25

A Criacao Da Mulher Joel Beeke

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Muito bom.

Citation preview

  • A Criao da Mulher Joel BeekeCopyright 2014, Os Puritanos

    Sermo do Dr. Joel R. Beeke, presidente e professor de Teologia Sistemtica e Homiltica no Seminrio Teolgico Reformado Puritano, e pastor da Heritage Netherlands Reformed Congregation of Grand Rapids, Michigan.

    2 Edio digital: Janeiro de 2015

    proibida a reproduo total ou parcial desta publicao sem autorizao por escrito do editor, exceto citaes em resenhas.

    Editor: Manoel CanutoDesigner: Heraldo Almeida

    www.os-puritanos.com

  • sumrio

    A Criao da Mulher ............................................................................ 5

    1. A mulher feita como uma auxiliadora idnea. ............................ 6

    2. A mulher feita por Deus como Seu especial trabalho .............. 13

    3. A mulher feita para ser uma com o homem. ............................ 17

    Aplicaes Conclusivas .................................................................. 21

  • A Criao da Mulher

    Querida congregao, Gnesis 2:18-25 descre-ve de uma forma grfica a criao da primeira mulher realizada por Deus. Comea com uma de-clarao marcante do Criador: No bom que o homem esteja s. A negativa no bom enf-tica. At ento Deus fizera tudo bom; Ele pronun-ciou Sua bno sobre toda Sua criao. Aqui, pela primeira vez, encontramos que algo est faltando. Sem companhia feminina e uma parceira para a re-produo, o homem no podia realizar totalmente sua humanidade. Dessa necessidade surge a cria-o da mulher que ser companheira e esposa de Ado.

    A criao da mulher em Gnesis 2 tem consequn-cias de longo alcance. Ela estabelece a fundamenta-o para trs reas importantes no relacionamento de um esposo e uma esposa dentro do casamento:

    1. A mulher como uma auxiliadora idnea para o homem.

    2. A mulher feita por Deus como Seu trabalho manual especial.

    3. A mulher feita para ser uma com o homem.

  • 6

    A Criao da Mulher

    Nosso texto Gnesis 2: 18-24:

    Disse mais o senhor Deus: No bom que o homem esteja s; far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idnea. Havendo, pois, o Senhor Deus formado da terra todos os animais do campo e todas as aves dos cus, trouxe-os ao homem, para ver como este lhes chamaria; e o nome que o homem desse a todos os seres viventes, esse seria o nome deles. Deu nome o homem a todos os animais domsticos; para o homem, todavia, no se achava uma auxiliadora que lhe fosse idnea. Ento, o Senhor Deus fez cair pesado sono sobre o homem, e este adormeceu; tomou uma das suas costelas e fechou o lugar com carne. E a costela que o senhor Deus tomara ao homem, transformou-a numa mulher e lha trouxe. E disse o homem; Esta, afinal, osso dos meus ossos e carne da minha carne; chamar-se- varoa. Porquanto do varo foi tomada. Por isso, deixa o homem pai e me e se une sua mulher, tornando-se os dois uma s carne. Com a ajuda de Deus, desejamos considerar os te-

    mas acima referidos:

    1. A mulher feita como uma auxiliadora idnea para o homem.

    A criao de Eva por Deus est colocada dentro do contexto da histria da criao. A primeira parte desta histria preparao do homem para a che-gada da mulher. Ado foi feito imagem de Deus. Ele foi preenchido com a glria primitiva de Deus. E, contudo, Deus mostrou para Ado que, em toda a ordem criada, com toda sua variedade, nenhuma criatura adequada havia para ser sua companheira.

  • 7

    Joel Beeke

    Deus escolheu um modo fascinante para ensinar esta lio a Ado. Deus ficou lado a lado com Ado enquanto uma grande variedade de animais passava diante de Ado. Enquanto eles passavam da anta zebra Ado estudava cada animal e depois lhes dava nomes. No foi uma nomeao arbitrria. Ado observou a natureza e o relacionamento de cada ani-mal. No fundo da sua mente ele deve ter imaginado se algum poderia ser apropriado para ser sua compa-nheira. Contudo, nenhum havia. Como diz Gnesis 2.20: Para o homem todavia, no se achava id-nea.

    Depois que ps nomes em todos os animais, Ado verificou que nenhum havia sido criado imagem de Deus. Todos tinham um corpo e mesmo, em certo sentido, uma personalidade. Nenhum, porm, tinha uma alma. Ado no poderia ter qualquer comunho com qualquer um deles a nvel espiritual. No im-porta quo bom fosse o relacionamento de Ado com um animal, algo ficava faltando. Deixe-me ilustrar.

    Talvez voc tenha um excelente relacionamento com o seu co. Tem com o animal um grande com-panheirismo. Voc compartilha com ele, mostra-lhe afeio. Mas, todo seu companheirismo tem que ser a nvel de um co porque um co pode comunicar-se apenas nesse nvel. Sem dvida Ado imaginava que se fosse para ter uma companhia, o companheiro de-veria ser especialmente criado por Deus Sua ima-gem, exatamente como ele prprio, Ado, havia sido.

    Assim, Ado estava preparado para uma mulher e a mulher devia agora ser preparada para ele. Ela

  • 8

    A Criao da Mulher

    deveria ser criada como sua rplica perfeita no mun-do. Homem e mulher foram feitos de modo diferente e, contudo, pelo ato criativo de Deus, eles deveriam ser mais semelhantes do que qualquer outra coisa na criao.

    Eva foi criada como uma mulher perfeita. Que mulher admirvel ela deve ter sido! Ao comentar sobre a criao do homem, Lutero disse que Ado deve ter sido um espcime extraordinrio. Pensava ele que Ado deve ter superado os animais at mes-mo nos detalhes em que eles eram insuperveis; ele devia ter uma fora maior que a de um leo, uma viso mais aguada que a da guia. Se isso era ver-dade para Ado, que podemos dizer de Eva? Lutero pensava que Eva teria sido to forte, gil, perspicaz e brilhante quanto Ado. E mais, disse Lutero, ela deve t-lo superado em beleza e graa. Isto podemos afir-mar com certeza: Eva tambm foi criada com a glria primeira de Deus.

    A despeito da excelncia fsica, mental e moral de Eva, o verso 18 diz que ela foi feita para o homem, uma auxiliadora idnea [ou adequada] para ele. Nesta condio perfeita pr-queda, toda mulher tem um indcio para sua posio nica, dada por Deus, no casamento. Ela deve ser uma ajudadora idnea para seu marido.

    Gnesis 2:18 enfurece grandemente as feministas radicais como tambm, algumas vezes, motivo de preocupao, seno de ansiedade, para outras mu-lheres. Falar de mulher sendo feita para o homem, ou da sua necessidade de ser obediente ao homem no

  • 9

    Joel Beeke

    casamento, antema. Muitas mulheres e mesmo homens acham tais ideias ultrapassadas, injustas e preconceituosas contra as mulheres.

    Nossa natureza humana decada nunca se agrada de renunciar a sua desejada independncia. O ho-mem no quer ser sujeito a Deus e a mulher no quer ser sujeita ao homem. O Rev. J. Fraanje escreveu uma vez que Independncia hoje talvez devsse-mos dizer autonomia a palavra escrita do lado de dentro do porto que leva para fora do Paraso.

    Necessitamos de um pensamento claro nesta dis-cusso hoje. Ns precisamos compreender, primeiro que tudo, que a palavra ajudadora no um termo depreciativo. Deus nos criou para servi-lO e para aju-dar o nosso prximo. uma honra para uma mulher ajudar seu esposo, pois ajuda uma palavra usada frequentemente, com referncia ao prprio Deus nos Salmos (10:14; 22:11; 28:7; 46:1; 54:4; 72:12; 86:17; 119:173, 175; 121:1-2 NIV). Se Deus no est enver-gonhado de ser uma ajuda para pecadores decados, porque deveramos ns olhar com desdm para Eva por ser a ajudadora do seu no-decado esposo? Ser uma ajudadora idnea no uma posio degra-dante. A forma verbal desta palavra significa basica-mente auxiliar ou suprir aquilo de que um indivduo no pode prover-se por si s. A Septuaginta a traduz com uma palavra que o Novo Testamento usa com o sentido de mdico (Mt 15:25). Ela transmite a ideia de socorrer algum aflito. Certamente uma esposa piedosa se deleita em satisfazer as necessidades do seu esposo.

  • 10

    A Criao da Mulher

    Idnea vem da palavra que em hebraico signifi-ca oposto. Literalmente de acordo com o oposto dele, significando que uma mulher complementar e corresponder ao seu marido. Ela deve ser igual ao homem e ser adequada para ele.

    De que maneira ela deve ser igual? Devemos pegar esta palavra igualdade que tanto ouvimos hoje em dia. Homens e mulheres so realmente iguais? Sim e no. H pontos importantes nos quais homens e mu-lheres so iguais. (1) Ambos foram criados igualmen-te imagem de Deus. Isto que os fez companheiros idneos um para o outro. Isto explica porque os ani-mais no so companheiros adequados para ns. (2) Eles foram ambos, colocados sob o comando moral de Deus e, dessa maneira, lhes foram dadas respon-sabilidades morais. (3) Ambos foram culpados de desobedecer ao comando de Deus e foram, por isso, julgados por Deus por sua desobedincia. (4) Pau-lo nos diz em Gl 3:28 que ambos, homens e mulhe-res, so igualmente objeto da redeno graciosa de Deus em Cristo Jesus. (5) Como esposo e esposa, um homem e uma mulher so igualmente conclamados a deixar pai e me para unir-se um ao outro e para amar um ao outro como uma s carne.

    Contudo, em outro sentido, homem e mulher no foram criados iguais. Porque a mulher foi criada para o homem, eles no foram criados iguais em autori-dade. Deus traou uma estrutura de autoridade para os homens, diferente das mulheres. No entanto, a desigualdade desta estrutura de autoridade no quer dizer que um marido tem vantagem sobre sua esposa ou que uma posio melhor que outra. Nem signi-

  • 11

    Joel Beeke

    fica que uma posio mais alta do que a outra. Ns temos que expurgar nossas mentes desse modo de pensar que muito comum no mundo dos negcios dos nossos dias. Quanto mais alto estivermos na es-cada dos negcios da coletividade, muitos pensam, em melhores condies estaremos.

    No isto que Deus tem em mente para o homem e a mulher. Na estrutura de autoridade dada por Deus, o marido e sua esposa submetem-se mutua-mente a Cristo (Ef 5:21), ento, sob Cristo, um ao outro, preenchendo as necessidades um do outro. J no paraso h glria e humildade tanto no homem quanto na mulher. A glria do homem que ele o cabea; sua humildade que ele no est completo sem a mulher. A glria da mulher que s ela pode completar o homem; sua humildade que ela feita do homem.

    Aps a queda estes papis complementares sur-gem at mais fortes, especialmente para esposos e es-posas que desejam modelar seu casamento em Cristo de acordo com as diretrizes de Deus. Paulo nos elu-cida sobre estes papis em Efsios 5. O esposo deve amar sua esposa como Cristo ama a igreja de modo absoluto (Ele deu-se a Si mesmo, v. 25b), de modo real (Cristo concebeu que a igreja em si mesma, ne-cessitava de purificao, v. 26), de modo intencional (i.e., para fazer a igreja santa e sem mcula (v. 27) e de modo sacrificial (i.e., para cuidar da noiva como quem cuida do seu prprio corpo, vs. 28-29).

  • 12

    A Criao da Mulher

    Por seu lado, a esposa deve mostrar ao seu esposo reverncia e submisso, Paulo diz (vs. 22, 33). Em outro lugar Paulo nos d quatro razes por que:

    1) porque a mulher feita do homem (I Co 11: 3, 8), 2) porque a mulher feita para o homem (I Co 11: 9), 3) porque o homem foi criado primeiro (I Tm 2:12-13) e 4) porque o pecado entrou no mundo pela mulher (I Tm 2: 14). Assim como o homem deve mostrar liderana

    amorosa, tambm a mulher deve mostrar submisso amorosa.

    A submisso no degradao. Ela encontrada mesmo entre pessoas da Divindade; de fato, o casa-mento um paralelo da Trindade divina, a este res-peito. Os telogos falam da Trindade essencial, a qual a Confisso de Westminster define como trs pessoas na Divindade, o mesmo em substncia, iguais em poder e glria. Eles tambm falam da Trindade econmica, na qual os vrios membros da Divin-dade deliberada e voluntariamente submetem-se um ao outro na obra da redeno. O Filho se submete ao Pai como Mediador e Servo. O Esprito Santo se submete ao Pai e ao Filho em Sua obra salvfica. Pau-lo aponta para o paralelismo entre tais submisses e a submisso marital quando diz: O cabea de todo homem Cristo, e o cabea da mulher o homem e o cabea de Cristo Deus (I Co 11:3; ver tambm Ef 5:22-24).

    Algumas feministas respondem a tais textos ar-gumentando que a submisso faz parte da maldio agora anulada pela expiao de Cristo. Seus argu-

  • 13

    Joel Beeke

    mentos contudo, no consideram a submisso entre as pessoas divinas nem o fato de que a relao subor-dinada da esposa para o esposo baseada primeiro em Gnesis 2, antes da queda e da maldio.

    A submisso dentro do casamento tem paralelo tambm com a igreja que a famlia de Deus. Embo-ra as mulheres possam e devam exercer numerosos papis nos ministrios da igreja, Paulo deixa claro que o princpio da autoridade impede-as de serem oficiais na igreja. Alm disso, esta submisso no ca-samento e na igreja deve ser voluntria. Resumindo, se uma mulher no pode ser uma ajudadora submis-sa amorosa para o homem que a pede em casamento, no deveria despos-lo e muito menos um homem deveria propor casamento a uma mulher a quem ele no pretende mostrar uma autoridade sacrificial, amorosa.

    2. A mulher feita por Deus como Seu especial trabalho manual

    A mulher no somente feita para o homem; ela tambm feita por Deus como um ato especial da criao. Tanto o homem como a mulher foram cria-es especiais de Deus. Eles foram criados em igual dignidade. Gnesis 2:21-22 diz: E o Senhor Deus fez cair pesado sono sobre o homem e este adormeceu; tomou uma das suas costelas e fechou o lugar com carne.

    Deus causou um profundo sono em Ado como um passo inicial na criao da mulher. Este sono profundo deve ter sido algo como uma anestesia

  • 14

    A Criao da Mulher

    hoje, e a operao que Deus realizou, semelhante cirurgia mdica. Deus extraiu uma das costelas do homem e preencheu o lugar vazio com carne, fechan-do a ferida.

    Da costela, Deus ento fez literalmente, em he-braico, edificou ou construiu uma mulher. Deus miraculosamente, meticulosamente, belamente, la-boriosamente, formou a mulher com Suas prprias mos, fazendo-a cada pedacinho, to especial quanto o homem que Ele havia criado antes.

    Existe algo particularmente belo, at mesmo po-tico, sobre esta criao. A mulher feita para o ho-mem e, por isso, poder-se-ia pensar nela como uma serva do homem. Gnesis porm, no diz isto. Ao contrrio, como coloca Matthew Henry: A mulher no foi feita da cabea do homem para governar so-bre ele nem dos seus ps para ser oprimida por ele, mas do seu lado para ser igual a ele, sob o seu brao para ser protegida e perto do seu corao para ser amada.

    Ento, o Pai amoroso apresentou ao homem a noi-va que Suas prprias mos tinham cuidadosamente formado. Ele a trouxe para o homem (v. 22b), o que uma frase especial em Hebraico que significa apresentou-a ou conduziu-a ao homem. A palavra tambm implica na entrega solene, formal da mulher dentro dos vnculos do pacto matrimonial, que Pro-vrbios 2:17 chama o pacto de Deus. Deus, como Criador e Pai da mulher, trouxe-a ao homem, como os puritanos costumavam dizer: como o seu segun-do eu, para lhe ser uma auxiliadora idnea.

  • 15

    Joel Beeke

    Ao trazer a mulher para o homem, Deus estabele-ceu o casamento como a primeira, a mais fundamen-tal das instituies humanas. Antes que houvessem governos ou igrejas ou escolas ou quaisquer outras estruturas sociais, Deus estabeleceu uma famlia ba-seada no respeito e no amor mtuos de um esposo e uma esposa. Todas as outras instituies humanas derivam-se desta. Da autoridade do pai vieram os sis-temas patriarcais de governo humano os quais even-tualmente dariam origem s monarquias e democra-cias. Da responsabilidade dos pais para educar seus filhos vieram os sistemas de educao mais formais que chamamos escolas e colgios. Da necessidade de cuidar da sade da famlia vieram os mdicos e os hospitais. Da obrigao dos pais de treinarem seus filhos no conhecimento de Deus vieram templos, si-nagogas e igrejas. Todas as organizaes humanas podem ser retro acompanhadas at o lar, a famlia e, finalmente, at o casamento.

    Ado, a quem Deus despertou, reconheceu Eva imediatamente como sua companheira o comple-mento perfeito para a necessidade que havia sido despertada nele. Em resposta ele explodiu numa es-pcie de cano nupcial, celebrando sua similaridade e unio com a mulher, ao dar-lhe um nome.

    Ado diz: Esta, afinal (v. 23a) i.e., desta vez agora, finalmente, Ado encontra aquela que lhe corresponde. A ntima associao enfatizada pe-los seus nomes, desde que ela chamada varoa [ishah] porque foi tirada do varo [ish]. A palavra hebraica para varoa formada pelo acrscimo da terminao feminina ah palavra varo. Uma

  • 16

    A Criao da Mulher

    diferena paralela seria entre leo e leoa, ou tigre e tigreza. Assim Ado, por revelao divina, percebeu que a mulher havia sido tirada dele. Seu ato de dar o nome sua esposa reforou sua liderana e autori-dade sobre ela, mas seu nome indicou tambm que ele compreendeu a igualdade dela com ele, como sua parceira.

    O milagre divino testemunhado por Ado encheu--o de alegria inexprimvel, inspirando-lhe o lindo brado potico: Esta, afinal, osso dos meus ossos e carne da minha carne; chamar-se varoa, por-quanto do varo foi tomada (v. 23).

    Ado e Eva entraram, ento, num casamento sem pecado. O matrimnio honroso, escreveu Ma-thew Henry, mas este foi certamente o mais honro-so matrimnio que jamais houve, no qual o prprio Deus teve desde o comeo uma participao direta.

    cano nupcial de Ado, Deus acrescenta no verso 24 um projeto sagrado para o casamento que envolve um deixar, um juntar, e uma unidade: Por isso, deixa o homem pai e me e se une sua mulher, tornando-se os dois uma s carne. Estas so pro-vavelmente as palavras de Moiss, o inspirado autor do Gnesis, que nos prov com este preceito sagrado que Jesus repete em Mateus 18 e Paulo repete em Efsios 5:31-32, dizendo: Eis porque deixar o ho-mem a seu pai e a sua me e se unir sua mulher, e se tornaro os dois uma s carne. Grande este mistrio,, mas me eu refiro a Cristo e Igreja. Es-tes trs traos essenciais deixar, unir [ou juntar] e

  • 17

    Joel Beeke

    unidade ainda existem depois da queda, num bom casamento, em Cristo.

    3. A mulher feita para ser uma com o homem.

    As trs partes do projeto de Deus para o casamen-to so marcas importantes de um bom casamento:

    1) Deixar. Deixar pai e me um tremendo rea-justamento. A intimidade da unidade familiar deve ceder lugar para uma nova unidade familiar com uma nova cabea. Esta nova unidade tem prioridade sobre a relao pai-filho. H uma corrente de pensa-mento racional aqui: Um deve deixar a fim de juntar e dois devem juntar para se tornarem um s (uma s carne).

    2) Juntar. Um par recm-casado deve unir-se concomitantemente. A palavra grega original pode ser traduzida como cimentado ao mesmo tempo. O recm-casado e a recm-casada formam um novo relacionamento inseparvel, um do outro. A mulher torna-se parte do homem e vice-versa. Eles se tor-nam mais do que companheiro ntimo, melhor ami-go e parceiro fiel, um do outro.

    3) Unidade. A expresso uma s carne a construo hebraica mais forte para indicar uma mudana de estado. Isto j est subentendido no fato de ter Eva sido formada de Ado. O objetivo do casamento, contudo, no apenas tornar-se um fisi-camente, no importando o quanto isso seja impor-tante e realizador, mas em cada aspecto do relacio-namento: um s no corao, um s no amor, um s

  • 18

    A Criao da Mulher

    em confiana, um s em propsito, em pensamento e, acima de tudo, um s em Cristo. Uma unidade que no seja mais profunda do que fsica, cedo dissipar--se- e mais provavelmente terminar em um casa-mento infeliz ou num processo de divrcio. Porm um casamento que tenha uma unidade global de co-rao, de mente e atitude ter igualmente uma uni-dade fsica especial! A unidade fsica no produz um grande casamento, mas um grande casamento, em Cristo, produz grande unidade fsica tanto quanto grande unidade intelectual, emocional e espiritual.

    Unidade o grande objetivo do casamento ser um com Deus atravs de Cristo, depois, por causa desta unidade, ser um, um com o outro. Mas, como pode um pecador que se separou de Deus tornar-se um com Deus? Unicamente atravs do Salvador, Je-sus Cristo, que se comprometeu no deixar, no juntar e na unidade em atrair e ganhar Sua noiva. Paulo co-loca isto dessa maneira: Grande o mistrio, mas eu me refiro a Cristo e Igreja (Ef 5:32). Aqui est como Ele fez isto:

    (1) Cristo deixou Seu Pai voluntariamente. Ele dei-xou a coroa, o trono, a corte de glria para vir a este mundo buscar Sua noiva. Ele suportou uma dilace-rante separao do Seu Pai, na cruz. Ele pagou assim o preo do dote por Sua noiva a fim de que ela se tornasse parte do Seu corpo, Sua carne e Seus ossos.

    (2) Na cruz do Calvrio, Cristo juntou-se Sua noiva. Enquanto Ele estava morrendo, ela foi misti-camente formada dEle, como o Segundo Ado, exa-tamente como Eva foi formada do primeiro Ado,

  • 19

    Joel Beeke

    enquanto esteve em profundo sono. Assim como a mulher veio do lado de Ado para simbolizar o seu estar unido concomitantemente, assim tambm do lado ferido, sangrando, agonizante do nosso Salva-dor, foi tirada a Igreja, por assim dizer, para nascer, viver e ser unida com seu Salvador. Este , realmen-te, um grande mistrio!

    (3) A maior parte deste mistrio, no entanto, : Se tornaro os dois uma s carne. A igreja de Deus, diz Paulo, constitui a plenitude total de Cristo como Mediador. Ele a cabea; a igreja o corpo. E, para ser o cabea sobre todas as coisas, o deu Igreja, a qual o seu corpo, a plenitude daquele que a tudo enche em todas as coisas (Ef 1:22-23). Esta unio mstica ser aperfeioada um dia no cu, numa unio ideal, indestrutvel.

    Quando nascemos de novo atravs do poder re-generador do Esprito Santo, ns nos tornamos pes-soalmente unidos com Jesus Cristo. Nos tornamos um em Cristo. Por isso que Paulo jamais se can-sou de descrever um cristo desse modo. Em suas epstolas Paulo usa esta frase ou uma similar em Cristo, em Cristo Jesus ou nEle pelo menos 164 vezes. Esta a maneira favorita de Paulo para descrever um cristo.

    Por exemplo, Paulo escreve: Se algum est em Cristo, nova criatura, ou como est no original uma nova criao (2 Co 5:17). Por estar unida com Cristo, uma pessoa se torna uma nova criao. Ela uma em Cristo; ela est unida com Cristo. Igualmen-te, Paulo diz em Efsios 1:3 Bendito o Deus e Pai de

  • 20

    A Criao da Mulher

    Nosso Senhor Jesus Cristo que nos tem abenoado com toda sorte de bno espiritual nas regies ce-lestiais em Cristo.

    A unio do crente com Cristo profundamente ntima. Quando Paulo fala de unio com Cristo, ele usa um prefixo especial, em Grego, melhor traduzido como co-, significando que o lao indissolvel. Li-teralmente, ele diz em Glatas 2:19: Estou co-cruci-ficado com Cristo. Isto , quando Ele morreu, num sentido eu tambm morri. Em Romanos 6:4, quando Paulo fala de ser glorificado juntamente com Cristo, ele est dizendo que a intimidade da unio do crente com Cristo to grande que h um sentido no qual, quando Ele crucificado, o crente foi tambm crucifi-cado; quando Ele morreu, o crente tambm morreu; quando Ele foi sepultado, o crente tambm foi sepul-tado; quando Ele foi levantado de entre os mortos, o crente tambm foi levantado; quando Ele ascendeu, o crente tambm ascendeu. Quem pode compreen-der esta unio mstica? Um poeta disse:

    Um na tumba, um quando Ele se levantou,Um quando Ele triunfou sobre Seus inimigos,Um quando no cu Ele se sentouEnquanto serafins cantavam que o inferno derrotou.Com Ele, o nosso cabea, prevalecemos ou camosNossa vida, certeza, nosso tudo.

    Oh, que dignidade existe em tudo isto dignidade na criao de Eva, como uma mulher, uma com seu marido, partilhando esta dignidade com ele! E ago-ra, atravs da f, dignidade na recriao da noiva de Cristo, para ser feita uma com o esposo para parti-lhar Sua dignidade e glria, ser amada por Deus com

  • 21

    Joel Beeke

    uma parte daquele mesmo amor com que Deus ama Seu prprio Filho! Verdadeiramente, no h digni-dade como a dignidade da recriao de ser feito a verdadeira noiva de Jesus Cristo.

    Aplicaes ConclusivasE o seu casamento ele reflete unidade em Cristo?

    Quando ele no est como voc esperava que estives-se, voc pergunta: Como posso eu (no meu cnjuge) fazer uma unidade mais profunda? Voc trabalha no sentido de cultivar uma intimidade maior no seu ca-samento?

    Nos dias de hoje, o casamento est sob ataque. O Hedonismo est exuberante. O adultrio est ga-nhando uma aceitao que se espalha. Divrcios an-tibblicos se concretizam via internet.

    A estrutura bsica da sociedade est se rompen-do. Com certa frequncia os crentes esto em situa-o pouco melhor. Necessitamos desesperadamente compreender o valor do casamento e fazer um gran-de esforo para atingir a excelncia no casamento atravs do Senhor Jesus. Devemos nos empenhar por unidade de modo que nossos casamentos pos-sam ser epstolas abertas da graa de Deus em um mundo impiedoso.

    No devemos nos render ao amor a ns mesmo que fomentado pela nossa cultura. O nico cami-nho para ter um casamento realmente bem sucedido colocar Cristo como primeiro, seu cnjuge como segundo e voc como terceiro. O amor de si prprio deve ser quebrado ao p da cruz de Cristo. Apenas

  • 22

    A Criao da Mulher

    quando nos vemos como pecadores em rebelio con-tra Deus e nos prostramos diante dEle por perdo e ajuda para buscar a santidade, o amor encher nos-sos casamentos e transbordar sobre todos os nossos outros relacionamentos. Ento ns entenderemos que um casamento no existe para o eu mas para o ns para os filhos e a sociedade e, finalmente, para a glria de Deus.

    Estamos buscando diariamente a glria de Deus em nosso casamento? Esposos, esto se empenhan-do para ser o cabea que ama, em seu casamento? Esposas, esto se empenhando para mostrar submis-so amorosa ao seu esposo? Num casamento bblico no h lugar para patres apenas para liderana amorosa e submisso amorosa quando um homem e uma mulher buscam vivenciar, pela graa de Deus, o relacionamento Cristo-Igreja na terra.

    Finalizando, uma palavra para os jovens: A uni-dade que Deus tenciona que o casamento seja, em Cristo, significa que voc no pode casar com um descrente. Se voc casa com algum que tem uma agenda pessoal para o casamento diferente da agen-da de Deus, voc estar certamente preparando para si mesmo anos de dor e corao partido. Em 2 Co 6:14 lemos: No vos ponhais em jugo desigual com os incrdulos; porquanto que sociedade pode haver entre a justia e a iniquidade? Ou que comunho, da luz com as trevas?. Procure um cnjuge que lhe seja dado pelo favor de Deus e das Suas mos. E se voc deseja ser voc mesmo, um bom cnjuge, escreveu Thomas Manton, liquide seu direito e seu ttulo por

  • 23

    Joel Beeke

    meio de Cristo (Works 2:164). Esteja convicto do seu chamado e eleio.

    Se voc e seu cnjuge so tementes a Deus, seu casamento se beneficiar grandemente porque voc ter algum para ajud-lo a se esforar por viver para a glria de Deus, para viver uma vida santa, a supor-tar as cruzes que Deus enviar ao seu caminho e a se aproximar de Deus confiantemente, pela interme-diao de Cristo, em orao e adorao.

    Ore por direo, conselho e bno de Deus en-quanto voc espera nEle para lev-lo a um cnjuge temente a Deus, apropriado para voc. Pea a Ele um que seja ajudador idneo para voc.

    Caros amigos, vocs esto casados com Jesus Cristo? Ado e Eva no se envergonharam porque estavam vestidos com a retido original, dada por Deus. Vocs tambm no esto envergonhados por estarem vestidos com a retido de Jesus Cristo, dada por Deus? Lembrem-se, este Salvador bendito re-quer sua fidelidade. Ele tem cimes do seu amor de casado. Vocs no devem extraviar-se dEle.

    O que acha deste Noivo perfeito? Voc est casado com um outro senhor com o prncipe deste mun-do? As promessas de Satans so mentiras. Seu dote angstia. Seu abrao morte. Seu quarto escuri-do. Sua cama est nas chamas do fogo.

    Qualquer que possa ser o seu caso, vamos abando-nar todas as nossas negligncias em nossa vida ma-trimonial natural e em nosso casamento espiritual com o Noivo perfeito, Jesus Cristo. Vamos deixar a

  • 24

    A Criao da Mulher

    impiedade deste mundo e nos juntar com Cristo para sermos um com Ele agora e para sempre.

    Amm.

  • Conhea a nossa pgina:

    www.os-puritanos.com

    f

    Veja e divulgue outras obras digitais daEditora Os Puritanos:

    http://goo.gl/0xa1Sahttp://os-puritanos.comhttp://ospuritanos.comhttps://www.facebook.com/ospuritanos.orghttps://plus.google.com/+Ospuritanos-gplushttp://www.twitter.com/os_puritanoshttp://goo.gl/xjY5rQ

    A Criao da Mulher1. A mulher feita como uma auxiliadora idnea para o homem.2. A mulher feita por Deus como Seu especial trabalho manual 3. A mulher feita para ser uma com o homem.Aplicaes Conclusivas