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A Contabilidade Financeira e Analítica no Grupo Somelos Andréa Sophie Esteves Relatório de Estágio Grupo Somelos Mestrado em Contabilidade e Finanças Porto 2015 INSTITUTO SUPERIOR DE CONTABILIDADE E ADMINISTRAÇÃO DO PORTO INSTITUTO POLITÉCNICO DO PORTO

A Contabilidade Financeira e Analítica no Grupo Somelos … · iii RESUMO Este relatório incide na importância do departamento de Contabilidade, na vertente Contabilística, Fiscal

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A Contabilidade Financeira e Analítica no Grupo Somelos

Andréa Sophie Esteves

Relatório de Estágio – Grupo Somelos

Mestrado em Contabilidade e Finanças

Porto – 2015

INSTITUTO SUPERIOR DE CONTABILIDADE E ADMINISTRAÇÃO DO PORTO

INSTITUTO POLITÉCNICO DO PORTO

A Contabilidade Financeira e Analítica no Grupo Somelos

Andréa Sophie Esteves

Relatório de Estágio apresentado ao Instituto de Contabilidade e Administração do

Porto para a obtenção do grau de Mestre em Contabilidade e Finanças, sob orientação

do Doutor Adalmiro Álvaro Malheiro de Castro Andrade Pereira

Porto – 2015

INSTITUTO SUPERIOR DE CONTABILIDADE E ADMINISTRAÇÃO DO PORTO

INSTITUTO POLITÉCNICO DO PORTO

iii

RESUMO

Este relatório incide na importância do departamento de Contabilidade, na vertente

Contabilística, Fiscal e principalmente na Contabilidade Analítica de uma das empresas do

Grupo Somelos. Este grupo de empresas está ligado à Industria Têxtil e a empresa de

acolhimento (Servápia) é a responsável pela Contabilidade de todas as empresas do grupo.

Pretende-se com este projeto realçar que, na sociedade em que vivemos, a Contabilidade é

uma ferramenta indispensável, tanto para o processo de gestão, como para o processo

económico, e que a Contabilidade Analítica está destinada a servir todos os responsáveis da

empresa, independentemente da sua posição. Com isto, um dos principais objetivos a destacar

está relacionado com uma das atividades que terá maior impacto durante o estágio curricular, que

consiste em compreender e descrever como opera a Contabilidade Analítica no meio têxtil.

A metodologia utilizada para este estudo é, na vertente da investigação qualitativa, a recolha da visão

de vários autores sobre este tema, e no desenvolvimento de um estudo de caso numa empresa do

setor em análise, o setor têxtil, no sentido de consolidar e validar os fundamentos teóricos.

Uma das limitações deste estudo será o pouco conhecimento do meio têxtil, nomeadamente a

operacionalidade da empresa de produção de fios, sobretudo na compreensão de todas as fases que

fazem parte deste processo.

Através do contacto com a realidade, este estágio permitiu observar, estudar e compreender os

métodos internos adotados, assim como entender a estrutura organizacional das empresas do grupo.

Palavras-chave: Contabilidade Geral; Contabilidade Analítica; Centros de Custo; Custo Industrial; Custo

não Industrial;

iv

ABSTRACT

This report occurs in the scope of the Accounting Department, in the ambits of Accounting,

Fiscal and mainly on the Analytical Accounting of one of the companies of Somelos’ Group.

This group of companies is connected to the Textile Industry and acceptance company

(Servápia) is responsible for the accounting of all the group’s companies.

It is intended with this Project to emphasize that, in the society in which we live on, accounting is a

fundamental tool, both on the management process, as well as in the economical process, and that

Analytical Accounting is destined to serve all the members of a company, independently of the

position. Therefore, one of the main objectives to emphasize is related with one of the activities that

will have great impact during the internship, which rests in comprehend and describe how the

Analytical Accounting operates on the textile field.

The methodology used in this study is, in the ambit of qualitative investigation, the gathering of the

perspectives of several authors about this issue, and in the development of a case study in a company

of the industry in analysis, the textile industry, to consolidate and validate the theoretical foundations.

One of the limitations of this study will be the lack of knowledge of the textile industry, namely its

operation of yarns’ production, mainly the comprehension of every stage of this production process.

Through contact with reality, this internship will allow to observe, study and comprehend the internal

methods used, as well as to understand the organizational structure of the group’s companies.

Keywords: General Accounting; Analytical Accounting; Cost Centers; Industrial Cost; Non-industrial

Cost;

v

AGRADECIMENTOS

Este trabalho representa o fim de mais uma grande etapa na minha vida e na minha formação

académica, repleta de esforço próprio mas também com o contributo e ajuda de outras

pessoas. Não posso deixar de expressar o meu muito Obrigada a estas pessoas.

Agradeço à Doutora Ana Maria Bandeira por todo o apoio, esclarecimentos e conselhos que

nos deu enquanto Professora e Diretora de Mestrado.

A realização deste relatório não seria possível sem o apoio, sugestões e disponibilidade do

meu orientador, Doutor Adalmiro Álvaro Malheiro de Castro Andrade Pereira, que se

disponibilizou deste o primeiro momento em que solicitei a sua ajuda mostrando-se ser uma

excelente pessoa.

Agradeço também e de uma forma especial, a entidade de acolhimento (Servápia),

nomeadamente o Engenheiro Leonel Oliveira por ter estabelecido a ligação entre o ISCAP e

a empresa, à Dra. Ana Paula Pereira, à Dra. Paula Ferreira, à Cristina Moura, à Catarina

Domingues e aos restantes colegas pelo apoio incondicional que me derem ao longo do

estágio.

Quero agradecer também à minha família, especialmente aos meus pais e ao meu irmão,

pelos conselhos, pela paciência, pela motivação, sem o seu apoio nada disto teria sido

possível.

Aos amigos de Licenciatura, Mestrado e outros que em muito contribuíram direta ou

indiretamente para a realização deste trabalho, João Ribeiro, Ângela Silva, Bruna Delgado,

Diana Ferreira, Francisca Mota e Rafael Veiga.

vi

ABREVIATURAS E SIGLAS

AFT – Ativos Fixos Tangíveis

BPI – Banco Português de Investimento

CC – Contabilidade de Custos

CG – Contabilidade de Gestão

CIRC – Código do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas

GGF – Gastos Gerais de Fabrico

IVA – Imposto sobre o valor acrescentado

IRS – Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares

IES – Informação Empresarial Simplificada

IPSS - Instituição Particular de Solidariedade Social

MD – Matéria direta consumida

MOD – Mão-de-obra direta

MOI – Mão-de-obra indireta

PME – Pequenas e Médias Empresas

SNC – Sistema de Normalização Contabilística

TOC – Técnico Oficial e Contas

vii

ÍNDICE

Resumo ................................................................................................................................. iii

Abstract ................................................................................................................................. iv

Agradecimentos ..................................................................................................................... v

Abreviaturas e Siglas ............................................................................................................ vi

Índice de Quadros ................................................................................................................. ix

Índice de Ilustrações ............................................................................................................. xi

Introdução ............................................................................................................................. 1

Capítulo 1 – Apresentação e contextualização da empresa .................................................. 4

1.1. História e caracterização da empresa têxtil ................................................................. 4

1.2. Evolução e Missão do Grupo ...................................................................................... 6

1.3. Principais áreas de produção do Grupo Somelos e do Grupo Fabricgate ................... 7

1.3.1. Somelos MIX ........................................................................................................ 8

1.3.2. Somelos Tecidos S.A. .......................................................................................... 9

1.3.3. Somelos Acabamentos Têxteis S.A. ....................................................................10

1.4. Internacionalização do Grupo Fabricgate e do Grupo Somelos .................................11

1.5. Empresa de Acolhimento – Servápia .........................................................................13

Capítulo 2 – Revisão da Literatura .......................................................................................14

2.1. Contabilidade de Custos/Analítica vs Gestão .............................................................14

2.2. Objetivos da Contabilidade Analítica ..........................................................................17

2.3. Conceito de Custo do Produto ...................................................................................18

2.3.1. Custo industrial e não industrial ...........................................................................18

2.3.2. Custos Variáveis e Custos Fixos .........................................................................19

2.3.3. Custos Diretos e Custos Indiretos .......................................................................20

2.3.4. Custos do Produto e Custos do Período ..............................................................21

2.3.5. Custos reais e Custos Teóricos ...........................................................................22

2.3.6. Custos Controláveis e Custos não Controláveis ..................................................22

2.4. Componentes do Custo do Produto ...........................................................................22

2.4.1. Matérias-primas ...................................................................................................23

2.4.2. Matérias Subsidiárias ..........................................................................................23

2.4.3. Mão-de-obra direta ..............................................................................................23

2.4.4. Mão-de-obra indireta ...........................................................................................23

viii

2.4.5. Gastos Gerais de Fabrico ....................................................................................24

2.5. Linha de produção e Posto de incorporação das matérias-primas .............................24

2.6. Centros de Custo .......................................................................................................25

2.6.1. Métodos de imputação (imputação de base única ou de base múltipla) ..............25

2.6.2. Método das secções homogéneas ......................................................................26

Capitulo 3 – Estudo da Contabilidade Financeira e Analítica no Grupo Somelos .................28

3.1. Descrição das funções realizadas na empresa de acolhimento .................................28

3.1.1. Contabilidade Geral ou Financeira ......................................................................30

3.1.2. Contabilidade Analítica no Grupo ........................................................................60

Conclusões ..........................................................................................................................80

Bibliografia ...........................................................................................................................82

Anexos .................................................................................................................................86

Anexo 1 – Numeração relativa a cada banco ....................................................................87

Anexo 2 – Espelho e respetiva fatura ...............................................................................88

Anexo 3 – Reembolso do IVA ...........................................................................................90

Anexo 4 – Fatura relativa a um alojamento no estrangeiro ...............................................91

Anexo 5 – Reconciliação Bancária ....................................................................................92

Anexo 6 – Matriz da Repartição Primária ..........................................................................93

Anexo 7 – Cálculo dos devios das matérias primas ..........................................................94

Anexo 8 – Ficha Técnica ..................................................................................................96

Anexo 9 – Carta de recomendação ...................................................................................97

ix

ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1 - Número de trabalhadores do Grupo Somelos .....................................................12

Quadro 2 - Número de trabalhadores do Grupo Fabricgate ..................................................13

Quadro 3 - Contabilidade de Custos – principais autores .....................................................16

Quadro 4 - Contabilidade de Gestão - principais autores .....................................................17

Quadro 5 - Características das secções homogéneas .........................................................27

Quadro 6 - Subcontas da conta 12 – Depósitos à Ordem .....................................................31

Quadro 7 - Subcontas da conta 14 – Outros Instrumentos Financeiros ................................31

Quadro 8 - Subcontas da conta 21 - Clientes .......................................................................32

Quadro 9 - Subcontas da conta 23 – Pessoal ......................................................................33

Quadro 10 - Subcontas da conta 24 – Estado e Outros Entes Públicos ...............................34

Quadro 11 - Subcontas da conta 25 – Financiamentos obtido..............................................34

Quadro 12 - Subcontas da conta 27 – Outras contas a receber e apagar ............................35

Quadro 13 - Subcontas da conta 28 – Diferimentos .............................................................35

Quadro 14 - Subcontas da conta 31 – Compras ...................................................................36

Quadro 15 - Subcontas da conta 43 – Ativos Fixos Tangíveis ..............................................37

Quadro 16 - Subcontas da conta 56 – Resultados Transitados ............................................37

Quadro 17 - Subcontas da conta 62 – Fornecimentos e Serviços Externos .........................38

Quadro 18 - Subcontas da conta 71 – Vendas .....................................................................39

Quadro 19 - Subcontas da conta 81 – Resultado do Período ...............................................40

Quadro 20 - Processamento de Salário ................................................................................53

Quadro 21 - Tabela de Retenção da Fonte para o Continente – 2015 / Tabela III – Trabalho

Dependente – Casado dois Titulares ....................................................................................55

x

Quadro 22 - Cálculo da Sobretaxa .......................................................................................56

Quadro 23 - Cálculo da Sobretaxa referente aos subsídios ..................................................56

Quadro 24 - Processamento do salário ................................................................................57

Quadro 25 - Pagamento da remuneração ............................................................................57

Quadro 26 - Centros de custos das Secções Principais .......................................................62

Quadro 27 - Centros de custos das Secções Auxiliares .......................................................62

Quadro 28 - Subcontas da conta 90 – Contas refletidas e não refletidas .............................64

Quadro 29 - Subcontas da conta 95 – Centros de Custos Principais....................................64

Quadro 30 - Exemplo de Repartição Primária ......................................................................69

Quadro 31 - Exemplo de Repartição Primária (lançamento manual) ....................................70

Quadro 32 - Subcontas da classe 91 ....................................................................................73

Quadro 33 - Calculo da repartição dos gastos auxiliares pelos setores principais ................74

Quadro 34 - Subcontas da conta 95 230190 – centros de custos principais .........................74

Quadro 35 - Distribuição de custos pelos setores principais .................................................75

xi

ÍNDICE DE ILUSTRAÇÕES

Ilustração 1 - Parque Empresarial da Industrias Têxteis Somelos ......................................... 5

Ilustração 2 - Matriz que relaciona custos diretos e indiretos com custos fixos e variáveis ...20

Ilustração 3 - Organigrama Empresa de Contabilidade: Servápia ........................................28

Ilustração 4 - Lançamento Contabilístico (listagem) .............................................................42

Ilustração 5 - Nota de pagamento ........................................................................................42

Ilustração 6 - Procedimento de alteração do Fluxo de Caixa ................................................43

Ilustração 7 - Fatura do caixa ...............................................................................................44

Ilustração 8 - Organigrama relativo à produção da empresa ................................................61

Ilustração 9 - Custos Industriais (Somelos) ..........................................................................66

1

INTRODUÇÃO

Atendendo aos organismos a que se destina, a Contabilidade divide-se em vários ramos,

existindo a Contabilidade Privada, Pública e Nacional. Dependendo do objeto existe a

Contabilidade Financeira e a Contabilidade Analítica (Monteiro, 2013). Sendo nestas duas

últimas as áreas da contabilidade que o projeto será desenvolvido.

De acordo com Caiado (2011, p. 48), “um dos objetivos da Contabilidade Geral ou Financeira

é o controlo das relações com terceiros, a relevação das variações patrimoniais e o

apuramento do resultado global”, ou seja, através desta consegue-se entender qual a posição

financeira e o desempenho económico da empresa. No entanto, a Contabilidade Financeira

tem algumas insuficiências, como por exemplo, não determina o custo unitário de cada

unidade produzida ou serviço prestado, sendo esta uma informação necessária para a

determinação dos preços de venda, para a valorização das existências finais e para efeitos

de controlo dos custos de produção.

Já a Contabilidade de Custos tem como objetivo o apuramento e análise dos custos

industriais, ou seja, para o mesmo autor “classificação e imputação dos gastos industriais de

acordo com os critérios e sistemas seguidos na empresa, de modo a obterem-se dados que

sirvam para o controlo da gestão industrial”. A contabilidade analítica é uma ferramenta que

auxilia e facilita o controlo e apoio à gestão.

Atualmente, com a finalidade de aumentar a probabilidade de atingirem os objetivos

estabelecidos, a necessidade dos gestores em dispor de informação sobre os custos tem

vindo a aumentar. É de grande importância salientar que foi nas indústrias que a Contabilidade

Analítica mais se desenvolveu devido à necessidade particular que importa satisfazer,

nomeadamente, o apuramento dos custos da produção.

A elaboração deste projeto tem como principal objetivo descrever todo o processo

contabilístico do Grupo Somelos, dado que cada vez mais as empresas estão sujeitas a novas

exigências de controlo e transparência. Consequentemente é dado a conhecer o Grupo

Somelos, que é constituído por onze empresas, sendo uma das empresas a empresa de

acolhimento (Empresa Servápia) e a Somelos MIX, a empresa têxtil que será objeto de estudo

na empresa de acolhimento, sendo também importante salientar, que adquirir conhecimentos

da realidade profissional e aplicar todo o conhecimento teórico que foi adquirido ao longo da

licenciatura e mestrado, se tornam também uma dos objetivos principais.

2

Será também objeto de estudo, de uma forma mais aprofundada, a importância da

Contabilidade Analítica neste setor e todo o processo envolvente, visto que a contabilidade é

uma ferramenta indispensável, tanto para o processo de gestão, como para o processo

económico, e que a Contabilidade Analítica está destinada a servir todos os responsáveis da

empresa, independentemente da sua posição. Com a oportunidade de estágio numa empresa

relacionada com o setor têxtil, faz todo o sentido que o tema principal da revisão da literatura

seja a contabilidade analítica.

O relatório encontra-se estruturado em três diferentes capítulos, no primeiro capítulo será feita

uma apresentação do Grupo Somelos, onde será evidenciada a descrição histórica da

empresa que posteriormente se tornou num grupo, a sua evolução e a sua internacionalização

ao longo do tempo.

No segundo capítulo (revisão da literatura) será abordada toda uma base teórica sobre a

importância e conceitos relacionados com a Contabilidade Analítica, de forma a fundamentar

toda a prática que será descrita no capítulo três.

No terceiro e último capítulo serão descritas todas as atividades que foram efetuadas ao longo

dos seis meses de estágio na empresa, explicando-se todo processo, desde a chegada dos

documentos à empresa, todo o seu tratamento até ao arquivo dos mesmos. Será também

descrito todo o plano de contas utilizado, bem como o programa de contabilidade utilizado e

métodos de controlo interno.

A metodologia utilizada será realizada na vertente de investigação qualitativa, que consiste

em recolher a visão de vários autores sobre a temática da Contabilidade Analítica. Araújo et

al., (2008), afirma que os estudos qualitativos têm um forte cariz descritivo, daí que a grande

maioria dos investigadores considere o estudo de caso como uma modalidade de plano

qualitativo.

Posteriormente será então efetuado um estudo de caso. Segundo Araújo et al., (2008, p. 4)

um “estudo de caso trata-se de uma abordagem metodológica de investigação especialmente

adequada quando procuramos compreender, explorar ou descrever acontecimentos e

contextos complexos, nos quais estão simultaneamente envolvidos diversos fatores.” Assim

a elaboração do relatório de estágio trata-se de um estudo de caso, sobre a qual se procura

compreender e descrever acontecimentos efetuados ao longo do período de estágio tendo

como base a recolha de dados e análise dos mesmos tanto na área da contabilidade financeira

como na área da contabilidade de custos, nomeadamente no setor têxtil.

3

Finalmente serão apresentadas as conclusões sobre os temas abordados ao longo do

trabalho, bem como, todos os conhecimentos que foram adquiridos ao longo deste estágio.

Tendo em conta que o mundo empresarial se torna cada vez mais competitivo, as empresas

procuram novas ferramentas de controlo para melhorar o funcionamento das suas atividades,

a qualidade dos seus produtos e serviços. Desta forma, as empresas utilizam a Contabilidade

de Custos como ferramenta essencial e fundamental para desenvolver todas as técnicas de

controlo.

4

CAPÍTULO 1 – APRESENTAÇÃO E CONTEXTUALIZAÇÃO

DA EMPRESA

Das possibilidades que existiam no quarto semestre de mestrado em Contabilidade e

Finanças a opção que foi escolhida foi a realização de um estágio de aproximadamente de

seis meses numa entidade para estar em contacto direto com a realidade Contabilística, de

forma a aprofundar os conhecimentos que foram adquiridos ao longo da licenciatura e

mestrado. Ao longo deste capítulo será feita uma descrição da entidade de acolhimento,

Servápia e consequentemente do Grupo empresarial de que esta faz parte.

1.1. História e caracterização da empresa têxtil

As atuais empresas que constituem o Grupo Somelos e Grupo Fabricgate, resultaram de

sucessivas reconfigurações societárias da sociedade original, a Sociedade Teixeira de Melo

& Filhos, Lda, fundada a 22 de Janeiro de 1958, uma empresa integrada na fileira têxtil

portuguesa, mas que nos seus primeiros anos dedicava-se apenas à produção de fios, sendo

que, só mais tarde iniciou a produção de tecidos de algodão.

A empresa tornou-se numa sociedade anónima em 1971 com o nome de Indústrias Têxteis

Somelos, S.A.. Mais tarde, em 1974, transformou-se numa empresa vertical com a entrada

em funcionamento das áreas complementares de tingimento e acabamento de fios e tecidos.

Em 1990, na tentativa de fazer face aos novos desafios de mercado, a empresa levou a cabo

uma reestruturação profunda e pioneira na indústria têxtil portuguesa, autonomizando as suas

diversas áreas de produção e serviços. Assim, a estratégia da gestão passou pela referida

autonomização das diferentes áreas produtivas da empresa Indústrias Têxteis Somelos S.A.,

nascendo as empresas Somelos Fios S.A. e Somelos Fiafio S.A., para a área da produção de

fios, a Somelos Tecidos S.A., para a área da tecelagem, e a Somelos Acabamentos Têxteis

S.A., para as áreas de tingimento e acabamento de fios e tecidos.

Nos anos seguintes, o processo de autonomização foi continuado, sendo criadas empresas

para a área da organização administrativa e fiscal, uma software house, produção de energia

elétrica em regime de cogeração, bem como uma empresa de manutenção industrial.

Culminando este processo de reorganização empresarial, em 1991 foi constituída a sociedade

anónima denominada por Somelos S.G.P.S, S.A., esta passou a ser a empresa mãe do grupo,

detida maioritariamente pela família fundadora.

5

Desde a sua fundação, a empresa instalou-se na rua 25 de Abril 1681, pertencente à freguesia

de Ronfe, uma das 69 freguesias pertencentes ao concelho de Guimarães, apresentado uma

área de aproximadamente 5 𝑘𝑚2, uma população de 4.487 habitantes e uma densidade de

aproximadamente 900 h/𝑘𝑚2.

As empresas encontram-se instaladas no mesmo local da empresa fundadora, denominado

agora de Parque Empresarial das Indústrias Têxteis Somelos SA, com uma área de

aproximadamente 300.000 𝑚2.

Na Ilustração 1 pode-se verificar que a área delimitada a vermelho é referente ao parque

industrial, que está localizado no concelho de Guimarães, em plena região do Vale do Ave.

Este parque industrial situa-se no eixo Guimarães/Famalicão.

Ilustração 1 - Parque Empresarial da Industrias Têxteis Somelos

Fonte: https://www.google.pt/maps/search/grupo+somelos/@41.4823813,-8.43844252,12z,

consultado a 20 de fevereiro de 2015.

A localização constitui uma vantagem na estratégia da empresa, com ligação às principais

vias de comunicação norte, sul, este e oeste, tendo ainda uma proximidade com as estruturas

ferroviárias, aéreas e marítimas, já que a zona do Porto, servida pelo aeroporto Francisco Sá

Carneiro e Porto de Leixões, fica apenas a 50 km, sendo o acesso por autoestrada, com nós

de acesso localizados a 5 Km do Parque Empresarial.

Além destas vantagens, permite também um rápido acesso a toda a região do Vale do Ave e

do Vale do Cávado, estabelecendo também uma fácil ligação à Galiza.

6

1.2. Evolução e Missão do Grupo

Percurso cronológico do Grupo Somelos:

1958 – Criação das Indústrias Têxteis Somelos, S.A.

1973 – Criação das Confeções Guima, S.A

1990 – Criação da Somelos Fios, S.A

1990 – Criação da Somelos Fiafio - Fios Têxteis, S.A.

1990 – Criação da Somelos Acabamentos Têxteis, S.A.

1990 – Criação da Somelos Tecidos, S.A.

1993 – Criação da Fluxodata – Aplicações Informáticas Lda

1993 – Criação da Servápia – Serviços de Apoio Informático e Administrativo Lda

1998 – Criação da Somelos MIX - Fios Têxteis, S.A.

2000 – Criação da Somelos Aktivewear S.A.

2000 – Criação da Somelos Tecidos Brasil Ltda

2005 – Criação da Tecnoyarn-Somelos-Portugal – Comércio de Têxteis Lda

2009 – Criação da Somelos Internacional Hong-Kong

2014 – Criação da Somelos America Inc.

Fonte: Relatórios de Contas 2014

Com a segmentação estratégica do grupo, cada empresa possui uma gestão autónoma, com

objetivos específicos, procurando desde sempre servir os respetivos nichos de mercado com

um elevado grau de profissionalismo e de competência fazendo face a clientes exigentes em

termos de inovação, qualidade, serviço e flexibilidade.

Neste novo modelo de ordenamento das diferentes áreas de negócio, as Indústrias Têxteis

Somelos S.A. têm como atividade principal a gestão do Parque Empresarial e a compra e

venda de eletricidade. Esta compra eletricidade para posteriormente vender às empresas que

estão instaladas no parque.

As Confeções Guima S.A. apresentam como atividade principal o exercício da indústria de

confeções e malhas. Esta empresa também está situada no Parque Empresarial.

A Somelos Acabamentos Têxteis, S.A. tem como objeto principal o tingimento e

acabamento de fios e tecidos. Dada a natureza da sua atividade industrial, esta empresa tem

ainda como atividade secundária o tratamento e encaminhamentos de águas residuais.

7

A empresa Somelos Tecidos S.A., empresa que opera na área da tecelagem, é um dos mais

importantes fabricantes de tecidos de camisaria de alta qualidade, dirigidos às mais

importantes marcas da moda mundial.

A empresa Fluxodata presta serviços de desenvolvimento e implementação de aplicações

informáticas, processamento de dados, comercialização de equipamentos e aplicações

informáticas.

A Somelos MIX, é a mais recente criação no grupo das empresas de fiação, trabalhando com

nichos do mercado menos explorados e altamente especializados, executando apenas

encomendas de produtos muito diversificados.

A Somelos Aktivewear é outra empresa pertencente ao Grupo Somelos e a sua atividade

estava direcionada para o comércio de têxteis, nomeadamente no desenvolvimento e

conceção de tecidos, produção, acabamento e confeção de tecidos e a comercialização dos

artigos têxteis. Atualmente esta empresa está inativa há cerca de três anos.

A empresa Tecnoyarn, situa-se também no parque industrial, sendo que 50% desta empresa

pertence ao Grupo Somelos os restantes 50% pertencem a uma empresa Italiana, sendo que

a sua principal função consiste na comercialização de fios.

De modo a procurar ter sempre uma posição cimeira no mercado o Grupo Somelos investe

regularmente de forma a manter atual todo o seu equipamento e processo produtivo, tanto na

parte técnica como nos recursos humanos.

Desta forma os principais objetivos do Grupo Somelos são a conceção, o

desenvolvimento, a produção, o acabamento e comercialização de fios, o acabamento de

tecidos e ainda a prestação de serviços de confeção.

1.3. Principais áreas de produção do Grupo Somelos e do Grupo

Fabricgate

Em resultado da necessidade de responder aos novos desafios colocados pela gestão, em

2013, o Grupo Somelos iniciou uma nova reorganização das diferentes empresas do grupo,

sendo criado o Grupo Fabricgate, através da criação da empresa-mãe Fabricgate – S.G.P.S.,

S.A., no qual viriam a ser integradas a Somelos Tecidos, S.A., a Somelos Tecidos Brasil, Ltda

e, em finais de 2014, a Somelos Acabamentos Têxteis S.A.

8

Além destas, a Somelos America Inc., maioritariamente detida pela Somelos Tecidos S.A.,

passou também para órbita deste novo grupo.

As três maiores áreas de produção, e que apresentam maior importância nestes grupos, são

a fiação, a tecelagem e os acabamentos. A fiação pertence à Somelos MIX, a tecelagem

pertence à Somelos Tecidos e por fim os acabamentos que estão sob a alçada da Somelos

Acabamentos.

1.3.1. Somelos MIX

Até 2013, existiam três empresas de fiação, denominadas Somelos Fios, Somelos Fiafio e

Somelos MIX. Estas encontraram algumas dificuldades para desenvolver a sua atividade

normal de produção/comercialização e, por motivos económicos, foram obrigadas a recorrer

ao Processo Especial de Revitalização (PER). Desta forma iniciou-se um projeto de fusão por

incorporação das três empresas: Somelos MIX (sociedade incorporante), Somelos Fios e

Somelos Fiafio (sociedades incorporadas). As sociedades participantes procederam à sua

fusão mediante a transferência global do património das sociedades Somelos Fios e Somelos

Fiafio para a sociedade Somelos MIX.

A Somelos Fios tinha desde a data da sua fundação um modelo de adaptação da sua

atividade às novas condições do mercado, tendo uma estratégia baseada num novo

posicionamento focado na oferta de produtos inovadores e de moda, que eram

comercializados numa lógica de proximidade em séries curtas e com entregas rápidas.

A Somelos Fiafio também evoluiu sempre ao ritmo da procura, direcionando a sua produção

para o desenvolvimento de fios mais finos com novas misturas, sendo especialista em fios de

mesclas 100% algodão.

Com o processo de fusão por incorporação, a sociedade incorporante, a Somelos MIX,

passou a responsabilizar-se pelas áreas de negócio das incorporadas, assumindo igualmente

a uma abordagem mais especializada no mercado dos fios, com utilização de vários tipos de

matérias-primas como a lã, a seda, a caxemira e o bambu. Esta empresa exporta cerca de

70% do que produz para vários países como a Espanha, França, Grécia, Reino Unido,

Finlândia, E.U.A, China, sendo o seu principal mercado atual a Itália.

Como o negócio das três empresas era complementar, e a estrutura produtiva estava

organizada da mesma forma, tudo indicava que uma fusão das três sociedades levaria a uma

9

forte vantagem competitiva, tornando a nova empresa robusta ao ponto de fazer face à

concorrência e também acompanhar o nível cada vez mais exigente dos nichos do mercado.

Atualmente, a Somelos MIX mantém uma imagem positiva e de inovação no mercado, através

do desenvolvimento de produtos que procuram acompanhar as tendências da moda atual,

dispondo desta forma uma equipa interna que produz anualmente duas coleções,

apresentando-as nas principais feiras da especialidade, em Itália e França.

A Somelos Mix investe regularmente em programas de formação de pessoal de forma a

incentivar os trabalhadores a prosseguir a sua qualificação quer complementando a formação

base com nova formação ou fomentando a conclusão de graus académicos que no passado

foram interrompidos pelos colaboradores. Desta forma a empresa pretende sempre manter o

seu estatuto de “empresa inovadora”1 e para isto é necessário procurar novas soluções

técnicas e novos desenvolvimentos de produtos. Para reforçar esta imagem a Somelos Mix

tem associada a si projetos de parceria com o Departamento de Engenharia Têxtil da

Universalidade do Minho que tem como objetivo obter produtos com novas aplicações e

acabamentos para assim poder oferecer ao mercado novas soluções de produtos finais. Em

2014 o volume de negócios da Somelos MIX atingiu um total de 10.942.443,57€, em que no

mercado interno atingiu um valor de vendas de 4.545.334,69€, no mercado comunitário

5.010.964,20€ e para o mercado externo atingiu o valor de 1.386.144,68€. O volume de

negócios aumentou em aproximadamente 50% relativamente a 2013 (Relatório de contas,

2015).

1.3.2. Somelos Tecidos S.A.

Esta empresa resultou da reestruturação das atividades das Indústrias Têxteis Somelos S.A.

através da autonomização das diversas áreas de produção e serviços e tem como atividade

principal a produção e comercialização de tecidos têxteis. A empresa trabalha com uma

grande variedade de clientes, desde, pequenos confecionadores até às mais prestigiadas

casas de moda mundiais.

As suas coleções são desenvolvidas internamente por uma equipa de designers que

trabalham em conjunto com alguns especialistas internacionais. A Somelos Tecidos concorre

globalmente com um grupo muito restrito de tecelagens que partilham o mesmo lema, um

serviço de qualidade muito elevado. Parte dos recursos desta empresa estão direcionados

para criar e desenvolver produtos com propriedades inovadoras de forma a dar respostas

1 www.somelos.pt, consultado a 23 de Fevereiro de 2015

10

adequadas aos segmentos do mercado, correspondendo assim à procura, assegurando ainda

o desenvolvimento de amostras.

A estrutura da Somelos Tecidos dispõe de um elevado nível de flexibilidade, o que lhe permite

a implementação da estratégia de reorganização que lhe possibilita diariamente adaptar-se a

novos patamares de atividade sem pôr em causa a sua capacidade de resposta às

solicitações do mercado. Toda esta estratégia resulta de coleções que abrangem uma grande

gama de produtos orientados para o mercado e que são reconhecidas e aceites num mercado

de excelência.

Toda a produção é apoiada por tecnologia de última geração com sistemas de informação e

de controlo de gestão muito fiáveis e precisos, dispondo também de um laboratório físico onde

são feitas as avaliações necessárias para uma caracterização objetiva das matérias-primas e

dos produtos. A necessidade de manter um estatuto de empresa inovadora obrigou a busca

de novas soluções técnicas que permitissem desenvolver os níveis de eficácia e qualidade

dos produtos. Mais uma vez a Somelos Tecidos tem vindo a desenvolver projetos de parceria

com a Universidade do Minho.

Os resultados que têm vindo a ser alcançados demonstram a legitimidade da estratégia que

tem vindo a ser seguida, pois a empresa tem desenvolvido a sua competitividade no mercado

global em que cerca de 75% das vendas estão concentradas no Mercado Europeu, sendo

que o restante está distribuído pelo Médio Oriente e pela América do Norte.

1.3.3. Somelos Acabamentos Têxteis S.A.

A Somelos Acabamentos Têxteis S.A., resulta também da reestruturação das Industrias

Têxteis Somelos S.A., e está vocacionada para a prestação de serviços de tinturaria e

acabamentos diferenciados, sendo que os seus serviços são particularmente dirigidos para

camisaria e vestuário exterior, em artigos com texturas, composições, acabamentos e

aplicações especiais. Atualmente esta empresa apresenta uma alta experiência no tratamento

de produtos de alta tecnologia e moda. Na sua atividade normal continua a investir em novos

processos e soluções inovadoras de fios e tecidos.

Introduzir novos materiais e novas funcionalidades nos produtos acabados é mais um desafio

para a empresa, de forma a afirmar a sua capacidade de investigação de novas técnicas. Ao

longo da sua existência a Somelos Acabamentos criou e consolidou uma imagem de

competitividade e confiança, sendo que hoje é uma empresa experiente no seu ramo. Desde

11

sempre esta empresa mostrou o seu permanente esforço para se manter a par das modas

atuais no mercado têxtil fazendo sempre face aos novos desafios do mercado.

Desta forma, a Somelos Acabamentos continua a investir regularmente em novos processos

e soluções inovadoras para poder disponibilizar ao mercado acabamentos tecnicamente

inovadores de fios e tecidos, híbridos e com filamentos elásticos de alma, onde o

conhecimento nesta área ainda é muito reduzido. Isto faz com que a empresa seja colocada

num patamar de competitividade diferenciador no mercado.

1.4. Internacionalização do Grupo Fabricgate e do Grupo Somelos

Como já se referiu, em 2013 nasceu, a partir do Grupo Somelos, o Grupo Fabricgate. Assim,

no primeiro grupo ficaram concentrados os interesses na produção de fios e organização

administrativa e informática, bem como a gestão do Parque Empresarial e venda de energia

elétrica. No Grupo Fabricgate concentram-se as atividades diretamente ligadas à produção e

comercialização de tecidos e acabamentos.

O Grupo Fabricgate tem como principal objetivo dedicar-se à gestão de participações sociais

em sociedade industriais e comerciais, nomeadamente na área têxtil. Desta forma, este Grupo

tem como função a conceção, o desenvolvimento, a produção, a comercialização de tecidos

têxteis, a produção e a comercialização de artigos confecionados e ainda a prestação de

serviços complementares de tecelagem.

A maior área de negócios do Grupo Fabricgate é a produção de tecidos, sendo que a mais

recente etapa de internacionalização do Grupo é a Somelos América Inc., (esta é detida

maioritariamente pela Somelos Tecidos, empresa mãe da Somelos América, que está

instalada na cidade de Nova Iorque nos Estados Unidos da América).

A Somelos Tecidos em 2014 vendeu mais de 35 milhões de euros a mais de 1.500 clientes

em 60 países e as suas exportações situaram-se perto dos 90%, atuando assim num nicho

de mercado de média e alta gama face aos produtos oferecidos ganhando assim uma grande

notoriedade no mercado global.

A Somelos Tecidos Brasil, sediada no sul do Brasil, contribuiu em 2014 com 4,6 milhões de

euros para o volume de negócios do Grupo.

A China conta também com a presença do Grupo Somelos, que, desde 1996, exporta os seus

tecidos tintos em fio para camisaria para o mercado asiático, existindo um número razoável

12

de clientes que de forma não periódica procedem a encomendas, pelo que desta forma as

vendas concentram-se num número reduzido de clientes.

A procura em produtos de elevada qualidade aumentou na década passada mas de acordo

com a abordagem que se fazia perante o mercado não se conseguia fazer face nem chegar

aos clientes facilmente. Para facilitar esta proximidade, o Grupo Somelos criou uma

plataforma comercial instalada em Hong-Kong, denominada Somelos Internacional Hong-

Kong, que tem como principal objetivo representar nos mercados da região os interesses e

os produtos do Grupo e desta forma estabelecer uma maior proximidade com o mercado.

No quadro 1 e 2 pode-se visualizar o número total de trabalhadores que atualmente, 2015,

constitui cada empresa de cada grupo.

Quadro 1 - Número de trabalhadores do Grupo Somelos

Empresas Masculino Feminino TOTAL

Somelos S.G.P.S 6 1 7

Industrias Têxteis Somelos 14 9 23

Fluxodata 10 4 14

Servápia 9 9 18

Somelos MIX 145 70 215

Somelos Aktivewwear 1 - 1

Confeções Guima 8 74 82

Tecnoyarn 4 1 5

Somelos Internacional Hong-Kong 2 - 2

Fonte: Elaboração própria

13

Quadro 2 - Número de trabalhadores do Grupo Fabricgate

Empresas Masculino Feminino Total

Somelos Tecidos 284 202 485

Somelos Acabamentos Têxteis 133 45 178

Somelos Tecidos Brasil 97 56 141

Somelos América2 - - -

Fonte: Elaboração própria

1.5. Empresa de Acolhimento – Servápia

A empresa de acolhimento, designada por Servápia foi fundada em 1993, a partir de um

departamento próprio da empresa, já existente desde os primeiros anos desta. Esta empresa

está também instalada no Parque Empresarial de Ronfe / Guimarães.

Antes da sua existência os serviços de Contabilidade / Fiscalidade eram geridos nas

Industrias Têxteis Somelos e atualmente a Servápia presta serviços de apoio informático e

administrativo, nomeadamente nas áreas da Contabilidade, Fiscalidade e de apoio Jurídico.

A carteira de clientes da Servápia é maioritariamente constituída pelas empresas

pertencentes ao Grupo Somelos e Fabricgate. No entanto a empresa também presta serviços

a empresas externas ao Grupo, de diversos setores que vão desde o comércio, medicina,

compra e venda de produtos/serviços, imobiliárias, transporte de mercadorias, mediação de

seguros, turismo rural, Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS), e ainda

trabalhadores por conta própria.

Esta empresa é constituída atualmente por dezoito profissionais, em que seis são Técnicos

Oficiais de Contas (TOC), sendo que apenas dois profissionais exercem a atividade de TOC

para a empresa, responsabilizando-se pela documentação oficial.

2 Devido à sua muito recente fundação ainda não é oficial o número de trabalhadores.

14

CAPÍTULO 2 – REVISÃO DA LITERATURA

Ao longo deste capítulo será feita uma abordagem teórica sobre a temática da Contabilidade

de Custos. Englobando assim um pouco da história da contabilidade de custos e conceitos

fundamentais sobre esta, para que posteriormente, no terceiro capitulo, se possa entender de

forma clara todos os procedimentos práticos elaborados na empresa de fiação.

2.1. Contabilidade de Custos/Analítica vs Gestão

A evolução da gestão nos últimos tempos tem levado a que a sua complexidade tenha

aumentado. A Contabilidade de Custos (CC) surge como instrumento vital de apoio sobretudo

às empresas industriais.

De acordo com Caiado (2009, p. 29), “as pessoas em todas as civilizações utilizaram vários

tipos de registos de atividades comerciais. Os mais antigos que se conhecem são os registos

nas tábuas de barro referentes ao pagamento de salários na Babilónia por volta de 3600 a.C.”

A origem da contabilidade sempre esteve ligada à necessidade de existência de registos

comerciais. Com o aumento da atividade de troca e venda de produtos e ao aumento da

quantidade de valores, os comerciantes viram-se obrigados a requerer os registos relativos

às transações, para assim poderem analisar de forma mais fácil o seu negócio e aumentarem

as suas poupanças de forma a conhecerem quais as suas reais possibilidades de uso e de

consumo.3

Caiado (2009) afirma também que o cálculo dos custos de produção da contabilidade de

custos, no final do século XVI os resultados eram calculados apenas no fim das operações,

como por exemplo, na participação de uma feira ou na venda de um lote de mercadorias.

Desta forma, o comerciante fazia o inventário da sua “fortuna” apenas no fim do período.

Para Pimentel, Sousa, Neto e Mâsih (2013, p. 3), “a preocupação com a área de gestão /

contabilidade de custos não é nova e ao longo da história é possível perceber isso

principalmente com o aparecimento da Revolução Industrial no século XVIII que ergue um

marco nas relações mercantilistas.”

3 http://www.portaldecontabilidade.com.br/tematicas/historia.htm, consultado a 20 de Agosto de 2015.

15

Já Padoveze (2006) afirma que o sentido inicial da contabilidade de custos ia de encontro com

a determinação do custo do produto para assim valorizarem os stocks (Pimentel et al., 2013).

O mesmo autor afirma que a CC foi a que mais evoluiu ao longo do tempo.

Coelho (2012), confirma que a CC está relacionada com a revolução industrial que se

desenvolveu primeiro na Europa e depois nos Estados Unidos da América (EUA), nos séculos

XVIII, XIX e XX, limitando inicialmente a sua aplicação às empresas industriais, tendo com

objetivo principal o custo do produto ao longo do processo produtivo e o custo total do mesmo.

A contabilidade analítica é apresentada como uma ferramenta de racionalização das escolhas

de uma empresa e é apresentada como um dos vetores privilegiados da racionalização das

sociedades de gestão (Lemarchand & Leroy, 2000).

Para os mesmos autores referidos anteriormente, a “Contabilidade de Gestão (CG) seria um

desenvolvimento da Contabilidade de Custos mas numa ótica globalizante, servirá de

informação para a administração das unidades empresariais, não incidindo apenas nos

custos, mas também nos proveitos, e nas massas patrimoniais.”

Lemarchand e Leroy (2000), afirmam que num meio de negócios mais competitivo, complexo

e incerto, é importante que a empresa tenha um olhar crítico sobre o seu sistema de

informação de contabilidade, de forma a monitorizar o mercado, as empresas devem ter um

grande controlo de Gestão. (Nobre, 2001)

Desta forma e de acordo com Carvalho e Morais (2003, p. 2) a CG surgiu “Para adequar os

sistemas de contabilidade interna às exigências informativas dos executivos, a Contabilidade

de Custos evolui e transforma-se nos anos 60 na chamada Contabilidade de Gestão ou

«Management Accounting». A sua finalidade essencial consiste em obter e comunicar

informação adequada para apoiar racionalmente o processo de decisões táticas e operativas

(...)” (citado por Montañés, 1993, p.423).

Dentro do mesmo tema, Johnson e Kaplan (1987) asseguram também que o crescimento

económico na década de 1920 deu origem a uma enorme diversidade de produtos e a um

aumento da complexidade dos processos industriais e como a CG foi afetada em

consequência de tal desenvolvimento. Os problemas colocados à CG em resultado deste

novo ambiente de negócios foram descritos como: a produção de informação não atempada;

custos distorcidos de produtos e incapacidade para fornecer informações relevantes relativas

à performance da organização.

16

Porém, Atkinson et al., (1997), afirmam que a CG tem sofrido grandes mudanças, em resposta

aos inúmeros desafios que lhe têm sido colocados, uma vez que as necessidades de

informação hoje, são diferentes das necessidades de há décadas atrás. Segundo os autores,

a CG focaliza a sua atenção na informação acerca dos custos incorridos e sobre a criação de

valor através das atividades e processos das organizações. Para estes autores a globalização

e o aumento de competitividade dos mercados a que se vem assistindo nos últimos anos está

relacionada com uma liberalização e crescente volatilidade.

Segundo Padoveze (2006) a contabilidade de custos é uma das partes da contabilidade que

mais evoluiu e de acordo com Afonso (2002) e Heitger et al. (1992) um sistema de

contabilidade de custos é um conjunto de processos e procedimentos desenvolvidos de forma

sistemática, com o propósito de medir, registar e disponibilizar informação sobre os custos.

Desta forma, a Contabilidade Analítica é essencialmente uma Contabilidade de Custos,

dispondo-se como um sistema de informação para a Gestão. A CC prevê a contabilização e

registo da informação num processo pré-definido. Aborda o controlo de custos, acumulação

dos mesmos, valorização de existências e do cálculo do custo dos produtos acabados.

No quadro 3 é possível visualizar um quadro resumo sobre os autores que foram mencionados

anteriormente sobre a temática da Contabilidade de Custos.

Quadro 3 - Contabilidade de Custos – principais autores

Autores: Contabilidade de Custos

Coelho, 2012 Afirma que a CC esta relacionada com a revolução

industrial que se desenvolveu primeiro na europa;

Objetivo principal: saber o custo do produto ao longo

do processo produtivo e consequentemente o custo

total do mesmo;

Lemarchand & Leroy, 2000 Ferramenta de racionalização das escolhas de uma

empresa;

Carvalho & Morais, 2003 A CC surgiu para adequar os sistemas de

contabilidade interna às exigências informativas dos

executivos.

Padoveze, 2006 A CC foi a que mais evoluiu ao longo dos tempos.

17

Autores: Contabilidade de Custos

Afonso, 2002 e Heitger et al, 1992 Um sistemas de CC é uma conjunto de processos e

procedimentos desenvolvidos de forma sistemática

para proporcionar informação sobre os custos.

Fonte: Elaboração Própria

No quadro 4, mencionado a baixo, pode-se visualizar um quadro resumo sobre a opinião dos

autores mencionados anteriormente sobre a Contabilidade de Gestão.

Quadro 4 - Contabilidade de Gestão - principais autores

Autores: Contabilidade de Gestão

Pimentel et al,. 2013 Com o aparecimento da revolução industrial,

marcada pelas relações mercantilistas é possível

perceber que a CG não é nova.

Carvalho & Morais, 2003

A CG evolui e transforma-se nos anos 60 na

chamada Contabilidade de Gestão ou «Management

Accounting».

Tem como finalidade essencial obter e comunicar

informação adequada para apoiar racionalmente o

processo de decisões táticas e operativas.

Atkinson et al, 1997

A CG tem sofrido grandes mudanças uma vez que as

necessidades de informação atualmente são

diferentes das de à décadas atras.

Fonte: Elaboração Própria

2.2. Objetivos da Contabilidade Analítica

De acordo com, Pereira e Franco (1994) durante muito tempo, os objetivos fundamentais da

Contabilidade Financeira limitaram-se à determinação da situação patrimonial da empresa e

dos seus resultados globais.

No entanto, Caiado (2009) afirma que, a Contabilidade tem procurado acompanhar a evolução

operada no desenvolvimento da própria sociedade ao longo dos séculos, nomeadamente na

satisfação de informações de carácter financeiro. Ainda de acordo com Caiado (1994: 27),

18

(Poly & Rapin, 1969) afirmam que a “contabilidade analítica de exploração é uma técnica de

análise dos custos e dos proveitos de uma empresa que tem por objetivo, a valorização dos

bens produzidos e vendidos e o controlo das condições internas de exploração”.

Já Gonçalves Silva (citado por Caiado, 1994: p. 27) assegura também que “a contabilidade

interna ou analítica é, essencialmente, uma contabilidade de custos, entendendo-se por esta

expressão a classificação e registo dos gastos de exploração de modo que pelas contas

relativas à produção e à venda se possam determinar os custos de produção e de distribuição

unitários ou totais de algum ou de todos os produtos fabricados ou serviços prestados e das

diversas funções da empresa”.

A Contabilidade Analítica está organizada em função das necessidades de cada empresa.

Desta forma esta opõe-se à rigidez da Contabilidade Geral. Assim, esta tem por base todos

os documentos da Contabilidade Geral e deve estar constantemente atualizada. Desta forma,

a Contabilidade Analítica é um sistema de medida de diferentes grandezas da empresa,

facilitando assim a tomada de decisões e o controlo da gestão (Caiado, 2011).

2.3. Conceito de Custo do Produto

De acordo com (Ferreira et al., 2014) o custo dos produtos engloba um processo de cálculos

e nestes cálculos estão agregados gastos que por natureza são adequados ao produto

determinado. De acordo com a Contabilidade de Custos quando se mencionam produtos ou

serviços estes referem-se a bens criados ou em estado de transformação ou a serviços

prestados pelas organizações empresariais.

No entanto é necessário distinguir um gasto de um custo, e de acordo com Coelho (2012, p.

32) “um gasto é um consumo de recursos pela empresa, enquanto um custo é uma

acumulação de gastos para um produto ou um serviço”. Desta forma um custo trata-se de um

montante que é necessário pagar para se obter um bem ou um determinado serviço

2.3.1. Custo industrial e não industrial

Tendo em conta a visão do produto fabricado podemos distinguir vários níveis de custos.

Existe o custo industrial ou de produção, e fazem parte destes todos os custos associados à

produção. Se ao custo industrial, se associar ainda os restantes custos relacionados com a

empresa como, custos administrativos ou custos financeiros obtém-se o custo complexivo

(Pereira & Franco, 2001).

19

O custo industrial pode decompor-se nos custos das matérias diretas consumidas (MD), no

custo da mão-de-obra direta (MOD) e nos gastos gerais de fabrico (GGF). A MOD diz respeito

aos custos com trabalhadores que estejam relacionados diretamente do fabrico do produto e

os GGF são todos os restantes custos imputáveis ao produto.

Numa empresa os gastos não se resumem apenas à área fabril, as empresas necessitam de

estruturas de caráter comercial, financeiro, administrativo dos quais também é necessário

calcular gastos e realizar a correspondente imputação à produção fabricada.

Para, Caiado (2009) os gastos não industriais são aqueles que não estão afetos diretamente

à produção, nomeadamente: custos de distribuição, custos financeiros e custos

administrativos.

2.3.2. Custos Variáveis e Custos Fixos

Custos variáveis são aqueles que no seu total variam de acordo com as alterações no volume

de atividades, como por exemplo o caso das matérias-primas e a eletricidade.

Segundo Pereira e Franco (1994) os custos variáveis são aqueles que variam quando o

volume de produção aumenta ou diminui. São então custos que resultam da utilização da

capacidade existente para fabricar ou vender os produtos, como por exemplo, a energia

elétrica consumida por uma máquina.

Mortal (2007) afirma que os custos fixos são custos que permanecem sempre constantes

independentemente do nível de atividade que a empresa possa ou não exercer.

Os custos fixos dizem respeito aos gastos da estrutura da empresa, como por exemplo a

renda do edifício, que quer haja ou não produção é um gasto que deve ser suportado pela

empresa.

Desta forma na ilustração 2, pode-se visualizar uma matriz que relaciona os custos diretos e

indiretos com os custos fixos e variáveis.

20

Ilustração 2 - Matriz que relaciona custos diretos e indiretos com custos fixos e variáveis

Fonte: Mesquita, 2012

2.3.3. Custos Diretos e Custos Indiretos

De acordo com Caiado (1994), os custos de um produto são diretos quando se apresentam

como custos diretamente relacionados com a produção do produto. Como exemplos de custos

diretos temos a matéria-prima e a mão-de-obra direta. O autor refere ainda que os GGF por

um lado incluem custos diretos, como por exemplo, as matérias subsidiárias aplicadas num

determinado produto.

Por outro lado Coelho (2012, p. 42) afirma que “diz-se um custo indireto quando a relação de

causalidade, entre esse custo e o objeto de custo, não é direta nem imediata”, assim sendo,

os custos indiretos são, por exemplo, os encargos e os ordenados do pessoal.

Machado (2009) partilha a mesma opinião que o autor anterior, ou seja os custos indiretos

são aqueles que não podem ser relacionados diretamente com um objeto de custo em

particular de uma forma economicamente viável. Estes custos têm de ser repartidos pelos

MOD Matéria-prima

Embalagens

Rendas Manutenção

ContratosDepreciações

ÁguaEletricidade

Combustiveis

FIXO

VARIÁVEL

DIRETO

INDIRETO

21

diversos objetos de custo, através de um método de repartição definido pela empresa

(Horngren et al., 1997).

Chauvey (1997) afirma que um dos problemas centrais da análise de custos é saber como

repartir os custos indiretos.

A forma mais simples de repartir por produtos os custos indiretos é utilizando uma única base

de repartição (Franco, et al., 2005).

Assim a repartição dos custos indiretos só pode ser feita por meio de um coeficiente de

imputação. “Entende-se por coeficiente de imputação ou quota de imputação a relação entre

os gastos gerais de fabrico de certo período e a quantidade ou valor que expressa a atividade

a que respeitam aqueles gastos – a denominada base de repartição. Esta última podem ser

as matérias-primas, a mão-de-obra direta, o número de horas de trabalho das máquinas, etc.

Ao escolher-se a base de repartição procura-se uma proporcionalidade entre os gastos gerais

de fabrico e o valor ou quantidade que se toma para base” (Caiado, 2002, p. 129).

Coeficiente de imputação = 𝐺𝐺𝐹

𝐵𝑎𝑠𝑒 𝑑𝑒 𝑅𝑒𝑝𝑎𝑟𝑡𝑖çã𝑜

2.3.4. Custos do Produto e Custos do Período

Para se poder fabricar os produtos é necessário consumir e utilizar bens e serviços. É

necessário proceder à valorização dos produtos acabados que se encontram no armazém no

final do período.

De acordo com o artigo 2 n.º 3 do Decreto Regulamentar n.º 25/2009 (Republica, 2014)

entende-se que “o custo de produção de um elemento do ativo obtém-se adicionando ao custo

de aquisição das matérias-primas e de consumo e da mão-de-obra direta, os outros custos

diretamente imputáveis ao produto considerado, assim como a parte dos custos indiretos

respeitantes ao período de construção ou produção que, de acordo com o sistema de custeio

utilizado, lhe seja atribuível.”

De igual modo segundo a Norma Contabilística de Relato Financeiro 18 do parágrafo 12, “os

custos de conversão de inventários incluem os custos diretamente relacionados com as

unidades de produção, tais como mão-de-obra direta. Também incluem uma imputação

sistemática de gastos gerais de produção fixos e variáveis que sejam incorridos ao converter

22

matérias em bens acabados. Os gastos gerais de produção fixos são os custos indiretos de

produção que permaneçam relativamente constantes independentemente do volume de

produção, tais como a depreciação e manutenção de edifícios e de equipamento de fábricas

e os custos de gestão e administração da fábrica. Os gastos gerais de produção variáveis são

os custos indiretos de produção que variam diretamente, ou quase diretamente, com o volume

de produção tais como materiais indiretos”. Rodrigues (2014).

Desta forma, os custos do produto, que são necessários à fabricação dos produtos, são por

exemplo, as matérias-primas, a mão-de-obra e os gastos gerais de fabrico. Já os custos do

período são os que não respeitam o processo fabril mas que são suportados no período para

a obtenção dos proveitos. (Mortal, 2007).

2.3.5. Custos reais e Custos Teóricos

Os custos reais são os que realmente se verificam, ou seja, são custos históricos que são

determinados e que são fornecidos pela Contabilidade Financeira com base em critérios de

mensuração e valorização previamente definidos. Já os custos teóricos são determinados “à

priori” por valorização interna de matérias, produtos ou serviços prestados.

2.3.6. Custos Controláveis e Custos não Controláveis

De acordo com Pereira e Franco (2001), “nem sempre todos os custos agrupados em

determinado centro são controláveis pelo responsável respetivo”, desta forma existem custos

controláveis pelo responsável e outros custos não controláveis.

Ou seja num determinado departamento os custos controláveis são os custos que o

responsável do departamento é capaz de controlar, os custos não controláveis são aqueles

cujo responsável não detém nenhuma autoridade sobre estes (Mortal, 2007).

Assim, como custos controláveis ou previsíveis temos por exemplo a mão-de-obra, e como

custos não controláveis temos por exemplo a energia, na sua componente de custo fixo de

fornecimento.

2.4. Componentes do Custo do Produto

Neste ponto será abordado os principais elementos a ter em conta na formação e cálculo do

custo do produto.

23

2.4.1. Matérias-primas

De acordo com Mortal (2007) entende-se por matérias-primas os bens que sofrem uma

transformação e originam um produto final. Quase sempre a matéria-prima representa a mais

importante parcela do custo do produto.

2.4.2. Matérias Subsidiárias

As matérias subsidiárias também podem ser denominadas como matérias auxiliares, são

todas as matérias que a produção obriga a consumir mas que não são incorporadas nos

produtos. São por exemplo os combustíveis e os lubrificantes. (Silva, 1977). Ou seja as

matérias subsidiárias são indispensáveis à produção, apenas se encontram no processo de

produção, no produto final não se visualizam as matérias subsidiárias.

2.4.3. Mão-de-obra direta

Mão-de-obra significa “trabalho predominantemente manual”, (Silva, 1977, p. 219). O custo

da mão-de-obra é constituído pelo vencimento, encargos sociais e outros encargos de índole

social.

Franco et al. (2005, p. 32), afirma que esta componente abrange, tal como referido

anteriormente, “os custos associados à remuneração dos trabalhadores cuja atividade é

específica da produção de determinado produto ou serviço. Para o cálculo desta componente

terá de considerar-se o número de horas registado por objeto de custeio e o respetivo custo

horário. O custo horário deverá ponderar não só a remuneração do trabalhador, mas também

os encargos com remunerações que lhe estão associados”.

Williamson (1996), afirma que na produção de um determinado produto toda a mão-de-obra

envolvente do mesmo é um custo direto deste, uma vez que estes (trabalhadores) é que

ajudam a levar a cabo a produção do produto final.

2.4.4. Mão-de-obra indireta

De acordo Alves e Fiorio (2014), a mão-de-obra indireta está associada aos operários cuja

função não está ligada diretamente ao produto, estes podem no entanto ser fundamentais à

atividade de produzir.

24

2.4.5. Gastos Gerais de Fabrico

Como vimos anteriormente a mão-de-obra direta é um custo direto de produção e por isso a

sua determinação torna-se mais simples. O mesmo não se passa com os gastos gerais de

fabrico porque neles podem estar incluídos custos comuns a vários departamentos.

Assim de acordo com Silva (1991, p.256) “a classe de gastos gerais de fabrico abrange, pois,

os gastos ocasionados pela atividade do departamento fabril não diretamente imputáveis às

contas de fabricação”.

Os gastos gerais de fabrico têm vindo a assumir uma importância crescente devido, por

exemplo, ao desenvolvimento continuado da tecnologia que provoca o aumento da

necessidade de a reportar para a produção, nomeadamente da energia, depreciações e da

mão-de-obra imputada de forma indireta (Caiado, 2011).

Desta forma os gastos gerais de fabrico podem dividir-se em materiais indiretos, que são por

exemplo os combustíveis ou pequenas ferramentas, a mão-de-obra indireta (MOI) que são

por exemplo os salários, encargos diversos e ainda pode dividir-se em outros gastos indiretos

a estes gastos estão associadas a conservação e manutenção de edifícios (Silva 1991).

2.5. Linha de produção e Posto de incorporação das matérias-primas

Grosso (2012) afirma que um layout / linha de produção é o posicionamento no espaço de

departamentos, postos de trabalho e máquinas de modo a diminuir os custos de produção.

Ou seja é uma linha de produção constituída por várias secções diferentes e por onde o

produto é obrigado a passar.

O mesmo autor afirma que existem alguns fatores importantes na elaboração de uma linha de

produção. Deve-se ter em conta o tipo de produto, ou seja se o produto será um bem ou um

serviço e se é produzido para encomenda ou para stock, o tipo de processo de produção, isto

é a tecnologia que é utilizada na produção e quais as matérias utilizadas, por fim também é

necessário ter em conta o volume de produção, este último tem relação direta com o tamanho

da área de produção.

Assim ao longo do processo produtivo também é possível verificar que nem sempre em todas

as secções existe incorporação de matérias-primas. Existem postos que apenas existe por

exemplo incorporação de mão-de-obra.

25

2.6. Centros de Custo

De acordo com Horngren et al. (1987), um centro de custo é um centro de decisão de gestão

em que cada gestor procura racionalizar a aplicabilidade dos custos numa ótica de eficiência

e eficácia.

Um departamento inteiro pode ser considerado apenas um único centro de custo ou um

departamento pode conter vários centros de custo. Por exemplo, um departamento de

montagem que é supervisionado pelo chefe de linha, este pode conter várias linhas de

montagem e cada linha de montagem pode ser um centro de custo.

Os centros de custo dividem-se em centros principais e auxiliareis. Os centros de custo

principais são neste caso os departamentos principais, ou seja, são aqueles que são

responsáveis pela produção do produto. Os centros auxiliares já não estão diretamente

relacionados com a produção ou transformação do produto (Silva, 1991).

As secções auxiliares têm uma funcionalidade que reverte a favor das secções principais,

como por exemplo, a secção de manutenção que se ocupa da manutenção e conservação

dos equipamentos industriais.

2.6.1. Métodos de imputação (imputação de base única ou de base

múltipla)

De acordo com Machado (2009, p. 15), “a dificuldade de encontrar uma única base de

repartição que traduza uma relação de causa efeito com os fatores que provocam a existência

dos custos levou ao desenvolvimento repartição de base múltipla.” Dessa forma, neste

método, os custos indiretos são então divididos em diversos grupos mas com características

homogéneas, para simplificar a escolha de uma base de repartição mais adequada.

Este método faz com que a repartição de base múltipla permita um cálculo mais rigoroso do

custo de cada produto do que o resultante da utilização de uma única base (Franco et al.,

2005).

Mortal (2007, p. 115) afirma que “a imputação dos gastos indiretos por meio de uma única

base baseia-se no pressuposto de que existe uma relação de causalidade aceitável entre os

gastos e a base de imputação escolhida, o que não acontece.” Ou seja, se por exemplo

analisarmos a evolução dos gastos gerais de fabrico, pode-se verificar que por vezes não é

26

possível relacioná-los diretamente com uma só grandeza, pois estes podem variam consoante

a mão-de-obra direta ou com o consumo de matéria-prima.

O mesmo autor afirma que algumas empresas agrupam os gastos indiretos pelas funções da

empresa (aprovisionamento / produção) e dentro destas áreas repartem os custos por

secções e apenas procedem à imputação dos gastos depois.

2.6.2. Método das secções homogéneas

Quando surgiu o método das secções homogéneas todos os custos era imputados

diretamente ao produto uma vez que a “atividade comercial e industrial baseava-se, na

maioria das vezes, em empresas especializadas num único ofício e este por sua vez centrado

numa única técnica” (Coelho, 1997, p. 218).

No entanto devido à rápida evolução comercial e industrial, esta ideia foi sendo posta de parte

e de acordo com Coelho (1997, p. 219), “a variedade dos produtos e a existência de uma

tecno-estrutura permitiram exercer cada uma das profissões e por conseguinte surgiu a

possibilidade da distinção dos custos diretos, isto é, diretamente causados pelo produto ou

serviço que as empresas produzem ou comercializam”

A mesma autora afirma que no método das secções homogéneas os “custos indiretos não

são afetados diretamente aos produtos (porque são custos comuns), primeiro “transitam”

pelas secções, onde através de uma unidade de obra, que se supõe representar a prestação

fornecida pela secção, vão ser afetados aos produtos.”

Segundo Mortal (2007) as secções homogéneas devem ter em conta várias características.

Como por exemplo, a existência de uma unidade de obra para permitir que haja um controlo

dos gastos e permitir a imputação desses gastos aos produtos. Deve também existir um

responsável pelos gastos existentes no centro e este só deve agrupar gastos relacionados a

operações idênticas, ou seja se isto não acontecer a secção não será homogénea e

consequentemente não será possível identificar uma unidade de obra comum.

Assim de acordo com Pereira e Franco (2001) as secções homogéneas são centros de custos

que devem seguir as seguintes características:

27

Quadro 5 - Características das secções homogéneas

Responsabilização Homogeneidade de

funções

Existência de uma unidade

de medida da atividade de

centro

“O centro de custo deve

coincidir com um centro

de responsabilidade ou

ser parte deste” (Pereira &

Franco, 2001, p. 291)

“Os custos agrupados na

secção devem respeitar as

funções ou atividades

idênticas” (Pereira & Franco,

2001, p. 291)

“Sempre que possível, deverá

definir-se uma unidade que

permita medir a atividade da

secção (hora-maquina, hora-

homem) ” (Pereira & Franco,

2001, p. 291)

Fonte: Elaboração Própria

28

CAPITULO 3 – ESTUDO DA CONTABILIDADE

FINANCEIRA E ANALÍTICA NO GRUPO SOMELOS

Neste capítulo pretende-se descrever de forma aprofundada as tarefas que foram

desenvolvidas ao longo do estágio na Somelos MIX Fios Têxteis (empresa de fiação)

de acordo com o plano de tarefas que inicialmente foi realizado.

3.1. Descrição das funções realizadas na empresa de acolhimento

Foram desenvolvidas várias tarefas relacionadas com a Contabilidade Financeira,

Contabilidade Analítica e com a parte Fiscal que serão descritas ao longo deste capítulo.

Na ilustração 3 pode-se visualizar o organigrama da empresa de acolhimento.

Ilustração 3 - Organigrama Empresa de Contabilidade: Servápia

Fonte: Elaboração Própria

A Somelos Mix é constituída por vários serviços, o serviço de tesouraria, compras e o

comercial. O serviço da tesouraria é responsável por toda a informação relativa ao caixa

e bancos. O serviços de compras é responsável por todas as encomendas ou

devoluções aos fornecedores e por fim o serviço comercial é responsável pelas vendas.

Estes serviços são ainda responsáveis, cada um por si, pelos lançamentos

contabilísticos das compras, transportes de mercadorias, caixa e as vendas.

Empresa: Servápia, Lda Empresa: Somelos MIX

Fios Têxteis, Lda

Serviços:

1º Tesouraria

2º Compras

3º Comercial

Serviços de Fiscalidade

Serviços de Contabilidade

Departamento de tesouraria

29

Terminado todo este processo realizado pelos serviços da própria empresa (Somelos

MIX), os documentos são, posteriormente enviados para a Servápia. No entanto é

necessário todos os dias fazer a integração dos documentos que foram lançados na

empresa de fiação, ou seja, os lançamentos contabilísticos são sempre feitos no Multi

(software informático da empresa). A empresa de fiação usa aplicações diferentes tanto

para a faturação como para as compras. Depois dos registos efetuados, por exemplo,

no programa de faturação, existe uma "tabela de ligação" entre as duas aplicações

informáticas que vai permitir o lançamento contabilístico no multi daí ser necessário que

se proceda todos os dias à integração dos documentos no Multi (passagem de toda a

informação contabilística de uma aplicação para a outra), para depois poderem ser

conferidos todos os lançamentos efetuados, e caso seja necessário proceder também

à numeração destes, caso tudo esteja conforme procede-se ao arquivo dos documentos

nos respetivos diários.

Por vezes é através do processo de integração dos documentos que se detetam erros,

como por exemplo, no caso de uma compra de matéria-prima, se surgir um novo

fornecedor os serviços da Somelos MIX devem avisar a Servápia, para se criar uma

nova conta para o novo fornecedor, pois se isto não acontecer quando se fizer a

integração esses erros serão detetados. Erros esses, que são assinalados pela

aplicação, que surgem a vermelho a assinalar qual é o documento que contém o erro e

a respetiva descrição do mesmo.

Desta forma grande parte do trabalho realizado pela Servápia resume-se

essencialmente à conferência de documentos, reconciliações bancárias e toda a parte

fiscal a que as empresas são submetidas.

É necessário ter em conta que também existem documentos que são contabilizados

pela Servápia, como por exemplo os documentos dos bancos, nomeadamente os

encargos bancários, que ao longo deste capítulo se poderá verificar.

O programa informático utilizado pela empresa de acolhimento é denominado por Multi,

que foi adquirido à empresa INFOS, que é uma empresa especializada em

desenvolvimento e implementação de software. Ao longo do tempo com a ajuda da

Fluxodata (empresa pertencente ao grupo Somelos) e da própria Servápia foi possível

desenvolver ainda mais o programa e adapta-lo as necessidades contabilísticas e fiscais

existentes. Ou seja, com o passar do tempo foram surgindo cada vez mais

necessidades, como por exemplo da existência de mapas que auxiliem a contabilidade

de forma a facilitar o preenchimento de documentos rapidamente dado que existem

30

constantemente prazos para serem cumpridos, como as entregas de declarações,

Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA), modelo 22, satf-T. Uma das mais-valias

desenvolvidas e criadas pelos informáticos e contabilistas foi a criação da modelo 22 no

excel com ligações ao multi, ou seja, quando se atualiza o excel para o ano em questão

e se procede à ligação do multi com o excel posteriormente a declaração já aparece pré

preenchida apenas é necessário confirmar valores com o balancete.

Desta forma, atualmente devido aos grandes avanços que foram conseguidos em

relação ao programa de contabilidade, esta mais-valia tem sido importante porque é

uma ajuda fundamental para a contabilidade. Facilita a análise de informação e hoje é

possível realizar e gerar operações e mapas com informação contabilística de forma

muito rápida devido ao automatismo do programa.

3.1.1. Contabilidade Geral ou Financeira

Ao longo deste subcapítulo serão descritas todas as atividades que foram desenvolvidas

ao longo estágio relativamente à contabilidade geral. Poder-se-á analisar a descrição

resumida do plano de contas existente uma vez que este é extremamente longo. Serão

também descritos todos os procedimentos dos documentos relativamente a cada diário,

satf-T, reconciliações bancárias, a elaboração das demonstrações financeiras,

preenchimento das declarações de IVA, descrição do processamento de salários e

descrição dos documentos que integram o dossier fiscal.

3.1.1.1. Plano de contas

O plano de contas existente na entidade de acolhimento é bastante complexo e extenso

devido à diversificação do volume de negócios por produto e serviço prestado. Ao longo

do tempo e de acordo com as necessidades que foram surgindo foram criadas imensas

subcontas dentro das contas principais. As contas principais vão de encontro com o

plano oficial de contas do Sistema de Normalização Contabilístico (SNC).

Desta forma existe a conta 11, relativa ao caixa. Esta conta destina-se a registar os

valores em dinheiro físico, quer seja em euros ou em moeda estrangeira. No plano de

contas existem duas subcontas do caixa, a 11101 e a 11102 designadas por caixa A e

caixa B respetivamente. Neste caso em concreto no caixa nunca há movimentação de

moeda estrageira.

31

A conta 12 designada como depósitos à ordem, serve para se registar depósitos à

ordem em instituições bancárias, esta conta é bastante extensa uma vez que a empresa

de fiação trabalha com vários bancos diferentes. Desta forma de acordo com a lista que

se pode verificar no anexo 1 cada banco tem uma respetiva numeração para que possa

ser identificado de forma fácil pelas entidades que o pretendam fazer. No caso do Banco

Português de Investimento (BPI) este tem como numeração 010, assim de acordo com

o plano de contas da entidade a conta 12010 pertence ao banco BPI, ainda como

subconta deste banco existe a 12010001 em que os últimos dígitos referem-se ao banco

BPI de Guimarães, a conta 120100101 é uma conta específica para quando existem

formações e exigem que haja uma conta que registe apenas o movimentos relativos as

formações. Por fim existindo ainda mais duas subcontas a 120100010101 e

120100010103 que significam respetivamente a conta em euros e em dólares (quadro

6).

Quadro 6 - Subcontas da conta 12 – Depósitos à Ordem

12010 BANCO BPI

1201001 GUIMARAES

120100101 DO-BASE

12010010101 EUR

12010010103 USD

Fonte: Elaboração Própria

Fazendo também parte do plano de contas da empresa a conta 14, designada por outros

instrumentos financeiros, esta conta tem como objetivo reconhecer todos os

instrumentos financeiros que não sejam do caixa ou depósitos bancários que não

incluam derivados mensurados ao justo valor, cujas alterações sejam reconhecidas na

demonstração de resultados. (Franco P. , 2010). No quadro 7 pode-se visualizar as

subcontas da conta 14.

Quadro 7 - Subcontas da conta 14 – Outros Instrumentos Financeiros

14 OUTROS INSTRUMENTOS FINANCEIROS

143 OUTROS ACTIVOS E PASSIVOS FINANCEIROS

1431 OUTROS ACTIVOS FINANCEIROS

14312 ACCOES

143121 DISPONIVEIS P/NEGOCIACAO

143121038 BANIF - BANCO INTERNACIONAL FUNCHAL

Fonte: Elaboração Própria

32

Segue-se a conta 21 de clientes que está estruturada de acordo com o quadro 8, em

que se pode verificar as subcontas criadas até à conta de clientes ativos de operações

correntes.

Quadro 8 - Subcontas da conta 21 - Clientes

21 CLIENTES

211 CLIENTES C/C

2111 CLIENTES - GERAIS

21111 CLIENTES ACTIVOS

211111 OPERACOES CORRENTES

Fonte: Elaboração Própria

Dentro da conta de clientes ativos de operações correntes ainda existem mais

subcontas respetivas a cada país com que a empresa trabalha, como por exemplo a

conta 211111 001 e 211111 124 que pertencem respetivamente a Portugal e França.

0 0 1

Após este processo, quando surgir um novo cliente de um dado país é criado

automaticamente e sequencialmente pelo Multi um número com mais seis dígitos que

vai dar origem ao número do terceiro/cliente, esta conta ainda se subdivide em clientes

cobrança duvidosa, clientes-empreendimentos conjuntos e clientes outras partes

relacionadas com o grupo. Todo este processo é exatamente igual para a conta 22 de

Fornecedores.

A conta 23 relativa ao Pessoal não é tão extensa relativamente à existência de

subcontas, pode-se verificar no quadro 9 que na conta 2321 foi criada uma outra

subconta a 23211 que é relativa a adiantamentos aos órgãos sociais por conta de

despesas e assim sucessivamente.

0 – Portugal 1 – Europa 2 – Africa 3 – América 4 – Ásia 5 – Oceânia

Sequência gerada automaticamente

33

Quadro 9 - Subcontas da conta 23 – Pessoal

23 PESSOAL

231 REMUNERACOES A PAGAR

2312 AO PESSOAL

232 ADIANTAMENTOS

2321 AOS ORGAOS SOCIAIS

23211 P/CONTA DESPESAS

2322 AO PESSOAL

23221 P/CONTA DESPESAS

23223 P/CONTA REMUNERACOES

Fonte: Elaboração Própria

Segue-se a conta 24 (quadro 10), Estado e Outros Entes Públicos em que é bastante

vasta, de forma a simplificar apenas se irá exemplificar a conta 2432, IVA dedutível.

Seguindo o Sistema de Normalização Contabilístico (SNC) as contas principais vão de

encontro com este, mas devido à dimensão da empresa de fiação foi necessário criar

subcontas para diferenciar o IVA relativo a mercado interno (Portugal), mercado externo

(fora Europa) e mercado comunitário (Europa) assim como as compras de inventários,

ativos fixos tangíveis e outros bens e serviços.

Desta forma a conta 2432 tem várias subcontas:

24321 Inventários;

24322 Ativos fixos;

24323 Outros bens e serviços.

Caso se trate de uma compra no Mercado Interno:

Taxa reduzida (6%) - 101

Taxa intermédia (13 %) - 102

Taxa normal (23%) - 103

Se se tratar de uma compra de uma ativo fixo no mercado interno em que a taxa é de

23% segue-se a seguinte numeração 2432 2 103. Pode-se também verificar as contas

2437 de IVA a recuperar que tem uma subconta associada a conta 24371 que é relativa

a modelo A (declaração que se envia todos os meses), no caso de existir um erro relativo

a um período anterior e se se proceder à sua correção é necessário preencher a modelo

C. Geralmente quando a empresa de fiação tem um valor de IVA a recuperar mas se

esse valor não for significativo passa para o período seguinte como IVA a reportar.

34

Quadro 10 - Subcontas da conta 24 – Estado e Outros Entes Públicos

243 IMPOSTO S/VALOR ACRESCENTADO

2432 IVA-DEDUTIVEL

24321 INVENTARIOS

243211 MERCADO INTERNO

24321103 TAXA NORMAL

243212 MERCADO EXTERNO

24321203 TAXA NORMAL

243213 MERCADO COMUNITARIO

24321303 TAXA NORMAL

24322 ACTIVOS FIXOS

243221 MERCADO INTERNO

24322103 TAXA NORMAL

24323 OUTROS BENS E SERVICOS

243231 MERCADO INTERNO

2437 IVA-A RECUPERAR

24371 MOD.A

2438 IVA-REEMBOLSOS PEDIDOS

Fonte: Elaboração Própria

A conta 25 (quadro 11) relativa a financiamentos obtidos a empresa de fiação apenas

usa a conta de descobertos bancários e que é designada de 25102 que tem com função

registar os saldos credores da conta de depósitos à ordem (12) esta conta está ainda

subdividida em curto prazo (251021) e caso fosse necessário em médio e longo prazo

para depois separar os valores no balanço, posteriormente esta conta ainda é

subdividida pelos respetivos bancos.

Quadro 11 - Subcontas da conta 25 – Financiamentos obtido

25 FINANCIAMENTOS OBTIDOS

251 INSTIT. CREDITO E SOCIEDADES FINANCEIRAS

25102 DESCOBERTOS BANCARIOS

251021 CURTO PRAZO

251021010 BPI – BANCO PORTUGUÊS DE INVESTIMENTO

Fonte: Elaboração Própria

A conta 27 (quadro 12) referente a outras contas a receber e pagar está dividida entre

“devedores e credores por acréscimo existe para registar os movimentos que resultem

35

da aplicação do regime do acréscimo ou da periodização económica”, (Franco, 2010).

Nesta conta o nomenclatura é igual ao plano de contas do SNC até à conta 2722, a

277762 é relativa aos credores por acrescimos de gastos relativamentes aos

fornecimentos e serviços externos, no quadro abaixo pode-se verificar que este pertence

a comissões, logo a conta de acréscimos de gastos relativamentes aos fornecimentos

e serviços externos de serviços especializados relativos as comissões a conta é a

27226225 em que a ultima parte da numeração da conta é igual ao plano de conta do

SNC da conta 6 de gastos.

Quadro 12 - Subcontas da conta 27 – Outras contas a receber e apagar

272 DEVEDORES E CREDORES P/ ACRESCIMOS

2722 CREDORES P/ ACRESCIMOS GASTOS

272262 FORNECIMENTOS E SERVICOS EXTERNOS

2722622 SERVICOS ESPECIALIZADOS

27226225 COMISSOES

272262252 POTENCIAIS

272262253 EFECTIVAS

Fonte: Elaboração Própria

De acordo com Franco (2010), a conta 28 (quadro 13) de diferimentos abrange todos

os gastos que devem ser reconhecidos em exercícios seguintes, por respeitarem a

esses exercício mas que o documento de suporte foi emitido no ano em questão. No

caso de ser uma fatura de compras a nomenclatura das contas segue o mesmo

raciocinio da conta 27.

Quadro 13 - Subcontas da conta 28 – Diferimentos

28 DIFERIMENTOS

281 GASTOS A RECONHECER

28131 COMPRAS

281311 MERCADORIAS

28131113 MC-FIOS

Fonte: Elaboração Própria

Segue-se a conta 31 (quadro 14) de compras que como no plano do SNC existe a 311

compras de mercadorias que está subdividida na conta 31113 relativa a mercadorias de

fios e a conta 31119 mercadorias diversas. As matérias-primas estão subdivididas por

uma conta 3121 cada matéria-prima tem um número associado a si, o algodão é o 60

as fibras sintéticas o 61 e assim sucessivamente. Assim conta 31 abrange todas as

36

compras de mercadorias, matérias-primas e consumos, a conta 32 serve para comprar

mercadoria e vender sem que esta sofra qualquer alteração, na conta 34 devem estar

registados todos os bens que se encontram acabados na 36 devem estar registados

todos os bens que estejam ainda em processo de transformação (Franco 2010). O

sistema de inventário existente na empresa é o sistema de inventário permanente com

critério de valorimetria das saídas custo médio ponderado.

Quadro 14 - Subcontas da conta 31 – Compras

3121 MATERIAS-PRIMAS

312160 MP-RAMAS ALGODAO

312161 MP-RAMAS FIBRAS SINTETICAS

312162 MP-DIVERSAS

312163 MP-FIO ADQ.CRU

32 MERCADORIAS

321 MERCADORIAS

329 PERDAS POR IMPARIDADE ACUMULADAS

33 MAT-PRIMAS, SUBSIDIARIAS E DE CONSUMO

331 MATERIAS-PRIMAS

333 EMBALAGENS

334 MATERIAIS DIVERSOS

34 PRODUTOS ACABADOS E INTERMEDIOS

341 PRODUTOS ACABADOS E INTERMEDIOS

349 PERDAS POR IMPARIDADE ACUMULADAS

36 PRODUTOS E TRABALHOS EM CURSO

361 PRODUTOS E TRABALHOS EM CURSO

Fonte: Elaboração Própria

Segue-se a classe 4 de investimentos que é composta pela conta 41 de investimentos

financeiros, a conta 42 propriedades de investimento, a conta 43 de ativos fixos

tangíveis, a conta 44 de ativos intangíveis e a conta 45 de investimentos em curso. Na

tabela abaixo pode-se verificar a subdivisão da conta de ativos fixos tangíveis,

nomeadamente do equipamento de transporte, pode-se verificar que esta está dividida

no regime normal de viaturas (aquelas que pertencem à empresa) e o regime de locação

financeira (leasings) a subdivisão das outras contas das classe 4 é igual à subdivisão

dos ativos fixos tangíveis (quadro 15).

37

Quadro 15 - Subcontas da conta 43 – Ativos Fixos Tangíveis

434 EQUIPAMENTO TRANSPORTE

4341 REGIME NORMAL

43411 VIATURAS LIGEIRAS

43412 OUTRAS VIATURAS

4342 REGIME LOCACAO FINANCEIRA

43422 OUTRAS VIATURAS

Fonte: Elaboração Própria

Após análise da classe 4 segue-se a classe 5 de capital, reservas e resultados

transitados. A conta 51 de capital está subdividida pela 511 sociedades anónimas a

conta 511 esta subdividida em 5111 e 5112 de ações ordinárias e ações remíveis,

respetivamente. A conta 52 de ações próprias tem apenas como subconta a conta 521

de ações próprias de valor nominal. Conta 55 de reservas está subdividida de forma

igual ao SNC, em 551 de reservas legais e 552 outras reservas. A conta 56 de resultados

transitados já é mais extensa e tem mais subcontas, como se pode verificar no quadro

16.

Quadro 16 - Subcontas da conta 56 – Resultados Transitados

56 RESULTADOS TRANSITADOS

5601 RESULTADOS TRANSITADOS INDIVIDUAIS

56011 TRANSFERENCIA RES.LIQ.IND.ANTERIOR

5610 EXCED.REVALORIZACAO AFT (CH REV)

56101 N/REALIZADOS

561011 REAVALIACOES DECORRENTES DIPL.LEGAIS

5610111 ANTES DE IMPOSTO SOBRE O RENDIMENTO

561011103 Decreto-lei N. 31/98

56102 REALIZADOS – ACTIVOS

561021 REAVALIACOES DECORRENTES DIPL.LEGAIS

56102103 Decreto-lei N. 31/98

5690 RESULTADOS TRANSITADOS ACUMULADOS

5699 AJUSTAMENTOS TRANSICAO POC/SNC

569903 ALTERACAO LAYOUT MAQUINAS (SFIOS)

569905 GASTOS INSTALACAO

569907 PROPR.INDUSTRIAL E OUTROS DIREITOS

569912 PROSPECCAO E MARKETING

569920 IMPARIDADES AFT

569928 SUBST.COMP.EQUIP.BASICO (FIACOES)

569929 IMPARIDADES EM DIVIDAS A RECEBER

Fonte: Elaboração Própria

38

A conta 57 de ajustamentos de ativos financeiros tem como subconta a conta 571 de

relacionamentos com o método de equivalência patrimonial e dentro dessa surge a

conta 5714 de transição Plano Oficial de Contas / Sistema de Normalização

Contabilístico. Por fim a conta 59 relativa a outras variações no capital próprio que está

subdividida pela conta 593 de subsídios e 596 ações remíveis.

A classe 6 de gastos está subdividida em várias contas, na tabela a seguir pode-se

visualizar a subdivisão da conta 62 (quadro 17) de fornecimentos e serviços externos

nomeadamente dos serviços especializados. Até à conta de trabalhos especializados

(6221) a nomenclatura é igual ao plano de contas do SNC, à medida que vão surgindo

novas contas deve-se abrir estas no multi em que este gera automaticamente e

aleatoriamente o número de conta. As subcontas 63 de gastos com pessoal, 64 de

gastos de depreciação e de amortização, 65 de perdas por imparidade, 66 perdas por

redução de justo valor, 68 relativa a outros gastos e perdas e a subconta 69 de gastos

e perdas de financiamento são tratadas da mesma forma que a subconta de

fornecimentos e serviços externos.

61 x – Custo das mercadorias vendidas e matérias consumidas (CMVMC)

61 6 x - CMVMC – Matérias-primas, subsidiárias e de consumo

62 x - Fornecimentos e Serviços Externos

Quadro 17 - Subcontas da conta 62 – Fornecimentos e Serviços Externos

622 SERVICOS ESPECIALIZADOS

6221 TRABALHOS ESPECIALIZADOS

622101 REVISAO CONTAS

622106 APOIO GESTAO/SUPERVISAO

622107 APOIO ADMINISTRATIVO

2 – Mercadorias 6 – Matérias-primas, subsidiárias e de consumo

1 – Matérias-primas 2 – Matérias subsidiárias 3 – Materiais diversos 4 - Embalagem

1 – Subcontratos 2 – Serviços Especializados

39

622108 APOIO INFORMATICO

622109 ASSISTENCIA JURIDICA

Fonte: Elaboração Própria

Relativamente à classe 7 de rendimentos, esta encontra-se subdividida em várias

contas. Abaixo pode-se analisar o procedimento que é feito para a subdivisão das conta

71 de vendas, no quadro 18 verifica-se a explicação feita anteriormente. O mesmo

acontece para as outras subcontas desta classe.

71 x - Vendas

71 x x x – Vendas

71 x x x xx - Vendas

Quadro 18 - Subcontas da conta 71 – Vendas

71 VENDAS

711 MERCADORIAS

7111 MERCADO INTERNO

71113 TAXA NORMAL

7111310 MERC-RAMAS ALGODAO

7111313 MERC-FIOS

7111317 MERC-FIOS (AJUST)

Fonte: Elaboração Própria

1 – Mercadorias 2 – Produtos acabados e intermédios 3 – Subprodutos / Desperdícios 7 – Devoluções de vendas 8 – Descontos e abatimentos em vendas

Mercado: 1 – Interno 2 – Externo 3 - Comunitário

Taxa de IVA: 1 – Reduzida 2 - Intermédia 3 – Normal 4 – Isenta

Armazém

40

De acordo com (Franco P. , 2010, p. 81) a conta 8 de resultados “concentra, no final do

período, os gastos e rendimentos registados, respetivamente, nas contas das classes 6

e 7, saldando-as” (quadro 19).

Quadro 19 - Subcontas da conta 81 – Resultado do Período

81 RESULTADO LIQUIDO DO PERIODO

812 IMPOSTO S/RENDIMENTO PERIODO

8121 IMPOSTO ESTIMADO P/PERIODO

8121001 PORTUGAL

81210012 TRIBUTACAO AUTONOMA

818 RESULTADO LIQUIDO

8181 INDIVIDUAL

Fonte: Elaboração Própria

3.1.1.2. Registo e conferência de documentos

Sendo esta a atividade mais básica e inicial do estágio serviu essencialmente para

começar a identificar e diferenciar os diferentes tipos de documentos, tais como, faturas

de compras, notas de pagamento, recibos, faturas relacionadas com transportes de

mercadorias ou de compras de matéria-prima, documentos bancários entre outros.

A Servápia para cada empresa utiliza um método de controlo interno em que separa os

respetivos documentos contabilísticos em diários. Existindo assim vários diários

diferentes. A Somelos MIX Fios Têxteis tem vários diários que são relativos para cada

tipo de documento contabilístico. No entanto a empresa é constituída por serviços

distintos que numa primeira fase tratam da maioria dos documentos contabilísticos e

nesta fase é conferido se o número contribuinte do terceiro é valido, finda esta primeira

fase os documentos são enviados para a Servápia. Seguidamente é necessário separar

todos os documentos nos respetivos diários, as compras, encargos bancários notas de

pagamento, recibos, entre outros, após ser feita a separação dos documentos procede-

se ao processo de conferência dos lançamentos contabilísticos efetuados ou efetua-se

os lançamentos caso seja necessário, como irá ser descrito mais à frente. Diários

relativos à Somelos MIX:

Diário 1: está relacionado com as operações diversas, como por exemplo todas

as faturas que não estão ligadas a atividade principal da empresa, como por

exemplo a prestações de serviços efetuadas por consultores / advogados ou as

faturas emitidas pelos agentes da empresa.

41

Todos estes documentos são tratados contabilisticamente pela empresa de

acolhimento.

A função dos agentes neste meio é dar a conhecer ao mercado o produto final que é

produzido, desta forma estes representam um papel importante. Regra geral os agentes

não são funcionários da empresa mas sim “pessoas” externas da empresa, ganham

comissões consoante aquilo que vendem.

No entanto os agentes só recebem a sua comissão quando o cliente paga e após

emitirem a fatura com o valor da respetiva comissão, nesse momento a empresa de

acolhimento procede ao pagamento. Internamente enquanto o cliente não pagar o

montante que lhe foi vendido o valor permanece numa conta potencial após o cliente

proceder ao pagamento o valor é transferido para uma conta efetiva (este processo é

automático). A Somelos MIX elabora uma pasta com todos os agentes existentes e com

os valores que estão nas contas potenciais e efetivas, para assim poder confirmar se o

valor que o agente emitiu na sua fatura corresponde com o da empresa, se corresponder

procede-se então ao pagamento da comissão.

Quanto aos serviços prestados pelos consultores, a Somelos MIX tem uma parceria com

uma empresa de consultores, em que sempre que é necessário recorre-se ao auxílio

destes, como é o caso da entrega da modelo 22, todo o processo é feito pela Servápia

mas antes das declarações serem submetidas os consultores conferem se todo o

trabalho que foi efetuado está conforme, para que a declaração seja submetida sem

erros.

Diário 3: corresponde às notas de pagamento;

Todos os dias são feitos pagamentos (diário 3), este processo é feito no departamento

do caixa da própria empresa (MIX), posteriormente estes documentos são enviados

para a Servápia onde é necessário confirmar se todos os lançamentos contabilísticos

estão de acordo com a nota de pagamento (ilustração 5). Quando os documentos

chegam à Servápia procede-se à impressão das listagens relativas ao diário 3 e de

acordo com o respetivo dia dos pagamentos (ilustração 4).

42

Ilustração 4 - Lançamento Contabilístico (listagem)

Fonte: Contabilidade Somelos

Após isto, realiza-se a conferência do lançamento, em que é necessário confirmar o

número de lançamento, o banco, o fluxo de caixa, o número do terceiro e o montante,

se tudo estiver conforme procede-se ao arquivo do documento.

Neste tipo de documento não é necessário proceder à numeração do mesmo uma vez

que este é feito automaticamente quando o documento é lançado.

Ilustração 5 - Nota de pagamento

Fonte: Contabilidade Somelos

Quando existir um lançamento que tenha uma conta de natureza 278 (depende do

conteúdo da fatura) é necessário ter especial atenção ao fluxo de caixa (ilustração 6).

Por vezes é necessário alterá-lo no programa de contabilidade.

43

Ilustração 6 - Procedimento de alteração do Fluxo de Caixa

Fonte: Contabilidade Somelos

Diário 5: faturação automática;

A faturação emitida pela Somelos MIX é automática, as regras de faturação automática

encontram-se previstas no Decreto de Lei nº 196/2007, de 15 de Maio, nº 3 e nº 10 do

artigo 36º do CIVA, as faturas não são transportadas para a Servápia, estas

permanecem na própria empresa, na empresa de contabilidade apenas existem as

listagens que são impressas relativas às vendas.

Diário 6: referente aos pagamentos efetuados pelo caixa;

No caixa é necessário assegurar que todos os meses exista um montante que consiga

assegurar todas as despesas que são pagas pelo caixa, existindo, dependendo das

empresas, reforços todos os meses num determinado montante. A contabilização deste

tipo de documento é feita no departamento de tesouraria da própria empresa. Quando

os documentos chegam à tesouraria é necessário verificar as datas e o número

contribuinte dos respetivos documentos, após esta verificação procede-se ao

lançamento do documento no programa de contabilidade. É feita também uma listagem

no excel com todos os documentos que foram lançados no diário do caixa no respetivo

mês. Após este processo na tesouraria os documentos passam para a equipe de

trabalho da empresa em questão e todos os documentos são ser novamente

analisados/conferidos através da impressão das listagens relativas aos lançamentos do

diário do caixa.

Findo o trabalho na tesouraria é necessário então verificar se o lançamento se encontra

correto e confirmar se a empresa está bem identificada (número contribuinte), se o

44

número da fatura corresponde ao número da listagem e o valor da fatura (ilustração 7).

Todos os meses é impressa do Multi uma listagem com os números contribuintes de

todos os clientes e fornecedores para se conferir se o número contribuinte destes está

válido, esta informação é validada no portal das finanças, é uma forma de garantir que

não existam números contribuintes errados. Caso o número contribuinte esteja errado

deve-se entrar em contacto com a empresa para que o erro seja corrigido.

Ilustração 7 - Fatura do caixa

Fonte: Contabilidade Somelos

A Somelos MIX, dispõe de uma frota de automóveis que está distribuída por automóveis

ligeiros de passageiros e pesados de mercadorias. Desta forma nas faturas do caixa é

necessário ter em atenção se nas faturas do combustível a empresa e a viatura estão

bem identificadas. É obrigatório a fatura estar bem identificada, através da matrícula do

respetivo automóvel para se poder perceber de que tipo de viatura se trata e o número

contribuinte da empresa também tem de fazer parte da fatura.

Terminada esta fase confirma-se se o IVA foi bem lançado, uma vez que quando se

trata de viaturas ligeiras o IVA é 50% dedutível (gasóleo) e nos pesados de mercadorias

o IVA é 100% dedutível, isto leva a que as contas sejam diferentes e por vezes pode

originar erros nos lançamentos.

Este diário é composto maioritariamente por faturas relativas a despesas de

representação, alimentação e combustível. Após verificar que está tudo dentro das

regras de emissão de documentos, procede-se à numeração manual do documento,

como se pode verificar na ilustração anterior. A numeração corresponde ao número

45

2015.05.06.000289, o número 2015 corresponde ao ano contabilístico, o 05

corresponde ao mês que a fatura corresponde, o 06 corresponde ao diário e por fim o

número 289 corresponde ao documento número 289.

Diário 7: Letras

De acordo com o Decreto de lei 26 556, de 30 de Abril de 1936, a letra contém: “A

palavra "letra" inserta no próprio texto do título e expressa na língua empregada para a

redação desse título. O mandato puro é simples de pagar uma quantia determinada. O

nome daquele que deve pagar (sacado). A época do pagamento, a indicação do lugar

em que se deve efetuar o pagamento, o nome da pessoa a quem a letra deve ser paga,

a indicação da data em que, e do lugar onde a letra é passada e por fim a assinatura de

quem passa a letra (sacador) ”.

A Somelos MIX é uma entidade que usa com uma certa frequência as letras uma vez

que as letras são um título de crédito que servem para uma determinada entidade ou

pessoa, ordenar a outro o pagamento de uma determinada quantia a um terceiro.

As letras têm de estar bem identificadas com o nome na empresa (Somelos MIX – Fios

Têxteis) e o nome do cliente / empresa tem de estar de igual forma bem identificados,

tal como a data e local de emissão, a importância, o número do saque e data de

vencimento.

No caso da empresa Somelos MIX – Fios Têxteis estar na posição de sacador e o cliente

estar na posição de sacado até à devida data de vencimento a Somelos MIX pode dirigir-

se ao banco e sacar a letra, posteriormente o cliente terá de pagar ao banco o valor que

está em divida, se caso este não pagar o banco retira novamente o montante da letra

ao sacador e então terá de haver uma nova negociação com o cliente, esta operação

designa-se de operação de desconto. No caso, do cliente não pagar a totalidade do

valor e apenas pagar uma parte, este terá de reformar a letra apresentando uma nova

letra com um novo montante (restante), tratando-se de uma operação de reforma.

Caso o cliente pague na totalidade do valor da letra na data de vencimento a divida fica

paga e a empresa devolve a letra ao cliente para que a letra sirva de recibo, como prova

de que a divida foi saldada.

46

Diário 8: Operações financeiras (ex. encargos bancários)

Geralmente neste diário os documentos são lançados manualmente no programa de

contabilidade, são normalmente documentos relacionados com encargos bancários

(comissões, imposto do selo), também podem ser pagamentos a fornecedores por

débito direto.

Diário 9: Corresponde aos recibos;

Todos os dias são emitidos recibos que são também sujeitos a todo o processo

aprovação, sendo também necessário confirmar o número de lançamento, o banco, o

fluxo de caixa e o número do terceiro com a listagem que contém os lançamentos. É

obrigatório que o recibo tenha anexado a si o documento do banco que comprove o

montante da transferência recebida. Estando tudo dentro das obrigações exigidas pela

Servápia procede-se ao arquivo do documento.

Diário 20: Ativos Fixos Tangíveis (AFT), Diário 26: Compras e Diário 25: compras

a dinheiro (ex. material de escritório);

O diário 20 funciona praticamente como um diário para consultas dos ativos fixos

tangíveis porque a maioria dos ativos é lançado no diário 26 (compras). Ou seja, quando

existe uma fatura de um fornecedor relativa a compra de uma máquina para a produção

a fatura é lançada no diário 26 das compras. Posteriormente quando os documentos

chegam à Servápia procede-se a toda a conferência do lançamento de acordo com o

“espelho”4, a fatura e a listagem relativa aos lançamentos. Os dados que estão no

espelho têm de estar de acordo com os dados da fatura, como o número da fatura, a

data, o número do terceiro e o contribuinte do terceiro (fornecedor), após confirmar que

todos os dados estão corretos e o lançamento também, deve-se tirar uma fotocópia da

fatura relativa a compra da máquina e esta passa para o diário 20 (AFT).

No diário 25 são arquivados todos os documentos relativos a compras a dinheiro, como

por exemplo material de desgaste rápido que é o caso do material de escritório.

4 É um documento gerado no Multi que permite visualizar todos os lançamentos efetuados e as respetivas contas – Anexo 2

47

Diário 24: IVA recuperável (relativo às despesas de viagens);

Neste diário pode-se encontrar as despesas que estão relacionadas com as despesas

de viagens nomeadamente com as despesas de alojamento dos comerciais que viajam

em trabalho. Este tipo de documentos é a Servápia que os lança no programa de

contabilidade e posteriormente proceder-se à recuperação do IVA.

Os documentos têm obrigatoriamente de ter a empresa, Somelos MIX bem identificada,

ou seja, todos os documentos devem conter o número de contribuinte de forma legível

só assim poderão ser aceites. Sendo que só é possível recuperar o IVA relativo a

algumas atividades como por exemplo as viagens e como se pode verificar no anexo 3

dependendo de país para país o valor do reembolso varia, pode ser total ou parcial ou

não ter direito a reembolso. Assim como se pode verificar no anexo 4, a fatura

corresponde a um alojamento efetuado na Alemanha e que contém alojamento e

alimentação. O lançamento que é efetuado é o seguinte:

6251106 – Alojamento 6251105 – Alimentação 278117 2081841 – IVA Recup.5

168.60€ 14,40€ 12,75€

11101 – Caixa

195,00€

Diário 28: referente aos transportes de mercadorias.

O diário 28 é exclusivo dos transportes de mercadorias, em que o processo de

conferência da fatura e do espelho com o respetivo lançamento contabilístico se repete,

5 A taxa de IVA que é praticada na Alemanha para o alojamento é de 7% e para as refeições é de 19%.

48

como anteriormente já foi mencionado relativamente ao diário 25 e 26 relativo a compras

a dinheiro e compras respetivamente.

Diário 40 e 43: notas de crédito e Diário 42: notas de débito

As notas de crédito e de débito não aparecem com muita frequência mas têm direito a

um diário em específico. As notas servem sempre para corrigir um documento original

e não para criar uma nova operação. Geralmente nesta empresa as notas de crédito

são referentes ou ao cancelamento de uma encomenda devido, por exemplo as

características técnicas não serem aprovadas, ou à existência de um engano na

produção da encomenda ou devido a um engano nas condições de pagamento. Caso o

cliente perceba que algo está errado a fatura como por exemplo nas condições de

pagamento, a fatura fica de imediato na empresa e posteriormente será anexada à nota

de crédito. Nas notas de crédito o IVA deve ser corrigido se o terceiro também o corrigir,

ou seja, o duplicado da nota de crédito deve ser entregue à empresa devidamente

assinado e carimbado pelo terceiro, de forma a garantir que este também procederão à

correção do IVA.

Geralmente as notas de débito nesta empresa dizem respeito a corrigir montantes

relativos a quantidades de rama compradas. Quando se efetua a compra de rama esta

é pesada pelo fornecedor e o preço é calculado de acordo com o peso, posteriormente

quando encomenda chega ao seu destino é novamente pesada no caso de existir

menos ou mais peso do que aquilo que foi faturado pelo fornecedor é necessário emitir

uma nota de débito ou de crédito.

Compra ao fornecedor:

22 xxxx

Valora da fatura 1000,00€

Valor real de 900,00€: Valor real de: 1.100,00€

22 xxxx 22 xxxx

Nota de débito Nota de crédito

100,00 100,00€

49

Diário 44: faturas de serviços

Neste diário estão relacionadas todas as faturas de serviços que não estão

propriamente relacionadas com a atividade principal da empresa, como por exemplo a

cedência de mão-de-obra.

De acordo com o número 1 alínea b) do artigo 29 do código do IVA, é obrigatório emitir

uma fatura para cada transmissão de bens ou prestação de serviços

independentemente da qualidade do adquirente dos bens ou do destinatário dos

serviços estando também identificado na fatura a forma de pagamento e a data. Já o

artigo 36 n.º1 do mesmo código define que a fatura deve ser emitida no máximo no

quinto dia útil seguinte ao momento em que é efetuada a transmissão de bens ou

prestação de serviços. No caso de ser uma prestação intracomunitária as faturas devem

ser emitidas mais tardar até ao décimo quinto dia do mês seguinte àquele que o imposto

é devido. As faturas devem ainda se processadas em duplicado, o original destina-se

ao cliente e o duplicado destina-se ao fornecedor, todas as faturas devem ser datadas

e numeradas de forma sequencial, devem ainda conter de acordo com o artigo 36 n.º5

a) o “nome, firmas ou denominações sociais e a sede ou domicilio do fornecedor de

bens ou prestador de serviços e do destinatário ou adquirente , bem como os

correspondentes números de identificação fiscal dos sujeitos passivos de imposto”, e

devem ainda integrar a fatura os preço líquido de imposto, as taxas a aplicar e o valor

do imposto devido.

3.1.1.3. Saft-T

De acordo com o artigo 3 do decreto de lei n.º 198/2012 os sujeitos passivos de IVA têm

de comunicar as faturas emitidas à Autoridade Tributária até ao dia 25 do mês seguinte.

Neste caso é através do ficheiro Saft-T, exportado mensalmente pelo programa de

faturação certificado que está disponível no site e-fatura no Portal das Finanças.

Antes de se enviar o Saft-T é necessário controlar se a informação que se vai enviar

está correta e para isso a Servápia utiliza uma aplicação, designada de Analisador Saft-

T, esta aplicação analisa o ficheiro e disponibiliza a informação de quantos documentos

existem, o valor das bases, a débito e a crédito e o valor do imposto.

50

A Servápia controla toda esta informação através dos seus mapas contabilísticos

relativos ao diário 5 (faturação automática), diário 44 (faturação manual), o diário 40 e

43 de notas de crédito e o diário 42 de notas de débito. Estando tudo conforme pode-se

submeter o Saft-T.

3.1.1.4. Reconciliação Bancária

A reconciliação bancária foi um dos trabalhos que também foi realizado ao longo

estágio, efetuando reconciliações e correções que sejam necessárias. A reconciliação

bancária faz-se comparando os movimentos efetuados pelo banco (através do extrato

bancário) e os movimentos efetuados pela empresa na sua contabilidade. O programa

de contabilidade permite extrair o extrato da conta corrente relativo a todos os bancos

com que a empresa trabalha o que permite preceder à comparação do extrato bancário.

Todos os valores que estiverem no extrato da conta corrente e no extrato bancário são

“picados”, os valores que não forem “picados” têm de ser analisados para ver que tipo

de irregularidades existe para poderem ser corrigidos, se possível. A reconciliação

bancária deve ser feita mensalmente.

A empresa elabora um mapa em Excel (anexo 5) com todos os bancos com que a

empresa trabalha, por exemplo no caso de existir valores que estejam no extrato

bancário mas não estejam no extrato de conta corrente é necessário colocar nesse excel

os valores que estão em falta, para ficar registado. Posteriormente entra-se em contacto

com o responsável do departamento de tesouraria para este entrar em contacto com o

banco para pedir os documentos que estão em falta. Caso o banco não envie os

documentos nos próximos meses estes valores terão de ser transferidos para uma conta

não conforme.

3.1.1.5. Elaboração das Demonstrações Financeiras mensalmente

De acordo com (Rodrigues, 2012, p. 528) e segundo a estrutura conceptual, as

demonstrações financeiras têm como principal objetivo proporcionar informação sobre

“a posição financeira e o seu desempenho e informar sobre as alterações na posição

financeira de uma entidade que sejam uteis para um leque alargado de utilizadores no

processo de tomada de decisões económicas”.

Desta forma todos os meses os administradores são convocados para participarem

numa reunião para serem analisadas as contas mensais (controlo interno), ou seja,

todos os meses são elaborados mapas relativos as demonstrações financeiras (balanço

51

e demonstração dos resultados), mapas relativos aos fornecimentos e serviços

externos, mapas financeiros e mapas de produção. Para assim estarem a par das

variações que podem existir de mês para mês.

3.1.1.6. Declaração de Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA)

De acordo com o artigo 41 do Código do IVA, conjugado com a alínea c) do n.º 1 do

artigo 29, a declaração periódica de IVA deve ser enviada por transmissão eletrónica de

dados e existem dois tipos de regime de entrega da declaração de IVA, o IVA mensal e

o IVA trimestral. Assim o apuramento do IVA e o preenchimento da declaração periódica

de IVA deve ser executado e entregue até ao dia 10 do segundo mês seguinte àquele

que respeitam as operações, isto caso se trate de uma empresa que tenha de entregar

uma declaração mensal, são incluídos os sujeitos passivos cujo volume de negócios

seja igual ou superior a 650 000€.

Caso se trate de um apuramento trimestral deve-se entregar a declaração até ao dia 15

do segundo mês seguinte ao trimestre a que se refere. Nesta situação estão incluídos

os sujeitos passivos com um volume de negócios inferior a 650 000€, ficam

genericamente enquadrados no regime trimestral.

Para proceder ao preenchimento da declaração é necessário realizar um breve

processo de conferência de documentos. Inicialmente procede-se à impressão de um

extrato relativo a todas as contas do IVA que foram utilizadas para depois se confrontar

todos os valores de IVA com os respetivos documentos.

Após ser realizada esta tarefa, o programa de contabilidade gera automaticamente uma

declaração periódica de IVA já pré-preenchida, onde apenas é necessário confirmar os

valores através dos extratos que foram analisados numa primeira fase.

A inversão do sujeito passivo acontece com alguma frequência na Somelos MIX, que é

o caso de uma empresa de construção civil prestar um serviço à Somelos MIX, esta

presta um serviço mas está isenta de liquidar IVA, ou seja, a Somelos MIX como sujeito

passivo de IVA deve liquidar e deduzir o IVA.

Caso esta preste um serviço a um particular (sujeito passivo de IRS) já não ocorre a

inversão do sujeito passivo, a empresa de construção civil tem de liquidar o IVA. Nesta

situação deve-se colocar o valor no campo 102 da declaração.

52

A portaria nº 255/2013 aprovou os novos modelos de anexos aos campos 40 e 41 da

declaração periódica de IVA. De acordo com a mesma portaria, estes anexos têm como

objetivo o controlo sobre as regularizações de imposto efetuado pelos sujeitos passivos,

ou seja, estes anexos devem ser preenchidos sempre que os sujeitos passivos tenham

inscrito regularizações de IVA a seu favor (campo 40) ou a favor do Estado (campo 41).

Para cada anexo é solicitado o número de identificação fiscal do adquirente ou

fornecedor, consoante o caso, a base de incidência da regularização e o imposto a

regularizar.

Após este processo submete-se a declaração de IVA, no caso dos valores obtidos

serem a favor do Estado (“Imposto a entregar ao Estado”), este documento é transferido

para a tesouraria para o pagamento ser efetuado, via internet.

É necessário ter em atenção que também pode existir imposto sobre o qual se pode

pedir o reporte (para o mês seguinte) ou o reembolso.

O Mapa recapitulativo deve ser enviado até ao dia 20 do mês seguinte (antes de enviar

a declaração do IVA), este mapa serve para controlar as vendas e prestações de

serviços que existem entre o mercado interno e o mercado comunitário. Numa primeira

fase é necessário gerar o balancete apenas com a classe 7 e o mapa do IVA

regularizações para servir de base para a fase seguinte. A declaração recapitulativa é

gerada automaticamente pelo Multi e apenas é necessário conferir todos os valores

base do balancete e das contas da classe 7 (créditos) e verificar também o mapa do IVA

regularizações (débitos).

Importação e exportação

É com bastante frequência que a Somelos MIX compra mercadoria no mercado

comunitário e no mercado externo. Desta forma é necessário ter especial atenção as

compras no mercado comunitário porque é necessário liquidar e deduzir o IVA,

relativamente á venda, para o mesmo mercado existe isenção de IVA de acordo com o

artigo 13 do código no IVA. No mercado externo estas operações são isentas de IVA de

acordo com o artigo 14 do código do IVA.

Quando uma fatura de uma compra ao mercado externo chega à Servápia apenas é

registado o valor da fatura sem IVA, o IVA fica suspenso e apenas é registado

posteriormente. É necessário recorrer à alfândega para recolher a mercadoria e

posteriormente é necessário aceder ao Portal das Finanças para se ter acesso ao

53

documento resumo do IVA que a Autoridade Tributária e Aduaneira disponibiliza para

que se possa proceder ao pagamento deste. O pagamento do IVA deve ser efetuado

até ao dia 15 no més seguinte.

3.1.1.7. Processamento de Salários

Ao longo do estágio foi possível analisar e perceber como é efetuado o processamento

de salários visto que é uma atividade recorrente da empresa. O pagamento de salários

é efetuado no final de cada mês portanto todo o processo de processamento de salários

é efetuado 2 ou 3 dias antes do fim no mês.

O Multi é constituído por uma base de dados bastante completa sobre cada trabalhador,

a base de dados é constituída por uma variada informação, como o número de cartão

de cidadão, o de segurança social, o fiscal, os contactos do trabalhador e familiares,

estado civil, número de dependentes, o NIB da respetiva conta bancária, uma vez que

todos os pagamentos são feitos por transferência e entre outros.

Como a Somelos Mix Fios Têxteis é uma empresa que trabalha 24 horas sobre 24 horas

existem turnos diferentes e a remuneração varia consoante o turno, quando se realiza

a 1ª fase de preparação do processamento de salários todos estes dados são

confirmados pelo programa de computador designado “Relógio de Ponto”, que consiste

na existência de um cartão para cada funcionário e quando estes chegam ao local de

trabalho devem “picar” o cartão e isto faz com que no fim do mês se consiga confirmar

e ter em tempo útil toda a informação necessária, como o número efetivo de dias de

trabalho dos trabalhadores, número de horas extra realizadas e consequentemente o

subsídio de alimentação.

No quadro 20 pode-se verificar parte da informação necessária para se proceder ao

processamento do salário.

Quadro 20 - Processamento de Salário

Descrição Dias Taxas Valores

Remuneração Base 162,50h - 2414,40€

Subsídio de Alimentação 21 Dias - 2,40

54

Descrição Dias Taxas Valores

Total: 50,40€

Complemento de subsídio de alimentação

Total:

21 Dias - 1,87€

39,27€

Duodécimos:

Subsídio de Natal

Subsídio de Férias

-

-

-

-

100,60€

100,60€

Total: 2705,27€

Segurança Social

Total:

21 Dias 11% 2414,40€

265,58€

Segurança Social relativa aos duodécimos

Subsídio de Natal:

Subsídio de Férias:

Total:

11%

11%

100,60€

100,60€

22,14€

IRS

Subtotal:

Subsídio de Natal:

Subsídio de Férias:

Subtotal:

Total:

24,90%

24,90%

24,90%

2414,40€

601,19€

100,60€

100,60€

50€

651,19€

55

CSSCD Somelos6

Total:

0,5% 2.414,40€

12,07€

Fonte: Elaboração Própria

De acordo com a Lei n.º 11/2013. D.R. n.º 19, Série I de 2013-01-28, relativamente aos

duodécimos os trabalhadores podem escolher se querem receber o valor dos subsídios

de natal e férias em duodécimos ou de forma integral. Caso a opção seja em

duodécimos o procedimento é o seguinte:

Apenas 50% da remuneração base é que é entregue em duodécimos, ou seja, 2414,40

× 50% = 1207,20€, sendo este valor divido pelos 12 meses, 1207,2012 𝑚𝑒𝑠𝑒𝑠⁄ =

100,66€. Este último valor calculado (100.66€) é que é entregue todos os meses, os

restantes 1207,20€ são entregues no momento de entrega do subsídio de Natal (em

Dezembro) e do subsídio de férias (quando o trabalhador optar por ir de férias).

Relativamente ao IRS é necessário confirmar a tabela de retenção na fonte para

confirmar a taxa a aplicar, nesta situação a taxa é de 24,90% como se pode verificar no

quadro 21.

Quadro 21 - Tabela de Retenção da Fonte para o Continente – 2015 / Tabela III – Trabalho Dependente – Casado dois Titulares

Remuneração Mensal em Euros

Número de dependentes

0 1 2 3 4 5 ou mais

Até 2.495,00 26,5% 25,7% 24,9% 22,1% 21,3% 20,5%

Fonte: Portal das Finanças – Descrição Tabelas de Retenção do IRS

(http://info.portaldasfinancas.gov.pt/pt/apoio_contribuinte/tabela_ret_doclib) consultado a 30 de

Abril de 2015.

O cálculo da sobretaxa é recente nos moldes atuais, tendo sido aprovada em 2013 e

que se prolongará ainda durante este ano civil de 2015. De acordo com o quadro 22 o

cálculo da sobretaxa é efetuado através da remuneração base menos as contribuições

6 O CSSCD é o Centro de Solidariedade Social Cultura e Desporto Somelos, uma IPSS em que apenas os trabalhadores do Grupo Somelos podem ser sócios e beneficiarem de certas regalias como descontos na farmácia. Podem usar também o centro de saúde do grupo sempre que quiserem pagando uma valor mínimo.

56

para a segurança social e para o IRS devendo-se ainda retirar o montante do salário

mínimo nacional (505€).

Quadro 22 - Cálculo da Sobretaxa

Remuneração Base 2414,40€

Segurança Social - 265,58€

IRS - 601,19€

Salário Mínimo Nacional - 505,00€

Total:

Taxa: 3,5%

Total da sobretaxa:

1042,63€

× 3,5%

36,00€

Fonte: Elaboração Própria

No quadro 23 é possível analisar o cálculo do valor da sobretaxa relativo aos subsídios.

Quadro 23 - Cálculo da Sobretaxa referente aos subsídios

Remuneração Base do subsídio 100,60€

Segurança Social - 11,07€

IRS - 25,00€

Salário Mínimo Nacional7 - 21,04€

Total:

Taxa: 3,5%

Total da sobretaxa:

43,00€

× 3,5%

1,00€

Fonte: Elaboração Própria

7 505,00/2/12 = 21,04€

Total líquido a receber 1.716,48€

57

Quadro 24 - Processamento do salário

Conta Descrição Débito Crédito

6311 Remunerações de órgãos sociais 2414,40 €

6312 Subsídio de alimentação 50,40 €

39,27 €

6311 Duodécimos – subsídio de natal e férias 100,60 €

100,60 €

245 Contribuições para a segurança social 265,58 €

11,14 €

11,14 €

2422 Retenção de impostos sobre rendimentos 601,19 €

25,00 €

25,00 €

278 Outros devedores e credores 12,07 €

2422 Sobretaxa 36,00 €

2311 Remunerações a pagar aos órgãos sociais 1716,48 €

Fonte: Elaboração Própria

No quadro 25 é referente ao pagamento da remuneração.

Quadro 25 - Pagamento da remuneração

Conta Descrição Débito Crédito

2311 Remunerações a pagar aos órgãos sociais

1716,48 €

12 Depósitos à ordem 1716,48 €

Fonte: Elaboração Própria

58

3.1.1.8. Documentos que integram o Dossier Fiscal

De acordo com (Otero, 2011) a modelo 22 é uma declaração anual que tem

obrigatoriamente de ser preenchida, sendo relativa ao imposto sobre as pessoas

coletivas, esta declaração permite às empresas apurarem o lucro ou prejuízo das

empresas. O preenchimento da modelo 22 é bastante complexo e deve-se ter um

conhecimento alargado sobre as regras fiscais.

Estão sujeitas ao preenchimento da modelo 22 as “entidades residentes que exercem,

a título principal, uma atividade de natureza comercial, industrial ou agrícola. Os sujeitos

passivos não residentes com estabelecimento estável, com exclusão da sociedade

dominante, na declaração do grupo”.

O quadro 07 é importante porque através deste é possível calcular o prejuízo para

efeitos fiscais ou o lucro tributável da empresa. Este quadro é constituído numa primeira

parte pela soma algébrica do resultado líquido do período e das variações patrimoniais

positivas e negativas (artigo n.º17 do CIRC) o restante quadro é formado por uma parte

de valores a acrescer e outra parte por valores a deduzir, ou seja, ao longo de todo o

código do IRC existem artigos que têm como finalidade corrigir valores contabilísticos

para que desta fora se consiga chegar ao apuramento do lucro ou prejuízo fiscal.

Se o somatório dos campos a deduzir for superior ao somatório dos campos a acrescer

existe um prejuízo para efeitos fiscais. Caso contrario se o somatório dos campos a

acrescer for superior ao somatório dos campos a deduzir existe um lucro tributável.

Após esta fase de apuramento de lucro ou prejuízo o valor é reportado para o quadro 9.

Caso haja lucro tributável neste quadro é apurada a matéria coletável, que de acordo

com o artigo 17 n.º1 do CIRC o lucro tributável é constituído pela soma algébrica do

resultado líquido do período e das variações patrimoniais negativas verificadas no

mesmo período e não refletidas naquele resultado.

Após o preenchimento do quadro 9 segue-se o preenchimento do quadro 10, onde é

calculado o imposto à taxa de 17% ou a taxa de 23%. Seguem-se mais alguns campos

importantes e mais usuais como a derrama estadual que é relativamente recente (artigo

nº87 A do CIRC), os pagamentos especiais por conta, as retenções na fonte, os

pagamentos por conta, a derrama municipal e as tributações autónomas.

59

O quadro 11 é constituído pela tributação autónoma que é elaborado com o apoio do

balancete que está adaptado de forma a simplificar e analisar os valores de forma clara

e simples para a modelo 22, por exemplo as despesas de representação e os

combustíveis, em que no plano de contas estão subdivididos pelos “ligeiros de

passageiros” e “outras viaturas”. Neste quadro é importante ter em atenção as taxas

aplicáveis às diferentes despesas. (artigo n.º 88 do CIRC).

Documentos que constituem o dossier fiscal de acordo com a Portaria 92-A/2011 de 28

de Fevereiro:

Relatório de Gestão, Parecer do Concelho Fiscal e documento de certificação

legal de contas quando legalmente exigido;

Lista e documentos comprovativos de créditos incobráveis;

Mapa, de modelo oficial, de provisões, perdas por imparidade em créditos e

ajustamentos em inventários;

Mapa, modelo oficial, das mais e menos valias;

Mapas, modelo fiscal, das depreciações e amortizações;

Mapa, modelo oficial das depreciações de bens reavaliados ao abrigo do diploma

legal;

Mapa do apuramento do lucro tributável por regimes de tributação;

Mapa de controlo de prejuízos no regime especial de tributação do grupo de

sociedades;

Outros documentos mencionados nos códigos ou em legislação complementar

(ex. certificado de Pequenas e Médias Empresas (PME));

Fazendo ainda parte integrante do dossier fiscal a Informação Empresarial Simplificada

(IES) e ainda uma secção com os documentos de trabalho, ou seja, o balancete

referente ao mês 13 e mês 15 e os mapas em excel relativos à própria modelo 22 com

todos os cálculos necessários para chegar ao lucro ou prejuízo da empresa e entre

outros.

60

3.1.2. Contabilidade Analítica no Grupo

A empresa Somelos Mix Fios Têxteis é uma empresa que trabalha por encomenda,

desenvolvendo como produto final o fio, especifico de acordo com o que cada cliente

exige, usando o Método da Secções Homogéneas para calcular os custos. Ao longo

deste subcapítulo será descrito o plano de contas assim como todo o processo da

contabilidade analítica.

A contabilidade analítica tem por base a divisão da empresa por centros de custos, ou

seja, cada seção tem associada a si um centro de custo diferente. Os centros de custos

estão divididos por setores principais, auxiliares e de estrutura.

Assim as secções principais representam o processo produtivo, ou seja têm uma

relação direta com o produto. A empresa é constituída por várias secções, começando

pela abertura/cardas, penteadeiras, laminadores, torces, contínuos e as bobinadeiras.

Como secções principais mas ainda não estando integradas do processo de produção

existe ainda os torcedores, a gazagem e a rebobinagem, que servem para efetuar

serviços no fim do produto acabado ou para efetuar outros tipos de serviços sobre fios

que não tenham iniciado o processo na empresa.

As secções auxiliares são responsáveis por prestar serviços às outras secções,

nomeadamente às secções principais, não tendo uma relação direta com o produto.

Como secções auxiliares existe a secção de ar condicionado, ar comprimido,

aprovisionamento de ramas, central de desperdício, humidificação, limpeza/reservas,

serviços de apoio à produção e aprovisionamento geral.

A secção de estrutura corresponde às funções que não têm qualquer ligação com a

área industrial. São elas por exemplo, a função administrativa e comercial.

A seguir pode-se visualizar na ilustração 8 o organigrama relativo ao circuito produtivo

da empresa Somelos MIX.

61

.

Ilustração 8 - Organigrama relativo à produção da empresa

Fonte: Elaboração Própria

Ramas (armazém)

ABERTURA

CARDAS

PENTEADEIRAS

LAMINADORES

TORCES

CONTINUOS

BOBINADEIRAS

FIOS - ARMAZÉS

Abertura dos fardos de matérias-primas. Máquina que realiza o processo de cardagem, utilizado pelas indústrias de fiação e tecelagem no tratamento de fibra a ser utilizada no fabrico de fios. Para eliminar as impurezas como por exemplo o pó. Faz a junção de vários fios para permitir uma maior regularidade. Têm como finalidade estender uma quantidade de fibras, aplicando-lhes de seguida uma pequena torção, que transforma a fita em pavio. Nesta fase dá-se a torção desejada para cada tipo de produto final. O fio é enrolado em canelas passando depois para a bobinadeira. Reúne as canelas para “alimentar” a tinturaria, tecelagem ou procede-se à venda direta.

62

O quadro 26 permite analisar a codificação dos diferentes tipos de centros de custos

relativamente aos setores principais.

Quadro 26 - Centros de custos das Secções Principais

Designação dos setores principais

Centro de custo dos setores principais

Conta da Contabilidade Analítica

Abertura / Cardas 52301 952301

Penteadeiras 52302 952302

Laminadores 52303 952303

Torces 52304 952304

Contínuos / Bobinadeira 52305 952305

Torcedores 52306 952306

Gazagem 52307 952307

Rebobinagem 52308 952308

Fonte: Elaboração Própria

O quadro 27 permite analisar a codificação dos diferentes tipos de centros de custos

relativamente aos setores auxiliares.

Quadro 27 - Centros de custos das Secções Auxiliares

Designação dos setores auxiliares

Centro de custo dos setores auxiliares

Conta da Contabilidade Analítica

Ar condicionado 10101 910101

Ar comprimido 10201 910201

Aprovisionamentos de ramas

10301 910301

Central de desperdício 10401 910401

63

Designação dos setores auxiliares

Centro de custo dos setores auxiliares

Conta da Contabilidade Analítica

Humidificação 10501 910501

Limpeza / reservas 10601 910601

Serviços de apoio à produção

10801 910801

Aprovisionamento geral 10901 910901

Fonte: Elaboração Própria

Assim de acordo com (Santos, 2004) o objetivo principal da Contabilidade Analítica

consiste em calcular o custo dos bens que são produzidos ou dos serviços prestados

pela empresa. Serve também para orientar os preços de venda, auxiliando também o

controlo da gestão, na análise económica e na tomada de decisão.

3.1.2.1. Plano de Contas

O plano de contas da contabilidade analítica é diferente da financeira embora um

complete o outro como se irá verificar a seguir.

O plano de contas da contabilidade analítica é composto pela:

Conta 90 – Contas Refletidas e não refletidas

Conta 91 – Centros de Custos auxiliares (F3/4)

Conta 92 – Centros de Custos auxiliares (F4)

Conta 94 – Inventário Permanente

Conta 95 – Centros de Custos Principais

Conta 96 – Custos de Estrutura

Conta 98 – Margem Bruta das Vendas

No quadro 28 pode-se visualizar como as contas da analítica são compostas. Após a

numeração na analítica, como se pode verificar, na conta 9010 relativa a Gastos

Refletidos por transferência automática seguem-se as contas do plano da contabilidade

financeira, neste caso a conta 62 de fornecimentos e serviços externos.

64

Quadro 28 - Subcontas da conta 90 – Contas refletidas e não refletidas

90 Contas refletidas e não refletidas

9010 Gastos Refletidos – Transferência automática

901062 Fornecimentos e serviços externos

9010622 Serviços Especializados

90106221 Trabalhos Especializados

90106222 Publicidade e Propaganda

90106223 Vigilância e Segurança

Fonte: Elaboração Própria

Como foi referido anteriormente a empresa esta dividida por centros de custos, centros

de custos esses associados a cada setor principal, auxiliar e de estrutura. Por exemplo

o centro de custo associado ao setor principal de abertura/cardas é o centro de custo

52301. Mas como existem duas fiações, para se distinguir uma da outra, a fiação 3/5

tem como codificação a numeração 523 e a fiação 4 tem a numeração 524.

Neste caso pode-se verificar (quadro 29), que a conta 61 está relacionada com os

consumos de stocks e associada a ela tem o número do armazém a que se refere.

Quadro 29 - Subcontas da conta 95 – Centros de Custos Principais

95 CENTROS DE GASTO PRINCIPAIS

9523 FIACCAO 3/5

952301 ABERTURA /CARDAS

95230161 CONSUMO DE STOCKS

9523016190 ARMAZEM GERAL

95230162 FORNECIMENTOS E SERVICOS EXTERNOS

952301622 SERVICOS ESPECIALIZADOS

9523016221 TRABALHOS ESPECIALIZADOS

9523016226 CONSERVACAO E REPARACAO

952301624 ENERGIA E FLUIDOS

9523016241 ELECTRICIDADE

952301625 DESLOCACOES, ESTADAS E TRANSPORTES

9523016251 DESLOCACOES E ESTADAS

952301626 SERVICOS DIVERSOS

9523016261 RENDAS E ALUGUERES

9523016262 COMUNICACAO

9523016263 SEGUROS

95230163 GASTOS COM O PESSOAL

65

95230164 GASTOS DEPRECIACAO E AMORTIZACAO

95230190 Importação de gastos de outros setores

95230190 910101 Ar condicionado

95230190 910201 Ar comprimido

95230190 910301 Armazém de ramas

95230190 910401 Central de desperdícios

95230190 910601 Limpeza / reservas

95230190 910801 Serviços Gerais Apoio Produção

95230190 910901 Aprovisionamento geral

Fonte: Elaboração Própria

A Somelos MIX é constituída por vários armazéns, como:

Armazém 13 - mercadorias de fios;

Armazém 19 - mercadorias diversas;

Armazém 60 - matérias-primas ramas de algodão;

Armazém 61 - matérias-primas de ramas de fibras sintéticas;

Armazém 62 - matérias-primas diversas;

Armazém 63 - matérias-primas de fio cru;

Armazém 80 - embalagens;

Armazém 84 - combustíveis;

Armazém 90 - armazém geral.

3.1.2.2. Descrição do processo da contabilidade analítica

O custo industrial resulta do somatório dos custos das matérias-primas, a mão-de-obra

direta e os gastos gerais de fabrico.

Como matérias-primas a Somelos MIX tem as ramas para a produção de fio.

A mão-de-obra direta é constituída pelas remunerações e encargos com o pessoal que

trabalha diretamente na produção.

Os Gastos Gerais de Fabrico são constituídos por tudo que não for considerado mão-

de-obra direta e matéria-prima, como por exemplo, o consumo de energia, depreciações

e despesas de manutenção.

Existem dois tipos de custos, os custos variáveis e os custos fixos. Os custos variáveis

são gerados em função da produção, ou seja, dependem da existência ou inexistência

66

de atividade. Os custos fixos não resultam da atividade da empresa, quer haja ou não

atividade estes existem sempre. De acordo com a ilustração 9 pode-se verificar que a

empresa considera como custos variáveis e diretos ao produto a matéria-prima, a

energia e a água são custos variáveis diretos ao setor por onde o fio passa mas não

diretos ao produto.

Como custos fixos são consideradas as rendas, as depreciações e mão-de-obra.

Geralmente a mão-de-obra direta é considerada como um custo direto ao produto, o

que implica que quando não há atividade não há custos com a mão-de-obra, no entanto

não é esta a situação da Somelos MIX, porque quer haja ou não produção as

remunerações aos funcionários têm de ser pagas, daí ser considerada pela empresa

um custo fixo.

Ilustração 9 - Custos Industriais (Somelos)

Fonte: Elaboração Própria

De acordo com (Santos, 2004) os custos não industriais são compostos por todos os

custos administrativos, comerciais e financeiros e devem ser suportados pelos produtos.

No entanto, a Somelos MIX não considera que estes custos devam ser imputados aos

produtos, pois vão diretamente para a Demonstração dos Resultados. Esta situação

deve-se ao facto de existir uma dificuldade de criar uma chave de repartição

Custos Industriais

Custos Variáveis

Diretos ao Produto: ex.

Matérias primas

Diretos ao Setor: ex. Energia e

água

Custos Fixos

Renda AmortizaçõesMão de Obra

67

devidamente objetiva e fundamentada. Como empresa entende que esta dificuldade

implica fortes gastos para ser ultrapassada opta por não realizar qualquer imputação.

Assim os custos não industriais são compostos pelos custos administrativos, custos

comerciais, custos das feiras, custos do armazém de fio, custos com a coleção e os

custos com a função geral8.

1ª Fase - Repartição Primária: só após todos os gastos e rendimentos serem lançados

na contabilidade financeira, que interferem com a componente industriais, é que se pode

iniciar o processo da contabilidade analítica. A primeira fase vai de encontro à

importação de todas as contas da classe 3 (compras), 6 (gastos) e 7 (rendimentos) para

as contas da analítica através de uma matriz pré-definida, que define que tipo de conta

é, e que destino terá essa conta na contabilidade analítica. Ou seja as contas da

contabilidade financeira passam por uma conta espelho ou intermédia (conta 90) e só

depois passa para uma conta definitiva na analítica. A conta espelho é a única forma de

garantir a passagem integral de todos os gastos ou rendimentos da contabilidade

financeira para a analítica.

Por vezes na repartição primária podem ocorrer erros, erros esses associados a um

centro de custo errado, uma vez que o responsável da produção pode associar um

centro errado à fatura, isto leva a que na contabilidade geral o centro de custo seja

registado de forma errada e posteriormente ocorram erros na repartição primária.

A primeira conta que surge na analítica é a conta 90, designada de contas refletidas e

não refletidas, ou seja, é a importação de todas as contas da classe 3, 6 e 7 para a conta

90. Esta conta funciona como uma conta espelho das contas da Contabilidade Geral na

Contabilidade Analítica. Posteriormente passam os valores para uma conta definitiva da

analítica (mais à frente será abordada esta tarefa de uma forma mais completa).

Assim a conta 90 subdivide-se em três tipos de subcontas importantes:

A conta 9010 que é relativa aos gastos refletidos através de transferência automática.

Esta transferência é responsável por levar estes gastos diretamente para uma conta 91,

de centros de custos auxiliares, ou para uma 95 centros de custos principais ou para a

conta 96 de contas de estrutura (custos não industriais). Caso seja relativo a uma venda

8 A função geral consiste nos gastos relativos com a administração

68

vai diretamente para a conta 98 a crédito que é relativa a margens. Com isto as contas

9010 saldam automaticamente.

Contabilidade Geral 9010 - Gastos Refletidos 91...

62 D

95…

D

96…

D

Contabilidade Geral 9010 98

71 C C

69

O quadro 30 representa um exemplo de como ocorre a repartição primária sem

intervenção manual do contabilista.

Quadro 30 - Exemplo de Repartição Primária

Fonte: Elaboração Própria

Nesta situação o valor que existe na conta 6223 (vigilância e segurança) vai na íntegra

para a conta da analítica. Este processo é todo feito automaticamente não existindo

nenhuma intervenção manual por parte do contabilista uma vez que o valor não tem de

ser repartido por diferentes secções (Anexo 6). No entanto o mesmo já não acontece

por exemplo com o valor da eletricidade.

Existe também a conta 9020 que é relativa a gastos refletidos por transferência manual,

ou seja, esta conta não salda automaticamente. Nesta situação os gastos permanecem

na conta 9020 até que o contabilista lhe determine um destino, uma vez que para

determinadas situações não existe automatismo, é o caso da energia, em que é

necessário distribuir a energia pelos diferentes setores de produção. Estes gastos são

levados ou para a conta 91, ou para a conta 95 ou para a conta 96. O processo é igual

ao que foi descrito anteriormente só que feito manualmente pelo contabilista.

Fazendo ainda parte da conta 90 a subconta 9030 relativa aos gastos não refletidos, é

por exemplo os gastos com o pessoal e das depreciações, que durante o ano não existe

qualquer movimento efetuado na contabilidade financeira, por opção do TOC, mas na

contabilidade analítica este valor é lançado manualmente todos os meses.

Posteriormente é também transferido para a conta 91, ou 95, ou 96.

2ª Fase – Lançamentos Manuais: consiste nos lançamentos manuais de alguns gastos

que não são repartidos de forma direta (quadro 31). É o caso da eletricidade em que na

contabilidade geral esta é lançada pelo valor total da fatura mas na analítica esse valor

Conta Origem 6223- Vigilância e Segurança

Conta Intermediária 90106223

Designação Vigilância e Segurança

Direto Sim

Conta da Analítica 9690016223

Designação Vigilância e Segurança

70

tem de ser distribuído pelos vários setores. É o caso também das depreciações, no início

do ano é feita uma projeção das depreciações. Neste caso em específico a Somelos

MIX divide o valor total por 11 meses (devido ao mês de férias em que a produção está

parada). Geralmente a meio do ano é necessário atualizar a projeção que foi feita no

início do ano devido aos investimentos que vão sendo efetuados ao longo do ano.

Quadro 31 - Exemplo de Repartição Primária (lançamento manual)

Fonte: Elaboração Própria

O valor da eletricidade é distribuído pelo engenheiro da produção, recorrendo na maioria

a contadores que existem nos vários setores o que permite obter / calcular o valor real.

Nos setores onde não existem contadores é feita uma estimativa.

O responsável desta área envia um mapa para a contabilidade com todos os valores

distribuídos por secção, existindo um valor total em € e em quilowatts. Procede-se assim

à distribuição por secções, em que cada um dos centros tem uma conta da contabilidade

analítica associada. Portanto com o ficheiro que o engenheiro da produção trata e envia

para a contabilidade procede-se ao lançamento manual deste valores.

6241 – Eletricidade 90206241 – Eletricidade 9523026241 – Eletricidade

1000,00€ ------------ 1000,00€ 1000,00€ 100,00€

9523036241 – Eletricidade

900,00€

Conta Origem 6241 – Eletricidade

Conta Intermediária 90206241

Designação Eletricidade

Direto Não

Conta da Analítica ---------------------

Designação ---------------------

71

O gasto com a eletricidade é lançado na conta 6241 na contabilidade financeira pelo

valor total da fatura, após isso o valor total é “transferido” para a conta espelho ou

intermediária designada de 90206241, é possível lançar o valor da eletricidade na

respetiva conta da analítica que diz respeito a cada secção. Desta forma supondo que

o valor de 100€ corresponde à secção das penteadeiras o valor é contabilizado na conta

9523026241 que é referente à secção das penteadeiras, sendo o valor restante

registado na conta 9523036241 que é relativa à secção do laminadores.

3ª Fase – Repartição Secundária: Nesta fase é elaborada a repartição dos gastos dos

setores auxiliares pelos setores principais. Abaixo pode-se verificar os critérios que a

empresa utiliza para fazer a repartição.

Repartição das secções auxiliares:

Ar Condicionado: Critério de Repartição é a área industrial por setor

22% - Abertura/Cardas

4% - Penteadeiras

11% - Laminadores

11% - Torces

32% - Contínuos/Bobinadeiras

17% - Torcedores

1% - Gazagem

2% - Rebobinagem

Ar comprimido: Critério de Repartição é o consumo das máquinas por setor

13% - Abertura/Cardas

2% - Penteadeiras

1% - Laminadores

5% - Torces

56% - Contínuos/Bobinadeiras

3% - Torcedores

1% - Gazagem

19% - Rebobinagem

Aprovisionamento de Ramas: 100% para a Abertura/ Cardas

Central de Desperdício: 100% para a Abertura/ Cardas

72

Humidificação: 100% para os Contínuos/Bobinadeiras

Limpeza/Reserva: 100% para a Abertura/ Cardas

Serviços gerais de apoio à produção: Critério de Repartição é o número total de

horas de intervenções da manutenção por setor.

17% - Abertura/Cardas

2% - Penteadeiras

5% - Laminadores

13% - Torces

49% - Contínuos/Bobinadeiras

10% - Torcedores

1% - Gazagem

3% - Rebobinagem

Laboratório: Critério de Repartição é o número total de horas de intervenções da

manutenção por setor.

17% - Abertura/Cardas

2% - Penteadeiras

5% - Laminadores

13% - Torces

49% - Contínuos/Bobinadeiras

10% - Torcedores

1% - Gazagem

3% - Rebobinagem

Conservação e Reparação: Critério de Repartição é o número total de horas de

intervenções da manutenção por setor.

17% - Abertura/Cardas

2% - Penteadeiras

5% - Laminadores

13% - Torces

49% - Contínuos/Bobinadeiras

10% - Torcedores

1% - Gazagem

3% - Rebobinagem

73

Central de Vapor: Critério de Repartição é a área industrial por setor

22% - Abertura/Cardas

4% - Penteadeiras

11% - Laminadores

11% - Torces

32% - Contínuos/Bobinadeiras

17% - Torcedores

1% - Gazagem

2% - Rebobinagem

No quadro 32 pode-se verificar que a secção auxiliar de ar condicionado teve um gasto

de 19.602,01€, sendo que este gasto tem ser repartido pelas secções principais, e assim

sucessivamente para todas as secções auxiliares.

Quadro 32 - Subcontas da classe 91

91 Centros de Gastos Secundários

910101 Ar condicionado 19.602,01€

910201 Ar comprimido 9.549,15€

910301 Armazém de ramas 3.418,17€

910401 Central de desperdícios 2.155,50€

910501 Humidificação 1.305,01€

910601 Limpeza / Reservas 10.262,61€

910801 Serviços Gerais Apoio Produção 15.175,14€

910901 Aprovisionamento Geral 5.964,01€

Fonte: Elaboração Própria

Assim na conta 95230190 designada por importação de gastos de outros setores os

valores repartidos são levados para as subcontas da conta 95230190, onde é

identificada a origem desse gasto.

No quadro 33 pode-se verificar como é feita a repartição dos gastos auxiliares pelo setor

principal (abertura/cardas) através do cálculo do coeficiente de imputação. Por

exemplo o coeficiente de imputação do ar condicionado é calculado da seguinte forma:

19.602,01€ / 100% = 19.602,01 (aplica-se o mesmo cálculo para todas as outras

secções).

74

Quadro 33 - Calculo da repartição dos gastos auxiliares pelos setores principais

Base de imputação

aplicar

Secções

Área Industrial por

setor

Ar condicionado 19.602,01€ × 22% = 4.312,44€

Consumo de máquinas

por setor

Ar comprimido 9.549,15€ × 13% = 1.241,39€

100% para a abertura Armazém de ramas 3.418,17€€ × 100% = 3.418,17€

100% para a abertura Central de

desperdícios

2.155,50€ × 100% = 2.155,50€

100% para os

contínuos/bobinadeiras

Humidificação 1.305,01€ × 100% = 1.305,01€

100% para a abertura Limpeza / Reservas 10.262,61€ × 100% = 10.262,61

Número total de horas

de intervenções na

manutenção por setor

Serviços Gerais Apoio

Produção

15.175,14€ × 17% =

2.579,78€

100% para a abertura Aprovisionamento

Geral

5.964,01 × 100% = 5.964,01€

Fonte: Elaboração Própria

Quadro 34 - Subcontas da conta 95 230190 – centros de custos principais

95230190 Importação de gastos de outros

setores

95230190 910101 Ar condicionado 4.312,44€

95230190 910201 Ar comprimido 1.241,39€

95230190 910301 Armazém de ramas 3.418,17€

95230190 910401 Central de desperdícios 2.155,50€

95230190 910601 Limpeza / reservas 10.262,61€

95230190 910801 Serviços Gerais Apoio Produção 2.579,78€

95230190 910901 Aprovisionamento geral 5.964,01€

Fonte: Elaboração Própria

4ª Fase – Recolha dos gastos por setores principais. Nesta fase recorre-se ao balancete

da Contabilidade Analítica para se recolher todos os gastos, como os gastos com

pessoal, depreciações e outros encargos relativos aos setores principais para

posteriormente se proceder à valorização da produção mensal. A seguir pode-se

visualizar os gastos relativos ao mês de março.

75

Quadro 35 - Distribuição de custos pelos setores principais

Sectores: Custos com

Pessoal

Depreciações Outros encargos

Total

Aberturas / Cardas 18.220,22 15.179,93 67.735,34 101.135,49

Penteadeiras 5.271,29 4.839,39 4.553,35 14.610,03

Laminadores 9.807,73 1.824,49 8.751,35 20.383,57

Torces 19.351,78 43,59 16.758,09 36.153,46

Contínuos / Bobinadeiras

61.645,02 44.257,48 93.209,52 199.112,02

Torcedores -- -- -- 0,00

Gazagem -- -- -- 0,00

Rebobinagem -- -- -- 0,00

Rebobinagem Filamentos

-- -- -- 0,00

114.242,04 66.144,88 191.007,65 371.394,57

Fonte: Elaboração Própria

Após este procedimento (4ª fase) segue-se a valorização da produção mensal,

nomeadamente a valorização dos produtos em vias de fabrico e produção terminada.

A seguir pode-se visualizar a conta de laboração referente ao mês de março, em que o

valor das existências iniciais e das incorporações do período das matérias-primas e dos

gastos gerais de fabrico é distribuído pela produção em curso, produção terminada e as

diferenças de incorporação.

As diferenças de incorporação, nesta situação apresentam um valor significativo, sendo

este de -17.783,25€, relativamente às matérias-primas, o que significa que os consumos

efetivos foram superiores aos consumos teóricos. No anexo 7 pode-se visualizar o mapa

que apresenta o cálculo relativo ao desvio das matérias-primas (desvio de quantidade).

O desvio relativo aos gastos gerais de fabrico que se verifica na conta de laboração é

apenas relativo a arredondamentos. Nos gastos gerais de fabrico não existem

diferenças de incorporação porque estão a ser imputados ao produto. Os custos

industrial total (sistema de custeio total), não são excluídos os custos com a inatividade,

o que é possível no sistema de custeio racional. As diferenças de incorporação nas

matérias-primas são imputadas ao resultado do mês da empresa.

76

Conta laboração – Mês de Março

Existência inicial: Produto em vias de fabrico:

Matérias-Primas 168.565,78 Matérias-Primas 190.350,98

Gastos Gerais de Fabrico 105.969,54 Gastos Gerais de Fabrico 101.910,82 _________ _________

274.535,32 292.261,80

Incorporações do Período: Produção Terminada:

Matérias-Primas 398.579,56 Matérias-Primas 359.010,00

Gastos Gerais de Fabrico 371.395,37 Gastos Gerais de Fabrico 375.453,21 _________ _________

769.974,93 734.463,21

Total: Diferenças de incorporação:

Matérias-Primas 567.145,34 Matérias-Primas 17.784,36

Gastos Gerais de Fabrico 477.364,91 Gastos Gerais de Fabrico 0,88 __________ __________

1.044.510,25 17.785,24

Total:

Matérias-Primas 567.145,34

Gastos Gerais de Fabrico 477.364,91 __________

1.044.510,25

77

A última fase do processo da Contabilidade Analítica consiste em atingir o objetivo da

mesma, que é valorizar os produtos fabricados/produção terminada e a produção em

vias de fabrico, ou seja distribuir pelos diferentes produtos os custos que passaram por

cada setor.

Como exemplo poder-se-á analisar uma ordem de fabrico elaborada no mês de março,

que passa por todos os setores principais. Poder-se-á assim apurar o valor gasto em

cada secção principal para a produção da referida ordem de fabrico.

No anexo 8 pode-se visualizar a ficha técnica relativa à ordem de fabrico que se vai

analisar para finalizar este ponto do trabalho. Através desta ordem de fabrico pretende-

se produzir 300 Kg do produto x, sendo que para produzir o produto x é necessário

introduzir três tipos de matérias-primas diferentes. São necessárias 25% da matéria-

prima A, 65% da matéria-prima B e 10% da matéria-prima C. Todo o processo de

produção deste artigo terá de passar por todas as secções principais (abertura,

penteadeiras, laminadores, torces, contínuos e bobinadeiras).

Na ficha técnica é possível verificar que para produzir 300 kg para o produto x são

necessários 125 kg da matéria-prima A, 325 kg da matéria-prima B e 50 kg da matéria-

prima C (valor teórico para calcular 300 kg).

O quadro 36 é um ficheiro que a empresa tem para cada tipo de ordem de fabrico

produzida ao longo do mês. Nesta pode-se visualizar a designação do artigo final,

nomeadamente o seu código de identificação assim como o número de ordem de

fabrico, uma vez que cada ordem de fabrico diferente tem associado a si um número

diferente. Neste quadro é possível ainda verificar quais os setores por onde o produto

passou, que como já foi referido anteriormente, este passa por todos os setores

principais. É ainda possível analisar algumas características técnicas como a unidade

de medição.

Relativamente à produção efetiva verifica-se que efetivamente apenas foram produzidos

274 kg do produto x, o que leva a que o valor que tenha sido utilizado efetivamente na

produção relativamente à matéria-prima A, B e C foi de 110,064 kg, 260,166 kg e 40,026

kg respetivamente. Existe assim uma diferença entre o valor teórico que foi calculado e

o valor efetivo da produção. Esta situação designa-se como diferenças de imputação ou

desvios relativos as matérias-primas. As diferenças de imputação consistem na

diferença entre a quantidade teórica e a quantidade efetivamente consumida. Esta

diferença que existe na produção deste produto faz com que o valor da diferença de

78

imputação na conta de laboração do mês de março aumente. No entanto é necessário

ter em conta que os valores apresentados na conta de laboração do mês de março são

relativos a toda a produção do respetivo mês.

O valor das matérias-primas é imputado com base no consumo teórico, ou seja a

quantidade teórica necessária para produzir os 274 kg vezes o custo unitário das

matérias-primas. Relativamente aos gastos gerais de fabrico estes são imputados ao

produto na totalidade incluindo as inatividades9 (os custos fixos são todos distribuídos).

Assim no quadro 36 pode-se verificar os valores calculados à matéria-prima e de gastos

gerais de fabrico, respetivamente de 2.338,28€ e 1.667,42€. Através da tabela é

possível verificar o custo de produção referente a cada setor relativamente aos gastos

gerais de fabrico e às matérias-primas. Em suma para 274 kg o custo de produção é de

4.005,71€.

9 Inatividades: Tudo que implique paragens, como por exemplo a avaria de uma máquina.

79

Características técnicas

Artigo Final Código OF Mistura Cor Setor Un NE Cabos Alfa Estr Rtr Desp ADesp Rend Veloc Prod Efectiva

100%APFL TM 030,00/1*0 400 Z Ma8018 3610198 33553 800006 Ma8018 CB NE 30 1*0 4 DK40 0 3,02 0 90 8000 282,532

100%APFL TM 030,00/1*0 400 Z Ma8018 33553 800006 Ma8018 TO NE 1,1 0*0 1,27 0 1,5 0 70 900 286,835

100%APFL TM 030,00/1*0 400 Z Ma8018 33553 800006 Ma8018 LA NE 0,15 0*0 0 0 1 0 50 250 289,732

100%APFL TM 030,00/1*0 400 Z Ma8018 33553 800006 Ma8018 PE NE 0,15 0*0 0 0 23,4 3,4 70 250 378,241

100%APFL TM 030,00/1*0 400 Z Ma8018 33553 800006 Ma8018 AB NE 0,135 0*0 0 0 5,5 0 85 12 400,255

FIBRA LONGA CA 33553 10017 0 AB 100,064

AZUL 4929 FL CA 33553 10204 0 AB 260,166

AZUL ROYAL 4963 FL CA 33553 10205 0 AB 40,026

Stock inicial curso Stock final curso Produção Mp EGF 03/2015

Setor/Matéria-prima Rec Ini EGF Ini

MP Ini Rec Final EGF Fim MP Fim Armazém EGF MP IncMP QtHomo QtUtiliz VlAmor VlMão VlOutros

CONTINUOS/BOBINADEIRAS 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 274,00 1 667,42 2 338,28 31 392,44 282,53 186,39 259,62 392,56

TORCES 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 741,18 286,84 0,18 81,77 70,81

LAMINADORES 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 289,73 289,73 7,97 42,84 38,23

PENTEADEIRAS 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 378,24 378,24 52,59 56,69 49,48

ABERTURA 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 400,26 400,26 64,28 77,16 286,85

FIBRA LONGA CA 462,29 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

AZUL 4929 FL CA 1 659,85 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

AZUL ROYAL 4963 FL CA 216,14 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

80

CONCLUSÕES

A realização deste trabalho passou por algumas fases desde a escolha da área, que

teria todo o interesse que fosse de encontro com as tarefas realizadas no âmbito do

estágio curricular. Após alguma ponderação decidiu-se que o tema a ser escolhido seria

então na vertente da contabilidade de custos. O principal motivo da escolha prende com

a elevada importância da contabilidade de custos para as empresas. Tendo a

possibilidade de efetuar um estudo de caso numa empresa real como a Somelos havia

a possibilidade de conciliar os vários interesses.

A elaboração deste trabalho permitiu compreender / aprender todos os mecanismos e

processos contabilísticos praticados pelos contabilistas duma empresa aplicando desta

forma todos os conhecimentos teóricos que foram adquiridos ao longo do percurso

académico. Desta forma, serviu também para a integração no mundo empresarial real,

onde surgem novas formas de trabalhar e compreender a realidade.

Neste projeto foi realizada a descrição detalhada de todas as tarefas realizadas de forma

a permitir compreender de forma clara todo o processo contabilístico tanto na área da

contabilidade financeira e da área da contabilidade analítica. Assim no primeiro capítulo

é dado a conhecer o Grupo Somelos, ou seja, é feita uma descrição detalhada das

empresas pertencentes ao grupo e de toda a funcionalidade destas.

No segundo capítulo foi realizada uma revisão teórica que inclui um pouco da história

da contabilidade, nomeadamente como esta surgiu e se desenvolveu ao longo dos anos.

Foram também desenvolvidos vários conceitos importantes sobre a contabilidade

analítica, a existência deste capítulo foi necessária para ir de encontro com o estudo de

caso que no terceiro e último capítulo é descrito.

Assim ao longo do estágio foram realizadas todas as tarefas necessárias para

compreender o processo da contabilidade financeira, desde a tarefa mais simples de ter

de identificar e diferenciar os diferentes tipos de documentos, a organização e

disposição de todos os documentos por diários, compreender o extenso plano

contabilístico existente na empresa, a adaptação ao programa informático e a todas as

ferramentas utilizadas pela empresa, que são de extrema importância para a fase

seguinte nomeadamente a fase da contabilidade analítica. Através deste trabalho

consegue-se perceber qual a importância da Contabilidade de Analítica na área

industrial.

81

A parte prática deste projeto deve-se acrescentar a grande experiencia adquirida e este

projeto permitiu compreender a importância da contabilidade financeira e analítica para

uma empresa industrial. Através desta é possível identificar e quantificar todos os custos

associados à produção de cada produto, desde a origem (matérias-primas) até à saída

da empresa como produto acabado. Sem esta não conseguiríamos obter tanta

informação acerca da produção de produto, uma vez que através deste trabalho foi

possível entender todo o processo fabril que é realizado desde o primeiro momento

(chegada da matéria prima ao armazém) até ao produto acabado. Assim através da

contabilidade de custos é possível saber o custo unitário de cada unidade produzida

para assim conseguir estabelecer preços de venda.

Relativamente a toda a descrição e aprendizagem na Contabilidade Analítica foi muito

importante para o meu desenvolvimento, realização pessoal e crescimento em termos

de capacidades práticas e apoio à tomada de decisão.

Uma das limitações deste estudo foi a necessidade de perceber todo o processo

produtivo da empresa, que foi minorizado com a ajuda da equipe de engenharia da

empresa, que se disponibilizaram em explicar todo o processo fabril no meio têxtil,

nomeadamente na produção de fios, de forma a posteriormente compreender e

implementar o processo da contabilidade analítica.

Em suma, a realização e escolha deste mestrado proporcionou este estágio que foi uma

mais-valia pessoal, que permitiu alargar a visão contabilística e conhecer melhor o

mundo industrial permitindo aplicar todos os conhecimentos adquiridos.

Conclui-se que esta experiencia foi muito enriquecedora e que através deste trabalho

no futuro, permitirá haver alguma facilidade em compreender determinadas situações e

procedimentos na área contabilística.

82

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85

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consultado a 3 de Agosto de 2015.

86

ANEXOS

87

Anexo 1 – Numeração relativa a cada banco

88

Anexo 2 – Espelho e respetiva fatura

89

90

Anexo 3 – Reembolso do IVA

91

Anexo 4 – Fatura relativa a um alojamento no estrangeiro

92

Anexo 5 – Reconciliação Bancária

Somelos Mix - Fios Texteis SA Banco Montepio

Reconciliação bancária Mês dezembro 14

Documento Contabilidade Banco Obs

Data Tipo Nº Déb.s/relev. Créd. s/relev.bancária Déb.s/relev. Créd.s/relev.

bancária Relat.

cheques Outros contabilistica contabilistica A B C D E F G H I

02/10/2014 Encargos 15,60

08/10/2014 transf. 7 500,00

09/10/2014 liq.juros 7 471,08

28/10/2014 Encargos 6,24

30/10/2014 Encargos 6,24

Total 7 500,00 0,00 7 499,16 0,00 0,00

Saldo a reconciliar Saldo reconciliado Preparação

Saldo contabilístico 204,75 Déb.s/relev.banc. (D) 7 500,00

Saldo bancário 203,91

Cred.s/relev.banc.-Cheq. (E) 0,00

Diferença a reconciliar 0,84

Cred.s/relev.banc.-Outros (F) 7 499,16

Déb.s/relev.cont. (G) 0,00 Revisão

Cred.s/relev.cont. (H) 0,00

Diferença reconciliada -0,84

Mod. SV01

93

Anexo 6 – Matriz da Repartição Primária

902062124 REBOBINAGEM Direto Não SNC 0

902062125 ACABABAMENTO TECIDOS Direto Não SNC 0

90106221 TRABALHOS ESPECIALIZADOS Direto Sim SNC SNC 967001622101 REVISAO CONTAS 100

90106221 TRABALHOS ESPECIALIZADOS Direto Sim SNC SNC 967001622102 AUDITORIA CONTAS 100

90106221 TRABALHOS ESPECIALIZADOS Direto Sim SNC SNC 967001622103 FUNCOES ORGAOS SOCIAIS 100

90106221 TRABALHOS ESPECIALIZADOS Direto Sim SNC SNC 967001622104 CONSULTADORIA GESTAO 100

90106221 TRABALHOS ESPECIALIZADOS Direto Sim SNC SNC 969001622105 100

90106221 TRABALHOS ESPECIALIZADOS Direto Sim SNC SNC 967001622106 APOIO GESTAO/SUPERVISAO 100

90106221 TRABALHOS ESPECIALIZADOS Direto Sim SNC SNC 967001622107 APOIO ADMINISTRATIVO 100

90106221 TRABALHOS ESPECIALIZADOS Direto Sim SNC SNC 967001622108 APOIO INFORMATICO 100

90106221 TRABALHOS ESPECIALIZADOS Direto Sim SNC SNC 969001622109 ASSISTENCIA JURIDICA 100

94

Anexo 7 – Cálculo dos devios das matérias primas

SOMELOS MIX

DESVIO MP'S março/2015

Matéria prima Stock inicial

rama Consumos efetivos Stock final rama Necessidades teóricos Desvio (Sf+Nec.Teor.-Si-Cons.)

Comp Descricao Qt Valor CUM Qt Valor Qt Valor Qt CUM Valor Qt Preço Valor

10001 FIBRA MEDIA (MISTURA B) 560,00 1 024,80 18 940,24 1,95 36 975,56 3 919,00 7 642,05 13 419,60 1,95 26 168,22 -2 161,64 0,00 -4 190,09

10002 FIBRA LONGA (MISTURA A) 2 730,00 8 599,50 18 332,96 3,31 61 133,22 3 425,00 11 336,75 19 935,45 3,31 65 986,34 2 297,49 0,00 7 590,37

10003 USPIMA (MISTURA U) 160,00 614,40 4 934,50 3,96 19 536,44 0,00 0,00 4 869,02 3,96 19 281,32 -225,48 0,00 -869,52

10004 BARAKAT (MISTURA J) 1 455,00 2 851,80 0,00 1,96 0,00 120,00 235,20 950,07 1,96 1 862,14 -384,93 0,00 -754,46

10007 LINHO B 0,00 0,00 15,00 2,75 41,25 0,00 0,00 15,42 2,75 42,41 0,42 0,00 1,16

10008 LINHO C 0,00 0,00 2 852,00 2,25 6 416,58 0,00 0,00 2 684,79 2,25 6 040,78 -167,21 0,00 -375,80

10017 FIBRA LONGA CA 0,00 0,00 3 793,00 4,62 17 541,70 0,00 0,00 3 107,84 4,62 14 358,22 -685,16 0,00 -3 183,48

10018 USPIMA CA 0,00 0,00 493,50 5,31 2 619,90 0,00 0,00 407,19 5,31 2 162,18 -86,31 0,00 -457,72

10025 LINHO D 0,00 0,00 515,00 3,46 1 783,17 0,00 0,00 426,16 3,46 1 474,51 -88,84 0,00 -308,66

10100 PRETO REACTIVO/S FM 0,00 0,00 5 163,00 3,77 19 438,96 1 207,00 4 550,39 3 715,42 3,77 14 007,13 -240,58 0,00 -881,44

10101 AZUL 4929 FM 0,00 0,00 2 954,00 4,17 12 306,90 0,00 0,00 2 949,91 4,17 12 301,12 -4,09 0,00 -5,78

10102 AZUL ROYAL 4963 FM 0,00 0,00 446,85 4,16 1 856,86 0,00 0,00 436,76 4,16 1 816,92 -10,09 0,00 -39,94

10104 CASTANHO 7994 FM 0,00 0,00 432,00 4,30 1 858,90 0,00 0,00 445,88 4,30 1 917,28 13,88 0,00 58,38

10105 BEGE 7129 FM 0,00 0,00 125,00 4,01 501,33 0,00 0,00 118,81 4,01 476,43 -6,19 0,00 -24,90

10107 VERDE ACIDO 3993 FM 0,00 0,00 9,00 4,49 40,39 0,00 0,00 8,41 4,49 37,76 -0,59 0,00 -2,63

10108 BRANCO OPTICO 0006 FM 0,00 0,00 0,00 2,56 0,00 0,00 0,00 0,00 2,56 0,00 0,00 0,00 0,00

10109 AZUL 4356 FM 0,00 0,00 186,00 4,18 776,89 0,00 0,00 172,36 4,18 720,46 -13,64 0,00 -56,43

10116 ROSA 0008 FM 0,00 0,00 0,00 3,77 0,00 0,00 0,00 0,00 3,77 0,00 0,00 0,00 0,00

10118 AZUL CLARO 0009 FM 0,00 0,00 0,00 3,70 0,00 0,00 0,00 0,00 3,70 0,00 0,00 0,00 0,00

10120 STRAWBARRY FUXIA 0001 FM 0,00 0,00 0,00 3,72 0,00 0,00 0,00 0,00 3,72 0,00 0,00 0,00 0,00

10127 PRETO REACTIVO 9001 FL 0,00 0,00 150,00 4,90 734,89 0,00 0,00 157,28 4,90 770,67 7,28 0,00 35,78

10128 AZUL 4929 FL 0,00 0,00 23,00 5,56 127,94 0,00 0,00 26,73 5,56 148,62 3,73 0,00 20,68

10129 AZUL ROYAL 4963 FL 0,00 0,00 27,00 5,53 149,27 0,00 0,00 31,19 5,53 172,48 4,19 0,00 23,21

10130 CASTANHO 7994 FL 0,00 0,00 742,00 5,65 4 192,95 0,00 0,00 752,38 5,65 4 250,95 10,38 0,00 58,00

10131 BEGE 7129 FL 0,00 0,00 741,00 5,01 3 711,32 0,00 0,00 752,38 5,01 3 769,42 11,38 0,00 58,10

10134 BRANCO OPTICO 0006 FL 0,00 0,00 0,00 4,07 0,00 0,00 0,00 2,89 4,07 11,76 2,89 0,00 11,76

10153 NERO INDANTHREN 0036 FL 0,00 0,00 1 484,00 7,57 11 230,91 0,00 0,00 1 480,63 7,57 11 208,37 -3,37 0,00 -22,54

10160 NAVY 0028 FL 0,00 0,00 1 693,00 7,51 12 715,06 0,00 0,00 1 736,77 7,51 13 043,14 43,77 0,00 328,08

10163 AVIO 0026 FL 0,00 0,00 409,00 7,38 3 016,83 0,00 0,00 396,52 7,38 2 926,32 -12,48 0,00 -90,51

10164 BLU 0027 FL 0,00 0,00 406,50 6,73 2 735,33 0,00 0,00 419,13 6,73 2 820,74 12,63 0,00 85,41

10166 AZZURRO 0025 FL 0,00 0,00 676,00 7,60 5 139,03 0,00 0,00 741,74 7,60 5 637,22 65,74 0,00 498,19

10177 NERO INDANTHREN 0036 FL CA 0,00 0,00 0,00 6,32 0,00 0,00 0,00 321,50 6,32 2 031,88 321,50 0,00 2 031,88

10203 PRETO 9001 FL CA 0,00 0,00 1 502,50 6,31 9 483,58 325,00 2 050,75 1 203,33 6,31 7 593,01 25,83 0,00 160,18

95

10204 AZUL 4929 FL CA 0,00 0,00 1 635,00 6,38 10 437,41 0,00 0,00 1 674,72 6,38 10 684,71 39,72 0,00 247,30

10205 AZUL ROYAL 4963 FL CA 0,00 0,00 519,00 5,40 2 803,15 0,00 0,00 489,12 5,40 2 641,25 -29,88 0,00 -161,90

10206 CASTANHO 7994 FL CA 0,00 0,00 60,00 5,11 306,46 0,00 0,00 62,54 5,11 319,58 2,54 0,00 13,12

10210 AZUL 4356 FL CA 0,00 0,00 150,00 7,09 1 063,63 0,00 0,00 142,43 7,09 1 009,83 -7,57 0,00 -53,80

10251 USPIMA NERO IND0036 CA 0,00 0,00 197,00 9,43 1 858,04 0,00 0,00 167,19 9,43 1 576,60 -29,81 0,00 -281,44

10252 USPIMA NAVY 0028 CA 0,00 0,00 31,00 5,79 179,62 0,00 0,00 22,50 5,79 130,28 -8,50 0,00 -49,34

10262 USPIMA AZZURRO 0025 CA 0,00 0,00 181,00 7,94 1 437,45 0,00 0,00 134,98 7,94 1 071,74 -46,02 0,00 -365,71

20001 VISCOSE BR 2 000,00 3 600,00 5 837,85 1,80 10 508,13 0,00 0,00 7 331,73 1,80 13 197,11 -506,12 0,00 -911,02

20002 VISCOSE MATE 0,00 0,00 843,92 2,00 1 687,58 0,00 0,00 791,65 2,00 1 583,30 -52,27 0,00 -104,28

20005 BAMBO CV 0,00 0,00 587,87 2,60 1 528,45 0,00 0,00 551,19 2,60 1 433,09 -36,68 0,00 -95,36

20006 MODAL BR 0,00 0,00 715,79 2,40 1 717,89 244,00 585,60 428,73 2,40 1 028,95 -43,06 0,00 -103,34

20007 MODAL MICRO 0,00 0,00 877,43 2,55 2 237,45 0,00 0,00 815,74 2,55 2 080,14 -61,69 0,00 -157,31

20011 TENCEL A100 0,00 0,00 2 826,01 2,80 7 912,83 0,00 0,00 2 659,62 2,80 7 446,94 -166,39 0,00 -465,89

20100 VISCOSE BR 17 PRETO 01332/900 0,00 0,00 3 830,05 2,52 9 666,02 0,00 0,00 3 632,93 2,52 9 154,98 -197,12 0,00 -511,04

20101 VISCOSE BR 17 CASTANHO 7994 0,00 0,00 0,00 3,32 0,00 0,00 0,00 3,49 3,32 11,59 3,49 0,00 11,59

20117 VISCOSE MAT 13 AZUL 4929 0,00 0,00 0,00 4,31 0,00 0,00 0,00 0,00 4,31 0,00 0,00 0,00 0,00

20225 VISCOSE MAT 13 PRETO 9001 0,00 0,00 0,00 4,21 0,00 0,00 0,00 0,00 4,21 0,00 0,00 0,00 0,00

20244 MODAL BR AZUL MARINHO 6436 0,00 0,00 0,00 3,38 0,00 0,00 0,00 0,00 3,38 0,00 0,00 0,00 0,00

30001 LA 215MIC 0,00 0,00 1 084,00 10,34 11 203,48 0,00 0,00 1 042,39 10,34 10 778,31 -41,61 0,00 -425,17

30002 LA 175MIC 0,00 0,00 78,12 14,04 1 096,91 0,00 0,00 75,18 14,04 1 055,53 -2,94 0,00 -41,38

30004 LA 19MIC 0,00 0,00 540,52 13,33 7 205,10 0,00 0,00 557,12 13,33 7 426,41 16,60 0,00 221,31

30006 CACHEMERA N 0,00 0,00 558,22 49,03 27 367,87 0,00 0,00 378,62 49,03 18 563,74 -179,60 0,00 -8 804,13

30009 ANGORA MDA 0,00 0,00 338,00 23,52 7 948,50 0,00 0,00 320,63 23,52 7 541,22 -17,37 0,00 -407,28

30010 ANGORA B 0,00 0,00 26,00 20,67 537,34 0,00 0,00 19,93 20,67 411,95 -6,07 0,00 -125,39

30011 SEDA M T301 0,00 0,00 246,54 37,94 9 352,60 0,00 0,00 252,54 37,94 9 581,37 6,00 0,00 228,77

30012 SEDA TUSSAH 0,00 0,00 4,00 28,13 112,51 0,00 0,00 4,83 28,13 135,87 0,83 0,00 23,36

30014 SEDA BOURRETT 0,00 0,00 331,74 16,53 5 484,49 0,00 0,00 315,67 16,53 5 218,03 -16,07 0,00 -266,46

30018 SEDA BOURRETT PRETO 0,00 0,00 36,80 17,74 653,00 0,00 0,00 36,73 17,74 651,59 -0,07 0,00 -1,41

30026 CACHEMERA 100 KV24 0,00 0,00 287,40 62,02 17 824,86 0,00 0,00 247,39 62,02 15 343,13 -40,01 0,00 -2 481,73

40001 POLIAMIDA SMAT 0,00 0,00 710,90 3,95 2 808,06 0,00 0,00 668,65 3,95 2 641,17 -42,25 0,00 -166,89

40003 POLIESTER SMAT 0,00 0,00 3 010,50 1,44 4 335,12 0,00 0,00 2 917,29 1,44 4 200,90 -93,21 0,00 -134,22

40004 POLIESTER MICRO 0,00 0,00 0,00 1,80 0,00 0,00 0,00 0,00 1,80 0,00 0,00 0,00 0,00

40012 ACRILICO MT RETRATIL 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 2,95 0,00 0,00 2,95 0,00

40013 ACRILICO MICRO 0,00 0,00 363,60 2,98 1 084,62 0,00 0,00 323,15 2,98 962,99 -40,45 0,00 -121,63

40015 COLEVER 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 3,45 0,00 0,00 3,45 0,00

50005 DORLASTAN 22 DTEX 0,00 0,00 14,88 13,03 193,86 0,00 0,00 11,55 13,03 150,50 -3,33 0,00 -43,36

50006 DORLASTAN 44 DTEX 0,00 0,00 36,00 9,00 324,00 0,00 0,00 28,90 9,00 260,10 -7,10 0,00 -63,90

50007 DORLASTAN 78 DTEX 0,00 0,00 13,00 6,50 84,50 0,00 0,00 0,00 6,50 0,00 -13,00 0,00 -84,50

50008 PBT 22 DTEX 163,50 1 360,32 947,60 8,32 7 884,03 311,50 2 591,68 683,20 8,32 5 684,22 -116,40 0,00 -968,45

50009 PBT 22 DTEX PRETO 110,00 1 595,00 0,00 14,50 0,00 0,00 0,00 113,93 14,50 1 651,99 3,93 0,00 56,99

50024 PA 44 DTEX 66 PRETO 240,00 1 920,00 458,68 8,00 3 669,44 0,00 0,00 587,85 8,00 4 702,80 -110,83 0,00 -886,64

7 418,50 21 565,82 94 424,47 398

579,56 9 551,50 28 992,42 89 179,67 373

369,71 -3 111,80 -17 783,25

96

Anexo 8 – Ficha Técnica

97

Anexo 9 – Carta de recomendação