................................................................2.4.2 Notificação compulsória ..............................................................................................2.4.3 Atestado médico falso ..................................................................................................2.4.4 Validade de atestado psicológico ................................................................................2.4.5 Atestado médico de comparecimento .........................................................................2.4.6 Atestado médico para acompanhantes .......................................................................

3 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS COLETADOS ..................................3.1 AS CONSIDERAÇÕES DOS GESTORES DE SAÚDE .............................................3.2 AS CONSIDERAÇÕES DOS GESTORES DE PESSOAL ........................................3.2.1 Generalidades ...............................................................................................................3.2.2 Resultados da coleta de dados obtida através do questionário aplicado ................

4 OS REFLEXOS DAS CONCESSÕES DE DISPENSAS MÉDICAS ...........................

CONCLUSÃO .......................................................................................................................

REFERÊNCIAS ....................................................................................................................

APÊNDICE A – OFÍCIO ENCAMINHADO AO SUBCOMANDANTE GERAL ........

APÊNDICE B – ROTEIRO DE ENTREVISTA AOS GESTORES DE SAÚDE ...........

APÊNDICE C – QUESTIONÁRIO APLICADO AOS GESTORES DE PESSOAL ..

APÊNDICE D – PROPOSTA DE PORTARIA DO COMANDANTE GERAL QUE REGULAMENTA AS DISPENSAS DO SERVIÇO DECORRENTES DE PRESCRIÇÃO MÉDICA ....................................................................................................

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APÊNDICE E – PROPOSTA DE PORTARIA DO COMANDANTE GERAL APROVA A INSTRUÇÕES REGULADORAS DE PERÍCIAS MÉDICAS E DE PROCEDIMENTOS RELATIVOS A DISPENSAS E A LICENÇAS PARA TRATAMENTO DA SAÚDE ..............................................................................................

ANEXO A – FORMULÁRIO DE DISPENSA MÉDICA DA PMAL .............................

ANEXO B – FORMULÁRIO DE ATA DE INSPEÇÃO DE SAÚDE DA PMAL .........

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INTRODUÇÃO

Segundo Chiavenato (2001), “a tarefa da Administração é interpretar os objetivos

propostos pela organização e transformá-los em ação organizacional por meio do

planejamento, organização, direção e controle de todos os esforços realizados em todas as

áreas e em todos os níveis da organização, a fim de alcançar tais objetivos de maneira

eficiente e eficaz”.

Italiani (2002) destaca que a organização precisa estar alinhada em torno de

definições estratégicas claras, sustentadas por uma gestão com amplo envolvimento e

participação, tendo uma visão estratégica que leve em conta a existência de um fluxo de

conhecimentos que afeta a produção como um todo.

No decorrer dos tempos, as mudanças e transformações no cenário mundial

influenciaram fortemente as alterações nas diversas áreas da Administração que, em

decorrência das mudanças, teve que adotar para cada período e situação surgida, novas

posturas de ação, características e perfis diferentes.

Uma das áreas da Administração que mais tem sofrido mudanças e transformações

nesses últimos anos é a Administração de Recursos Humanos (ARH), modernamente

conhecida como Gestão de Pessoas. Segundo Fisher e Fleury (1998), Gestão de Pessoas é o

“conjunto de políticas e práticas definidas de uma organização para orientar o comportamento

humano e as relações interpessoais no ambiente de trabalho”

Dentre os setores de uma organização, o de Gestão de Pessoas deve ter prioridade,

pois do homem depende a existência da própria organização, da sociedade e do Estado

constituído. A engrenagem administrativa tem que ser ajustada periodicamente a fim de

acompanhar a dinâmica da evolução social, dando condições ao homem de sentir-se útil e em

condições de desenvolver suas atividades.

DAMASCENO [S.d] considera que para atingir a excelência dentro de uma

organização, é necessário que ela tenha uma real definição de suas estratégias

organizacionais, identificando as competências essenciais e a partir destas, promover a revisão

de suas situações.

Considerando o fato de as empresas buscarem novos meios de se atingir a

excelência, podemos reconhecer que a organização, a direção e o controle das ações

desenvolvidas dentro de uma organização, seja no ambiente público ou privado, são, pois,

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fatores essenciais para que ela possa vir a alcançar os objetivos pretendidos nos moldes da

Administração.

A Polícia Militar do Estado de Alagoas (PMAL), uma organização complexa criada

em 3 de fevereiro de 18321, é uma instituição permanente, força auxiliar e reserva do Exército

Brasileiro (EB), organizada com base na hierarquia e disciplina, subordinada diretamente ao

Governador do Estado, coordenada, controlada e integrada operacionalmente à Secretaria de

Estado da Defesa Social (SEDS)2, cabendo-lhe as atividades de polícia ostensiva e de

preservação da ordem pública, para a tranqüilidade e incolumidade da pessoa humana e do

seu patrimônio, em todo território alagoano. 3

Para a realização de suas finalidades institucionais, a PMAL deve exercer sua

política administrativa no sentido de orientar, coordenar e executar as atividades de pessoal,

através do contínuo planejamento e controle do estado de seus policiais militares.

Dentre as atividades organizacionais, a saúde está diretamente vinculada às ações de

logística da Corporação, e que trata da conservação do potencial humano nas melhores

condições de aptidão física e mental, através de medidas de prevenção e recuperação. 4

O gerenciamento das atividades de saúde do pessoal na Corporação é exercido pela

Diretoria de Saúde (DS) através do planejamento, coordenação, controle e fiscalização das

atividades ligadas ao assunto

Percebemos ser comum a ocorrência de policiais militares que, acometidos de

problemas de saúde por vezes decorrentes da própria atividade diária, procuram a avaliação

de um profissional de saúde, seja da Corporação ou civil, e que, na medida de cada caso, esses

profissionais exaram atestados médicos que descrevem a necessidade do afastamento

temporário desses policiais militares das atividades normais do serviço.

Sendo considerada pelo médico a necessidade, o paciente passa a gozar do

afastamento do serviço, através da dispensa médica concedida. Entretanto, caso o índice de

dispensas médicas torne-se elevado, pode vir a acarretar prejuízos às atividades das unidades.

Os procedimentos administrativos relativos aos afastamentos do trabalho dos

policiais militares, em virtude de diagnósticos de saúde (atestados médicos) que possam

acarretar em dispensas do serviço (dispensas médicas) prescindem de uma avaliação quanto a

1 A data de criação da Polícia Militar de Alagoas foi estabelecida pelo Decreto nº 3.471, de 2/3/1978.2 No texto da Lei nº 6.399, de 15/8/2003 (Lei de Organização Básica da PMAL) está escrito “Secretaria de Justiça e Defesa Social”, atualmente denominada Secretaria de Estado da Defesa Social.3 Art. 1º, caput, da Lei Nº 6.399, de 15/8/2003 (Lei de Organização Básica da PMAL).4 Art. 35, caput, da Lei nº 6.399, de 15/8/2003 (Lei de Organização Básica da PMAL).

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sua regulamentação, sob pena de causar insegurança administrativa aos gestores de pessoal e

acarretar prejuízos às atividades.

A realização de estudos acerca das formas de controle do pessoal deve ser

considerada como tarefa primordial da Corporação na busca da consecução de suas

finalidades, como também possibilitará novos planejamentos para a adoção de medidas de

atualização, normatização, padronização e otimização de procedimentos.

Com a idéia de contribuir de forma objetiva para com a Corporação, apresentamos o

tema “A concessão de dispensas médicas na Polícia Militar de Alagoas: considerações e

proposta de ordenamento”, buscando desenvolver a problemática através da identificação,

aprofundamento e discussão das ações ligadas ao tema.

Nesse sentido, apresentou-se o seguinte problema: até que ponto os procedimentos

adotados na Polícia Militar de Alagoas na concessão de dispensas médicas, bem como a falta

de uma norma reguladora de tais procedimentos vêm acarretando questionamentos dos

gestores de pessoal e de saúde e problemas à atividade fim das Unidades da Corporação?

Baseados em observações próprias, sem conotação científica, levantamos algumas

hipóteses preliminares:

(1) Que na PMAL, principalmente no ambiente operacional, percebe-se a ausência

de uma norma escrita interna (Lei, Decreto, Diretriz, Portaria, NGA ou outra) que

regulamenta a concessão de dispensas médicas aos policiais militares

(2) Que os procedimentos adotados geram questionamentos e conflitos entre os

gestores de pessoal (Chefes e Comandantes) e os médicos militares;

(3) Que os procedimentos adotados vêm acarretando problemas à atividade fim

(operacional) das unidades

Sua relevância justifica-se na possibilidade de diagnóstico do problema, através da

identificação dos procedimentos atualmente adotados na PMAL acerca das concessões de

dispensas médicas de policiais militares, realizando intervenções junto aos gestores de pessoal

e de saúde, servindo de subsídio e conteúdo teórico para novas discussões e a tomada de

medidas administrativas de controle do problema.

Aos poucos, foi sendo delineada a necessidade de aprofundarmos melhor no assunto,

na busca da confirmação ou não das hipóteses levantadas, em vista do objetivo geral do

trabalho, de compreendermos os procedimentos adotados na Polícia Militar de Alagoas,

relativos à concessão de dispensas médicas aos policiais militares, buscando identificar as

considerações e questionamentos dos gestores de pessoal e da saúde quanto às possíveis

conseqüências à atividade fim da Corporação, apresentando um subsídio de esclarecimento

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dos resultados alcançados, propondo, ao final, caso confirmadas as análises preliminares, um

projeto de normatização de tais atos, visando à melhoria e otimização da organização do

trabalho policial militar.

Quanto à Metodologia, esse trabalho tomou a característica exploratória e descritiva,

buscando a exploração do tema proposto, a identificação de pessoas que tivessem um

importante envolvimento na problemática estudada, a análise de experiências práticas, e a

observação sistemática, descrevendo e propondo alternativas frente ao referencial teórico,

envolvendo os seguintes atos:

a) um levantamento bibliográfico, a partir de livros e trabalhos sobre a

administração de pessoas e da legislação sobre o tema dos atestados e dispensas médicas;

b) a realização de entrevistas com Oficiais Médicos gerentes da Diretoria de Saúde

da Corporação, como forma de orientação para a coleta de informações, a identificação e a

construção da discussão do problema;

c) a estruturação, aplicação e análise de 20 (vinte) questionários de pesquisa aos

profissionais que desempenham a gestão de pessoal, como Chefes e Comandantes de OPM,

sendo 10 (dez) da Capital e 10 (dez) do interior;

d) a análise dos dados e informações coletadas junto á Diretoria de Saúde e à

Unidade considerada amostra: Batalhão de Polícia de Rádio Patrulha – BPRp;

e) uma comparação analítica, tomando como referencial os reflexos dos atos de

dispensas médicas no Batalhão de Rádio Patrulha (BPRp) num período considerado;

Para a construção formal do presente trabalho, passamos a delimitar alguns objetivos

específicos, que passaram a estruturar os capítulos deste trabalho:

No primeiro capítulo, partindo-se de uma breve discussão acerca da definição de

segurança pública e de polícia, tratamos de identificar a instituição pesquisada – a Polícia

Militar de Alagoas, Nessa parte do trabalho o objetivo principal é delinear a estrutura

organizacional da PMAL, as missões gerais de sua competência, o controle de pessoal e o

controle de saúde dos policiais militares, mas as origens históricas do Estado e das forças

policiais militares no País também são consideradas.

No segundo capítulo, partiu-se para a conceituação de atestado médico e dispensa

médica, relacionando a legislação aplicada à matéria, além dos requisitos e formalidades para

a concessão de atestado médico, os aspectos éticos, penais e outras situações diversas.

No terceiro capítulo, apresentamos a análise e a interpretação dos dados coletados na

pesquisa, que foi dividida em duas partes: na primeira parte, procuramos descrever as

considerações dos gestores de saúde quanto aos procedimentos relativos à concessão de

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dispensas médicas na Corporação, apresentando os resultados das entrevistas realizadas. Na

segunda parte, tratamos de discorrer sobre as considerações dos gestores de pessoal, relatando

os resultados da pesquisa através de questionário aplicado em unidades operacionais da

Capital e do Interior do Estado.

No quarto e último capítulo, buscamos identificar a incidência ou não de prejuízo á

atividade fim das OPM em virtude dos procedimentos atualmente adotados na concessão de

dispensas médicas de policiais militares.

Ao final, apresentamos as conclusões alcançadas e as proposições sugeridas para que

sejam submetidas á avaliação do Alto Comando da Corporação para a adoção de estratégias

de enfrentamento do problema.

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1 A INSTITUIÇÃO PESQUISADA: A POLÍCIA MILITAR DE

ALAGOAS

1.1 GENERALIDADES

Pesquisar as corporações policiais é incursionar pelo vasto e complexo tema da

segurança pública, cujo conceito em muito ultrapassa os objetivos deste trabalho, e ao qual

nos referiremos apenas brevemente.

Silva apud Minayo (2006) relata que por segurança pública entendemos a garantia

que o Estado oferece aos cidadãos, por meio de organizações próprias, contra todo o mal e

todo o perigo que possa afetar a ordem pública, em prejuízo da vida, da liberdade ou dos

direitos de propriedade dos cidadãos.

Em sentido estrito, o termo polícia designa o conjunto de instituições fundadas pelo

Estado, para que, segundo prescrições legais e regulamentares estabelecidas, exerçam

vigilância e mantenham a ordem pública, a moralidade, a saúde pública e se assegure o bem

estar coletivo. (Silva, op cit)

De acordo com o artigo 144 do Capítulo III da Constituição Federal de 1988, “a

segurança pública, dever do Estado, um direito e responsabilidade de todos, é exercida para

a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio”. São seus

órgãos historicamente constituídos, a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária, a Polícia

Ferroviária, a Polícia Civil, a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros. [grifo nosso]

Segundo Hely Lopes Meirelles (1986), podemos identificar o seguinte conceito de:

Ordem Pública, no tempo e no espaço está sempre vinculada à noção de interesse público e de proteção e segurança à propriedade, a saúde pública, aos bons costumes, ao bem estar coletivo e individual, assim como a estabilidade das instituições em geral. A proteção a esses bens é, modernamente, confiada à Polícia de Manutenção da Ordem Pública, no nosso país exercida, precipuamente, pela Polícia Militar estadual.

Seguiremos a partir daqui, pelo menos sumariamente e sem grandes

aprofundamentos, às origens históricas da organização policial em nosso país e, em especial,

no Estado de Alagoas, a estrutura organizacional da Corporação e os papéis dos órgãos da

estrutura, para então chegarmos a discorrer sobre a identificação do problema da concessão de

dispensas médicas.

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1.2 AS ORIGENS HISTÓRICAS

Costa apud Mendonça (1982), relatando sobre as origens do Estado de Alagoas,

destaca:

“A comarca das Alagoas foi criada por Carta Régia de 9 de outubro de 1706, em virtude da requisição do governador da Capitania Francisco Caetano de Moraes, mas só em 1712, terminada a Guerra dos Mascates, o Ouvidor Geral, José da Cunha Soares, nomeado a 6 de fevereiro de 1711, inaugurava-lhe a vida judiciária, estabelecendo a sua sede na Alagoa do Sul, donde irradiariam os benefícios da Justiça”.

Como são poucos os trabalhos históricos sobre as origens das polícias no Brasil,

baseamo-nos no trabalho da historiadora Elisabeth Mendonça, no livro “Sesquicentenário da

Polícia Militar de Alagoas: 1832 – 1982”. Em decorrência, as legislações referidas nesta parte

foram tiradas daquele trabalho, não tendo, pois, referências bibliográficas acerca.

No histórico da organização militar, observa-se que a transferência da Coroa

Portuguesa ofereceu o caráter de estabilidade necessário para que, em 1808, fossem dados os

primeiros passos de um policiamento regular no Estado através de uma força pública militar –

a criação do Corpo de Brigada Real do Brasil. Pelo Alvará de 10 de maio de 1808, Dom João

VI criou o cargo de Intendente Geral de Polícia da Corte.

Entretanto, a partir de 1825 foram criados os primeiros Corpos de Polícia,

inicialmente nos Estados de Pernambuco e Bahia, em vista do recente desenvolvimento e

conseqüente crescimento verificado naquelas localidades.

O Governo Imperial, através da Lei de 10 de outubro de 1831, reconhecendo que era

necessária a organização de forças armadas destinadas à manutenção da ordem e da segurança

pública do território, autorizou a todos os Presidentes das Províncias que, caso julgassem

necessário, promovessem a criação de suas respectivas Guardas Municipais Permanentes.

Por essa razão, em 2 de janeiro de 1832, o Presidente da Província das Alagoas,

Manoel Lobo de Miranda Henriques, encaminhou para a aprovação do Ministro da Justiça

Imperial, um Plano de Criação da Guarda Municipal da Província das Alagoas.

Diogo Antonio Feijó, Ministro da Justiça Imperial, através da decisão de nº 52, de 3

de fevereiro de 1832, aprovou o plano de criação que fora encaminhado pelo Governo

Provincial, embora a regência tenha feito as considerações de que havia discordado da criação

do Estado-Maior nos moldes em que foi proposto.

Para organizar e comandar a recém criada Corporação foi designado pelo Presidente

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da Província Manoel Lobo de Miranda Henriques, o Padre Cipriano Lopes de Arroxelas

Galvão, que já era o Comandante Geral do Corpo de Guardas Municipais Voluntários da

Província das Alagoas, tornando-se por força da aludida decisão, o primeiro Comandante

Geral da Guarda Municipal Permanente, que originaria a nossa Polícia Militar de Alagoas. O

efetivo da época era de cerca de 150 (cento e cinqüenta) homens.

Por todos esses fatos históricos, foi que através do Decreto Estadual nº 3.471, de 2 de

março de 1978, o então Governador do Estado de Alagoas Divaldo Suruagy estabeleceu que a

partir do ano de 1979, a data de aniversário da Polícia Militar de Alagoas passaria a ser

comemorado no dia 3 de fevereiro.

1.3 AS MISSÕES GERAIS

As Constituições de 1934, 1937 e 1946 já definiam que as Polícias Militares,

incumbidas da segurança interna e da manutenção da ordem nos Estados, nos Territórios e no

Distrito Federal, são consideradas forças auxiliares do Exército. Esse auxílio ao Exército

passa a ser mais intrínseco quando em meio ao regime ditatorial de 1964 a 1985, o Decreto-

Lei nº 667 de 2 de julho de 1969, deu ao Exército o controle e a coordenação das polícias

militares.

Segundo o artigo 144 da Constituição Federal de 1988, a Segurança Pública é

exercida para seguintes finalidades:

a) a preservação da ordem pública; e

b) preservação da incolumidade das pessoas e do patrimônio.

Definindo nos incisos I a V do citado artigo as competências de cada órgão

integrante da estrutura da segurança pública, coube a Polícia Militar realizar tal missão

através das seguintes características:

a) execução da polícia ostensiva;

b) caráter militar das ações vinculadas ao Exército Brasileiro e como Força Auxiliar;

e

c) de forma subordinada aos governadores.

A Constituição do Estado de Alagoas de 1989, no artigo 244 e seguintes, repetiu a

missão e os encargos conferidos na CF: preservação da ordem pública, da incolumidade das

pessoas e do patrimônio, através do policiamento ostensivo. São mantidos também seu caráter

militar e sua subordinação ao governador.

Page 21: A concessão de dispensas médicas na PMAL. considerações e proposta de ordenamento.Thayronilson Emery

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Servir a população através do policiamento ostensivo e a preservação da ordem

pública é o objetivo primário da Corporação. Para tanto, a LOB estabelece as missões gerais

de competência da Polícia Militar de Alagoas:5

Art. 2º [...] I - planejar e executar as atividades de polícia ostensiva na área de Segurança Pública;II - atuar de maneira preventiva, como força de dissuasão, em locais ou outras áreas específicas onde presuma ser possível a perturbação da ordem pública;III - atuar de maneira repressiva, em caso de perturbação da ordem, precedendo o eventual emprego das Forças Armadas;IV - atender à convocação, inclusive mobilização do Governo Federal, em caso de guerra externa, ou para prevenir ou reprimir grave perturbação da ordem ou ameaça de sua irrupção, subordinando-se à força terrestre para emprego em suas atribuições específicas de Polícia Militar, e como participante da defesa interna e territorial. [...]

Policiamento Ostensivo deve ser considerado a ação policial militar, exclusiva da

Polícia Militar, cujo emprego do homem ou fração da tropa engajada, sejam identificadas de

relance, quer pelo uniforme, quer pelo equipamento ou viatura, ressalvadas as missões de

outros órgãos da Segurança Pública, conforme estabelece a Constituição da República

Federativa do Brasil.6

Passados 177 (cento e setenta e sete) anos, a Polícia Militar de Alagoas (PMAL)

incorporou funções mais abrangentes do que as originais, previstas na Constituição Federal,

na Constituição Estadual e em sua legislação peculiar.

Ressalvadas as missões das Forças Armadas, a PMAL realiza os seguintes tipos de

policiamento: ostensivo geral, urbano e rural; de trânsito; ambiental; rodoviário e ferroviário,

nas estradas estaduais; fluvial, lacustre e marítimo; portuário; de radiopatrulha terrestre e

aérea; escolar; de segurança externa dos estabelecimentos penais do Estado; montado; em

eventos e outros estabelecidos em legislação peculiar.7

1.4 A ESTRUTURA ORGANIZACIONAL

Prestando relevantes serviços à sociedade alagoana, a Polícia Militar de Alagoas está

presente em todos os 102 (cento e dois) municípios do Estado, contando com o efetivo ativo

de 7.9298 (sete mil, novecentos e vinte e nove) policiais militares, para uma população do

5 As missões gerais da PMAL estão definidas no Art. 2º da LOB.6 De acordo com o Art. 2º da LOB.7 Idem;8 Segundo dados da DPWEB disponível em www.pm.al.gov.br/dp, acesso em 9/12/2008.

Page 22: A concessão de dispensas médicas na PMAL. considerações e proposta de ordenamento.Thayronilson Emery

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Estado de 3.037.103 (três milhões, trinta e sete mil, cento e três) habitantes. Este efetivo

corresponde a uma relação de 1 (um) policial militar para 383 (trezentos e oitenta e três)

habitantes. Tendo sido fixado o efetivo previsto na Lei de Fixação de Efetivo em 16.200

(dezesseis mil e duzentos) policiais militares, temos um claro de 51% (cinqüenta e um por

cento).

Tabela 1 – Efetivo de policiais militares previsto, existente e claro – Alagoas – 2008

Efetivo Quantidade

Previsto 16.200Existente 7.929Claro9 8.271Fonte: DPWEB/PMAL, 2008.

Previsto Existente Claro0

4,000

8,000

12,000

16,000

16,200

7,929 8,271

Gráfico 1 – Efetivo de policiais militares previsto, existente e claro – Alagoas – 2008

Quantidade

Fonte: DPWEB/PMAL, 2008

49% 51%100%

Como integrante do sistema de Segurança Pública e força auxiliar do Exército

Brasileiro, é grande a responsabilidade da Corporação e em decorrência dos grandes

problemas que tem, a preocupação em bem servir a coletividade é constante e levada tão a

sério que dificuldades internas passam a ser, em geral, proteladas, em detrimento da satisfação

9 Claro é o resultado do efetivo previsto menos o efetivo existente na Corporação.

Page 23: A concessão de dispensas médicas na PMAL. considerações e proposta de ordenamento.Thayronilson Emery

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dos próprios servidores empenhados na missão de dar tranqüilidade à população.

A instituição cresce na medida da sociedade, crescendo também os encargos e

atribuições de seu chefe, o qual se torna cada vez mais assoberbado, encontrando cada vez

mais dificuldades na condução de sua função. Como em qualquer outra instituição, os

trabalhos inerentes às funções de Comandante são muito grandes e complexos, não podendo

eles dispor de realizar suas atividades de forma única, sozinho.

Para a eficiência da atividade-fim – que é o policiamento ostensivo-preventivo – a

Corporação necessita estar estruturada por órgãos cujas competências são distintas e

suplementares.

A organização básica da PMAL está regulada através da Lei nº 6.399, de 15 de

agosto de 2003, comumente conhecida por LOB. Dispõe o Art. 59 e seguintes da citada lei

que a Corporação está estruturada no modelo de Estado Maior Misto, em órgãos de Direção,

de Apoio e de Execução.

Os órgãos de Direção são compostos pelos órgãos de direção geral e setorial que

realizam o Comando e a administração da Corporação, incumbindo-se do planejamento em

geral, visando à organização, as necessidades de pessoal e material e ao emprego da

Corporação para o cumprimento de sua missão constitucional, acionando por meio de

diretrizes, planos e ordens os órgãos de apoio e de execução, além de coordenar; controlar e

fiscalizar a atuação desses órgãos. Segundo o disposto no art. 60 da supracitada lei,

compreendem:

Art. 60. [...]I – Comando Geral (CG);II - Órgãos de Direção Geral;a) Alto Comando da Polícia Militar (AC);b) Estado Maior Geral da Polícia Militar (EMG);III – Órgão de direção Setorial:a) Diretoria de Pessoal (DP);b) Diretoria de Finanças (DF);c) Diretoria de Apoio Logístico (DAL);d) Diretoria de Ensino (DE);e) Diretoria de Saúde (DS);IV – Ajudância Geral (AG);V - Órgãos de Assessoramento:a) Gabinete do Comandante Geral (GCG);.b) Comissão Permanente de Licitação (CPL);c) Comissão de Promoção de Oficiais (CPO);d) Comissão de Promoção de Praças (CPP);e) Comissão Permanente de Uniforme (CPU); f) Corregedoria Geral (Corregedoria);g) Centro de Gerenciamento de Crise, Direitos Humanos e Polícia Comunitária (CGCDHPC);h) Conselhos. [...]

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Os Órgãos de Apoio atendem as necessidades em pessoal e material a toda

Corporação, realizando a atividade meio e atuando no cumprimento das diretrizes, planos e

ordens, provenientes dos órgãos de direção, que planejam, coordenam, controlam e fiscalizam

suas atuações, de acordo com o art. 61 da LOB:

Art. 61. [...]I - Órgãos de Pessoal:a) Centro de Assistência Social (CASO).II – Órgãos de Ensino:a) Academia de Policia Militar (APM); b) Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças (CFAP);c) Colégio da Policia Militar;d) Departamento de Educação Física e Desporto (DEF)III - Órgãos de Apoio Logístico:a) Centro de Suprimento e Manutenção de Material de Intendência (CSMMI);b) Centro de Suprimento e Manutenção de Material Bélico (CSMMB);c) Centro de Suprimento e Manutenção de Obras (CSMO);d) Centro de Suprimento de Material de Subsistência (CSMS).IV - Órgãos de Saúde:a) Divisão de Juntas Médicas (DJM);b) Centro Médico Hospitalar (CMH);c) Centro Odontológico (C Odont);d) Centro de Enfermagem (C Enf);e) Centro de Fisioterapia e Reabilitação (CFR);f) Centro Farmacêutico (C Farm);g) Centro Laboratorial de Análises Clínicas (CLAC);h) Centro Veterinário (C Vet); i) Centro Psicológico (C Psc); e,j) Centro de Apoio ao Sistema Integrado de Saúde (CASIS).Art. 62 – Assessorias Militares [...]

Os Órgãos de Execução cumprem a destinação constitucional da Instituição,

executando as diversas modalidades de policiamento, de conformidade com as diretrizes,

planos e ordens emanados dos órgãos de direção. São atendidos, em suas necessidades de

pessoal e material, pelos Órgãos de Apoio. De acordo com o art. 63 da LOB, compreendem:

Art.63. [...]I - Comando de Policiamento da Capital (CPC);II - Comando de Policiamento do Interior (CPI);III - Comandos de Policiamento de Área;IV - Unidades e Subunidades Independentes.

Podemos melhor visualizar a estrutura da Corporação através da observação de seu

Quadro Organizacional Geral:

Page 25: A concessão de dispensas médicas na PMAL. considerações e proposta de ordenamento.Thayronilson Emery

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Figura 1 – Quadro de Organização Geral da PMALFonte: QO/PMAL-2003

Além de sua expressão constitucional e estrutura de funcionamento, os policiais

militares de Alagoas possuem Estatuto próprio, consagrado na Lei nº 5.346, de 26 de maio de

1992, onde estão regulados a situação, os deveres, os direitos e prerrogativas dos policiais

militares.

1.5 O CONTROLE DE PESSOAL

Atender aos anseios de seus colaboradores pode parecer secundário, mas é de vital

importância e quanto melhor e mais justo for, o trabalhador terá mais estímulo para prestar

seus serviços com perfeição e satisfação. Para isso, uma organização deve definir as bases

para o estabelecimento de uma política de pessoal adequada às suas reais necessidades e

possibilidades.

Visando suprir, coordenar, instruir e gerenciar os setores humanos e materiais de

suas frações para o melhor desempenho de cada policial no desempenho das funções de

proporcionar segurança à coletividade, para si e sua família, o controle de pessoal é de

fundamental importância.

Page 26: A concessão de dispensas médicas na PMAL. considerações e proposta de ordenamento.Thayronilson Emery

25

Como órgão de direção setorial do sistema de administração de pessoal, integrada ao

Comando Geral e subordinada diretamente ao Comandante Geral, temos a Diretoria de

Pessoal.10

Dentre as atribuições orgânicas e funcionais ligadas a DP, destacam-se o de planejar,

coordenar, fiscalizar, controlar e executar todas as atividades ligadas à atividade executiva de

administração de pessoal da Corporação, civil e militar, mantendo-os devidamente

registrados.11

O servidor militar é a preocupação do setor de recursos humanos da Corporação,

exercido pela Diretoria de Pessoal e suas divisões administrativas, destinadas a cuidar das

relações de trabalho de cada um, equilibrando as diferentes potencialidades e personalidades

já adquiridas no ambiente social externo, com as normas existentes para regular as obrigações

funcionais.

Difícil tarefa, porque cada um tem seu próprio desejo e a padronização regulamentar,

nem sempre supre a satisfação pessoal. Aliás, satisfazer a todos plenamente é impossível, pois

diante da provocação da mídia, o homem urbano é induzido a querer sempre mais do que lhe

é dado ou merece. O primordial então é ser justo.

O administrador de recursos humanos está sujeito a variações de conduta e decisão,

voluntária ou não, e diante da legislação reguladora das relações do servidor militar com a

corporação, vê mais uma dificuldade em decidir com justiça, embora seja importante o fator

de seu poder discricionário facultado pelas leis.

As organizações são compostas por pessoas cujas relações devem estar bem

“engrenadas” para o bom funcionamento do conjunto, mediante a harmonia de regras

estabelecidas.

Portanto, quanto aos procedimentos relativos às concessões de dispensas médicas de

policiais militares, embora atualmente não exerça tal mister, a importância da Diretoria de

Pessoal deve ser considerada como órgão gestor da política de controle de pessoal da

Corporação.

Para melhor entendermos a estrutura da Diretoria de Pessoal, observaremos o seu

organograma individual:

10 Segundo o Art. 131 da LOB.11 Art. 133 da LOB.

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Figura 2 – Organograma da Diretoria de PessoalFonte: QO/PMAL-2003

1.6 O CONTROLE DE SAÚDE

A Lei nº 5.346, de 26 de maio de 1992, que dispõe sobre o Estatuto dos Policiais

Militares do Estado de Alagoas, estabelece em seu Art. 30, § 1º, inciso XXV, que é um direito

e prerrogativa dos policiais militares “a assistência médico-hospitalar para si e seus

dependentes, assim entendida como um conjunto de atividades relacionadas com a prevenção,

conservação ou recuperação da saúde, abrangendo serviços profissionais médicos,

farmacêuticos e odontológicos, bem como o fornecimento e aplicação de meios, cuidados e

demais atos médicos e para-médicos necessários.

A Lei de Organização Básica em seu Art. 30 considera a Saúde como a atividade

logística que trata da conservação do potencial humano, nas melhores condições de aptidão

física e mental, através de medidas de prevenção e recuperação.

As atividades de saúde da Corporação compreendem seleção, medicina preventiva e

curativa, evacuação e hospitalização, serviço odontológico, serviço de enfermagem, serviço

de fisioterapia, serviço laboratorial médico, suprimento de saúde, manutenção de material de

saúde, serviço farmacêutico, serviço veterinário e serviço psicológico.

Como órgão de direção setorial da Corporação, está a Diretoria de Saúde,

diretamente subordinada ao Comandante Geral com a responsabilidade de planejar,

coordenar, fiscalizar e controlar as atividades de Saúde da Corporação.

No exercício de suas funções, além de outras atribuições previstas em Leis e

regulamentos, compete ao Diretor de Saúde, fundamentalmente:

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I - planejar, coordenar, controlar e fiscalizar todas as atividades de saúde de pessoal e de saúde veterinária nos quadros da Corporação;II - coordenar as atividades de apoio dos órgãos que lhe são subordinados ou com eles conveniado;III - emitir e homologar pareceres de saúde e de todos os assuntos sanitários no âmbito da Corporação;IV - elaborar normas regulamentares e promover estudos para o aprimoramento do Sistema de Saúde da Corporação;V - elaborar e propor ao Comandante Geral a realização de convênios com Órgãos da Administração Pública Federal, Estadual ou Municipal ou de natureza privada, para a prestação de serviços de saúde ao pessoal e aos semoventes, sempre que se fizer necessário;VI - supervisionar tecnicamente o recrutamento, seleção e treinamento do pessoal de saúde, como ainda a seleção aquisição e controle do material destinado à atividade fim do Órgão;VII - supervisionar a aplicação dos recursos econômicos e financeiros destinados ao serviço de saúde;VIII - elaborar o relatório anual de saúde da Corporação;IX - propor a realização de cursos e estágios de interesse do Sistema de Saúde da Corporação e auxiliar os órgãos de apoio de ensino, no planejamento referente à parte técnica;X - elaborar o seu regimento interno e submetê-lo à aprovação do Comandante Geral, assim como analisar os regimentos dos órgãos de apoio de saúde e encaminhá-los à aprovação do Comandante Geral;

Para melhor entendermos a estrutura da Diretoria de Saúde (DS), observaremos o seu

organograma individual:

Figura 3 – Organograma da Diretoria de SaúdeFonte: QO/PMAL-2003

Na DS da PMAL, conforme o art. 154 da LOB, a Divisão de Juntas Médicas (DJM) é

o órgão de apoio que tem por finalidade verificar o estado de saúde física e “material” 12 (sic)

de policiais militares, bem como dos pensionistas, dependentes e civis nos seguintes casos:

Art. 154. [...]

12 No texto original da LOB está escrito o termo “material”, embora supomos ter o legislador cometido erro formal, ao querer se referir a mental.

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I - quando convocados voluntários e candidatos para ingresso no serviço ativo;II - sendo policial militar, seja necessária a sua avaliação para permanência no serviço ativo da Corporação, promoção, licenciamento, transferência para a reserva, reforma, exclusão, reversão, matrícula em curso, melhoria de reforma e reajuste de proventos;III - sendo policial militar, esteja amparado pelo estado por motivo de acidente em serviço ou instrução, ou moléstia contraída nesta situação;IV - sendo dependente qualificado, seja necessária a sua avaliação para atendimento de exigências regulamentares e outros amparos legais;V - quando arrolados em processo da justiça civil ou militar, por solicitação de autoridade competente;VI - sendo policial militar ou dependente legal de policial militar, esteja em situação não compreendida nos incisos anteriores, para cumprimento do que dispõe o regulamento para assistência médico-hospitalar aos policiais e seus dependentes.

O controle da concessão de dispensas médicas passa, pois, pelo controle da Divisão

de Juntas Médicas.

Abaixo, temos o organograma individual da DJM:

Figura 4 – Organograma da Divisão de Juntas Médicas (DJM)Fonte: QO/PMAL-2003

A Divisão de Juntas Médicas é dirigida por um Oficial Médico, tendo por subdiretor,

cumulativamente, o próprio Subdiretor do Centro Médico Hospitalar (CMH).

Na estrutura da DJM, está uma Secretaria, para o apoio administrativo, e duas Juntas

Militares de Saúde, compostas cada uma por um coordenador e mais dois membros, e uma

Junta Superior de Saúde, coordenada pelo Subdiretor de Saúde e mais dois membros,

cumulativamente, o Diretor da DJM e o Subdiretor do CMH.

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29

2 AS DISPENSAS MÉDICAS

2.1 GENERALIDADES E CONCEITUAÇÃO

Silva (2008) escreve que “os atestados médicos têm finalidades diversas.

Autorização de registro civil, admissão ao trabalho, matrículas, licenças, impedimentos por

razões psiquiátricas, óbitos, além de contribuírem para a Justiça nos casos de perícias

médicas, dos inquéritos policiais e dos processos judiciais”. Neste trabalho, iremos nos

restringir a finalidade do atestado médico em abonar faltas trabalhistas, o que na esfera militar

é reconhecida como dispensa médica.

O tema dispensas médicas, relacionado à elaboração de atestados médicos, tem uma

considerável influência na vida dos servidores públicos, desde a admissão até a aposentadoria,

como forma de atestar a saúde dos funcionários. É objeto de várias manifestações e

reclamações na seara trabalhista, uma vez que o ato é uma ocorrência e uma necessidade

freqüentes.

O Código de Ética Médica, aprovado pela Resolução CFM nº 1.246, de 8 de janeiro

de 1988, no Parágrafo único do art. 112, diz que “o atestado médico é parte integrante do ato

médico, sendo o seu fornecimento direito inquestionável do paciente, não importando em

qualquer majoração de honorários”.

Ato médico é o ato profissional realizado por quem está habilitado a exercer a

medicina, e está embasado em anamnese, exame físico, formulação de hipóteses diagnósticas

ou de diagnósticos, interpretação de exames complementares, formulação e prescrição

terapêutica preventiva ou curativa de ordem farmacológica, cirúrgica ou psiquiátrica.

Quem está enfermo não tem condições normais de desempenhar suas atividades

laborais, principalmente o policial militar nas missões de preservação da ordem pública,

quando muitas vezes é necessário empregar vigor físico superior ao dos delinqüentes, ou

suportar intempéries.

Nessa situação, ao policial militar, além do tratamento especializado para a

reabilitação do quadro de saúde, poderá ser concedida dispensa médica que atestará tal

situação e a necessidade de afastamento do serviço pelo prazo previsto necessário à

recuperação da capacidade laborativa, conforme juízo do médico assistente.

O afastamento do trabalho por motivo de saúde pode ser atestado no Brasil por duas

categorias profissionais: os médicos e os cirurgiões-dentistas (odontólogos).

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De acordo com o Dicionário Jurídico de Plácido e Silva (1996), o termo “atestado”

indica o documento em que se faz atestação, isto é, em que se afirma a veracidade de certo

fato ou a existência de certa obrigação. É assim o seu instrumento.

Sendo uma instituição criada com a finalidade certa e definida de demonstrar a

verdade de determinado ato, situação, estado ou ocorrência, sua utilidade e segurança

dependem da certeza de sua veracidade. Portanto, seu conteúdo de fé pública e pressuposto de

verdade atribuem a importância desse instrumento para a produção e modificação de

situações.

Agregando-se ao conceito referido o componente médico, chegamos à conclusão de

que atestado médico é um documento de conteúdo informativo, exarado por profissional de

saúde – médico ou cirurgião dentista, como “atestação” do ato por ele praticado.

Há várias modalidades de atestados médicos, de acordo com o que se deseja atestar:

atestado de doença, atestado de saúde, atestado de vacina, atestado administrativo, atestado

judicial, atestado de óbito, dentre outros.

Restringiremo-nos ao mais comum deles, o atestado de doença, no caso, aqueles

concedidos aos policiais militares que, em decorrência, passam a gozar de dispensa médica,

embora algumas vezes causem controvérsias quanto a sua veracidade.

2.2 A LEGISLAÇÃO APLICADA

Na legislação pátria, Leis, Decretos-lei, Decretos, Códigos, Resoluções, Pareceres e

etc, são várias as formas e conteúdos que disciplinam não só a profissão médica e outras afins,

como todos os aspectos relacionados. Discorremos sobre algumas para melhor posicionarmos

a compreensão sobre o profissional de saúde no contexto do problema das dispensas médicas.

O Decreto nº 20.931, de 11 de janeiro de 1932, publicado no D.O.U. de 15 de janeiro

de 1932, regula e fiscaliza o exercício da medicina, da odontologia,da medicina veterinária e

das profissões de farmácia, parteira e enfermeira, estabelecendo penas.

Em outubro de 1944, no IV Congresso Sindicalista Brasileiro, realizado em Porto

Alegre, os debates sobre a necessidade de regulamentação das condutas dos profissionais

médicos em suas ações, levaram a construção e a apresentação de reivindicações ao Governo

Federal para que fosse criado o Conselho de Medicina.

Com a fundação em 1951 da Associação Médica Brasileira (AMB), a Lei nº 3.268,

de 30 de setembro de 1957, regulamentada pelo Decreto nº 44.045, de 19 de julho de 1958,

instituiu o Conselho Federal e os Conselhos Regionais de Medicina. São órgãos supervisores

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da ética profissional em toda a República e, ao mesmo tempo, julgadores e disciplinadores da

classe médica, cabendo-lhes zelar e trabalhar por todos os meios ao seu alcance, pelo perfeito

desempenho ético da medicina e pelo prestígio e bom conceito da profissão e dos que a

exerçam legalmente.

Fruto de propostas fundamentadas pelos Conselhos Regionais de Medicina – CRM,

pelos médicos e por instituições científicas e universitárias, e do trabalho elaborado pelos

Delegados Médicos do país por ocasião da I Conferência Nacional de Ética Médica, o

Conselho Federal de Medicina através da Resolução CFM nº 1.246, de 8 de janeiro de 1988,

aprovou o Código de Ética Médica.

O Código de Ética Médica, como descrito em seu preâmbulo, contém as normas

éticas que devem ser seguidas pelos médicos no exercício da profissão, independentemente da

função ou cargo que ocupem, e todas as organizações de prestação de serviços médicos,

cabendo a fiscalização de tais normas aos Conselhos de Medicina, as Comissões de Ética, das

autoridades da área da saúde e dos médicos em geral.

O Conselho Federal de Medicina, depois de várias manifestações acerca de

problemas ligados a matéria, considerando a necessidade de regulamentação dos aspectos

relacionados, através da Resolução CFM nº 1.658/2002, de 20 de dezembro de 2002,

normatizou a emissão de atestados médicos.

Mas ainda faltava comprovarmos uma das hipóteses preliminarmente levantadas, de

que na Polícia Militar de Alagoas não existia normas escritas internas (Lei, Decreto, Diretriz,

Portaria, NGA ou outra) que regulamentam os procedimentos relacionados à concessão de

dispensas médicas de policiais militares com necessidade de afastamento do serviço por

motivo de saúde.

Essa hipótese baseava-se em observações iniciais próprias, surgidas a partir das

experiências vivenciadas no ambiente operacional e no contato com outros gestores de

pessoal. Entretanto, pela falta de conteúdo científico, era necessário o aprofundamento no

tema com vistas à confirmação ou não do conteúdo.

A partir da pesquisa bibliográfica e documental realizada na legislação interna da

Corporação, encontramos na Lei nº 5.346, de 26 de maio de 1992, que dispõe sobre o Estatuto

dos Policiais Militares do Estado de Alagoas, que aos policiais militares pode ser concedida

licença, nos termos do Art. 97, incisos I ao VII. Não correspondendo as dispensas médicas, no

caso de licença para tratamento de saúde própria, comumente conhecida por LTS,

encontramos a regra do Art. 101:

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Art. 101. A licença para tratamento de saúde própria será concedida pelo Comandante Geral, ex-offício, ao policial militar, mediante inspeção de saúde e terá a duração de trinta (30) dias, podendo ser prorrogada por iguais períodos.§ 1º A licença terá início na data em que o policial militar for julgado incapaz temporariamente para o serviço, pelo médico ou pela Junta Policial Militar de Saúde que conclua pela necessidade da mesma.§ 2º Se a natureza ou gravidade da doença for atestada por médico especialista estranho à Polícia Militar, o policial militar será atendido pela Junta Policial Militar de Saúde para homologar ou não o atestado apresentado e conseqüente concessão da licença.

De igual modo, identificamos que através da Portaria nº 363/93-PM/1, de 18 de

outubro de 1993, o então Comandante Geral da PMAL, Cel EB José Élito Siqueira, usando

das atribuições que lhes eram conferidas pelo Art. 4º da Lei nº 3.541, de 29 de dezembro de

1975, aprovou o Regimento Interno para a Junta Policial Militar de Saúde (RIJPMS).

Embora reconheçamos a existência do RIJPMS, na prática, tal instituto nos parece

ser pouco conhecido e, ainda, analisando que em sendo o regimento interno advindo da Lei nº

3.541, de 29 de dezembro de 1975, já revogado, este também está revogado ou, no mínimo,

carecendo de atualização circunstancial.

Atualmente, conforme já visto, a Junta Policial Militar de Saúde está denominada

Divisão de Juntas Médicas, mas um dos motivos para a avaliação de modificação do RIJPMS.

Há ainda o Regulamento Interno e dos Serviços Gerais do Exército Brasileiro (R-1),

que pode ser aplicado subsidiariamente naquilo que couber na Polícia Militar. O Art. 265 trata

das providências que cabem aos médicos propor, relativamente aos doentes, em conseqüência

das observações feitas durante a revista médica, constam pormenorizadamente de prescrições

específicas e consistem em:

I - dispensas - do uso de peças do fardamento ou equipamento, do serviço ou da instrução, por prazo determinado;II - tratamento no quartel - para os casos de indisposições ligeiras, com ou sem isenção parcial ou total do serviço ou da instrução;III - observação na enfermaria - para os casos em que não seja possível a formação de um diagnóstico imediato, a praça permanecerá na enfermaria, em princípio, por dois dias, que poderão ser prorrogados, e no caso de não ser constatado nenhum indício de moléstia, o observado terá alta, devendo o médico mencionar no livro competente, o prazo e os dias em que aquele deverá comparecer à visita médica para acompanhamento e avaliação, se for o caso;IV - baixa à enfermaria - para tratamento de afecções benignas que necessitem de cuidados médicos ou para convalescença dos militares que, tendo alta do hospital, necessitem de repouso antes da volta ao serviço;V - baixa a hospital - para todos os doentes portadores de moléstias graves ou contagiosas que necessitem de cuidados assíduos ou especializados que não possam ser prestados na enfermaria; ouVI - encaminhamento à JIS ou aos serviços médicos especializados.

Page 34: A concessão de dispensas médicas na PMAL. considerações e proposta de ordenamento.Thayronilson Emery

33

2.3 REQUISITOS E FORMALIDADES PARA A CONCESSÃO DE ATESTADO

MÉDICO

COSTA, Sérgio [S.d.], discorre:

Confirmada por atestado médico a veracidade de determinado fato ou a existência de certa obrigação, poderá o beneficiário da declaração pleitear os direitos advindos daquilo que foi declarado. Expedido no exercício de profissão regular, merecedora de que seus profissionais nele deposite confiança, o atestado médico é verdadeiro por presunção e sua recusa propicia o oferecimento de reclamações tendentes à garantia dos direitos representados pela declaração.

Nos termos do Art. 6º da Resolução CFM nº 1.658/2002, somente aos médicos e aos

odontólogos, estes no estrito âmbito de sua profissão, é facultada a prerrogativa de

fornecimento de atestado médico de afastamento do trabalho.

No caso do médico, ao atender o paciente, deverá realizar a anamnese, colher a

história clínica e fazer, o exame físico, com solicitação ou não de outros exames. Nesse

momento, o médico assistente deve agir com o máximo de zelo e o melhor de sua capacidade

profissional, objetivando identificar o estado de saúde ou de doença do cliente, para propor a

conduta terapêutica adequada.

Já entendemos que a dispensa médica é exercida a partir do diagnóstico realizado

pelo médico assistente, exarado através de atestado médico. Assim, quando um médico atesta

que o paciente necessita tantos ou quantos dias para sua recuperação, ele expressa um juízo de

valor segundo a aplicação dos conhecimentos científicos que possui para o caso.

O Código de Ética Médica regula os princípios fundamentais da Medicina, os

direitos e as responsabilidades profissionais dos médicos, os direitos humanos, a relação com

pacientes e familiares, as regras na participação de ocorrência de doação e transplante de

órgãos e tecidos, as relações entre os médicos, a remuneração profissional, o segredo médico,

o atestado e o boletim médico, a perícia médica, a pesquisa médica, a publicidade e trabalhos

científicos, e outras disposições gerais.

Restringindo-nos apenas as normas relativas ao atestado e boletim médico, o Código

de Ética Médica discorre que é vedado ao médico:

Art. 110. Fornecer atestado sem ter praticado o ato profissional que o justifique, ou que não corresponda à verdade.Art. 111. Utilizar-se do ato de atestar como forma de angariar clientela.Art. 112. Deixar de atestar atos executados no exercício profissional, quando solicitado pelo paciente ou seu responsável legal.

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Parágrafo único. O atestado médico é parte integrante do ato ou tratamento médico, sendo o seu fornecimento direito inquestionável do paciente, não importando em qualquer majoração dos honorários.Art. 113. Utilizar-se de formulários de instituições públicas para atestar fatos verificados em clínica privada.Art. 114. Atestar óbito quando não o tenha verificado pessoalmente, ou quando não tenha prestado assistência ao paciente, salvo, no último caso, se o fizer como plantonista, médico substituto, ou em caso de necropsia e verificação médico-legal.Art. 115. Deixar de atestar óbito de paciente ao qual vinha prestando assistência, exceto quando houver indícios de morte violenta.Art. 116. Expedir boletim médico falso ou tendencioso.Art. 117. Elaborar ou divulgar boletim médico que revele o diagnóstico, prognóstico ou terapêutica, sem a expressa autorização do paciente ou de seu responsável legal.

Em busca de preservar a confiabilidade do atestado médico, podemos relacionar em

cinco as condições indispensáveis para a expedição de atestados médicos:

ser sempre exarado por médico ou odontólogo habilitado na forma da lei;

ser subscrito (assinado) por quem, de fato, examinou o beneficiário da

declaração;

ser elaborado em linguagem simples, clara e de conteúdo verídico;

omitir a revelação explícita do diagnóstico, salvo quando ocorrente dever legal,

justa causa ou pedido expresso do paciente;

expressar as recomendações médicas pertinentes (se há necessidade de

afastamento do trabalho e por quanto tempo).

As normas determinam que o médico, ao fornecer o atestado, deverá fazer registro

em ficha própria e/ou prontuário médico dos dados dos exames e tratamentos realizados, de

maneira que possa atender às pesquisas de informações dos médicos peritos das empresas ou

dos órgãos públicos da Previdência Social e da Justiça.

O artigo 3º da Resolução CFM nº 1.658/2002, de 20 de dezembro de 2002, com a

redação dada pela Resolução CFM nº 1.851/2008, de 18 de agosto de 2008, diz que na

elaboração do atestado médico, o médico assistente observará os seguintes procedimentos:

I – especificar o tempo concedido de dispensa à atividade, necessário para a recuperação do paciente;II – estabelecer o diagnóstico, quando expressamente autorizado pelo paciente;III – registrar os dados de maneira legível;IV – identificar-se como emissor, mediante assinatura e carimbo ou número de registro no Conselho Regional de Medicina.

O Parágrafo único do citado artigo diz que, para fins de perícia médica, quando o

atestado for solicitado pelo paciente, o médico deverá observar:

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I - o diagnóstico;II - os resultados dos exames complementares;III - a conduta terapêutica;IV - o prognóstico;V - as conseqüências à saúde do paciente;VI - o provável tempo de repouso estimado necessário para a sua recuperação, que complementará o parecer fundamentado do médico perito, a quem cabe legalmente a decisão do benefício previdenciário, tais como: aposentadoria, invalidez definitiva, readaptação;VII - registrar os dados de maneira legível;VIII - identificar-se como emissor, mediante assinatura e carimbo ou número de registro no Conselho Regional de Medicina.

Na obtenção de atestados de qualquer natureza envolvendo assuntos de saúde ou

doença, o médico está obrigado a exigir a prova de identidade, do próprio paciente, em caso

de ser maior de idade, ou de seu representante legal, no caso de menor ou interdito. Os

principais dados de prova de identidade deverão obrigatoriamente constar dos referidos

atestados.

Com relação à codificação no atestado do diagnóstico realizado, comumente

conhecido por CID (Código Internacional de Doenças), os médicos só poderão realizá-la em

três casos:

a) a pedido pelo próprio paciente ou seu representante legal, devendo a

concordância estar expressa no atestado;

b) justa causa; e

c) exercício de dever legal

Caso julgue necessário, o médico poderá valer-se de opiniões de outros profissionais

afetos à questão para exarar o seu atestado. É o caso de buscar o parecer de Psicólogos e

outros profissionais.

O atestado médico goza de presunção de veracidade. Em regra não pode ser

rejeitado, devendo ser acatado por quem de direito, salvo se houver divergência de

entendimento por médico da instituição ou por perito. Nesse sentido, a Resolução do CFM

nº10/1990 dispõe:

Atestado é o instrumento utilizado para se afirmar a veracidade de certo fato ou a existência de certa obrigação. É o documento destinado a produzir, com idoneidade uma certa manifestação do pensamento. Assim o atestado passado por um médico presta-se a consignar o quanto resultou do exame por ele feito em seu paciente, sua sanidade, e as suas conseqüências. É um documento que traduz, portanto, o ato médico praticado pelo profissional que reveste-se (sic) de todos os requisitos que lhe conferem validade, vale dizer, emana de profissional competente para a sua edição – médico habilitado – atesta a realidade da constatação por ele feita para as finalidades previstas em Lei, posto que o médico no exercício de sua profissão não deve abster-se de dizer a verdade sob pena de infringir dispositivos

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éticos, penais, etc. O atestado médico, portanto, não deve "a priori", ter sua validade recusada porquanto estarão sempre presentes no procedimento do médico que o forneceu a presunção de lisura e perícia técnica, exceto se for reconhecido favorecimento ou falsidade na sua elaboração, quando então, além da recusa, é acertado requisitar a instauração do competente inquérito policial e, também, a representação ao Conselho Regional de Medicina para instauração do indispensável procedimento administrativo disciplinar.

Infelizmente, mesmo sendo um instituto com garantia de fé pública que demonstra a

representação da realidade assistida, a análise cotidiana nos leva a constatação de certo

número de atestados médicos apresentados que podem ser questionados, por dissimulação do

próprio atestante, ou conduta viciada do beneficiário dissimulador e fraudulento.

Mas, não podemos esquecer que em todos os casos, atestante e beneficiário estarão

sempre envolvidos em responsabilidade conjunta e solidária, capaz de produzir efeitos

diversos tanto no campo ético-profissional, como no campo jurídico-social.

A concessão de atestados no mínimo graciosos podem estar relacionados a

irresponsabilidade de certos profissionais, ou a busca de, através desse valioso instrumento, a

criminosa obtenção de vantagens escusas. Esses fatos, difíceis de serem detectados e

provados, podem contribuir para a evasão do policial militar da atividade laborativa e,

conseqüentemente, gerar prejuízos a atividade fim, motivo pelo qual, procuramos trazer tal

tema ao debate.

2.4 ASPECTOS ÉTICOS, PENAIS E OUTRAS SITUAÇÕES DIVERSAS

Na identificação dos aspectos penais que reveste a matéria acerca dos atestados

médicos e das conseqüentes dispensas médicas, o conteúdo ético destes recebem maior

influência. Nesse sentido, a legislação aplicada, para valer-se de conteúdo penal, colhe

conceitos de outras disciplinas ou áreas do conhecimento, servindo-se de definições ali

obtidas como instrumento de tipificação da conduta penalmente reprovável. Portanto, a base

da própria reprovação penal é a base inicial para a análise do conteúdo da norma ética nela

inserida.

Como regra geral, temos o Código Internacional de Ética Médica, cujas disposições

visam preservar um dos pontos mais importantes da relação do médico com o paciente, qual

seja o de garantir que a conduta médica relate, sempre, a veracidade dos fatos constatados no

exame, qualquer que seja o procedimento executado ou a executar.

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De igual modo, o Código de Ética Médica Brasileiro segue a mesma linha de

disposições, como já delineamos.

Mas também podemos verificar que o Código Penal Brasileiro também tipifica

condutas criminosas relacionadas aos atestados médicos:

2.4.1 Segredo médico

Tratando da violação do segredo profissional, o Art. 154 do Código Penal descreve:

Violação do segredo profissionalArt. 154 - Revelar alguém, sem justa causa, segredo, de que tem ciência em razão de função, ministério, ofício ou profissão, e cuja revelação possa produzir dano a outrem:Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.

Nesse caso típico, revela-se o tema do segredo médico. Por segredo entende-se tudo

aquilo que é conhecido e não revelado. No campo médico, decorre o sigilo médico ou sigilo

do diagnóstico.

Assim, temos a norma penal que, juntamente com o Art. 102 do Código de Ética

Médica, proíbe o médico de revelar fato de que tenha conhecimento em virtude do exercício

de sua profissão, salvo por justa causa, dever legal ou autorização expressa do paciente.

Do mesmo modo, o Art. 105 do Código de Ética Médica diz que é ainda vedado ao

médico revelar informações obtidas quando do exame médico de trabalhadores, inclusive por

exigência dos dirigentes de empresas ou instituições, salvo se o silêncio puser em risco a

saúde dos empregados ou da comunidade.

Essa proibição objetiva evitar que, em certos casos, em se revelando ao público o

diagnóstico realizado, possa acarretar prejuízos morais irreparáveis ao paciente. É o caso do

diagnóstico de AIDS, ou de disfunção sexual ou outra que traga desconforto ao paciente, caso

revelado. Por vezes, a revelação do diagnóstico pode servir de instrumento para provocar a

ridicularização entre os colegas de trabalhos, a exemplo da perfuração do escroto de vítima de

projétil de arma de fogo, motivo pelo qual é expressamente proibida sem o consentimento do

paciente ou determinação legal.

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2.4.2 Notificação compulsória

O Código Penal também trata de criminalizar a conduta dos médicos, quanto a não

observância da notificação compulsória de doença, a saber:

Omissão de notificação de doençaArt. 269 - Deixar o médico de denunciar à autoridade pública doença cuja notificação é compulsória:Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

Em alguns casos, o médico é obrigado a notificar a ocorrência de determinadas

doenças, sem que esteja praticando a infração ético-penal descrita no art. 154 acima citado.

São os casos de notificação compulsória previstas no Decreto nº 49.974-A, de 21 de janeiro

de 1961. Estabelece o Art. 9º quais os casos de doenças que, confirmadas ou suspeitas, são

objeto de notificação compulsória, estabelecendo o prazo de 24 horas para sua notificação. A

relação de doenças de notificação compulsória pode ser alterada quando necessário, por

solicitação das autoridades sanitárias competentes, ouvido o Conselho Nacional de Saúde.

2.4.3 Atestado médico falso

Sobre falsidade de atestados médicos, o CP trata nos Arts. 297 e 302:

Falsificação de documento públicoArt. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público verdadeiro:Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.

Falsidade de atestado médicoArt. 302 - Dar o médico, no exercício da sua profissão, atestado falso:Pena - detenção, de um mês a um ano.Parágrafo único - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa.

O Art. 302 do Código Penal trata da falsidade de atestado médico exercida pelo

próprio médico, enquanto o Art. 297 corresponde à prática de pessoa, não médico, que

falsifica documento público, podendo ser atestado médico.

A prática comum nos leva a reconhecer que, em geral, os gestores de pessoal militar,

em algum momento de sua vida profissional, já tenham se deparado com a situação da

apresentação de atestado médico cujo conteúdo foi questionado como falso. Os médicos

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também estão passíveis de serem assediados por amigos, pacientes ou familiares, em busca de

“atestados de doença” por via do qual pretendem livrar-se de embaraços administrativos,

como a ausência para o serviço ou o prolongamento do final de semana até a segunda-feira.

Em geral, os aliciadores manifestam que todo mundo faz isso, que não há prejuízo para o

médico, que ninguém vai saber etc.

PANASCO apud COSTA [S.d.], comenta:

"o médico seguro das suas funções, responsável por suas deliberações civis, penais ou administrativas, encarregado de averiguações periciais da formulação de atestados de óbitos, de retratar o instante orgânico para as diferentes necessidades requeridas, não pode, por simples condição graciosa ou em busca de valores pecuniários, se imbuir por tais pensamentos. Tanto o atestado gracioso, quanto o de efeito lucrativo se miscigenam na mesma hierarquia ética e não merecem apelo, senão a inconformidade da justiça".

Caso o médico em função pericial levante indício de falsidade no atestado, este se

obriga a representar o fato junto ao Conselho Regional de Medicina de sua jurisdição.

Reiterando, em nenhuma hipótese poderá o médico, em descumprimento as suas

obrigações e sob o manto de irresponsabilidade ético-profissional, a qualquer preço ou sob

qualquer argumento, atestar fato de natureza irreal, sob pena de sofrer das sanções civis,

penais ou administrativas.

2.4.4 Validade de atestado psicológico

Já citamos que o Conselho Federal de Medicina estabelece que o fornecimento de

atestado médico é de responsabilidade profissional de médicos e de odontólogos. Entretanto,

convém que citemos que o Conselho Federal de Psicologia, através do artigo 4º da Resolução

CFP nº 15/1996, estabelece que o atestado médico fornecido por psicólogo será válido para

fins de justificativa de falta ao trabalho. Entretanto, esse tema ainda é bastante discutido e não

.

2.4.5 Atestado de comparecimento

E quando o profissional, ao comparecer a visita médica e, embora não tenha a

necessidade de afastamento do trabalho por motivo de saúde, dele tenha se afastado,

solicitando ao médico ou ao serviço social que ateste tal situação.

Nesse caso, a Drª Marcela Gama Jorge [S.d.] em artigo publicado na internet sobre

atestado médico, ressalta que a declaração de comparecimento do paciente aos serviços

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40

médicos, públicos ou privados, não é atestado, sendo mera informação do comparecimento do

paciente ou responsável à consulta naquele dia. Para isso, deve conter a expressão

"Declaração" e iniciar dizendo "Declaro, a pedido da parte interessada, que...".

Alguns médicos ao datar a declaração colocam também o intervalo horário do

atendimento ou expressões como "nesta manhã", "nesta tarde", etc.

2.4.6 Atestado médico para acompanhantes

Há também casos em que o profissional, por ter acompanhado pessoa que

necessitou de cuidados médicos e, por esse motivo, teve que ausentar-se do serviço naquele

período, solicita ao médico assistente que lhe forneça um atestado de afastamento do serviço

por tal motivo, o que, segundo a legislação, não existe previsão na legislação, embora seja

comum a sua expedição. Constitui-se, pois, faculdade do gestor de pessoal a sua aceitação, e

do médico, a sua emissão, não existe em obrigação legal a sua aceitação. Fica ao critério e

bom senso do gestor de pessoal.

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41

3 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS COLETADOS

Neste capítulo são apresentadas as discussões acerca dos resultados obtidos na coleta

de dados da pesquisa aplicada, permeada pela base teórica desenvolvida no estudo.

Na primeira parte, reproduzimos as considerações apresentadas pelos gestores da

saúde da Polícia Militar de Alagoas, traduzidas das entrevistas semi-estruturadas realizadas

com os gestores da Diretoria de Saúde, e membros da Junta Militar de Saúde, conforme o

roteiro constante do Apêndice B, na busca de esclarecimento acerca dos procedimentos

adotados na Corporação relacionados às concessões de dispensas médicas de policiais

militares.

Na segunda parte, descrevemos as discussões acerca das considerações dos gestores

de pessoal, obtidas a partir da realização de uma pesquisa de caráter exploratório, levando-se

em conta o problema proposto e procurando o conhecimento de sua dimensão.

3.1 AS CONSIDERAÇÕES DOS GESTORES DE SAÚDE

Nessa parte, trataremos de transcrever, na medida do possível, as inferências obtidas

nas entrevistas realizadas junto aos gestores de saúde.

Quanto à existência na PMAL de norma escrita (Lei, Decreto, Diretriz, Portaria,

NGA ou outra) que regulamenta e padroniza os atos necessários à concessão de dispensas

médicas de policiais militares, foi alegado que são cumpridos os requisitos da legislação

federal pertinente a matéria e as normas dos Conselhos Federal e Regional de Medicina, estão

ainda de conformidade com as regras incertas no Regimento Interno das Juntas Policiais

Militares de Saúde – RIJPMS –, embora ainda consideramos estar este revogado conforme já

explicitado no Capítulo 2.

Sobre o RIJPMS, sabemos que ele trata de conceituar as perícias médicas, o público

alvo, os casos de suas realizações, a organização funcional e a competência das Juntas de

Inspeção de Saúde, a organização administrativa, os trabalhos, funcionamento, critérios para

se atestar a incapacidade, etc. Vejamos o que diz o Art. 1º:

Art. 1º As inspeções de saúde constituem perícias médicas ou médico legais de interesse da Polícia Militar de Alagoas, mandadas executar pelo Comandante Geral ou realizadas “ex-offício”, com a finalidade de verificar o estado de saúde físico e mental de policiais militares, pensionistas e dependentes e civis enquadrados nos casos abaixo:1) Convocados, voluntários e candidatos para ingresso no serviço ativo.

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2) Os policiais militares para permanência no serviço ativo, promoção, licenças, licenciamentos, transferência para a reserva, reforma, exclusão, reversão, matrícula em cursos, melhoria de reforma e reajustamento de proventos.3) Os policiais militares amparados pelo Estado, por motivo de acidente em serviço ou instrução ou moléstia contraída nessa situação.4) Dependentes qualificados, para atendimento de exigências regulamentares e outros amparos legais.5) Arrolados em processo de justiça civil e militar, por solicitação da autoridade competente.6) Policiais militares e seus dependentes legais, em situações não compreendidas nos itens anteriores, para cumprimento do que dispõe o Decreto nº 35021, de 22 de agosto de 1991.

Acerca dos procedimentos adotados pela Diretoria de Saúde quanto à concessão de

dispensas médicas, alegam que, quando um policial militar apresenta problemas de saúde, ele

tem duas opções: ser atendido por um dos médicos militares do Quadro de Oficiais de Saúde

(QOS), em atendimento no Centro Médico Hospitalar da Polícia Militar de Alagoas; ou ser

atendido por qualquer outro médico ou cirurgião-dentista da rede pública ou da rede privada,

através dos planos de saúde.

Em ambos os casos, o médico deve fazer a melhor avaliação no sentido de identificar

o problema médico apresentado pelo paciente e, em sendo necessário o afastamento do

serviço para que o paciente possa restabelecer a saúde, deve o profissional atestá-la, passando

o militar a gozar da dispensa médica.

Mas vários problemas foram apresentados, bem como o relato que, para a adequação

dos procedimentos, são estabelecidas algumas situações que, não existindo norma escrita, são

convencionais entre os médicos no trato das dispensas médicas.

Em sendo atendido por médico civil não pertencente aos quadros da PMAL, embora

não existindo na legislação prazo para apresentação da dispensa médica, é convencionado o

prazo de 48h (quarenta e oito horas) para o militar comparecer ao Centro Médico Hospitalar a

fim de homologar13 o atestado médico. As homologações devem ser realizadas pela Junta

Médica da Corporação, que funciona ordinariamente de segunda a sexta-feira, das 7 às

11h00min, e extraordinariamente, as quartas e quintas-feiras.

Foram levantados alguns problemas e situações pelos gestores de saúde. Um deles

consiste que, em sendo regra que a dispensa médica deve ser atestada pela Junta Médica, isso

não ocorre de fato. Em virtude da grande quantidade e do pouco número de médicos, ela pode

ser atestada em até 15 (quinze) dias por qualquer outro médico que atender o militar, sem que

13 Homologar, significa que o atestado exarado por médico civil deve passar pela verificação de um médico militar para a sua avaliação.

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seja necessário passar pela Junta Médica. Acima dessa quantidade, obrigatoriamente deve o

paciente ser submetido à inspeção de saúde pela Junta Médica.

Outro problema levantado reside na situação de atestados médicos de militares

oriundos de unidades do interior do Estado. Não tendo médicos militares em boa parte das

unidades do interior do Estado, o militar deve valer-se do atendimento médico local, público

ou particular, as suas expensas. Em decorrência da distância, nem sempre eles podem ser

homologados no prazo de regra de 48h (quarenta e oito horas), sendo trazido posteriormente,

o que dificulta a avaliação do médico militar para atestar ou não a sua veracidade. Nesses

casos, foi dado um prazo em regras gerais de 72h (setenta e duas horas).

Em tendo caráter de fidelidade, o médico militar nada pode fazer, a não ser

homologá-lo, mesmo que disso decorra ter passado um grande tempo do momento da

avaliação e atestação da dispensa.

Por vezes, os atestados médicos de militares oriundos de unidades do interior do

Estado são trazidos não pelos pacientes, mas sim pelos estafetas14 das unidades, que, de

tempos em tempos, fazem a juntada dos atestados médicos apresentados pelos militares da

unidade, que passaram pela avaliação do gestor de pessoal daquela unidade, já tendo os

militares gozado da referida dispensa, faltando apenas que seja homologada por médico

militar.

Quanto à forma do documento dispensa médica, a PMAL dispõe de modelo próprio,

conforme se pode verificar no Anexo A. Nela, o médico militar atesta estar encaminhando a

OPM originária o militar por ele assistido, dando o diagnóstico. Se for caso de dispensa

médica, pode ser atestada a necessidade de dispensa na OPM, dispensa em residência,

dispensa com restrições, LTS ou outras.

Dispensa em OPM, significa que o militar dispensado deve cumpri-la adstrito à

unidade ao qual serve, ao contrário da dispensa em residência, que, conforme o nome já

traduz, significa que há a necessidade de afastamento total do serviço.

Dispensa com restrições, significa que o militar não está totalmente impossibilitado

de exercer suas atividades. Nesse caso, o médico deve atestar qual ou quais as restrições.

LTS, ou Licença para Tratamento de Saúde, significa que o militar necessita de

maiores cuidados, sendo dispensado e afastado totalmente do serviço, de acordo com o Art.

101 do EPMAL já mencionado no capítulo anterior.

A Diretoria de Saúde atesta que a baixa ao hospital não pode ser realizada em virtude

da falta de leitos necessários para tal atendimento, motivo pelo qual os gestores de pessoal

14 Estafeta é o militar responsável por encaminhar as documentações da unidade.

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alegam ser a causa do alto número de dispensas médicas em residência, se comparadas com as

em OPM.

Contrariando a forma realizada, o RISG descreve que a convalescença, a critério do

Comandante da Unidade e mediante parecer do médico, poderá ser gozada no interior do

quartel ou na residência do interessado, não devendo, neste caso, ultrapassar o prazo máximo

de oito dias. A regra da PMAL é de até 15 (quinze) dias, sem a necessidade de inspeção de

saúde pela Junta Médica.

Nos casos de inspeção de saúde pela Junta Médica, está deve ser descrita em ata,

conforme modelo próprio constante do Anexo B.

Quanto ao questionamento sobre a comunicação entre a Diretoria de Saúde,

considerando ser competente para a gestão de saúde, e a Diretoria de Pessoal, por ser

competente para o controle de pessoal, especificamente quanto ao controle de dispensas

médicas, alegam não existir formalmente comunicação, embora que, mesmo assim, a DS

publica mensalmente em Boletim Geral Ostensivo a quantidade de dispensas médicas

exaradas e/ou homologadas, sendo esta forma de controle, conforme também foi questionado

na entrevista.

Também foi respondido que não há, em geral, conflito entre os gestores de pessoal

(Chefes e Comandantes) e os médicos militares, embora haja casos isolados de Comandantes

que, por desconhecimento, divergem acerca dos atos executados nas concessões de dispensas

médicas, como também há casos em que o próprio comandante impede o paciente de gozar da

dispensa médica a que faz jus. Nesse caso, deve ser esclarecido que tal atitude contraria a

norma legal, sendo passível de punição nos limites da legislação aplicada a matéria.

Quanto à necessidade de criação de uma norma escrita que padroniza os atos

necessários à concessão de dispensas médicas, alegam que, mesmo tendo o Regimento

Interno para a Junta Policial Militar de Saúde, ao qual repetimos considerá-la revogada,

reconhecem que há a necessidade de normatização destes procedimentos, atualizando-os as

normas vigentes, confirmando um dos objetivos deste trabalho.

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3.2 AS CONSIDERAÇÕES DOS GESTORES DE PESSOAL

3.2.1 Generalidades

Para identificarmos as considerações dos gestores de pessoal, foram aplicados,

pessoalmente e através de correio eletrônico (e-mail), 20 (vinte) questionários, dentre as

Unidades Operacionais da Corporação, sendo 10 (dez) da Capital e 10 (dez) do Interior do

Estado. O público alvo foram os Oficiais que desempenham as funções de gestores de

pessoal, ou seja, Comandantes de Unidades operacionais de policiamento de área, os

responsáveis pela primeira resposta à ocorrência.

Pelo método hipotético dedutivo e sob o enfoque quantitativo, foram analisados os

dados obtidos a respeito dos seguintes quesitos:

Grau de conhecimento acerca dos procedimentos legais relativos à concessão

de dispensas médicas;

Grau de conhecimento acerca da existência de norma escrita que regulamenta a

concessão de dispensas médicas na Polícia Militar;

Periodicidade do número de dispensas médicas concedidas nas OPMs sob o

comando dos entrevistados;

Grau de concordância quanto aos prejuízos à atividade-fim causados pelos

procedimentos adotados na concessão de dispensas médicas;

Grau de avaliação quanto ao conteúdo do formulário de dispensa médica

concedida aos policiais militares;

Existência de conflitos entre os gestores de pessoal (Comandante/Chefe) e os

médicos militares quanto aos procedimentos adotados nas concessões de dispensas médicas;

Escala de observação de concessão de dispensas médicas que não condizem

com a realidade;

Alternativa que melhor representa a situação que em geral, você adota quando

lhe são apresentadas dispensas médicas de policiais militares sob seu comando;

Opinião quanto a hipótese do Gestor de Pessoal ter autoridade para restringir

ou modificar o conteúdo descrito nas dispensas médicas;

Opinião quanto à importância da realização de novos estudos que proponham

mudanças nos procedimentos relativos às concessões de dispensas médicas;

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3.2.2 Resultados da coleta de dados obtida através do questionário aplicado

Tabela 2 – Grau de conhecimento dos entrevistados acerca dos procedimentos legais relativos à concessão de dispensas médicas –

Alagoas – 2008

Grau de conhecimento Quantidade %

Totalmente suficiente 2 10

Suficiente 4 20

Insuficiente 12 60

Totalmente insuficiente 2 10

TOTAL 20 100%

Fonte: Os autores/2008.

Totalmente su-ficiente

Suficiente Insuficiente Totalmente insuficiente

0

5

10

15

20

10%20%

60%

10%

Gráfico 2 – Grau de conhecimento dos entrevistados acerca dos procedimentos legais relativos à concessão de dispensas médicas –

Alagoas – 2008

Fonte: Os autores / 2008.

Quanto ao conhecimento dos procedimentos relativos à concessão de dispensas

médicas, a análise do Gráfico 2 exprime que dos entrevistados, apenas 10% responderam estar

totalmente suficientes ou seguros quanto aos seus próprios conhecimentos, tendo 20%

respondido estarem suficientes. Um número relativamente alto, 60% dos entrevistados

afirmaram ter um conhecimento insuficiente sobre o tema, enquanto 10% afirmaram ser

totalmente insuficiente o conhecimento. Isso demonstra que uma expressiva parcela dos

gestores de pessoal não se sentem seguros quanto aos procedimentos legais a serem tomados

na concessão de dispensas médicas, o que pode levar, por vezes a atos que contrariam as

normas por desconhecimento, embora não os eximam de responsabilidade em virtude da

função que .

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Tabela 3 – Grau de conhecimento dos entrevistados acerca da existência de norma escrita que regulamenta à concessão de dispensas médicas na

Polícia Militar – Alagoas – 2008

Grau de Conhecimento Quantidade %

Sim 4 20%

Não 6 30%

Não tenho conhecimento 10 50%

TOTAL 20 100%

Fonte: Os autores/2008.

.

20%

30%

50%

Gráfico 3 – Grau de conhecimento dos entrevistados acerca da existência de norma escrita que regulamenta à concessão de

dispensas médicas na Polícia Militar – Alagoas – 2008

Sim

Não

Não tem conhecimento

Fonte: os autores / 2008.

Quanto à existência de norma interna escrita que regulamenta a concessão de

dispensas médicas, as respostas insertas no Gráfico 3 também corroboram com a hipótese

preliminar levantada de não existência. Assim, apenas 20% dos entrevistados afirmaram sim

existir, 30% afirmaram não existir, enquanto que 50% afirmaram não ter conhecimento se

existe ou não. O desconhecimento é bastante alto, o que carece de esclarecimentos da

Corporação. Conforme já citado nos capítulos anteriores, existe além do próprio Estatuto da

PMAL o RIJPMS, embora entendemos estar revogado.

Page 49: A concessão de dispensas médicas na PMAL. considerações e proposta de ordenamento.Thayronilson Emery

48

Tabela 4 –Periodicidade do número de dispensas médicas concedidas nas OPMs sob o comando dos entrevistados – Alagoas – 2008

Periodicidade Quantidade %

Diariamente 2 10%

Semanalmente 4 20%

Mensalmente 10 50%

Raramente 4 20%

TOTAL 20 100%

Fonte: Os autores/2008.

10%

20%

50%

20%

Gráfico 4 – Periodicidade do número de dispensas médicas concedidas nas OPMs sob o comando dos entrevistados – Alagoas –

2008

Diariamente

Semanalmente

Mensalmente

Raramente

Fonte: os autores / 2008.

Quanto ao controle do número de dispensas médicas concedidas a policiais militares

das OPM sob comando dos entrevistados, os resultados demonstrados pelo Gráfico 4 podem

ser considerados bastante positivos. Dos entrevistados, 10% responderam que realizam

diariamente, 20% semanalmente, 50% mensalmente e 20% raramente. Embora constando das

alternativas, nenhum gestor considerou não realizar o controle. A análise em conjunto,

demonstra que 100% dos entrevistados realizam controle do número de dispensas médicas.

Tal fato pode estar relacionado a tentativa dos gestores de evitar os reflexos dos números de

dispensas médicas na atividade fim de suas unidades

Page 50: A concessão de dispensas médicas na PMAL. considerações e proposta de ordenamento.Thayronilson Emery

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Tabela 5 – Grau de concordância dos entrevistados quanto aos prejuízos à atividade-fim causados pelos procedimentos adotados na concessão de

dispensas médicas – Alagoas – 2008

Grau de concordância Quantidade %

Concordo totalmente 3 15%

Concordo 12 60%

Discordo 3 15%

Discordo totalmente 2 10%

TOTAL 20 100%

Fonte: Os autores/2008.

Concordo totalmente Concordo Discordo Discordo totalmente0

5

10

15

20

15%

60%

15%10%

Gráfico 5 – Grau de concordância dos entrevistados quanto aos prejuízos à atividade-fim causados pelos procedimentos adotados

na concessão de dispensas médicas – Alagoas – 2008

Fonte: os autores / 2008.

Analisando-se o Gráfico 5, podemos observar o grau de concordância dos

entrevistados quanto aos prejuízos por eles considerados à atividade-fim, causados pelos

procedimentos adotados na concessão de dispensas médicas. Assim, 15% afirmam concordar

totalmente, 60% apenas concordam, 15% discordam e 10% discordam totalmente.

O elevado índice de concordância, cerca de 75%, decorre da própria experiência dos

gestores em reconhecer que os procedimentos atualmente adotados pela Corporação na

concessão de dispensas médicas acarretam em prejuízos a atividade-fim das unidades, que é o

policiamento preventivo ostensivo.

Em confronto com as considerações dos gestores de saúde através das entrevistas

realizadas, esse ponto parece estar em consonância, embora os gestores de saúde não

considerem como sendo a única causa.

Page 51: A concessão de dispensas médicas na PMAL. considerações e proposta de ordenamento.Thayronilson Emery

50

Tabela 6 – Grau de avaliação quanto ao conteúdo do formulário de dispensa médica concedida aos policiais militares – Alagoas – 2008

Avaliação Quantidade %

Esclarecedor 3 15%

Pouco esclarecedor 15 75%

Nada esclarecedor 2 10%

TOTAL 20 100%

Fonte: Os autores/2008.

15%

75%

10%

Gráfico 6 – Grau de avaliação quanto ao conteúdo do formulário de dispensa médica concedida aos policiais militares – Alagoas –

2008

Esclarecedor

Pouco esclarecedor

Nada esclarecedor

Fonte: os autores / 2008.

A análise do Gráfico 6 revela que a grande parcela dos entrevistados, ou 75% afirma

que o conteúdo do formulário de dispensa médica concedida aos policiais militares é

considerado pouco esclarecedor, enquanto 15% e 10% afirmaram ser esclarecedor ou

totalmente esclarecedor, respectivamente. 10% ainda afirma que o conteúdo é nada

esclarecedor.

Portanto, consideramos que, aos olhos dos gestores de pessoal, o fato do conteúdo do

atestado médico não esclarecer totalmente o motivo pelo qual o portador tem que ser

dispensado, leva a desconfiança sobre a sua veracidade, quando confrontado com o perfil

demonstrado do militar ora dispensado. Cada gestor já tem um perfil definido de seus

subordinados, e, em diversos casos, procuram utilizar dessa cognição para a concessão ou não

de alguns expedientes.

Entretanto, relembramos que o atestado médico carrega presunção de veracidade

legal, não podendo ser reduzido sua capacidade por simples cognição, sem que haja provas

periciais de sua ilegitimidade.

Tabela 7 – Existência de conflitos entre os gestores de pessoal

Page 52: A concessão de dispensas médicas na PMAL. considerações e proposta de ordenamento.Thayronilson Emery

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(Comandante/Chefe) e os médicos militares quanto aos procedimentos adotados nas concessões de dispensas médicas – Alagoas/2008

Respostas Quantidade %

Sim 11 55%

Não 3 15%

Não tenho conhecimento 6 30%

TOTAL 20 100%

Fonte: Os autores/2008.

.

55%15%

30%

Gráfico 7 – Existência de conflitos entre os gestores de pessoal (Comandante/Chefe) e os médicos militares quanto aos

procedimentos adotados nas concessões de dispensas médicas – Alagoas/2008

Sim

Não

Não tenho conhecimento

Fonte: os autores / 2008.

Contrariando o que foi alegado pelos gestores de saúde, ao ser questionado aos

gestores de pessoal acerca da existência de conflitos entre estes, no caso Comandantes ou

Chefes, e os médicos militares, quanto aos procedimentos adotados nas concessões de

dispensas médicas, a análise do Gráfico 7 revela que 55% dos entrevistados afirmaram que há

sim conflitos, enquanto que 15% afirmaram não e 30% afirmaram não ter conhecimento desse

fatos.

Entendemos que esses conflitos são gerados, por vezes, por decorrência do

desconhecimento dos gestores de pessoal quanto aos procedimentos legais necessários às

concessões de dispensas médicas, se passarmos a analisar os resultados nos gráficos 2 e 3 já

comentados.

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Tabela 8 – Freqüência de observação de concessão de dispensas médicas que não condizem com a realidade – Alagoas/2008

Escala Quantidade %

Quase sempre 7 35%

Raramente 11 55%

Nunca 2 10%

TOTAL 20 100%

Fonte: Os autores/2008.

Sempre Quase sempre Raramente Nunca02468

101214161820

35%

55%

10%

Gráfico 8 – freqüência de observação de concessão de dispensas médicas que não condizem com a realidade – Alagoas/2008

Fonte: os autores / 2008.

A experiência comum nos leva a reconhecer que, em algum momento, nos

deparamos com a ocorrência de apresentação de atestados médicos que não condizem com a

realidade, ao que conhecemos como atestados falsos.

Da análise do Gráfico 8, verificamos que 35% responderam que sempre é freqüente a

apresentação, enquanto que 55% afirma que quase sempre e 10% que raramente. Nenhum

entrevistado chegou a afirmar que nunca tenha observado, o que concluirmos que, embora não

seja regra comum, há sim evidências de tais ocorrências e, por essa razão, torna-se necessária

a adoção de procedimentos que auxiliem o gestor de pessoal ao se depararem com tal

situação.

Page 54: A concessão de dispensas médicas na PMAL. considerações e proposta de ordenamento.Thayronilson Emery

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Tabela 9 – Alternativa que melhor representa a situação que em geral, você adota quando lhe são apresentadas dispensas médicas de policiais militares sob seu comando

– Alagoas/2008

Alternativas Quantidade %

Confia e concede a dispensa 6 30%

Confia, mas não concede a dispensa 2 10%

Desconfia, mas concede a dispensa 12 60%

TOTAL 20 100%

Fonte: Os autores/2008.

0

5

10

15

20

30%

10%

60%

Gráfico 9 – Alternativa que melhor representa a situação que em geral, você adota quando lhe são apresentadas dispensas médicas

de policiais militares sob seu comando - Alagoas/2008

Fonte: os autores / 2008.

O Gráfico 9 demonstra qual a real atitude dos gestores de pessoal quando se deparam

com a situação de policial militar que apresentam dispensas médicas. Nesse caso, 30% dos

entrevistados afirmaram que confiam no conteúdo do atestado e concedem tal dispensa; 10%

afirma que, mesmo confiando, não concedem a dispensa, talvez por considerar que tal

dispensa prejudicará as atividades de sua Unidade; a grande maioria, ou 60% dos

entrevistados, afirma que, embora desconfiando do conteúdo, mesmo assim concedem a

dispensa, em geral, por estarem cumprindo as normas. Nenhum entrevistado ousou afirmar

que desconfiam e não concedem a dispensa, embora a prática comum já nos tenha mostrado a

ocorrência de fatos em que Comandantes de Unidades tenham sim negado a concessão de

dispensa médica a policial militar por desconfiar da veracidade do atestado médico

apresentado, o que caracteriza profunda ilegalidade administrativa, com tipificação também

penal.

Tabela 10 – Opinião dos entrevistados quanto a hipótese do Gestor de Pessoal ter autoridade para restringir ou modificar o conteúdo descrito nas

Page 55: A concessão de dispensas médicas na PMAL. considerações e proposta de ordenamento.Thayronilson Emery

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dispensas médicas – Alagoas/2008

Grau de concordância Quantidade %

Concordo totalmente 1 5%

Concordo 3 15%

Discordo 11 55%

Discordo totalmente 5 25%

TOTAL 20 100%

Fonte: Os autores/2008.

.

5% 15%

55%

25%

Gráfico 10 – Opinião dos entrevistados quanto a hipótese do Gestor de Pessoal ter autoridade para restringir ou modificar o

conteúdo descrito nas dispensas médicas - Alagoas/2008

Concordo totalmente

Concordo

Discordo

Discordo totalmente

Fonte: os autores / 2008.

Ao serem questionados sobre a hipótese do gestor de pessoal passar a ter autoridade

para restringir ou modificar o conteúdo descrito nas dispensas médicas, o Gráfico 10 reflete

que apenas 5% concorda totalmente e que 15% concorda, o que demonstra que existe a

intenção dos gestores de pessoal em controlar as concessões. Ainda vemos que 55% discorda

e 25% discorda totalmente.

A hipótese de que caberia ao gestor de pessoal, através de sua autoridade, restringir

ou modificar o conteúdo descrito nas dispensas médicas que forem apresentadas por seus

subordinados, ainda que pareça ser uma forma de controle administrativo, deve ser

considerada carregada de profunda ilegalidade. Seria o mesmo que voltar ao passado em que

os trabalhadores não gozavam de mínimos direitos, tampouco que os profissionais, sobretudo

os da área de saúde, não dispunham de organização, atribuições e prerrogativas funcionais

pré-definidas.

Tabela 11 – Opinião dos entrevistados quanto à importância da realização de novos estudos que proponham mudanças nos procedimentos relativos às

concessões de dispensas médicas – Alagoas/2008

Page 56: A concessão de dispensas médicas na PMAL. considerações e proposta de ordenamento.Thayronilson Emery

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Grau de concordância Quantidade %

Extremamente importante 1 5%

Muito importante 17 85%

Pouco importante 2 10%

TOTAL 20 100%

Fonte: Os autores/2008.

0

5

10

15

20

5%

85%

10%

Gráfico 11 – Opinião dos entrevistados quanto a importância da realização de novos estudos que proponham mudanças nos procedimentos relativos às concessões de dispensas médicas

Fonte: os autores / 2008.

Por fim, o Gráfico 11 revela a opinião dos entrevistados quanto à importância da

realização de novos estudos que proponham mudanças nos procedimentos relativos às

concessões de dispensas médicas: 5% reconhecem ser extremamente importante, 85% muito

importante e 10% pouco importante. Em todos os casos a importância foi considerada, já que

nenhum entrevistado afirmou não ter importância. Corrobora com as considerações dos

gestores de saúde e com os objetivos deste trabalho.

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56

4 OS REFLEXOS DAS CONCESSÕES DE DISPENSAS MÉDICAS

A Diretoria de Saúde, mensalmente, publica em Boletim Geral Ostensivo, o

demonstrativo das dispensas médicas realizadas no Setor Médico do Centro Médico

Hospitalar, nas modalidades de dispensa em residência e dispensa em OPM. A pesquisa nos

demonstrativos publicados pela DS no período de Janeiro à Novembro de 2008, no levou a

obtenção dos seguintes dados:

Tabela 12 – Quadro demonstrativo do número de dispensas medicas, por modalidade, realizadas no CMH/PMAL, no período de Janeiro à

Novembro de 2008

Modalidade Quantidade %

Dispensa em residência 913 94%

Dispensa em OPM 60 6%

TOTAL 973 100%

Fonte: Publicações da DS em BGO/2008.

Dispensa em residência Dispensa em OPM0

200

400

600

800

1000 913

60

Gráfico 12 – Quadro demonstrativo do número de dispensas medicas, por modalidade, realizadas no CMH/PMAL, no período

de Janeiro à Novembro de 2008

Fonte: Publicações da DS em BGO/2008.

94%

6%

Podemos considerar da análise do Gráfico 12, que o número de dispensas médicas

em residência é alto, sendo 913 casos ou cerca de 60% do total das dispensas, enquanto que as

dispensas em companhia correspondem a apenas 60 casos, ou cerca de 6% do total.

Esses dados, por si só, confirmam categoricamente que os procedimentos adotados

na concessão de dispensas médicas na Corporação, refletem em prejuízos à atividade-fim das

Unidades, considerando o alto número de dispensas médicas exaradas.

Page 58: A concessão de dispensas médicas na PMAL. considerações e proposta de ordenamento.Thayronilson Emery

57

Ainda na tentativa de identificarmos os reflexos das dispensas médicas concedidas

aos policiais militares em uma unidade operacional, tomarmos o Batalhão de Polícia de Rádio

Patrulha (BPRp) como unidade modelo para a realização de um estudo de situação.

78%

6%7%

9% 1%

Gráfico 13 - Diagnóstico do afastamento de policiais militares do BPRp/PMAL, no período de Janeiro à Outubro de 2008

Dispensa em residência

Com restrições

LTS

Dispensa em OPM

LTSPF

Fonte: P/3 - BPRp/2008

Na análise do levantamento de dispensas médicas apresentadas no período de janeiro

a outubro de 2008, o Gráfico 13 demonstra que cerca de 78% das dispensas apresentadas são

em residência, enquanto que 9% são em OPM. Isso pode ser entendido em decorrência do

batalhão não ter condições estruturais de atender aos policiais militares que necessitam de

cuidados de saúde. Ainda temos 5% com restrições (situações que limitam a atividade do

policial militar); 7% são LTS (licenças com maior gravidade), e 1% de licenças para

tratamento de saúde de pessoa da família.

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58

Tabela 13 – Número de afastamentos de policiais militares do BPRp/PMAL, em virtude de dispensa médica, por modalidade, em relação ás graduações, no período de Janeiro a Outubro de 2008

ModalidadesGraduação

TotalSoldado Cabo Sargento

Dispensa em residência 391 46 45 482

Com restrições 20 8 7 35

LTS 32 5 6 43

Dispensa em OPM 37 10 7 54

LTSPF 4 0 1 5

TOTAL 484 69 66 619

Fonte: P/3-BPRp/2008.

A análise da Tabela 13 traduz que um elevado número, cerca de 619 policiais

militares, dentre sargentos, cabos e soldados, apresentaram dispensas médicas no período de

janeiro à outubro de 2008.

Fazendo-se uma análise dos meses – são 10, de janeiro à outubro – temos em média

cerca de 62 policiais militares por mês afastados de suas atividades normais em decorrência

da apresentação de dispensas médicas.

Considerando ter o BPRp um efetivo existente de 246 policiais militares, e supondo

que todos desempenhem a atividade-fim, por ser batalhão de recobrimento de área, temos uma

evasão mensal de cerca de 25% do efetivo normal disponível.

É um grave prejuízo causado a operacionalidade da unidade que, somados a outros

problemas, a exemplo de policiais militares à disposição, de férias etc, inviabiliza a adoção de

Page 60: A concessão de dispensas médicas na PMAL. considerações e proposta de ordenamento.Thayronilson Emery

59

medidas eficazes no combate a prevenção à criminalidade, refletindo na redução da segurança

dispensada à comunidade.

Entretanto, o batalhão para realizar suas missões em vista das dificuldades

apresentadas, precisa adotar mecanismos de minimizar os efeitos causados à população. Uma

delas é a redução da folga dispensada aos policiais militares, o que passa a refletir em

prejuízos ao próprio policial militar, tendo os remanescentes que recobrir o espaço deixado

pelos ausentes.

Há uma clara e evidente necessidade de que a Corporação, de imediato, promova

profundos debates e estudos com vistas a identificar os reais motivos pelos quais ocorre o

elevado índice de dispensas médicas

Page 61: A concessão de dispensas médicas na PMAL. considerações e proposta de ordenamento.Thayronilson Emery

60

CONCLUSÃO

O servidor militar, desde seu ingresso na Corporação, tem a vida regulada legalmente

em todos seus momentos, e até após sua morte, pois normalmente deixa a família ainda

vinculada para fins de assistência e benefícios.

Só com muita dedicação é possível conhecer toda legislação existente, por ser

esparsa, de assuntos vários, criada cada uma em data diferente, com alterações que exigem a

combinação de umas com outras. Isto requer e exige um esforço estratégico da Corporação.

Com o intuito de apresentarmos uma reflexão final sobre o trabalho apresentado,

passamos a relatar as conclusões sobre a estrutura proposta.

Quanto a hipótese preliminar levantada, de que há a ausência de norma interna que

normatiza e padroniza os procedimentos relativos às concessões de dispensas médicas, essa

está parcialmente respondida negativamente, por terem os gestores de saúde apresentado

como referência a Portaria nº 363/93-PM/1, de 18 de outubro de 1993, que aprovou o

Regimento Interno para a Junta Policial Militar de Saúde (RIJPMS), embora consideramos

estar revogada.

Quanto as considerações dos gestores de saúde, estes afirmam realizar os atos em

cumprimento as normas federais e ao próprio regimento interno, embora considerem que em

determinadas situações, convencionam procedimentos não especificados em normas, com o

objetivo de minimizar os problemas burocráticos, como o fato dos atestados médicos de

policiais militares do interior do Estado, que são, por vezes trazidos pelos estafetas para

homologação, sem a presença do paciente respectivo, o que contraria as normas do Conselho

Federal de Medicina.

Quanto as considerações dos gestores de pessoal, a pesquisa aplicada, em breve

resumo, descreve: o alto índice de desconhecimento dos critérios acerca do tema dispensas

médicas; o expressivo desconhecimento quanto a existência de norma escrita interna que

regulamenta o assunto; que em geral, existe controle por parte das OPM quanto ao número de

dispensas médicas apresentadas por seus policiais militares; a concordância quanto aos

prejuízos causados à atividade-fim das OPM pelos procedimentos adotados na concessão de

dispensas médicas; que o conteúdo do formulário de dispensas médicas são pouco

esclarecedores; não há prevalência de número quanto a existência de conflitos entre os

gestores de pessoal e os médicos militares, quanto aos procedimentos relativos às concessões

de dispensas médicas; a freqüência, mesmo que não expressiva, de apresentação de atestados

médicos falsos; a desconfiança relativa, ao mesmo tempo em que são concedidas as dispensas

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médicas; a discordância quanto a hipótese de autoridade do gestor de pessoal em restringir ou

modificar as dispensas médicas apresentadas, e, por fim, que a maioria dos entrevistados

opina ser de grande importância a realização de novos estudos que proponham mudanças nos

procedimentos relativos às concessões de dispensas médicas.

Esses estudos devem ser multidisciplinares, constituindo-se de profissionais da

saúde, médicos, dentistas e outros correlatos, como os assistentes sociais e o psicólogos, a

participação de especialistas em gestão de pessoas, com vistas a busca de formas de

otimização e padronização dos procedimentos.

Não há padronização de atitudes quando os gestores de pessoal se deparam com o

policial militar que apresenta uma dispensa médica. Não se sabe se ele goza a dispensa

médica e ao mesmo tempo fica dispensado do serviço do dia dispensado, só vindo na próxima

escala. Nesse caso, ele estará gozando de uma folga do serviço da escala pela qual ele não

cumpriu em virtude da dispensa médica. È necessário que seja normatizado como o policial

militar deverá gozar a dispensa médica sem que usufrua de gozo de folga do serviço pela qual

não exerceu. Isso possibilitará evitar a evasão de certo número do efetivo.

Como um dos objetivos traçados, baseados em legislações aplicadas em outras co-

irmãs, a exemplo da Polícia Militar do Paraná, apresentamos no Apêndice D a proposta de

regulamentação das dispensas do serviço decorrentes de prescrição médica, como também

apresentamos no Apêndice E a proposta de Portaria do Comandante Geral que aprova as

Instruções Reguladoras de perícias médicas e de procedimentos relativos a dispensas e a

licenças para tratamento da saúde. Sugerimos que devam ser objeto de avaliações e

adequações pelo Estado Maior Geral da Corporação, submetida ao Alto Comando da

Corporação para, caso viável, seja aprovado pelo Comandante Geral.

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REFERÊNCIAS

ALAGOAS. Constituição do Estado de Alagoas. Maceió. Assembléia Legislativa, 1989.

ALAGOAS. Lei nº 5.346, de 26 de maio de 1992. Dispõe sobre o Estatuto do Policiais Militares do Estado de Alagoas e dá outras providências. Disponível em:< http://www.gabinetecivil.al.gov.br/legislacao>. Acesso em: 2 Out 2008.

ALAGOAS. Lei nº 6.399, de 15 de agosto de 2003. Aprova a organização básica da Polícia Militar do Estado de Alagoas e dá outras providências. Disponível em:< http://www.gabinetecivil.al.gov.br/legislacao>. Acesso em: 2 Out 2008.

ALAGOAS. Decreto nº 3.471, de 2 de março de 1978. Oficializa a criação da Polícia Militar de Alagoas. Maceió, 1978.

ALAGOAS. Portaria nº 363/93-PM/1, de 18 de outubro de 1993. Aprova o Regimento Interno para a Junta Policial Militar de Saúde. Maceió: PMAL, 1993.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF. Senado, 1988.

BRASIL. Decreto 20.931, de 11 de janeiro de 1932. Regula e fiscaliza o exercício da medicina, da odontologia, da medicina veterinária e das profissões de farmacêutico, parteira e enfermeira, no Brasil, e estabelece penas. Rio de Janeiro, 1932. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1930-1949/D20931.htm>Acesso em: 20 Out 2008.

BRASIL. Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm.

BRASIL. Decreto-Lei nº 667, de 2 de julho de 1969. Reorganiza as Polícias Militares e os Corpos de Bombeiros Militares dos Estados, do Território e do Distrito Federal e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del0667.htm> Acesso em: 20 Out 2008.

BRASIL. Decreto nº 44.045, de 19 de julho de 1958. Aprova o regulamento do Conselho Federal e Conselhos Regionais de Medicina a que se refere a Lei n° 3.268, de 30 de setembro de 1957. Disponível em: <http://www.portalmedico.org.br/decretos/mostra_decreto.asp?id=144> Acesso em: 4 Out 2008.

BRASIL. Lei nº 3.268, de 30 de setembro de 1957. Dispõe sobre os Conselhos de Medicina, e dá outras providências. <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L3268.htm> Acesso em: 04 Out 2008.

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63

CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA. Resolução CFM nº 1.658/2002, de 20 de dezembro de 2002. Normatiza a emissão de atestados médicos e dá outras providências. Disponível em: <http://www.portalmedico.org.br/resolucoes/cfm/2002/1658_2002.htm> Acesso em: 4 Out 2008.

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APÊNDICE A – OFÍCIO ENCAMINHADO AO SUBCOMANDANTE GERAL

Ofício s/n – 2008

Maceió/AL, 21 de outubro de 2008

Ao Exmº. Sr.Cel PM DÁRIO CÉSAR BARROS CAVALCANTESub-Comandante Geral da PMAL

Senhor Sub-Comandante Geral,

Como exigência à conclusão de curso e obtenção do título de Especialista em Políticas e Gestão em Segurança Pública, promovido através de convênio entre a Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP) do Ministério da Justiça e a Faculdade de Alagoas – FAL, sob orientação do Coronel PMAL Adilson Bispo dos Santos, está a elaboração de uma Monografia, ao qual apresentamos a proposta do tema “A concessão de dispensas médicas na Polícia Militar de Alagoas: considerações e proposta de ordenamento”, que foi aprovada.

Motivamos tal proposta de pesquisa, convictos de que a realização de estudos acerca das formas de controle do pessoal, em especial, da saúde dos mesmos, é tarefa primordial da Corporação na busca da consecução de suas finalidades, como também possibilitará novos planejamentos e a adoção de medidas de normatização e padronização de procedimentos.

Assim, a pesquisa justifica-se pela necessidade de se identificar quais os procedimentos atualmente adotados na PMAL acerca das concessões de dispensa médicas de policiais militar, e objetiva a discussão sobre o tema, a identificação sobre a existência ou não de normas escritas que padronizem os procedimentos, o esclarecimento as dúvidas suscitadas pelos gestores de pessoal acerca da matéria, e se estes procedimentos acarretam prejuízos à atividade fim das Unidades.

Portanto, solicitamos a V. Exª a indispensável autorização para efetuarmos a pesquisa junto a Diretoria de Saúde, Corregedoria Geral e Unidades do CPC e CPI, com vistas à coleta dos dados da pesquisa.

Respeitosamente,

THAYRONILSON EMERY DOS SANTOS – Cap QOC PMAutor

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APÊNDICE B – ROTEIRO DE ENTREVISTA AOS GESTORES DE SAÚDE

1. Existe norma escrita (Lei, Decreto, Diretriz, Portaria, NGA ou outra) que trata de regulamentar e padronizar os atos necessários à concessão de dispensas médicas de policiais militares?

2. Quais os procedimentos adotados pela Diretoria de Saúde quanto à concessão de dispensas médicas?

3. Existe por parte da Diretoria de Saúde controle do número de dispensas médicas exaradas e em qual freqüência (diariamente, semanalmente, quinzenalmente, mensalmente, outra)?

4. Como são realizadas as homologações de atestados médicos exarados por médicos não pertencentes aos quadros da Corporação particulares ou da rede pública de saúde (federal, estadual ou municipal) que não pertencem a Corporação?

5. Como são realizadas a concessão e homologações de dispensas médicas de policiais militares das unidades do interior do Estado?

6. Quais os problemas por ventura surgidos em relação aos procedimentos usados na PMAL sobre a concessão de dispensas médicas?

7. Há relação de conseqüência-prejudicial entre os procedimentos adotados na concessão de dispensas médicas e a atividade fim (operacional) das unidades?

8. Quais os métodos de comunicação entre a Diretoria de Saúde e a Diretoria de Pessoal sobre o controle de saúde, especificamente no controle de dispensas médicas dos policiais militares?

9. Existe conflito entre os gestores de pessoal (Chefes e Comandantes) e os médicos militares em virtude de divergências de entendimento acerca dos atos executados nas concessões de dispensas médicas?

10. Existe na PMAL a necessidade da criação de uma norma escrita que padronize os atos necessários à concessão de dispensas médicas e por quê?

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APÊNDICE C – QUESTIONÁRIO APLICADO AOS GESTORES DE PESSOAL

Este questionário faz parte da coleta de dados da pesquisa monográfica sob o título “A concessão de dispensas médicas na Polícia Militar de Alagoas: considerações e proposta de ordenamento”, sob responsabilidade do pesquisador Cap PMAL Thayronilson Emery dos Santos, da Especialização em Políticas e Gestão em Segurança Pública, promovido através de convênio entre a Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP) do Ministério da Justiça e a Faculdade de Alagoas – FAL, sob orientação do Coronel PMAL Adilson Bispo dos Santos.Marque um ( X ) em apenas uma das alternativas de cada questão. Seja franco em suas respostas: delas dependerá o sucesso da pesquisa. Sua identidade será mantida em sigilo.Desde já agradecemos o apoio.

1. Como você avalia seu grau de conhecimento acerca dos procedimentos legais relativos à concessão de dispensas médicas?

( ) Muito suficiente ( ) Suficiente ( ) Pouco suficiente ( ) Insuficiente

2. Existe norma escrita (Lei, Decreto, Diretriz, Portaria, NGA ou outra) que regulamenta à concessão de dispensas médicas na PMAL?

( ) Sim ( ) Não ( ) Não tenho conhecimento

3. Com que freqüência você realiza o controle do número de dispensas médicas concedidas na sua OPM?( ) Diariamente ( ) Semanalmente ( ) Mensalmente ( ) Raramente ( ) Nunca

4. Qual seu grau de concordância quanto aos prejuízos causados à atividade fim da sua OPM pelos procedimentos adotados nas concessões de dispensas médicas?

( ) Concordo totalmente ( ) Concordo ( ) Discordo ( ) Discordo totalmente

5. Na sua avaliação, o preenchimento do formulário de dispensa médica concedida aos policiais militares é considerado, em geral:( )Totalmente esclarecedor ( ) Esclarecedor ( ) Pouco esclarecedor ( ) Nada esclarecedor

6. Existem conflitos entre os gestores de pessoal (Comandante/Chefe) e os médicos militares quanto aos procedimentos adotados nas concessões de dispensas médicas?

( ) Sim ( ) Não ( ) Não tenho conhecimento

7. Na sua avaliação, qual a freqüência de concessão de dispensas médicas que não condizem com a realidade?( ) Sempre ( ) Quase sempre ( ) Raramente ( ) Nunca

8. Qual a alternativa que melhor representa a situação que, em geral, você adota quando lhe são apresentadas dispensas médicas de policiais militares sob seu comando?

( ) Confia e concede a dispensa ( ) Desconfia, mas concede a dispensa( ) Confia, mas não concede a dispensa ( ) Desconfia e não concede a dispensa

9. Em sua opinião, o Gestor de Pessoal (Comandante/Chefe), julgando necessário, deveria ter autoridade para restringir ou modificar o conteúdo descrito nas dispensas médicas?

( ) Concordo totalmente ( ) Concordo ( ) Discordo ( ) Discordo totalmente

10. Dentro da Gestão Estratégica da Corporação, como você classifica a importância da realização de novos estudos que proponham mudanças nos procedimentos relativos às concessões de dispensas médicas?( ) Extremamente importante ( ) Pouco importante( ) Muito importante ( ) Totalmente sem importância

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APÊNDICE D – PROPOSTA DE PORTARIA DO COMANDANTE GERAL QUE REGULAMENTA ASDISPENSAS DO SERVIÇO DECORRENTES DE PRESCRIÇÃO

MÉDICA

PORTARIA Nº 000/2008 – CG/ASS, de XX de XXX de 2008

Regulamenta as dispensas do serviço de policiais militares decorrentes de prescrição médica e dá outras providências.

O COMANDANTE GERAL DA POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE

ALAGOAS, no uso de suas atribuições legais, e de acordo com o art. 75, inciso V, da Lei nº

6.399, de 15 de agosto de 2003, resolve:

Art. 1° Esta Portaria destina-se a regulamentar, no âmbito da Polícia Militar do Estado de

Alagoas, a forma que especifica as dispensas do serviço em decorrência de prescrição médica.

Parágrafo único. Para fins especificados nesta Portaria, os termos prescrição médica, dispensa

médica e atestado médico são equivalentes.

Art. 2º. Fará jus à dispensa médica o policial militar que, após avaliação médica ou

odontológica, por profissional militar ou não, encontra-se impossibilitado de exercer suas

funções.

Art. 3º As dispensas do serviço em decorrência de prescrição médica serão concedidas

mediante visita médica interna ou proveniente de atestado médico oriundo da rede pública ou

privada.

§ 1º Se o atestado médico for oriundo da rede pública ou privada, deverá no prazo de 48

(quarenta e oito) horas, ser submetido à análise de profissional de saúde competente e

integrante da corporação, para posterior homologação, sem a qual não se constitui licença

médica, sendo devidamente publicadas em Boletim Geral.

§ 2º Enquanto a corporação não dispuser de profissionais do setor de saúde em todas as OPM,

a homologação referida no caput poderá ser expedida por profissional lotado na Polícia

Militar, mediante termo de cooperação.

Art. 4º A dispensa médica, seja para tratar da saúde própria, quanto para acompanhar

dependente em tratamento de saúde, em data coincidente com a que o militar se encontre

escalado de serviço operacional, não gera direito a gozo de descanso até a sua próxima escala.

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§ 1º No período compreendido entre o término da dispensa referida no caput deste artigo e a

próxima escala de serviço, o militar será escalado de prontidão, em período coincidente com o

expediente administrativo, podendo ser empregado em atividades operacionais.

§ 2º A submissão à prontidão na situação referida no § 1º deste artigo não exime o militar da

escala seguinte de sua equipe de serviço.

Art. 5º O militar dispensado para realização de exame médico, seja relativo à própria saúde ou

de saúde de pessoa da família, na data em que estiver escalado de serviço será submetido às

mesmas regras do artigo anterior.

Art. 6º Caso o servidor esteja impossibilitado de se deslocar até o CMH para a realização da

avaliação médica necessária à concessão dos dias de dispensa do trabalho, o fato deverá ser,

por ele ou por outra pessoa que o represente, comunicado imediatamente à sua Unidade.

Art. 7º Enquanto não for sanada a deficiência de profissionais do setor, para efeito de

concessão e de homologação de dispensa médico-odontológica, os militares lotados no

interior serão atendidos por profissionais lotados nas Unidades Militares da Polícia Militar.

Art. 8º A inobservância a estas normas implicará no descumprimento de normas, ficando o

infrator sujeito às sanções disciplinares cabíveis.

Art. 9º. Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 10. Publique-se em Boletim Geral Ostensivo.

FULANO DE TAL – Cel PM

Comandante-Geral

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APÊNDICE E – PROPOSTA DE PORTARIA DO COMANDANTE GERAL APROVA A INSTRUÇÕES REGULADORAS DE PERÍCIAS MÉDICAS E DE PROCEDIMENTOS RELATIVOS A DISPENSAS E A LICENÇAS PARA TRATAMENTO DA SAÚDE

PORTARIA Nº 000/2008 – CG/ASS, de 00 de 000 de 2008

Aprova as Instruções Reguladoras de Perícias Médicas e de procedimentos relativos a dispensas e a licenças para tratamento da saúde

O COMANDANTE GERAL DA POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE

ALAGOAS, no uso de suas atribuições legais, e de acordo com o art 75, inciso V, da Lei nº

6.399, de 15 de agosto de 2003, resolve:

Art. 1º Aprovar as "Instruções Reguladoras de Perícias Médicas e de procedimentos relativos a dispensas e a licenças para tratamento da saúde na Polícia Militar do Estado do Alagoas".

Art. 2º Determinar que esta portaria entre em vigor na data de sua publicação.

Fulano de Tal – Cel PMComandante-Geral

INSTRUÇÕES REGULADORAS DE PERÍCIAS MÉDICAS E DE PROCEDIMENTOS RELATIVOS A DISPENSAS E A LICENÇAS PARA TRATAMENTO DA SAÚDE NA POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO ALAGOAS

Capítulo I

DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Seção I

Da finalidade

Art. 1º As Instruções Reguladoras de Perícias Médicas e de procedimentos relativos a

dispensas e a licenças para tratamento da saúde destinam-se a definir atribuições, uniformizar

procedimentos e orientar as atividades médico-periciais, bem como regular a concessão, o

registro e o controle de dispensas e das licenças para tratamento da saúde no âmbito da

Corporação.

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Seção II

Da aplicação

Art. 2º As presentes Instruções aplicam-se a:

I - militar estadual;

II - candidato, civil e militar, a cursos e estágios militares;

III - ascendente, descendente e colateral, consangüíneo ou afim, até o terceiro grau, e cônjuge,

na constância do casamento, do militar estadual;

IV - praça especial e praça sem estabilidade, na condição de desertor.

§ 1º Os integrantes das categorias constantes nos incisos deste artigo serão submetidos à

inspecão de saúde, por determinação de autoridade competente, pela

Junta Médica da Corporação.

§ 2º Os constantes no inciso III serão submetidos à inspeção de saúde, quando o militar

estadual requerer a concessão de licença para tratamento da saúde de pessoa da família,

conforme anexo A, devendo a Junta Médica indicar, no laudo, o prazo necessário.

§ 2º Os constantes no inciso III serão submetidos à inspeção médica, quando o militar

estadual requerer a concessão de licença para tratamento da saúde de pessoa da família,

conforme o anexo A, devendo a Junta Médica indicar, no laudo, o prazo necessário.

Capítulo II

DAS ATRIBUIÇÕES

Seção I

Do Diretor de Saúde

Art. 3º O Diretor de Saúde é o responsável pelo gerenciamento dos procedimentos de perícias

médicas na Corporação, tendo como atribuições:

I - determinar a adoção das medidas necessárias à execução das atividades de perícias

médicas;

II - elaborar propostas de modificação das normas atinentes às perícias médicas;

III - emitir informações técnicas pertinentes à atividade médico-pericial, quando solicitado;

IV - orientar, tecnicamente, os integrantes do Sistema de Saúde da Corporação, visando à

unidade de doutrina nos procedimentos médico-periciais;

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V - proceder ao acompanhamento, à revisão e à auditoria dos trabalhos da Junta Médica, de

seus médicos militares e médicos civis auxiliares e de outros profissionais a serviço daquela,

quando necessário;

VI - homologar, em última instância, as perícias realizadas pela Junta Médica que resultem ou

possam resultar em reforma ou reversão do inspecionado, bem como aquelas atinentes a

questões afetas à justiça e à disciplina;

VII - propor e conduzir reuniões com os integrantes da Junta Médica para orientação e

avaliação geral dos trabalhos.

Seção II

Da Junta Médica

Art. 4º Cabe à Junta Médica:

I - conceder afastamento do serviço, em razão de situação de saúde, por até quinze dias,

consecutivos ou não, a militar estadual;

II - realizar as inspeções de saúde, objetivando:

II - realizar as inspeções de saúde e as inspeções médicas, objetivando:

a) a verificação de capacidade física de militar estadual;

b) o controle médico periódico do efetivo da Corporação;

c) a verificação de capacidade física de candidato, civil e militar, a cursos e estágios militares,

bem como de militar estadual portador de Documento Sanitário de Origem e daquele que

possua, em suas alterações, algum registro de acidente em serviço ou de internação em

Organização de Saúde;

d) a concessão, pelo Comandante-Geral, de licença para tratamento da própria saúde

(afastamento do serviço por mais de quinze dias) e de licença para tratamento da saúde de

pessoa da família, bem como de suas eventuais prorrogações;

e) a promoção;

f) a reforma, nos casos de incapacidade física definitiva para o exercício das atividades

institucionais;

g) a reinclusão de praça especial ou de praça sem estabilidade, na condição de desertor, para

responder a processo na Justiça Militar;

h) a reversão ao serviço ativo de militar estadual reformado, quando não mais subsistir a

causa que determinou a transferência do inspecionado à inatividade.

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III - registrar e controlar as dispensas do serviço concedidas, em razão de atestado médico ou

documento equivalente, a militar estadual, a partir de cinco dias, inclusive, consecutivos ou

não, procedendo à verificação da capacidade físicamediante inspeção de saúde, quando julgar

necessário;

IV - consolidar e confeccionar os mapas estatísticos e outros relatórios

relativos às atividades médico-periciais, com remessa à autoridade competente, quando

solicitado.

Parágrafo único. O laudo emitido em razão de inspeção de saúde realizada para fins de licença

para tratamento da própria saúde ou da saúde de pessoa da família deverá ser encaminhado

pela Junta Médica à Diretoria de Pessoal, a fim de que seja elaborada a portaria de concessão

pelo Comandante-Geral, se for o caso e conforme modelo constante no anexo B.

§ 1º O laudo emitido em razão de inspeção de saúde ou de inspeção médica realizada para fins

de licença para tratamento da própria saúde ou da saúde de pessoa da família deverá ser

encaminhado pela Junta Médica à Diretoria de Pessoal, a fim de que seja elaborada a portaria

de concessão pelo Comandante- Geral, se for o caso e conforme modelo constante no anexo

B.

§ 2º Durante o trâmite da ata de inspeção de saúde e até a publicação do ato de concessão da

licença, permanecerá o militar estadual afastado do serviço, em se tratando de licença para

tratamento da própria saúde.

Seção III

Do Presidente da Junta Médica

Art. 5º Ao Presidente da Junta Médica compete:

I - assegurar a regularidade do funcionamento da Junta;

II - convocar reuniões;

III - assinar, com os membros, as atas de inspeção de saúde;

IV - cumprir e fazer cumprir a legislação pertinente às inspeções de saúde;

V - representar a Junta Médica;

VI - executar inspeção de saúde em integrante da PMAL;

VII - executar inspeção de saúde em candidato a ingresso na Corporação ou em praça especial

ou praça sem estabilidade, que haja desertado, para fins de reinclusão;

VIII - executar inspeção de saúde em ascendente, descendente e colateral, consangüíneo ou

afim, até o terceiro grau, e cônjuge, na constância do casamento, do militar estadual;

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IX - propor ao Diretor de Saúde as medidas tendentes a aperfeiçoar os trabalhos de inspeção

de saúde;

X - fiscalizar os trabalhos da Secretaria, em especial, na manutenção do arquivo dos pareceres

médicos e no controle estatístico das atividades da Junta Médica;

XI - propor os padrões de saúde para ingresso, permanência e retorno ao serviço ativo da

Corporação;

XII - propor os requisitos psíquicos e físicos necessários ao exercício das atividades policiais-

militares e bombeiro-militares;

XIII - fiscalizar as causas de afastamento do serviço policial-militar e bombeiro-militar;

XIV - acompanhar, coordenar e supervisionar os trabalhos desenvolvidos pelos membros,

pelos médicos civis auxiliares e por outros profissionais a serviço da Junta Médica;

XV - conceder afastamento do serviço por até quinze dias, consecutivos ou não, a militar

estadual, de ofício, ou em razão de atestado ou documento equivalente expedido por médico

militar ou civil que auxilie a Junta Médica;

XVI - exercer outros encargos que lhe forem atribuídos pelo Diretor de Saúde.

Seção IV

Dos Membros

Art. 6º Aos Membros compete:

I - assessorar o Presidente nos assuntos de competência da Junta Médica;

II - participar de reuniões de caráter médico, mediante convocação do Presidente da Junta

Médica;

III - assinar as atas de inspeção de saúde;

IV - cumprir e fazer cumprir a legislação pertinente às inspeções de saúde;

V - propor ao Presidente da Junta Médica as medidas tendentes a

aperfeiçoar os trabalhos de inspeção de saúde;

VI - executar inspeção de saúde em integrante da Corporação;

VII - executar inspeção de saúde em candidato a ingresso na Corporação ou em praça especial

ou praça sem estabilidade, que haja desertado, para fins de reinclusão;

VIII - executar inspeção de saúde em ascendente, descendente e colateral, consangüíneo ou

afim, até o terceiro grau, e cônjuge, na constância do casamento,

do militar estadual;

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IX - assessorar o Presidente da Junta Médica nas propostas dos padrões desaúde para

ingresso, permanência e retorno ao serviço ativo da Corporação;

X - assessorar o Presidente da Junta Médica nas propostas dos requisitos psíquicos e físicos

necessários ao exercício das atividades policiais-militares e bombeiro-militares;

XI - conceder de ofício afastamento do serviço por até quinze dias,

consecutivos ou não, a militar estadual;

XII - exercer outros encargos que lhe forem atribuídos pelo Diretor de Saúde

e pelo Presidente da Junta Médica.

Seção V

Dos Médicos militares das OPMs

Art. 7º Aos médicos militares das OPMs caberá:

I - realizar, anualmente, Inspeção de Saúde de Controle Médico Periódico em todos os

militares estaduais da ativa integrantes da OPM, para avaliar o estado de saúde física e/ou

mental, enfatizando as ações de medicina preventiva, de forma que haja a melhoria da

qualidade de vida e da capacidade operacional e administrativa, observando as seguintes

prescrições:

a) durante a Inspeção de Saúde de Controle Médico Periódico deverá ser dada ênfase ao

exame físico do inspecionado, com a utilização dos métodos semiológicos clássicos

(inspeção, palpação, percussão e ausculta), de forma a serem avaliados os diversos segmentos

do corpo humano;

b) o militar estadual da ativa que apresentar qualquer alteração em sua capacidade física e/ou

mental, mesmo estando no período de vigência de sua Inspeção de Saúde de Controle Médico

Periódico, deverá ser encaminhado, pela autoridade competente, à Junta Médica, para

verificação de sua aptidão.

II - dar atendimento médico aos militares estaduais e aos seus dependentes.

Parágrafo único. Aplicam-se aos dentistas militares, naquilo que lhes for pertinente, as

disposições constantes nestas Instruções Reguladoras relativas aos médicos militares.

Capítulo III

DA COMPOSIÇÃO E DO FUNCIONAMENTO DA JUNTA MÉDICA

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Art. 8º A Junta Médica é constituída por três oficiais médicos da Polícia Militar, tendo o

Subdiretor de Saúde como seu Presidente, designado mediante decreto governamental sob

proposta do Comandante-Geral, e dois médicos como membros, designados pelo Diretor de

Pessoal, sob proposta do Diretor de Saúde.

§ 1º A Junta Médica somente deverá proceder às inspeções de saúde com a presença,

obrigatória, de todos os seus integrantes.

§ 2º Na eventual ausência ou impedimento do Presidente ou dos membros da Junta Médica

caberá ao Diretor de Saúde, observada a condição hierárquica dos demais integrantes da junta

e do inspecionado, designar médico militar classificado no Hospital da Corporação para

compô-la, cabendo à presidência, nesse caso, ao oficial mais antigo, comunicando-se tal fato

ao Diretor de Pessoal para a adoção das providências que lhe forem pertinentes.

§ 3º A Junta Médica funcionará no Hospital da Corporação, ressalvadas circunstâncias em que

deva realizar suas atividades em local diverso, por determinação da autoridade competente,

hipótese em que o Comandante, Chefe ou Diretor determinará a adoção de providências no

sentido de que instalações, mobiliários e outros equipamentos sejam colocados à sua

disposição, de forma a permitir o desenvolvimento dos trabalhos em condições adequadas.

Capítulo IV

DO PROCESSO DE PERÍCIAS MÉDICAS NA POLÍCIA MILITAR

Seção I

Das generalidades

Art. 9º A atividade médico-pericial na Corporação compreende a realização de uma série de

atos destinados a avaliar a integridade física e psíquica do inspecionado e a emitir pareceres,

que servirão de subsídios para a tomada de decisões sobre direito pleiteado ou situação

apresentada.

Art. 10. Os atos médico-periciais são os procedimentos técnico-profissionais que a Junta

Médica realiza na prática pericial, compreendendo:

I - requisição de comparecimento do inspecionado;

II - inspeção de saúde, compreendendo, também:

a) o exame clínico, como parte do relatório médico-pericial;

b) a requisição de exames complementares ou especializados.

III - conclusão da perícia médica;

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IV - comunicação do resultado da perícia;

V - reestudo da perícia médica;

VI - homologação da perícia médica;

VII - emissão de pareceres técnicos em processos ou recursos;

VIII - informação técnico-administrativa aos escalões competentes.

Parágrafo único. Os atos médico-periciais devem ser registrados com clareza e precisão, por

escrito ou digitalizados, em formulários próprios e padronizados, de acordo com a legislação

em vigor, e arquivados, constituindo-se em peças essenciais à Corporação e ao inspecionado.

Art. 11. De forma a serem evitadas dúvidas, no âmbito da Corporação, quanto ao

entendimento e à aplicação de conceitos utilizados na legislação médico-pericial do meio

civil, fica estabelecido o seguinte:

I - o exame médico-pericial é representado pela inspeção de saúde,

realizada, obrigatoriamente, pela Junta Médica;

II - o laudo de perícias médicas ou laudo pericial é representado pela cópia da Ata de Inspeção

de Saúde, extraída do Livro-Registro de Atas de Inspeção de Saúde, e é a peça médico-legal

básica constitutiva dos diversos processos, quanto à sua parte técnica, devendo conter o

diagnóstico completo e o parecer conclusivo, prolatados de acordo com a legislação em vigor;

II - o laudo de perícias médicas ou laudo pericial é representado pela cópia da Ata de Inspeção

de Saúde ou da Ata de Inspeção Médica, extraída do Livro-Registro de Atas respectivo, e é a

peça médico-legal básica constitutiva dos diversos processos quanto à sua parte técnica,

devendo conter o parecer conclusivo prolatado de acordo com a legislação em vigor.

III - no caso de perícia médica em que o parecer possa acarretar a reforma ou a reversão do

inspecionado, obrigatoriamente, a Junta Médica deverá obter parecer emitido por especialista

da doença ou seqüela incapacitante.

Seção II

Da hierarquia

Art. 12. O processo de perícias médicas na Corporação está assim hierarquizado:

I - Diretor de Saúde, a quem caberá a decisão final nos atos médicopericiais, sobretudo

naqueles que resultem ou possam resultar em reforma, reversão ou que sejam atinentes a

questões afetas à justiça e à disciplina, a exemplo de reinclusão de praça sem estabilidade na

condição de desertor;

II - Junta Médica, que realizará os atos médico-periciais e emitirá laudos.

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Capítulo V

DA INSPEÇÃO DE SAÚDE

Seção I

Da finalidade da inspeção

Art. 13. A inspeção de saúde constitui perícia médica, de interesse da Corporação, realizada

pela Junta Médica e mandada executar, com finalidade especificada, por determinação formal

de autoridade competente, destinada a verificar o estado de saúde física ou mental de militar

estadual, de ascendente, descendente, colateral ou cônjuge deste, na constância do casamento,

ou ainda de candidato a ingresso na PMAL.

Seção II

Da competência

Art. 14. São autoridades competentes para determinar inspeção de saúde:

I - Comandante-Geral;

II - Subcomandante Geral;

III - Chefe do Gabinete Militar;

IV - Chefe do Estado-Maior;

V - Ajudante-Geral;

VI - Diretor;

VII - Comandante Intermediário;

VIII - Comandante de Unidade e Sub-unidade Independente;

IX - Presidente de Comissão de Concurso;

§ 1º Os presidentes ou encarregados de processos administrativos disciplinares ou de

inquéritos policiais-militares solicitarão, diretamente ao Presidente da Junta Médica, a

realização de inspeção de saúde em militar estadual.

§ 2º O Comandante de OPM e o Presidente de Comissão de Concurso, quando mais modernos

que o Presidente da Junta Médica, deverão solicitar ao Comandante Intermediário ou ao

Diretor de Pessoal, conforme o caso, a realização de inspeção de saúde em militar estadual, ou

candidato a ingresso na Corporação ou, ainda, em praça especial ou praça sem estabilidade, na

condição de desertor, para fins de reinclusão.

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§ 3º Ao Diretor de Pessoal será requerida, por intermédio do canal de comando, a inspeção de

saúde em ascendente, descendente, colateral ou cônjuge, na constância do casamento, de

militar estadual para concessão de licença para tratamento da saúde de pessoa da família.

Seção III

Do encaminhamento

Art. 15. O militar e o civil que necessitarem de inspeção de saúde deverão ser encaminhados à

Junta Médica no Hospital da Corporação.

Art. 16. O encaminhamento à Junta Médica far-se-á mediante ofício emitido pela autoridade

competente a que estiver subordinado o militar estadual, ou do Presidente da Comissão de

Concurso, quando o inspecionado for candidato a ingresso na Corporação, contendo, se for o

caso, a finalidade da inspeção.

Parágrafo único. Quando o militar estadual estiver impossibilitado de se locomover em razão

de incapacidade física demonstrada por documento médico, o ato médico-pericial poderá ser

realizado, a critério da Junta Médica, na residência do inspecionado.

Art. 17. O ascendente, descendente e colateral, consangüíneo ou afim, até o terceiro grau, ou

cônjuge, na constância do casamento, será encaminhado para inspeção de saúde pelo militar

estadual, às suas expensas, após o registro e encaminhamento do requerimento de licença para

tratamento da saúde de pessoa da família pela Diretoria de Pessoal e o conseqüente

agendamento pela Junta Médica, cabendo a esta comunicar a data e horário ao interessado.

Parágrafo único. Quando o ascendente, descendente e colateral, consangüíneo ou afim, até o

terceiro grau, ou cônjuge, na constância do casamento, do militar estadual não puder ser

encaminhado, em razão de incapacidade física demonstrada por documento médico, a

inspeção de saúde poderá ser procedida, a critério da Junta Médica, no local de residência de

quaisquer deles.

Seção IV

Dos laudos

Art. 18. Os laudos emitidos obedecerão à legislação pertinente e deverão ser expressos de

acordo com a finalidade da inspeção de saúde, considerando, a partir dos diagnósticos

etiológico, anatômico e funcional, tecnicamente identificados, as repercussões sobre a

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capacidade laborativa e o grau de comprometimento da higidez do inspecionado, visando ao

estabelecimento do nexo técnico.

Seção V

Do pedido de reconsideração

Art. 19. A autoridade competente ou o inspecionado, quando militar estadual, poderão

requerer nova inspeção de saúde, mediante pedido de reconsideração, obedecendo ao prazo de

quinze dias contados da data em que tomar conhecimento, por escrito, do laudo emitido pela

Junta Médica.

§ 1º Caberá ao Diretor de Saúde designar três médicos militares para proceder à nova

inspeção de saúde, não devendo dela participar aqueles que hajam realizado o ato médico-

pericial anterior.

§ 2º O procedimento previsto no parágrafo anterior será efetuado uma única vez e o

esgotamento da esfera administrativa dar-se-á com a homologação do laudo pelo Diretor de

Saúde.

§ 2º O procedimento previsto no parágrafo anterior será efetuado uma única vez e o

esgotamento na esfera administrativa da Corporação dar-se-á com a homologação do laudo

pelo Diretor de Saúde.

§ 3º A nova inspeção de saúde decorrente de pedido de reconsideração terá, em se tratando de

candidato a ingresso na PMAL, seu prazo e procedimento definidos no edital de concurso.

Art. 20. Toda ordem de inspeção de saúde, em decorrência de pedido de reconsideração,

deverá ser acompanhada da cópia da ata de inspeção de saúde anteriormente efetuada pela

Junta Médica, devendo o inspecionado apresentar, no ato da nova inspeção, os respectivos

exames subsidiários ou complementares porventura existentes.

Seção VI

Da homologação

Art. 21. A homologação da perícia médica, após análise quanto aos aspectos formais, de

legalidade e de correção, será realizada pelo Diretor de Saúde, devendo ocorrer,

obrigatoriamente, quando a inspeção de saúde for realizada em razão de:

I - reforma;

II - reversão;

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III - questões atinentes à justiça e à disciplina, a exemplo de reinclusão de praça sem

estabilidade na condição de desertor.

Seção VII

Dos prazos

Art. 22. O período máximo de validade da inspeção de saúde será de seis meses.

§ 1º As autoridades especificadas no art. 14 destas Instruções poderão, dependendo da

finalidade e/ou do estado de saúde do inspecionado, determinar ou solicitar inspeção de saúde

a qualquer tempo, independente do prazo de validade. § 2º O prazo de validade de inspeção de

saúde realizada em candidato a ingresso na PMAL e a cursos e estágios militares será definido

no edital de concurso.

Seção VIII

Dos custos

Art. 23. Os custos dos exames complementares e demais procedimentos decorrentes da

inspeção de saúde obedecerão aos seguintes preceitos:

I - com ônus ao Estado do Alagoas, quando de interesse exclusivo do serviço, desde que

solicitados pela Junta Médica;

II - sem ônus ao Estado do Alagoas, quando de interesse do inspecionado, mesmo que

solicitados pela Junta Médica e, ainda, no caso de candidato a ingresso na Corporação.

Capítulo VI

DOS PROCEDIMENTOS DA JUNTA MÉDICA

Seção I

Do regime de trabalho

Art. 24. O expediente de trabalho, compreendendo as sessões ordinárias da Junta Médica, será

de segunda a sexta-feira, das 7 às 13h.

Parágrafo único. As sessões extraordinárias que ocorrerão em circunstâncias excepcionais, a

exemplo de concursos para ingresso e realização de cursos e estágios militares, terão seus

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horários de atividades definidos pelo Comandante-Geral em conjunto com os Diretores de

Ensino, Pessoal e Saúde, conforme o caso.

Art. 25. Os integrantes da Junta Médica deverão dedicar-se, nos dias previstos para

funcionamento das sessões periciais, obrigatoriamente, às atividades para as quais estão

destinados, não podendo ser desviados para outras funções.

Seção II

Da Identificação do inspecionado

Art. 26. A Junta Médica deverá exigir, obrigatoriamente, de todo o inspecionado a prova de

identidade, mediante exibição de um documento válido (carteira de identidade militar ou civil,

carteira profissional, certificado de reservista ou outro documento válido como identidade,

previsto em legislação federal).

Parágrafo único. A verificação obrigatória da identidade ficará a cargo do Secretário da Junta

Médica que anotará, na Ata de Inspeção de Saúde, o número do registro do documento

correspondente.

Seção III

Das sessões

Art. 27. As sessões da Junta Médica obedecerão às seguintes prescrições:

I - em cada sessão poderá haver uma ou mais perícias médicas;

II - dentro de cada ano civil, as sessões realizadas serão numeradas, seguidamente, a partir de

"001" (zero, zero, um).

Art. 28. A definição do parecer sobre um inspecionado será, sempre, tomada de acordo com o

voto da maioria dos integrantes da Junta Médica, inclusive o do Presidente, procedendo-se ao

pronunciamento a partir do médico militar de menor posto.

Parágrafo único. O integrante que tenha seu voto vencido deverá registrar a justificativa do

seu parecer no Livro-Registro de Atas de Inspeção de Saúde ou em outro meio destinado a

esse fim.

Seção IV

Da ata de inspeção de saúde

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Art. 29. Os laudos emitidos pela Junta Médica visam a esclarecer e a orientar a autoridade

competente que determinou ou solicitou a inspeção de saúde, devendo ser expressos em

termos claros e concisos, de forma a não permitir qualquer dúvida.

Parágrafo único. Cabe aos integrantes da Junta Médica a incumbência da transcrição do

parecer, consignando-o na Ata de Inspeção de Saúde.

Art. 30. As inspeções de saúde que, em função do parecer, puderem encetar processos de

qualquer natureza, deverão, obrigatoriamente, acarretar a anexação de cópia da documentação

médica atualizada (com menos de seis meses) e completa (laudos de especialistas, exames

complementares, papeletas hospitalares etc.) que comprove o diagnóstico e permita ao Diretor

de Saúde homologar, se necessário, o laudo.

Art. 31. Compete ao Secretário da Junta Médica lavrar, imprimir ou registrar as Atas de

Inspeção de Saúde, em livro próprio, denominado Livro-Registro de Atas de Inspeção de

Saúde.

§ 1º O Livro-Registro de Atas de Inspeção de Saúde poderá ser substituído por folhas

impressas.

§ 2º Os eventuais equívocos, enganos ou erros cometidos no lançamento do diagnóstico ou

parecer, no Livro-Registro de Atas de Inspeção de Saúde e que, por determinação do Diretor

de Saúde necessitarem de reestudo, poderão ser corrigidos a tinta carmim, consignando-se, ao

pé da página, o motivo da emenda ou correção, autenticando-se o ato com as assinaturas de

todos os integrantes da Junta Médica. Art. 32. No caso de inspeção de saúde destinada à

concessão de licença para tratamento da própria saúde, ou sua prorrogação, a Junta Médica

deverá fazer constar na ata as datas de início e de término do período a ela relativo, bem como

o dia em que o inspecionado deverá retornar à nova inspeção.

Art. 32. No caso de inspeção de saúde ou de inspeção médica destinada à concessão de

licença para tratamento da própria saúde ou de licença para tratamento da saúde de pessoa da

família, ou suas prorrogações, a Junta Médica deverá fazer constar na ata as datas de início e

de término dos períodos a elas relativos, bem como o dia em que o inspecionado deverá

retornar à nova inspeção, se for o caso.

Art. 33. Os integrantes da Junta Médica deverão assinar (e não rubricar) a Ata de Inspeção de

Saúde no Livro-Registro imediatamente após a sessão, devendo constar, sob a assinatura, os

seguintes dados:

I - posto;

II - nome completo, por extenso e legível;

III - número do registro no Conselho Regional de Medicina (CRM).

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Art. 34. Da Ata de Inspeção de Saúde original será extraída cópia, observadas as seguintes

prescrições:

Art. 34. Da Ata de Inspeção de Saúde ou de Inspeção Médica original será extraída cópia,

observadas as seguintes prescrições:

I - assinada (e não rubricada) pelo Secretário ou Presidente da Junta Médica, contendo ainda o

posto, o nome completo e o número do registro no CRM;

II - conter, apenas, os diagnósticos alfanuméricos da "Classificação Estatística Internacional

de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde” vigente (Ex: B55.0/CID-10);

I - assinada (e não rubricada) pelo Secretário ou Presidente da Junta Médica, contendo ainda o

posto, o nome completo e o número do registro no CRM;

II - conter o parecer conclusivo prolatado de acordo com a legislação em

vigor.

III - quando se tratar de cópia de ata para instruir processo de reforma, reversão ou questões

atinentes à justiça e à disciplina, os diagnósticos serão, também, lançados por extenso (Ex:

B55.0 - Leishmaniose visceral e I09.1 – Doenças reumáticas do endocárdio, valva não

especificada / CID-10).

Seção V

Dos exames complementares

Art. 35. A Junta Médica, sempre que se fizer necessário, poderá solicitar exames

complementares, laudos médicos e odontológicos especializados ou a internação hospitalar do

inspecionado, visando a complementar as suas avaliações e emitir os pareceres técnicos.

§ 1º Os laudos médicos e odontológicos especializados e exames complementares a que se

refere o caput deste artigo:

I - deverão ser realizados, prioritariamente, no Hospital da Corporação;

II - poderão ser realizados em organizações oficiais ou particulares de saúde, quando o

Hospital da Corporação não tiver condições de executá-los;

III - revestem-se, sempre, de caráter de urgência, devendo ser elaborados em até oito dias

úteis;

IV - se realizados no Hospital da Corporação deverão ser remetidos à Junta Médica:

a) datilografados ou impressos;

b) datados;

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c) apresentando a assinatura, o posto, o nome completo e o número do registro no Conselho

Regional ou órgão equivalente do profissional de saúde responsável pela emissão;

V - só terão validade se realizados a menos de seis meses, admitindo-se prazo maior quando

julgado compatível pela Junta Médica.

§ 2º Os exames complementares para candidato a ingresso na Corporação terão seus

conteúdos, procedimentos e prazos de validade definidos no edital de concurso.

Seção VI

Do arquivo

Art. 36. O arquivo dos documentos médico-periciais da Junta Médica será organizado no local

de seu funcionamento.

Parágrafo único. Os registros e dados individuais dos inspecionados, o Livro-Registro de Ata

de Inspeção de Saúde, os pareceres, laudos médicos especializados e exames complementares,

que contenham informações diagnósticas, por extenso ou façam parte de prontuários médicos,

serão arquivados no SAME.

Seção VII

Da comunicação do resultado

Art. 37. A Junta Médica dará conhecimento à autoridade competente que tenha determinado

ou solicitado a inspeção de saúde, mediante remessa da cópia da Ata de Inspeção de Saúde,

no prazo máximo de cinco dias, contados da inspeção de saúde, e, também, ao militar estadual

inspecionado ou interessado, por escrito e mediante recibo.

§ 1º No caso de candidato a ingresso na PMAL, a Junta Médica informará o conteúdo do

laudo ao Presidente da Comissão de Concurso que dará conhecimento ao inspecionado.

§ 2º A Junta Médica somente informará diretamente o candidato a ingresso na PMAL

mediante solicitação escrita e fundamentada do Presidente da Comissão de Concurso.

Seção VIII

Da negação ao tratamento

Art. 38. Nos casos em que o inspecionado se negar a realizar tratamento específico, como

meio mais indicado para remover sua incapacidade física, ou a se submeter a exames

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complementares, necessários ao esclarecimento pericial, compete ao Secretário da Junta

Médica:

I - tomar a termo declaração do inspecionado, em duas vias, na presença de duas testemunhas,

constando a negação ao tratamento ou à realização dos exames recomendados e a desistência

a qualquer amparo do Estado;

II - arquivar a primeira via e anexar a segunda via à cópia da Ata de Inspeção de Saúde;

III - registrar, no campo "Observações" da Ata de Inspeção de Saúde, a existência dessa

declaração;

IV - solicitar à Junta Médica que prolate o diagnóstico baseado apenas nos dados colhidos por

ocasião do exame físico do inspecionado.

Seção IX

Da inspeção de saúde no segmento feminino

Art. 39. Durante a inspeção de saúde em militar ou civil, feminina, os integrantes da Junta

Médica deverão observar as seguintes orientações:

I - presença, obrigatória, na sala de trabalhos, de um(a) acompanhante da inspecionada ou de

uma militar estadual ou servidora civil;

II - na sala de trabalhos será realizado, apenas, o exame físico geral;

III - os exames médicos especializados (ginecológico, obstétrico, urológico, proctológico,

dentre outros), se necessários, serão realizados nos consultórios do Hospital da Corporação,

prioritariamente, ou das organizações públicas ou privadas de saúde conveniadas, devendo,

neste caso, ser homologados, obrigatoriamente, por médico militar da Junta Médica.

Capítulo VII

DOS MÉDICOS CIVIS E DOS ATESTADOS

Art. 40. A Junta Médica poderá ser auxiliada por médico civil ou por profissional, militar ou

civil, de outras áreas em situações específicas e de acordo com a lei.

§ 1º Caberá ao Diretor de Pessoal, mediante proposta do Diretor de Saúde, a designação do

profissional constante no caput deste artigo.

§ 2º O médico civil auxiliar da Junta Médica somente poderá manifestar-se pelo afastamento

de militar estadual do serviço ativo, em razão de situação de saúde, por até quinze dias,

consecutivos ou não, cabendo ao Presidente da Junta Médica, após analisar o atestado ou

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documento equivalente expedido por aquele médico, concedê-lo ou não, sendo que, neste

último caso, decidirá de maneira fundamentada.

§ 3º Poderá o Presidente da Junta Médica, ao decidir pela não concessão do afastamento do

serviço proposto pelo médico civil auxiliar, submeter à inspeção de saúde o militar estadual

ou solicitar ao Diretor de Saúde a designação de outro profissional civil para realizar nova

avaliação.

§ 4º Considerando o médico civil auxiliar da Junta Médica ser necessário o afastamento do

militar estadual por período superior a quinze dias, deverá encaminhar sua manifestação

escrita, contendo a Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas

Relacionados à Saúde (CID), ao Presidente daquela para que providencie, se acaso estiver de

acordo, o envio à Diretoria de Pessoal, a fim de que seja elaborada a portaria de concessão da

licença para tratamento da própria saúde pelo Comandante-Geral, se for o caso e conforme

modelo constante no anexo B, ou procedido ao envio do expediente à Secretaria de Estado da

Segurança Pública.

Art. 41. O militar estadual poderá ser atendido por médico militar ou civil.

§ 1º Caberá ao militar estadual entregar, na 1ª Seção ou seção equivalente da OPM onde

serve, o atestado médico ou documento equivalente e relativo à necessidade de afastamento

do serviço em razão de situação de saúde, contendo a Classificação Estatística Internacional

de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID).

§ 2º A autoridade competente a que estiver subordinado o militar estadual, em face do

atestado médico ou documento equivalente, concederá a dispensa do serviço ao interessado

mediante portaria ou despacho, conforme modelo constante no anexo C, providenciando a

publicação em boletim.

§ 3º Poderá a autoridade competente, em razão do conteúdo do atestado médico ou

documento equivalente, deixar de conceder a dispensa do serviço, devendo, neste caso,

encaminhar imediatamente o militar estadual à Junta Médica, a fim de ser submetido à

inspeção de saúde.

§ 4º O procedimento previsto no parágrafo anterior será também aplicado, quando o atestado

médico ou documento equivalente indicar a necessidade de afastamento do serviço por

período superior a quinze dias.

§ 5º A autoridade competente a que estiver subordinado o militar estadual que haja sido

dispensado do serviço, em razão de atestado médico ou documento equivalente, a partir de

cinco dias, inclusive, consecutivos ou não, deverá, após a publicação da dispensa, encaminhar

cópia do atestado ou documento equivalente, por intermédio do canal de comando, contendo a

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Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID),

à Junta Médica para fins de registro e controle.

Capítulo VIII

DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 42. O militar estadual, que manipule substâncias radioativas ou opere equipamentos

radiológicos, será submetido a controle médico periódico, de seis em seis meses, devendo ser

observadas as seguintes prescrições:

I - apresentando qualquer alteração significativa no seu estado de saúde, será afastado,

temporariamente, de suas atividades com manipulação de substâncias radioativas ou

equipamentos radiológicos e encaminhado à Junta Médica para inspeção de saúde e, se for o

caso, para tratamento;

II - qualquer fato ocorrido nas circunstâncias descritas no caput, que implique afastamento

temporário das atividades, deverá ser comunicado, no mais curto prazo possível, ao Diretor de

Saúde e ao Diretor de Pessoal.

Art. 43. Serão impedidos de emitir parecer em laudo pericial o Presidente e/ou os Membros da

Junta Médica nas seguintes circunstâncias:

I - em pedido de reconsideração de conclusão por ele proferida;

II - em processo ou perícia que envolva paciente dele;

III - em processo ou perícia que envolva pessoa com quem mantenha relação capaz de influir

na decisão médico-pericial;

IV - em inspecionado com o qual tenha parentesco consangüíneo ou afim, na linha reta ou até

o terceiro grau de consangüinidade colateral ou de natureza civil.

Capítulo IX

DA DISPOSIÇÃO FINAL

Art. 44. Compete ao Comandante-Geral dirimir as dúvidas decorrentes das presentes

Instruções Reguladoras.

FULANO DE TAL – Cel PM

Comandante Geral

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ANEXO A – FORMULÁRIO DE DISPENSA MÉDICA DA PMAL

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ANEXO B – FORMULÁRIO DE ATA DE INSPEÇÃO DE SAÚDE DA PMAL