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TESE MUNICIPAL – 2ª Conferência Municipal da Cidade 22-23jul2005 2
2a CONFERÊNCIA MUNICIPAL DA CIDADE 22 e 23 de julho de 2005
Bauru-SP TESE MUNICIPAL APROVADA PELA PLENÁRIA FINAL
Apresentação
Em 2003 realizou-se em Bauru a 1ª Conferência Municipal da Cidade, processo que reuniu
cerca de 350 pessoas para discutir o presente e o futuro do Município através das políticas públicas
de habitação, saneamento ambiental, trânsito, transporte, mobilidade urbana, gestão e qualidade de
serviços. Naquele momento o Governo Federal acabara de criar o Ministério das Cidades e precisava
de subsídios para nortear as ações da nova pasta a partir da identificação das demandas locais, por
isso promoveu uma grande mobilização nacional que culminou na realização de encontros por todo o
Brasil.
Dois anos se passaram e novamente o Governo Federal chama Estados e Municípios para
esta discussão. Bauru realiza sua 2a Conferência Municipal da Cidade, com vistas ao que foi
deliberado na edição anterior, mas ao mesmo tempo iniciando as discussões para elaboração de seu
Plano Diretor Participativo.
Esta conferência tem como eixo quatro temas: participação e controle social; políticas para
saneamento, recursos hídricos e meio ambiente; políticas para habitação, transporte e mobilidade
urbana e rural, proteção, preservação e recuperação do patrimônio construído; e financiamento do
desenvolvimento. Quatro campanhas nacionais também merecem destaque: Planos Diretores
Participativos, Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social, Marco Regulatório do Saneamento
Ambiental e Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana. Diversos segmentos da sociedade estão
representados neste processo como delegados, mas a população em geral pode e deve participar da
discussão, apresentar propostas e definir em conjunto o que é melhor para Bauru.
É importante ressaltar que o município passa por um momento singular. Os movimentos
sociais estão cada vez mais envolvidos em conselhos setoriais e discussões públicas. O Poder
Público está coordenando processos importantes, como o Plano Diretor e o Orçamento Participativo.
O envolvimento de todos os setores nesta conferência é essencial, para que haja avanços.
Não podemos esquecer que a conferência termina em sua plenária final, no entanto as
deliberações obtidas no seu decorrer precisam ser cobradas das esferas competentes, para que
sejam cumpridas. Todos nós, moradores da zona urbana ou da zona rural, vivenciamos diariamente
os problemas e, por isso, podemos apontá-los e contribuir com sugestões para solucioná-los, ainda
mais quando temos em mãos deliberações referendadas numa conferência como esta.
Esperamos que este debate não fique estagnado em documentos, mas que se torne real,
vivo, e que contribua efetivamente para a construção de um município com mais eqüidade, onde a
qualidade de vida não seja apenas uma expressão bonita, mas sim um reflexo de uma sociedade
construída com o esforço de todos.
Comissão Organizadora
TESE MUNICIPAL – 2ª Conferência Municipal da Cidade 22-23jul2005 3
1. TEMÁRIOS PROPOSTOS PELA CONFERÊNCIA
As diretrizes propostas pelo Ministério das Cidades para os eixos temáticos, que deveriam
nortear as discussões das Conferências Municipais, foram adequados à realidade local e divididas
em quatro temários: Participação e controle social; Políticas para saneamento, recursos
hídricos e meio ambiente; Políticas para habitação, transporte e mobilidade urbana e rural,
proteção, preservação e recuperação do patrimônio construído; e Financiamento do
desenvolvimento; cujas definições e propostas de ações são apresentadas a seguir.
1.1 PARTICIPAÇÃO E CONTROLE SOCIAL
As Conferências são espaços democráticos de participação dos diferentes segmentos
representativos da sociedade.
O processo de redemocratização do Brasil culminou na conquista da Constituição Federal em
1988, conhecida como “a constituição cidadã”, por conter uma perspectiva de democracia
representativa e participativa, incorporando a participação da comunidade na gestão das políticas
públicas (artigos 194, 198, 204, 206, 227).
Existem formas e mecanismos para implementação e efetivação dessa prática no Brasil. Do
ponto de vista das políticas de desenvolvimento urbano, a gestão democrática das cidades pressupõe
partilha de poder, respeito às diferenças de pensamento, acesso da população às informações,
fortalecimento dos atores sociais e combate permanente contra o clientelismo e o privilégio de
interesses particulares. Por parte dos governos, é necessário que o processo de participação leve em
conta um amplo planejamento das políticas públicas, através do levantamento das necessidades
imediatas e definição de prioridades de curto, médio e longo prazo.
Para que a sociedade possa participar nas ações de planejamento, acompanhamento,
avaliação e controle das Políticas Públicas, a articulação entre os Governos e a Sociedade Civil
depende também da mobilização, capacitação e predisposição da população, características que
devem ser demonstradas em ações concretas e contínuas. Os agentes sociais que participam dos
debates sobre políticas públicas devem conhecer os limites legais de cada esfera do Executivo, do
Legislativo e do Judiciário, da mesma forma devem conhecer a sua própria.
CONTROLE SOCIAL, portanto, é a capacidade que a sociedade organizada tem de intervir
nas políticas públicas, agindo em conjunto com o Estado, na definição de prioridades, na elaboração
de Planos de Ação, do Município, do Estado ou Governo Federal. É tarefa de cada cidadão colaborar
para a melhoria da qualidade de vida da população como um todo.
A 2ª Conferência da Cidade de Bauru também integra as ações do Plano Diretor de Bauru,
que além de deliberar sobre os vários temas que estão sendo debatidos, irá discutir e aprovar os
critérios de participação na elaboração do Plano Diretor participativo do Município.
Estamos vivendo um momento de reconvocação. Um momento como este requer muita
energia. Na década de 80 o movimento social teve papel importante. Na década de 90 foram as
ONGs, agora o país, e principalmente Bauru, quer muito de nós!
“Nunca duvide da força de um pequeno grupo de pessoas para transformar a realidade. Na verdade, eles são a única esperança de que isso possa acontecer." - Margaret Mead
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1.1.1 Ações e estratégias prioritárias – propostas
a. Garantir que os gestores municipal, estadual e federal tenham sintonia nas ações para que sejam
efetivados os compromissos assumidos através de lei específica;
b. Assegurar que os Poderes Executivo e Legislativo respeitem as deliberações de fóruns,
conferências, etc.;
c. Garantir que haja uma ampla discussão da sociedade organizada na elaboração da LDO, do
Orçamento Anual e do PPA-Plano Plurianual;
d. Garantir que as audiências públicas de prestação de contas do Orçamento Municipal- conforme
previsto na LRF-Lei de Responsabilidade Fiscal, sejam em horários e locais de fácil acesso e tenham
ampla divulgação junto aos meios de comunicação;
e. Garantir que as informações sobre orçamento, LDO, PPA e outros instrumentos de gestão como
o Plano Diretor, planos de gestão, planos de governo, sejam repassados de forma mais acessível à
população.
f. Garantir que haja uma política efetiva para que os meios de comunicação abram espaços para
uma agenda positiva em relação à participação popular;
g. Criação de uma política contínua de formação e capacitação dos cidadãos para que possam de
fato exercer o seu direito de decidir e de exercer um efetivo controle social.
h. Criação do Conselho do Município de Bauru.
i. Implantação do Instituto de Planejamento e Desenvolvimento Integrado do Município de Bauru,
tendo como órgão deliberativo o Conselho do Município de Bauru.
1.1.2 Plano Diretor Participativo
O Plano Diretor, segundo concepção contida no Estatuto da Cidade, é resultado de um
processo de discussão e avaliação da cidade por todos aqueles que a constroem. A metodologia a
ser aplicada na elaboração do Plano Diretor tem como base o planejamento participativo e regras
estabelecidas na Resolução nº 25/2005 do Ministério das Cidades.
O Plano Diretor é definido como um processo de construção coletiva, com diretrizes para todo
o território do Município, visando um desenvolvimento sustentável e democrático, integrando o meio
urbano e rural e abordando também questões regionais.
Será denominado Plano Diretor Participativo do Município de Bauru.
Núcleo Gestor
A Coordenação do Plano Diretor Participativo estará a cargo de um Núcleo Gestor, composto
por representantes do Poder Público e Sociedade Civil, de forma paritária, sendo:
• 5 representantes do Poder Público (4 do Executivo e 1 do Legislativo), além de 2 suplentes (1
para o Executivo e 1 para o Legislativo ).
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• 6 representantes da Sociedade Civil, sendo 3 dos Movimentos Sociais e Ongs (2 da área urbana
e 1 da zona rural), com 1 suplente e 3 representantes das Entidades de Classe, Sindicatos e
Instituições de Pesquisa, também com 1 suplente.
O Núcleo Gestor terá a atribuição de coordenar os trabalhos, estabelecer cronograma das
atividades, verificar o cumprimento das regras estabelecidas coletivamente, garantir ampla divulgação
e participação da comunidade em todas as etapas de elaboração do Plano Diretor Participativo.
O Poder Público Municipal garantirá curso de capacitação aos membros do Núcleo Gestor.
Setorização
A fim de garantir ampla participação da comunidade em geral, as discussões deverão ocorrer,
num primeiro momento, de forma setorizada, quando serão feitas as “Leituras Comunitária e
Técnica”, assim como discussão das propostas para o setor.
Os setores respeitarão as divisas das bacias hidrográficas, tanto urbanas como rurais,
compatibilizando também as barreiras físicas impostas pelo sistema viário principal, rodovias e
ferrovias.
Na zona urbana serão 12 (doze) setores, numerados de 1 a 12, conforme Anexo 01.
Na zona rural serão 9 (nove) setores, denominados por letras de A à I, conforme Anexo 02.
Critérios para Eleição dos Delegados
Os Delegados a serem eleitos terão a atribuição de deliberar sobre as questões apresentadas
no Congresso Final para aprovação do Plano Diretor Participativo. Devido às peculiaridades de cada
área, foram estabelecidos critérios diferenciados para escolha dos Delegados da Área Urbana e Zona
Rural, garantindo, no entanto, a mesma proporcionalidade entre os diversos segmentos da
comunidade.
Na Área Urbana a previsão é de 171 delegados, no mínimo, sendo:
60% - Movimentos Sociais (Associações, ONGs, Conselhos)
Serão eleitos em Audiência, sendo 01 Delegado para cada 3.000 habitantes do Setor.
Deverão ser considerados os dados (setores censitários) do IBGE – 2000, que totalizam na
área urbana 310.442 habitantes, resultando em 103 Delegados;
20% - Sindicatos, Entidades de Classe, Instituições de Pesquisa, Clubes de Serviço – 34
Delegados;
20% - Poder Público Municipal, Estadual e Federal – 34 Delegados.
Na Zona Rural a previsão é de 45 delegados, no mínimo, sendo:
60% - Representantes por Setor, garantindo que sejam contemplados, no mínimo, 01 proprietário,
01 morador e 01 trabalhador rural.
Até 30 participantes nas Audiências, 03 Delegados por Setor
De 30 a 60 participantes nas Audiências, 04 Delegados por Setor
Acima de 60 participantes nas Audiências, 05 Delegados por Setor
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Total: 27 a 45 Delegados
20% - Entidades organizadas do setor rural (Sindicato Rural, Sindicato Trabalhadores, Associações
e Conselhos)
Total: 9 a 15 Delegados
20% - Membros do Poder Público Municipal, Estadual e Federal, com atuação na zona
rural (Sagra, Deprn, Cati, Polícia Ambiental, Corpo de Bombeiros, Ibama, Incra)
Total: 9 a 15 Delegados
1.2 POLÍTICAS PARA SANEAMENTO, RECURSOS HÍDRICOS E MEIO AMBIENTE
Na definição de políticas públicas adequadas, a preocupação ambiental deve ser um dos
norteadores de ações e estratégias. Em Bauru os problemas são muitos e devem ser trabalhados do
ponto de vista legal, estrutural e administrativo. Investimentos em Educação Ambiental devem
acompanhar cada uma das ações a serem desenvolvidas. Temos praticamente todos os órgãos
governamentais do SISNAMA (Sistema Nacional do Meio Ambiente) em Bauru, além de um
ordenamento jurídico-ambiental municipal. Os investimentos nesta área ainda são extremamente
pequenos e a transversalidade de ações dentro das diferentes esferas de governo é quase
inexistente.
Entre os problemas existentes, destacam-se os ligados ao saneamento (abastecimento,
tratamento do esgoto, drenagem e resíduos). O Rio Batalha, que já forneceu quase toda a água
consumida, responde por apenas 35% do abastecimento, estando em um elevado estado de
degradação. Temos que reformar nossa Estação de Tratamento de Água, construir novos
reservatórios e combater a super exploração da água subterrânea. Outro grande desafio é o
tratamento dos esgotos, que são lançados sem nenhum tratamento nos corpos d’água. A drenagem
urbana apresenta problemas estruturais e de planejamento, que precisam ser atacados, pois são
dezenas de erosões que praticamente engolem a nossa cidade.
Ainda se tratando de saneamento, a gestão dos resíduos sólidos carece de uma Política
Municipal Integrada, que possa resolver com eficiência os problemas dos resíduos domésticos, de
serviços de saúde, da coleta seletiva e dos provenientes da construção civil.
A grande maioria das áreas verdes e sistemas de lazer do município não está implementada
e urbanizada, e muitas estão localizadas nas margens de cursos d’água, dentro de erosões ou
mesmo cobertas com lixo e entulho. A arborização urbana é deficiente e foi quase toda concebida
com pouca diversidade, sem qualquer planejamento.
Outra área a ser trabalhada, urgentemente, é a conservação de nossa biodiversidade. Em
Bauru a diversidade de ecossistemas (Mata Atlântica e Cerrado) e a existência de remanescentes
conservados garantem a sobrevivência para centenas de espécies vegetais e animais, muitos
listados como ameaçados de extinção. Ao todo são 5.959 hectares de cobertura vegetal (8,8% da
área do município), distribuídos em 254 fragmentos, sendo 134 com menos de 10 hectares, 50 entre
10 e 20 hectares, 50 entre 20 e 50 hectares, 11 entre 50 e 100 hectares, 7 entre 100 e 200 hectares e
2 com mais de 200 hectares, o que justifica a necessidade de projetos de corredores ecológicos. Em
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virtude destas e outras características especiais, Bauru foi listado como Área Prioritária para
Conservação pelo Ministério do Meio Ambiente. Temos a necessidade da criação de novas unidades
de conservação, além da urgência em aprovar os Planos de Manejo e de estruturar cada uma delas.
Os desafios são grandes e para que possam ser atacados precisam de um planejamento
estratégico e dos investimentos necessários.
1.2.1 Ações e estratégias prioritárias – propostas
Para melhor estruturação do documento e encaminhamento das propostas, as mesmas foram
organizadas em 6 tópicos: 1) Saneamento ambiental integrado; 2) Biodiversidade e conservação
de áreas estratégicas; 3) Drenagem urbana; 4) Qualidade de vida; 5) Área rural, e 6) Sistema
municipal de meio ambiente, apresentadas a seguir.
1.2.1.1 Saneamento Ambiental Integrado a. Recuperar a Bacia Hidrográfica do Rio Batalha de forma a garantir quantidade e a qualidade da
água fornecida para Bauru, e a Bacia Hidrográfica do Rio Bauru, garantindo dotação
orçamentária para implantação e manutenção das matas ciliares.
b. Regulamentar e implementar legislação municipal de águas subterrâneas, visando o uso racional
e preservando os mananciais superficiais.
c. Incrementar e priorizar novas áreas de captação e reservação de nossos mananciais superficiais,
a fim de evitar a exploração excessiva da água subterrânea.
d. Ampliar o sistema de reservação, visando a racionalização da energia elétrica nos horários de
pico e setorização das redes de abastecimento, visando redução de perdas por vazamento.
e. Substituir o parque de hidrômetros e setorizar os sistemas de abastecimento de água, com o
objetivo de redução das perdas, subsidiada pelo Poder Público ou órgão competente.
f. Reformar a Estação de Tratamento de Água visando a redução das perdas e tratamento do lodo
gerado;
g. Conservar mananciais superficiais para uso no abastecimento público, tais como os pertencentes
às Bacias Hidrográficas dos Córregos Água Parada e Campo-Novo.
h. Implementar uma política eficiente de combate ao desperdício de água e de redução de perdas
no sistema de abastecimento de água;
i. Desenvolver ações visando a implementação de programas de reuso de água;
j. Manter a gestão do saneamento ambiental a cargo do município, valorizando o DAE e órgãos
afins.
k. Instalar uma rede de interceptores, coletores-tronco, estações elevatórias e uma estação de
tratamento de esgotos, de modo a tratar 100% dos efluentes gerados pelo Município.
l. Implementar um plano de gestão integrada de resíduos sólidos, contemplando um Plano Diretor
de Limpeza, incluindo as seguintes ações:
l1- Instalar lixeiras e placas educativas nas principais áreas de concentração de pessoas, como
vias de circulação, avenidas, pontos de ônibus, praças, parques e feiras livres.
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l2- Dispor os resíduos sólidos, não aproveitados no programa de coleta seletiva e reciclagem em
Aterro Sanitário, conforme norma existente e devidamente licenciado.
l3 - Concretizar e implementar o plano de gerenciamento integrado de resíduos sólidos da
construção, voltados para cooperativa de trabalho na obtenção de emprego e geração de
renda, com obtenção de recursos financeiros.
l4- Implementar o Plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos de Saúde.
l5- Criar um cadastro atualizado dos geradores de resíduos industriais, e assegurar que os
mesmos sejam dispostos de maneira adequada em locais devidamente licenciados.
l6- Implementar política de apoio técnico e jurídico para criação e implantação de uma
cooperativa, tendo no mínimo 4 núcleos contemplando toda a cidade e uma central única de
recebimento de reciclagem que trabalhe com a separação e comercialização de materiais
recicláveis junto a um programa de coleta seletiva que atenda 100% da área do município
acompanhado de campanhas permanentes de educação ambiental.
1.2.1.2 Biodiversidade e Conservação de Áreas Estratégicas
a. Definir em mapa as áreas prioritárias para conservação;
b. Criar um Sistema Municipal de Unidades de Conservação, contemplando a criação de unidades
de conservação de proteção integral e de uso sustentável;
c. Implementar os Planos de Manejo e os Zoneamentos Ambientais das unidades de conservação;
d. Promover inventários de fauna e flora e estabelecer listas de espécies ameaçadas ou em risco de
extinção e medidas de conservação e recuperação.
e. Implantar um programa municipal de corredores ecológicos, promovendo a interconexão de
fragmentos com formações vegetais naturais.
1.2.1.3 Drenagem Urbana
a. Recuperar as áreas erodidas através de um Plano Municipal de monitoramento, controle e
recuperação de Erosões.
b. Implementar uma política municipal de uso e conservação de solo;
c. Dotar o município de uma rede de drenagem urbana com a implementação de galerias de águas
pluviais e de bacias de regularização de vazão, combatendo a formação de enchentes, a
formação de erosões e o assoreamento dos corpos d’água.
d. Recuperar de modo sustentável e revitalizar as áreas de fundos de vale, em especial as áreas de
preservação permanente e transformá-los em Parques Urbanos Lineares.
e. Executar as obras estabelecidas no Plano Diretor de Macrodrenagem, referentes ao Córrego das
Flores (Avenida Nações Unidas), Água da Ressaca, Água da Forquilha, Água do Sobrado e
Córrego da Grama.
f. Dar continuidade ao Plano de Macro Drenagem nas bacias dos Córregos Água do Castelo, Água
Comprida, Barreirinho e Vargem Limpa.
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g. Elaborar legislação que estabeleça tipo de ocupação por bacia de drenagem, segundo
orientações dos Planos Diretores de Macro e micro Drenagem, com exigências para execução,
pelo empreendedor, de obras de contenção de águas pluviais para manter a vazão de restrição.
h. Que seja dada prioridade a recuperação integrada nas nascentes dos córregos Água Comprida e
Água do Sobrado em âmbito da bacia hidrográfica.
i. Implementar uma política de evitar erosões, inundações e assoreamentos contemplando estudos
de geomorfologia no planejamento urbano.
1.2.1.4 Qualidade de Vida
a. Tratar a questão ambiental como prioritária no desenvolvimento das políticas públicas municipais,
contemplando-a em todos os planos de desenvolvimento.
b. Implementar uma política municipal de arborização urbana com a conseqüente adoção de um
Plano Diretor de Arborização Urbano.
c. Criar e manter praças, parques e áreas verdes em áreas estratégicas, com a criação de sistemas
de lazer, trilhas, equipamentos esportivos e espaços arborizados.
d. Criar uma rede telemétrica de monitoramento da qualidade do ar.
e. Criar um sistema eficiente de controle da poluição sonora.
f. Criar uma rede de monitoramento pluviométrico e fluviométrico.
g. Criar um sistema eficiente de controle da poluição visual, incentivando práticas alternativas que
substituam as pichações, como por exemplo, o grafite.
h. Criar um sistema cicloviário nas principais vias de circulação.
i. Incentivar práticas de turismo ecológico.
j. Implantar uma Política Municipal de Educação Ambiental.
k. Implementar os Parques Lineares de Fundo de Vale, que têm a função de integrar os setores da
cidade, oferecer equipamentos de esporte e lazer e implantar as barragens de contenção de
águas pluviais para controle das enchentes.
l. Criação de um cadastro municipal de áreas contaminadas e a conseqüente descontaminação ou
reabilitação destas áreas;
m. Intensificar a fiscalização nos espaços vazios urbanos quanto à limpeza e conservação.
n. Regulamentação das feiras livres do município.
o. Implementar política de desenvolvimento de agricultura urbana.
p. Implementar uma política de controle de animais nos centros urbanos.
q. Criar campanhas educativas sobre queimadas e um Plano Preventivo de Estiagem.
1.2.1.5 Área Rural
a. Implementar programas que visem a conservação e recuperação dos recursos naturais a fim de
promover o desenvolvimento rural sustentável procurando adequá-los aos limites de micro-bacia
b. Fomentar programas de incentivo a produção agropecuária orgânica.
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c. Implementar programas de difusão de tecnologia de produções agropecuárias e de adequação
dos sistemas de produção com fomento a agricultura familiar a fim de promover o
desenvolvimento rural sustentável
d. Criar legislação que obrigue a fiscalização e cadastramento dos 20% da reserva legal com
acercamento das APPs.
e. Criar legislação para estradas e pontes rurais.
f. Implementar programas de infra-estrutura rural contemplando a conservação, recuperação e
abertura de novas estradas rurais, pontes e mata burros.
g. Adequar os órgãos municipais responsáveis pela assistência técnica e extensão rural com
recursos humanos, financeiros e materiais
h. Implementar política de fomento ao agronegócio e agregação de valor aos produtos com ações
que facilitem o acesso ao credito rural
i. Estimular através de incentivos com prioridades de atendimento grupal as formas organizacionais
visando ações coletivas
j. Incentivar o proprietário rural ao desenvolvimento do turismo rural e do ecoturismo.
k. Garantir o acesso aos direitos de cidadão na zona rural (saúde, educação, lazer e cultura)
l. Criar um Programa de gerenciamento de resíduos na zona rural
m. Gerar e atualizar o banco de dados dos produtores (proprietários, parceiros, meeiros, arrendatário
e assentados) moradores, trabalhadores rurais e propriedades rurais, uso do solo e água no
município.
n. Elaboração de um diagnóstico ambiental (recursos, uso do solo, da água) rural com levantamento
de dados atualizados.
o. Criar uma Carta de Aptidão Agrícola e um Zoneamento Agrícola;
p. Criação de uma legislação para parcelamento do solo na zona rural.
q. Criação de uma política municipal de abastecimento com ênfase para canais de comercialização
de produtos agropecuários produzidos no município (feiras livres, mercados e afins).
r. Tornar efetiva as políticas de segurança alimentar do município.
s. Implantação imediata do Conselho Municipal de Segurança Alimentar.
1.2.1.6 Sistema Municipal do Meio Ambiente
a. Regulamentar cada um dos instrumentos do Código Municipal de Meio Ambiente.
b. Dotar os órgãos municipais de meio ambiente, de recursos materiais e humanos de controle e
fiscalização ambiental.
c. Estabelecer um sistema municipal eficiente de cadastro, licenciamento e fiscalização ambiental.
d. Criar um sistema de informações geográficas fortalecendo e democratizando o
geoprocessamento municipal com base nas informações do DAE, capaz de reunir as informações
atualizadas sobre o município.
e. Implantar um zoneamento ambiental eficiente.
f. Tornar o Estudo de Impacto Ambiental obrigatório nos empreendimentos imobiliários.
g. Criar o Plano Municipal de Meio Ambiente.
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h. Elaboração e Aprovação da Agenda 21 local de forma democrática e participativa.
i. Municipalização do sistema de licenciamento ambiental com repasse dos recursos pelo Governo
do Estado.
1.3 POLÍTICAS PARA HABITAÇÃO, TRANSPORTE E MOBILIDADE URBANA E RURAL, PROTEÇÃO, PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DO PATRIMÔNIO CONSTRUÍDO
Como este eixo temático é bastante abrangente, o mesmo foi subdividido em 3 temas:
1) Habitação; 2) Transporte e mobilidade urbana e rural, e 3) Proteção, preservação e
recuperação do patrimônio construído; cujas definições e propostas são apresentadas a seguir.
1.3.1 Habitação
O acesso universal à moradia digna, direito da pessoa humana reconhecido de uma maneira
geral na Carta dos Direitos Humanos da ONU, e mais especificamente em nosso país como garantia
fundamental transcrita na constituição de 1988, merece especial atenção na condução de políticas
públicas para o seu cumprimento.
Após a extinção do BNH em 1986, o Governo Federal abdica de possuir uma política
habitacional e todas as iniciativas no setor foram implementadas de uma forma fracionada e pontual,
com pouca coordenação por parte do governo, atendendo principalmente as classes mais
favorecidas, com renda mensal acima dos 5 salários mínimos.
Carente de uma política que enfrentasse o problema, o déficit habitacional saltou
consideravelmente na década de 1990, culminando com estimativas atuais da ordem de 7,2 milhões
de unidades para todo o país. Para melhor caracterizarmos o déficit habitacional estimado, é
importante destacar que 88% localiza-se na faixa de renda de até 5 salários mínimos e, o mais
alarmante, 60% concentra-se na faixa de renda familiar de até 3 salários mínimos. Esta população,
com renda inferior a 3 salários mínimos, excluída do sistema produtivo convencional, é jogada para a
informalidade e até mesmo a ilegalidade com as invasões de áreas públicas, privadas, de proteção
permanente e de riscos.
Após a Constituição de 1988, os municípios foram elevados à categoria de entes da
federação, carregando desta forma o bônus e principalmente o ônus deste novo status. Frente a
todas as outras responsabilidades municipalizadas, a habitação não teve o devido destaque na
divisão das parcas receitas municipais, agravando sobremaneira a situação do déficit de moradias
para a população de baixa renda.
Em 2001, com o advento do Estatuto das Cidades e, mais tarde em 2003, com a Criação do
Ministério das Cidades, são lançadas as bases para a implementação de uma Política Nacional de
Habitação. A PNH foi detalhada pelo Ministério, em Novembro de 2004, especificando objetivos e
diretrizes para sua implementação.
Em consonância com a nova doutrina da PNH, implantada pelo Governo Federal em 2004, o
Conselho Curador do FGTS, através da Resolução 460, estabelece novas regras para atender de
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forma mais adequada à população com renda inferior a 5 salários mínimos e prioritariamente a de
renda inferior a 3 salários mínimos.
Dentro deste contexto, a Cidade de Bauru apresenta um cenário similar às cidades de médio
porte da Região Sudeste, onde a especulação imobiliária levou a uma excessiva expansão da área
urbana, jogando as populações menos favorecidas para uma periferia distante, em áreas desprovidas
de infra-estrutura e equipamentos sociais.
Hoje, em Bauru aproximadamente 50% do perímetro urbano constitui-se de glebas de terras
ociosas, a serviço da especulação imobiliária. As populações excluídas do mercado imobiliário formal
possuem poucas alternativas e são empurradas para a ocupação de áreas não regularizadas, ou
invadem áreas públicas, de proteção ambiental e até mesmo, áreas de risco.
A estimativa do déficit habitacional para a cidade ainda no ano de 2000, segundo a Fundação
João Pinheiro, é de 6.609 unidades, com forte concentração na faixa de renda familiar de até 3
salários mínimos. Não considerando no déficit apontado, uma eventual demanda por qualificação de
imóveis ditos rústicos, desprovidos de alguns equipamentos mínimos como banheiros, fato que
elevaria consideravelmente a necessidade de novas habitações.
Com as novas medidas implantadas pelo Ministério das Cidades e a participação popular
estimulada pelo Estatuto das Cidades, o Município de Bauru tem nesse momento a oportunidade de
iniciar uma reversão deste quadro de aprofundamento da falta de habitações dignas, para a
população mais carente.
Neste processo de redirecionamento das prioridades e de implantação de novos programas
habitacionais voltados para a população mais carente, são fundamentais a forte participação popular
na definição de prioridades e a integração das instâncias governamentais aos níveis Federal,
Estadual e Municipal, para a obtenção dos recursos necessários.
1.3.1.1 Ações e estratégias prioritárias – propostas
Para facilidade de organização e encaminhamento das propostas, o tema Habitação foi
subdividido em 5 tópicos: 1) Solução para as favelas e habitações populares; 2) Controle da
especulação imobiliária; 3) Melhoria urbanística da implantação das habitações; 4)
Regularização fundiária, e 5) Moradia na área central da cidade.
1.3.1.1.1 Solução para as favelas e habitações populares
a. Promover o acesso à terra e à moradia digna aos habitantes da cidade e do campo, com a
melhoria das condições de habitabilidade, de preservação ambiental, saneamento básico e de
qualificação dos espaços, avançando na construção da cidadania, priorizando as famílias de
baixa renda.
b. Assegurar políticas fundiárias que garantam o cumprimento da função social da propriedade.
c. Desenvolver a Política Municipal de Habitação e implementar CMH e o FMH.
d. Dar continuidade ao levantamento das favelas estabelecendo, com a participação das
comunidades envolvidas, políticas adequadas para sua erradicação, seja através da remoção ou
de regularização fundiária, aplicando-se os instrumentos do Estatuto da Cidade.
TESE MUNICIPAL – 2ª Conferência Municipal da Cidade 22-23jul2005 13
e. Propor ao Governo Federal e Estadual uma política de financiamento subsidiado para habitação.
f. Implementar o Fundo Municipal de Habitação com programas subsidiados para população com
renda até 3 salários mínimos.
g. Implantar uma política de terras municipais, a partir da aplicação dos instrumentos do Estatuto da
Cidade, para desenvolvimento de programas habitacionais, que atendam também a população
rural.
h. Promover processos democráticos na formulação, implementação e controle dos recursos da
política habitacional, estabelecendo canais permanentes de participação das comunidades e da
sociedade organizada.
i. Criação de um órgão municipal que desenvolva os projetos, políticas e ações definidos pelo
CMH.
j. Buscar recursos e programas disponíveis nas diversas esferas governamentais e em outros
agentes internacionais.
k. Priorizar programas habitacionais que atendam a população com renda até 3 salários mínimos.
l. Assegurar a vinculação da política habitacional com as demais políticas públicas, com ênfase às
sociais, espaços de lazer, de geração de emprego e renda, de educação ambiental e de
desenvolvimento urbano, valorizando os bairros e regiões periféricas da cidade.
m. Estimular a participação da iniciativa privada na promoção e execução de projetos compatíveis
com as diretrizes e objetivos da Política Municipal de Habitação.
n. Destinar ao FMH, no mínimo a parcela do ICMS referente à habitação que retorna ao município.
o. Que toda construção/projeto habitacional de interesse social garanta um número proporcional à
ocupação de espaços menores e vazios urbanos, e a disponibilidade dos equipamentos sociais e
outros já existentes, independente da fonte de recursos.
1.3.1.1.2 Controle da especulação imobiliária
a. Elaborar o novo Plano Diretor contemplando os instrumentos do Estatuto da Cidade, em especial
os que combatem a especulação imobiliária e os vazios urbanos, inclusive para aquisição de
imóveis, evitando-se o recurso da desapropriação.
b. Aplicar a Contribuição de Melhoria como forma de recuperação dos investimentos públicos.
c. Revisar a Planta de Valores Genéricos do Município de 2 em 2 anos, como forma de recuperação
dos investimentos públicos.
1.3.1.1.3 Melhoria urbanística da implantação das habitações
a. Permitir a expansão do perímetro urbano somente após a apresentação de Estudo de Impacto
Ambiental aprovado pelo órgão competente e referendado em audiência pública.
b. Priorizar a implantação de empreendimentos habitacionais nos vazios urbanos próximos das
áreas centrais, otimizando a infra-estrutura e equipamentos já implantados.
c. Exigir Estudo de Impacto de Vizinhança para empreendimentos habitacionais, garantindo sua
sustentabilidade econômica, financeira e social.
TESE MUNICIPAL – 2ª Conferência Municipal da Cidade 22-23jul2005 14
d. Utilizar processos tecnológicos que garantam a melhoria da qualidade e a redução dos custos da
produção habitacional e da construção civil em geral.
1.3.1.1.4 Regularização Fundiária
a. Dar melhor destinação técnica e social aos Lotes Urbanizados.
b. Realizar recadastramento imobiliário em toda a cidade.
c. Implantar programas de regularização fundiária na zona rural.
d. Agilizar os processos já em andamento sobre regularização fundiária/usucapião nas ocupações
irregulares do município.
1.3.1.1.5 Moradia na área central da cidade
a. Criar incentivos à implantação de moradias na área central utilizando os instrumentos do Estatuto
da Cidade.
b. Implementar uma política de adequação para uso residencial das edificações ociosas na área
central, através de reciclagem, reabilitação e revitalização com programas subsidiados.
1.3.2 Transporte e mobilidade
No intuito de formular e implantar uma política de Mobilidade Urbana viável, as ações nas
áreas de trânsito e transporte deverão proporcionar às pessoas o acesso amplo e democrático ao
espaço urbano.
Na integração dos diversos modos de deslocamento e transporte de cargas, previstos no
CONTRAN, foi formulado o projeto para a futura regulamentação da circulação e transporte de cargas
e passageiros por meio de veículos de tração animal, no âmbito do Município de Bauru, atendendo a
determinação do artigo 24 do Código de Trânsito Brasileiro. Atualmente, no sistema viário, a adoção
da metodologia de implantação de mini-rotatória, para redução de movimentos veiculares conflitantes
acaba por minimizar os efeitos do uso massivo do carro.
A Mobilidade Urbana não motorizada tem seu incentivo em ações, como a implantação de
semáforos para pedestres na Av. Rodrigues Alves (quarteirão. 01 ao 14), calçadão da Batista de
Carvalho (quarteirão 01 ao 07), Av. Nações Unidas (quarteirão 17, próximo ao Supermercado
Paulistão) e, mais recentemente, na Av. Rodrigues Alves quarteirões. 36 e 37 (em especial as
pessoas que se dirigem para a Escola do SESI naquele local).
Após a execução do anteprojeto do POT de Bauru (Projeto de Orientação de Tráfego de
Bauru), começa a fase de execução do projeto definitivo e, paralelamente, os estudos sobre as
possibilidades de viabilizá-lo de forma financeira. Esta ação visa facilitar a locomoção através de
caminhos tradicionais ou alternativos, que serão indicados nas placas de sinalização, proporcionando
acesso mais racional no deslocamento aos principais corredores de tráfego, pontos turísticos,
serviços essenciais, logradouros e referenciais urbanos.
A reestruturação do transporte coletivo implantado recentemente compreendeu duas etapas.
Na primeira etapa a frota foi redimensionada para adequar-se a demanda (2003) e, na segunda
etapa, houve a integração plena do sistema (2004).
TESE MUNICIPAL – 2ª Conferência Municipal da Cidade 22-23jul2005 15
A integração tarifária veicular através do sistema automático (Bilhetagem Automática),
atendeu, de forma otimizada, a necessidade de construção do terminal rodoviário urbano, através do
conceito de integração por conexão de linhas em pontos estratégicos da rede, permitindo ampla
acessibilidade à cidade, para aquelas pessoas que diariamente utilizam este meio de transporte. Mais
recentemente (2005) foi criado o Passe Múltiplo, destinado a pessoas que não utilizam o transporte
coletivo de forma rotineira.
Em relação às pessoas portadoras de mobilidade reduzida, foi introduzido ao sistema de
transporte coletivo mais uma Van (totalizando 03), para atender este segmento. Na reforma do
Terminal Rodoviário de Bauru, estão sendo feitas as adaptações necessárias para uma maior
integração dessas ao dia-dia com as demais pessoas.
Cabe ainda salientar que a revisão do modelo licitatório foi executada por modificação da
legislação, que extinguiu a Câmara de Compensação Tarifária e passou a remunerar o sistema de
transporte através de passageiros transportados, desonerando a prefeitura com os sucessivos déficits
que havia no sistema.
1.3.2.1 Ações e estratégias prioritárias – propostas
Para facilidade de organização e encaminhamento das propostas, o tema Transporte e
mobilidade urbana e rural foi subdividido em 7 tópicos: 1) Intermodalidade; 2) Sistema viário
urbano; 3) Malha ferroviária; 4) Melhoramento na área de Engenharia de Tráfego; 5)
Investimentos e ações em educação no trânsito; 6) Transporte, e 7) Mobilidade urbana.
1.3.2.1.1 Intermodalidade
a. Propor um Plano Diretor Democrático, local e regional que interligue o sistema rodoviário, ao
ferroviário, aeroviário e hidroviário.
b. Buscar recursos para investimentos regionais na intermodalidade.
c. Rever e fiscalizar as concessões e privatizações do sistema ferroviário, recompondo o seu papel
de transporte de passageiro regional.
1.3.2.1.2 Sistema viário urbano
a. Alterar os conceitos de sistema radiocêntrico e dar prioridade ao sistema de interligação inter-
bairros.
b. Reavaliar os projetos de vias de fundo de vales, ampliando as áreas de preservação permanente,
de áreas de lazer e esporte e de áreas institucionais.
c. Buscar recursos para construções de novas vias estruturais criando operações urbanas e infra-
estruturas para criação de novos pólos de desenvolvimento urbano.
d. Criação e manutenção das vias paralelas para circulação de carroceiros, carrinheiros, ciclistas,
triciclistas, skatistas, etc, identificando as regiões de maior necessidade da construção destas
paralelas.
TESE MUNICIPAL – 2ª Conferência Municipal da Cidade 22-23jul2005 16
e. Prever nos novos empreendimentos imobiliários, itinerários e locais de parada para o transporte
coletivo, de modo a assegurar a acessibilidade, conforto e segurança de seus moradores e/ou
usuários.
1.3.2.1.3 Malha ferroviária
a. Investimento em ações junto aos órgãos municipais, estaduais e federais para aproveitamento
das áreas lindeiras à ferrovia para criação de lazer, esportes, ciclovias, etc.
b. Aproveitamento da malha para criação de um trem urbano com a busca de recursos junto ao
Governo Federal (metrô de superfície).
c. Aproveitamento das edificações ferroviárias para usos da cultura, comércio, serviços, educação,
geração de emprego e renda, ampliando o aproveitamento de circulação da malha ferroviária.
d. Aproveitamento da malha ferroviária dentro do município, com investimentos para implantação de
um circuito turístico-histórico entre o seu Museu Ferroviário Regional até a Estação de Curuçá,
Val de Palmas, Tibiriçá e outros.
e. Recuperação da Estação de Curuçá, Val de Palmas, Tibiriçá e outros, transformando-as em um
centro histórico receptivo de turista, valorizando a cultura regional e a história ferroviária do
município.
1.3.2.1.4 Melhoramento na área de Engenharia de Tráfego
a. Redução de movimentos veiculares conflitantes em pontos críticos.
b. Melhoria na coordenação do sistema semafórico (centralização) e investimentos em novos
equipamentos e materiais (no breaks e led´s), garantindo a acessibilidade universal.
c. Sinalização indicativa da cidade de forma globalizada (integração das placas antigas com as
novas indicações).
d. Desenvolvimento de programa para implementar banco de dados de acidentes.
e. Estudos sobre operações de carga e descarga no quadrilátero central da cidade.
f. Criação de vagas de estacionamento nas áreas comerciais, em novos empreendimentos, em
quantidade compatível com a atividade a ser desenvolvida.
g. Melhoramento da pavimentação das vias.
h. Criação de entreposto de cargas fora do perímetro central, reduzindo o tráfego de caminhões no
quadrilátero central.
1.3.2.1.5 Investimentos e ações em educação no trânsito
a. Atividades educativas (teatros, palestras, cursos) em escola.
b. Mobilização de empresas para parceria na promoção de palestras e ciclos de debates.
c. Confecção e distribuição de material educativo.
d. Publicação de revista infantil com foco na segurança no trânsito.
e. Realização da semana do trânsito.
f. Incentivo ao trabalho em conjunto dos órgãos relacionados ao trânsito.
TESE MUNICIPAL – 2ª Conferência Municipal da Cidade 22-23jul2005 17
g. Suporte das universidades locais em ações de educação.
h. Montagem de uma central de documentação de segurança no trânsito.
i. Implantação de painéis e outdoors com mensagens educativas e de painéis luminosos com
dados sobre o trânsito local.
j. Ampliação de cursos de direção defensiva em escolas e empresas.
k. Criação de portal específico na internet com informações sobre trânsito e transporte na cidade.
l. Criação de uma Cidade Mirim.
m. Incentivar uma política educacional que estimule o uso do transporte coletivo e de reduzido
impacto ambiental, restituindo dignidade do usuário e conforto do mesmo.
1.3.2.1.6 Transporte
a. Revisão da política tarifária objetivando sua modicidade através de subsídios públicos e privados,
incentivo à redução de impostos e ressarcimento das gratuidades (deficientes, idosos e
estudantes);
b. Implantação do uso de combustíveis alternativos na frota de ônibus coletivos, com a permanente
busca de soluções tecnológicas, ambiental e economicamente viáveis, que visem a
sustentabilidade do sistema no sentido de reduzir o impacto ambiental e as tarifas;
c. Investimento e ações educativas visando garantir assentos reservados a idosos, gestantes,
pessoas portadoras de deficiências e mães com crianças de colo;
d. Revisão da matriz de transportes do município de Bauru, considerando as aspirações e
potencialidades do município;
e. Priorizar o uso dos recursos públicos para o asfaltamento, recapeamento e melhoria na infra-
estrutura da periferia, com maior atenção às vias onde ocorre o tráfego de ônibus urbano.
f. Instalação e manutenção de abrigos (cobertura) e bancos em todos os pontos de ônibus,
priorizando as áreas de maior demanda, sendo os mesmos executados pela iniciativa privada
(publicidade) em parceria com as empresas responsáveis pelo transporte coletivo de Bauru,
seguindo um padrão adequado às diferentes demandas a ser definido pelo gerenciador do
sistema.
g. Ampliação da Fiscalização do transporte.
h. Revisão da legislação do sistema de transporte: individual, coletivo, escolar, fretamento, etc.
i. Ampliação do sistema de atendimento através de vans com agendamento “porta a porta”, para
portadores de deficiência física e motora com dependência de cadeira de rodas.
j. Renovação da frota de veículos do transporte coletivo, adequando-a à acessibilidade universal, a
fim de garantir a inclusão social, atendendo as leis federais 10.048/00 e 10.098/00,
regulamentadas pelo decreto 5.296/04.
1.3.2.1.7 Mobilidade
a. Revisão dos acessos à cidade pelas Rodovias, garantindo instrumentos que tragam segurança
aos motoristas e pedestres, visando reduzir o número de acidentes;
TESE MUNICIPAL – 2ª Conferência Municipal da Cidade 22-23jul2005 18
b. Realização de estudos sobre o acesso ao Aeroporto Regional, prevendo o aumento da circulação
de veículos na região, e buscando apoio junto a órgãos municipais, estaduais e federais;
c. Melhorar a sinalização que identifica as vias públicas;
d. Parceria com o Governo do Estado para a ampliação da Avenida Nações Unidas para a região
norte, com acesso à Rodovia Bauru-Marília;
e. Criar instrumentos que obriguem os empreendedores de loteamentos e pólos geradores de
tráfego a investir em obras e equipamentos (sinalização) visando adequações do sistema viário e
minimizando impactos sobre a malha urbana, atendendo assim o artigo 88 e 93 do Código de
Trânsito Brasileiro.
f. Criar instrumentos que obriguem as empresas construtoras, pessoas e Poder Público a
cumprirem a qualidade na execução de calçadas públicas que são de responsabilidade do
proprietário lindeiro, evitando desníveis e, inclusive, garantindo passeios para pedestres,
preservando a sua segurança.
g. Estabelecer ligações viárias com qualidade entre os loteamentos e os pólos de desenvolvimento
ou geradores de empregos e renda.
h. Adaptação dos prédios públicos e de uso coletivo à acessibilidade universal.
i. Possibilitar a acessibilidade universal em vias e espaços públicos coletivos, criando condições de
uso com autonomia e segurança.
j. Criação de instrumentos para melhoria no sistema de fiscalização de vias e calçadas (conforme
artigo 94 e 95 do Código de Trânsito Brasileiro).
k. Emenda no projeto de lei municipal 51/04 “que estabelece normas sobre a aprovação e execução
de infra-estrutura nos parcelamentos do solo no município de Bauru”, incluir sinalização de
trânsito.
1.3.3 Proteção, preservação e recuperação do patrimônio construído
A ocupação inicial de Bauru foi espontânea, sem um planejamento inicial, na última década
do século XIX. A cidade desenvolveu-se no sentido norte-sul e as edificações foram construídas ao
longo das ruas Araújo Leite e Antônio Alves. É importante ressaltar que a chegada dos trilhos da
Sorocabana em 1905, da Paulista em 1910, e a construção da Noroeste fizeram com que Bauru se
tornasse importante centro de comércio e de desenvolvimento urbano. Também a ferrovia se torna
um importante meio de comunicação, de importação de materiais de construção e de novas técnicas
construtivas. As edificações são construídas com uma linguagem eclética; as primeiras casas de
porão alto com afastamentos laterais, platibandas, elementos ornamentais, comércio no pavimento
térreo e residências no piso superior.
De 1924 a 1936, a cidade teve sua maior expansão urbana, com a construção de novos
bairros. Em 1940, a área central se densifica e aparece um grande número de loteamentos na
periferia da cidade.
TESE MUNICIPAL – 2ª Conferência Municipal da Cidade 22-23jul2005 19
Nas décadas de 40 e 50 o Movimento Moderno, já bastante forte em todo o Brasil, chega,
enfim, a Bauru. Personagens importantes passam a escrever a história da arquitetura moderna nesta
cidade: Zenon Lotufo, Ícaro de Castro Melo, Fernando Pinho, dentre outros, trabalharam no decorrer
de um período que corresponde às décadas de 40, 50, 60 e 70. Após 1950, a paisagem urbana do
centro é modificada pela construção de prédios verticais, tais como: o Alvorada Palace Hotel,
localizado na rua 1° de Agosto; Foto Giaxa e a Paulista, construídos na rua Batista de Carvalho, entre
outros. A construção destes edifícios no centro da cidade trouxe a ruptura da fisionomia da paisagem
urbana existente. Já na década de 60 e 70, a cidade se expande ao sul com as novas construções
denominadas “Altos da Cidade”.
O centro da cidade de Bauru é a área histórica, o ponto de referência por que nela teve início
a cidade. Esta área concentra o maior número de edificações com valor histórico, arquitetônico e
cultural, tombados e indicados para o tombamento pelo CODEPAC (Conselho de Defesa do
Patrimônio Cultural) de Bauru, como: Automóvel Clube, Casa Sabastano, Casa Lusitana, Edifício
Abelha, Hotel Estoril, Hotel Terra Branca, Estação da Estrada de Ferro Noroeste, Foto Giaxa,
Superintendência da Estrada de Ferro Noroeste, Farmácia Popular, Hotel Cariani, Palacete Pagani,
Colégio São José, Aliança Francesa, Sociedade Beneficiente Portuguesa, entre outros. É importante
ressaltar que em Bauru, a Estação da Estrada de Ferro Noroeste e o Instituto Lauro de Souza Lima (a
Igreja de Nossa Senhora das Dores, o coreto e o teatro) foram tombados pelo Conselho de Defesa do
Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo (CONDEPHAAT).
O Estatuto da Cidade prevê “a proteção, a preservação e a recuperação do meio ambiente
natural e construído, do patrimônio cultural, histórico, artístico, paisagístico e arqueológico. Esta é
mais uma importante medida para se obter a garantia da convivência vital entre o homem e o meio,
bem como para a manutenção de nossa história urbana, seja ela local, regional ou nacional”.
Diante da deterioração, da descaraterização e mesmo da destruição do patrimônio cultural,
que são expressões das manifestações econômicas, sociais e culturais, devem ser criadas condições
necessárias para a salvaguarda deste patrimônio, tais como: legislação, financiamento, medidas
administrativas, sanções, reparações, recompensas e assessoramento, contemplados no Plano
Diretor da cidade, especificamente como Área de Proteção Especial.
1.3.3.1 Ações e estratégias prioritárias – propostas
Assim como nos temas anteriores, para facilidade de organização e encaminhamento das
propostas, o tema Proteção, preservação e recuperação do patrimônio construído foi subdividido em
7 tópicos: 1) Medidas administrativas; 2) Legislação; 3) Financiamento; 4) Sanções; 5)
Reparações, 6) Assessoramento, e 7) Programas educativos.
1.3.3.1.1 Medidas administrativas
a. Tombamento, através das instâncias de preservação no âmbito local, estadual ou nacional do
patrimônio construído de relevância histórica, ambiental, paisagística, arquitetônica e cultural,
além de bens móveis, relacionados à malha ferroviária.
TESE MUNICIPAL – 2ª Conferência Municipal da Cidade 22-23jul2005 20
b. A responsabilidade pela salvaguarda do patrimônio arquitetônico e urbano em Bauru deverá
competir aos organismos federal, estadual e local.
c. Os serviços de salvaguarda do patrimônio deverão contar com pessoal qualificado, especialistas
competentes (arquitetos, urbanistas, geógrafos, historiadores, sociólogos, arqueólogos, entre
outros) em matéria de preservação do patrimônio edificado.
d. Deverão ser tomadas medidas administrativas necessárias para a salvaguarda do patrimônio
arquitetônico: fiscalizações, sanções, reparações, incentivos fiscais, entre outros.
e. A desapropriação do patrimônio deverá ser necessária em casos de deterioração, descaso e
abandono por parte dos proprietários. Esta deve ter caráter social.
f. Continuidade no processo de revitalização da área central e manutenção das benfeitorias
implementadas através de parcerias entre os poderes público e privado;
g. Requalificação do mobiliário urbano, na área central, inclusive no calçadão da rua Batista de
Carvalho com redesenho dos pórticos/coberturas, atendendo às especificações contidas nas
normas de segurança vigentes.
1.3.3.1.2 Legislação
a. Preservar as edificações existentes, evitando a descaracterização e mesmo sua demolição,
colocando funções compatíveis à sua tipologia.
b. Preservar a tipologia, o volume e as fachadas das edificações existentes dos diferentes períodos
históricos e estilos arquitetônicos;
c. Na reorganização dos espaços internos das edificações existentes para sua adequação a outra
função, deverá ser evitada a descaracterização das fachadas, a demolição das paredes internas
sempre que possível. Quando o programa exigir uma intervenção no arranjo interno da
edificação, esta deverá ser realizada com materiais contemporâneos e de fácil remoção, porém
integrados aos materiais existentes;
d. Nas intervenções contemporâneas realizadas no patrimônio cultural deverá ser facilitada sua
leitura através de materiais contemporâneos.
1.3.3.1.3 Financiamento
a. Que as três esferas de governo disponibilizem no orçamento valor ou rubrica suficiente para
assegurar a salvaguarda do patrimônio arquitetônico e urbano.
b. Que as três esferas de governo incentivem a criação de linhas de crédito com juros acessíveis e
incentivos necessários para a restauração, revitalização e reciclagem do patrimônio arquitetônico.
c. Prever incentivos fiscais e financeiros, concessão da transferência do direito de construir e de
outros instrumentos do Estatuto da Cidade para imóveis tombados.
TESE MUNICIPAL – 2ª Conferência Municipal da Cidade 22-23jul2005 21
1.3.3.1.4 Sanções
a. Que as três esferas de governo sejam severas na punição às infrações cometidas em obras
públicas ou privadas por negligência ou intencionalmente em relação à salvaguarda do
patrimônio.
1.3.3.1.5 Reparações
a. Que as três esferas de governo adotem medidas necessárias para assegurar a reparação, a
restauração ou a reconstrução dos bens culturais deteriorados por obras públicas ou privadas,
criando condições para que seja concedida assistência financeira e técnica quando necessária.
1.3.3.1.6 Assessoramento
a. Que os Conselhos de Defesa do Patrimônio Artístico, Arqueológico, Histórico e Turístico
proporcionem às prefeituras, particulares e associações, assistência, dispondo de pessoal
especializado na salvaguarda do patrimônio, assessoramento técnico ou supervisão que permita
assegurar a salvaguarda do patrimônio arquitetônico.
1.3.3.1.7 Programas educativos
a. Que as três esferas de governo difundam a importância histórica, arquitetônica e cultural do
patrimônio edificado através de filmes documentais, livros pedagógicos nos diferentes graus de
educação, visitas programadas e outros que permitam conhecer o patrimônio e preservá-lo.
1.4 FINANCIAMENTO DO DESENVOLVIMENTO
O financiamento do desenvolvimento urbano é uma condição para a continuidade do
crescimento econômico do País, retomado em 2004, para geração de emprego e renda e para o
enfrentamento das fortes desigualdades sociais e territoriais características da nossa sociedade.
Ao longo dos últimos anos, o financiamento do desenvolvimento urbano encontra duas
ordens de constrangimentos: a pura e simples retração dos investimentos públicos diretos e a
restrição da capacidade de endividamento dos Estados e Municípios.
Não há falta de recursos para financiamento, como atestaram e atestam atualmente as fontes
do FGTS e do FAT, no plano nacional e, também as fontes internacionais, como o Banco Mundial e
Banco Interamericano de Desenvolvimento, mas há limitações de recursos a fundo perdido (não
onerosos) e restrições para o endividamento público.
Outro desafio colocado no plano federal é a articulação dos investimentos definidos pelas
emendas parlamentares (recursos não onerosos do Orçamento Geral da União, que, em 2005,
representam 80% do total de recursos do OGU do Ministério das Cidades).
TESE MUNICIPAL – 2ª Conferência Municipal da Cidade 22-23jul2005 22
O financiamento do desenvolvimento urbano, contudo, não é atribuição exclusiva da União.
Estados e Distrito Federal também têm um papel importante na mobilização de recursos,
principalmente para as áreas de habitação, saneamento ambiental e transporte e mobilidade urbana.
A implementação da Política Nacional de Desenvolvimento Urbano depende, também, em
grande parte, da capacidade de investimento e de recursos próprios dos municípios. Diante desta
exigência, há que se reconhecer a forte dependência da maioria dos municípios dos recursos
transferidos por estados e União, o que reflete diferenças regionais e de tamanho populacional entre
os municípios.
Atualmente, o tributo municipal de maior arrecadação é o Imposto sobre Serviços de
Qualquer Natureza - ISS. Ele foi responsável, em 2003, por 43% dos R$ 22,5 bilhões arrecadados
pelas prefeituras brasileiras, mais de três quartos deste valor concentrados nos 106 municípios
brasileiros com mais de 200 mil habitantes. A tributação do patrimônio dos proprietários de terrenos e
edifícios urbanos representa menos de 0,5% de nosso Produto Interno Bruto, valores muito abaixo da
média de países mais desenvolvidos.
Desta forma, os impostos que mais geram receita para os municípios incidem sobre o
consumo, quando o imposto mais importante para as prefeituras promoverem desenvolvimento
urbano deveria incidir sobre a propriedade de edifícios e terrenos urbanos, o IPTU.
Mais que aumentar a receita dos municípios, a gestão responsável do solo urbano através da
cobrança do IPTU, é uma ação essencial para a justiça urbana e permite às prefeituras cumprir as
diretrizes do Estatuto das Cidades, assegurar a função social da propriedade, controlar a expansão
horizontal da cidade, adquirir terra de qualidade para a habitação de interesse social e retomar para o
Estado parte da valorização dos imóveis causada pelos investimentos públicos.
O financiamento do desenvolvimento urbano deve contar ainda com a participação da
iniciativa privada. Para isso, novas leis federais (como a que estabelece o Patrimônio de Afetação)
garantem mais segurança para o mercado habitacional e aumentam o volume de recursos privados
destinados `a classe média. O instituto da Parceria Público - Privada também viabiliza investimentos
privados em infra-estrutura urbana.
Diante deste quadro geral, foram levantadas as seguintes questões para discutir o
financiamento do desenvolvimento urbano:
1ª - Quais as alternativas para ampliar os recursos e o financiamento do desenvolvimento urbano?
2ª - Quais devem ser as prioridades dos três entes federados no financiamento do desenvolvimento
urbano?
3ª - Como articular de forma eficiente os recursos dos três entes federados para o desenvolvimento
urbano e qualificar os gastos públicos?
4ª - Quais as políticas, medidas e instrumentos que devem ser adotados pelos municípios para
viabilizar uma arrecadação própria para financiamento do desenvolvimento urbano?
5ª – Como viabilizar a articulação de recursos para financiamento e recursos não onerosos para o
desenvolvimento urbano?
TESE MUNICIPAL – 2ª Conferência Municipal da Cidade 22-23jul2005 23
Aprofundando a questão municipal
1ª - Qual a capacidade de investimento próprio do município de Bauru?
2ª - Qual é a estrutura da arrecadação do município de Bauru?
3ª - Como melhorar a arrecadação e a capacidade de investimento direto do Município?
4ª - Quais as possibilidades de financiamento externo, público/privado, para investimentos municipais
em Bauru?
5ª - Como equacionar o problema do tratamento do esgoto, sua necessidade, suas conseqüências e
as possibilidades de financiamento?
Considerando-se que as questões macro poderão ser aprofundadas nas reuniões de âmbito
estadual e federal, propomos o foco central nos problemas de nosso Município, com destaque
para o financiamento do tratamento do esgoto.
1.4.1 Ações e estratégias prioritárias – propostas
A exemplo dos temas anteriores, para facilidade de organização e encaminhamento das
propostas, o tema Financiamento do desenvolvimento foi subdividido em 3 tópicos: 1) Municipal
2) Estadual, e 3) Federal.
1.4.1.1 Municipal
a. Priorizar o tratamento de esgoto, como forma de resolver os problemas ambientais, de saúde
pública, e atrair novos investimentos (indústrias, habitações entre outros).
b. Viabilizar recursos necessários para tratamento de esgoto através de financiamento
(empréstimos) e criar um fundo municipal de arrecadação, baseados em cobranças diferenciadas
por categorias de consumo e uso do sistema.
c. Desenvolver projetos para financiamento externo do asfalto comunitário e através da criação do
fundo municipal de pavimentação.
d. Modernizar a estrutura / equipamentos e gestão dos órgãos públicos municipais, buscando
melhoria da arrecadação municipal.
e. Discutir no orçamento participativo municipal os valores que se pretendam arrecadar com ISS e
IPTU visando atender os investimentos e prioridades estabelecidas.
f. Corrigir o valor venal dos imóveis do município a cada dois anos, buscando a atualização ao valor
de mercado praticando justiça tributária.
g. Fazer recadastramento imobiliário e de contribuintes de ISS, mantendo-o atualizado anualmente.
h. Garantir a aplicação da lei de contribuição de melhorias.
i. Criar mecanismos mais eficazes de fiscalização e acompanhamento, integrado a entidades afins,
de construções e suas utilizações (moradia, comércio, indústria, etc.).
j. Agilizar a regularização da situação de inadimplência do município visando garantir a
possibilidade de acesso a recursos financeiros.
k. Garantia de apoio do poder público às iniciativas que busquem a economia solidária, por meio de
intercâmbios e consórcios como forma de geração de renda e inclusão social.
TESE MUNICIPAL – 2ª Conferência Municipal da Cidade 22-23jul2005 24
l. Utilização e aprofundamento dos instrumentos do Estatuto da Cidade como meio de
financiamento e redirecionamento do desenvolvimento urbano e rural.
m. Evitar sempre que possível a utilização do instrumento da desapropriação de terra utilizando-se
dos instrumentos do estatuto da cidade.
n. Buscar nos instrumentos do estatuto da cidade e outras leis, condições para agregar área para
instalação de novos Distritos Industriais, loteamentos populares e outros.
o. Desenvolver projetos integrados (urbanísticos, sociais, geração de emprego e renda e infra-
estrutura etc.) que articule financiamentos municipais, estaduais, federais e setor privado.
p. Viabilizar o acesso ao crédito rural, e criação de um fundo de aval municipal a fim de viabilizar o
crédito rural a agricultores familiares, visando o desenvolvimento rural do município.
1.4.1.2 Estadual
a. Revisão dos critérios de transferências do ICMS aos municípios com o aumento do peso do item
população.
b. Revisão dos critérios estabelecidos para destinação de micro crédito – Banco do Povo – visando
atingir os objetivos a que se propõe.
1.4.1.3 Federal
a. Destinar mais recursos do Orçamento Geral da União para projetos que se destinem a setores
essenciais como saúde, saneamento, habitação e etc.
b. Promover a revisão dos índices do fundo de participação repassados aos municípios, buscando
aumentar seus valores.
1.5 DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS
Para que sejam amplamente atingidos os objetivos da 2ª Conferência Municipal da Cidade de
Bauru, é imprescindível que sejam colocadas em prática as duas ações propostas a seguir:
a. A redação final da “Tese Municipal”, aprovada pela plenária final da 2ª Conferência Municipal da
Cidade de Bauru deverá ser amplamente divulgada.
b. Implementar uma política de real aplicabilidade dos planos ora debatidos dentro da realidade
municipal, levando-se em consideração as possibilidades de aplicabilidade prática, condizente a
realidade de Bauru, em curto, médio e longo prazo.
TESE MUNICIPAL – 2ª Conferência Municipal da Cidade 22-23jul2005 25
1.6 MOÇÕES APROVADAS MOÇÃO 1 – proposta da Associação de Moradores do Parque Roosevelt “Que o Poder Público Municipal proceda a finalização do inventário das comunidades carentes de
Bauru, estabelecendo políticas e ações adequadas para sua urbanização, com a implantação da
logística necessária para uma perfeita integração social inclusive o de regularização fundiária,
aplicando-se o instrumental legal do Estatuto da Cidade”.
MOÇAO 2 – proposta de diversos delegados Os delegados da 2a Conferência Municipal da Cidade vêm por meio desta moção solicitar ao
Excelentíssimo Senhor Prefeito José Gualberto Tuga Angerami um maior enfoque na questão do
desenvolvimento cultural do Município, não contemplado nesta Conferência e que, no entanto, foi
considerado importante na estruturação social e desenvolvimento do Município. Propõe-se aqui a
realização de um seminário com o tema Propostas de Políticas Públicas para o Desenvolvimento
Cultural de Bauru, com o intuito de discutir a produção e difusão de idéias e proposições para a área
da cultura no âmbito Municipal, incentivando as manifestações culturais, de forma a torná-as mais
acessíveis e introduzí-las no interesse e cotidiano popular.