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A Criação do Kibutz Hachshará o CRIAR um Kibutz H achshará (kibutz de preparação) foi resol- vido em agosto de 1948. Como seria a primeira hachshará a ser erguida no Brasil, lançamos ao redor do fato uma larga campanha de propaganda, visando torná-la conhecida, suas finalidades, etc. Mais de meio ano decorreu antes que tudo estivesse pronto, a organização do primeiro grupo (garin), a escolha do local, o reunir meios financeiros. No comêço de 1949 deu-se a inauguração oficial do Kibutz Hachshará "Ein Dorot" (A Fonte das Gerações), situado a 80 km. de São Paulo e 16 Kms. de Jundiaí. Centenas de pessoas de São Paulo e a pequena comunidade de J undiaí, que aliás, nos ajudara e ajudaria ainda muito, compareceram à inauguração solene do 1 0 kibutz hachshará no Brasil. DISCUSS6ES AO REDOR DA CRIAÇÃO DA HACHSHARÁ A GRANDE responsabilidade, quanto à hachshará, não estava em sua criação, mas em sua manutenção. E sôbre isso houve agudas dis- cussões internas no movimento. Críamos em nossa capacidade de fornecer anualmente um novo grupo, que substituisse o grupo an- terior, preparado para sua aliá. Mas encontrávamo-nos num pe- ríodo de grande expansão, a maré sionista na coletividade judaica estava alta; por isto uma ala do movimento cria mais certo esperar seis meses ainda com o estabelecimento da hachshará, e o conse- qüente envio para ela de nossos chaverim mais velhos e mais ma- duros; concentrar-nos-íamos neste meio tempo em ampliar mais o movimento, consolidá-lo melhor, para depois lançarmo-nos à criação da hachshará. A discussão refletia, também, a diferença de desenvolvimento existente entre os diversos setores. Em Pôrto Alegre existia o movimento três anos, era grande, havia chaverim preparados para 28

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A Criação do Kibutz Hachshará

o CRIAR um Kibutz H achshará (kibutz de preparação) foi resol­vido em agosto de 1948. Como seria a primeira hachshará a ser erguida no Brasil, lançamos ao redor do fato uma larga campanha de propaganda, visando torná-la conhecida, suas finalidades, etc.

Mais de meio ano decorreu antes que tudo estivesse pronto, a organização do primeiro grupo (garin), a escolha do local, o reunir meios financeiros. No comêço de 1949 deu-se a inauguração oficial do Kibutz Hachshará "Ein Dorot" (A Fonte das Gerações), situado a 80 km. de São Paulo e 16 Kms. de Jundiaí. Centenas de pessoas de São Paulo e a pequena comunidade de J undiaí, que aliás, nos ajudara e ajudaria ainda muito, compareceram à inauguração solene do 10 kibutz hachshará no Brasil.

DISCUSS6ES AO REDOR DA CRIAÇÃO DA HACHSHARÁ

A GRANDE responsabilidade, quanto à hachshará, não estava em sua criação, mas em sua manutenção. E sôbre isso houve agudas dis­cussões internas no movimento. Críamos em nossa capacidade de fornecer anualmente um novo grupo, que substituisse o grupo an­terior, já preparado para sua aliá. Mas encontrávamo-nos num pe­ríodo de grande expansão, a maré sionista na coletividade judaica estava alta; por isto uma ala do movimento cria mais certo esperar seis meses ainda com o estabelecimento da hachshará, e o conse­qüente envio para ela de nossos chaverim mais velhos e mais ma­duros; concentrar-nos-íamos neste meio tempo em ampliar mais o movimento, consolidá-lo melhor, para depois lançarmo-nos à criação da hachshará.

A discussão refletia, também, a diferença de desenvolvimento existente entre os diversos setores. Em Pôrto Alegre existia já o movimento há três anos, era grande, havia chaverim preparados para

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hachshará. Rio de Janeiro apresentava-se com 400 membros, jul­gando-se maduro também para a etapa final. São Paulo, ao con­trário, mal teria 80 companheiros, novos e ainda não arraigados, longe, pois, dos 650 que alcançaria um ano e meio depois. Além disto, uma análise cuidadosa da situação interna de Rio e Pôrto Alegre fazia suspeitar que, sob a excelente situação númerica, não existia estrutura organizacional, nem conteúdo ideológico suficiente para permitir já a partida dos elementos mais velhos. Infelizmente, graves crises internas nestes dois setores, pouco tempo depois, con­firmaram tais prognósticos.

O 2° Congresso Nacional do movimento resolveu, apesar de tudo, a criação de nossa hachshará. Disciplinadamente reuniram-se todos os setores para realização da vontade da maioria, bem como da adap­tação do movimento à nova situação. E o movimento conseguiu enquadrar-se bem nas novas circunstâncias, a existência de uma hachshará não deixou de constituir sério estímulo ao trabalho; o tempo e a atividade conseguiriam preencher as lacunas da saída um pouco prematura, e o que é mais, habituar o movimento ao novo ritmo, segundo o qual, anualmente, forneciam os setores um novo grupo para o Kibutz Hachshará.

NA HACHSHARÁ: OS INCIDENTES

- A HACHSHARA do primeiro grupo é sempre algo mais pitoresco que a dos grupos vindos depois, não?

- Hmm, se você quer chamá-lo de pitoresco ... Bem, realmente é uma coisa diferente. A gente chega a "Ein Dorot" sem coisa alguma, sem experiência - e lembre-se, nós éramos a primeira hach­shará que se fundava no Brasil - sem planos e com bem poucas idéias de por onde começar. Ah, sim, é verdade: na cabeça, uma idéia teórica de como deve ser um kibutz. '. Pensa que é pouco? Não é tão pouco assim.

- Soube que houve muitas hesitações antes de comprar o terreno onde foi instalada a hachshará. As condições não eram boas?

- A localização geográfica da hachshará) por exemplo, era ex­celente. Distava três quilómetros da estrada de ferro, e a estrada de rodagem passava na porta. Havia inclusive transporte por ônibus. Mas quanto às terras, houve divergências entre os agrônomos. No fim

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resolvemos comprá-la, mas durante anos tivemos dores de cabeça. - As terras se dividiam em dois tipos: terrenos de várzea, muito

bons, mas sujeitos à inundações na estação das chuvas. E terras mais elevadas, que não inundavam mas eram pobres demais para agri­cultura. Além disto, as habitações eram casebres caboclos, de pau e barro, cobertos de sapé. Mas tarde descobriríamos que a água era contaminada de amebas. Periodicamente havia ataques de formigas. A sáuva, nunca conseguimos exterminá-la completamente; ela, porém, não nos prejudicava tanto. Mas as formigas negras da várzea eram capazes de liquidar uma plantação inteira numa noite só, se conse­guissem instalar-se convenientemente.

- Interessante, quem visita a hachshará hoje não recebe esta im­pressão. Os sete anos de trabalho empatado conseguiram endireitar as coisas, ao que parece.

- Hoje aquilo está uma maravilha, em comparação ao que era. Cavamos, na várzea, um completo sistema de valetas, mestras e auxiliares, tanto para drenar a água no tempo de chuva, como para trazê-la na sêca. Durante êstes anos, construiu-se tôda a série de edificações que existem hoje, casas, estábulos, galinheiros, apiários, tudo de tijolo e concreto armado, a marcenaria, a torre e as instala­ções de eletricidade, a garage do caminhão, tôdas as moradias. As formigas deixaram de ser uma calamidade, perfurou-se mais um poço, e quando a água dêste apareceu contaminada também, cons­truiu-se uma estação de purificação de água, através de processos químicos. Compramos um bom caminhão, a mula mecânica, vacas, galinhas, criamos as quarenta caixas de abelhas, adquirimos tôdas as ferramentas, a carroça, animais de tração, enfim, instalamos uma hachshará que permite um nível de vida médio e possibilidades de trabalho e aprendizado produtivo para os companheiros. Êstes sete anos transformaram inteiramente o lugar. O Kibutz Hachshará Ein Dorot é conhecido hoje como o mais bem instalado da América do Sul.

- Como se arrumaram com o trabalho nos primeiros tempos? Quem os orientava?

- Os vizinhos, caboclos que possuiam pequenos sítios, ajudaram­nos muito. Também um agrônomo judeu de São Paulo colaborou no começo. Mais tarde veio Senda, nosso companheiro japonês, pri­meiro como visitante, logo mais como instrutor agrícola, e tendo-se ligado ao grupo, resolveu prosseguir com êle, transformando-se,

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então, em chaver, e hoje está já em Bror Chail. Fora disto, nem todos nossos companheiros vêem da cidade, havia também agricul­tores natos, das colônias judaicas do sul. E hoje, os shlichim (envia­dos) de Bror Chail ao Brasil ajudam muito na orientação da hachshará.

- Você, no comêço, falou dos vizinhos, disse que êles colaboraram muito. Qual foi a reação dêles ao vê-los instalar-se em Ein Dorot?

- Ah, foi uma sensação! Ninguém entendia direito aquêles "es­tudantes" da cidade, que de repente se metiam a lavradores, entre os quais havia inexplicáveis relações de igualdade, onde ninguém recebia dinheiro.

- "Magina mecê, trabaiá di graça!" - Era o fim do mundo! Mas tratava-se de gente boa, simples,· alguns brasileiros, alguns portu­gueses, alguns japoneses. O novo grupo, que fazia fogueiras à noite7

que dansava e cantava, onde reinava um ambiente alegre, e se nem sempre alegre, sempre vivo e animado, os atraiu, pois em geral levavam uma vida muito isolada e monótona. Nós os recebemos com simpatia, sentamos seus filhos entre nós, conseguimos estabelecer boas relações com todos, e verdadeira amizade com alguns. No fim, era usual, nas fogueiras das noites de verão, encontrar uma carinha de japonês ou de mulato entre os chaverim.

- E como vocês lhes explicavam vossas finalidades? - Não explicávamos. Que nos preparássemos para emigrar, era

rigoroso segrêdo. Inventamos uma porção de histórias. - E nunca transpirou nada? - Bem, como dizer ... Vou contar-lhe um fato acontecido: Es-

távamos já há alguns meses em hachshará, quando veio um visitante de São Paulo conhecer nosso kibutz. Em São Paulo, haviam-no prevenido para não fazer perguntas a ninguém, durante a viagem. Em Jundiaí êle entrou no ônibus de roça que passa pela hachshará, e pediu discretamente ao chofeur que lhe avisasse quando chegassem ao "sítio do quilómetro 16". A cara do bom homem se iluminou:

"- Ah, o sitcho daqueli pessoar que tá se preparano prá i prá Palichtina?"

O nosso visitante não se refizera bem da surprêsa, quando ouviu, do fundo do ônibus, um bando de moleques, brancos, pardos, ama­relos, cantando: "Ei nivnei hagalila, ei nivnei hagalil .. ." - Eram os filhos de nossos vizinhos.

- Bem, mas complicações nunca houve, não?

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- Não houve? Não houve poucas! Imagine que certo sábado (trabalhávamos no domingo, e no sábado descançávamos) estamos indo, eu e um outro, tomar preguiçosamente um chuveiro, lá pelas nove da manhã. O chuveiro ficava perto do portão de entrada, e eis que ouço, lá fora, ordens militares! Fomos prudentemente espiar: O que não vimos! Soldados da Fôrça Pública vinham descendo de um caminhão militar, armados até os dentes! O kibutz estava sendo militarmente cercado! Depois, um capitão da Força Pública, em companhia do delegado de Polícia de Jundiaí e uma forte escola de "secretas" discretamente armados de fuzis-metralhadoras, vieram entrando pelos portões. Corremos a chamar o José Etrog, que, além de ex-funcionário público e oficial da reserva, possuia uma tremenda "lábia" . Afinal, a êle talvez não fuzilassem assim sem mais nem menos. . . Como era sábado pela manhã, o Etrog estava dormindo o sono dos justos. Foi arrancado da cama, levado para fora, e de pijama mesmo, empurrado a enfrentar os homens ...

- O que havia? Um pasquim de São Paulo havia publicado dois artigos de fundo anti-semitas, alertando as autoridades sôbre um "campo de treinamento para terroristas judeus que se havia instalado nas proximidades de Jundiai". Possuiriamos inclusive armamento pesado, além de fuzis, metralhadoras, canhões, e até. . . submarinos, sim, submarinos! As autoridades haviam decidido investigar. O Etrog falou, gesticulou, falou, falou tanto, que apesar do aparato militar trazido, os dignos representantes da ordem pública acabaram se retirando sem mesmo revistar o kibutz, à procura dos submarinos.

- Diga-me, uma hachshará consegue auto-sustentar-se? - Dificilmente. Nós atingimos um indice de produção muito

satisfatório, mas não se pode esquecer que anualmente entra um grupo novo, desconhecedor do trabalho e da direção de um patri­mônio rural, ignorante quanto às fases agricolas, trato dos animais, cuidado com máquinas e ferramentas. Todo ano há que formar no­vos agricultores, apicultores, companheiros para cuidar das vacas e das galinhas, chofeures, administradores econômicos. Fizemos porém um cálculo, que Se um mesmo grupo ficasse na hachshará alguns anos, na situação de hoje, a partir do terceiro estaria se auto-sus­tentando vantajosamente.

- Bem, o primeiro grupo, pelas condições em que recebeu a hachshará, deve ter encontrado muitas dificuldades. Como era sua composição humana?

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Abertura Solene do I Congresso Educacional do Movimento, em 1950. A mesa dirigente e parte da assistência.

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Congressos do Movimento - Debate e ,'oü,.

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- Em primeiro lugar, isto de dificuldades é uma coisa muito relativa. Em geral, descobre-se as dificuldades sempre "a-posteriori". Quando vivíamos a situação, ela era perfeitamente normal, e nin­guém se sentia um grande herói. Cada um trabalhava de acôrdo com suas possibilidades, e naturalmente as coisas iam se arranjando e desenvolvendo. Claro que a composição humana ajudava muito. O primeiro grupo foi o mais velho que pasou pela hachshará. Teria uns 40 chave rim, e a média de idades variava entre 25 e 27 anos. Parte dos companheiros eram ex-dirigentes ou chaverim de respon­sabilidades no movimento, e os demais, se não haviam estado muito tempo na organização, eram adultos e dispostos. Todos sabiam onde Se encontravam e para que se encontravam, e empenhavam-se com seriedade na nova vida.

A NOVA VIDA

- E o QUE aprendemos não foi pouco. Como trabalhar, estudar e viver, na vida do campo e em coletivo. Todos nossos belos prin­cípios não eram suficientes por sí só: na experiência do dia a dia,

. tínhamos que aprender como a natureza humana se adaptava às novas condições. Para o primeiro grupo, verde ainda em experiência, a hachshará foi uma revolução do primeiro ao último dia. A revo­lução do trabalho, da vida social, da cultura. De adaptar nossos corpos de estudantes e comerciários ao regime do dia de trabalho do camponês, nossas inteligências habituadas aos problemas do estu­do e do pensamento ideológioo, às exigências práticas da vida do campo - exigências mais vastas, certamente, que as vividas anterior­mente.

- Não tiveram nenhum sheliach de Israel, na hachshará, para orientá-los?

- Sim, durante alguns meses esteve conosco Abrão Neguev, do kibutz Revivim. Durante sua estada pressentimos pela primeira vez o que seria o nosso futuro "choque com a realidade de Israel".

- Bem, claro que todo grupo ao chegar a Israel sofre um processo de adaptação ao país que nem sempre é fácil. Mas que significava isto no Brasil?

- Você compreende, nós éramos o primeiro grupo do movimento a fazer hachshará. Pela primeira vez, realizava-se em nosso meio a

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expenencia da vida coletiva. Não éramo.s crianças, e decidimos to­mar a coisa a sério. Nossa comunidadezinha implantara rigor e se­veridade nas relações mútuas. Passamos por um período de completa abolição da "individualidade". Não se ouvia falar no "indivíduo", nas necessidades do "indivíduo", em nossa hachshará. Os interêsses individuais deveriam ser sacrificados em pról dos interêsses coletivos. E pode crer, não fazíamos assim por dogmatismo. estreito, não. Era uma coisa natural, uma exigência profunda de cada um de nós, e todos se submetiam com rigor às novas condições de vida.

- Juntos comemorávamo.s nossas festas nacionais, juntos estudá­vamos ivrit, junto trabalhávamos, junto discutíamos, junto vivíamos as coisas pequenas e grandes da vida de cada um e da vida de todos, num comunismo absoluto.. O chaver nada exigia para sí e nem o coletivo faria quaisquer concessões. Recriamos as condições austeras das primeiras colônias coletivas, até na prática jesuítica da exposição íntima do indivíduo perante o coletivo., numa tentativa de aperfei­çoar e estreitar nosas relações mútuas. E ninguém, mesmo os mais sensíveis, sentia-se oprimido em semelhante atmosfera. Ao con­trário, do íntimo de cada um partia o mais completo consentimento e convicção quanto à tal orientação. E quando Neguev, o sheliach, nos mostrou que nos kibutzim de Israel tais coisas já haviam sido ultrapassadas há decênio.s, recusamos, indignados, a adaptar-nos.' Assim críamos, assim deveria ser. tste foi nosso primeiro estágio na vida coletiva.

- Em resumo, pretendiam atingir ... - Em resumo, para considerarmo-nos preparados para a aliá,

três eram os nossos alvos, e razoàvelmente os atingimos: Primeiro, formar um bom grupo de trabalho, habituado aos labores da vida agrícola. Segundo, um grupo atingindo uma amálgama social coesa e forte. Terceiro, um grupo com personalidade política defi­nida, isto é, com conciência do que era, do que representava, e do que queria.

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