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25/06/2019 1 A CONVENÇÃO DO TRABALHO MARÍTIMO (MLC 2006) E O TRABALHO EM NAVIOS DE CRUZEIROS: PERSPECTIVA DO MEIO AMBIENTE DE TRABALHO Autor: Maurício Coentro Pais de Melo Instituição: Ministério Público do Trabalho Peculiaridades do Trabalho Aquaviário: ambiente de trabalho atípico (confusão com a residência do trabalhador); privação do convívio familiar por longos períodos; trabalho exercido em confinamento permanente; operação do navio em diferentes portos brasileiros e, em alguns casos, estrangeiros (navegação de longo curso); variações climáticas e culturais; trepidações e ruído advindos da propulsão do navio; prontidão constante, tornando os períodos de descansos fluídos, considerando o dever de ação em emergências ou imprevistos no navio; Necessidade de adequação conceitual cruzeiros marítimos AQUAVIÁRIO TRIPULANTE AQUAVIÁRIO NÃO TRIPULANTE (HOTELARIA / ASSEIO)

A CONVENÇÃO DO TRABALHO MARÍTIMO (MLC 2006) E O … · MLC 2006 Artigo VI •1. As Regras e as disposições da Parte A do Código têm força obrigatória. As disposições da

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A CONVENÇÃO DO TRABALHO MARÍTIMO (MLC 2006) E O TRABALHO EM NAVIOS DE CRUZEIROS: PERSPECTIVA DO MEIO AMBIENTE DE TRABALHO

Autor: Maurício Coentro Pais de Melo

Instituição: Ministério Público do Trabalho

Peculiaridades do Trabalho Aquaviário:

• ambiente de trabalho atípico (confusão com a residência do trabalhador);

• privação do convívio familiar por longos períodos;

• trabalho exercido em confinamento permanente;

• operação do navio em diferentes portos brasileiros e, em alguns casos, estrangeiros (navegação de longo curso);

• variações climáticas e culturais;

• trepidações e ruído advindos da propulsão do navio;

• prontidão constante, tornando os períodos de descansos fluídos, considerando o dever de ação em emergências ou imprevistos no navio;

Necessidade de adequação conceitual cruzeiros marítimos

•AQUAVIÁRIO TRIPULANTE

•AQUAVIÁRIO NÃO TRIPULANTE (HOTELARIA / ASSEIO)

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MARINE LABOR CONVENTION 2006

•Desejou criar um documento único e coerente que

incorporasse tanto quanto possível todas as normas

atualizadas das Convenções e Recomendações

internacionais existentes sobre Trabalho Marítimo,

bem como princípios fundamentais de outras

Convenções internacionais sobre trabalho.

OUTROS CONSIDERANDOS

•Tendo também presente que a gente do mar está amparada pelas disposições de outros instrumentos da OIT e tem outros direitos reconhecidos como direitos e liberdades fundamentais aplicáveis a todas as pessoas;

•Considerando que, dada a natureza global da indústria de navegação, a gente do mar precisa de proteção especial.

EFEITOS DA ENTRADA EM VIGOR Artigo X - MLC

•A presente Convenção revê as seguintes convenções:

• Convenção (nº 16) sobre o exame médico dos jovens (trabalho marítimo),1921

• Convenção (nº 55) sobre as obrigações do armador em caso de doença ou de acidente dos marítimos, 1936

• Convenção (nº 56) sobre o seguro de doença dos marítimos, 1936

• Convenção (nº 57) sobre a duração do trabalho a bordo e as lotações, 1936

EFEITOS DA ENTRADA EM VIGOR Artigo X - MLC

• Convenção (nº 58) sobre a idade mínima de admissão ao emprego (trabalho marítimo), revista, 1936

• Convenção (nº 73) sobre o exame médico dos marítimos, 1946

• Convenção (nº 109) sobre os salários, a duração do trabalho a bordo e as lotações (revista), 1958

• Convenção (nº 133) sobre o alojamento da tripulação a bordo (disposições complementares), 1970

• Convenção (nº 134) sobre a prevenção de acidentes (marítimos), 1970

• Convenção (nº 145) sobre a continuidade do emprego (marítimos), 1976

• Convenção (nº 146) sobre as férias anuais remuneradas (marítimos), 1976

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EFEITOS DA ENTRADA EM VIGOR Artigo X - MLC

• Convenção (nº 163) sobre o bem-estar dos marítimos, 1987

• Convenção (nº 164) sobre a proteção da saúde e os cuidados médicos do pessoal do mar, 1987

• Convenção (nº 180) sobre a duração do trabalho dos marítimos e as lotações a bordo de navios, 1996.

GENTE DO MAR – O CONCEITO

De acordo com o Artigo II, da MLC:

•1. Para efeitos da presente Convenção e salvo disposto em contrário, a expressão

•(f) gente do mar significa qualquer pessoa empregada ou contratada ou que trabalha a bordo de um navio ao qual esta Convenção se aplica;

LEGISLAÇÃO APLICÁVEL

•CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO

•MLC 2006:

• NORMA APLICÁVEL PARA A “GENTE DO MAR”

• PADRONIZAÇÃO INTERNACIONAL

• NÃO RATIFICADA PELO BRASIL

Fundamentação Normativa – Aplicação MLC

•o Brasil ratificou o Código de Bustamante de 1929 por meio do Decreto nº. 18.871/1929, que em seus artigos 274, 279 e 281 adotam a Lei do Pavilhão ou da bandeira do Navio como regramento das relações de trabalho a bordo.

•A Convenção das Nações Unidas Sobre Direito do Mar de 1982, também foi ratificado pelo Brasil.

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FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA – APLICAÇÃO DA LEI DA BANDEIRA

• “ARTIGO 94 Deveres do Estado de bandeira (...) 2. Em particular, todo Estado deve: (...)

b) exercer a sua jurisdição de conformidade com o seu direito interno sobre todo o navio que arvore a sua bandeira e sobre o capitão, os oficiais e a tripulação, em questões administrativas, técnicas e sociais que se relacionem com o navio.

JURISPRUDÊNCIA DO C.TST TST-RR-1829-57.2016.5.13.0005

•TRABALHO EM NAVIO DE CRUZEIRO SOB BANDEIRA ESTRANGEIRA. PRÉ-CONTRATAÇÃO NO BRASIL. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS NA COSTA BRASILEIRA E EM ÁGUAS DE OUTROS PAÍSES. GENTE DO MAR. CONFLITO DE LEIS NO ESPAÇO. LEGISLAÇÃO APLICÁVEL. LEI DO PAVILHÃO (CÓDIGO DE BUSTAMANTE).

JURISPRUDÊNCIA DO C.TST TST-RR-1829-57.2016.5.13.0005

•A concepção de aplicação da legislação brasileira aos tripulantes brasileiros contratados por navios estrangeiros não se sustenta diante da realidade da atividade econômica desenvolvida pelas empresas estrangeiras de cruzeiros marítimos, pois, se assim fosse, em cada navio haveria tantas legislações de regência quanto o número de nacionalidades dos tripulantes. Num mesmo navio de cruzeiro marítimo, todos os tripulantes devem ter o mesmo tratamento contratual, seja no padrão salarial, seja no conjunto de direitos.

JURISPRUDÊNCIA DO C.TST TST-RR-1829-57.2016.5.13.0005

•Daí porque ser imperativo a aplicação, para todos os tripulantes, da lei do pavilhão, como expressamente prescreve o art. 281 da Convenção de Direito Internacional Privado (Código de Bustamante, ratificado pelo Brasil e promulgado pelo Decreto 18.791/1929):

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A legislação brasileira não é aplicável ao trabalhador brasileiro contratado para trabalhar

em navio de cruzeiro:

1) por tratar-se de trabalho marítimo, com prestação de serviços em embarcação com registro em outro país;

2) porque não se cuida de empregado contratado no Brasil e transferido para trabalhar no exterior. O fato de a seleção e atos preparatórios terem ocorrido no Brasil não significa, por si só, que o local da contração ocorreu em solo brasileiro;

3) o princípio da norma mais favorável tem aplicação quando há antinomia normativa pelo concurso de mais de uma norma jurídica validamente aplicável a mesma situação fática, o que não é a hipótese do caso concreto, pois não há concorrência entre regras a serem aplicáveis, mas sim conflito de sistemas.

MLC 2006

Artigo VI

• 1. As Regras e as disposições da Parte A do Código têm força obrigatória. As disposições da Parte B do Código não são obrigatórias.

• 2. Todos os Membros comprometem-se a respeitar os direitos e princípios estabelecidos nas Regras e a aplicar cada um deles, da forma indicada nas disposições correspondentes da Parte A do Código. Além disso, devem procurar cumprir as suas obrigações da forma prevista na Parte B do Código.

As disposições das Regras e do Código estão

agrupadas sob os seguintes cinco títulos:

•Título 1: Condições mínimas exigidas para o trabalho dos

marítimos a bordo dos navios;

•Título 2: Condições de trabalho;

• Esses Dois Títulos são mais vinculados à contratação e à estrutura do contrato de trabalho marítimo.

• Interessante notar a preocupação com os certificados médicos já no momento anterior ao contrato.

Regra 1.2 - Certificado médico

•Objetivo: garantir que todos os marítimos estão clinicamente aptos para o exercício de funções no mar.

•1. Nenhum marítimo pode trabalhar a bordo de um navio sem possuir um certificado médico que ateste que está clinicamente apto para exercer as suas funções.

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Outros Títulos

Título 3: Alojamento, lazer, alimentação e serviço de mesa

Título 4: Proteção da saúde, cuidados médicos, bem-estar e proteção em matéria de segurança

social

Título 5: Cumprimento e aplicação das disposições

TÍTULO 3. ALOJAMENTO, LAZER, ALIMENTAÇÃO E SERVIÇO DE MESA

Regra 3.1 - Alojamento e lazer

Objectivo: garantir que os marítimos dispõem de alojamento e de locais de lazer DECENTES a bordo

1. Todos os Membros devem assegurar que os navios que arvoram a sua bandeira forneçam e mantenham, para os marítimos que trabalham e vivem a bordo, alojamento e locais de lazer decentes, para promover a sua saúde e bem-estar.

Norma A3.1.4 - Alojamento e lazer - A autoridade competente deve dar uma especial atenção à aplicação das disposições da presente Convenção, relativas:

a) à dimensão dos camarotes e outros espaços de alojamento;

b) aos sistemas de aquecimento e ventilação;

c) ao ruído e vibrações, bem como a outros fatores ambientais;

d) às instalações sanitárias;

e) à iluminação;

f) à enfermaria.

Norma A3.1.5

5. A autoridade competente de todos os Membros deve assegurar que os navios que arvoram a sua bandeira cumpram, no que diz respeito ao alojamento e locais de lazer a bordo, as normas mínimas previstas nos parágrafos 6 a 17 da presente Norma.

• Espaçamento mínimo para conforto do tripulante dentro dos camarotes;

• Camarotes devem ser situados acima da linha de cargas, com algumas exceções para melhorar o conforto do marítimo (mais iluminação, p.ex.);

• Camarotes com dimensões mínimas • Divididos por sexo; • Ventilação; • Beliche próprio.

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Norma A3.1.10.b - Refeitórios

•Os refeitórios devem ter uma dimensão e conforto suficientes e estar devidamente mobilados e equipados, inclusivamente com capacidade para servir bebidas em qualquer momento, tendo em conta o número provável de marítimos que irão utilizá-los em qualquer momento. Devem prever-se refeitórios separados ou comuns, conforme adequado.

Norma A3.1.11 - Instalações sanitárias

Todos os marítimos devem ter fácil acesso a instalações sanitárias a bordo que cumpram as normas mínimas de saúde e de higiene e normas razoáveis de conforto, devendo prever-se instalações separadas para homens e mulheres.

Princípio orientador B3.1.2 - Ventilação

1. O sistema de ventilação dos camarotes e refeitórios deveria ser regulável, de forma a manter o ar em condições satisfatórias e a assegurar uma circulação de ar suficiente em todas as condições meteorológicas e de clima.

PRINCÍPIOS ORIENTADORES

• Princípio orientador B3.1.3 – Aquecimento

• Princípio orientador B3.1.4 – Iluminação

• Princípio orientador B3.1.5 – Camarotes

• Princípio orientador B3.1.6 – Refeitórios

• Princípio orientador B3.1.7 - Instalações sanitárias

• Princípio orientador B3.1.9 - Outras instalações

• Princípio orientador B3.1.10 - Roupa de cama, utensílios de mesa e artigos diversos

• Princípio orientador B3.1.11 - Instalações de lazer e disposições relativas ao correio e às visitas a bordo

• Princípio orientador B3.1.12 - Prevenção de ruído e vibrações

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Regra 3.2 - Alimentação e serviço de mesa

• Objectivo: garantir que os marítimos têm acesso a uma alimentação de boa qualidade incluindo água potável, fornecida em condições de higiene regulamentadas.

• 1. Todos os Membros devem assegurar que os navios que arvoram a sua bandeira transportem a bordo e forneçam alimentos e água potável de qualidade adequada, cujo valor nutricional e quantidade satisfaçam as necessidades das pessoas a bordo, tendo em conta as suas diferentes origens culturais e religiosas.

TÍTULO 4. PROTECÇÃO DA SAÚDE, CUIDADOS MÉDICOS, BEM-ESTAR E PROTECÇÃO

EM MATÉRIA DE SEGURANÇA SOCIAL

Regra 4.1 - Cuidados médicos a bordo dos navios e em terra

Objectivo: proteger a saúde dos marítimos e garantir-lhes um acesso rápido a cuidados médicos a bordo e em terra.

1. Todos os Membros devem assegurar que todos os marítimos que trabalham a bordo de navios que arvoram a sua bandeira estejam abrangidos por medidas adequadas para a protecção da sua saúde e que tenham acesso a cuidados médicos rápidos e adequados durante todo o período de serviço a bordo.

Norma A4.1 - Cuidados médicos a bordo dos navios

e em terra

1. Para proteger a saúde dos marítimos que trabalham a bordo de um navio que arvora a sua bandeira, e para lhes assegurar cuidados médicos que incluam os cuidados dentários essenciais, todos os Membros devem assegurar que sejam adoptadas medidas que:

a) garantam a aplicação aos marítimos de todas as disposições gerais relativas à protecção da saúde no trabalho e cuidados médicos relacionados com o seu serviço, bem como todas as disposições especiais específicas do trabalho a bordo de um navio;

Norma 4.1.4

• 4. A legislação nacional deve exigir, no mínimo, o cumprimento das seguintes prescrições:

a) todos os navios devem dispor de uma farmácia de bordo;

b) todos os navios que transportem 100 pessoas ou mais e efectuem habitualmente viagens internacionais com duração superior a três dias devem dispor de um médico qualificado responsável pelos cuidados médicos;

c) os navios que não disponham de um médico a bordo, devem contar com, pelo menos, um marítimo responsável pelos cuidados médicos e administração dos medicamentos, no âmbito das suas funções normais, ou um marítimo apto a prestar os primeiros socorros (Cursos e formação – STCW)

d) a autoridade competente deve assegurar, através de um sistema previamente estabelecido, a possibilidade da realização de consultas médicas por rádio ou satélite, incluindo conselhos de especialistas, 24 horas por dia.

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Regra 4.3 - Proteção da saúde e da segurança e

prevenção de acidentes

•Objectivo: garantir que o ambiente de trabalho dos marítimos a bordo dos navios contribui para a sua saúde e segurança no trabalho.

1. Todos os Membros devem assegurar que os marítimos que trabalham a bordo de navios que arvoram a sua bandeira beneficiem de um sistema de protecção da saúde no trabalho e que vivam, trabalhem e se formem a bordo dos navios num ambiente seguro e são.

Norma A4.3 - Proteção da saúde e da segurança e prevenção de acidentes

• 1. A legislação e as outras medidas a adoptar, de acordo com o parágrafo 3 da Regra 4.3, devem incluir os seguintes aspectos:

• promoção de políticas e programas de segurança e saúde no trabalho a bordo dos navios, incluindo a avaliação dos riscos, a formação e a instrução dos marítimos;

• prevenir os acidentes de trabalho, as lesões e doenças profissionais a bordo dos navios, incluindo medidas para a redução e prevenção dos riscos de exposição a níveis nocivos de factores ambientais e de produtos químicos, bem como os riscos de lesão ou de doença que possam resultar da utilização do equipamento e das máquinas a bordo dos navios;

• programas a bordo para a prevenção dos acidentes de trabalho, das lesões e doenças profissionais

Princípio orientador B4.3 - Proteção da saúde e da segurança e prevenção dos acidentes

• 2. A autoridade competente deveria assegurar que os princípios orientadores nacionais relativos à gestão da segurança e da saúde no trabalho incidam especialmente sobre os seguintes pontos:

a) disposições gerais e disposições de base;

b) características estruturais do navio, incluindo os meios de acesso e os

riscos associados ao amianto;

c) máquinas;

d) efeitos das temperaturas extremamente baixas ou extremamente

elevadas de quaisquer superfícies com as quais os marítimos possam estar em

contacto;

Princípio orientador B4.3 - Proteção da saúde e da segurança e prevenção dos acidentes

e) efeitos do ruído no local de trabalho e nos alojamentos a bordo;

f) efeitos das vibrações no local de trabalho e nos alojamentos a bordo;

g) efeitos de outros factores ambientais, além dos mencionados nas alíneas e) e f) no local de trabalho e nos alojamentos a bordo, incluindo o fumo do tabaco;

j) prevenção e extinção de incêndios;

m) equipamento de protecção pessoal dos marítimos;

n) trabalho em espaços confinados;

o) efeitos físicos e mentais da fadiga;

p) efeitos da dependência de drogas e do álcool;

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Regra 5.1.3 - Certificado de trabalho marítimo e declaração de conformidade do trabalho marítimo

• Todos os Membros devem exigir aos navios que arvoram a sua bandeira que conservem e mantenham actualizado um certificado de trabalho marítimo, que ateste que as condições de trabalho e de vida dos marítimos a bordo, incluindo as medidas com vista a assegurar a conformidade contínua das disposições adoptadas que devem ser mencionadas na declaração de conformidade do trabalho marítimo referida no parágrafo 4 da presente Regra, foram objecto de uma inspecção e cumprem as prescrições da legislação nacional ou outras disposições com vista à aplicação da presente Convenção

ANEXO A5-I

• Condições de trabalho e de vida dos marítimos que devem ser inspecionadas e aprovadas pelo Estado da bandeira antes da certificação de um navio, de acordo com a Norma A5.1.3, parágrafo 1:

• Idade mínima • Certificado médico • Qualificações dos marítimos • Contratos de trabalho marítimo • Recurso a serviços de recrutamento e colocação

privados, licenciados • ou certificados ou regulamentados • Duração do trabalho ou do descanso

ANEXO A5-I

• Lotações

• Alojamento

• Instalações de lazer a bordo

• Alimentação e serviço de mesa

• Saúde e segurança e prevenção dos acidentes

• Cuidados médicos a bordo

• Procedimentos de queixas a bordo

• Pagamento de salários

TERMO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA

• Prevê a observâncias da MLC

• RN do CNIg

• Rescisão contratual – mesmo sendo o Contrato Internacional do Trabalho – por falta grave do empregador – Aplicação da CLT.

• Fornecimento Gratuito de material de trabalho aos empregados

• Jornada de trabalho

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JORNADA DE TRABALHO

•Artigo 10 – Respeitar os limites de jornada semanais fixados na fórmula de cálculo escolhida na MLC (item 5, (a) ou (b) da Norma A2.3), cumprindo e fazendo cumprir jornada de trabalho máxima de 14 (quatorze) horas prevista na MLC, computados os intervalos intrajornada que totalizem 1 (uma) hora, sendo que o tempo de trabalho efetivo não superará 13 (treze) horas diárias, devendo o empregador observar o acordo coletivo quanto às pausas computadas.

TEMPORADA EXCLUSIVAMENTE NACIONAL Art. 7º RN 5/2017

• Art. 7º - Os brasileiros recrutados em território nacional e embarcados para laborar apenas durante a temporada de cruzeiros marítimos pela costa brasileira deverão ser contratados pela empresa estabelecida no Brasil ou, na ausência desta, pelo agente marítimo responsável pela operação da embarcação, cujo contrato de trabalho será vinculado à legislação trabalhista brasileira aplicável à espécie.

• Parágrafo Único. Considera-se temporada de cruzeiros marítimos pela costa brasileira o período compreendido entre 30 (trinta) dias antes da partida da embarcação para o primeiro porto brasileiro até 30 (trinta) dias depois da saída do último porto brasileiro, incluindo neste período eventuais ausências das águas jurisdicionais brasileiras.

TAC e o Meio Ambiente de Trabalho a Bordo

Artigo 13 – A Compromitente arcará integralmente com os custos dos exames admissionais que exigir dos tripulantes brasileiros que contratar.

Artigo 16 - Manter a bordo, na equipe médica, médico ou enfermeiro que seja brasileiro ou fluente no idioma português, com vistas a fácilitar o atendimento de trabalhadores brasileiros.

Artigo 17 - A Compromitente se obriga a respeitar as regras estabelecidas em seus códigos de ética relativos às condutas explicitadas como assédio sexual e moral, com vistas a preveni-las e evitá-las nas relações dos superiores com a tripulação e ainda se compromete a não discriminar ou assediar nem permitir qualquer forma de discriminação ou assédio, moral ou sexual, com relação aos trabalhadores.

TAC e o Meio Ambiente de Trabalho a Bordo

• Artigo 18 - Os camarotes e as instalações sanitárias a serem utilizadas pela tripulação deverão estar dimensionados de acordo com o previsto nas Convenções nº 92 e 133 da OIT, e na MLC 2006, e separadas por gênero, podendo o empregador oferecer, mediante comprovação de união estável registrada em cartório ou de certidão de casamento, a critério da empresa e conforme sua disponibilidade, camarote de casal.

• Parágrafo único – Fica proibido o fumo em cabines compartidas e permitido nas áreas expressamente autorizadas pela compromitente, devidamente sinalizadas.

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TAC e o Meio Ambiente de Trabalho a Bordo

• Artigo 19 - As empresas disponibilizarão água potável aos seus tripulantes, em locais predeterminados e em pontos suficientes para atendimento da embarcação. Em nenhuma hipótese, os tripulantes devem ser obrigados a comprar água potável a bordo.

• Parágrafo único. Define-se como água potável aquela devidamente certificada como tal pelas autoridades sanitárias, podendo ser aquela que circula em filtros e/ou torneiras instaladas em áreas comuns da embarcação ou na própria cabine do tripulante.

OBRIGADO

MAURÍCIO COENTRO PAIS DE MELO

MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO

[email protected]