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A DEMANDA POR ENERGIA ELÉTRICA RESIDENCIAL NO BRASIL: ESTIMATIVA DAS ELASTICIDADES RENDA E PREÇO APÓS O APAGÃO Roberta Montello Amaral (PUC-Rio) [email protected] Márcia Valéria de Sá Portal Monteiro (UCAM-Campos) [email protected] Sabe-se que o setor de energia elétrica é estratégico para o desenvolvimento de um país e, também, que o “apagão” de 2001 provocou mudanças no seu padrão de consumo. Mas, quando se pensa em projeção de demanda, para que seja possível avaliiar a necessidade de expansão da capacidade de geração de energia elétrica do Brasil já não existe tanta certeza. Têm-se dúvidas, por exemplo, quanto à magnitude atual das elasticidades preço e renda da economia com relação ao consumo de energia elétrica residencial; não se sabe, ao certo, se as alterações, após o ano de 2000, foram pontuais ou mudaram permanentemente as características de demanda de energia. Tentando responder a estas questões, este artigo tem, portanto, o objetivo de apresentar estimativas atualizadas de elasticidades renda e preço de energia elétrica, subsetor residencial, para que sirvam de auxílio à projeção de sua curva de demanda esperada. Adicionalmente, averigua se o consumo se alterou de forma permanente após 2001. Após a investigação apurou-se que aumentos de tarifa de 1% geram queda de 0,43% no consumo e, após 2001, incrementos de 1% na renda per capita têm como reflexo elevação de 0,61% na quantidade demandada de energia elétrica do subsetor residencial. Palavras-chaves: elasticidade-renda; elasticidade-preço; Energia Elétrica XXX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Maturidade e desafios da Engenharia de Produção: competitividade das empresas, condições de trabalho, meio ambiente. São Carlos, SP, Brasil, 12 a15 de outubro de 2010.

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A DEMANDA POR ENERGIA ELÉTRICA

RESIDENCIAL NO BRASIL:

ESTIMATIVA DAS ELASTICIDADES

RENDA E PREÇO APÓS O APAGÃO

Roberta Montello Amaral (PUC-Rio)

[email protected]

Márcia Valéria de Sá Portal Monteiro (UCAM-Campos)

[email protected]

Sabe-se que o setor de energia elétrica é estratégico para o

desenvolvimento de um país e, também, que o “apagão” de 2001

provocou mudanças no seu padrão de consumo. Mas, quando se pensa

em projeção de demanda, para que seja possível avaliiar a necessidade

de expansão da capacidade de geração de energia elétrica do Brasil já

não existe tanta certeza. Têm-se dúvidas, por exemplo, quanto à

magnitude atual das elasticidades preço e renda da economia com

relação ao consumo de energia elétrica residencial; não se sabe, ao

certo, se as alterações, após o ano de 2000, foram pontuais ou

mudaram permanentemente as características de demanda de energia.

Tentando responder a estas questões, este artigo tem, portanto, o

objetivo de apresentar estimativas atualizadas de elasticidades renda e

preço de energia elétrica, subsetor residencial, para que sirvam de

auxílio à projeção de sua curva de demanda esperada.

Adicionalmente, averigua se o consumo se alterou de forma

permanente após 2001. Após a investigação apurou-se que aumentos

de tarifa de 1% geram queda de 0,43% no consumo e, após 2001,

incrementos de 1% na renda per capita têm como reflexo elevação de

0,61% na quantidade demandada de energia elétrica do subsetor

residencial.

Palavras-chaves: elasticidade-renda; elasticidade-preço; Energia

Elétrica

XXX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Maturidade e desafios da Engenharia de Produção: competitividade das empresas, condições de trabalho, meio ambiente.

São Carlos, SP, Brasil, 12 a15 de outubro de 2010.

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1. Introdução

Desde os finais dos anos 90, a geração de energia elétrica tem sido tema de várias discussões.

Independentemente da opinião de cada especialista, quanto ao fato de a capacidade instalada

de geração de energia elétrica estar sub ou superestimada, é fato de que se trata de um setor

estratégico que, se mal dimensionado, pode dificultar o crescimento econômico. O tema

ganhou destaque nas mesas de discussão nacionais e internacionais quando se verificou,

depois de um atípico ano de 1999 e início de 2000, que havia necessidade de se iniciar um

plano de racionamento de energia e, adicionalmente, dever-se-ia incentivar a geração de

eletricidade a partir de fontes alternativas, como as usinas termelétricas.

O racionamento passou, não houve apagão, tendo sido ressaltada, à época, a grande

contribuição do subsetor residencial, um dos grandes responsáveis pelo sucesso do plano de

controle de consumo. Não voltou a ocorrer uma estiagem tão significativa nos últimos anos,

mas a discussão, quanto à necessidade de ampliação da capacidade de geração de energia

elétrica no Brasil persiste. No entanto, um importante item que tem ficado à margem da

discussão e que é de vital importância para se dimensionar corretamente a necessidade de

geração de energia do país, é a determinação, de forma mais precisa possível, da sua

demanda.

Neste sentido, este artigo tem o objetivo de auxiliar a correta projeção da demanda de energia

elétrica residencial, calculando os coeficientes atualizados para a elasticidade-renda e a

elasticidade-preço do setor, considerando-se apenas os consumidores residenciais. Para tanto,

parte da hipótese de que as características de consumo (mais especificamente a elasticidade-

renda), foram afetadas no período pós racionamento. Para apresentação dos resultados, este

artigo é dividido em quatro seções além desta introdução: histórico, consumo de energia

elétrica, modelagem de trabalho e conclusões. A metodologia de cálculo segue o método de

Mínimos Quadrados Ordinários (MQO), seguindo o modelo proposto na dissertação de

mestrado de Monteiro (2008).

2. Histórico

Até o início da década de 50, a política cambial era o único instrumento de política econômica

que o governo brasileiro utilizava na tentativa de regular a economia. Altamente dependente

das exportações de café, que alimentavam a riqueza das classes sociais brasileiras mais

elevadas, o câmbio e as políticas de controle de estoques através da regulação da oferta

espelhavam o grau de atraso em que a nação estava mergulhada. Com um pequeno, senão

praticamente inexistente, parque industrial, a economia brasileira era basicamente pautada na

exportação de produtos primários.

A partir de um diagnóstico da Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL) que

identificou como problemas do continente a relação de trocas comerciais desiguais e a

inexpressividade do seu mercado consumidor interno, o governo do presidente Juscelino

Kubitshek (JK), no final dos anos 50, viabilizou uma série de investimentos em infraestrutura

em 5 principais áreas: energia, transporte, alimentação, indústrias de base e educação,

segundo distribuição apresentada na Tabela 1.

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3

Setor %

investimento

Responsável

Energia 42,4 SETOR PÚBLICO

Transporte 28,9 SETOR PÚBLICO

Ind. Básica 22,3 SETOR PRIVADO OU FINANCIAMENTO POR ENTIDADES

PÚBLICAS

Alimentaçã

o

3,6

Educação 2,8 SETOR PÚBLICO

Fonte: ABREU (1992)

Tabela 1: Plano de Metas: Estimativa de Investimento

Era a materialização do pensamento de PEGO FILHO et al. (1999):

não há crescimento econômico sustentável sem a existência de infra-estrutura eficiente e

eficaz, que atende a objetivos diversos: viabiliza o produto potencial; integra toda a

população à economia nacional, por meio de modais de transportes e sistemas de

comunicações eficientes que interliguem, de fato, as regiões do país; e minimiza

desperdícios de recursos, ao otimizar sua utilização, entre outros.

É fato que investir em infraestrutura afeta diretamente a produtividade geral da economia, o

crescimento econômico e o bem-estar da população.

Posteriormente, no período do milagre brasileiro (década de 70), manteve-se a política de

investimento em infraestrutura, tendo sido o período de maior desenvolvimento das empresas

estatais. Com a perda de capacidade de honrar sua dívida externa, e consequentemente do

acesso a crédito, nos anos 80, os investimentos públicos brasileiros foram substancialmente

reduzidos.

A partir de 1985 o PIB voltou a crescer, enquanto os investimentos das estatais

continuaram caindo, e, em 1990, chegaram a um terço do que eram em 1980. Na

primeira metade dos anos 90, a queda dos investimentos foi ainda maior: passaram de

US$ 11 bilhões em 1990 para US$ 9,3 bilhões,em 1995, o que baixou sua relação com o

PIB de 3,0% para 1,5%, respectivamente. (PEGO FILHO, 1999)

Com a falta de investimentos, todo o setor público foi afetado, inclusive o setor de geração de

energia elétrica. Isto causou reflexos em todo o setor industrial, dependente da energia como

insumo para produção de bens manufaturados.

A entrada em operação de Itaipu e Tucuruí e a redução da capacidade de gerar recursos

próprios do sistema Eletrobrás contribuíram para a queda significativa dos investimentos,

que alcançaram cerca de US$ 19,5 bilhões nos anos 90, comparados aos US$ 75,1 bilhões

da década anterior. Como conseqüência, houve queda da taxa de expansão média da

capacidade instalada que, na década de 90, foi de 3,3% contra 4,8% na década de 80.

Entre 1995 e 2000, o acréscimo médio da capacidade instalada do setor elétrico foi de

3,8%. (PEGO FILHO, 2001)

O resultado da queda dos investimentos e da recessão dos anos 90 foi um programa de obras

de geração de energia elétrica praticamente inexistente. Somou-se a este cenário a vontade de

diminuir o tamanho do setor público brasileiro (resultado da aplicação das políticas

neoliberais de privatização das empresas estatais), o que implicou em uma variação pouco

relevante da capacidade de geração de energia elétrica. Assim, os investimentos neste setor

acabaram deixando de acompanhar o crescimento da demanda.

Segundo aponta estudo do IPEA, nos últimos 20 anos, o crescimento do consumo (exceto nos

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anos de 93 e 94) esteve sempre acima do PIB: na década de 80, o consumo total de energia

elétrica cresceu a uma taxa média de 5,9%aa enquanto o PIB cresceu, em média, 1,6% aa; já

nos anos 90, o consumo cresceu a uma taxa média de 4,1%aa contra 2,6%aa da média do PIB.

Deste modo, evidenciou-se um sério desequilíbrio entre a capacidade de oferta de energia

elétrica e a necessidade de consumo, desequilíbrio este materializado com a crise do setor

elétrico que impôs a todos a necessidade de reduzir o consumo em 20%.

3. Consumo de Energia Elétrica

No Brasil, o consumo de energia elétrica é acompanhado pela Eletrobrás desde 1952. A partir

do ano de 1964, dispõe-se de uma base de dados em que este setor é dividido em quatro

subsetores: residencial, comercial, industrial e outros. A Figura 1 apresenta a evolução, de

1964 até 2008, destes valores:

0

50000

100000

150000

200000

250000

300000

350000

400000

450000

19

64

19

66

19

68

19

70

19

72

19

74

19

76

19

78

19

80

19

82

19

84

19

86

19

88

19

90

19

92

19

94

19

96

19

98

20

00

20

02

20

04

20

06

20

08

Residências Comércio Indústria Outros Total

Figura 1 – Consumo Anual de Energia Elétrica no Brasil (GWh) Fonte: ipeadata

O que se pode perceber é que, ao longo destes 45 anos de acompanhamento, o consumo total

de energia elétrica, no país, cresceu mais de 16 vezes, o que significa um incremento médio

anual de pouco mais de 6,6% aa. Por subsetor, há pequenas variações em torno desta média de

crescimento, de modo que nenhum deles apresentou variação média anual inferior a 6,3% aa.

Mas as variações de consumo não costumam estar uniformemente distribuídas ao longo do

tempo, já que dependem de uma série de fatores, como a renda média do país, o preço da

energia, o estoque de eletrodomésticos existente, a capacidade instalada da indústria, o nível

de atividade da indústria, o preço de seus substitutos (somente na indústria), etc. A Figura 2

apresenta as mudanças nas taxas de variação anual do consumo de energia elétrica no Brasil:

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5

-10%

-5%

0%

5%

10%

15%

20%

19

65

19

67

19

69

19

71

19

73

19

75

19

77

19

79

19

81

19

83

19

85

19

87

19

89

19

91

19

93

19

95

19

97

19

99

20

01

20

03

20

05

20

07

Valor observado Média

Figura 2 – Variação Anual do Consumo de Energia Elétrica no Brasil (%)

O que se pode perceber é uma forte correlação com o nível de atividade econômica do País.

Nos anos do “milagre brasileiro” (década de 70) as taxas eram mais elevadas, ultrapassando

uma média de 11% aa tendo apresentado histórico pico de 17,5% de variação entre 1970 e

1971. A partir da segunda metade dos anos 80, as médias históricas mantiveram-se em

patamares bem menores, chegando ao vale histórico de -7,9% em 2001, ano do “apagão” no

setor elétrico.

24,2%

15,8%

45,7%

14,2%

Residências

Comércio

Indústria

Outros

Figura 3 – Composição do Consumo por Subsetor – 2008 (%)

Um dos subsetores de maior importância, neste segmento, é o residencial, conforme aponta a

Figura 3. Foi ele que parece ter sido o mais afetado com a ocorrência do “apagão”, pois foram

os próprios consumidores residenciais que foram conclamados pelo presidente, à época, Sr.

Fernando Henrique Cardoso, a contribuir para remediar o problema de incapacidade do país

de incrementar, naquele ano, a oferta de energia, dado o baixo volume histórico de

investimentos no setor e o baixo volume de chuvas no verão de 2000/2001 (o sistema de

geração de energia elétrica, no Brasil, é basicamente composto por hidrelétricas que

dependem de um certo volume de água nos seus reservatórios para que sejam capazes de gerar

energia elétrica compatível com a capacidade de produção de cada usina).

Em 2008, o subsetor residencial respondia por quase 1/4 da demanda de energia do país.

Apesar de este ser um percentual relativamente estável, ele também sofreu variações ao longo

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do tempo, conforme demonstra a Figura 4, a seguir:

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

19

64

19

66

19

68

19

70

19

72

19

74

19

76

19

78

19

80

19

82

19

84

19

86

19

88

19

90

19

92

19

94

19

96

19

98

20

00

20

02

20

04

20

06

20

08

Figura 4 – Evolução da Representatividade do Subsetor Residencial no Consumo de Energia Elétrica

Brasileiro (%)

Claramente a média de representatividade das residências manteve-se em patamares próximos

a 20, 22% até a metade dos anos 80, mas começou a apresentar sinais de mudança de patamar

até 2000, quando decresceu e voltou a mostrar sinais de estabilidade, mas num patamar mais

elevado, próximo aos 25%. Isso nos faz acreditar em dois aspectos que serão investigados na

seção a seguir:

a) De 1985 a 1998/1999, há uma tendência de aumento da representatividade do

subsetor;

b) A partir de 2000, reverte-se esta tendência de crescimento e verifica-se uma

diminuição da participação relativa das residências.

Como já foi indicado anteriormente, este trabalho parte da seguinte hipótese para explicar

estes dois comportamentos: o consumo médio residencial perdeu força a partir de 2001

porque, devido à meta de redução estabelecida pelo setor público no ano do “apagão”, tornou-

se mais eficiente, fazendo com que as famílias percebessem que poderiam otimizar seus

gastos de recursos com energia elétrica. Adicionalmente, após esta investigação inicial,

decidiu-se avaliar, também, se o consumo médio residencial ganhou espaço da indústria nos

anos 80 e 90, o que poderia ser explicado pela estagnação dos investimentos públicos e

privados decorrentes da falta de estabilidade econômico-financeira do país.

4. Modelagem de Trabalho

Conforme já apontado na introdução, este trabalho destina-se a verificar o cálculo das

elasticidades renda e preço de energia elétrica, atualizando os modelos apresentados por

Modiano (1984) e Andrade & Lobão (1997). Deseja-se verificar se estas elasticidades

mantiveram-se constantes ao longo do tempo e, adicionalmente, averiguar se, realmente, as

mudanças dos anos 80, 90 e 2000 podem ser comprovadas com cálculos estatísticos.

Inicialmente desenhadas por Paul Douglas e Charles Cobb, para estudar o comportamento da

produção e, depois, com seu uso estendido para as funções utilidade, muito úteis em estudos

microeconômicos (VARIAN, 2006), as funções do tipo Cobb-Douglas também servem para

se fazer cálculo de elasticidade. Apresentam a seguinte forma funcional:

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Yi = X1i.X2i

β

Estas funções são adequadas para a representação de modelos com variação exponencial ao

longo do tempo e são de extrema utilidade quando se trata de assuntos econométricos porque

sua forma é facilmente linearizável. Para tanto, basta aplicar logaritmo que se chega à

seguinte equação:

Ln Yi = ln X1i + ln X2i

Esta última forma se parece bastante com a de equações estimadas por modelos de regressão

linear múltipla se considerarmos Ln Yi uma variável dependente e ln X1i e ln X2i variáveis

independentes.

Modiano (1984) parte da hipótese de que a demanda de energia elétrica, independentemente

de seu subsetor, varia conforme a seguinte equação:

log qi = a0i + a1i log y + a2i log pi

Onde:

i = 1, 2, 3 e 4 (representando os 4 subsetores);

a1i > 0;

a2i < 0;

qi: demanda de energia elétrica do subsetor i;

pi: tarifa média real para a classe consumidora;

y: renda real da economia.

Andrade & Lobão (1997) acrescentam uma nova variável independente ao subsetor

residencial:

Com relação ao comportamento da demanda residencial ao longo do tempo, considera-se

que o mesmo seja influenciado por três variáveis fundamentais: a tarifa cobrada pelo

serviço, a renda familiar e o estoque domiciliar de aparelhos eletrodomésticos.

Teoricamente, espera-se que o consumo reaja negativamente aos aumentos de tarifa e,

positivamente, aos aumentos de renda e do estoque de eletrodomésticos

Assim, sugerem o seguinte modelo:

Ct = K Pt Yt

Et

K > 0 , < 0 , > 0 e > 0

Onde:

K > 0;

< 0;

> 0;

> 0;

Ct : consumo residencial de energia elétrica no tempo t;

Pt : tarifa residencial de energia elétrica no tempo t;

Yt : renda familiar no tempo t;

Et : estoque domiciliar de aparelhos eletrodomésticos no tempo t.

Em função do que foi observado na seção 3 deste trabalho e dos modelos anteriores de

Modiano (1984) e de Andrade & Lobão (1997), nesta seção será apresentada a estimativa dos

parâmetros da seguinte equação:

Ct = k.Pt.Yt

β+d1t+d2t.Et

(k > 0, < 0, β > 0, > 0, )

Que equivale à seguinte função linearizada:

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Ln Ct = lnK + ln Pt + ( + d1t + d2t) ln Yt + ln Et

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Onde:

Ct: consumo de energia elétrica;

Pt: tarifa residencial;

Yt: renda;

Et: preços de eletrodomésticos;

d1t: variável dummy, sendo d = 0, quando t < 2001 e d = 1, quando t 2001.

d2t: variável dummy, sendo d = 0, quando t < 1985 ou T > 1999 e d = 1, quando

1985 ≤ t ≤ 1999.

Ou, simplificando a representação: Ct* = K* + Pt* + ( + d1t + d2t) Yt* + Et*

De modo que as variáveis caracterizadas por “*” referem-se ao logaritmo neperiano das

variáveis originais do modelo.

Mas nem todas as variáveis são observáveis ou comparáveis ao longo do tempo e, por isso,

são necessários ajustes ou o uso de proxys que permitam avaliar o que se deseja. Deste modo,

para representar cada uma das variáveis foram escolhidas as seguintes séries e fontes:

Representação VariávelMetodologia de

Cálculo

Séries

ColetadasUnidade

Fonte (Conforme

IPEADATA)*

Consumo -

energia elétrica -

residência - qde.

GWhEletrobrás -

ELETRO_CEERES

População

residente - 1º de

julho

HabitanteIBGE/Pop -

DEPIS_POP

Consumo -

energia elétrica -

residência

tarifa média

por MWh -

R$

Eletrobrás -

ELETRO_CEETRE

S

IGP-DI - geral -

índice

ago. 1994 =

100

FGV/Conj.

Econômica -

IGP_IGP

Yt PIB per capita PIB per capitaPIB per capita

(preços 2009)

R$ de

2009(mil)

IPEA -

GAC_PIBCAPR

IPA-OG -

eletrodomésticos

ago. 1994 =

100

FGV/Conj. Econ. -

IGP antigo -

IGP12_IPA0582

IPC - geral -

índice - RJ

ago. 1994 =

100

FGV/Conj. Econ. -

IGP - IGP_ICVRJ

Etpreços de

eletrodomésticos

preços de

eletrodomésticos

em valores reais

de julho de 1994

Consumo de energia

elétrica residencial per

capita

Ct

razão entre o

consumo

residencial total

de energia

elétrica e o

número total de

consumidores

residenciais

PtPreço de energia elétrica

residencial

tarifa residencial

média em valores

reais de 1994

*O banco de dados utilizado para a coleta dos valores históricos foi o ipeadata (www.ipeadata.gov.br)

Tabela 2: Variáveis do modelo e fontes

Vale a pena, antes de continuar com o estudo, verificar o comportamento das variáveis

consideradas (as variáveis são apresentadas a partir de 1974, porque somente a partir deste

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ano há informações disponíveis para tarifa de energia elétrica):

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

consumo per capita tarifa deflac PIB-perc. Eletrodom.

Figura 5 – Evolução do Consumo de Energia Elétrica per Capita, tarifa deflacionada, PIB per capita e

Preço dos Eletrodomésticos deflacionados – 1974 a 2008 – índice de Base fixa (1974 = 100)

O que se pode perceber é que o consumo per capita parece ter um comportamento de alta que

mudou de patamar a partir de 2000, conforme análise anteriormente indicada. O preço dos

eletrodomésticos também merece ser observado, pois apresenta forte queda nos 35 anos

avaliados, representando, em 2008, menos de 5% do valor de 1974.

O método aplicado para se fazer a estimativa dos valores foi o método de MQO. Foi

encontrada a seguinte equação para os dados anuais de 1974 a 2008 (35 observações para

cada variável):

= 7,20 - Pt* + ( - 0,12d1t + 0,004d2t) Yt* - 0,28 Et*

(t) (5,66) (-3,89) (2,18) (-1,15) (0,06) (-8,71)

O modelo apresentou um coeficiente de determinação (R2) elevado (0,96), indicando que as

variáveis escolhidas respondem por aproximadamente, 96% da variação do consumo. O teste

de significância global F apontou uma estatística F calculada de 141, 28, indicando que existe,

pelo menos, um parâmetro estatisticamente válido. No entanto, a baixa representatividade de

d2 indica que a mesma deve ser desconsiderada. Assim, foi calculado um novo modelo

desconsiderando-se esta variável, tendo-se chegado à seguinte equação:

= 7,23 - Pt* + ( - 0,12d1t) Yt* - 0,28 Et*

(t) (6,38) (-5,14) (2,22) (-2,00) (-11,13)

Para este novo caso, trabalhando-se com confiança de 94%, aceita-se como estatisticamente

válidos todos os parâmetros calculados. O modelo continua apresentando teste de

significância global satisfatório e R2 elevado (0,96).

Quanto às possíveis violações do modelo de MQO, fazem-se os seguintes comentários: as

variáveis independentes apresentam forte correlação (-0,61 entre Pt e Yt; 0,52 entre Pt e Et; -

0,81 entre Yt e Et), no entanto, este não parece afetar significativamente as estimativas, uma

vez que todas foram estatisticamente válidas; com relação à possibilidade de existência de

autocorrelação, a estatística de durbin-Watson, DW, para este modelo foi de 1,74, valor que,

somado ao fato de estarmos lidando com uma série do tipo cross-section, indica que não se

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trata de um problema relevante; com relação a possíveis problemas de heterocedasticidade, se

trabalharmos com o teste de White e 99% de certeza, o teste é rejeitado, indicando que se trata

de um modelo homocedástrico. Assim, admite-se que a equação encontrada não viola os

pressupostos básicos do modelo de MQO e pode ser utilizada como uma boa aproximação do

comportamento de consumo residencial de energia elétrica.

A equação encontrada é bastante interessante porque indica que, a cada acréscimo de 1% no

preço da tarifa, o consumo cai 0,43%, a cada acréscimo de 1% no preço dos eletrodomésticos,

o consumo diminui 0,28%, até 2000, o acréscimo de 1% na renda elevava o consumo em

0,74%, mas após o “apagão” este percentual caiu para 0,61%. Estes resultados devem ser

comparados com os resultados de Modiano (1984) e Andrade & Lobão (1997):

Modelo PeríodoElasticidade

Preço

Elasticidade

Renda (até

2000)

Elasticidade

Renda (após

2000)

Modiano 1963 a 1981 -0,403 1,130 n/a

Andrade & Lobão 1963 a 1995 -0,051 0,213 n/a

Amaral & Monteiro 1974 a 2008 -0,431 0,735 0,613

Tabela 3: Resumo das Estimativas das Elasticidades

A análise da tabela 2 aponta alguns aspectos interessantes: os valores agora estimados

parecem muito mais consistentes com o modelo encontrado por Modiano, em 1984, tendo

apresentado pouca variação na magnitude da elasticidade-preço e os mesmos sinais para todos

os coeficientes. Adicionalmente, os valores para elasticidade-renda são muito mais

condizentes com a expectativa de elasticidade de consumo de um bem como eletricidade do

que os encontrados por Andrade & Lobão. Por fim, ressalta-se que o modelo realmente

aponta para uma redução na elasticidade-renda após o “apagão”, sugerindo que as famílias

tornaram seu consumo mais “eficiente”, reduzindo a despesa com eletricidade e destinando

sua renda a outras fontes de consumo e/ou poupança.

Conforme relacionam FONSECA (2008) apud MONTEIRO (2008) e CASTRO &

ROSENTAL (s.d.), o consumo de energia elétrica vem apresentando mudanças significativas

em função do ganho de eficiência energética dos aparelhos eletrodomésticos. O consumidor

atual leva em consideração, também, aparelhos classificados como “A” pelo selo “PROCEL”

e isto deveria ser considerado em estudos de cálculo de elasticidade como este. No entanto,

ainda não utilizamos uma proxy para este efeito por dois motivos: não existe uma base de

dados confiável que retrate este efeito e este movimento ainda não é fortemente sentido na

economia , pois a substituição do estoque de aparelhos ineficientes ainda está em andamento e

deve demorar mais alguns anos até que afete, substancialmente, os coeficientes aqui

estimados. Mas, para estudos futuros recomenda-se que se busque avaliar o efeito do ganho

de eficiência do consumo de energia elétrica dos eletrodomésticos, considerando-se,

principalmente, aqueles aparelhos com maior grau de consumo (e.g. geladeiras, freezers,

aparelhos de ar condicionado).

Os resultados aqui encontrados corroboram a ideia de que houve mudança no perfil do

consumo e que este deve ser incorporado às projeções de consumo dos próximos anos, pois,

caso não se atente para estas mudanças, é possível que se estimem necessidades de geração de

energia elétrica bastante superiores às exigidas. Destacam CASTRO & ROSENTAL (s.d.):

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Como resultado dessa tendência de redução da demanda de energia elétrica pode-se

assinalar, do ponto de vista qualitativo, que as projeções de aumento da demanda e oferta

de energia elétrica ainda estão levando em consideração uma elasticidade-renda da

demanda de energia elétrica superior a 1. Por exemplo, estudo recente publicado pelo

IPEA (PÊGO & CAMPOS NETO, 2008) concluiu que os projetos de ampliação da

capacidade geradora serão insuficientes para atender a demanda de energia elétrica. Esta

conclusão perde fundamentação na medida em que o estudo adota como elasticidade-

renda da energia elétrica em relação ao PIB o valor de 1,3. Implica dizer que para a

projeção de crescimento do PIB de 5% no período, a demanda de energia elétrica terá um

crescimento de 6,5%. E analisando os projetos de construção de usinas geradoras e o

parque instalado, conclui que não haverá há oferta suficiente, sinalizando crise de

abastecimento de energia elétrica.

É claro que este trabalho trata apenas do segmento residencial e, portanto, deve-se avaliar,

também, o impacto pós-“apagão” nos demais setores antes de se trabalhar na projeção de

consumo de energia elétrica com os parâmetros aqui estimados.

5. Conclusões

Após a aplicação da metodologia descrita no início da seção Modelagem de Trabalho, pode-se

verificar que, para os dados de 1974 a 2008, podemos estimar a seguinte equação que

descreve o consumo de energia elétrica do subsetor residencial no Brasil:

Ct = 1380,22.Pt-0,43

.Yt0,74-0,12d

.Et-0,28

Ou: Ln Ct = 7,23 0,43 ln Pt + ( - d) ln Yt - 0,28 ln Et

Onde:

Ct: consumo de energia elétrica previsto para o ano t;

Pt: tarifa residencial;

Yt: renda;

Et: preços de eletrodomésticos;

d: variável dummy, sendo d = 0, quando t < 2001 e d = 1, quando t 2001.

Este resultado mostra-se conforme o esperado em termos de sinal para as três elasticidades

calculadas: negativo para preço de tarifa e dos eletrodomésticos e positivo para renda. Em

relação à magnitude dos parâmetros, os valores são bastante parecidos com os encontrados

por MODIANO (1984) e com a expectativa dos estudos pesquisados. Chama a atenção o fato

de termos encontrado, adicionalmente, uma queda na elasticidade-renda, após o ano de 2000,

indicando que a curva de demanda de energia elétrica tornou-se mais inelástica, ou seja, até

2000, em média, incrementos de 1% na renda representavam incrementos de 0,74% de

crescimento da demanda de energia elétrica residencial. Mas, após 2000, este percentual caiu

para 0,61%, indicando que as pessoas implementaram mudanças no consumo que foram

incorporadas não apenas na época de racionamento, tornando a utilização da energia elétrica

residencial mais eficiente. Este resultado é de extrema importância porque deve ser levado

em consideração para as futuras projeções de demanda do setor.

Apesar de o objetivo deste trabalho ter sido plenamente atendido, a metodologia aqui proposta

não pretende esgotar a discussão a respeito do tema e, portanto, sugerem-se novos estudos no

sentido de avaliar se o mesmo efeito foi verificado nos demais subsetores (indústria e

comércio), averiguar a diferença que o crescimento do estoque de eletrodomésticos mais

eficientes traz às elasticidades ou investigar se existe diferença nos valores das elasticidades

entre as diferentes regiões geográficas do Brasil.

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Referências

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de Janeiro: Ed. Campus, 1992.

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FONSECA, D. de J. V.; Comportamento do Consumo Residencial de Energia Elétrica no Âmbito da

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PÊGO FILHO, B.; CÂNDIDO JÚNIOR, J.O.; PEREIRA, F; Investimento e Financiamento da Infra-

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PÊGO FILHO, B. et al.; Impactos Fiscais da Crise de Energia Elétrica: 2001 e 2002, Texto para Discussão nº

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PÊGO, B.; CAMPOS NETO, C. A. da S.; O PAC e o setor elétrico: desafios para o abastecimento do

mercado brasileiro (2007-2010). Texto para Discussão nº 1329 Rio de Janeiro: IPEA, 2008.

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edição, 8ª reimpressão.