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A construção das pirâmides e a pedra calcária reconstituída http://www.geopolymer.com.br Joseph Davidovits, é um cientista de materiais francês, que postula que os blocos da Grande Pirâmide não são pedra cortada; mas que na verdade são principalmente uma forma de concreto de pedra calcária. Ele detém a Ordem Nacional do Mérito da França (uma das mais altas honrarias francesas), é autor e coautor de mais de 130 artigos científicos e relatórios de conferências, é o descobridor e inventor da química geopolimérica e suas aplicações técnicas, e detém mais de 50 patentes. Joseph Davidovits é membro da Associação Internacional de Egiptólogos. Ele apresentou várias conferências sobre cerâmica, faiança azul, cimento, pigmentos, e sobre a análise de pedras das pirâmides em diversos Congressos Internacionais de Egiptologia. Neste programa, Joseph irá discutir como as pirâmides do Egito foram construídas. Ele irá compartilhar suas pesquisas e teorias sobre a pedra calcária reconstituída e muito mais. Os tópicos discutidos: geopolímeros, pedras moldadas, alquimia, pasta de pedra, química, minerais, cimento, areia molhada de fundição, pedreiras, calcário desagregado, sal, natrão, carbonato de sódio, soda cáustica, pedra de revestimento, conchas, sílica, granito, pirâmides sob água, a umidade no interior das pirâmides, Zahi Hawass, as condições atuais no Egito, sal nas pirâmides, fósseis em leito rochoso de 60 milhões de anos, porta de Gantenbrink, Imhotep, em Saqqara, pirâmide curvada, Dahshur, pirâmide vermelha, cálcio, Queóps, palmeiras, desertificação e Amenhotep, filho de Hapu.

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A construção das pirâmides e a pedra calcária

reconstituída

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Joseph Davidovits, é um cientista de materiais francês, que postula que os blocos da Grande Pirâmide não são pedra cortada; mas que na verdade são principalmente uma forma de concreto de pedra calcária. Ele detém a Ordem Nacional do Mérito da França (uma das mais altas honrarias francesas), é autor e coautor de mais de 130 artigos científicos e relatórios de conferências, é o descobridor e inventor da química geopolimérica e suas aplicações técnicas, e detém mais de 50 patentes. Joseph Davidovits é membro da Associação Internacional de Egiptólogos. Ele apresentou várias conferências sobre cerâmica, faiança azul, cimento, pigmentos, e sobre a análise de pedras das pirâmides em diversos Congressos Internacionais de Egiptologia. Neste programa, Joseph irá discutir como as pirâmides do Egito foram construídas. Ele irá compartilhar suas pesquisas e teorias sobre a pedra calcária reconstituída e muito mais. Os tópicos discutidos: geopolímeros, pedras moldadas, alquimia, pasta de pedra, química, minerais, cimento, areia molhada de fundição, pedreiras, calcário desagregado, sal, natrão, carbonato de sódio, soda cáustica, pedra de revestimento, conchas, sílica, granito, pirâmides sob água, a umidade no interior das pirâmides, Zahi Hawass, as condições atuais no Egito, sal nas pirâmides, fósseis em leito rochoso de 60 milhões de anos, porta de Gantenbrink, Imhotep, em Saqqara, pirâmide curvada, Dahshur, pirâmide vermelha, cálcio, Queóps, palmeiras, desertificação e Amenhotep, filho de Hapu.

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Entrevistador: Hoje vamos falar sobre como as pirâmides do Egito foram construídas. Temos conosco Joseph Davidovits. Ele é um cientista de materiais francês que desenvolveu a teoria de que uma pedra calcária reconstituída, um tipo de concreto calcário; foi utilizado na construção das pirâmides.

Hoje, vamos analisar e falar mais sobre sua pesquisa e as teorias. Eu também posso dizer que Joseph é o inventor e o desenvolvedor da geopolimerização, ele está por trás do Geopolymer Institute e, inventou o termo geopolímero em 1978 para classificar a recém-descoberta geossíntese que produz materiais poliméricos inorgânicos usados agora para uma série de aplicações industriais. Ele detém a Ordem Nacional do Mérito da França. Ele é o autor e coautor de mais de 130 artigos científicos e relatórios de conferências e tem mais de 50 patentes.

Bem-vindo à Radio Red Ice, Joseph Davidovits. É bom tê-lo conosco. Obrigado por ter vindo conversar conosco, Joseph. Olá.

Joseph Davidovits: Olá, Henrik.

Entrevistador: É muito bom ter você conosco. Eu estou realmente animado com este programa. Você vem pesquisando as pirâmides por um longo tempo, com teorias sobre como os faraós as construíram e alguns detalhes. Talvez para começarmos, Joseph, você poderia simplesmente delinear algumas de suas principais teorias para nós para depois entrarmos em mais detalhes; mas o que entendo especificamente é que você tem uma teoria muito interessante sobre como as pirâmides foram construídas, o que basicamente tem a ver com moldar a pedra calcária. Talvez possamos começar explicando essa teoria, Joseph.

Joseph Davidovits: Sim, primeiramente, você precisa entender que eu sou um cientista sério, o que significa que sou conhecido pela descoberta de um novo campo da química que é a química do geopolímero; o que significa que nós somos capazes de reproduzir em nosso laboratório muitos artefatos de pedra, vários materiais rochosos que são praticamente idênticos ao que a natureza produz. De modo que, este é o conhecimento que estou usando a fim de explicar a arqueologia, porém sob o meu ponto de vista, os povos antigos já possuiam este conhecimento. Se você voltar a algumas coisas que não são absolutamente bem compreendidas, ou seja, alquimia. A alquimia é a ciência dos minerais. O que eu descobri no laboratório e que estamos fazendo é alquimia moderna na prática, portanto, estamos replicando pedras; estamos deixando os minerais reagirem entre si adicionando alguns produtos químicos e a compreensão disso aliada a química é a ciência que eu descobri nos anos setenta; até porque naquele momento eu também estava muito curioso sobre civilizações antigas, eu lia um monte de livros, sabe, talvez você se lembre... Não, você é muito jovem, foi a época de von Däniken entre outros. Então, eu li todos esses livros, eu entendi suas perguntas, mas eu achei que as respostas estavam erradas. Sendo assim, comecei a transferir o novo conhecimento que adquiri no laboratório a fim de trazer algumas respostas a estas questões, e foi assim que aconteceu. O que aconteceu em 1974; ou seja, 35-36 anos atrás... comecei do zero no assunto, e foi também nessa mesma época que eu comecei a desenvolver a ciência da química do geopolímero. Hoje, 35 anos depois, posso dizer que eu sou um cientista bem conhecido pela descoberta da química geopolimérica.

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Temos praticamente mais de 400 laboratórios no mundo trabalhando no assunto e um muito famoso trabalhando comigo sobre tópicos que lidam com os problemas que estão realmente relacionados a tecnologia moderna, sustentável, atenuações do aquecimento global, materiais de alta temperatura e assim por diante. Isto é só para mostrar que quando eu tento me concentrar no assunto, quando vou fundo na busca como cientista e quando eu declaro algo; geralmente me baseio em provas concretas e reais. Se não 100% comprovadas, às vezes 95, 96 ou 97 porcento e estes são os três por cento que são sempre discutidos; portanto esta é a polêmica. Devemos recorrer aos estudos nos dias atuais, pois isso é extremamente importante para aprimorar a falta de de algum conhecimento. Então, essa foi uma breve introdução de quem eu sou... eu sou um cientista que também é membro da Associação Internacional de Egiptólogos; o que significa que apresento meu trabalho na conferência de egiptólogos. Como um egiptólogo é isso o que apresento e a minha primeira conferência sobre o tema da possibilidade de fazer pedras artificiais no Egito foi apresentada em 1979, 32 anos atrás, em Grenoble, na França. Isso aconteceu em 1979, sete anos após eu ter começado minha pesquisa sobre o desenvolvimento desta nova tecnologia geopolimérica em laboratório. Eu apresentei dois documentos nessas conferências, um sobre a ideia de que os antigos egípcios tinham todo o conhecimento para fabricar todos os tipos de artefatos de pedra, principalmente aqueles que são mais antigos e são muito, muito estranhos como esses vasos de pedra. Quando você vai ao museu britânico, quando você vai a todos os museus do mundo, você percebe que os egípcios antigos, da primeira dinastia, da segunda dinastia que é 500

anos ou 1000 anos antes das pirâmides serem construídas de acordo com os egiptólogos; somos capazes de reunir a produção de vasos feitos de pedras muito duras e; para mim, desde o início eu tentei demonstrar que estas pedras que parecem exatamente com vasos comuns de cerâmica, feitos de argila, eram de fato de outro material ao invés de argila. Eles usaram pasta de pedra e fizeram os vasos dessa maneira; mas, para fazer isso você precisa do conhecimento sobre a química, sobre a alquimia, sobre a reação entre os minerais e foi isso que eu apresentei e depois deste congresso em Grenoble em 1979, meus colegas - tinham 200 pessoas ouvindo minha palestra - disseram: "bem, você está certo, eles tinham esse conhecimento" e, talvez seja assim que tenha sido feito, e em seguida, a próxma palestra foi sobre as pirâmides, porque eles tinham esse conhecimento. Na minha opinião, eles usaram isso para fazer as pedras, construir as pedras. Não, isso é impossível... isso foi o que disseram então: "não, é impossível e ponto final." Você entende? Eu comecei a adquirir diferentes amostras. Eu obtive uma amostra oficial em 1981. Fizemos nossa análise. Afirmamos que esta amostra, apenas uma, era artificial. Era uma pedra de revestimento que foi retirada do interior da pirâmide de Quéops no corredor ascendente, pouco antes de entrar na grande galeria. E, as pedras desta passagem eram revestidas com revestimento que continha tinta vermelha. Eu apresentei os resultados no próximo Congresso Internacional de Egiptologia, em Toronto, Canadá, em 1982. Bem, eles disseram 'não, é impossível'. Em seguida, no Cairo, em 1988 nos congressos que participei lá, apresentei o meu primeiro estudo sobre textos hieroglíficos e depois, quando a tecnologia foi usada, deve ter sido descrita em 1988, no mesmo ano

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que eu publiquei meu primeiro livro, em Nova Iorque “The pyramids: an enigma solved” - este foi o ponto de partida da grande controvérsia e do grande ataque dos opositores. Cortei qualquer relação com a Egiptologia em 1990 pois eu não queria entrar em nenhuma discussão polêmica. As pessoas estavam agindo realmente de forma desagradável e até me insultavam; alguns egiptólogos, um monte de geólogos e assim por diante. Eu disse a mim mesmo: “pare, espere até ter um conhecimento maior sobre o assunto”. Retomei o trabalho em 2002; 12 anos mais tarde.

Doze anos depois, fomos capazes de produzir em nosso laboratório em Saint-Quentin, norte de Paris o que eu chamo pedras egípcias genuínas. Nós fabricamos 15 toneladas de pedra. Compreende? Não usamos modelos em pequena escala com a finalidade de explicar algo. Nós não usamos programas de computador 3D que não demonstram nada. Nós as replicamos e as produzimos em grande escala; esta era a única maneira de provar que estava certo.

Começamos primeiramente no laboratório e depois fizemos seis pedras enormes. Foi assim que eu comecei. Retomei o meu estudo sobre as pirâmides e claro, depois que esses estudos foram realizados nesse sentido, desde essa data, tenho recebido cada vez mais o apoio dos meus colegas cientistas das grandes instituições mundiais; e é neste estágio em que nós estamos agora.

Entrevistador: Muito, muito interessante. Bem, por que não falamos um pouco sobre algumas das evidências que sustentam isso? Obviamente, sabemos que você tem feito experimentos com o geopolímero; experimentos sobre como colocar isso em conjunto em relação aos minerais e, com relação

a química por trás disso. Mas, vamos explicar isso para alguém que é novo, Joseph e que talvez esteja ouvindo sobre esse assunto pela primeira vez. Eles conhecem as pirâmides, é claro, e sabem também sobre as pedras das quais ela é composta. De forma simplificada, nos explique a forma que você acredita que isso foi feito e obtido pelos antigos egípcios na época, Joseph.

Joseph Davidovits: OK. Primeiramente, eles devem visitar o nosso site, o site do Geopolymer Institute: geopolymer.org onde existem várias páginas dedicadas às pirâmides; dedicadas à construção das pirâmides e onde temos também vários vídeos. Vídeos que replicam nossa experimentação, então é possível ver uma demonstração diante deles. Quando comecei; como mencionei no início da nossa conversa; você falou sobre moldar as pirâmides. Não estamos moldando. No início, eu pensei que estávamos lidando com um sistema líquido, uma pedra líquida que foi derramada em um molde. Essa já não é mais a minha afirmação. Estamos lidando com um concreto, uma pasta agregada que batemos com um martelo, da forma como produzimos os blocos de terra, como o Adobe. Por isso, consiste num material que não é líquido, sendo assim um material que é semelhante a uma areia molhada. Então, temos que fabricá-lo primeiro, depois pegamos o calcário; o primeiro ingrediente natural. As pedras das pirâmides são feitas de pedra calcária, mas elas não são feitas de calcário muito bonito. É feito de concreto e agregados de conchas fósseis que são chamadas numulitas. São conchas, porém têm a forma de moedas e isto é a natureza da pedra calcária da pirâmide e do leito calcário; eles são feitos deste tipo de pedra calcária. Acontece que, em Gizé, temos dois tipos de leitos de pedra calcária: um que é constituído de um calcário muito duro e

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prensado entre eles o leito de calcário, que é muito fraco e contém argila... e esta é, de fato, a camada através da qual a Esfinge foi esculpida e, você sabe que a Esfinge está se deteriorando. Ela foi feita de um calcário muito pobre e tem de ser protegida porque consiste em um calcário fraco que se dissolve muito rapidamente. Imagine se nós tivéssemos no Egito a mesma chuva que temos na Europa; a Esfinge não estaria mais lá.

Entrevistador: É isso mesmo.

Joseph Davidovits: Você entende?

Entrevistador: Sim

Joseph Davidovits: ... e esta é a matéria-prima. Este é o calcário que é a base do processo de fabricação dos blocos das pirâmides, e esta é a pedra calcária que tem sido explorada. É onde as pedreiras estão. Então, vamos pegar uma pedra calcária natural muito fraca feita de conchas fósseis e um por cento e pouco de argila. E este é um material muito frágil, sensível à água. E este calcário é desagregado em água, triturado em pedreiras e jogado em lagoas que estão abaixo, que se encontram no nível das pedreiras. Acontece que as pedreiras estão no mesmo nível que a cheia do Nilo, o que significa que a água que vem do Nilo é mantida lá pelo fabricante das pedras. Então, temos um calcário fraco natural, muito fácil de ser desagregado em água. Nós não o esmagamos; nós o desagregamos em água. Adicionamos a ele os produtos químicos; sem os produtos químicos não funciona. Os produtos químicos que contribuem para que isso aconteça são: primeiramente o sal chamado natrão, que consiste em carbonato de sódio sendo esse natrão a base de toda a civilização egípcia. Você vai encontrar milhões de toneladas de natrão espalhados por todo o Egito, este é o sal utilizado para a mumificação; a base

da religião egípcia. O natrão (carbonato de sódio) adicionado a outro produto químico; normalmente a cal, consiste no calcário que se queima, calcina, transforma-se em cal e reage. Essas são as reações químicas mais antigas inventadas pelo homem, que consistem na produção de soda cáustica que irá parar a reação. Então, é algo muito fácil para começar, desde que tenha o material, desde que você tenha a química, desde que você tenha os produtos químicos; algo que os egípcios tinham milhões de toneladas à disposição. Então, você coloca os produtos químicos na água com o calcário, que se desagrega, e deixa a água evaporar. Depois de dois dias, no Egito, a água se evapora, e você pega areia molhada, o agregado molhado, o coloca em uma cesta, e transporta o geopolímero para o local de construção da pirâmide, comprimindo-o com um martelo. Você martela e o molde é feito através de pequenas tábuas. Cada pedra que foi feita anteriormente é o molde para uma nova, e assim por diante. E você consegue obter outro material: uma pedra calcária que contém 97% de elementos naturais; 97% aos quais adicionamos outro elemento natural, o sal natural, natrão (carbonato de sódio), e o artificial que é o calcário calcinado, que representa o peso nominal de 1,5%, o que na verdade não representa nada. Foi isso o que replicamos. E no final, o que você obtém é um bloco de calcário genuíno. Você entende?

Entrevistador: Sim.

Joseph Davidovits: Se você não conhece a química, dirá que é uma pedra natural. Isso é óbvio. Pois o que você tem na sua frente é um elemento natural. Devo dizer-lhe que, no início, as pessoas eram realmente loucas. Elas diziam, “(risos)... Esta é uma pedra natural. A prova é que são feitas de conchas fósseis”; alegavam que eu dizia que replicávamos

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a síntese de conchas fósseis em nosso laboratório. Elas não entenderam que nós estávamos pegando o calcário natural; conchas fósseis naturais, e usando como agregados e reaglomerando. Estávamo apenas misturando e compactando a fim de alcançarmos um novo material estável e rígido. E o material é realmente resistente. Ele pode suportar três vezes a altura da pirâmide de Quéops. OK?

Entrevistador: Sim, sim. Isso é muito, muito interessante. Vamos falar um pouco sobre o quão forte é esta pedra porque, obviamente, também podemos compará-la com algumas outras coisas que fazemos atualmente, no mundo chamado moderno, certo? Temos o nosso concreto ou cimento, ou o que você quiser chamá-lo; que é, obviamente, muito mais fraco que a pedra que você encontra nas pirâmides, correto?

Joseph Davidovits: Não.

Entrevistador: OK. [Risos]

Joseph Davidovits: Como mencionei anteriormente... Eu falava sobre a massa, estamos lidando com a massa. Estes são apenas blocos muito grosseiros. São os dois milhões de blocos que constituem Quéops, Quefrén e todas as grandes pirâmides, e que estão lá apenas para completar alguma coisa... seu único dever é resistir à compressão; não tendo assim qualquer outra função. As pedras de revestimento são diferentes. As pedras de revestimento estão lá para proteger o monumento, de modo que são feitas com um sistema melhor e têm uma propriedade melhor sob o ponto de vista da engenharia, podendo ser tão boas ou melhores do que o nosso cimento moderno, do que o nosso concreto moderno. Você entende?

As pedras de revestimento são feitas de calcário muito fino, são sempre feitas de calcário, não de

mármore; não de alabastro e assim por diante. É calcário feito de conchas finas, conchas fósseis que são inseridas nos blocos. Eles podem ter dimensão de um centímetro até cinco centímetros de diâmetro. São conchas grandes para os blocos maciços, enquanto que para as pedras de revestimento, estão na faixa de um milímetro. Mas é a mesma pedra calcária; a diferença é o aglutinante que é um constituinte que traz resistência às pedras de revestimento, é feito de um mineral diferente; de silicato ao invés de argila. Ele é à base de silicato, o que proporciona maior resistência. Ela precisa resistir à intempérie, e as pedras internas também têm de ter maior resistência à flexão. Estamos lidando com diferentes tipos de pedras que foram feitas de forma diferente, com diferentes sistemas, o que implica em uma química diferente e consequentemente também tiveram diferentes finalidades. Estamos falando de calcário e não de granito.

Entrevistador: Verdade.

Joseph Davidovits: O granito que encontramos nas câmaras da realeza da pirâmide de Quéops, o granito que encontramos como cobertura na pirâmide de Quefrén, o granito que encontramos como a cobertura da pirâmide de Miquerinos, o granito que se encontra descendo os corredores do templo de Quefrén é o granito natural. A meu ver, é nítido. Estes blocos são exceção; estes blocos de granito são naturais e tiveram que ser trazidos da região sul do Egito, e a questão é entender por que e como isso aconteceu. Estamos testemunhando dois tipos diferentes de tecnologia: uma é a reaglomeração, a criação de pedras falsas. Você sabe, meu último livro intitulado “Why the Pharaohs built the Pyramids with fake stones”, você pode ver que em vários capítulos afirmo, digo que na minha opinião, os granitos são granitos cortados, granito natural. Eu ressalto isso

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porque muitas pessoas dizem: “Olha, o granito é natural. Esta é a prova de que Davidovits está errado, porque ele também afirma que os granitos são artificiais”. Eu nunca disse isso. E segundo, nós não somos capazes de produzi-lo em nosso laboratório.

Entrevistador: Isso mesmo. Bem, é bom esclarecer essas diferenças aqui, no início, assim fica claro para as pessoas aquilo que você está dizendo, aquilo que está propondo e sugerindo. Bem, sob o meu ponto de vista; em termos de como eles conseguiram construir as pirâmides... Gostaria de dizer que muitas pessoas estão espantadas com o feito arquitetural que foi conseguir fazer uma coisa dessas... Mas, a partir do seu ponto de vista as pirâmides foram construídas a partir da base, desta forma especial e com esta técnica. Você acredita que esta seria a forma mais simples de construir? Você sabe, todo o caminho, as câmaras dos reis, rainhas e tudo mais? Faz sentido para você como eles fizeram isso, Joseph?

Joseph Davidovits: Vou decepcioná-lo: Eu não sei. Sou um químico. Lido apenas com o material. Eu não quero ficar preso na discussão de como as pirâmides foram construídas. Há muitas maneiras de se fazer isso. Eu acho que teve seu início a partir do centro, e depois, foi aumentada a partir da largura e altura. Eu não quero ser... Eu não sou um arquiteto. Talvez um arquiteto que trabalhe com este assunto tenha uma ideia. Precisamos de rampas na parte interior. Temos de ir para dentro. Temos de ir para fora e assim por diante. De qualquer forma, isso está ligado a engenharia civil. Então, por favor, não quero resolver esta questão, pois não sou especialista nesse sistema. Eu não quero estar preso em uma ideia, que não é, na verdade, a minha área de especialização.

Entrevistador: Absolutamente. Eu entendo. Isso é interessante para mim também, porque eu me

lembro, há muitos anos, eu ouvi alguns outros pesquisadores sugerindo que as pirâmides estavam debaixo d’água, e uma prova disso é que fósseis foram encontrados nas pedras ou dentro delas, coisas do tipo, mas tudo isso faz parecer que o seu ponto de vista faz mais sentido.

Joseph Davidovits: Você entende? Há várias reivindicações desse tipo. Em primeiro lugar, os fósseis encontrados; esta é a característica do calcário de que se constitui o platô de Gizé que, de acordo com a ciência e com a geologia, tem sessenta milhões de anos de idade. Então, por 60 milhões de anos, o platô permaneceu sob a água, e as conchas fósseis foram gentilmente se acomodando e assim por diante, e não dez mil ou 12 mil anos atrás. O segundo argumento que nos opomos é o fato que encontraram nas pedras sais marinhos. Ok? E afirmam que esta é a prova de que elas estavam sob a água. O problema é o seguinte: os sais que temos nas pedras são, de fato, resultados da química. Então, estamos fabricando sal comum, cloreto de sódio, o sal marinho durante o endurecimento da pedra. As quantidades de sais que constituem a pedra são muito elevadas, por vezes até 2,5%, em peso, sendo que, nos leitos de rochas naturais, o conteúdo deste cloreto de sódio não é superior a 0,4%. Este é o resultado da química descrita no site; perceba que o cloreto de sódio é resultado de uma reação. O problema é que a química fornece elementos naturais que podem ser considerados naturais por pessoas que não entendem a química.

Entrevistador: Interessante. Com relação ao problema das datas... Quer dizer; eu ouvi dizer 12 ou 10 mil anos atrás. Você foi capaz de confirmar em termos de datas algo mais preciso devido à maneira na qual as pedras foram colocadas com a utilização esta técnica em particular, Joseph?

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Joseph Davidovits: Não. Eu sei que isso é uma questão para debate. Nós não nos envolvemos com datas até agora. Poderia ser, desde que tenhamos permissão para demonstrar o sistema. Desde 1984, quando eu era professor do Instituto de Ciência Arqueológica Aplicada, instituto que fundei na Barry University, em Miami, Flórida, solicitei oficialmente ao Egyptian Antiquities a permissão para amostrar as pedras, a fim de realmente fazer uma primeira análise científica sobre a constituição das mesmas e inventar novos métodos de datação. Isto foi recusado, rejeitado por quem? Por Zahi Hawass, no momento ele era o inspetor do platô de Gizé, ao mesmo tempo em que ele estava fazendo seu doutorado na University of Pennsylvania da Filadélfia. Mas meu pedido foi rejeitado, e desde essa data, Zahi era... é contra. E ele era contra, porém não está mais no comando. Ele é contra qualquer amostragem das pirâmides. Por isso, eu tenho várias equipes de colegas que começaram a pesquisa com geólogos na esperança de obter permissão para testar as pedras da pirâmide, mas não conseguem a licença. Lembra-se de que havia uma entrevista com Robert Temple e sua técnica de datação? Ele afirmou no início que tinha a permissão para amostrar as pedras das pirâmides, mas foi negada no local. Esta é uma situação que muitas pessoas enfrentam; qualquer coisa que vai contra a oficial... oficial... como devo dizer?

Entrevistador: A versão da teoria?

Joseph Davidovits: Não, é mais que isso. Isso é a posição oficial do Ministério de Turismo do Egito.

Entrevistador: Certo, certo.

Joseph Davidovits: Foi negada. Na verdade, o medo é de que o que estamos reivindicando seja a verdade e os turistas não vão mais para o Egito porque querem

olhar para algo inexplicável, maravilhoso, esotérico e assim por diante... o que está errado, uma vez que, de fato, demonstramos que essas pessoas eram inteligentes, e eram capazes de realizar coisas que acabamos de redescobrir.

Entrevistador: Então, você acredita que será melhor no Egito futuramente. Eu não sei se você já viu isso, Joseph, lá no seu tempo e tal, mas a última informação que ouvi era que Zahi Hawass não tinha muita certeza se ia continuar no cargo, certo?

Joseph Davidovits: Não, ele foi dispensado no dia 6 de março, oficialmente. Ele não está mais no comando.

Entrevistador: Verdade? Olha só, isso é algo positivo ou as coisas ficarão ainda piores por lá?

Joseph Davidovits: Eu não sei. Vamos esperar e ver.

Entrevistador: Veremos, hein? [risos] Existe, obviamente, uma série de outras coisas que temos de falar e repassar e, talvez, mais tarde, podemos falar novamente sobre isso. Talvez, se há outros monumentos; como você mencionou, que foram feitos desta mesma maneira ou com a mesma técnica e assim por diante. Mas e sobre a umidade dentro das pirâmides? Eu sei que você falou sobre isso também além do que esse também é um aspecto que eu acredito que você tenha provado, certo?

Joseph Davidovits: Sim, o fato é que a primeira coisa que você sente quando entra lá é o fato de que o local é abafado e muito úmido. As pessoas dizem: “bem, é porque muitas pessoas entram lá”, mas não é isso. Nas pirâmides, onde ninguém entra, há a mesma quantidade de umidade no interior. É preciso compreender que quando as pedras são... quando o material é produzido, está

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úmido e contém 9, 10, ou até doze por cento em peso de água; sendo que esta água não tem tempo de evaporar pois está rodeada por outras pedras, portanto ela será coberta por outras pedras cuja água permanece no interior. Assim, as pedras contêm uma grande quantidade de água.

Houve uma equipe de pesquisadores americanos, 30 anos atrás, que escanearam as diferentes pirâmides com seus radares tentando encontrar as câmaras escondidas e também mediram a umidade das pedras, encontrando assim 8,5 - 9% de água nas pedras da pirâmide, ao passo que o calcário genuíno do leito vizinho contém 1-2% em peso no máximo. Isso é muito interessante. Outra prova é o fato de que, como eu lhe disse anteriormente, estamos produzindo, devido à química, o sal, o cloreto de sódio. Sabemos bem que todas as câmaras das pirâmides eram cobertas com cristais grossos de sal quando foram primeiramente descobertas. Agora estão limpas, mas eram um ou dois centímetros de espessura cobrindo a câmara da rainha, porém não os granitos, entende? Os granitos são naturais, mas o resto não. Eu fui à pirâmide de Meidum, no interior da câmara. É possível ver muitos cristais de sal; e o sal é um resultado da evaporação da água nas câmaras porque as pedras são salgadas.

Eu gostaria que os ouvintes; se puderem, ao viajarem para o platô de Gizé, para a pirâmide de Quéops e pegarem um pedaço de pedra, mesmo que seja uma pedra quebrada no chão, porém perto da pirâmide de Quéops; a coloquem na língua e sintam que ela é salgada. Alguém - isso é louco - disse: “Sim, é óbvio, é salgada porque o calcário natural se sedimentou no fundo do mar.” Isso é coisa de gente louca que não entende a maneira simples da formação das pedras e acham que porque a encontraram no fundo do mar obviamente contém sal. Você entende? Se

você provar um monte de pedras calcárias na vida, apenas por diversão, talvez, nenhuma delas seja salgada. Caso contrário, todos os prédios que temos na França feitos de pedra calcária estariam cobertos com um pó salgado branco.

Entrevistador: Você disse que o sal foi removido, mas foi através de meios naturais ou foi feito pelos responsáveis?

Joseph Davidovits: Foi o Egyptian Antiquities que limpou tudo, que tirou tudo.

Entrevistador: É por isso, Joseph, que eles descobriram estes sais... não me lembro o que era, mas somente quando estiveram novamente na porta de Gantenbrink é que descobriram que ainda havia sal lá porque o mesmo não havia sido limpo.

Joseph Davidovits: Sim, deve ter acontecido isso, é claro. Explica também porque na porta de Gantenbrink os pregos de cobre estão corroídos. Isso ocorre devido ao sal.

Entrevistador: Exatamente. Interessante.

Joseph Davidovits: Já que estamos falando sobre o túnel de Gantenbrink; lembre-se que, se você assistir aos vídeos verá na verdade algo como um robô que passa, entra, entra e permanece dentro de uma caixa em forma de U de cabeça para baixo; um contêiner em forma de U, que não tem absolutamente nenhuma junta, que é algo que tem aproximadamente 10 - 15 - 30 metros de comprimento e que consiste num pedaço de calcário pré-moldado. Está claro? Hein? Como você pode fazer isso escavando pedra calcária natural? OK?

Entrevistador: Sim. Muito interessante! Então, o que mais você pode acrescentar que talvez tenhamos deixado de fora em termos de como as coisas foram feitas, ou, talvez, até mesmo de como

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os egípcios descobriram isso? Você acha que isso foi um processo longo? Como eles obtiveram esse conhecimento, Joseph?

Joseph Davidovits: Primeiro, sabemos o nome do inventor, e está muito claro. Sua invenção... De fato um dos maiores cientistas egípcios foi Imhotep. O construtor das primeiras pirâmides em Saqqara. É a invenção da construção com pedra. Todo mundo afirma: “Olhe, a primeira pirâmide de Saqqara, a pirâmide de degraus é a invenção da construção com pedras”, porém antes dessa data, os egípcios construíam seus monumentos com tijolos de argila. Eu acabei de dizer como eu costumava estudar as inovações. A invenção consistia em usar os mesmos moldes para fazer tijolos de argila, colocar a pasta de pedra no molde e fabricar o primeiro bloco de pedra, e é dessa forma que Imhotep inventou o sistema. E você vê que a pirâmide de degraus de Saqqara é feita de pequenas pedras de peso no máximo de 60 kg que podia ser facilmente levada por dois homens, e a partir dessa data as dimensões das pedras melhoraram em tamanho, porque descobriram que o material era bom, não rachava e assim por diante. E vemos a partir da pirâmide de Saqqara, a partir da pirâmide de Saqqara até Sneferu, um aumento nas pedras. As pedras são fabricadas no local e são levadas à pirâmide e então são movidas, pois não são grandes. Mas, elas estão se tornando cada vez maiores, e a pirâmide curvada em Dahshur, feita por Sneferu, é de fato a última cujo o sistema foi utilizado. As pedras são pesadas demais para serem continuamente movidas, e na próxima, a vermelha, a grande de Sneferu é feita de blocos, de concreto muito, muito grosseiro, as conchas são enormes; são ostras que estão no sistema. Você entendeu?

Entrevistador: Sério?

Joseph Davidovits : Realmente, realmente, realmente! Um material ruim. Quando você vê o lado oeste dessas pirâmides, está totalmente erodido, é um material ruim. A partir daí, saltou para Gizé o que foi uma melhoria, e então, a catástrofe veio durante e depois de Miquerinos. Foi dramático, uma catastrófe que aconteceu por causa do uso desta tecnologia, que, para mim, nos fez presenciar um desastre ecológico. E explicou o porquê disso depois. A tecnologia não foi mais utilizada, pois depois o que obtivemos forma pirâmides minúsculas, menores do que 20 metros, 30 metros, 50 metros de altura. Elas são pequenas pilhas de pedra natural. Você entendeu?

Entrevistador: Então, em outras palavras, o que você está dizendo aqui, Joseph, é que se pode ver a progressão de como esta técnica foi desenvolvida e aprimorada e ampliada até um certo ponto, e em seguida retrocede novamente. O que aconteceu? Um desastre? Conte-nos mais sobre isso.

Joseph Davidovits: Sim, mas eu tenho que falar primeiro que o desenvolvimento da tecnologia aconteceu por um período de 60 anos. Foi muito rápido. O desenvolvimento entre a primeira pirâmide após a morte de Djoser e a pirâmide de Quéops não dura mais do que 60 anos. Foi um momento em que a sociedade egípcia era a favor da inovação, e quando a sociedade é a favor da inovação, o desenvolvimento é muito rápido. Isso sempre ocorre.

E algo aconteceu por causa da química. Por causa do abuso dos materiais que eram vitais para a agricultura. Explico: quando você vê a evolução dos volumes do material que foi usado desde a invenção, desde Djoser, na primeira pirâmide, podemos ver um aumento de volumes impressionantes em Quéops com relação à Quefrén. Portanto, há

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uma queda dramática em Miquerinos, que é de apenas 7% do volume da pirâmide de Quéops. É muito pequena, o que significa que só precisou 7% de material em comparação com Quéops. Miquerinos; se calcularmos a longevidade dos faraós, viveu também 20 anos e construiu uma pirâmide minúscula e depois uma pequena. A técnica é totalmente diferente; a técnica é totalmente rudimentar. Isso é fato... É uma pilha de pedra, uma pilha de material colhido nas redondezas próximas à pirâmide sendo toda feita de pedras irregulares, nada estável e assim por diante . O que aconteceu? Quando eu expliquei a química, eu disse que nós estávamos usando calcário natural, facilmente desagregado, que representa 95% e o qual contém argila, ou ao qual a argila foi adicionada ao natrão, o sal, carbonato de sódio e cal que resultam da calcinação do calcário, isso é a cal, a cal hidratada. Isso ocorre para que as pessoas entendam a química do hidróxido de cálcio, Ca(OH)2. Porém, pode ser fabricada de duas maneiras: ou você usa calcário como é feito hoje em dia para a fabricação de cal, da cal extinta que é usada na construção civil ou você a calcina com madeira a 800°C e terá a cal virgem que depois será hidratada. O segundo método também foi usado por nossos ancestrais medievais na Europa. Usam-se as cinzas de madeira, as cinzas de carvalho, as cinzas de árvores duras. Quando queimadas, as cinzas contêm cálcio de até 50% a 70% em peso de óxido de cálcio e esta é a cal que eu chamo em meu livro de "lime-ash". Na minha opinião, ela foi utilizada nesse sistema e é por isso que eu também a utilizo; porque não encontramos nenhum resíduo de fornos industriais dedicados à fabricação da cal.

O cálculo que fizemos para Quéops envolve a fabricação de 150.000 toneladas de cal, o que significa que esta é uma fábrica, esta é uma indústria normal, moderna.

Não temos quaisquer resíduos, mas por outro lado, sabemos que a madeira queimada, que as acácias e as palmeiras queimadas são árvores facilmente encontradas no local. E estas são as madeiras usadas para fazer a cinza e, melhor do que isso, as brasas. Isto está relacionado a algo único.

Os egípcios tinham uma forma muito especial de assar o pão. Nos locais das pirâmides, Hawass e McKenna descobriram a vila dos artesãos, a vila dos trabalhadores; onde essas pessoas viviam, aqueles que construíram as pirâmides. Encontraram também as padarias, e aprendemos a partir dessas padarias e também a partir dos afrescos que para fazer o pão, eles colocavam a massa num vaso de cerâmica e este vaso de cerâmica era cercado com brasas vermelhas e assado em cinzas, em cinzas muito quentes, em cinzas muito vermelhas; o que significa que não eram assados em fogo direto como é feito hoje e essa foi a forma de como os egípcios fizeram pão por mil anos.

Entrevistador: E isso é o que, você sabe, né...matavam dois coelhos com uma cajadada só por assim dizer, porque eles obtinham a cinza, obviamente, através das árvores e também faziam pão ao mesmo tempo, certo?

Joseph Davidovits: Sim, e como Hawass e McKenna alegam, eles usaram uma grande quantidade de madeira. Eles têm grandes quantidades de cinzas. Eles afirmam isso, a fim de demonstrar que usavam essa madeira também para fabricar ferramentas de cobre. Entende? Eles também precisavam da energia. Nós não precisamos, nós só precisamos fazer o pão para recolher as cinzas. E as cinzas estão lá. Então, agora, imagine o seguinte cenário: você cuida das palmeiras; as corta e queima, a fim de obter as cinzas. Bem, no Egito, as palmeiras

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também estão lá a fim de fornecer sombra para a agricultura, e você vai às palmeiras e vê abaixo, a agricultura gerando duas a três colheitas por ano. É um local maravilhoso para deixar crescer, para deixar qualquer alimento crescer desde que não seja queimado pelo sol. As palmeiras fornecem sol. Elas também oferecem tâmaras, mas a principal função é o sol.

Porém, você corta as árvores para fazer as cinzas; e claro, os egípcios não eram tolos e plantavam árvores novas, a fim de estender o processo, mas o problema, como vemos no desenvolvimento é que as quantidades eram sempre maiores e maiores para...

Durante Quéops e Quefrén essa quantidade desmoronou. Eles precisavam de mais cinzas do que eram capazes de fornecer pois tinham um monte de novas palmeiras. Porém, elas eram pequenas demais para serem utilizadas para a agricultura. A palmeira é uma boa fonte de sombra, mas precisa de 60 anos para crescer a essa altura, para que possa ser utilizada como em um local agrícola e assim, tornou-se muito claro para mim que eles exploraram demais as palmeiras e eles tiveram um desastre ecológico, que acontece logo após as pirâmides, das grandes pirâmides de Gizé ... Podemos ver nos afrescos baixos relevos representando fome, gente realmente morrendo de fome. É possível verificar que algo aconteceu. Egiptólogos afirmam que isso também ocorreu por causa da mudança climática, talvez sim, mas com certeza, na minha opinião, foi o resultado do abuso do sistema e da descoberta. E então, decidiram não mais usar esses volumes por causa das pessoas.

Entrevistador: Bem, isso é realmente interessante, Joseph. Faz muito sentido, acabaram com todas as árvores que eram seus recursos básicos. Poderia ser

também o início da desertificação que aconteceu no Egito?

Joseph Davidovits: Sim, é claro. Está relacionado com isso e você imagina que este foi o verdadeiro motivo da mudança de dinastias, para as mudanças de tudo.

Entrevistador: Muito, muito interessante, Joseph. Acho que devemos fazer uma pequena pausa entre os dois segmentos. Este é um bom momento para passar o seu site, falar um pouco sobre seus livros, antes de encerrarmos esta nossa primeira hora com você.

Seu site pessoal é davidovits.info, onde as pessoas podem ler mais sobre seus livros e, o seu último é intitulado "Why the Pharaohs built the Pyramids with Fake Stones”, livro que já mencionamos brevemente também... mas por que não nos fala sobre alguns dos seus títulos; acho que primariamente em inglês, porém acredito que você tenha outros em francês que talvez não tenham sido publicados em inglês, Joseph?

Joseph Davidovits: Sim, mas antes eu quero também lembrá-lo do site principal do Geopolymer Institute, onde você vai encontrar muitas informações, especialmente sobre a tecnologia. É o geopolymer.org. Esta é a maneira de você aprender sobre química, sobre as tecnologias, sobre a ciência moderna e, também é um local muito especial para a arqueologia, é claro. Os outros livros lidam com a continuação do estudo das pirâmides; como eu disse, a tecnologia, o conhecimento estavam lá, foi usado continuamente em diferentes escalas, essencialmente para aplicações religiosas ou para a confecção de artefatos muito pequenos. Por exemplo, temos no Museu do Louvre em Paris, uma estela que foi entalhada em 2000 a.C., que

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descreve a escultura de Irtysen e que fala sobre os segredos de fazer pedra fluida para fazer estátuas e assim por diante. Então, acompanhamos as evoluções até o nascimento do segundo maior cientista egípcio que foi Amenophis, filho de Hapu. Portanto, temos dois grandes cientistas: Imhotep inventor da pedra de construção e Amenophis, filho de Hapu, que foi o reinventor desta tecnologia para fins totalmente diferentes e o qual também, para mim, vinha a ser um cientista, escriba, filósofo, de fato; o modelo do patriarca José na Bíblia. José que chega no Egito explicando os sonhos dos faraós. José é Amenophis, filho de Hapu, e também descobrimos que há textos abundantes que fornecem pistas sobre o fato de que Amenophis, filho de Hapu, viveu entre os séculos 13 e 15 a.C. Isso ocorre antes do faraó herege monoteísta Akhenaten. Amenophis, filho de Hapu é de fato o José da Bíblia e nós temos os afrescos com detalhes únicos e assim por diante.

Acontece que essa pessoa utiliza o conhecimento usado anteriormente por Imhotep para fazer as pedras das pirâmides, mas na verdade ele está reutilizando o conhecimento que os egípcios tinham anteriormente para a fabricação de vasos de pedra e uma de suas maiores obras-primas é chamada Colossos de Memnon. Os Colossos de Memnon são estátuas enormes, estátuas modernas feitas de quartzo, uma pedra muito dura, de 20 metros de altura, que pesa 1.500 toneladas, impossíveis de entalhar, impossíveis de esculpir. De fato, ele escreveu como foi feito e isso se tornou uma das provas do uso desse conhecimento e, o uso deste conhecimento, está de fato ligado com o que encontramos no Antigo Testamento na Bíblia, como sempre, quando lemos sobre a tecnologia na Bíblia, sobre a tecnologia utilizada para fazer artefatos de pedras, estamos falando sobre a tecnologia de fazer

pedra artificial.

Eu escrevi todos esses livros em francês. Eu comecei em 2004 e estou agora no meu terceiro livro. Você também encontrará no meu site uma pequena descrição em Inglês sobre o livro mais recente: “The lost fresco and the bible”. Me desculpe, mas infelizmente os livros não estão disponíveis em inglês, por enquanto.

Entrevistador: Muito bem, vamos ver se conseguimos alguma proposta de tradução interessante também, eu presumo que sim porque discutimos sobre ideias muito interessantes, Joseph.

Continuaremos a falar um pouco mais sobre isso para nossos membros em nossa segunda hora, agora vamos fazer uma pequena pausa aqui.

Novamente, o site é davidovits.info e geopolymer.org para outras informações sobre o que estivemos falando. Fique conosco Joseph. Estaremos de volta com mais após o intervalo.

Na próxima hora com Joseph Davidovits, vamos continuar falando sobre pedra aglomerada, concreto calcário e se outros templos e monumentos foram construídos da mesma forma. Também falaremos sobre a Estela de Merneptah, também conhecida como Estela de Israel. Ela ganhou muita fama e notoriedade por ser o único documento egípcio antigo, geralmente aceito como a menção à Isiriar ou Israel.

Joseph encontrou evidências de erro ou possivelmente uma tentativa de falsificação cometida pelo tradutor Flinders Petrie em 1896, mais tarde voltaremos a discutir a Bíblia, José, filho de Jacó e mais sobre Amhotep, filho de Hapu.