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1 A CULTURA DA NOZ-MACADÂMIA Autores: Pedro Luis Blasi de Toledo Piza, Leonardo Massaharu Moryia, Noel de Souza Mendes Neto. (QueenNut Macadamia/Dois Córregos/SP). Nome científico: Macadamia sp. Espécies Comerciais: Macadamia integrifolia, Macadamia tethraphylla Nome popular: Noz-Macadâmia Família botânica: Proteacea INTRODUÇÃO A macadâmia, nogueira da família Proteacea, é originária dos estados de New South Wales e de Queensland, na costa leste da Austrália. Sua classificação botânica foi realizada em 1858 pelo botânico alemão Ferdinand Jakob Heinrich von Mueller. Mueller, diretor do Jardim Botânico de Brisbane, decidiu homenagear seu amigo escocês John Macadam com a nova descoberta, descrevendo e nominando o gênero Macadamia. A primeira espécie classificada por Mueller foi a Macadamia ternifolia; logo, outras espécies foram descobertas, entre as quais se destacam a M. integrifolia e M. tetraphylla, bases dos plantios comerciais da atualidade. Devido a sua palatabilidade e coloração, a M. integrifolia é a mais plantada no mundo, seguida pelos híbridos das duas espécies. Apesar da origem Australiana e de ser conhecida já na década de 1850, os produtores rurais deste país ignoraram seu grande potencial econômico por um longo período. Figura 1: Pomar com 10 anos de idade QueenNut Macadamia, Dois Córregos-S.P. Foto: Pedro Toledo Piza

A CULTURA DA NOZ-MACADÂMIA · Minas Gerais com mais de 30 anos de idade, plantados acima de 1.200 metros, com ótimos resultados. CHUVAS Precipitação na faixa de 1.250 a 3.000

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A CULTURA DA NOZ-MACADÂMIA

Autores: Pedro Luis Blasi de Toledo Piza, Leonardo Massaharu Moryia, Noel de Souza Mendes Neto.

(QueenNut Macadamia/Dois Córregos/SP).

Nome científico: Macadamia sp.

Espécies Comerciais: Macadamia integrifolia, Macadamia tethraphylla

Nome popular: Noz-Macadâmia

Família botânica: Proteacea

INTRODUÇÃO

A macadâmia, nogueira da família Proteacea, é originária dos estados de New South Wales e

de Queensland, na costa leste da Austrália. Sua classificação botânica foi realizada em 1858 pelo

botânico alemão Ferdinand Jakob Heinrich von Mueller. Mueller, diretor do Jardim Botânico de

Brisbane, decidiu homenagear seu amigo escocês John Macadam com a nova descoberta,

descrevendo e nominando o gênero Macadamia.

A primeira espécie classificada por Mueller foi a Macadamia ternifolia; logo, outras espécies

foram descobertas, entre as quais se destacam a M. integrifolia e M. tetraphylla, bases dos plantios

comerciais da atualidade. Devido a sua palatabilidade e coloração, a M. integrifolia é a mais plantada

no mundo, seguida pelos híbridos das duas espécies.

Apesar da origem Australiana e de ser conhecida já na década de 1850, os produtores rurais

deste país ignoraram seu grande potencial econômico por um longo período.

Figura 1: Pomar com 10 anos de idade – QueenNut Macadamia, Dois Córregos-S.P. Foto: Pedro Toledo Piza

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PLANTIOS COMERCIAIS NO MUNDO

Introduzida no Havaí (EUA) em 1881, como planta ornamental, somente em meados de 1920

surgiram os primeiros pomares comerciais nas ilhas de Oahu e Big Island . Com o título de “Noz-do-

Havaí”, campanhas regionais incentivavam os turistas a comprar a noz como lembrança do

arquipélago. Investimentos em desenvolvimento varietal, tecnologia de beneficiamento e marketing

tiveram um efeito dramático na expansão dos pomares, atingindo seu ápice em 1990, com 9.000

hectares plantados. As parcerias realizadas entre as Estações Experimentais, Universidade do Havaí

e Agroindústria (Principalmente Hawaiian Host, Mauna Loa e Mac Farms of Hawaii) colocaram os

Estados Unidos na posição de maior produtor mundial de noz-macadâmia durante muitos anos.

Figura 2: Plantio de Macadâmia no Hawaii - Edmund C. Olson Trust’s Ka’u Farms. Foto: http://olsontrust.com/history/ Na Austrália, as primeiras plantações comerciais surgiram em meados de 1940. Incentivados

por uma indústria forte, uma associação de produtores organizada e recursos governamentais para

institutos de pesquisa e universidades, em poucos anos, os agricultores multiplicaram a área

cultivada, ultrapassando a produção havaiana em 2000. Grande parte desta expansão deveu-se à

viabilidade econômica da cultura para os custos australianos usando variedades novas e de maior

rendimento, adequação do controle de pragas e, principalmente, a mecanização das operações

agrícolas, inclusive colheita e pós-colheita. A Figura 3 mostra um pomar Australiano com

aproximadamente 40 anos de idade, onde foi retirada uma linha inteira de árvores entre as plantas

para permitir a entrada de luz.

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Figura 3: Gray Plantation Pty Ltd., Eureka, NSW, Austrália. Foto: Leonardo Moriya, 2012.

A Austrália permaneceu com o título de maior produtora de noz-macadâmia até 2014, quando

foi superada pela África do Sul.

A partir da divulgação das qualidades intrínsecas desta extraordinária noz, do aumento de

procura por sua amêndoa e da boa rentabilidade, diversos países plantaram macadâmia, entre as

quais, os principais são China, África do Sul, Austrália, Quênia, Guatemala, EUA, Malauí e Brasil

(Tabela 1).

PAÍS

ÁREA (ha)

Produzindo Em Crescimento TOTAL

China 6.000 194.000 200.000

África do Sul 21.000 12.500 33.500

Austrália 19.000 9.000 28.000

Quênia 17.500 2.500 20.000

Guatemala 10.000 1.000 11.000

Havaí (EUA) 8.160 - 8.160

Malaui 6.058 1.000 7.058

Brasil 5.800 1.000 6.800

Vietnã 2.000 1.000 3.000

Moçambique 1.000 1.000 2.000

Outros* 4.500 2.000 6.500

TOTAL 101.018 225.000 326.018

Fonte: INC World Nut and Dried Fruit Congress, Sevilha, 2018 * Zimbábue, Colômbia, Bolívia, Equador, México, Paraguai, Nova Zelândia. Tabela 1: Área plantada com noz-macadâmia no mundo – Maio/2018

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A MACADÂMIA NO BRASIL

Introduzida no Brasil em 1931, os primeiros estudos de viabilidade agronômica e análise

varietal da macadâmia foram realizados, na década de quarenta, pelo Instituto Agronômico de

Campinas. Na época, foram importados sementes e garfos para enxertia das principais variedades

havaianas, todas da espécie M. integrifolia. Este material foi multiplicado e distribuído em diferentes

estações experimentais do Estado de São Paulo.

Os primeiros plantios comerciais surgiram no País, entre 1976 e 1980, e de forma quase

simultânea foram plantadas áreas em Limeira (SP), São Sebastião da Grama (SP) e Taperoá (BA).

Hoje, o País possui aproximadamente 6.000 hectares plantados, distribuídos nos Estados de

São Paulo (38%), Espírito Santo (32%), Minas Gerais (10%), Bahia (10%), Rio de Janeiro (6%),

Paraná (2%), Mato Grosso do Sul (1%) e Goiás (1%).

Figura 4: Pomar com 3 anos de idade – QueenNut Macadâmia, Dois Córregos, S.P. Foto: Pedro Toledo Piza, 2009.

PRODUÇÃO MUNDIAL

Investimento de longo prazo, a macadâmia produz seus primeiros frutos 4 anos após o plantio

e atinge sua maturidade produtiva com 12 anos, fato já constatado no Brasil. Quanto a sua

longevidade, sabe-se que, no Havaí e na Austrália, existem pomares comerciais com mais de 60

anos. Desta forma, pode-se construir esquematicamente um gráfico, como o da Figura 6, que mostra

a produção de uma nogueira-macadâmia ao longo de sua vida.

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0

5

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20

4 6 8 10 12 20 30 40 50 60 65 70 75

Idade em Anos

kg

/pla

nta

PRODUÇÃO

Figura 5: Gráfico de Produção da noz-macadâmia.

CARACTERIZAÇÃO DO FRUTO DA NOZ-MACADÂMIA

Segundo Toledo Piza (2005), o fruto da macadâmia possui uma amêndoa de cor creme na

parte interna, envolvida por uma casca de coloração marrom. Amêndoa e casca formam o conjunto

chamado de “noz”. Esta, por sua vez, quando envolvida pelo carpelo, casca de cor verde que protege

a noz, constitui o que se chama de “fruto”, como ilustrado nas Figura 7.

FOTO: Pedro Toledo Piza

Figura 6: Características do fruto e da noz-macadâmia.

PRODUÇÃO MUNDIAL

A Tabela 2 apresenta a produção mundial de noz-macadâmia em 2017 e a estimada para os

próximos anos, tomando-se como base a amêndoa seca (1,5%b.s.) em casca (DIS – dry in shell).

Este padrão foi adotado como referência por uma questão comercial, uma vez que o maior

comprador de noz em casca do mundo, a China, adota este teor de umidade na aquisição das nozes.

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PAIS

TONELADAS EM CASCA (1,5% de umidade b.s.)

Realizada Estimada

2017 2018 2019 2020 2021 2022

África do sul 42.000 52.000 61.200 64.800 70.000 80.000

Austrália 43.000 46.000 55.000 58.000 63.000 70.000

Quênia 32.500 37.000 42.000 47.000 50.000 53.000

Havaí (EUA) 17.900 18.000 18.000 18.000 18.000 18.000

Guatemala 10.250 10.500 11.000 11.500 12.000 12.500

China 6.000 12.000 30.000 50.000 75.000 100.000

Malaui 6.460 7.100 7.170 8.040 8.100 8.150

Brasil 4.500 6.200 7.200 7.500 8.000 8.500

Outros* 20.000 22.000 25.000 28.000 32.000 5.000

TOTAL 182.610 210.800 256.570 292.840 336.100 355.150

Tabela 2: Produção Mundial de Noz-Macadâmia

CONDIÇÕES PARA PLANTIO

Bom desenvolvimento, em clima tropical e subtropical, credencia o Brasil como um dos

principais países para a expansão da cultura, principalmente na faixa compreendida entre o sul da

Bahia e o norte do Paraná. Da mesma forma, o solo é bastante favorável para o desenvolvimento da

macadâmia.

SOLO

Pouco exigente, a macadâmia pode ser cultivada em todos os tipos de solo, desde que

bem drenados, com profundidade mínima de 1,0 m, sem presença de rochas nesta camada.

A drenagem é outro fator muito importante, pois as plantas de macadâmia não suportam

solos encharcados: por este fato, áreas de várzeas devem ser evitadas.

Em solos argilosos, as plantas apresentam boa vegetação e vigor, produzindo nozes com

alta TR%. Em solos arenosos, as plantas crescem mais rapidamente e vegetam com mais frequência.

TEMPERATURA

A temperatura média ideal situa-se em 25 °C. Regiões onde a temperatura média exceda

35o C devem ser evitadas. Altas temperaturas reduzem o crescimento vegetativo, aumentam a queda

prematura de frutos, diminuem o tamanho e o acúmulo de óleo.

No inverno, requer temperaturas noturnas de 15 a 18 °C para o estímulo ao florescimento.

Plantas jovens (até 4 anos) não suportam geadas, com possibilidade de morte, mas podem ser

tolerantes quando adultas.

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ALTITUDE

A altitude ideal está entre 200 e 900 metros: entretanto, o Brasil possui pomares no sul de

Minas Gerais com mais de 30 anos de idade, plantados acima de 1.200 metros, com ótimos

resultados.

CHUVAS

Precipitação na faixa de 1.250 a 3.000 mm anuais, bem distribuídos. Áreas com estiagem

prolongada entre os meses de junho a novembro devem ser irrigadas para minimizar os riscos de

perdas de produção.

VENTOS

As ocorrências de ventos fortes podem ocasionar tombamento das plantas jovens já que a

árvore possui um sistema radicular superficial, e faz-se necessário o uso de tutores que minimizem

estes problemas. Em alguns casos é recomendado o plantio em áreas protegidas ou implantação de

quebra-ventos.

Árvores adultas também podem sofrer danos, como quebra de galhos e tombamento de

plantas. Para evitar tais problemas, é necessária a realização de podas de formação, para que as

plantas possuam melhor estrutura de sustenção.

ORIENTAÇÕES DE PLANTIO

PLANEJAMENTO DA ÁREA

Este ponto é muito importante, pois dimensiona estrategicamente o pomar, abrangendo o

posicionamento das linhas, a formação dos talhões, a densidade, as variedades, a conservação de

solo e a acessibilidade.

DIRECIONAMENTO DAS LINHAS

O direcionamento das linhas deve obedecer a alguns critérios, como posicionamento, de

preferência no sentido leste-oeste, dimensões adequadas de finais de linha para facilitar a

movimentação de maquinários, linhas compridas para aumentar a eficiência operacional e, em caso

de áreas com desníveis, estas deverão ser implantadas em nível, para impedir a possibilidade de

ocorrência de problemas erosivos.

DENSIDADE

A determinação da densidade é criteriosa e dependente de disponibilidade de área,

topografia, forma de manejo, equipamentos disponíveis, tipo de solo e variedades a serem

implantadas. É um ponto que deve ser avaliado individualmente, de acordo com cada área.

Os espaçamentos podem ser de:

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8 x 6 m (208 plantas/ha)

9 x 6 m (185 plantas/ha)

9 x 5 m (222 plantas/ha)

9 x 4 m (277 plantas/ha)

VARIEDADES

A seleção das variedades é de fundamental importância para a formação de um pomar

produtivo e será determinada de acordo com o tipo de clima, de solo, densidade, topografia e forma

de manejo. As variedades mais adaptadas para o plantio no Brasil e recomendadas pelo bom

rendimento e qualidade das amêndoas são: HAES 333, HAES 741, HAES 816 e IAC 4-12B.

QUEBRA-VENTOS

Devem ser plantados no mínimo a 10 metros da primeira linha de macadâmia, de forma a

facilitar o trânsito nos carreadores e a diminuir a competição por nutrientes e água. A determinação

das árvores para a realização do plantio dos quebra-ventos deve ser criteriosa, evitando o plantio de

árvores como o Eucalipto.

IRRIGAÇÃO

Em regiões onde o déficit hídrico é muito grande durante certos períodos do ano, é

necessária a instalação de sistemas de irrigação já a partir do primeiro ano de implantação do pomar,

para garantir o vigor das mudas.

IMPLANTAÇÃO DO POMAR

AMOSTRAGEM DE SOLO

É importante realizar uma análise do solo da área destinada à implantação do pomar, para

conhecer os níveis nutricionais disponíveis e identificar a necessidade de realização da calagem.

A amostragem deve ser realizada em área total, com profundidade de 20 cm. A coleta é

feita em zigue-zague, com coletas de várias subamostras, que depois devem ser misturadas,

formando apenas uma amostra composta.

CORREÇÃO DE SOLO

O pH ideal situa-se entre 5,5 e 6,0 (CaCl2). Caso houver a necessidade da realização de

calagem, realizar a aplicação com três meses de antecedência, com incorporação do calcário por

meio de grade niveladora.

PREPARO DO SOLO

O preparo de solo para a implantação do pomar consiste na demarcação das linhas de

plantio, subsolagem da área total em caso de áreas compactadas, ou subsolagem somente nas

linhas em áreas já cultivadas e sem problemas de compactação.

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CONSERVAÇÃO DE SOLO

Em áreas com topografia acidentada, deve-se realizar a construção de terraços para evitar

problemas erosivos. Caso houver a existência destes, realizar o reparo, com o levante da crista do

terraço. É um ponto muito importante para ser feito ou reparado, pois após a implantação do pomar,

medidas de controle erosivo tornar-se-ão difíceis e de custo elevado, principalmente quando as

árvores se tornarem adultas. A partir do momento em que o pomar se torna adulto, diminui-se a

presença de ervas daninhas sob as árvores e na entrelinha, deixando a superfície do solo totalmente

exposto, podendo sofrer ações erosivas, tanto laminares como em sulco, gerando uma série de

problemas ao pomar

ADUBAÇÃO DE COVA

A adubação deve seguir as recomendações da análise de solo da área, para a aplicação

adequada dos nutrientes necessários para o bom desenvolvimento das mudas, no estágio inicial de

implantação. Determina-se também a quantidade de adubo orgânico a ser aplicada.

COVEAMENTO

A cova deve possuir dimensões de 0,5 x 0,5 x 0,5 m para uma boa acomodação do torrão

da muda no momento do plantio. As covas deverão ser preparadas já com a adubação com 30 dias

de antecedência.

O preparo das covas poderá ser realizado utilizando furadores tratorizados e, na

sequência, adicionado os fertilizantes. Ou pode ser efetuado realizando sulcos em toda a extensão da

área nas linhas de plantio. O local onde serão plantadas as mudas é marcado já com os sulcos

abertos, onde serão misturados o esterco e os adubos químicos. Esta segunda prática torna hábil o

tempo de preparo de solo e o plantio, e garante a total descompactação do solo na linha onde serão

acomodadas as plantas.

- Adubação química = deve ser orientada pela análise de solo.

- Adubação orgânica = esterco de curral bem curtido, 10 litros/cova.

MISTURA DE VARIETAL

É recomendável, na formação do pomar, a implantação de, no mínimo, duas variedades

diferentes, plantando duas linhas de cada uma, alternadamente. Este tipo de planejamento tem como

objetivo garantir a polinização cruzada, o que favorece o melhor pegamento da florada.

SELEÇÃO DE MUDAS

Para iniciar a atividade, é de extrema importância adquirir mudas de um viveiro experiente

e profissionalizado na produção de mudas com qualidade e idoneidade, com respaldo de garantia

varietal e de enxerto.

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A seleção das mudas deve seguir itens como folhagem verde-escura, ramos sem danos,

ponto de enxertia sadia, presença de, pelo menos, dois lançamentos foliares abaixo do ponto de

enxertia e isenção de presença de pragas, como pulgões e cochonilhas.

PLANTIO

O plantio deve ser realizado a partir do período chuvoso do ano e irrigado caso ocorrer

períodos de estiagem. O ideal é ser em dia chuvoso ou nublado ou durante o período fresco do dia

(manhã e final de tarde), evitando períodos muito quentes e secos. As mudas deverão ser

transportadas até a área com cuidado, para não desmanchar o torrão. O plantio é simples, mas deve

seguir algumas normas importantes para conseguir sucesso durante esta etapa. Consiste em cortar o

saquinho plástico que envolve o torrão e colocá-lo no interior da cova, ajustando a profundidade para

que a muda fique nivelada à superfície externa da cova, no mesmo nível do terreno, ou até a um

centímetro acima. O nivelamento é importante para que não ocorra o remonte de solo sobre o colo da

planta, o que ocasiona, após alguns dias ou até semanas, a mortalidade da planta. Portanto, durante

o plantio, jamais colocar solo encostado no caule, nem mesmo matéria orgânica. E caso realizar a

construção de coroas de solo ao redor da muda para contenção de água durante as irrigações, deve

realizar estas bem largas, pelo mesmo motivo descrito acima, que é a de remonte de solo sobre o

colo da planta. Após a introdução do torrão no interior da cova, colocar solo ao redor e compactar

levemente com as mãos.

PRAGAS

A formiga-saúva tem predileção por plantios recentes de macadâmia, e as mudas novas

não aceitam a desfolha provocada por seu ataque, morrendo em poucos dias. Elimine os formigueiros

antes de realizar o plantio e verificar as áreas vizinhas também.

A abelha-cachorro ou irapuá (arapuá) danifica os brotos das mudas, provocando um

crescimento desuniforme e restrição do desenvolvimento sadio das plantas. Localize os ninhos,

normalmente, estão em árvores próximas do plantio, e destrua-os.

COLHEITA

Independentemente do tipo de colheita, manual ou mecanizada, a limpeza do pomar é a base

para a manutenção da qualidade dos frutos e para o bom rendimento da colheita. Nesta fase de pré-

colheita, entre os meses de dezembro e janeiro, no Brasil, a queda e a maturidade dos frutos devem

ser monitoradas. A Figura 7 apresenta um pomar com árvores podadas, limpo e preparado para o

início da colheita.

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Figura 7: Pomar de noz-macadâmia pronto para o início da colheita. Foto: Leonardo Moriya , 2012

A colheita da macadâmia, manual ou mecanizada, é realizada recolhendo-se os frutos que

caem naturalmente no chão, quando maduros; neste momento, os frutos têm um teor de umidade

aproximado de 25% b.s. (base seca). Os intervalos de colheita devem ser semanais em períodos

chuvosos e onde os frutos estejam expostos diretamente ao sol, e, a cada duas semanas, em

períodos secos e pomares sombreados (plantas adultas). Caso o fruto fique sobre o solo por um

longo período, especialmente em condições de alta umidade, as amêndoas ficarão mofadas,

descoloridas e a porcentagem de germinadas aumentará. A Figura 8 apresenta a recolhedora de noz-

macadâmia produzida no Brasil em parceria entre a QueenNut Macadamia e a GTM do Brasil, para a

realização de colheita mecanizada dos frutos da macadâmia.

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Figura 8: Recolhedora de noz-macadâmia – QueenNut Macadamia, Dois Córregos - S.P. Foto: Pedro Piza, 2015

Durante a colheita, os frutos, devem ser separados por lotes, principalmente os da primeira

coleta, que contêm altas incidências de frutos imaturos, reduzindo severamente a qualidade da

remessa. É fundamental equacionar a colheita ao sistema de transporte, recebimento e

descarpelamento sendo preferível deixar os frutos no solo a estocá-los em sacos ou caixas sem

ventilação, colhendo-se, somente, a quantidade possível de ser transportada, descarpelada e

armazenada em silos aerados no mesmo dia.

TRANSPORTE DOS FRUTOS

Após a coleta, os frutos devem ser levados rapidamente para as instalações da unidade de

beneficiamento. Os frutos recém-colhidos são densos devido ao alto grau de umidade (25% b.s. em

média) e as amêndoas, extremamente suscetíveis a danos por impacto. Danos nesta fase promovem

o rompimento celular, extravasando óleo e nutrientes, ocasionando manchas e início de rancidez. Os

sacos de colheita devem ser cuidadosamente manuseados nesta etapa, e a redução nos impactos

durante o transporte minimiza a ocorrência de danos nas amêndoas.

O produto oriundo da colheita é composto por frutos verdes, frutos com o carpelo seco, noz

descarpelada (características de variedades com maior deiscência), folhas, ramos e outras sujidades.

Para produzir uma noz em casca, de qualidade e dentro dos padrões de boas práticas agrícolas,

todas as fazendas produtoras de macadâmia devem possuir uma unidade de beneficiamento pós-

colheita. Esta unidade pode variar de um simples descarpelador e uma mesa para seleção das nozes

até sistemas sofisticados, automatizados e de grande rendimento.

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PÓS-COLHEITA DA NOZ-MACADÂMIA

A Figura 9 mostra um fluxograma com as principais operações que compõem o processo de

pós-colheita dos frutos de noz-macadâmia.

Figura 9: Fluxograma das operações de pós-colheita da macadâmia

Nesta fase, os frutos apresentam-se extremamente frágeis e suscetíveis à deterioração. Se

forem acondicionados em sacos plásticos, silos metálicos sem ventilação ou em recipientes similares,

a massa esquenta com a respiração dos frutos, atingindo temperaturas acima de 600C. Altas

temperaturas associadas ao elevado teor de umidade do produto promovem grandes perdas por

oxidação e fermentação. Na impossibilidade de processar todos os frutos no mesmo dia da colheita, o

lote remanescente deverá ser armazenado em silos aerados ou esparramado sobre bandejas

teladas, em camadas finas, em local protegido e à sombra.

DESCARPELAMENTO DOS FRUTOS

Esta operação consiste na remoção do carpelo que envolve a noz, sujeitando os frutos a uma

força de atrito por fricção contra uma superfície de ferro rugosa.

SELEÇÃO DAS NOZES

Devem ser eliminadas nozes menores de 16 mm e as danificadas (descoloridas, mofadas, etc).

A intenção é aumentar a eficiência e a economia de todo o sistema de pós-colheita, pois as

amêndoas de nozes menores que 16 mm são normalmente imaturas e podem diminuir a taxa de

recuperação. A remoção de nozes pequenas é um processo mecânico, utilizando-se de uma mesa de

barras paralelas ou um classificador de peneira.

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ARMAZENAMENTO

Após a seleção, as nozes sadias devem ser imediatamente estocadas em silos com ventilação

forçada e ar ambiente.

PROCESSAMENTO DA NOZ MACADÂMIA

No Brasil existem atualmente 25 beneficiadoras de noz-macadâmia distribuídas nos Estados

de São Paulo, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraná.

Independentemente do porte (pequena, média ou grande) ou do destino do produto final

(mercado interno ou externo), todas adotam os mesmos procedimentos para a obtenção de uma

amêndoa de qualidade. As principais variações entre as processadoras relacionam-se à capacidade

de processamento, automação e estocagem de produto acabado. A Figura 10 apresenta um

fluxograma com as operações básicas realizadas no beneficiamento da macadâmia.

Figura 10: Fluxograma do Beneficiamento da Noz-Macadâmia

Page 15: A CULTURA DA NOZ-MACADÂMIA · Minas Gerais com mais de 30 anos de idade, plantados acima de 1.200 metros, com ótimos resultados. CHUVAS Precipitação na faixa de 1.250 a 3.000

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O MERCADO DA AMÊNDOA DA NOZ-MACADÂMIA

Ainda desconhecida pela grande maioria da população o consumo de macadâmia vem

crescendo no mesmo ritmo do aumento da produção mundial. Mesmo representando apenas 1% do

total de nozes de árvores produzido no mundo, demanda e produção encontram-se equilibradas

devido aos esforços de divulgação e de marketing para colocar o produto no mercado. As

recomendações para a inclusão de nozes na dieta alimentar promoveram o crescimento mundial de

7% ao ano nos últimos 5 anos, ante o crescimento populacional de 1,5% ao ano no mesmo período.

A procura cada vez maior por alimentos saudáveis criou uma legião de novos consumidores.

Há alguns anos, grande parte da macadâmia produzida no Brasil era exportada, porém esta

tendência vem sendo revertida. Os principais motivos são o aumento da produção brasileira, a

entrada de pequenas processadoras com foco no mercado interno e o lançamento de produtos com

macadâmia por grandes indústrias das áreas de panificação, chocolates, sorvetes e drageados. O

investimento realizado no desenvolvimento do mercado brasileiro fez, praticamente, dobrar o

consumo nos últimos 5 anos.

PRINCIPAIS MERCADOS CONSUMIDORES

Ao longo das últimas décadas, o principal mercado de consumo da macadâmia trocou de mãos

várias vezes. Há 20 anos, o principal destino das amêndoas era o mercado norte-americano, depois

dividiu espaço com o mercado Europeu e, recentemente, os dois foram ultrapassados pelos países

Asiáticos, principalmente a China. Esta movimentação comercial ao redor do mundo teve como

principais fatores o aumento de oferta de macadâmia, o desenvolvimento de mercados próximos das

áreas de produção (Ásia em relação à Oceania e África) e a campanhas de marketing regionalizadas,

focando nos benefícios à saúde dos consumidores de nozes. De grande valor nutritivo, a macadâmia

pode ser utilizada ao natural, na composição de pratos finos, pães, doces, chocolates, sorvetes e

tortas, ou ainda, na forma de aperitivo, torrada e salgada. A Tabela 4 apresenta o consumo anual de

amêndoas de macadâmia por continente, de 2010 a 1014 (média de 5 anos).

O FUTURO DA MACADÂMIA

A perspectiva do crescimento da demanda em longo prazo continua sendo bastante positiva,

assim como no Brasil, e outros países com grande potencial de consumo, como China e Japão, têm

aumentado a procura pelo produto de forma consistente. A busca por alimentos saudáveis, oriundos

de uma agricultura justa e sustentável, vem ao encontro de tudo aquilo que a macadâmia representa.

*para mais informações sobre a cultura acesse www.queennutmacadamia.com.br ou

envie e-mail para [email protected]