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A CONSTRUÇÃO DE UMA ALFABETIZAÇÃO CARTOGRÁFICA: OFICINAS PEDAGÓGICAS DO PIBID DE GEOGRAFIA - UERN Hudson Tiago Lima da Silva Bolsista da Capes/PIBID de Geografia da UERN - [email protected] Simonítala Dutra de Lima Bolsista da Capes/PIBID de Geografia da UERN - [email protected] 1. INTRODUÇÃO O ensino da cartografia apresenta-se como uma ferramenta ímpar para o conhecimento e uso do espaço geográfico. Este saber apresenta múltiplas funcionalidades, que vão desde a escala local, como por exemplo, a partir do reconhecimento e da localização espacial, a escala global, como elemento que possibilita o entendimento de certas lógicas políticas, econômicas, territoriais. É por meio desse conhecimento que, os alunos, quando estimulados, tornam-se leitores e mapeadores do meio em que estão inseridos; são capazes de fazer uma leitura espacial, para além do imediato, do momento. Entretanto, no processo de ensino-aprendizagem da cartografia escolar existem inúmeras lacunas, resultado geralmente da deficiência formativa dos professores ou dos procedimentos metodológicos adotados pelos mesmos. Diante desse contexto, há a necessidade de se fomentar ações que transformem essa realidade, que possibilitem a aprendizagem da cartografia para além da reprodução mecânica de mapas, e que “formem” alunos leitores e mapeadores do espaço (se tornando, conscientes e críticos). Considerando esses apontamentos e a realidade vivenciada em muitos ambientes escolares, no que se refere ao ensino cartográfico, o presente artigo propõe-se a relatar e discutir os resultados de uma das propostas de oficina cartográfica realizada pelo Programa Institucional de Iniciação a Docência (Pibid), da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), do subprojeto de Geografia, em algumas escolas de ensino regular (ensino fundamental e médio) da cidade de Mossoró-RN, a saber: Escola

A CONSTRUÇÃO DE UMA ALFABETIZAÇÃO … · discutir os resultados de uma das propostas de oficina cartográfica realizada pelo Programa Institucional de Iniciação a Docência

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A CONSTRUÇÃO DE UMA ALFABETIZAÇÃO CARTOGRÁFICA: OFICINAS

PEDAGÓGICAS DO PIBID DE GEOGRAFIA - UERN

Hudson Tiago Lima da Silva

Bolsista da Capes/PIBID de Geografia da UERN - [email protected]

Simonítala Dutra de Lima

Bolsista da Capes/PIBID de Geografia da UERN - [email protected]

1. INTRODUÇÃO

O ensino da cartografia apresenta-se como uma ferramenta ímpar para o

conhecimento e uso do espaço geográfico. Este saber apresenta múltiplas

funcionalidades, que vão desde a escala local, como por exemplo, a partir do

reconhecimento e da localização espacial, a escala global, como elemento que

possibilita o entendimento de certas lógicas políticas, econômicas, territoriais. É por

meio desse conhecimento que, os alunos, quando estimulados, tornam-se leitores e

mapeadores do meio em que estão inseridos; são capazes de fazer uma leitura espacial,

para além do imediato, do momento.

Entretanto, no processo de ensino-aprendizagem da cartografia escolar existem

inúmeras lacunas, resultado geralmente da deficiência formativa dos professores ou dos

procedimentos metodológicos adotados pelos mesmos.

Diante desse contexto, há a necessidade de se fomentar ações que transformem

essa realidade, que possibilitem a aprendizagem da cartografia para além da reprodução

mecânica de mapas, e que “formem” alunos leitores e mapeadores do espaço (se

tornando, conscientes e críticos).

Considerando esses apontamentos e a realidade vivenciada em muitos ambientes

escolares, no que se refere ao ensino cartográfico, o presente artigo propõe-se a relatar e

discutir os resultados de uma das propostas de oficina cartográfica realizada pelo

Programa Institucional de Iniciação a Docência (Pibid), da Universidade do Estado do

Rio Grande do Norte (UERN), do subprojeto de Geografia, em algumas escolas de

ensino regular (ensino fundamental e médio) da cidade de Mossoró-RN, a saber: Escola

Estadual Professor José de Freitas Nobre (Ensino Fundamental); Estadual Municipal

Professor Manoel Assis (Ensino Fundamental); Escola Estadual Aída Ramalho Cortez

Pereira (Ensino Médio); e a Escola Estadual Presidente Kennedy (Ensino Médio).

2. OBJETIVO

Promover a construção de uma consciência cidadã por meio dos saberes

geográficos, e de modo especifico, por meio da leitura, do entendimento e da

representação espacial (alfabetização cartográfica).

3. METODOLOGIA

Nossa metodologia consistiu na elaboração das oficinas, cujo tema escolhido foi

à cartografia escolar, partiu-se do pressuposto de que era necessário ter o

reconhecimento do nível de alfabetização cartográfica dos alunos das escolas parceiras.

Diante disso, foram elaborados e aplicados testes cartográficos (com várias vertentes e

níveis investigativos) com os discentes das escolas citadas acima.

Esses meios de reconhecimento cognitivo (avaliativo) permitiram que fosse

estruturado um quadro geral sobre o nível cartográfico, por turma, das escolas

colaboradoras; e serviram como ferramenta de reconhecimento das principais

deficiências cartográficas dos alunos pesquisados.

Ressalta-se que, do total de alunos por escola, foram retirados 10% de amostra

por turma. O teste foi elaborado em conjunto, envolvendo os alunos pibidianos

(bolsistas), os professores supervisores das escolas participantes, e o professor-

orientador do projeto geral.

Com os dados tabulados, sistematizados e analisados, com base em materiais

teóricos (fundamentação), foram delimitados os temas geradores de cada etapa da

oficina, a saber: História dos mapas (da cartografia) e projeções; Orientação e

localização; Escala e Legenda.

De posse dos resultados e dos temas propostos, cada escola, por meio de sorteio,

ficou responsável por aplicar/desenvolver, inicialmente, uma das temáticas propostas

acima (como uma “aplicação-teste”), além de produzir uma gama de materiais e

atividades didáticas para as mesmas.

Foi aplicada a oficina sobre legenda (elementos simbólicos), realizada

inicialmente, durante a fase de testes, na Escola Estadual Professor Estadual de Freitas

Nobre.

4. RESULTADOS

4.1. A CARTOGRAFIA ESCOLAR: UMA PAUSA PARA A DISCUSSÃO

- “Vire à direita na terceira avenida”.

- “Veja essa placa. Estamos chegando ao aeroporto”.

As informações retratadas nos diálogos acima são comuns ao cotidiano de

muitas pessoas e aparentam ser de fácil assimilação e execução por causa do uso banal

de tais termos. Entretanto, esses comandos estão envoltos a um leque de saberes

complexos que são aprimorados, construídos e organizados sistematicamente nos

ambientes escolares por meio do processo de leitura, escrita e interpretação espacial, ou

seja, por meio da alfabetização cartográfica.

Conforme Passini (2012, p.13), o processo de alfabetização cartográfica consiste

em uma “[...] inteligência espacial e estratégica que permite ao sujeito ler o espaço e

pensar sua Geografia [...]”. É um processo amplo e complexo, que envolve as noções

básicas de localização, organização, representação e compreensão dos espaços

elaborados pelas sociedades (CASTROGIOVANNI, 2008).

Esse conhecimento cartográfico é “construído” com um tempo, passando por

alguns passos fundamentais de leitura e interpretação, como em um texto, em que o

sujeito tem que compreender o que está vendo/lendo. Na perspectiva cartográfica, as

letras seriam os códigos e as suas coerências e concordâncias estariam relacionadas à

capacidade de assimilação, interpretação, codificação e significação de seus símbolos. O

mapa seria assim, como um texto, e para compreendê-lo e interpretá-lo criticamente, é

preciso que o sujeito esteja alfabetizado espacialmente e cartograficamente.

Sobre esse processo, Guerrero (1994) enfatiza que

Ao partir da premissa de que a geografia da educação infantil a conclusão do

Ensino Fundamental, deve alfabetizar os alunos para a leitura e a

compreensão do espaço, defendemos a idéia de que a linguagem cartográfica

insere-se em um processo ainda maior, que é a própria alfabetização espacial

(p. 40).

Castrogiovanni (2008), nessa mesma linha de pensamento, destaca que, “[...] o

aluno precisa ser preparado para ‘ler’ representações cartográficas [...]” e enfatiza, “[...]

só lê mapas quem aprendeu a construí-los [...]”. (p.41).

Nessa mesma abordagem e acrescentando elementos pontuais na discussão,

Francischett (2007) ressalta que, o ensino da linguagem cartográfica não contribui

apenas para que os alunos compreendam os mapas, mas para que os mesmos tenham a

capacidade cognitiva de representação do espaço e suas dinâmicas.

O fundamental no ensino da Geografia é que o aluno/cidadão aprenda a fazer

uma leitura critica da representação cartográfica, isto é, decodificá-la,

transpondo suas informações para o uso cotidiano. Deve ter claro que ela

antes de mais nada é uma representação política. Para tanto, é necessário

conhecer e saber utilizar os elementos do mapa em diferentes e possíveis

leituras, como sendo verdades temporárias. (CASTROGIOVANNI, 2008, p.

41-42)

Entretanto, quando se fala em cartografia nos ambientes escolares, a realidade,

muitas vezes, não condiz com as ideias propostas. Na Geografia escolar, o ensino

cartográfico é tratado, muitas vezes, como um complemento, um assunto a mais ou um

saber secundarizado. Metodologicamente, por deficiência na formação acadêmica, os

professores trabalham a cartografia em sala de aula de maneira metódica, cansativa e

mnemônica, desvinculada da realidade do aluno. Nessa perspectiva, Filizola (2009,

p.36) fala que, “[...] raramente, os alunos são envolvidos na construção ou elaboração de

mapas, tampouco os conteúdos da matéria são relacionados ao manuseio de

representações cartográficas”, e ainda enfatiza:

Em decorrência disso, a maior parte das aulas é tomada para a resolução,

quase sempre mecânica, de problemas como escala, como por exemplo:

‘Num mapa de escala X, a distância entre dois pontos é de Y cm. Determine

a distância real entre ambos’, pintura ou reprodução de mapas, classificação

de mapas (político, físico, econômico...), exemplificação de convenções

cartográficas, entre outros. (FILIZOLA, 2009, p.36)

Contudo, a cartografia deveria ser trabalhada em sala de aula tomando, como

base, a realidade do aluno. Esse primeiro passo seria o ponto inicial para um ‘salto’

ainda maior no processo de ensino-aprendizagem.

Na perspectiva de um ensinar a pensar o espaço, a pensar geograficamente a

realidade, o aluno deve ser orientado a utilizar o mapa segundo um outro

enfoque. É a partir dessa nova orientação que se espera formar alunos leitores

críticos de mapas e mapeadores conscientes. (FILIZOLA, 2009, p.36-37).

Toda essa alusão ao uso da cartografia como ampliador de pensamento, de

análises críticas da realidade, de um olhar geográfico sobre o espaço, só será possível se

o professor trabalhar a cartografia como um dicionário da leitura do mundo. Claro que

sua forma tradicional de interpretar os lugares e as coisas não deve ser desprezada, mas

reposicionados a essas novas formas de enxergar e pensar o espaço geográfico.

4.2. A OFICINA: UM APANHADO SOBRE NOSSAS “FERRAMENTAS”

Antes de se detalhar os procedimentos gerais e específicos da oficina sobre

elementos cartográficos (legenda), desenvolvida na Escola Estadual Professor José de

Freitas Nobre, cabe ressaltar que, as turmas escolhidas para essa proposta foram as dos

8º anos (A e B), pois as mesmas apresentaram uma série de deficiências no que se refere

aos conteúdos cartográficos (mesmo quando comparadas às turmas de níveis inferiores).

Em uma das questões do teste cartográfico, foi solicitado que os alunos

identificassem os elementos básicos de um mapa (título, escala, rosa dos ventos, fonte).

A turma do 8º ano A, por exemplo, quando comparada às outras turmas, apresentou

erros em todos os itens solicitados.

Em outra questão do teste cartográfico, foi solicitado que os alunos

identificassem a localização das peças de um tabuleiro de xadrez, a partir das noções de

coordenadas geográficas. O 8º ano B, a outra turma selecionada para a oficina,

apresentou resultados expressivamente negativos no que se refere a esse tópico

cartográfico.

Turmas de menor nível, por exemplo, obtiveram resultados mais positivos do

que essa turma. Em uma mesma questão sobre a identificação de peças no tabuleiro de

xadrez do teste cartográfico aplicado com as turmas para a escolha da turma escolhida

para a realização das oficinas, que levaram em conta a questão das noções sobre

coordenadas geográficas, o 6º A, teve 71% de acertos, conseguindo identificar o que

fora pedido, e também o 7º U, conseguindo ter 100% de aproveitamento da questão. Já

o 8º B (uma das turmas escolhidas), somente 60% da turma conseguiram compreender e

acertar a questão, demonstrando que o nível de alfabetização da turma estava baixo.

Esta questão serviu apenas para exemplificar o que queríamos achar uma turma

com maior “deficiência” com relação ao processo de alfabetização cartográfica. Mas,

nas outras questões do teste a turma do 8º A e B, também teve rendimento abaixo do

esperado, o que nos levou a escolhê-la para aplicar as oficinas cartográficas.

De porte das informações processuais, dos levantamentos empíricos e teóricos e

organização interna do projeto, chega-se a proposta de oficina: “Elementos Simbólicos -

Legenda”. Esta faz parte de um conjunto de outras oficinas, já citadas, que visam à

alfabetização cartográfica dos alunos das escolas parceiras.

Eis a importância de se fazer essa oficina. Para que o aluno tenha a capacidade

de interpretar/ler uma representação espacial é necessário que ele sabia o significado do

simbolismo (códigos) presentes em um mapa. Dessa forma, é preciso que o mesmo

tenha se “alfabetizado cartograficamente”.

Mas, como ocorre esse processo? Como um sujeito é “alfabetizado

cartograficamente”? Da mesma forma que, somos alfabetizados (processo de

letramento) durante o processo de escolarização, também aprendemos, desde que,

estimulados, a assimilar e a decodificar os símbolos de um mapa.

Dessa forma, a oficina “Alfabetização Cartográfica: Elementos simbólicos

(legenda)” têm como proposta principal, desenvolver (ou aprimorar) nos alunos, a partir

de atividades interativas e dinâmicas (lúdicas), a leitura e a interpretação significativa de

mapas; além de possibilitar, dentro dos limites cognitivos dos discentes, a construção de

mapas (trabalho com a construção de legendas/símbolos).

O porquê de se trabalhar legenda (como proposta de oficina)? A legenda pode

não ter muita relevância para alguns por ser um dos elementos do mapa que atribui

significado a informações descritas. Mas, justamente por isso, ela deve ser valorizada,

uma vez que esta possibilita e facilita a compreensão dos mapas em sua dimensão.

Independente do tipo de mapa (relevo, demografia, rodoviário, clima, etc.) e de suas

informações, todos precisam ter legendas para que se possa interpretá-los corretamente.

Em mapas com um número maior de informações/conteúdos, cabe à legenda o papel de

caracterizar, descrever e suscitar que este mapa se torne compreensível aos olhos de

quem o lê.

Imagine que você irá ler um mapa com vários elementos em sua composição. Se

por acaso esse mapa estiver sem a legenda, como ficaria? Seria como se ao mesmo

tempo soubéssemos do que este tratava, mas não soubéssemos interpretá-lo, pois falta

algo. Cada elemento que constitui um mapa é relevante para a leitura final. Não existe

mapa sem título ou sem escala, da mesma maneira que não se pode deixar a legenda de

um mapa de lado. Então,

Os elementos da paisagem e os fenômenos socioespaciais são representados

nos materiais cartográficos de modo simbólico. A cartografia utiliza

símbolos, como formas geométricas, pictogramas, texturas e cores para

representar os fenômenos geográficos nos mapas. A principal função desses

símbolos, quando colocados nos mapas, é favorecer ou melhorar a

assimilação da informação representada pelo receptor. Isso significa que os

símbolos são selecionados pelos criadores de mapas para melhorar a

comunicação entre os usuários e o próprio mapa. (GUERRERO, 2012, p.85-

86).

Desenvolver e/ou aprimorar a capacidade de leitura e interpretação de mapas, a

partir de uma alfabetização cartográfica significativa, faz parte do objetivo da oficina,

como também, o de possibilitar a construção de mapas, a partir da codificação e

decodificação de seus elementos (construção simbólica).

Não deve ser nada fácil para os cartógrafos tentarem repassar informações nos

mapas por meios de símbolos, já que estes tem que ser compreendidos por todos. Os

símbolos devem ser bem elaborados para que permeiem o entendimento geral. Muitas

dessas convenções cartográficas são universais, ou seja, utilizadas para a descrição de

um mesmo elemento ou objeto. Segundo Trindade (2014), “A informação visual, para

ser realmente compreendida, requer uma aprendizagem. Ela não é nem natural e nem

espontânea porque possui uma linguagem própria que precisa ser apreendida”. (p.43).

Ou seja, para quem se propõe a fazer uma legenda, é necessário que este faça uma

apreensão dos símbolos que serão utilizados, para que os outros que irão ler possam ter

a mesma assimilação das informações. Joly (1990) discorre sobre simbologia

cartográfica, dizendo que esta “[...] é, definitivamente, um conjunto de sinais e cores

que traduz a mensagem expressa pelo autor.” (p.17). Ainda ressalta que,

Os objetos cartografados, materiais ou conceituais, são transcritos através de

grafismos ou símbolos, que resultam de uma convenção proposta ao leitor

pelo redator, e que é lembrada num quadro de sinais ou legenda do

mapa. (p.17).

A oficina “Alfabetização Cartográfica: Elementos simbólicos (legenda)” foi

desenvolvida a partir de atividades teóricas e práticas. Entretanto, o foco da mesma

esteve voltado para as atividades práticas (lúdicas), tais como jogos, dinâmicas e

brincadeiras que envolvam a temática trabalhada. Essa oficina foi desenvolvida em

forma de gincana competitiva entre os alunos, a fim de proporcionar uma maior

participação da turma. As atividades da oficina foram desenvolvidas em três momentos

distintos, e cada um desses momentos foi dividido em algumas etapas. Segue o quadro

01, uma explicação mais detalhada dos procedimentos utilizados na execução da

mesma.

4.2.1. AS FASES DA OFICINA

Quadro 01: Representação da estruturação da oficina de legenda

Oficina Cartográfica de Legenda: elementos simbólicos

1ª MOMENTO

Primeira etapa: Reconhecimento dos símbolos cotidianos e cartográficos

Descrição Objetivos Materiais Os alunos receberam uma ficha impressa,

com vários símbolos presentes no seu

cotidiano, e também cartográficos. A ficha

continha símbolos com diferentes níveis de

complexidade. Os alunos foram divididos em

equipes e tiveram que identificar o maior

número possível desses símbolos, atribuindo

aos mesmos, os significados corretos.

Estabeleceu-se um sistema de pontuação. Em

seguida realizou-se uma discussão do assunto.

O objetivo da atividade

consiste em perceber o nível

de familiaridade dos alunos

com esses símbolos, e da sua

capacidade de interpretação

dos mesmos para, a partir daí,

evoluir para a etapa seguinte.

Fichas impressas em

folhas A4, projetor

multimídia, slides do

Powerpoint.

Segunda etapa: Decodificando e codificando mensagens

As equipes tiveram que decodificar as

mensagens elaboradas com os símbolos do

Whatsapp, muito familiar a eles. As

mensagens foram projetadas no quadro em

projetor multimídia, e foi determinado um

tempo limite para que eles fizessem esse

reconhecimento. Finalizado esse processo de

decodificação, os alunos tiveram que realizar

o processo inverso – codificação. Foram

entregues (aleatoriamente) frases aos alunos,

e com símbolos do Whatsapp, eles tiveram

que construir mensagens. Essa parte da

atividade foi realizada usando o próprio

celular dos alunos, e em seguida, transferida

para o projetor multimídia (para a discussão

em sala de aula).

O foco dessa atividade está na

ideia da decodificação (leitura

sistematizada a partir de

códigos), processo semelhante

que ocorre na alfabetização

cartográfica.

Projetor multimídia,

slides do Powerpoint,

celulares com o

aplicativo do

Whatsapp.

Terceira etapa: Construindo símbolos convencionais

Foram dadas aos alunos, situações e lugares

hipotéticos, como por exemplo, desenhar uma

placa que representasse um desmoronamento.

Não se podia escrever nada na placa, só

desenhar. Dentro desse contexto, eles tiveram

que elaborar um código convencional para

cada situação citada. Ou seja, deveriam

desenvolver um símbolo - como base em cada

situação – de modo que o mesmo, sendo visto

por qualquer pessoa do mundo, pudesse ser

entendido e interpretado. Em seguida

projetaram-se todos os desenhos corretos de

cada situação recebida por eles para

comparação e discussão dos resultados.

O desenvolvimento dessa

atividade visava demonstrar a

dificuldade da elaboração dos

símbolos cartográficos

convencionais. Cabe ressaltar

também que, os símbolos

elaborados pelos alunos

devem apresentar certas

similaridades (um padrão),

pois os mesmos são uma

tentativa de construção

cartográfica convencional.

Impressões em A4

com as situações,

lápis, borracha, lápis

de cor, projetor

multimídia, slides em

PowerPoint.

2º MOMENTO

Quarta etapa: Apresentação teórica (Convenções cartográficas e legenda) Foram realizadas uma discussão e uma

exposição, de forma sistematizada, dos

seguintes conteúdos: convenções

cartográficas, legenda, símbolos dos mapas e

suas tipologias (conteúdo exemplificado).

Compreensão dos conteúdos

apontados e sua corelação com

a oficina.

Projetor multimídia e

slides em Powerpoint.

Quinta etapa: Codificando mapas: aprendendo a construção mapas/legendas

Essa atividade foi feita a partir da exposição

dos conteúdos mencionados na etapa anterior,

especificadamente, a partir da noção de

símbolos cartográficos e suas tipologias. Foi

feito uso de mapas “mudos” do Rio Grande

do Norte, onde os alunos tiveram que criar

diferentes legendas (baseando-se nas ideias de

construção da legenda a partir de pontos,

linhas e áreas). O tema gerador dessa

atividade se tratou das “Atividades Produtivas

do Rio Grande do Norte”. Os alunos tiveram

ajuda de um atlas do Rio Grande do Norte, na

atividade.

O objetivo da atividade esteve

voltado para a autonomia dos

alunos com relação aos

instrumentos presentes no

mapa entregue a eles. Desse

modo, os alunos realizaram de

maneira eficiente sua tarefa, e

não apresentaram grandes

dificuldades na elaboração da

mesma.

Impressões em A4

dos mapas “mudos”

do RN, e materiais

alternativos (por

exemplo, barbante,

cola em alto relevo,

“glitter”, sementes,

sal e lápis de cor para

a construção da

legenda).

3º MOMENTO

Sexta etapa: Construção de mapas ordenados e quantitativos (uso de moldes vazados). Essa última proposta foi construída com base

na atividade elaborada e exposta por Leite

(2014). Os alunos receberam dados

estatísticos sobre a população e o IDH de três

espaços específicos, a saber: a América do

Sul, o Brasil e a Região Nordeste do Brasil.Os

mesmos tiveram que organizar esses dados

em tabelas e representá-los em seus

respectivos mapas, usando para isso, os

conhecimentos já estabelecidos sobre

codificação e decodificação dos mapas -

legenda. Depois que os dados estavam

devidamente organizados, os alunos

transferiram os mesmos para os seus devidos

mapas. Cabe ressaltar que, nos mapas

quantitativos (dados sobre a população –

números quantitativos) serão utilizados

moldes vazados (circunferências produzidas

em chapas de RX). Esses moldes

possibilitaram a construção e a representação

dos dados quantitativos de forma

proporcional.

O objetivo da atividade

consistiu em promover a

construção de mapas

temáticos, especificadamente

do tipo ordenado e

quantitativo, de forma a

trabalhar a organização e a

sistematização de dados

estatísticos e a sua

representação nas projeções

cartográficas.

Moldes vazados feitos

de Raios-X velhos (os

moldes tinham

circunferências de

diferentes tamanhos,

correspondentes as

amostras), impressões

em A4 com mapas da

América do Sul,

Brasil e Nordeste

brasileiro, lápis de

cor.

Fonte: Elaborado pelos os autores, 2016.

Imagem 01: Etapas da oficina de legenda

Fonte: Os autores, 2015.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao utilizar-se de uma forma lúdica para se trabalhar a alfabetização cartográfica

com os alunos, possibilitamos um maior interesse e também curiosidade sobre o nosso

objeto de estudo. Ao empregarmos uma oficina como forma de trabalhar uma temática

tão específica, Elementos Simbólicos: legenda, só evidenciamos e potencializamos o

que queríamos promover. No ensino de Geografia, trabalhar dessa forma só estimula os

alunos, pois proporcionamos uma nova visão desta disciplina, principalmente quando

falamos de “Noções Básicas de Cartografia”. Esta irá oferecer ao aluno a capacidade de

ler o espaço e interpretá-lo, de se localizar e se orientar sobre ele. As atividades aqui

mostradas permitiram desenvolver, o que seriam: elementos simbólicos, legenda, as

formas de representação em um mapa (ponto, linha, zona, cor e formas), codificar e

decodificar elementos representativos, símbolos convencionais, entre outros.

6. REFERÊNCIAS

CASTROGIOVANNI, Antônio Carlos; CALLAI, Helena Copetti; KAERCHER, Nestor

André. Ensino de Geografia: práticas e textualizações no cotidiano. Porto Alegre:

Editora Mediação, 2008.

FILIZOLA, Roberto. Didática da Geografia: proposições metodológicas e conteúdos

entrelaçados com a avaliação. Curitiba: Base Editorial, 2009.

FRANCISCHETT, M. N. Cartografia Escolar Crítica. 2007. Professora do Curso de

Geografia – UNIOESTE - Campus de Francisco Beltrão/PR, 2007. Disponível em:

<http://www.bocc.ubi.pt/pag/francischett-mafalda-cartografia-escolar-critica.pdf>

Acesso em 13 Mar. 2015

GUERRERO, Ana Lúcia de Araújo. Alfabetização e letramento cartográfico na

geografia escolar. São Paulo: Edições SM, 2012.

JOLY, Fernand. A cartografia. [trad. Tânia Pellegrini] Campinas: Papirus, 1990.

LEITE, Gerson Rodrigues. Materiais Didáticos para Cartografia Escolar:

metodologias para a construção de mapas em sala de aula. Dissertação (Mestrado).

FFLCH, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2014.

PASSINI, Elza Yasuko. Alfabetização Cartográfica e a aprendizagem de geografia.

São Paulo: CORTEZ EDITORA, 2012.

TRINDADE, Ana Lígia. Grafia do gesto: representação gráfica do movimento. Porto

Alegre: Cesar Gonçalves Larcen Editor, 2014.