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_Gil I"arum CUlturAl dO SIIWIJ lIIilJlm!l 080823 111111111I11 IIIII 11111 IIIII 1111I IIII 1111 , INDICE 4. Os alargamentos (1972-95) 25 A Construção Europeia de 1945aos Nossos Dias Prefácio de Mário Soares 7 1. Os fundamentos históricos da integração europeia (1945-50) 9 2. Da CECA à CEE (1951-57) 14 3. A Comunidade Europeia dos Seis (1957-72) 20 5: O sistema institucional da União Europeia 36 6. O Parlamento Europeu 7. O Conselho 8. A Comissão e as outras instituições 48 55 58 Prefácio de Mário Soares 9. As políticas comuns 64 10.O Mercado Único 70 11.A União Económica e Monetária (UEM) 74 81 gradiva Cronologia da construção europeia 78 Sugestões de leitura Bibliografia 80 Organismos de informação europeia (OlEs) em Portugal 82 Edição patrocinada pela Representação em Portugal da Comissão Europeia ISBN 972-662-539-1, IIIIIUIUIW 9 "789726 6 341.1(0 Edição patrocinada pela Representação em Portugal da Comissão Europeia I,

A Construção Europeia de 1945 aos nossos dias - Pascal Fontaine

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_GilI"arum CUlturAl dO SIIWIJ

lIIilJlm!l080823

111111111I11 IIIII 11111 IIIII 1111I IIII 1111

,INDICE

4. Os alargamentos (1972-95) 25

A ConstruçãoEuropeia

de 1945aosNossos Dias

Prefácio de Mário Soares 7

1.Os fundamentos históricos da integraçãoeuropeia (1945-50) 9

2. Da CECA à CEE (1951-57) 14

3. A Comunidade Europeia dos Seis (1957-72) 20

5: O sistema institucional da União Europeia 36

6. O Parlamento Europeu

7.O Conselho

8. A Comissão e as outras instituições

48

55

58Prefácio de Mário Soares

9. As políticas comuns 64

10.O Mercado Único 70

11.A União Económica e Monetária (UEM) 74

81gradiva

Cronologia da construção europeia 78

Sugestões de leitura

Bibliografia

80

Organismos de informação europeia (OlEs)em Portugal 82

Edição patrocinada pelaRepresentação em Portugal

da Comissão Europeia

ISBN 972-662-539-1,

IIIIIUIUIW9 "789726 6 341.1(0

Edição patrocinada pelaRepresentação em Portugal

da Comissão Europeia

I,

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para que a Alemanha Ocidental seja rapidamente rearmada.Hostil ao renascimento de um exército alemão sem con-trolo, a França propõe integrá-lo num exército europeu(declaração do presidente do Conselho, René Pleven, a 24de Outubro de 1950).

Para René Pleven e Jean Monnet é imperativo responderà preocupação dos Americanos de envolver a Alemanha noesforço de defesa ocidental sem, simultaneamente, pôr emperigo o projecto embrionário da comunidade do carvão edo aço.' O governo francês recusa o rearmamento unilateralda Alemanha, apenas concebendo o regresso a uma certasoberania militar de Bona no quadro de uma organizaçãocomum, segundo o modelo de uma comunidade suprana-cional como a CECA.

• O debate político: a proposta francesa é objecto deuma negociação que se inicia em Paris a 15 de Fevereirode 1951. O Tratado que institui a Comunidade Europeia deDefesa (CED) é assinado pelos seis Estados membros daCECA a 28 de Maio de 1952. Mas a classe política francesadivide-se profundamente quando a Assembleia Nacional échamada a ratificar o tratado. Após longos debates apai-xonados e desestabilizadoresda vida política da IV Repú-blica, os adversários do exército europeu triunfam: o Tra-tado da CED é recusado pela Assembleia a 30 de Agostode 1954. A querela entre os «cedistas» e os «anticedistas»criou fortes tensões no interior das formações políticas.À excepção dos republicanos populares (MRP), que se man-tiveram fiéis à CED, os socialistas (SFIO), os radicais e osindependentes (CNI) dividiram-se quanto ao tratado, en-quanto os comunistas e os gaulistas (RFP) se juntaram numaaliança de circunstância para o combaterem com ardor.

b. O relançamento de Messina

O revés da CED, primeiro retrocesso da ideia europeiadesde o final da guerra, teve duas consequências:

A perda momentânea da influência francesa: são esta-distas do Benelux (P. H. Spaak e J. Beyen) que vão retomara iniciativa. Em Messina, a 1 de Junho de 1955, os Seis

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estabelecem o princípio de uma nova comunidade fundadanum mercado comum industrial.

O recuo da ambição federal: o objectivo de uma «fede-ração europeia» constante da declaração Schuman não éretomado no novo Tratado. A 10 de Setembro de 1952, combase no artigo 38.0 do Tratado da CED, uma assembleia adhoc tinha adoptado um projecto de «comunidade políticacuropeia», tendo por ambição organizar um quadroinstitucional reforçado, incluindo a união económica e po-lítica. Este projecto caducou após o revés da CED. A partirde 1957, os Estados acordam em liberalizar o comércio eharmonizar as condições de concorrência entre as suas eco-nomias. Mas as instituições a criar disporão de menorespoderes. É o preço a pagar, um compromisso aceite pelos«europeístas», para que o comboio da integração europeiaseja reposto nos carris. Na verdade, o sucesso da Comuni-dade Económica Europeia ultrapassa rapidamente as ex-pectativas dos seus fundadores. A CEE tornar-se-á a únicaconcretização económica e política a estruturar a Europaocidental e a atrair outros países, através de uma série dealargamentos, tanto para sul como para norte e para leste docontinente.

2. A COMUNIDADE ECONÓMICAEUROPEIA (1957)

A. os TRATADOS DE ROMA

A 25 de Março de 1957, no Capitólio, em Roma, osrepresentantes da RF A, da Bélgica, da França, da Itália, doLuxemburgo e dos Países Baixos assinam solenemente ostratados que instituem a CEE e a CEEA.

O Tratado da CEE estabelece objectivos ambiciosos,que são e.iumerados no preâmbulo. Os Estados membrosdeclaram-se:

• Determinados a estabelecer os fundamentos de umaunião cada vez mais estreita entre os povos europeus;

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• Decididos a assegurar, mediante uma acção comum,o progresso económico e social dos seus povos, eliminandoas barreiras que dividem a Europa;

• Determinados a fixar como objectivo essencial dosseus esforços a melhoria constante das condições de vida ede trabalho dos seus povos;

• Preocupados em reforçar a unidade das suas econo-mias e assegurar o seu desenvolvimento harmonioso pelaredução das desigualdades entre as diversas regiões e doatraso das menos favorecidas;

• Resolvidos a consolidar, pela união dos seus recursos,a defesa da paz e da liberdade, apelando para os outrospovos europeus que partilham dos seus ideais para que seassociem aos seus esforços.

a. O Tratado que institui a Comunidade EconómicaEuropeia (CEE)

Estes objectivos políticos traduzem-se na definição depolíticas concretas:

• Uma união aduaneira industrial, através da elimina-ção dos direitos alfandegários intracomunitários e dasupressão dos contingentes quantitativos. Uma união adua-neira distingue-se de uma zona de comércio livre principal-mente pela criação de uma protecção pautal externa uni-forme (pauta aduaneira comum). A realização da UniãoAduaneira foi programada para um período transitório de12 anos, dividido em 3 etapas de 4 anos;

• Uma política agrícola comum;• Uma política comercial comum;• Uma política da concorrência.

o Tratado da CEE tem um sucesso evidente e rápido.Acompanha e acelera a fase de relançamento do cresci-mento que caracterizou os anos 60. É sobre o alicerce daeconomia, que fez da Europa uma grande potência comer-cial, que as Comunidades Europeias se afirmam.

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b. O Tratado que institui a Comunidade Europeia daEnergia Atómica (EURATOM)

o objectivo do EURA TOM é: «Criar as condições dedesenvolvimento de uma poderosa indústria nuclear.»

O Tratado prevê acções comuns em domínios tão varia-dos como:

• A investigação e a difusão de conhecimentos;• O aperfeiçoamento de tecnologias industriais;• O investimento e a criação de empresas comuns;• Os aprovisionamentos;• A segurança;• O estabelecimento de um mercado nuclear.

O EURA TOM teve rapidamente de limitar as suasacções. Os Estados, nomeadamente a França, não deseja-vam abrir mão de prerrogativas num sector tão sensívelcomo o do átomo, com as suas aplicações militares.

B. A RATIFICAÇÃO EM FRANÇA

A ratificação em França do Tratado da CEE provoca vivosdebates na Assembleia Nacional. A perspectiva de um mer-cado comum choca com a tradição proteccionista de umaparte importante do patronato francês. Os representantes doRPF, próximo do general de Gaulle, ainda na oposição,manifestam-se em geral contra o Tratado. Este é finalmenteratificado nos seis países da CECA entre-S de Julho e 26 deNovembro de 1957. Entra em vigor a 1 de Janeiro de 1958.

Os Tratados de Roma instituem a Comunidade Econó-nuca Europeia (CEE) e a Comunidade Europeia da EnergiaAtómica (CEEA). Estas comunidades baseiam-se num sis-tema institucional próximo do da CECA: o Conselho deMinistros, a Comissão, o Parlamento Europeu e o Tribunal deJustiça. A 8 de Abril de 1965, os Seis assinam um tratado defusão dos executivos, que entra em vigor a 1 de Julho de 1967.A partir dessa data, as três Comunidades dispõem de umquadro institucional único (um Parlamento, um Conselho,

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Iuma Comissão, um Tribunal), mas que aplica de formadistinta os três Tratados; enquanto o Tratado CECA é válidopor 50 anos, os Tratados CEE e CEEA têm vigência ilimitada.

A COMUNIDADE EUROPEIADOS SEIS (1957-72)

1. OS AVANÇOS DA EUROPAECONÓMICA

A. A UNIÃO ADUANEIRA

a. As etapas

Prevêem-se três etapas para a realização da UniãoAduaneira: .

Primeira etapa: 1958-61

• Redução em pelo menos 25 % dos direitos aduaneirosinternos;

• Aumento em pelo menos 60 % dos contingentes glo-bais de importação;

• Aproximação das legislações aduaneiras.

Segunda etapa: 1962-66

• Nova redução em 25 % dos direitos aduaneiros;• Aumento em 80 % dos contingentes de importação;• Redução em 30 % do desnível existente entre os di-

reitos aduaneiros nacionais e a pauta aduaneira externacomum, calculada de acordo com a média aritmética dosdireitos aplicados por cada país a 1 de Janeiro de 1957.

Terceira etapa: 1967-69• Eliminação dos direitos aduaneiros internos, dos con-

tingentes e de todos os entraves à liberdade comercial nointerior da Comunidade;

• Aplicação generalizada da pauta aduaneira comum;• Livre circulação de pessoas e bens.

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A 1 de Julho de 1968, com 18 meses de avanço emrelação ao ritmo previsto pelo Tratado da CEE, os Seisdesmantelaram a totalidade dos direitos aduaneiros intra-comunitários aplicáveis aos produtos industriais.

b. Os resultadosDe 1958 a 1970, os efeitos do desmantelamento adua-

neiro são espectaculares: o comércio intracomunitáriomultiplicou-se por 6, enquanto as trocas da CEE com ospaíses terceiros triplicaram. A percentagem de trocas decada um dos seis Estados membros com os seus cincoparceiros passou de 30 % em 1958 a 52 % em 1973.

Durante o mesmo período, o PNB médio da CEE pro-grediu 70 %. Estes resultados foram possíveis graças àabertura das fronteiras. As economias de escala na produ-ção permitiram a especialização e a exportação, essencial-mente nos sectores dos bens de consumo.

B. O FRACASSO DA GRANDE ZONADE COMÉRCIO LIVRE

a. A hostilidade dos Britânicos ao Mercado ComumApesar de os Seis terem, em Messina, convidado os Bri-

tânicos a associarem-se aos trabalhos preparatórios dos Tra-tados de Roma, Londres considerou que os objectivos pre-tendidos, nomeadamente a criação de novas comunidadessegundo o modelo da CECA, não correspondiam à sua po-lítica europeia. A união aduaneira separaria a Grã-Bretanhada Commonwealth e levaria à criação de políticas comuns,nomeadamente agrícolas, incompatíveis com os seus pró-prios interesses. Ausentes da negociação, os Britânicos ten-tam, mesmo assim, fazê-Ia falhar a partir do exterior.

b. Do comité Maudling à Associação Europeiade Comércio Livre (AECL-EFTA)Por iniciativa da Grã-Bretanha, a OECE criou, em

Outubro de 1957, um comité intergovernamental presidido

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por Reginald Maudling, ministro britânico dos AssuntosEuropeus. Este comité tenta diferir a ratificação dos Trata-dos de Roma, propondo a constituição de uma vasta zonade comércio livre que incluiria a CEE. Os Seis resistem aessa manobra, que faria naufragar as comunidades nascen-tes. Os Britânicos viraram-se então para a constituição daAssociação Europeia de Comércio Livre (AECL-EFTA), àqual associaram a Áustria, a Suécia, a Dinamarca e a No-ruega (Tratado de Estocolmo, assinado a 4 de Janeiro de1960) e a que Portugal aderiu posteriormente.

C. AS POLÍTICAS COMUNITÁRIAS

a. A Política Agrícola Comum (PAC)

• Os fundamentos: os artigos 38.0 e 39.0 do Tratado daCEE formulam a base jurídica da PAC. Precisa-se neles queo estabelecimento do Mercado Comum se aplica igual-ment<? aos produtos agrícolas e que os Estados membrosdevem implantar uma política comum nesse sector.

• A Conferência de Stresa, que reuniu os Estados mem-bros de 3 a 12 de Julho de 1958, traça as grandes linhas daPAC, a qual não deixa de beneficiar de uma aliança objectivaentre o governo francês, que a considera o instrumento pri-vilegiado da modernização da sua agricultura, e a Comissão,que faz dela a principal política de integração comunitária.A PAC contribuiu fortemente para o processo de unificaçãoeuropeia nos anos 60. Vítima do seu sucesso e do seu custofinanceiro, volta a ser posta em questão nos anos 80.

• As etapas:- Entrada em vigor, a 30 de Julho de 1962, de regula-

mentos sobre a organização comum dos mercados agrícolas(cereais, carne de porco, fruta, legumes, carne de aves, ovose vinho);

- As «maratonas» agrícolas de Dezembro de 1963 eDezembro de 1964 alargam a lista de produtos que bene-ficiam de uma organização comum de mercado;

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- A 11 de Maio de 1966, o Conselho chega a acordoa respeito do financiamento da PAC e do calendário dalivre circulação dos produtos agrícolas;

- A 1 de Janeiro de 1971, entrada em vigor do regimedos recursos próprios e do regime definitivo de financia-mento da PAC.

b, As outras políticas comuns

• A política social:

- 11 de Maio de 1960: criação do Fundo Social Euro-peu;

- 25 de Fevereiro de 1964: directivas do Conselhosobre o direito de estabelecimento e a prestação de servi-ços;

- 29 de Julho de 1968: adopção de textos sobre a livrecirculação dos trabalhadores.

A política regional: mais tardia, surge em 1967 com acriação do FEDER (Fundo Europeu de DesenvolvimentoRegional).

As relações exteriores: os acordos de Yaoundé (1963 e1969) e de Lomé (1975) estabelecem laços estreitos entrea CEE e os países da África, das Caraíbas e do Pacífico (v.capo 9).

2. AS DIFICULDADES DA EUROPAPOLÍTICA

A. A OPOSIÇÃO DO GENERAL DE GAULLEÀ SUPRANACIONALIDADE

Chegado ao poder em 1958, o general de Gaulle nãovolta a pôr em causa a participação da França na CEE, cujoTratado acabara de ser assinado, apesar da sua oposição.Favorável à Política Agrícola Comum e à concorrência

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industrial, que acelerará a recuperação económica da Fran-ça, de Gaulle vai entrar em conflito com os seus parceirosa propósito do plano de união política.

B. AS CONCEPÇÕES EUROPEIAS DO GENERALDE GAULLE

• Os Estados-nações são as únicas entidades que dis-põem, ao contrário das organizações supranacionais, delegitimidade: «Quais são as realidades da Europa? Quaissão os pilares sobre os quais podemos edificar? Na verdadesão os Estados: muito diferentes, é certo, uns dos outros,com a sua alma e a sua história, mas são as únicas entidadescom o direito de ordenar e a autoridade para agir.» (Con-ferência de imprensa de 5 de Setembro de 1960.)

• As nações, actores da sociedade internacional, devemcooperar e organizar-se em concertação.

• O concerto das nações europeias poderia conduzir auma confederação. Este conceito é aqui essencialmenteapresentado como a antítese da federação, objectivo dospais fundadores, que a tinham inscrito na declaração de 9de Maio de 1950.

• A Europa deve ser independente, em particular dosEstados Unidos. De GaulIe fala da «Europa europeia»,distinguindo-a da Europa atlântica. Denuncia os partidáriosda Europa comunitária, suspeitos de quererem colocá-lasob a direcção política dos Americanos: «A Europa inte-grada, como se diz, onde não haveria política, dependeriaentão de alguém de fora, que teria uma. Haveria talvez umfederador, mas não seria europeu.» (Conferência de im-prensa de 15 de Maio de 1962.)

C. AS CRISES: 1963-67

• A 15 de Maio de 1962 De Gaulle denuncia a Europado volapük e dos «apátridas», depois do falhanço das nego-ciações de um tratado de união dos Estados (Plano Fou-chet);

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• A 30 de Junho de 1965, a França recusa-se a aplicar as.láusulas do Tratado CEE que consagram o voto por maioriaqualificada do Conselho. É a crise da «cadeira vazia», que sóterminará a 30 de Janeiro de 1966, no Luxemburgo. Segundo() «compromisso do Luxemburgo», a França considera que,em certos casos de interesse nacional maior, um Estado poderecusar submeter-se ao voto maioritário. Os outros Estadosmembros continuam a defender a aplicação do Tratado.

• Em Janeiro de 1963 e Novembro de 1967, de Gaulleopõe-se à candidatura da Grã-Bretanha, que tinha apresen-tado o seu pedido em 31 de Julho de 1961. A coesão dos Seisno seio da CEE e os primeiros sucessos do Mercado Comumhaviam, com efeito, convencido Londres a aderir à Comu-nidade. Mas a ambiguidade que marca a atitude dos Britâ-nicos quanto à integração europeia e os receios expressospelo general de Gaulle de que a Grã-Bretanha desempenheO papel de «cavalo de Tróia» dos Estados Unidos no seio da

EE levam a França a fazer valer o seu direito de veto, porduas vezes, contra a opinião dos seus cinco parceiros.

. OS ALARGAMENTOS (1972-95)

A Comunidade Europeia, fundada pelos seis Estadossignatários dos Tratados da CECA, em 1951, e da CEE, em1957, conhece um processo de alargamento contínuo, oqual, estimulado em 1972 com a adesão da Grã-Bretanha,ela Dinamarca e da Irlanela, se virá a acelerar depois de aqueda do comunismo ter posto fim à divisão do continente.

1. A EUROPA DE SEIS A DOZE (1972)

A. O ALARGAMENTO A NORTE

a. O tríptico da Haia

• O levantamento do veto francês: a eleição de GeorgesPompidou, a 15 de Junho de 1969, permite uma abertura

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política da França em relação aos seus parceiros. Depois doveto oposto por duas vezes pelo general de GauIle à ade-são da Grã-Bretanha, a França coloca esse primeiro alarga-mento no quadro de um relançamento global da construçãoeuropeia. Existe também uma vontade francesa dereequilibrar as suas relações com a Alemanha e de desen-volver uma política estrangeira comum com uma outrapotência nuclear, membro permanente do Conselho deSegurança da ONU.

• Os painéis do tríptico: a cimeira da Haia de 1 e 2 deDezembro de 1969 adopta três orientações:

- A conclusão do Mercado Comum: a França mostra--se muito empenhada em obter um regulamento financeirodefinitivo para a Política Agrícola Comum. É concluído umacordo político, o qual se traduzirá pela decisão, de 21 deAbril de 1970, relativa à substituição das contribuiçõesfinanceiras nacionais por recursos próprios, alimentados,para além dos direitos da pauta aduaneira comum e dosdireitos niveladores agrícolas, por uma parte do IVA co-brado em cada Estado membro, até ao montante de 1%.

- O alargamento: o princípio do alargamento, adqui-rido desde Haia, concretiza-se através dos tratados de 22 deJaneiro de 1972. Os tratados de adesão são submetidos areferendo na Irlanda e na Dinamarca, onde são aprovadospela população, enquanto a Noruega não reúne as condi-ções para entrar na CEE - com os opositores a reunirem54 % dos sufrágios. A Grã-Bretanha ratifica a sua adesãopor uma votação na Câmara dos Comuns, mas a vitória doPartido Trabalhista em 1974 torna necessária a negociaçãode um mecanismo corrector que diminua a contribuição daGrã-Bretanha para o orçamento comunitário. Com basenestas disposições, o governo Wilson pede por referendo, a5 de Junho de 1975, a confirmação da adesão britânica, oque consegue, com 67 % dos votos contra 32 %.

- O aprofundamento: o terceiro painel do tríptico deHaia previa o aprofundamento da CEE no domínio econó-mico e monetário. É confiada ao primeiro-ministro luxem-

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burguês, Pierre Werner, a redacção de um plano de acçãoneste domínio, plano que é apresentado ao Conselho a 9 deJunho de 1970 e que contempla a criação de um centro dedecisão único para a política económica e a de um sistema.omunitário dos bancos centrais.

h, A adesão da Grã-Bretanha: vantagens e inconvenientes

• As vantagens: acusada pelos seus detractores denão ser mais do que a «pequena Europa», a CEE de seismembros adquire uma nova dimensão ao passar a nove.

Mercado Comum alarga-se, o seu peso internacionalaumenta, as suas relações com os Estados Unidos melho-ram e abrem-se novas perspectivas nas relações comerciaiscom os países da Commonwealth;

• Os inconvenientes: tanto o governo trabalhista deHarold Wilson como o conservador de Margaret Tatcherprocuraram, com sucesso, renegociar as condições finan-eiras da adesão do seu país. O «mecanismo corrector»,

adoptado a 26 de Junho de 1984 no Conselho Europeu deFontainebleau, põe fim a uma longa querela orçamentalentre Londres e os seus parceiros. Mas a Grã-Bretanha deJohn Major mantinha-se fiel às posições particularmentereservadas do Reino Unido em matéria de desenvolvimentoeuropeu. Londres não hesita em fazer uso do seu direito deveto para defender os interesses nacionais britânicos, semconsideração pelos dos seus parceiros.

B. O ALARGAMENTO A SUL (1981-86)

O primeiro alargamento deslocou o centro de gravidadeda Europa dos Seis para o Norte do continente. O alarga-mento mediterrânico, que se desenvolve no decénio se-guinte, corrige o movimento, dando assim à França o seulugar no coração geográfico dos Doze.

A adesão de três países «mediterrânicos» que saem, emmeados dos anos 70, de um longo período de regimes

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autoritários reforça o carácter democrático da CEE. Nãoobstante, esta terá de fazer frente aos problemas de desen-volvimento de economias menos avançadas.

a. A adesão da Grécia

A Grécia, associada à CEE desde 1 de. Novembro de1962, teve as suas relações congeladas durante o «períododos coronéis» (1967-74), apresentando a sua candidatura àadesão a 12 de Julho de 1975. O tratado é assinado a 28de Maio de 1979 e entra em vigor a 1 de Julho de 1981.Apesar das importantes transferências financeiras de que aGrécia beneficiou a título dos fundos estruturais, este paíscontinua afectado por deficiências económicas que fazemdele a «lanterna vermelha» da CEE: uma taxa de inflaçãopróxima de 20 %, um sector privado pulverizado, um sectorpúblico hipertrofiado e pouco produtivo, endividamento esubdesenvolvimento fazem da Grécia um Estado com difi-culdades em guindar-se ao nível dos seus parceiros daComunidade. A sensibilidade balcânica e mediterrânea daGrécia, o diferendo que a opõe à Turquia quanto à questãocipriota e a sua proximidade da zona explosiva da Mace-dónia, do Kosovo e da Bósnia impregnam profundamentea diplomacia de Atenas, seja o país governado pelos socia-listas do PASOK, seja pelos conservadores da NeaDemokratia.

b. A Espanha

A Espanha, marcada pela guerra civil e mantida àmargem da Europa sob o domínio do general Franco, voltaao campo das democracias em 1975.

A sua adesão à CEE, a 1 de Janeiro de 1986, ao cabode longas negociações marcadas pela atitude reservada daFrança, que temia a concorrência dos produtos agrícolasespanhóis, dá o sinal do novo fôlego da política europeia deMadrid, que ocupa agora um lugar à sua medida no seio dasinstituições comunitárias. A Espanha regionalizada desde

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1978, constituída por 17 regiões autónomas, preconiza umaEuropa descentralizada no plano político e solidária noplano económico. Se bem que tenha, graças à confiança dosInvestidores e ao dinamismo das suas empresas, recuperado;111 . parte o atraso que a separa do resto da Europa, aEspanha continua a precisar da solidariedade comunitária(subdesenvolvimento do Sul e regiões periféricas, taxa dedesemprego próxima dos 20 %). Por causa disso, Madridobteve, por altura da negociação do Tratado de Maastricht,fi criação de um Fundo de Coesão, destinado a financiar arealização de projectos no domínio do ambiente ou da.onstituição das redes transeuropeias, O Fundo completaráos auxílios de que já beneficia a Espanha a título dos fundosstruturais da CEE (fundo regional, fundo social, fundo

agrícola) e que contribuem para acelerar a modernizaçãoxonómlca do país.

'. Portugal

Portugal, que conheceu o mesmo isolamento diplo-mático que a Espanha devido a um regime autoritário do-minado, desde 1928, por Salazar, junta-se igualmente à

EE a I de Janeiro de 1986. A «revolução dos cravos»,levada a cabo em 1974 por oficiais do Movimento dasPorças Armadas e durante algum tempo .dominada porlima visão marxista e terceiro-mundista, termina em 1976.

Partido Socialista, de Mário Soares, a que sucede nopoder, em 1987, o Partido Social-Democrata, de Aníba1

avaco Silva (posteriormente filiado no Grupo LiberalI\uropeu), faz o país entrar, a marcha forçada, na Europa;omunitária. Trata-se tanto de estabilizar a jovem democra-cia na sua ligação às democracias ocidentais como dedesenvolver uma economia arcaica, dominada por umalógica agrária e estatizante. A orientação radicalmente libe-ral dada pelo governo de centro-direita no final dos anosHO insere progressivamente Portugal no mercado internocomunitário.

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2. DA EUROPA DOS DOZE À DOSQUINZE OU À DOS VINTE E QUATRO

A. A EUROPA DOS QUINZE

a. Da AECL (EFT A) ao EEE

Os países da AECL (EFTA), principais parceiros co-merciais da CEE, receiam ser afastados do grande mercadointerno que se constitui no seio da Europa dos Doze. Porisso se negoceia entre os dois conjuntos um Espaço Econó-mico Europeu (o EEE: Tratado do Porto de 2 de Maio de1992). Mas os países da AECL (EFTA) pedem e obtêm,dois anos depois, a sua plena adesão à CEE (com a excep-ção da Suíça, que, por referendo, rejeitou o Tratado sobreo EEE a 6 de Dezembro de 1992).

b. Os novos Estados membros

• Porquê um novo alargamento?

- Razões de ordem política: o fim do comunismo e aaceleração da união entre os Doze, na sequência do Tratadode Maastricht, fazem a Áustria e os países escandinavosrecearem ver-se à margem desse movimento histórico.O fim do antagonismo Leste-Oeste torna caduco o apego àneutralidade que ainda separava estes países do sistema dealiança militar que ligava os Doze.

- Razões de ordem económica: ao juntarem-se aomercado interior no quadro do EEE, os países da AECL(EFT A) beneficiam do pleno efeito económico da sua apro-ximação dos Doze. Mas, sem serem membros de corpointeiro da União, não podem participar de pleno direito nosseus mecanismos institucionais e de decisão.

• Calendário do terceiro alargamentoOs Tratados de adesão foram assinados com a Áustria, a

Suécia, a Noruega e a Finlândia em 30 de Março de 1994.Foram submetidos a referendo (Áustria: 12 de Julho de 1994;Finlândia: 16 de Outubro de 1994; Suécia: 13 de Novembro

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de 1994; Noruega: 27 e 28 de Novembro de 1994), entrandoem vigor a 1 de Janeiro de 1995. Apenas o referendo norue-guês teve um resultado negativo (52 % de «nãos»).

• Vantagens do terceiro alargamento- Os novos países membros são economicamente de-

senvolvidos e não pesarão financeiramente no orçamentoda União;

- São democracias antigas e estáveis;- A União aumenta a sua esfera geopolítica, o seu peso

económico e a sua irradiação política;- Este alargamento confirma a atracção da União

Europeia e a sua função estabilizadora no coração de umcontinente em busca de uma nova arquitectura. Para certospaíses membros, em particular a Alemanha, o alargamento,I Áustria e aos países escandinavos é uma etapa obrigatóriaque levará, ulteriormente, à adesão dos países da Europacentral e dos Estados bálticos.

• Inconvenientes do terceiro alargamento- A passagem da União de 12 para 15 membros ocor-

reu sem reforma institucional. Os riscos de paralisia dacapacidade de decisão aumentam;

- Os novos países não manifestaram claramente a suavontade de fazer progredir a União no sentido dos objecti-vos fixados pelo Tratado de Maastricht;

- Existe, em particular, uma incerteza quanto à vonta-ele elos Estados neutros (Áustria, Suécia, Finlândia) de par-ticiparem plenamente nas organizações europeias (UEO) eatlânticas de segurança. Será possível, sem a participaçãole quatro ou cinco Estados membros da União, o funciona-mento de uma verdadeira política estrangeira e de defesacomum, sobretudo nos casos em que os Estados neutrosassumissem a presidência semestral da União?

B. A NOVA CARTADA EUROPEIA: A CAMINHODE UMA UNIÃO DOS «DUAS VEZES DOZE»?

a. Os novos candidatos declaradosAs candidaturas à adesão de Chipre e de Malta, apresen-

tadas respectivamente a 4 e a 16 de Julho de 1990, colocam

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Page 18: A Construção Europeia de 1945 aos nossos dias - Pascal Fontaine

dois tipos de problemas: o do lugar dos Estados com muitopouca população numa Comunidade alargada e o das suasconsequências institucionais; além disso, a divisão deChipre e a ocupação de mais de um terço do seu territóriopela Turquia supõem a resolução do contencioso que opõea Turquia e a Grécia sobre esta questão desde 1974.

• A Turquia, associada à CEE desde 1964, apresentou asua candidatura a 14 de Abril de 1987, recebendo da Comis-são um parecer cauteloso. A participação da Turquia noConselho da Europa, na OCDE e na OTAN (NATO) faz delaum parceiro ao mesmo tempo antigo e leal no seio da Europaocidental. A estabilização democrática do regime de Ancaraparece um dado adquirido, não obstante a questão curda,que continua a suscitar preocupações quanto ao tratamentodos direitos humanos e ao respeito pelas minorias. Apesarde um crescimento económico acelerado, nomeadamenteà volta das suas grandes metrópoles, a Turquia continuaa ser um país de situação intermédia entre o mundo emdesenvolvimento e o mundo industrializado. A sua grandepopulação, em rápido crescimento, e as suas característicasculturais marcadas por um islamismo maioritário e tolerantefazem dela, aos olhos da CEE, um parceiro importante, masdifícil de integrar como membro de pleno direito num futuropróximo.

• Os candidatos da Europa centralA Hungria e a Polónia entregaram, respectivamente a 1

e a 8 de Abril de 1994, as suas candidaturas. A integraçãopolítica e económica das novas democracias no quadroeuropeu constitui, para a União Europeia, um imperativo desegurança e estabilidade. Acordos de associação reforça-dos, os «acordos europeus», foram celebrados com osPECO (Países da Europa Central e Oriental): Polónia,Hungria, República Checa, Eslováquia, Bulgária, Roménia,bem como com os Estados bálticos.

Tais acordos prevêem a instauração de um diálogopolítico oficial e de procedimentos de concertação, bemcomo a criação de estruturas institucionais. As disposições,

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importantes, que respeitam ao comércio, preparam a realiza-ião, a prazo, de uma verdadeira zona de comércio livre paraos produtos industriais e concessões importantes para' osprodutos agrícolas. Finalmente, os acordos comportam ou-Iras disposições relativas à livre circulação dos trabalhado-rcs, à liberdade de estabelecimento, à aproximação das legis-lações, à cooperação técnica e financeira e às trocas culturais.

Esta zona de comércio livre deverá ser criada no fim deum período de transição com duração máxima de 10 anos.

O Conselho Europeu de Copenhaga de 22 de Junho de1993 concluiu que «os países associados da Europa central~ oriental que o desejem poderão tornar-se membros daUnião Europeia. A adesão terá lugar assim que o paísmembro associado estiver em condições de cumprir asobrigações que dela decorrem, satisfazendo as condiçõesiconómicas e políticas requeridas».

b, Os candidatos potenciais

• Europa até onde?No futuro, o conjunto dos países da Europa central e

oriental, os Estados bálticos e as repúblicas da ex-Jugosláviapoderão valer-se da sua pertença ao continente europeupara se juntarem à União. A Rússia, potência euro-asiática,não poderá ser integrada na União sem a desequilibrarprofundamente e sem lhe mudar a natureza. Assim, a Uniãolstá decidida a aprofundar as suasrelações com Moscovono quadro de acordos comerciais e de coooperação quefavoreçam o seu desenvolvimento económico e consolidem/I estabilidade política do novo regime.

• As condições da adesão: o Tratado da União Euro-peia (artigo O) prevê que apenas os países da Europa quepratiquem a democracia pluralista e a economia de mer--ado possam aspirar à adesão. As negociações só serãoconcluídas com a unanimidade dos Estados membros. Ostratados devem ser submetidos a um voto de aprovação pormaioria absoluta dos membros do Parlamento Europeuparecer favorável).

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c. o debate sobre a Europa diferenciada

A perspectiva de uma União Europeia com mais devinte e cinco membros daqui até ao fim do século colocaa questão da sua capacidade de funcionamento e da suahomogeneidade. A conferência intergovernamental reali-zada por força do Tratado de Maastricht e da qual resultouo Tratado de Amsterdão enfrentava a necessidade de intro-duzir profundas mudanças nos Tratados com vista a adaptá--los a uma União alargada.

Várias hipóteses eram formuladas quanto à futura arqui-tectura da União:

• Uma Europa «à la carte», onde os Estados membrosescolheriam as políticas de acordo com a sua vantagemimediata, o que teria como efeito reduzir o papel das ins-tituições e limitar ao mínimo a união política (igualmentechamada «Europa de geometria variável»).

• Uma Europa «a várias velocidades», ou «de círculosconcêntricos», distinguindo o nível de integração conformeos agrupamentos entre Estados nos domínios económico,político ou militar.

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• Uma Europa «com um núcleo duro», organizada emredor de um número restrito de países ligados estreitamenteentre eles: segundo um modelo quase federal e conservandolaços flexíveis com os outros Estados que não estejam emcondições ou não tenham vontade política de participarnum grau tão elevado de integração.

d. Nenhuma das hipóteses anteriores - aliás, de legi-timidade e utilidade muito duvidosas, do ponto de vista doprincípio da igualdade entre os Estados membros e dasnecessidades ponderosas de aprofundamento da UE - foiconsagrada. Isto apesar de o Tratado de Amsterdão prevera possibilidade de «cooperação mais estreita» ou -flexibi-lidade» (v. ínfra).

o Conselho Europeu de Amsterdão (/6-17.06.97)confirmou o calendário do início das negociações comvista ao alargamento (Chipre, países da Europa centrale de Leste): «o mais cedo possível após Dezembro de1997», depois de um novo Conselho Europeu(Luxemburgo, Dezembro, 1997) ter apreciado os pare-ceres da Comissão sobre as candidaturas, bem como a«Agenda 2000», comunicação global, também da Co-missão, sobre o desenvolvimento das políticas da União,incluindo a política agrícola e os fundos estruturais, asquestões horizontais relacionadas com o alargamento eo quadro financeiro posterior a 1999. Dela constampropostas sobre o lançamento do processo de adesão esobre a estratégia de pré-adesão, incluindo um reforçodas ajudas aos países candidatos (Programa PHARE).As propostas são polémicas, não só quanto aos aspectosfinanceiros (manutenção do limite máximo dos recursospróprios em 1,27% do PIB comunitário e em 0,46% adotação dos fundos estruturais, o que implica financiar~ alargamento à custa da redução, embora gradual,dos apoios aos «países da coesão» -Espanha, Grécia,Irlanda, Portugal), mas ainda quanto à PAC (qualquerreforma que reequilibre regional e socialmente osapoios e limite os gastos tem a oposição dos países

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tradicionalmente beneficiários) e, finalmente, quanto àescolha, nada clara, dos 5 países de Leste (Hungria,Polónia, Estónia, República Checa e Eslovénia) que,além de Chipre, iniciarão primeiro as negociações deadesão. Será convocada uma Conferência Europeiasobre as questões do alargamento envolvendo, além dosEstados membros da UE, todos os países andidatos aela ligados por um acordo de associação.

Sobre as implicações institucionais, v. infra.Tendo especialmente em vista a situação nos países

candidatos, o novo Tratado prevê a suspensão de direi-tos de um Estado membro que tenha violado grave epersistentemente os direitos do homem, as liberdadesfundamentais, os princípios democráticos que são re-quisito para a adesão (por não os respeitar está aEslovâquia fora da lista dos admissiveis).

o SISTEMA INSTITUCIONALDA UNIAO EUROPEIA

1. O DIREITO DA UNIÃOA União Europeia é uma comunidade de direito. A sua

legitimidade e o seu funcionamento são garantidos pelorespeito que cada um dos seus Estados membros atribui aodireito e à democracia representativa.

A. AS FONTES DO DIREITO

a. Os textos institutivos

• O Tratado que institui a Comunidade Europeia doCarvão e do Aço (CECA), assinado em Paris a 18 de Abrilde 1951 e em vigor desde 23 de Julho de 1952. "

• Os Tratados que instituem a Comunidade EconómicaEuropeia (CEE) e a Comunidade Europeia da Energia Ató-mica (CEEA), assinados em Roma a 25 de Março de 1957.

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• Os Tratados de Adesão (22 de Janeiro de 1972: ReinoUnido, Irlanda, Dinamarca; 28 de Maio de 1979: Grécia; 12de Junho de 1985: Espanha e Portugal; 25 de Junho de1994: Áustria, Suécia, Finlândia).

• O Acta Único Europeu, assinado a 17 e 28 de Feve-reiro de 1986 e em vigor desde 1 de Julho de 1987.

• O Tratado da União Europeia, assinado em Maast-richt a. 7 de Fevereiro de 1992 e em vigor desde I deNovembro de 1993.

• Outros tratados: tratados de fusão dos executivos de8 de Abril de 1965, tratados financeiros de 22 de Abril de1970 e de 22 de Julho de 1975.

• O Tratado de Amsterdão, assinado em 2 de Outubrode 1997, que altera o Tratado da União Europeia e osTratados das Comunidades Europeias.

b. O direito derivado

As instituições da União dispõem da legitimidade polí-tica e da autonomia jurídica necessárias para publicar nor-mas jurídicas. Segundo o artigo 189.° do Tratado da CEE:

• O regulamento tem «carácter geral, é obrigatório emtodos os seus elementos e directamente aplicável em todosos Estados membros»;

• A directiva é uma «lei-quadro» que vincula os Esta-dos membros destinatários quanto ao resultado a alcançar,deixando, no entanto, às instâncias nacionais a competênciaquanto à forma e aos meios;

• A decisão é obrigatória em todos os seus elementos,mas apenas para os destinatários que designar: particulares(empresas) ou Estados membros, individualmente conside-rados;

• As recomendações, pareceres e resoluções não têmcarácter vinculativo.

Estas normas de direito são tomadas pelo Conselho deMinistros, por proposta da Comissão, após consulta ou coma participação do Parlamento Europeu (co-decisão, parecerfavorável, cooperação legislativa).

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B. A JURISPRUDÊNCIA

a. O papel do Tribunal de Justiça

O Tribunal de Justiça da União Europeia é competentepara aplicar o direito europeu e permitir uma interpretaçãouniforme do mesmo, que se impõe às jurisdições nacio-nais. Os acórdãos do Tribunal, segundo o artigo 177.° doTratado da CEE (recursos prejudiciais), constituem umcorpo de doutrina jurídica que fez prevalecer os princípiosseguintes:

b. Os grandes princípios da jurisprudência

• O princípio da «aplicação directa e imediata» dodireito comunitário, que estipula que a aplicação de umanorma obrigatória europeia não pode ser atrasada ou alte-rada pela intervenção do legislador nacional.

• O princípio do «efeito directo», segundo o qual umparticular pode invocar, perante o seu juiz nacional, direitosdecorrentes da aplicação de um tratado, de um regulamentoou de uma directiva comunitária. Como a Comunidade foiinstituída para criar direitos em benefício dos cidadãos,estes, consequentemente, viram ser-lhes reconhecida pelajurisprudência do Tribunal a possibilidade de os invocar efazer reconhecer pelas jurisdições nacionais.

• O princípio do «primado» do direito comunitário so-bre o direito nacional constitui a contribuição mais deter-minante do Tribunal de Justiça, pois não figura expressa-mente nos Tratados e é a condição sine qua non daautonomia e do respeito do direito comunitário.

2. O TRATADO DE MAASTRICHT (1992)

O Tratado da União Europeia (Tratado de Maastricht)é o ponto culminante da vontade política de transformar aCEE, entidade económica, numa união que dispõe de com-petências políticas.

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A. A ESTRUTURA DO TRATADO

a. Os três pilares

Pode comparar-se o Tratado de Maastricht a um temploassente sobre três pilares e encimado por um frontão.

• O frontão enumera os objectivos: cidadania, mercadoúnico, integração económica, política externa.

• O pilar central, «Comunidade Europeia», inclui omercado interno, as políticas económicas comuns (social,regional, agrícola, ambiental, etc.) e a união monetária.

• Os dois pilares laterais referem-se à política externae de segurança comum (PESC), por um lado, e à coopera-ção judiciária e policial, por outro.

b. Os processos comunitários e a cooperaçãointergovernamental

• O pilar central continua fundado nos processos comu-nitários (participação da Comissão, do Conselho, do Parla-mento, do Tribunal), votos por maioria qualificada no seiodo Conselho de Ministros (v. capo 7).

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• Os pilares da PESC e da cooperação judiciária são re-gidos por processos intergovernamentais (decisões por una-nimidade, fraca participação da Comissão e do Parlamento).

c. A subsidiariedade

O artigo 3.° B do Tratado prevê que:«A Comunidade actuará nos limites das atribuições que

lhe são conferidas e dos objectivos que lhe são cometidospelo presente Tratado. Nos domínios que não sejam dassuas atribuições exclusivas, a Comunidade intervém apenasde acordo com o princípio da subsidiariedade, se e na me-dida em que os objectivos da acção encarada não possamser suficientemente realizados pelos Estados membros epossam pois, devido à dimensão ou aos efeitos da acçãoprevista, ser melhor alcançados ao nível comunitário.»

A subsidiariedade é um método de regulação dos pode-res, destinado a pôr fim à tentação de excessiva regulamen-tação por parte das instituições.

B. AS POLÍTICAS DA UNIÃO QUE NÃO SÃOREGIDAS PELO DIREITO COMUNITÁRIO

a. A PESC

• Objectivos: O Tratado da União Europeia funda umaverdadeira união política que doravante se apoia no estabe-lecimento de uma política externa e de segurança comum(PESC) cujos objectivos são:

- «A salvaguarda dos valores comuns, dos interessesfundamentais e da independência da União;

- O reforço da segurança da União e dos seus Estadosmembros, sob todas as suas formas;

- A manutenção da paz e o reforço da segurançainternacional [...];

- O fomento da cooperação internacional;- O desenvolvimento e o reforço da democracia e do

Estado de direito, bem como o respeito dos direitos dohomem e das liberdades fundamentais.»

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• Modalidades- O Conselho Europeu é a autoridade suprema que, por

consenso, .define as orientações gerais da política externa;mas é consagrado o princípio de acções comuns vinculandoa União. Essas acções comuns podem ser objecto de mo-dalidades de aplicação aprovadas por maioria qualificada.

- A política estrangeira e de segurança deverá poderconduzir, a prazo, a uma defesa comum. A formulaçãopreserva as preocupações dos Estados que consideramnecessária a afirmação de uma identidade europeia emmatéria' de defesa e aqueles que não querem correr o riscode uma diluição dos laços de solidariedade contraídos noquadro da Aliança Atlântica. Mas o conceito de «defesacomum» representa um esforço na ambição de avançar navia de uma união completa, incluindo a dimensão estraté-gica e militar.

- Ao pedir à «União da Europa Ocidental (UEO), quefaz parte integrante do desenvolvimento da União Euro-peia, que prepare e execute as decisões e as acções daUnião que tenham repercussões no domínio da defesa», aUnião lança lima ponte para a única organização europeiacompetente em matéria de defesa.

b. A cooperação no domínio dos assuntos internose da justiça

A cooperação no domínio dos assuntos internos e dajustiça (título VI do Tratado da União Europeia) é re- gidapelo princípio da cooperação intergovernamental. Este títulodo Tratado cobre essencialmente quatro sectores:

• A harmonização no domínio do direito de asilo;• O estabelecimento, à escala da União, de regras relati-

vas à imigração aplicáveis aos nacionais de países terceiros;• A cooperação policial destinada a lutar eficazmente

contra a criminal idade transfronteiriça;• A elaboração de acordos de cooperação nos domínios

do direito civil e do direito penal.

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As novas disposições do Tratado relativas à coopera-ção nos domínios dos assuntos internos e da justiça de-veriam, em particular, fazer desaparecer os obstáculos àlivre circulação das pessoas. Assim, seriam alargadas atodos os Estados membros as medidas estipuladas entreos Estados signatários do Acordo de Schengen (ver qua-dro).

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3. O TRATADO DE AMSTERDÃO(1997)o Tratado de Amsterdão é o resultado da Conferên-

cia lntergovernamental (CIG) que decorreu entre Marçode 1996 e Junho de 1997 e que deveria, não tocando namoeda única, completar Maastricht, aprofundando a UEna perspectiva de maior democracia, legitimidade e efi-cácia, preparando assim o novo alargamento. O balançoé mitigado: avanços reais ao encontro dos interesses doscidadãos em questões de direitos fundamentais, liberda-de e segurança, emprego e política social; progressoslimitados na política externa e defesa; reformainstitucional insuficiente.

A. A ESTRUTURA DO TRATADO

O Tratado de Amsterdão decompõe-se em três par-tes e em numerosos protocolos e declarações anexasque procedem, por um lado, a alterações substantivasaos Tratados da UE e das CE e, por outro lado, àsimplificação formal dos mesmos, afim de suprimir dis-posições caducas, adaptando em consequência o textode algumas disposições, e renumerando o conjunto dasdisposições assim alteradas. Ainda com o objectivo detornar mais acessível e compreensível a leitura da«floresta» dos textos será publicada uma consolidaçãodos Tratados, um trabalho de carácter técnico e infor-mativo.

As alterações substantivas mantêm a estrutura dostrês pilares, embora alarguem a competência da CEtransferindo para ela várias matérias do 3.° pilar (justi-ça e polícia).

B. CONTEÚDO

a. Liberdade, segurança e justiça

- Direitos fundamentais e não discriminação: o Tra-tado reforça a garantia dos direitos fundamentais na

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UE, através do recurso directo dos cidadãos ao Tribunalde Justiça, e baseia neles a dimensão ética da União aoprever a suspensão de Estados que violem gravemente osdireitos do homem. Entre vários outros avanços, consa-gra uma proibição geral de discriminação (sexo, raça,origem étnica, religião, crença, deficiência, idade ouorientação sexual) e o princípio da igualdade entre mu-lheres e homens.

- Questões policiais e judiciárias: para assegurar alivre circulação de pessoas no espaço comum, sem lesara segurança e as liberdades dos cidadãos, o Tratadoprocede à incorporação na competência da CE de váriasmatérias antes no 3.0 pilar: passagem das fronteirasexternas, supressão de controlos fronteiriços, vistos,asilo, refugiados, imigração, cooperação judiciária emmatéria civil, fraude contra os interesses financeiros daUE, cooperação aduaneira. Durante 5 anos decide-sepor unanimidade no Conselho. Depois, poderá vir adecidir-se por maioria qualificada, em conjunto com oParlamento Europeu.

Às matérias não comunitarizadas, que continuam no3.0 pilar (cooperação policial e judiciária no combate àcriminalidade transnacional, incluindo o combate ao ra-cismo e xenofobia, ao tráfico de seres humanos e aoscrimes contra as crianças), passam a aplicar-se processosde decisão mais eficazes e permite-se a uma maioriaqualificada de Estados autorizar uma «cooperação refor-çada» (v. infra).

Passa a existir, embora com limitações, um controlode legalidade perante o Tribunal de Justiça.

O acervo de Schengen é integrado no Tratado paraimpedir o retrocesso, em consequência da exigênciacontinuada de unanimidade para as decisões sobre ques-tões policiais e judiciárias.

b. Responder aos interesses concretos dos cidadãos

O Tratado introduz um capítulo novo sobre o empregovisando dotar a União de meios para fazer frente ao grave

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problema do desemprego e estabelecer um certo parale-lismo institucional entre a política económica e monetá-ria, por um lado, e a política de emprego como questão deinteresse comum. Além disso, incorpora o Protocolo sobrea Política Social, que o Governo inglês antes recusara, eproclama o respeito pelos direitos sociais fundamentaisconsagrados nas duas Cartas Sociais Europeias. Dessemodo, alargam-se as possibilidades de uma política socialeuropeia de harmonização no progresso. Melhora-se oregime da política de ambiente e defesa dos consumido-res. Regulam-se outros aspectos relevantes, tais como:cidadania europeia, línguas e culturas nacionais, acessoao ensino, desporto, regiões ultraperiféricas, serviços deinteresse geral, serviço público de rádio e televisão,voluntariado, protecção dos animais, etc.

c. Transparência e proximidade aos cidadãos

Garante-se a publicidade no funcionamento das ins-tituições e o acesso dos cidadãos aos documentos; cla-rifica-se o alcance do princípio da subsidiariedade;obriga-se à simplificação, codificação e melhoria daqualidade e legibilidade da legislação.

d.PESC

As alterações aqui inrroduzidas, quer as referentesaos objectivos políticos, que foram clarificados no refe-rente à salvaguarda da União e das suas fronteiras exter-nas e completados com a introdução de uma cláusula desolidariedade política, quer as referentes aos mecanismosinstitucionais eprocessos de decisão (nomeadamente aabstenção positiva para evitar o veto e a possibilidade dedecidir por maioria qualificada as «acções» e «posiçõescomuns»), vão no sentido de dotar a UE de uma verda-deira política externa. Mas são insuficientes face às con-tradições que continuam afazer-se sentir entre os Estadosmembros e à falta de uma clara vontade política. A una-nimidade continua a ser exigida para as decisões funda-mentais (eprincipios» e «orientações gerais», «estraté-

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Page 25: A Construção Europeia de 1945 aos nossos dias - Pascal Fontaine

gias comuns») e a invocação de um «interesse nacionalimportante» permite impedir a tomada de decisões. A UEcontinua sem personalidade jurídica, o que significa quesó pode exprimir-se na ordem internacional através dosEstados membros, sem qualquer representatividade pró-pria da Comissão. Nas relações económicas externas nãohá mudanças, tendo os Estados membros recusado ampli-ar a competência da Comissão a novos domínios.

Relativamente à Defesa, também não são significati-vos os avanços, prevendo-se mesmo a convocação deuma nova CIG para dotar a UE dos mecanismos queagora não foi possível estabelecer. Consagra-se o refor-ço da cooperação com a UEO com vista a uma eventualintegração desta. As «missões de Petersberg» (missõeshumanitárias de evacuação, missões de manutenção dapaz, missões de forças de combate para gestão de crises,compreendendo missões de restabelecimento da paz) sãoincluídas na política de segurança da União.

e. Instituições

Correspondendo aos propósitos de democratização daUE, o Tratado reforça significativamente os poderes doParlamento Europeu, nomeadamente ao alargar o pro-cesso de co-decisão a 23 novos domínios, simplificandoe abreviando a sua tramitação. Alargam-se também oscasos de obrigatoriedade de consulta prévia ao Parla-mento sobre decisões importantes (por exemplo, sobre a«cooperação mais estreita»). A indigitação do Presidenteda Comissão pelos Governos dos Estados membros passaa depender de aprovação prévia do Parlamento.

Pelo seu lado, o objectivo de maior eficácia só muitoinsuficientemente foi realizado, através de um alarga-mento limitado das votações por maioria qualificada noConselho (a, apenas, 5 dos 48 casos exigindo unanimi-dade no Tratado anterior, e a mais J J do novo Tratado,em geral, de menor importância política). O estatuto daComissão não tem mudanças muito importantes, a nãoser no que se refere a um reforço dos poderes de direc-

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ção e coordenação política do Presidente, cujo acordopassa a ser exigido para a escolha dos comissários.

Foram adiadas as reformas de fundo sobre as regrasde voto no Conselho e sobre o número de comissários,que se consideravam indispensáveis para preparar a UEpara a alargamento. Um protocolo anexo prevê a reduçãodo número de comissários a J por país logo que se con-cretize a adesão dos primeiros candidatos e obriga a umarevisão do Tratado quanto ao voto no Conselho (quepoderá incluir uma nova ponderação dos votos em funçãoda população de cada Estado, ou a exigência de umaduplamaioria de votos e de população), em ligação coma questão do número de comissários, para compensar os5 maiores Estados da perda do segundo comissário-antes de a UE passar a ter mais de 20 Estados membros.O que está em jogo é, portanto, a redefinição das posiçõesrelativas dos grandes e pequenos Estados num momentoem que, devido aos sucessivos alargamentos a váriospequenos, a manutenção da actual ponderação dos votosteria por consequência enfraquecer o peso decisório dosgrandes, que representam a maioria da população, impe-dindo-os, desde logo, de aceitarem a generalização dasvotações por maioria, necessária para evitar a paralisiadecisional numa UE alargada a mais de 20 membros.

Além de alguns benefícios no estatuto dos ComitésEconómico e Social e das Regiões,joram incluídas dis-posições visando melhorar a informação aos Parlamen-tos nacionais, dando-lhes a possibilidade de acompa-nharem, desde o início, a tomada de decisões e asposições dos respectivos Governos no Conselho, e refor-çar o seu papel na construção europeia.

f. Cooperação mais estreita/flexibilidade

Trata-se de definir as condições em que uma parte dosEstados membros poderá avançar sem os restantes paraetapas de maior integração, respeitando os objectivos einteresses comuns da União, não pondo em causa a suaunidade institucional, nem comprometendo o princípio da

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igualdade entre os Estados membros. A possibilidade dea decisão ser tomada por maioria qualificada impede apura e simples obstrução por parte de Estados pouco em-penhados. A definição apertada dos requisitos permitirásalvaguardar o acervo comunitário e impedir a fragmen-tação da União em «núcleos duros» ou «directórios»,facea Estados com estatuto dependente, numa «Europa avárias velocidades». Invocando «importantes e expressasrazões de política nacional», os Estados membros podemopor-se a que a decisão seja tomada por maioria quali-ficada. O mecanismo poderá ter a maior importância nosdomínios da justiça e assuntos internos (Shengen é, aliás,um bom exemplo de uma «cooperação mais estreita»] enos da política externa e defesa (este com regras pró-prias), mas poderá aplicar-se também ao 1.° pilar. A Co-missão e o Parlamento intervêm na decisão, garantindoa compatibilidade com os princípios indicados.

As eleições de 9 e 12 de Junho de 1994 designaram 567deputados vindos dos doze países:

Alemanha 99França, Reino Unido, Itália 87Espanha 64Países Baixos 31Bélgica, Grécia, Portugal 25Dinamarca 16Irlanda 15Luxemburgo 6

• Desde 1995: o Parlamento Europeu conta 626 depu-tados, com a chegada de:

SuéciaÁustriaFinlândia

222116

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o PARLAMENTO EUROPEU

1. A ÚNICA ASSEMBLEIA EUROPEIAELEITA POR SUFRÁGIOUNIVERSAL

A. COMPOSIÇÃO

a. Modo de eleição

• Até 17 de Julho de 1979, data da reunião constitutivado novo Parlamento eleito por sufrágio universal directo, oParlamento Europeu contava 198 membros, todos designa-dos pelos Parlamentos nacionais (decisão dos Estadosmembros de 20 de Setembro de 1976, em conformidadecom o artigo 138.° do Tratado da CEE).

• De 1979 a 1994: o Parlamento Europeu é eleito de 5em 5 anos, simultaneamente em todos os países da União.

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• O Tratado de Amsterdão fixa em 700 o númeromáximo de deputados, na perspectiva do alargamento,o que implicará uma redistribuição do número porpaís.

b. Os diferentes modos de escrutínio

Todos os países procedem por escrutínio proporcionala uma volta, em listas nacionais (França, Espanha, Portu-gal, etc.) ou regionais (Bélgica, Itália). Apenas o ReinoUnido conserva o escrutínio maioritário por círculosuninominais.

• O Tratado de Amsterdão simplifica o processo dedecisão com vista à aprovação de um sistema eleitoraluniforme. O Governo de Blair anunciou a introdução dosistema proporcional.

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B. MODO DE FUNCIONAMENTO

a. Os órgãos• A mesa é composta pelo presidente, 14 vice-presiden-

tes e 4 questores. A mesa é responsável pela organizaçãointerna da instituição.

• A conferência dos presidentes dos grupos políticosfixa a ordem do dia das sessões.

• O secretariado-geral está sediado no Luxemburgo eem Bruxelas.

• Os parlamentares repartem-se por 20 comissões per-manentes (agricultura, ambiente, negócios estrangeiros,económica, regional, etc.).

• Os deputados não se agrupam em delegações nacio-nais, mas em grupos políticos que constituem a verdadeiraossatura do Parlamento (v. quadro).

• As sessões plenárias são mensais e repartem-se poruma semana (em Estrasburgo) e períodos adicionais de 2dias (em Bruxelas).

• As outras três semanas são consagradas aos trabalhosdas comissões parlamentares e aos grupos políticos.

b. A sedeA sede de Estrasburgo foi confirmada (explicitamente

no Tratado de Amsterdão) como local das doze sessõesplenárias no Conselho Europeu de Edimburgo (Dezembrode 1992). As comissões e os grupos políticos reúnem-se emBruxelas, bem como as sessões plenárias adicionais.

2. O PAPEL DO PARLAMENTO EUROPEU

moção de censura por maioria quali-dos votos expressos que representemros que o componham (artigo 144.°).

Até agora nenhuma moção de censura foi votada contra aComissão.

- Poder de investidura desde 1 de Janeiro de 199.5: oTratado da União Europeia, através do artigo 158.°, reforçaa autoridade política do Parlamento Europeu sobre a Co-missão.

- Quitação sobre a execução do orçamento.- Perguntas escritas e orais.• Em relação ao Conselho:- Perguntas escritas e orais.- O presidente do Conselho presta contas no termo do

respectivo semestre de presidência sobre os resultados doConselho Europeu. O Conselho de Ministros (representadopela sua Presidência) está presente em todas as sessões doParlamento Europeu.

b. Participação no processo legislativo

• A consulta pelo Conselho, sobre uma proposta daComissão (parecer não vinculativo).

• A co-decisão, um processo novo introduzido no Tra-tado de Maastricht (artigo 189.° B). A co-decisão, que ins-

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Page 28: A Construção Europeia de 1945 aos nossos dias - Pascal Fontaine

taura uma verdadeira partilha do poder legislativo com oConselho, está consagrada nos domínios seguintes: mercadointerno, programas-quadros de investigação, ambiente, con-sumidores, redes transeuropeias, saúde, certos aspectos dacultura e da educação. O Tratado de Amsterdão aplica aco-decisão a cerca de 15 matérias do Tratado anterior (pra-ticamente, com excepção das decisões no âmbito da VEM,todas aquelas a que se aplicava o processo de cooperação)e a mais 8 das novas disposições. A co-decisão caracteriza--se pelo direito de o Parlamento, depois da segunda leitura,e no caso de falhar o procedimento de conciliação (o qualreúne quinze membros do Conselho e quinze membros doParlamento e tem por finalidade chegar a acordo sobre um

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texto comum), rejeitar por maioria absoluta dos seus mem-bros a posição comum adoptada pelo Conselho.

Esta rejeição tem como efeito pôr fim ao processo.• O parecer favorável, dado pelo Parlamento por maio-

ria absoluta dos seus membros e que é requerido para aadesão de um novo Estado membro (artigo do Tratado daUE), para os acordos de associação (artigo 238.°) e, desdeMaastricht, para a cidadania, para os fundos estruturais(artigo 130.° D), para o procedimento eleitoral (artigo 138.°)e para os acordos internacionais (artigo 228.°).

• Os Tratados orçamentais de 22 de Abril de 1970 e de22 de Julho de 1975 fizeram do Parlamento uma verdadeiraco-autoridade orçamental, em igualdade com o Conselho.O Parlamento tem a última palavra sobre uma categoriaimportante de despesas (ditas «não obrigatórias») que cor-responde à metade dos créditos; pode, por maioria absoluta,rejeitar o orçamento por motivos importantes e exigir queo Conselho lhe apresente um novo projecto. É o Parlamentoque, no fim do procedimento, durante a sessão de Dezem-bro, aprova definitivamente o orçamento.

B. PAPEL POLÍTICO

a. A voz democrática da União

• Local de debates e de impulso político, o Parlamentoexerce uma função motriz na unificação europeia. Corrigeas tentações burocráticas da Comissão e incentiva o Con-selho dos Ministros, cujo programa aprecia no início e nofim de cada Presidência semestral.

• Representativo da opinião pública, o Parlamento es-força-se por ser a vox populi da União Europeia. Designa oprovedor de Justiça encarregado de receber as queixas doscidadãos. Organiza audições públicas e está aberto às asso-ciações, movimentos dos cidadãos e representantes de irite-resses.

O Parlamento é um fórum internacional que, através dassuas delegações interparlamentares, mantém laços com osparlamentos de países exteriores à União. Recebe em ses-

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Page 29: A Construção Europeia de 1945 aos nossos dias - Pascal Fontaine

são solene as comunicações que lhe são dirigidas pelosChefes de Estado.

b. Um Parlamento sul generis

• O Parlamento partilha com o Conselho os podereslegislativos e orçamentais. O Tratado de Maastricht aumen-tou-lhe consideravelmente os direitos, nomeadamentequanto ao poder de propor alterações às propostas que lhesão submetidas e em relação à Comissão.

• Não obstante, o Parlamento Europeu não pode ser equi-parado a um parlamento nacional no sistema parlamentarclássico, já que não existe um verdadeiro governo europeuque ele próprio investisse e que fosse representativo de umamaioria política. Os dois principais grupos (PSE e PPE) sãolevados, pela sua importância, a celebrar acordos técnicos(designação do presidente do Parlamento) e compromissospolíticos.

I Dos quais 45 em segunda leitura e 10 em terceira leitura. (N. do T.)

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o CONSELHO

1. O CONSELHO DE MINISTROSA. COMPOSIÇÃO

O Conselho de Ministros, composto por ministros querepresentam os Estados membros, é a principal instituiçãode decisão da Comunidade Europeia e da União, no seiodas quais se exprimem essencialmente os interesses nacio-nais.

a. O Conselho de «Assuntos Gerais»

Compõe-se dos Ministros dos Negócios Estrangeirosdos Estados membros. Cada país exerce a Presidênciarotativamente, por um período de 6 meses. O Conselhoreúne-se em alternância em Bruxelas e 3 vezes por ano noLuxemburgo. É assistido por um Secretariado-Geral,sediado em Bruxelas.

b. Os Conselhos especializados

São convocados quando a ordem do dia implica o tra-tamento de questões de carácter mais técnico: os Conselhosda Agricultura, da Economia e Finanças (ECOFIN), doAmbiente, dos Transportes, da Indústria, etc., reúnem osministros competentes de cada país.

c. O COREPER

Nas suas actividades quotidianas, o Conselho é assistidopor um órgão administrativo essencial, o Comité dos Re-presentantes Permanentes (COREPER). Composto pordiplomatas com a categoria de embaixadores dos Esta-dos membros, actua como órgão auxiliar do Conselho.O COREPER é a correia de transmissão entre as diferentesadministrações nacionais e as instituições comunitárias.

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Page 30: A Construção Europeia de 1945 aos nossos dias - Pascal Fontaine

B~ FUNCIONAMENTO

a. Poderes

O Conselho aprova os actos jurídicos formais (regula-mentos, directivas , decisões) e celebra os acordos interna-cionais negociados pela Comissão. Só pode decidir com basenuma proposta formal da Comissão. Certos actos são execu-tados, em conformidade com o Tratado de Maastricht, emco-decisão com o Parlamento Europeu. O Conselho de Mi-nistros é ao mesmo tempo um dos órgãos do triângulodecisório da União (Comissão, Conselho, Parlamento) e olugar onde são elaborados os compromissos entre os diferen-tes interesses nacionais. As deliberações do Conselho Agrí-cola (as «maratonas» agrícolas chegam a durar mais de umdia) têm a obrigação de fixar os preços anuais dos produtosque beneficiem de uma organização comum de mercado.

b. Modo de decisão

• O voto por maioria (artigo 148.° do Tratado da CEE)é o procedimento habitual: as decisões são tomadas pormaioria qualificada, correspondendo a cada país um votoponderado:

Alemanha, França, Itália,Reino Unido

EspanhaBélgica, Grécia, Países Baixos,

PortugalSuécia, ÁustriaDinamarca, Irlanda, FinlândiaLuxemburgo

Total

10 votos8 votos

5 votos4 votos3 votos2 votos

87 votos

• O voto por maioria é um elemento essencial do sis-tema comunitário de decisão. Permite que se chegue adecisões, mesmo que um número limitado de Estados

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manifeste reservas. A França do general de Gaulle contes-tou o voto por maioria e defendeu um direito de vetosempre que um Estado invocasse um interesse nacionalmuito importante. A utilização arbitrária e descontroladado veto conduziria, porém, à paralisia do processo de de-cisão.

• O voto por unanimidade é necessário nos domíniosonde os Tratados o prevêem: adesão de um novo Estadomembro, revisão do Tratado, harmonização fiscal, lança-mento de uma nova política, programas-quadros, etc.

2. O CONSELHO EUROPEUA. ORIGENS

O Conselho Europeu nasceu da prática, inaugurada em1974, de reunir regularmente os Chefes de Estado e deGoverno e o presidente da Comissão. Esta prática foiinstitucionalizada pelo Acto Único, em 1987. O Tratado deMaastricht confirma o papel director do Conselho Europeuno quadro da União: «O Conselho Europeu dará à União osimpulsos necessários ao seu desenvolvimento e definirá asrespectivas orientações políticas gerais.»

B. FUNCIONAMENTO

Os Chefes de Estado e de Governo, aos quais se junta opresidente da Comissão, reúnem-se pelo menos duas vezespor ano. O Conselho Europeu aprova «conclusões» queconstituem o quadro de impulso para o Conselho de Minis-tros e a Comissão. Não se trata de um órgão de decisão nosentido formal do Tratado, mas as suas conclusões, toma-das geralmente por consenso, impõem-se às outras insti-tuições. Lugar de arbitragem e de compromisso, o Conse-lho Europeu é muitas vezes chamado a resolver certasquestões relativamente às quais não tinha sido possível oacordo ·dos ministros.

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•A COMISSÃO E AS OUTRASINSTITUIÇÕES

1. A COMISSÃO

Em aplicação dos Tratados de fusão dos executivos, queentraram em vigor a 1 de Julho de 1967, a Comissão é oorganismo comum às três Comunidades europeias: aCECA, a CEE e o EURATOM. Desde 1 de Novembro de1993 tem o nome de Comissão da União Europeia.

A. O COLÉGIO

a. Os comissários

o colégio - na União de quinze membros - é formadopelos 20 comissários (2 para a Alemanha, a França, a Itália,o Reino Unido e a Espanha e 1 para cada um dos outrospaíses), os quais são nomeados de comum acordo pelosEstados membros. Desde 1 de Janeiro de 1995, os membrosda Comissão são nomeados por 5 anos, sendo submetidosa um voto de investidura do Parlamento Europeu.

b. Repartição das competências

• O presidente é designado por unanimidade pelosEstados membros, antes de se submeter, com o conjunto docolégio por si escolhido de acordo com os governos dosEstados membros, ao voto de investidura do ParlamentoEuropeu. Primus inter paris, exerce uma importante funçãode representação exterior. Participa no Conselho Europeu,na cimeira do G7 (países mais industrializados), encontraregularmente o presidente dos Estados Unidos. Apresenta oseu programa anual perante o Parlamento Europeu.

• Os comissários repartem entre si as diferentes «pas-tas» que correspondem às principais direcções-gerais daComissão.

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B. A ADMINISTRAÇÃO

O colégio apoia-se numa forte administração com 16000funcionários, que se consagram aos serviços de concepção(nível A), de execução (níveis B e C) e de tradução, repar-tidos por 24 direcções-gerais. A maioria dos serviços encon-tra-se instalada em Bruxelas, com uma importante extensãono Luxemburgo e gabinetes de representação exterior emtodas as capitais dos Estados membros. Os funcionárioscomunitários estão submetidos a um estatuto que assegura asua independência relativamente aos Estados membros.

C. ATRIBUIÇÕES E COMPETÊNCIAS

a. Iniciativa

A independência da Comissão em relação aos Estadosé um elemento-chave do sistema comunitário. Garante dointeresse comum, a Comissão tem o monopólio da inicia-tiva legislativa. Transmite as suas propostas de regulamen-tos e de directivas ao Conselho e ao Parlamento.

b. Execução

A Comissão dispõe de um poder regulamentar no qua-dro das competências que lhe são atribuídas pelos Trata-

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dos: executa o orçamento comunitário, gere a política agrí-cola, a política comercial, o mercado interno. Dispõe defortes poderes na política de concorrência: autorização deacordos entre empresas, formação do capital de empresaspúblicas, etc.

c. Controlo

A Comissão é aguardiã dos tratados. Dispõe de poderesde sanção sobre as empresas que não respeitam a legislaçãocomunitária no domínio da livre concorrência. Pode pro-cessar um Estado ou outra instituição por não cumpri-mento, omissão ou violação do Tratado.

D. QUE «EUROCRACIA»?

a. Um organismo técnico ou político?

• A Comissão tem competência para tomar muitas de-cisões de ordem técnica (mais de 6000 por ano), Essasdecisões - nomeadamente as que respeitam aos mercadosagrícolas e ao mercado interno - são tomadas pela Comis-são em substituição das administrações nacionais, as quais,na sequência de delegações de soberania, já não intervêmnestes domínios.

• Mas as responsabilidades técnicas da Comissão nãofazem dela uma administração mais tecnocrática do quequalquer outra administração nacional. Investida e contro-lada pelo Parlamento Europeu, a Comissão deve respeitarimperativos de transparência e proximidade. A complexi-dade do sistema de decisão comunitário e a transferência decompetências servem muitas vezes de álibi para as catego-rias socioprofissionais interessadas denunciarem a «buro-cracia de Bruxelas». No entanto, esta exerce uma funçãoinsubstituível na procura do interesse comum e na suacapacidade para servir de intermediária entre os Estadosmembros para facilitar os compromissos.

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b. Um organismo aberto ao exterior

• Abertura às representações nacionais: a Comissãoexerce as suas competências em associação com comitéscompostos de representantes das administrações nacionais:comités consultivos, comités de gestão e comités de regu-lamentação.

• Abertura ao mundo económico e social: a Comissãoé informada das necessidades e dos projectos das empresasatravés dos diferentes gabinetes de representação das fir-mas e dos consultores internacionais estabelecidos em Bru-xelas. Consulta o Comité Económico e Social da Comuni-dade Europeia.

2. AS OUTRAS INSTITUIÇÕES

• Os Tratados de Roma e de Maastricht distinguemas «instituições», peças centrais do equilíbrio comu-nitário, dos órgãos especializados ou auxiliares queparticipam apenas indirectamente no processo de deci-são.

• O Conselho, o Parlamento e a Comissão colaboramcom outras duas instituições: o Tribunal de Justiça e oTribunal de Contas.

A. O TRIBUNAL DE JUSTIÇA

a. Composição

Instalado no Luxemburgo, o Tribunal é composto por15 juízes, assistidos por 9 advogados gerais. São nomeadosde comum acordo pelos Estados membros por um períodode 6 anos: é garantida a sua independência. O Tribunal deJustiça é assistido, desde 1988, por um Tribunal de PrimeiraInstância.

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Page 33: A Construção Europeia de 1945 aos nossos dias - Pascal Fontaine

b. Papel

Em virtude do artigo 164.° do Tratado da CEE, o Tri-bunal deve assegurar «o respeito do direito na interpretaçãoe aplicação do Tratado».

• Recurso prejudicial (artigo 177.0 do Tratado da CEE):quando uma jurisdição nacional tem dúvidas quanto à va-lidade ou à interpretação de uma norma comunitária. Esterecurso tem como objectivo unificar a aplicação do direitocomunitário em toda a CEE.

• Função contenciosa: recurso de anulação por incom-petência, vício de forma, violação dos tratados ou desvio depoder de uma instituição.

• Recurso por omissão: sanciona a inacção do Conse-lho ou da Comissão na implementação de uma políticaprevista nos Tratados.

B. O TRIBUNAL DE CONTAS

a. Composição

Criado pelo tratado financeiro de 22 de Julho de 1975, oTribunal de Contas é elevado ao nível de instituição peloTratado de Maastricht. Compõe-se de 15 membros nomea-dos por 6 anos pelo Conselho, após consulta do Parlamento.

b. Papel

O Tribunal examina as contas da totalidade das receitase despesas da Comunidade e de qualquer organismo por elacriado. Assiste o Parlamento e o Conselho no exercício dasua função de controlo da execução do orçamento.

C. OS ÓRGÃOS DA UNIÃO

a. O Comité Económico e Social

Formado por 222 membros (12 para Portugal) nomea-dos por 4 anos pelo Conselho, é composto por representan-

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PRINCIPAIS SEDES DAS INSTITUIÇÕESE OUTROS ORGANISMOS DA UNIÃO(DECISÃO DO CONSELHO EUROPEU DE 29 DEOUTUBRO DE 1993 E TRATADO DE AMSTERDÃ O)

Bruxelas Conselho de MinistrosComissãoComité Económico e SocialComité das RegiõesParlamento Europeu (grupos políticos e comissões)

Estrasburgo Parlamento Europeu (sessões plenárias)Provedor de Justiça Europeu

Luxemburgo Parlamento Europeu (Secretariado-Geral)Conselho (Abril, Junho e Outubro]Tribunal de Justiça e Tribunal de l :" InstânciaTribunal de ContasBanco Europeu de Investimento

Frankfurt Instituto Monetário Europeu e Banco Cen-tral Europeu

Haia EUROPOL (Serviço Europeu de Polícia)

Copenhaga

Málaga

Bilbau

Agência Europeia do Ambiente

Agência Europeia de Marcas

Agência para a Saúde e Segurança no Trabalho

Salônica Centro Europeu para o Desenvolvimento daFormação Profissional

Turim Fundação Europeia para a Formação

Dublin Fundação Europeia para a Melhoria das Condi-ções de Vida e de Trabalho e Instituto de Ins-pecção e 'Fiscaliração Veterinária e Fitossani-târia

Alicante Instituto de Harmonização do Mercado Interno

Florença

Lisboa

Instituto Universitário Europeu

Observatório Europeu. da Drog« I' '1IIIIIotll'/Ir'/1dência

d

Page 34: A Construção Europeia de 1945 aos nossos dias - Pascal Fontaine

tes dos meios profissionais e da vida económica e social.É consultado pelo Conselho e pela Comissão antes da apro-vação de certos actos comunitários. Os seus pareceres nãosão vinculativos.

b. O Banco Europeu de Investimento (BEI)

Financia, a partir de capitais recolhidos nos mercadosmundiais, projectos estruturais (infra-estruturas e indús-trias) nos Estados membros e em certos Estados terceiros.

c. Banco Central Europeu

Previsto pelo Tratado de Maastricht, o Banco Centralirá gerir com total independência a União Económica eMonetária. A sua activação corresponde à terceira fase daUEM. O Instituto Monetário Europeu, instalado em Fran-co/arte desde 1994, constitui o embrião do futuro BCE.

d. Comité das Regiões

Composto por 220 representantes das autarquias regio-nais e locais (12 para Portugal), nomeados pelo Conselho,sob proposta dos Estados membros, por um período de 4anos. Poder consultivo.

t ·.AS POLÍTICAS-COMUNS~ . - ---.. . - .- ..

1. AS POLÍTICAS DE SOLIDARIEDADEContrapartidas necessárias à livre circulação dos bens,

dos serviços e dos capitais na União Europeia, as políticasde solidariedade visam favorecer o desenvolvimento har-monioso dos factores de produção e igualizar as condiçõesde concorrência.

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A. DESENVOLVIMENTO REGIONALa. Os objectivos

O desequilíbrio regional entre o Norte e o Sul e entre aszonas centrais e as periféricas da União constitui um obs-táculo à convergência económica. Este desfasamento au-mentou com a adesão de países como a Irlanda e o ReinoUnido, em 1972, a Grécia, em 1981, a Espanha e Portugal,em 1986. O preâmbulo do Tratado de Roma fixa comoobjectivo «assegurar o desenvolvimento harmonioso pelaredução das desigualdades entre as diferentes regiões e doatraso das menos favorecidas».

b. As realidadesCerca de 20 % da população da União vive em zonas

onde o rendimento por habitante é inferior a 75 % da médiacomunitária. A União Aduaneira contribuiu, em parte, paraacentuar os desequilíbrios regionais ao favorecer a concen-tração económica nas zonas mais bem dotadas em termosde vantagens naturais, de mão-de-obra qualificada, de redesde transportes ou de fixação de capital.

c. As acções comunitárias• O FEDER (Fundo Europeu de Desenvolvimento

Regional) foi fundado em 1975. Desde a sua criação,24000 milhões de ecus foram concedidos pelo orçamentocomunitário às regiões desfavorecidas.

• Os fundos estruturais (FEDER, Fundo de OrientaçãoAgrícola, Fundo Social) intervêm, desde a reforma de 1988,em benefício de três tipos de regiões:

- Regiões com atraso de desenvolvimento (objectivo 1);- Regiões industriais em declínio (objectivo 2);- Zonas rurais (objectivo 5).

• O financiamento decidido no Conselho Europeu deEdimburgo (Dezembro de 1992) estima em 176060 mi-lhões de ecus o volume das acções estruturais para o pe-ríodo de 1993-99. A Espanha, a Grécia, Portugal e a Irlandabeneficiarão de perto da metade dessas somas.

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• o livro branco da Comissão sobre o Crescimento, aCompetitividade e o Emprego, adoptado no Conselho Eu-ropeu de Bruxelas de Dezembro de 1993, propõe uma sériede grandes obras no domínio dos transportes e comunica-ções destinadas a relançar o crescimento.

• O Tratado de Amsterdão inclui um novo capítulosobre emprego, visando dotar a UE de competências parafazer frente ao grave problema económico e social do de-

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semprego. O Conselho Europeu Extraordinário do Luxem-burgo (20 e 21 de Novembro) ocupou-se especificamentedas medidas a tomar sobre esta questão de interesse co-mum.

B. A POLÍTICA SOCIALa. O Tratado de Roma

• O Tratado de Roma previa que o melhoramento dascondições de vida e de trabalho, bem como a harmonizaçãodos diferentes sistemas sociais, deveriam resultar, antesde mais, do próprio funcionamento do mercado comum.A crise económica e social que assola a Europa levou osgovernos a tomarem medidas mais voluntaristas.

• O Fundo Social Europeu (FSE) foi criado em 1960,tendo sido várias vezes alterado. As suas intervenções con-centram-se sobre os desempregados de longa duração esobre os jovens à procura do primeiro emprego.

b. O Tratado de Maastricht• A Carta Europeia dos Direitos Sociais Fundamentais,

adoptada pelo Conselho Europeu de Estrasburgo a 9 deDezembro de 1989, define um programa de acção desti-nado a aprofundar a dimensão social do mercado interno.O Tratado de Maastricht consagra a maior parte dessesobjectivos. (O Tratado de Amsterdão incluiu o capítulosocial que o Reino Unido tinha recusado subscrever emMaastricht. É uma consequência da mudança resultante daeleição do Governo trabalhista que, assim, dá um impulsoà Europa Social.)

2. AS POLÍTICAS COMUNSA. A POLÍTICA AGRÍCOLA COMUM (PAC)

A PAC é a mais antiga e mais integrada das políticascomuns. A Comissão, sustentada pela França, desempe-

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Page 36: A Construção Europeia de 1945 aos nossos dias - Pascal Fontaine

nhou um papel determinante na sua criação e desenvolvi-mento.

a. Os princípios

• Unidade dos mercados: liberdade de trocas de pro-dutos agrícolas, harmonização dos regulamentos sanitários eveterinários, regras comuns de gestão, preços comuns.

• Preferência comunitária: direitos aduaneiros aplica-dos às importações dos países exteriores à CEE.

• Solidariedade financeira: a secção «Garantia» doFEOGA (Fundo Europeu de Orientação e Garantia Agríco-las) tem a seu cargo as despesas necessárias às organizaçõescomuns do mercado (cerca de 50 % do orçamento da Uniãoem 1994).

b. Os resultados

• Segurança dos aprovisionamentos para os consumidores;• Garantia de preços compensadores para os produtores;• Modernização da profissão agrícola.

c. As reformas

• A sobreprodução observada no início dos anos 80, aoimplicar excedentes estruturais custosos, implica tambémuma política de preços mais prudente e medidas de restri-ção da produção: terras em pousio, quotas, etc.

• A reforma de Junho de 1992 visa aproximar progres-sivamente os preços europeus dos preços mundiais, prote-ger o ambiente e inserir a agricultura europeia no mercadomundial (acordo do GA TI, incluindo a agricultura, assi-nado em Marráquexe em Abril de 1994).

B. A INVESTIGAÇÃO E O DESENVOLVIMENTO

a. Os programas

A partir de 1986, os diferentes projectos de pes-quisa financiados pela CEE são agrupados em progra-

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mas-quadros quinquenais que fixam as respectivas priori-dades:

- ESPRIT (tecnologia da informação);- RACE (tecnologia das comunicações);- Ambiente;- Ciências e tecnologias da vida;- Tecnologias energéticas;- Prevenção e segurança nucleares;- Fusão termo nuclear controlada.

b. O financiamento

O programa proposto pela Comissão para o período de1994-98 implica um montante de 13 000 milhões de ecus.A política comunitária de investigação completa os esfor-ços nacionais, concentrando-se sobre certos sectores estra-tégicos para o futuro europeu.

C. O AMBIENTE

Criada em 1982, a política europeia do ambiente figurano Acto Único de 1987 com base nos princípios seguintes:acção preventiva, consideração das exigências em matériade ambiente nas outras políticas da Comunidade. O Tratadode Maastricht alarga as competências do Parlamento Euro-peu em matéria de ambiente, por via do processo de co--decisão.

Principais domínios de acção da União Europeia:

- Poluição atmosférica;- Poluição das águas, eliminação e tratamento dos

detritos;- Riscos industriais;

Biotecnologia;- Ruído.

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ID o MERCADO ÚNICO

1. A REALIZAÇÃO DO OBJECTIVO1993

A. REALIZAÇÃO DO GRANDE MERCADO ÚNICO

a. Os limites do Mercado Comum

• O Tratado de 25 de Março de 1957, que instituiu aComunidade Económica Europeia, permitiu a supressão dasbarreiras aduaneiras intracomunitárias e o estabelecimentode uma pauta aduaneira comum em relação aos países forada CEE. Este objectivo foi atingido a 1 de Julho de 1968.

• Mas os direitos aduaneiros são apenas um aspecto doproteccionismo. Outros entraves às trocas impediram, nosanos 70, a completa realização do Mercado Comum. Asespecificações técnicas, as normas de saúde e de segurança,a regulamentação nacional respeitante ao exercício das pro-fissões, bem como o controlo dos câmbios, restringiam alivre circulação das pessoas, das mercadorias e dos capitais.

b. O objectivo 1993

• O livro branco: o presidente da Comissão, JacquesDelors, torna público, em Junho de 1985, um livro brancoque prevê a supressão, em 7 anos, de todos os entravesfísicos, técnicos e fiscais à livre circulação no espaço daComunidade. O seu objectivo é aumentar as possibilidadesde expansão industrial e comercial no interior de um grandeespaço económico unificado, à dimensão do grande merca-do americano.

• O calendário e o método:- O Conselho Europeu de Milão de 29 de Junho de

1985 aprova o livro branco, que comporta 280 medidas(directivas comunitárias) necessárias para suprimir os.ontrolos nas fronteiras.

lO

- Tradução jurídica do livro branco, o Acto ÚnicoEuropeu é assinado em Fevereiro de 1986 e entra em vigora 1 de Julho de 1987. Prevê:

- A extensão das competências comunitárias a novaspolíticas (social, investigação, ambiente);

- O estabelecimento progressivo do mercado internono decurso de um período que expiraria a 31 de Dezembrode 1992;

- O uso mais frequente do voto por maioria no Con-selho de Ministros.

B. O BALANÇO DO MERCADO ÚNICO

a. Os entraves físicos

• Todos os controlos sobre as mercadorias foram supri-midos nas fronteiras intracomunitárias, bem como oscontrolos aduaneiros sobre as pessoas.

• Os controlos policiais (luta contra a criminalidade ea droga) subsistem pontualmente. A Convenção de Schen-gen, concluída em Junho de 1985 entre nove dos dozeEstados membros (o Reino Unido, a Dinamarca e a Irlandanão o assinaram), organiza a cooperação policial, assimcomo uma política de asilo e de imigração comum, deforma a tornar possível a abolição total dos controlas depessoas nas fronteiras intracomunitárias.

b. Os entraves técnicos

• Os Doze adoptaram, para a maior parte dos produtos,o princípio de reconhecimento mútuo das regulamentaçõesnacionais. Qualquer produto legalmente fabricado e comer-cializado num Estado membro deve poder ser colocado nomercado de qualquer outro Estado membro.

• A liberalização do sector de serviços é conseguidagraças ao reconhecimento mútuo ou à coordenação dasregulamentações nacionais de acesso ou de exercício decertas profissões (advogados, médicos, turismo, bancos,seguros ...).

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I c. Os entraves fiscais

Foram reduzidos graças à harmonização das taxas deIVA, mas a fiscalidade sobre os rendimentos dos capitais eo volume de negócios não se encontra ainda harmonizada.

d. Mercados públicos

Concluídos em nome das administrações à escala cen-tral, regional ou local, representam 10 % do PIB comuni-tário. São agora objecto de uma concorrência em todo oterritório da União, graças às directivas sobre a adjudicaçãodos mercados públicos de serviços, de fornecimentos e deobras públicas, incluindo em sectores tais como a águapotável, a energia e as telecomunicações.

2. AS POLÍTICAS DE ACOMPANHAMENTODO MERCADO ÚNICO

A. os TRANSPORTES

a. Uma activação tardia

• A política comum dos transportes, prevista no artigo75.0 do Tratado da CEE, correponde a uma dupla função: ade eliminar todas as discriminações e disparidades em ma-téria de política de transportes nos Estados membros, e queentravam o funcionamento do Mercado Comum, e a de criar,nesses sectores, um mercado comum de transportes queassegure uma verdadeira liberdade de prestação de serviços.

• Esta política comunitária progrediu muito lentamente.Assim, o Tribunal de Justiça, a 22 de Maio de 1985, combase num recurso por omissão introduzido pelo ParlamentoEuropeu, condenou o Conselho por não ter satisfeito asexigências do Tratado. A assinatura do Acto Único, em1986, e a perspectiva da supressão das fronteiras intraco-munitárias, em 1993, deram a essa política um novo im-pulso, confirmado pelo Tratado de Maastricht, que, nomea-damente, consagrou a importância das redes transeuropeias

72

para as infra-estruturas dos transportes, das telecomunica-ções e da energia.

b. As realizações

A actividade da Comunidade concentrou-se sobre a li-vre prestação de serviços no domínio dos transportes ter-restres, nomeadamente o livre acesso ao mercado dos trans-portes internacionais e das actividades de cabotagem, ouseja a admissão de transportadores não residentes no mer-cado dos transportes nacionais de um Estado membro.

• Foram tomadas decisões para harmonizar as condi-ções de concorrência para os transportes rodoviários, no-meadamente as condições de acesso à profissão e ao mer-cado, a liberdade de estabelecimento e de prestação deserviços, os tempos de condução e a segurança.

• A política comum dos transportes aéreos deve enfren-tar os efeitos da desregulamentação do transporte aéreo ame-ricano: a liberalização do céu europeu efectua-se por etapase incide sobre uma partilha mais flexível das capacidadesentre grandes companhias, o acesso recíproco aos mercadose a liberdade de fixação das tarifas, acrescentada de cláusulasde salvaguarda para tomar em consideração as obrigações doserviço público e os imperativos da ordenação do território.

• Os transportes marítimos estão submetidos às regrasde concorrência que se aplicam tanto aos armadores euro-peus como àqueles que navegam sob o pavilhão de paísesterceiros. Estas regras tentam controlar as práticas tarifáriasdesleais (bandeiras de conveniência), mas igualmente fazerface às graves dificuldades que atingem a indústria deconstrução e reparação naval da Europa.

B. A CONCORRÊNCIA

a. A base jurídica: os artigos 85.0 e 86.0 do Tratadoda CEE

Presente no Tratado de Roma, a política comunitária daconcorrência é o coro lário indispensável da aplicação das

73

Page 39: A Construção Europeia de 1945 aos nossos dias - Pascal Fontaine

regras de liberdade de trocas comerciais no seio do mercadointerno europeu. É aplicada pela Comissão Europeia, que é,sob controlo do Tribunal de Justiça, o seu único garante.

O princípio dessa política é evitar que qualquer acordoentre empresas, qualquer ajuda pública ou monopólioabusivo falseiem o livre jogo da concorrência no seio doMercado Comum. Numerosas excepções são no entantoprevistas (para acordos de investigação e desenvolvimento,PME, ajudas de finalidade regional, etc.).

b. A activação

• Qualquer acordo qüe caia sob a alçada das regras doTratado é objecto de uma notificação junto da Comissão Eu-ropeia, que pode impor directamente uma multa para empre-sas que não respeitem a sua decisão, ou que não tenhamprocedido à notificação. No que respeita às ajudas não no-tificadas ou ilegais, a Comissão pode exigir o seu reembolso.

• Qualquer concentração de empresas que possa criaruma situação de abuso de posição dominante (mais de 20 %do mercado comunitário) deve ser notificada à Comissão.

ID A UNIÃO ECONÓMICA,E MONETARIA (UEM)

1. AS FASES HISTÓRICAS DACOOPERAÇÃO MONETÁRIA

A. O SISTEMA MONETÁRIO EUROPEU

a. O Tratado de Roma (1957)

Não prevê união económica e monetária enquanto tal,mas já enuncia os princípios relativos à coordenação daspolíticas monetárias, conjunturais e macroeconómicas en-tre os Estados membros.

74

A Europa beneficia, nos anos 60, graças ao sistema decâmbios fixos instaurado pelos acordos de Bretton Woods, deestabilidade monetária. Esta estabilidade levou os então seisEstados membros da CEE a comprometerem-se, em 1970, navia do plano Werner, que deveria levar à UEM em 1980.

b. A crise monetária de 1971 e o nascimentoda «serpente»

Na sequência da decisão norte-americana de suprimir arelação fixa entre o dólar e o padrão-ouro, a crise põe fim aosistema de taxas de câmbio fixas. Os governadores dos ban-cos centrais da CEE decidem reduzir a 2,25 % as margens deflutuação entre as moedas comunitárias e o dólar. A «ser-pente» monetária é reforçada, a 3 de Abril de 1973, com acriação do FECOM (Fundo Europeu de Cooperação Mone-tária). No entanto, o choque petrolífero de 1973 e a recessãoque se lhe segue enfraquecem o sistema, que só vem aconsolidar-se na sequência da decisão, tomada em Brema emJulho de 1978, de criar o Sistema Monetário Europeu.

c. O funcionamento do SME

Entrado em vigor a 13 de Março de 1979, o SMErepousa sobre três elementos:

• O ecu: cabaz composto pelas moedas de todos osEstados membros. O ecu é a unidade de conta no meca-nismo de câmbio; serve de base para o estabelecimento dosindicadores de divergência; é o denominador nos meca-nismos de intervenção e de crédito; serve como meiode regulação entre as autoridades monetárias dos Estados.

• Os mecanismos de câmbio: cada moeda tem um valorde referência ligado ao ecu. São permitidas margens deflutuação de 2,25 % para cima ou para baixo do valormédio. Quando um «limiar de divergência» é franqueadopor uma moeda, as autoridades monetárias devem intervir.

• Os mecanismos de crédito: os Estados transferempara o FECOM 20 % das suas reservas de divisas e de ouro.

75

Page 40: A Construção Europeia de 1945 aos nossos dias - Pascal Fontaine

B. DO SME À VEM

a. Os limites do SME perante a crise económica dosanos 80

• Os realinhamentos sucessivos e o reforço de certosmecanismos (acordos de Bâle-Nyborg em Setembro de1987) permitem, até ao início dos anos 90, um bom fun-cionamento do SME. A CEE constitui uma zona de esta-bilidade monetária propícia ao desenvolvimento econó-mico.

• A crise económica e a reunificação alemã acarretam,a partir- de 1990, uma subida das taxas de juro. O marcofortalece-se e a lira e a libra abandonam o SME em 1992.Em Agosto de 1993, os Estados membros do SME decidemalargar temporariamente as margens de flutuação para 15 %.

b. O Plano Delors

• O relançamento da UEM concretiza-se pela adopção,em Junho de 1989, pelo Conselho Europeu de Madrid, dorelatório Delors, propondo um plano em três etapas, asso-ciando o monetário ao económico.

• A 10 de Dezembro de 1991, os Chefes de Estado e deGoverno celebram em Maastricht o Tratado sobre a UEM.I 2. A UNIÃO ECONÓMICA

E MONETÁRIA SEGUNDOO TRATADO DE MAASTRICHT

A. AS TRÊS FASES

a. Fase I. Coordenação e liberalização financeira

A primeira fase iniciou-se a 1 de Julho de 1990.Engloba:• 1\ liherdudc total de circulação dos capitais na União

(11111dll 1Il1111nlo dos \,nltlhios);

'/ti

• O aumento dos meios destinados a corrigtr osdesequilíbrios entre as regiões europeias (fundos estrutu-rais);

• A convergência económica, através da vigilânciamulti!ateral das políticas económicas dos Estados.

b. Fase n, Novas estruturasA segunda fase iniciou-se a 1 de Janeiro de 1994:• Criação do Instituto Monetário Europeu em Franco-

forte. O IME é composto pelos governadores dos bancoscentrais da União;

• Independência dos bancos centrais nacionais;• Regulamentação da proibição dos défices orçamen-

tais excessivos.

c. Fase nr. Transferência das responsabilidades• O Tratado de Maastricht prevê a passagem à união

monetária no início de 1997, ou, o mais tardar, a 1 deJaneiro de 1999 para os Estados que satisfaçam os critériosde convergência.

• A terceira fase implica a fixação irrevogável das taxasde câmbio e o estabelecimento da moeda única.

B. OS CRITÉRIOS DE CONVERGÊNCIA

As condições de passagem à terceira fase encontram-sefixadas- num protocolo que enumera quatro critérios deconvergência:

• Estabilidade dos preços: a taxa de inflação não podultrapassar em mais de 1,5 % a média dos três Estados coma inflação mais baixa;

• Taxas de juro: as taxas de juro a longo termo nfiOpodem variar mais de 2 % em relação à média das tnxus tiO!três Estados com as taxas mais baixas;

• Défices: o défice público nacional eleve ser lnfcrlor (I3 % do PIE; a dívida pública não pode exceder 60 % do Pl B;

77

Page 41: A Construção Europeia de 1945 aos nossos dias - Pascal Fontaine

• Estabilidade monetária: as taxas de câmbio deverãoter-se mantido na margem de flutuação autorizada duranteos dois anos precedentes.

C. O PACTO DE ESTABILIDADE

o Conselho Europeu de Amsterdão (16 e 17 de Junhode 1997) aprovou um Pacto de Estabilidade, completadopor uma Resolução sobre o Crescimento e o Emprego, ten-dentes a definir as obrigações dos Estados membros nosdomínios macroeconômico e orçamental após a passagemà moeda única, de modo a não comprometer as disciplinasvisadas pelos critérios de convergência.

Em aberto está agora a questão do «governo econó-mico» da União, da regulação e controlo democráticos daeconomia depois da passagem ao euro, com perda de pode-res dos Estados membros.

CRONOLOGIA DA CONSTRUÇÃOEUROPEIA

1950 • (9 de Maio) Plano Schuman fundando a CECA.1957 • (25 de Março) Assinatura, em Roma, dos Tratados

que instituem a CEE e o EURATOM.1969 • (1-2 de Dezembro) Cimeira de Haia. Adopção do

tríptico «acabamento, aprofundamento, alargamen-to».

1972 • (22 de Janeiro) Assinatura, em Bruxelas, dos trata-dos de adesão dos novos membros da CEE (Dina-marca, Reino Unido, Irlanda, Noruega).

1974 • Criação do Conselho Europeu.1975 • (28 de Fevereiro) Assinatura, em Lomé, de uma

Convenção (Lomé I) entre a Comunidade e 46Estados da África, Caraíbas e Pacífico (ACP).

1979 • (13 de Março) Entrada em funcionamento do SME.• (7-10 de Junho) primeira eleição, por sufrágio uni-

versal, dos 410 membros do Parlamento Europeu.

78

1981 • (1 de Janeiro) Passagem da Europa dos Nove à dosDez, com a entrada da Grécia na Comunidade.

1986 • (1 de Janeiro) Entrada oficial da Espanha e dePortugal na Comunidade Europeia.

• (17-18 de Fevereiro) Assinatura, no Luxemburgo,do Acto Único Europeu.

1990 • (3 de Novembro) Unificação alemã.1991 • (9-10 de Dezembro) Conselho Europeu de

. Maastricht.1992 • (7 de Fevereiro) Assinatura do Tratado da União,

em Maastricht.• (20 de Setembro) Aprovação em França, por refe-

rendo, do Tratado de Maastricht (51,04 %).1993 • (1 de Janeiro) Entrada em vigor do Mercado Único.

• (1 de Novembro) Entrada em vigor do Tratado deMaastricht.

1994 • (1 de Janeiro) Criação do Instituto Monetário Eu-ropeu - segunda fase da UEM.

• (9-12 de Junho) Quarta eleição do ParlamentoEuropeu por sufrágio universal.

• (24-25 de Junho) Conselho Europeu de Corfu.• Assinatura dos actos de adesão à União Europeia

da Áustria, da Finlândia, da Suécia e da Noruega.• (28 de Novembro) Rejeição, por referendo, da

adesão da Noruega.1995 • (1 de Janeiro) Entrada oficial de Áustria, da Finlân-

dia e da Suécia na União Europeia.• (18 de Janeiro) Investidura, por cinco anos, da

Comissão da União Europeia, após o voto do Par-lamento Europeu.

• (26 de Março) Entrada em vigor, entre sete Esta-dos, da Convenção de Schengen.

• (26-27 de Junho) Conselho Europeu em Cannes.• (5 de Dezembro) Relatório do Grupo de Reflexão

sobre a Conferência Intergovernamental para Revi-são dos Tratados (CIG).

• (15-16 de Dezembro) Conselho Europeu de Madridque marcou a data de início da CrG e definiu ocalendário para a passagem à moeda única em 1 deJaneiro de 1999.

79

Page 42: A Construção Europeia de 1945 aos nossos dias - Pascal Fontaine

1996 • (29 de Março) Conselho Europeu de Turim quefixou a agenda da CIG.

• (5 de Dezembro) Projecto de Tratado apresentadopela presidência irlandesa.

• (6-7 de Dezembro) Conselho Europeu de Dublim11, que aprovou o «Pacto de Estabilidade» para apassagem ao euro.

1997 • (16 -17 de Junho) Conselho Europeu de Amsterdãoque aprovou o novo Tratado e a versão final doPacto de Estabilidade.

• (2 de Outubro) Assinatura do Tratado de Amsterdão.• (20-21 de Novembro) Conselho Europeu Extraor-

dinário sobre o emprego.

SUGESTOES DE LEITURABOURLANGES,Jean-Louis, Le Diable est-il européen?, Paris,

Stock, 1992, 183 pp.BUCHAN, David, Europe, l' étrange superpuissance, Apogée,

1993, 206 pp.BURBAN, Jean-Louis, Le Parlement européen, Paris, PUF,

col. «Que sais-je?», n." 858, 1991.DELORS, Jacques, 1992-Le Défi, Paris, Flammarion, 1989,

245 pp.FONTAINE,Pascal, L'Union Européenne, Paris, Éd. du Seuil,

col. «Points Essais», 1994, 240 pp.FRIEs, Fabrice, Les Grands débats européens, Paris, Éd. du

Seuil, 1995, 529 pp.GERBET, Pierre, La Construction de l' Europe, Notre siêcle,

1994, 538 pp.GERBET, Pierre, La Naissance du Marché commun, Com-

plexes, 1987, 189 pp.MONNET, Jean, Mémoires, Paris, Le Livre de Poche, 1990,

800 pp.TOULEMON,Robert, La Construction européenne, Paris, Le

Livre de Poche, 1994, 286 pp.L' Europe des contmunautés, Paris, La Documentation Fran-

çaise, 1992.«L'Europe dans le monde», in Cahiers français, 257, Setem-

bro de 1992.«L'Europe éconornique», in Cahiers français, 264, Fevereiro

de 1994.

80

BIBLIOGRAFIAI. Tratados

Das várias edições portuguesas, a mais acessível é a da In-teu rapa - Associação Portuguesa para o Estudo da IntegraçãoEuropeia, desde que actualizada. Recomendável é, ainda, a edi-ção abreviada do Serviço de Publicações Oficiais das CE.

2. Obras de carácter histórico-político

• Allan M. Williams, A Comunidade Europeia. As Contradi-ções do Processo de Integração, Cclta Editora, Oeiras, 1992.

• A Europa após Maastricht, Imprensa Nacional, Lisboa, 1992.• «Portugal e a intcgração europeia: balanço e perspectivas»,

in Análise Social, n.O' 11R-119, vol. XXVII, Lisboa, 1992.• Francisco Lucas Pires, O Que É Europa, prefácio de Eduardo

Lourenço, Difusão Cu ltural, Lisboa, 1994.• Idem, Tratados que Instituem a Comunidade e a União

Europeias, Editorial Notícias, Lisboa, 1994.• Idem, Portugal e o Futuro da União Europeia. Sobre a Revi-

são dos Tratados em 1996, Difusão Cultural, Lisboa, 1995.

3. Publicações oficiais

• Compreender Maastricht=: o Tratado da União Europeia,Secretariado Europa, Lisboa, 1992,

• Jcan Victor Louis, A Ordem Jurídica Comunitária, Serviço dePublicações Oficiais das CE, 5,' edição, Luxemburgo, 1994.

4. Obras jurídicas

• João Caupers, Introdução ao Direito Comunitário, AAFDL,Lisboa, 19!1!l (Sumários),

• Ana Maria Guerra Martins, Direito Comunitário, LEX, Lis-boa, 1994 (Sumários).

• João Mota Campos, Direito Comunitário, FundaçãoGulbenkian, Lisboa (4 volumes).

5. Revisão do Tratado da União Europeia

• Relatório do Grupo de Reflexão, 5 de Dezembro de 1995,• Curso de Estudos Europeus, A Revisão do Tratado da UII/{fO

Europeia, Almedina, Coimbra, 1996.• Tratado de Amstcrdão=: Versão Filial, Secretariado-Geral

do Conselho, Bruxelas, Agosto de 1997.

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Page 43: A Construção Europeia de 1945 aos nossos dias - Pascal Fontaine

ORGANISMOS DE INFORMAÇÃO EUROPEIA(OIEs) EM PORTUGAL - 8/4/97

Os seguintes organismos prestam informação sobre a UniãoEuropeia ou encaminham para outros serviços mais bem prepa-rados para apoiarem ou informarem sobre programas ou assuntosa ela relativos:

CENTROS DE INFORMAÇÃO EUROPEIA (CIE) (prestam in-formação geral e encaminham para centros de informação maisespecializados)

CIE - Associação Industrial do MinhoAvenida Dr. Francisco Pires Gonçalves, 45Apartado 994701 BRAGA CODEXTe!. (053) 61 33 70Fax: (053) 61 33 83E-mail: animinho@mai!.telepac.ptWebsite: http://www.nomel.ptlaiminho

CIE - Comissão de Coordenação da Re-gião do Algarve

Praça da Liberdade, 28000 FAROTels. (089) 80 27 66 / 80 34 36 / 80 24 OIFax: (089) 80 35 91E-mai!: [email protected]

CIE - Mediateca da Caixa Geral de Depó-sitos

Avenida João XXI, 63 (piso I)1000 LISBOATels. (OI) 795 30 00 / 790 50 46Fax: (OI) 790 52 86E-mai!: [email protected]

Centro de Informação Jacques DelorsCentro Cultural de BelérnRua Bartolomeu Dias1400 LISBOATe!. (01) 362 20 01Fax: (01) 362 58 43/4E-mail: [email protected]: http://www.cijdelors.pt

CENTROS DE DOCUMENTAÇÃO EUROPEIA (CDEs)(apoiam as universidades a que estão adstritos; prestam tambéminformação genérica ao público)

CDE - Universidade do MinhoEscola Superior de Economia e Gestão,

sala 225Estrada Nova de Gualtar4710 BRAGATels. (053) 676376/604228Fax: (053) 676 375E-mail: irene@cint_STvOI.cLuminho.pt

CDE -Instituto Politécnico de CasteloBranco

Avenida Pedro ÁIvares Cabral6000 CASTELO BRANCOTe!. (072) 330 06 00Fax: (072) 330 06 0213-I11"il:[email protected]

H

CDE - Universidade de CoimbraRua de Aveiro, li, l l,"3000 COIMBRATe!. (039) 259 54Fax: (039) 339 29E-mail: [email protected]

CDE - Universidade da Beira InteriorEdifício das Ciências Sociais e Huma-

nasEstrada do Sineiro6200 COVILHÃTels. (075) 314207/3277 70/327771Fax: (075) 310 1601E-mai!: cde.ubi@ubLpt

CDE - Universidade de ÉvoraLargo dos Colegiais, 2 (para correspon-

dência)Largo Senhora da Natividade (para consulta)7000 ÉVORATe!. (066) 284 30Fax: (066) 258 31E-mail: [email protected]

CDE - Universidade do AlgarveBiblioteca de Economia, Gestão e TurismoCampus de Penha8000 FAROTels. (089) 80 35 61/6 (ext. 6317)Fax: (089) 80 65 15E-mail: [email protected]

CDE - Universidade da MadeiraEdifício do Colégio dos JesuítasLargo do Município9000 FUNCHALTels. (091) 22 24 17/23 1678Fax: (091) 23 02 43E-mail: [email protected]

CDE - Universidade Católica PortuguesaEdifício João Paulo 11- Palma de Cima1600 LISBOATe!. (01) 721 40 16 (ext, 3135)Fax: (01) 726 61 60E-mail: [email protected]

CDE - Universidade Técnica de LisboaInstituto Superior de Economia e GestãoRua Miguel Lúpi, 201200 LISBOATels. (01) 392 59 15/392 59 11/392 59 10Fax: (01) 397 26 84E-mail: [email protected]!.pt

CDE - Universidade Nova de LisboaFaculdade de EconomiaTravessa Estêvão Pinto (Carnpolide)1070 LISBOATe!. (01) 383 3624Fax: (01) 385 68 81E-mail: CDE_UNL@feun!.fe.un!.pt

CDE - Universidade de LisboaEdifício da Faculdade de DireitoAlameda das Universidades - Cidade Uni-

versitária1600 LISBOATe!. (01) 793 1566Fax: (01) 793 15 66E-mail: [email protected]

CDE - Universidade LusiadaRua da Junqueira, 194 (para correspondên-

cia)Rua da Junqueira, 188, 3." (para visita)1300 LISBOATels. (01) 361 1500/361 16 17Fax: (OI) 362 29 55E-mail: [email protected]

CDE - Colégio Universitário Pio XIIAvenida das Forças Armadas1699 LISBOATels. (01) 796 71 46/7/8/9Fax: (01) 796 71 49

CDE -Instituto Nacional de Administra-ção

Palácio do Marquês de Pombal27800EIRASTe!. 441 28 46Fax: 443 27 50E-mail: ina.cedoc@mai!.telepac.pt

CDE - Universidade dos AçoresRua Mãe de Deus9502 PONTA DELGADA CODEXTe!. (096) 65 31 55Fax: (096) 65 32 45E-mail: [email protected]

CDE - Universidade do PortoFaculdade de DireitoRua do Campo Alegre4150 PORTOTe!. (02) 607 96 53Fax: 607 96 59

CDE - Universidade LusíadaRua Dr. Lopo de Carvalho4300 PORTOTe!. (02) 557 08 53Fax: (02) 548 79 72E-mail: [email protected]

CDE - Universidade Católica PortuguesaRua Diogo Botelho, 13274150 PORTOTe!. (02) 618 02 36Fax: (02) 610 16 18E-mai!: [email protected]

83

Page 44: A Construção Europeia de 1945 aos nossos dias - Pascal Fontaine

CENTROS DE INFORMAÇÃO E ANIMAÇÃO RURAL (CIRs)(também conhecidos como «Carrefours», estão mais vocaciona-dos para apoio ao meio rural)

CIR de Bragança - Escola Superior Agrá-ria de Bragança

Instituto Poli técnico de BragançaQuinta de Santa ApolóniaApartado 1725300 BRAGANÇATels. (073) 330 33 07 / 330 32 82Fax: (073) 33 1683/25405E-mail: [email protected]

CIR do Oeste - Centro Europeu de Infor-mação e Desenvolvimento da RegiãoOeste - CEIDRO

D. R. de Agricultura do Ribatejo e Oeste,Zona Agrária das Caldas da Rainha

Rua Leonel SOltO MayorApartado 1142500 CALDAS DA RAINHATel. (062) 84 19 68Fax: (062) 84 19 69E-mail: [email protected]

ClR da Beira Litoral - Direcção Regionalde Agricultura da Beira Litoral

Avenida Fernão de Magalhães, 4653600 COIMBRATel. (039) 241 45Fax: (039) 336 79E-mail: [email protected]

CIR «In Loco» - Intervenção-Formação--Estudos para o DesenvolvimentoLocal

Rua Actor Nascimento Femandes, 26, 3.°8000 FAROTels. (089) 250 63 / 250 :i2Fax: (089) 271 75E-mail: [email protected]

CIR de Mértola - Associação de Defesado Património de Mértola

Rua da República, 27750 MERTOLATel. (089) 61 00 00Fax: (089) 61 00 01E-mail: [email protected]

CIR IDARN -lnstinHo para o Desenvol-vimento Agrário da Região Norte

Rua do Monte - CrastoVairão4480 VILA DO CONDETel. (052) 66 23 99Fax: (052) 66 17 80E-mail: [email protected]

EUROGABINETES (EURO-INFO CENTERS) (EICs) (criadospara apoiarem pequenas e médias empresas)

Eurogabinete - Câmara de Comércio deAngra do Heroismo

Rua da Palha, 32-349700 ANGRA DO HEROÍSMOTel. (095) 234 70Fax: (095) 271 31

Eurogabinete - Associação Industrial doDistrito de Aveiro

Cais da Fonte Nova (antigo edifício Fá-brica Jerónin;o Pereira Campos)

Alçado Sul, 3." pisoApartado 5843800 AVEIRO CODEXTel. (034) 200 95Fax: (034) 240 93E-mail: [email protected]

84

Eurogabinete - Comissão de Coordenaçãoda Região Centro

Rua Luis de Camões, 1503000 COIMBRATels. (039) 70 1475 / 70 15 62Fax: (039) 40 56 88E-mail: [email protected]

Eurogabinete - Associação Comercial eIndustrial de Coimbra

Parque de Feiras e ExposiçõesAlto da Relvinha3020 COIMBRATel. (039) 49 24 02Fax: (039) 49 20 64

Eurogabincte - IAPMEI (Instituto deApoio às Pequenas e Médias Empre-sas e ao Investimento)

Rua de Valasco, 19-C7000 ÉVORATels. (066) 218 75 / 218 76Fax: (066) 297 81E-mail: [email protected]

Eurogabinetc - Comissão de Coordena-ção da Região do Algarve

Praça da Liberdade, 28000 FAROTel. (089) 80 27 09Fax: (089) 80 66 87 / 80 35 91E-mail: [email protected]

Eurogabinete - Associação Comercial eIndustrial do Funchal

Câmara de Comércio e Indústria da MadeiraAvenida Arriaga, 419000 FUNCHALTel. (091) 23 01 37Fax: (091) 22 20 05E-mail: ê[email protected]

Eurogabinete - Antena de LeiriaCaixa Geral de DepósitosPraça de Gca, Damão e Diu2402 LEIRIA CODEXTel. (044) 81 21 95Fax: (044) 81 21 97E-mail: [email protected]

Eurogabinete - Caixa Geral de DepósitosAvenida João XXI, 63, 5.-Apartado 17951017 LISBOATels. (01) 790 50 47 / 790 53 89Fax: (01) 790 50 97E-mail: [email protected]

Eurogabinetc - Associação IndustrialPortuguesa

DATE - Apoio Técnico às EmpresasPraça das IndústriasApartado 32001304 LISBOATel. (01) 363 94 58Fax: (O I) 364 67 86E-mail: [email protected]: http://www.aip.pt

Eurogabinete - Câmara de Comércio e

Indústria dos AçoresRua Emesro do Canto, 139500 PONTA DELGADATel. (096) 270 73Fax: (096) 242 68E-mail: [email protected]

Eurogabinetc - Associação Industrial

Portuense

Exponor

4450 MATOSINHOSTel. (02) 998 15 80Fax: (02) 995 70 17E-mail: [email protected]

Eurogabinete - Antena Caixa Geral deDepósitos

Rua de Camões, 139-1554000 PORTOTel. (02) 200 45 99Fax: (02) 200 45 96E-mail: [email protected]

Eurogabinete - Antena de SetúbalCaixa Geral de DepósitosTravessa Frei Gaspar, 22900 SETÚBALTel. (065) 359 30Fax: (065) 328 13

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Page 45: A Construção Europeia de 1945 aos nossos dias - Pascal Fontaine

CENTROS DE INFORMAÇÃO TECNOLÓGICA, DE EM-PRESA E INOVAÇÃO (apoiam empresas em matérias de reor-ganização e modernização)

Centro de Informação Tecnológica (BICs-Business Innovation Center)

elEBI - Centro de Informação Empresa-rial da Beira Interior

Estrada do Sineiro, 546200 COVILHÃTels. (075) 32 47 50155Fax: (075) 32 47 50E-mai1: [email protected]

Centro de Informação Tecnológica (BICs-Business Innovation Center)

CIEA - Centro de Inovação Empresarialdo Alentejo

Rua da Barbarala, IParque Industrial e Tecnológico de ÉvoraApartado 4797005 ÉVORA CODEXTels. (066) 74 42 72/3Fax: (066) 74 42 74

Centro de Informação Tecnológica (BICs-Business Innavation Center)

Madeira TecnopoloCalçada de Santa Clara9000 FUNCHALTel. (091) 74 14 54Fax: (091) 74 14 20E-mai1: [email protected]

Centro de Inovação Tecnológica (BICs-Business Innovation Center)

AITEC - Tecnologias de Informação, S. A.Avenida Duque de Ávila, 23, 1."1000 LISBOATel. (01) 352 06 65Fax: (01) 352 63 14E-mail: [email protected]

Centro de Informação Tecnol6gica (BICs-Business Innovation Center)

CPIN - Centro Promotor de Inovação eNegócios

Avenida Almirante Reis, 178, r/c1000 LISBOATels. (O I) 847 68 84 I 847 7895/6Fax: (01) 847 58 93E-mail: [email protected]

86

Centro de Informação Tecnológica (BICs-Busincss Innovation Center)

CPINAL - Centro Promotor de Inovaçãoe Negócios do Algarve

Avenida Dr. Bemardino da Silva, 65, 2.",esq.

'87000LHÃOTel. (089) 70 79 20Fax: (089) 708 11 21E-mail: [email protected]

Centro de Informação Tecnol6gica (BICs-Business lnnovation Center)

NET, S. A. - Novas Empresas TecnologiasRua dos Salazares, 8424100 PORTOTels. (02) 617 05 79 1617 98 51Fax: (02) 617 76 62E-mail: [email protected]: http://www.net-sa.pt

Centro de Informação Tecnol6gica (BlCs-Business Innovation Center)

DET - Desenvolvimento Empresarial eTecnol6gico, S. A.

Rua Conde da Ribeira Grande, lote 2Zona Industrial de SantarémApartado 4452000 SANTARÉMTel. (043) 350 ai 50Fax: (043) 350 O I 60

Centro de Informação Tecnol6gica (BICs-Business Innovation Center)

CEISET - Centro de Empresa e de Inova-ção de Setúbal

Avenida Luísa Todi, 3752900 SETÚBALTel. 065) 53 51 59Fax: (065) 53 53 56E-mail: [email protected]

Centro de Informação Tecnol6gica (BICs-Business Innovarion Center)

NITSA - Negócios Inovação e TecnologiaParque Indústria CoimbrõesExpobciras3500 VISEUTel. (032) 47 97 84Fax: (032) 47 97 73

ENTROS DE INOVAÇÃO (CDIs) (apoiam as empresas na suainvestigação e desenvolvimento tecnológicos)

01- Agência de Inovação - TecMinhoPalllcio Vila FlorAvenida D. Afonso Henriques4810 GUIMARÃESTel. (053) 51 37 38Fax: (053) 51 38 43E·mail: apa·[email protected]

CDI - Agência de Inovação, S. A.Avenida dos Combatentes. 43-A. 10,°, C1600 LISBOATels. (01) 727 1621 1727 1677Fax: (01) 727 17 33E-mail: [email protected]: http://www.adi.pUadil

cor - Instituto de Soldadura e QualidadeTaguspark - EN 249, Km 3Cabanas - Leião27800EIRASTel. (01) 422 81 18Fax: (01) 422 81 21E-mail: [email protected]

CDI - Agência de Inovação, S. A.Rua de Sagres, 114150 PORTOTels. (02) 610 33 59/60Fax: (02) 610 33 61E-mail: [email protected]: http://www.adi.pt

CENTROS DE INFORMAÇÃO AO CONSUMIDOR (CICs)(prestam informação sobre assuntos de defesa do consumidor)

CIC - Agência Europeia de Informaçãosobre o Consumo

Associação de Municípios do Vale doAve

Rua Capitão .A lfredo Guimarães, I

4800 GUIMARÃESTels. (053) 421 24 00 I 51 82 35Fax: (053) 421 24 24/25E-mail: [email protected]: htlp://www.arisca.pt

A AQUISIÇÃO DE PUBLICAÇÕES É FEITA ATRAVÉS DE:

Imprensa Nacional-Casa da MoedaRua Marquês Sá da Bandeira, 16-A1050 LISBOATel. (01) 353 5282Fax: (O I) 353 02 94

Distribuidora de Livros Bertrand, L.,1a

Grupo Bertrand. S. A.Rua das Terras dos Vales, 4-A2700 AMADORA