12
A Cultura do Pinhão Manso Descrição Morfológica da Planta O pinhão pertence à família das Euforbiáceas, a mesma da mamona e da mandioca. Segundo Cortesão (1956), os portugueses distinguem duas variedades, catártica medicinal, a mais dispersa no mundo, com amêndoas muito amargas e purgativas e a variedade árvore de coral, medicinal-de-espanha, árvores de nozes purgativas, com folhas eriçadas de pêlos glandulares que segregam látex, límpido, amargo, viscoso e muito cáustico. Trata-se de um arbusto grande, de crescimento rápido, cuja altura normal é dois a três metros, mas pode alcançar até cinco metros em condições especiais. O diâmetro do tronco é de aproximadamente 20 cm; possui raízes curtas e pouco ramificadas, caule liso, de lenho mole e medula desenvolvida mas pouco resistente; floema com longos canais que se estende até as raízes, nos quais circula o látex, suco leitoso que corre com abundância de qualquer ferimento. O tronco ou fuste é dividido desde a base, em compridos ramos, com numerosas cicatrizes produzidas pela queda das folhas na estação seca, as quais ressurgem logo após as primeiras chuvas (Cortesão, 1956; Brasil, 1985). Ainda de acordo com Cortesão (1956) e Brasil (1985), as folhas do pinhão são verdes, esparsas e brilhantes, largas e alternas, em forma de palma com três a cinco lóbulos e pecioladas, com nervuras esbranquiçadas e salientes na face inferior. Floração monóica, apresentando na mesma planta, mas com sexo separado, flores masculinas, em maior número, nas extremidades das ramificações e femininas nas ramificações, as quais são amarelo-esverdeadas e diferencia-se pela ausência de pedúnculo articulado nas femininas que são largamente pedunculadas. O fruto é capsular ovóide com diâmetro de 1,5 a 3,0 cm. É trilocular com uma semente em cada cavidade, formado por um pericarpo ou casca dura e lenhosa, indeiscente, inicialmente verde, passando a amarelo, castanho e por fim preto, quando atinge o estádio de maturação. Contém de 53 a 62% de sementes e de 38 a 47% de casca, pesando cada uma de 1,53 a 2,85 g. A semente é relativamente grande; quando secas medem de 1,5 a 2 cm de comprimento e 1,0 a 1,3 cm de

A Cultura do Pinhão Manso

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: A Cultura do Pinhão Manso

A Cultura do Pinhão Manso

Descrição Morfológica da Planta

O pinhão pertence à família das Euforbiáceas, a mesma da mamona e da mandioca. Segundo Cortesão (1956), os portugueses distinguem duas variedades, catártica medicinal, a mais dispersa no mundo, com amêndoas muito amargas e purgativas e a variedade árvore de coral, medicinal-de-espanha, árvores de nozes purgativas, com folhas eriçadas de pêlos glandulares que segregam látex, límpido, amargo, viscoso e muito cáustico.

Trata-se de um arbusto grande, de crescimento rápido, cuja altura normal é dois a três metros, mas pode alcançar até cinco metros em condições especiais. O diâmetro do tronco é de aproximadamente 20 cm; possui raízes curtas e pouco ramificadas, caule liso, de lenho mole e medula desenvolvida mas pouco resistente; floema com longos canais que se estende até as raízes, nos quais circula o látex, suco leitoso que corre com abundância de qualquer ferimento. O tronco ou fuste é dividido desde a base, em compridos ramos, com numerosas cicatrizes produzidas pela queda das folhas na estação seca, as quais ressurgem logo após as primeiras chuvas (Cortesão, 1956; Brasil, 1985).

Ainda de acordo com Cortesão (1956) e Brasil (1985), as folhas do pinhão são verdes, esparsas e brilhantes, largas e alternas, em forma de palma com três a cinco lóbulos e pecioladas, com nervuras esbranquiçadas e salientes na face inferior. Floração monóica, apresentando na mesma planta, mas com sexo separado, flores masculinas, em maior número, nas extremidades das ramificações e femininas nas ramificações, as quais são amarelo-esverdeadas e diferencia-se pela ausência de pedúnculo articulado nas femininas que são largamente pedunculadas.

O fruto é capsular ovóide com diâmetro de 1,5 a 3,0 cm. É trilocular com uma semente em cada cavidade, formado por um pericarpo ou casca dura e lenhosa, indeiscente, inicialmente verde, passando a amarelo, castanho e por fim preto, quando atinge o estádio de maturação. Contém de 53 a 62% de sementes e de 38 a 47% de casca, pesando cada uma de 1,53 a 2,85 g.

A semente é relativamente grande; quando secas medem de 1,5 a 2 cm de comprimento e 1,0 a 1,3 cm de largura; tegumento rijo, quebradiço, de fratura resinosa. Debaixo do invólucro da semente existe uma película branca cobrindo a amêndoa; albúmen abundante, branco, oleaginoso, contendo o embrião provido de dois largos cotilédones achatados.

A semente de pinhão, que pesa de 0,551 a 0,797 g, pode ter, dependendo da variedade e dos tratos culturais, etc, de 33,7 a 45% de casca e de 55 a 66% de amêndoa. Nessas sementes, segundo a literatura, são encontradas ainda, 7,2% de água, 37,5% de óleo e 55,3% de açúcar, amido, albuminóides e materiais minerais, sendo 4,8% de cinzas e 4,2% de nitrogênio.

Segundo Silveira (1934), cada semente contém 27,90 a 37,33% de óleo e na amêndoa se encontra de 5,5 a 7% de umidade e 52,54 a 61,72% de óleo.

Para Braga (1976) as sementes de pinhão manso enceram de 25 a 40% de óleo inodoro e fácil de extrair por pressão. Segundo Peckolt (sd) este óleo, com peso específico a +19ºR = 0,9094 e poder calorífico superior a 9,350 kcal/kg (Brasil, 1985), é incolor, inodoro, muito fluído, porém deixa precipitar-se a frio e congela-se a alguns graus acima de zero; é solúvel na benzina e seus homólogos, insolúvel no álcool a 96 ºC e solúvel em água. Destrói-se a toxidez, aquecido a 100 ºC, em solução aquosa com

Page 2: A Cultura do Pinhão Manso

A Cultura do Pinhão Manso

apenas 15 min. de calor.No Brasil o pinhão manso (Jatropha curcas L.) está sendo considerado uma

opção agrícola para a região nordeste por ser uma espécie nativa, exigente em insolação e com forte resistência a seca. Segundo Carnielli (2003) é uma planta oleaginosa viável para a obtenção do biodiesel, pois produz, no mínimo, duas toneladas de óleo por hectare, levando de três a quatro anos para atingir a idade produtiva, que pode se estender por 40 anos.

Com a possibilidade do uso do óleo do pinhão manso para a produção do biodiesel, abrem-se amplas perspectivas para o crescimento das áreas de plantio com esta cultura no semi-árido nordestino. Para Purcino e Drummond (1986) o pinhão manso é uma planta produtora de óleo com todas as qualidades necessárias para ser transformado em biodiesel. Além de perene e de fácil cultivo, apresenta boa conservação da semente colhida, podendo se tornar grande produtora de matéria prima como fonte opcional de combustível. Para estes autores, esta é uma cultura que pode se desenvolver nas pequenas propriedades, com a mão-de-obra familiar disponível, como acontece com a cultura da mamona, na Bahia, sendo mais uma fonte de renda para as propriedades rurais da Região Nordeste. Além disso, como é uma cultura perene, segundo Peixoto (1973), pode ser utilizado na conservação do solo, pois o cobre com uma camada de matéria seca, reduzindo, dessa forma, a erosão e a perda de água por evaporação, evitando enxurradas e enriquecendo o solo com matéria orgânica decomposta. O plantio do pinhão já é tradicionalmente utilizado como cerca viva para pastos no Norte de Minas Gerais, com a vantagem de não ocupar áreas importantes para outras culturas e pastagens e favorecer o consórcio nos primeiros anos, pois o espaçamento entre plantas é grande (Purcino & Drummond, 1986).

Óleo de pinhão manso em comparação com óleo dieselParametro Diesel Biodiesel de pinhão mansoEnergia (MJ/kg) 42.6 - 45.0 39.6 - 41.8Spec. peso (15/40 °C) 0.84 - 0.85 0.91 - 0.92Ponto de solidificação -14.0 2.0Ponto de fulgor 80 110 – 240Valor do cetano 47.8 51.0Enxofre 1.0 - 1.2 0.13. 

Page 3: A Cultura do Pinhão Manso

A Cultura do Pinhão Manso

Cultivo

A planta vegeta desde o nível do mar até em altitudes superiores a 1000 m, adaptando-se tanto nos terrenos de encosta, áridos, como em solos úmidos, embora as melhores condições de crescimento da euforbiácea ocorram nas altitudes entre 600 e 800 m. Pode-se obter boa multiplicação das plantas por meio de sementeiras ou por estacas.

O ciclo produtivo do Jatropha curcas é variável, conforme se faça o plantio por estacas ou por sementes. Segundo informações obtidas nas áreas de incidência em Minas Gerais a produção por via vegetativa tem início após 10 meses, mas só atinge a plenitude após 2 anos.

A propagação por via seminal, por outro lado, é mais demorada, mas esse processo tem a vantagem de gerar espécies mais robustas, normalmente de ciclo vegetativo mais longo.

Produtividade

Não obstante sua tolerância com respeito aos rigores da seca, o nível de produtividade do pinhão-manso é bastante afetado pela distribuição irregular de chuvas ou mesmo pela ação prolongada de ventos na época da floração.

Diferentemente das zonas equatoriais, onde o pinhão-manso floresce duas vezes por ano. Em Minas Gerais a colheita das sementes ocorre apenas uma vez, pelo menos nas condições de desenvolvimento espontâneo da planta, embora a produção se distribua entre janeiro e julho, quando então o pinhão-manso entra em repouso vegetativo, com perda das folhas, até o início das chuvas em outubro, período que começa nova brotação.

A maturação dos frutos é completa com o escurecimento das cápsulas; à colheita, segue-se a secagem ao ar, onde são amontoados, prática que provoca a deiscência espontânea dos frutos; depois separam-se as sementes por meio de trilhadoras e peneiras.

Colheita e Rendimentos

O método mais prático e rápido de colheita dos frutos, ao contrário do processo tradicional de catação manual, é fazendo vibrar o pé do pinhão, a meia altura, o que provoca a queda apenas dos frutos maduros. Neste caso, pode-se adaptar uma lona sobre o solo para tornar a colheita mais simples, e leva-se, então, a carga de frutos ao sol para a secagem.

Os rendimentos de sementes por pé são variáveis conforme as condições edafoclimáticas, regularidade pluviométrica e trato durante o cultivo.

De acordo com os dados obtidos de plantios organizados de pinhão-manso, desenvolvidos no Centro Experimental de Ségou, na antiga África Ocidental Francesa, a produtividade da cultura alcançava índices em torno de 8.000 Kg de sementes por hectare.

Page 4: A Cultura do Pinhão Manso

A Cultura do Pinhão Manso

Condução da Cultura

Após limpeza do terreno com incorporação da vegetação existente e solo devidamente preparado, realiza-se a abertura das covas nas dimensões usuais de 30 x 30 x 30 cm, adotando-se o espaçamento de 2 a 5 m, em todos os sentidos, de acordo com a fertilidade e condições físicas do solo, condições climáticas e modo de condução das plantas.Dependendo do espaçamento utilizado podem-se selecionar plantas, arrancando as de baixa produtividade para aumentar a área de exploração das demais ou enxertando com material das mais produtivas. O plantio pode ser em xadrez, quadrado ou em outra forma. Pra cercas vivas, o espaçamento deve ser de 20 a 50 cm entre as sementes ou estacas que são preferíveis (Cortesão, 1956; Peixoto, 1973).

A semeadura e o plantio definitivo tem a grande vantagem de evitar traumatismo nas raízes, o que repercute durante todo o ciclo da planta, todavia, requer constante vigilância das plantinhas contra pragas e doenças, além da necessidade de constantes capinas, até as plantas serem capazes de suportar a competição das plantas daninhas por água, luz e nutrientes.

Em solos ácidos, com pH abaixo de 4,5 as raízes do pinhão não se desenvolvem, sendo necessário a realização de calagem com base na análise química do solo, a qual indicará a quantidade de calcário, gesso, macro e micronutrientes necessários para satisfazer a exigência da cultura. A calagem deve ser realizada cerca de 3 meses antes do plantio, com o calcário incorporado a uma profundidade de até 20 cm do solo, em duas aplicações, antes da aração e quando da gradagem específica para a correção do solo (Peixoto, 1973).

A adubação deve seguir as recomendações da análise química completa do solo, incluindo o teor de matéria orgânica (M.O.% = N% x 20).

A época mais adequada para o plantio é no início das primeiras chuvas, para assegurar bom desenvolvimento das plantas. No entanto, quando se dispõe de água para irrigação, o plantio pode ser feito em qualquer época.

O aproveitamento dos resíduos da extração como adubo natural nos próprios plantios da euforbiácea, além de enriquecer o terreno de matéria orgânica, ira incorporar ao solo quantidades acentuadas de nitrogênio, fósforo e potássio, presentes em índices elevados na torta residual, contribuindo para manter um nível de produtividade mais regular da cultura e diminuindo o consumo dos fertilizantes químicos.

A adubação verde com leguminosas é outra prática recomendada para a fertilização dos campos cultivados com o pinhão-manso, pois, de modo geral, fornecem altos rendimentos por unidade de área plantada, fixando o nitrogênio atmosférico e transferindo aos solos, por decomposição orgânica, os elementos nutrientes essenciais como fósforo, cálcio ou enxofre além do nitrogênio.

Page 5: A Cultura do Pinhão Manso

A Cultura do Pinhão Manso

Entre as principais leguminosas, destaca-se a Crotolaria paulina Schranck, ou mucuna preta como vulgarmente é conhecida, cuja produção de massa seca por hectare atinge índice ao redor de 7 toneladas anuais, as quais podem transferir ao solo cerca de 195 Kg de nitrogênio, 23 Kg de P2O5 e 144 Kg de K2O por hectare.

A consorciação do pinhão-manso com culturas de ciclo anual é outra prática agrícola de grande alcance no êxito econômico da cultura, proporcionando maior rentabilidade pelo uso intensivo do solo. Tendo em vista as condições edafoclimáticas das áreas de maior aptidão ao cultivo do pinhão-manso, sugere-se a utilização de plantios intercalares com o amendoim, que além de aumentar a oferta de óleos vegetais por unidade de área, apresenta como outras leguminosas, a vantagem de promover a fertilização dos solos.

As técnicas agronômicas empregadas na cultura da mamona podem também ser adaptadas aos plantios de pinhão-manso, ressalvando-se, no entanto, que sendo este último bem mais rústico e tolerante, certamente dispensará de sofisticados tratos culturais. A planta se adapta melhor, entretanto, em solos de boa consistência, pouco compactos que não prejudiquem o crescimento do seu sistema radicular.

Pragas e Doenças

Em conseqüência da presença do látex cáustico nas diversas partes da planta, as pragas nocivas ao desenvolvimento do pinhão-manso incluem: o Corynorhynchus radula, Stiphra robusta Leitão, Retithrips syriacus Mayet, Pachycoris torridus Scopoli e Sternocolaspis quatuordecim Costata.

A) Saúva (Atta sexdens rubropilosa)Se o terreno era de mata, tendo formigueiros de saúva, retirando-se a

cobertura original e plantando-se o pinhão a formiga saúva poderá atacar com intensidade, cortando as plantinhas novas. Os formigueiros devem ser combatidos antes do plantio. Em áreas extensas, devem-se deixar faixas de 10 a 20 m de largura, em relação a curva de nível, com vegetação primitiva, para um melhor equilíbrio ecológico. A faixa da cultura poderá ter então 80 a 100 m de largura, entre as faixas de vegetação nativa.

B) Formiga “Rapa-rapa”Alimenta-se da casca da estaca ou da muda da planta. Podendo matá-la.

Mas, assim como a saúva, prefere oytras plantas. Seus ninhos são fáceis de ser destruídos, pois são muito superficiais.

C) Ácaro-branco (polyphagotarsonemus latus) A planta atacada paralisa seu crescimento, ficando suas folhas branca prateadas.

Aparece em focos, formando reboleiras. A Aparece em focos, formando reboleiras. A aplicação de enxofre em pó nas plantas afetadas, logo que a planta aparece, controla-a bem. Esta aplicação deve ser feita ao amanhecer, sem ventos, ou malhando-se as plantas primeiramente com pulverização de água pura, principalmente os brotos terminais da planta.

Page 6: A Cultura do Pinhão Manso

A Cultura do Pinhão Manso

D) Ácaro Vermelho (Tetranychus sp.)Com corpo avermelhado, tem menos importância, ocorrendo em geral em folhas

maduras do pinhão. A aplicação do enxofre em pó é também eficiente para o controle dessa praga.

E) Trips (Selenothrips rubrocinatus)Suas larvas são avermelhadas e caracterizadas pela gotícula de uma excreção

vermelha sempre apensa ao extremo do abdômen da larva. Formam colônias bem visíveis a olho nu. O adulto é preto, de formato típico de um trips, corpo fino, de movimentos rápidos.

F) Oídio (Oidium sp) Fungo que forma, nas partes verdes do pinhão, uma cobertura branca, em forma

de p; em Grãos Mogol foi encontrado secando o broto terminal da muda, mas em geral não prejudica a planta. A aplicação de enxofre em pó é também uma boa medida de combate.

G) CupinsEsta praga pode matar a planta em qualquer idade. Destrói a casca na região

basal do caule,a qual apodrece, caindo o tronco da planta ao chão. A aplicação de aldrin 5% ou produto semelhante, na cova, deve ser feita nas regiões da muda, com uma pasta feita de sulfato de cobre, cal-virgem e aldrin, será de grande utilidade.

Colheita e Beneficiamento do Pinhão Manso

O pinhão manso inicia a produção já no primeiro ano. É aconselhável fazer suas mudas em viveiro nos primeiros meses do ano e fazer o transplante para o local definitivo no inicio das chuvas na primavera.

A produção no primeiro ano pode alcançar até 500 quilos por hectare, dependendo de condições locais, de clima e de solo. No segundo ano a produtividade aumenta para cerca de 1.500 quilos por hectare, passando para aproximadamente 3.000 quilos no terceiro, subindo para cerca de 5.000 a partir do quarto ano.

Não se encontra até o momento outra maneira para a colheita que não seja a manual. O ponto ideal de colheita é quando o fruto começa a mudar de cor, de verde para amarelo.

Há também outra alternativa de colheita como colocar uma lona no solo e vibrar a planta. Vale lembrar que utilizando este método cairão frutos verdes também, alem de flores. Usar o sistema guarda chuva idêntico ao usado na europa para a colheita da azeitona, causando o mesmo problema.

Aguardar que todos os frutos amadureçam, daí usar a lona e vibrar a planta. É bom lembrar que o pinhão manso é uma leguminosa, e todas as leguminosas não aceitam por diversas vezes períodos de umidade intercalados com períodos de seca, sob pena de aumento da acidez do óleo. Este método poderá ser usado em determinados meses e algumas regiões do Brasil, nos períodos de inicio de seca.

A título de exemplo pode-se citar a soja, que após atingir o ponto de colheita,

Page 7: A Cultura do Pinhão Manso

A Cultura do Pinhão Manso

caso seja acometida por duas ou três chuvas inicia um processo chamado de ardência, ou seja, inicia um processo de aumento de acidez de seu óleo. Com o pinhão manso ocorre da mesma maneira.

Perspectivas

As perspectivas favoráveis da implantação racional da cultura do pinhão-manso decorrem não somente dos baixos custos de sua produção agrícola, conforme se deve esperar diante das vantagens anunciadas, mas sobretudo porque ele poderá ocupar os solos pouco férteis e arenosos, de modo geral inaptos à agricultura de subsistência, proporcionando, dessa maneira, uma nova opção econômica as regiões carentes do país.

Não há duvida de que a cultura racional do pinhão-manso, desenvolvida com o emprego de melhores técnicas, devera constituir-se entre as mais promissoras fontes de grãos oleaginosos para fins carburantes. Além do alto índice de produtividade, as maiores facilidades de seu manejo agrícola e de colheita das sementes, com relação a outras espécies como palmáceas, tornam a cultura do pinhão-manso bastante atrativa e especialmente recomendada para um programa de produção de óleos vegetais.

Outros aspectos positivos referem-se à possibilidade de armazenagem das sementes por longos períodos de tempo, sem os inconvenientes da deterioração do óleo por aumento da acidez livre, conforme acontece com os frutos de dendê ou de macaúba, os quais devem ser processados rapidamente após realizada a colheita.

Page 8: A Cultura do Pinhão Manso

A Cultura do Pinhão Manso

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRAGA, R. Plantas do Nordeste, especialmente do Ceará. 3 ed. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE FLORESTAS TROPICAIS, 2., 1976, Mossoró.Anais...Mossoro: Escola Superior de Agricultura de Mossoró, 1976. p. 412-413 (Coleção Mossoroense, v. XLII).

BRASIL. Ministério da Indústria e do Comércio. Secretária de Tecnologia Industrial.Produção de combustíveis líquidos a partir de óleos vegetais. Brasília: STI/CIT, 1985.364p. (Documentos, 16).

CARNIELLI, F. O combustível do futuro. 2003. Disponível em: www.ufmg.br/boletim/bul1413

CORTESÃO, M. Culturas tropicais: plantas oleaginosas. Lisboa: Clássica, 1956. 231p.

PECKOLT, T. Pinhão de purga (s.d.). Disponível em: www.vpg.com.br/banners/popup.html

PEIXOTO, A.R. Plantas oleaginosas arbóreas. São Paulo: Nobel, 1973. 284p.

PURCINO, A.A.C. DRUMMOND, O.A. Pinhão manso. Belo Horizonte: EPAMIG, 1986. 7p.

SILVEIRA, J.C. Contribution a l’étude du pulghére aux iles du Cap Vert. In: Instituto Superior de Agronomia (Campinas,SP). Anais... Campinas, 1934. v. 6, p.116-126,