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1 A DIFUSÃO DA INOVAÇÃO GERADA NO SETOR SUCROENERGÉTICO Resumo: Há uma corrente de economistas que considera que a dependência de recursos naturais é um impedimento para o crescimento econômico sustentado. Outra corrente argumenta que esta dependência poderá, ao contrário, alavancar o desenvolvimento econômico e servir de estímulo para o crescimento dos setores de alta intensidade tecnológica. Diferente da maioria dos setores industriais brasileiros, o setor sucroenergético possui uma indústria de base totalmente instalada no país, há domínio completo da tecnologia utilizada e os investimentos realizados em PD&I resultaram em inovação e os ganhos de produtividade são significativos. Este trabalho tem por objetivo principal avaliar se o investimento em PD&I pelo sistema de produção e inovação do setor sucroenergético gerou algum tipo de transbordamento tecnológico para outros segmentos da economia. Concluiu-se que o sistema de inovação setorial tem externalidades positivas no desenvolvimento tecnológico de outros setores da economia considerados de média e alta intensidade tecnológica. Palavras-chave: Etanol; Sistemas de inovação tecnológica; Difusão da Inovação; Setor Sucroenergético. Código JEL: O33 THE DIFFUSION OF INNOVATION GENERATED IN SUGARCANE SECTOR Abstract: There is a stream of economists that believes that dependence on natural resources is an impediment to sustained economic growth. Another school argues that this dependency can instead leverage economic development and serve as a stimulus for the growth of high-tech sectors. Unlike most industrial sectors in Brazil, the sugarcane industry has a fully installed industrial base in the country, there's complete mastery of the technology used and the investments in RD&I resulted in innovation and productivity gains are significant. This work has as main objective to evaluate whether the investment in RD&I for the production of the sugarcane industry and innovation system generated some kind of technological spillover to other sectors of the economy. It was concluded that the technological innovation system has

A DIFUSÃO DA INOVAÇÃO GERADA NO SETOR SUCROENERGÉTICO

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Este trabalho tem por objetivo principal avaliar se o investimento em PD&I pelo sistema de produção e inovação do setor sucroenergético gerou algum tipo de transbordamento tecnológico para outros segmentos da economia.

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A DIFUSÃO DA INOVAÇÃO GERADA NO SETOR SUCROENERGÉTICO

Resumo: Há uma corrente de economistas que considera que a dependência de recursos naturais é um impedimento para o crescimento econômico sustentado. Outra corrente argumenta que esta dependência poderá, ao contrário, alavancar o desenvolvimento econômico e servir de estímulo para o crescimento dos setores de alta intensidade tecnológica. Diferente da maioria dos setores industriais brasileiros, o setor sucroenergético possui uma indústria de base totalmente instalada no país, há domínio completo da tecnologia utilizada e os investimentos realizados em PD&I resultaram em inovação e os ganhos de produtividade são significativos. Este trabalho tem por objetivo principal avaliar se o investimento em PD&I pelo sistema de produção e inovação do setor sucroenergético gerou algum tipo de transbordamento tecnológico para outros segmentos da economia. Concluiu-se que o sistema de inovação setorial tem externalidades positivas no desenvolvimento tecnológico de outros setores da economia considerados de média e alta intensidade tecnológica.Palavras-chave: Etanol; Sistemas de inovação tecnológica; Difusão da Inovação; Setor Sucroenergético.Código JEL: O33

THE DIFFUSION OF INNOVATION GENERATED IN SUGARCANE SECTOR

Abstract: There is a stream of economists that believes that dependence on natural resources is an impediment to sustained economic growth. Another school argues that this dependency can instead leverage economic development and serve as a stimulus for the growth of high-tech sectors. Unlike most industrial sectors in Brazil, the sugarcane industry has a fully installed industrial base in the country, there's complete mastery of the technology used and the investments in RD&I resulted in innovation and productivity gains are significant. This work has as main objective to evaluate whether the investment in RD&I for the production of the sugarcane industry and innovation system generated some kind of technological spillover to other sectors of the economy. It was concluded that the technological innovation system has positive externalities in technological development of other sectors of the economy considered of medium and high technological intensity.Keywords: Ethanol; Technological innovation systems; Diffusion of Innovation; Sugarcane Industry.JEL Code: O33

1 INTRODUÇÃO

Diferente da maioria dos setores industriais brasileiros, o Setor Sucroenergético1

(SS) possui uma indústria de base totalmente nacionalizada, que fornece de 90 à 100% dos

bens de capital necessários para o funcionamento de uma usina processadora de cana-de-

1 Entende-se por setor sucroenergético as empresas produtoras de açúcar, etanol e energia elétrica a partir da cana-de-açúcar.

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açúcar. Os investimentos realizados em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) pelo setor

resultaram em inovações nos diferentes elos de sua cadeia produtiva e, por conta disso, ao

longo das últimas quatro décadas, os ganhos de produtividade obtidos foram significativos.

Assim, não é por acaso que o Brasil detém completo domínio da tecnologia de produção de

etanol, açúcar e bioeletricidade, como também exporta tanto equipamentos, quanto

serviços e conhecimento utilizados na fabricação dessas commodities.

Há uma corrente de economistas que considera que a dependência de recursos

naturais é um impedimento para o crescimento econômico sustentado e haveria uma clara

associação entre o desenvolvimento a partir de indústrias de base natural - como é o caso

da indústria sucroenergética - e um desempenho econômico ruim. Essa teoria ficou

conhecida como a “maldição dos recursos naturais”. Gylfason (2001), Sachs e Warner

(1997, 2001) consideraram que a dependência nacional de setores intensivos em recursos

naturais não promoverá o crescimento econômico sustentável no longo prazo em virtude

do baixo valor agregado gerado e do baixo impacto em outros setores. Segundo esses

autores, isso causaria uma dependência do país em relação aos países desenvolvidos que

produzem bens de maior valor agregado, intensivos em tecnologia, e impactaria

negativamente na balança comercial.

Porém, estudos recentes mostram que o crescimento econômico não parece estar

ligado apenas ao desenvolvimento de indústrias de alta tecnologia: muitas economias com

grandes setores de baixo ou médio conteúdo tecnológico também crescem (BOUND, 2008;

IIZUKA; SOETE, 2011; SMITH, 2008). Países como a Austrália, Canadá, Noruega e até

mesmo os Estados Unidos são incluídos nos estudos como países que têm ou tiveram até

recentemente parte significativa de suas economias baseadas em recursos naturais e que,

ainda assim, apresentam bons níveis de renda e de crescimento econômico ao logo da

história recente. Parte desse desempenho advém do fato de que a inovação gerada nos

setores de base natural se difunde para outros segmentos, seja nos elos anteriores ou

posteriores da cadeia produtiva – ou ainda em segmentos aparentemente desconectados –

num movimento chamado de migração lateral (LORENTZEN, 2008).

O SS foi um dos que mais recebeu incentivos para o seu desenvolvimento, inclusive

com vultosos gastos governamentais em P&D nas décadas de 1970 e 1980. Será que essas

inovações geraram spillovers tecnológicos e agregaram valor a outros setores? Ou será que

geraram spillovers que foram apropriados apenas nos elos acima ou abaixo da cadeia

sucroenergética? O objetivo deste trabalho é avaliar se o investimento em PD&I no SS

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gerou algum tipo spillover tecnológico para outros segmentos e contribuiu, assim, para

compor um ciclo virtuoso de crescimento.

O trabalho está organizado em uma revisão que aborda a teoria sobre sistemas

setoriais de inovação e sobre migração de tecnologia; uma breve caracterização sobre o

Sistema de Produção e Inovação do Setor Sucroenergético; uma descrição do método

utilizado; a discussão sobre os resultados da pesquisa; e a conclusão.

2 O SISTEMA DA INOVAÇÃO SETORIAL NO BRASIL

A dinâmica da inovação e da difusão tecnológica é influenciada pelas

características do sistema de inovação. A qualidade dos atores, das instituições, das

relações e dos fluxos contribui para o surgimento e difusão das inovações tecnológicas na

medida em que as próprias empresas são estimuladas a investirem ativamente em

atividades para inovar, ou seja, em aprendizagem (MARQUES, 2011). Considera-se a

existência de uma variedade de características do sistema setorial de inovação que são

próprias de cada setor da economia e influenciam o comportamento de cada sistema

(MALERBA; MANI, 2009). Basicamente, esta variedade pode ser categorizada como as

características do mercado, das instituições (cultura, religião dominante, políticas,

regulamentação, etc.), das relações (intra cadeias de valor e entre empresas e instituições

de ciência e tecnologia) e dos fluxos de conhecimento e de produtos e serviços.

Segundo Lorentzen (2009) o sistema de inovação setorial poderá beneficiar e ser

beneficiado pelo sistema nacional, pois as regulamentações e políticas nacionais tem forte

impacto nos setores. Existem atores que operam além das fronteiras setoriais e promovem

a difusão do conhecimento e de tecnologias. Tais atores, como as universidades e os

centros tecnológicos, são responsáveis pela geração do conhecimento necessário para

complementar os esforços empresariais de desenvolvimento tecnológico. Além disso, as

políticas nacionais têm impacto na dinâmica setorial, tais como aquelas relativas às áreas

da propriedade intelectual, educação e ciência, tecnologia e inovação, além de outras. De

fato, estes atores interagem com as políticas governamentais nacionais para o alcance de

metas macroeconômicas que são estratégicas para o desenvolvimento de um setor

específico.

Para Malerba e Mani (2009), a base de conhecimento específico e o domínio

tecnológico estão no centro do sistema setorial, são mutáveis no tempo e dependem da

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qualidade das redes, dos esforços para aprendizagem e do conhecimento acumulado pelas

empresas. Segundo esses autores, o acesso ao conhecimento externo afeta o

comportamento inovador das empresas – graças à influência que exerce nos seus recursos

humanos – e a facilidade com que é adquirido pode reduzir ou ampliar a concentração

industrial de um setor. Esta influência contribui para a dinâmica da inovação setorial pelo

(1) impacto na experiência e na formação profissional de cada colaborador, (2) por se tratar

de mecanismo de aprendizagem ativo e (3) pela possibilidade de desenvolvimento na

capacidade de absorção de empresas.

No caso do Brasil, diversos autores (CASSIOLATO, 2008; CAVALCANTE, 2013;

DE NEGRI; CAVALCANTE, 2013; KOELLER; CASSIOLATO, 2011;

SCHWARTZMAN, 2008; VIOTTI, 2003, 2008) consideram que, de um modo geral, as

relações entre as empresas industriais e as Instituições de Ciência e Tecnologia (ICTs) no

sistema de inovação são pouco comuns para a geração tecnológica própria (ou endógena).

Para estes autores são muito comuns no sistema nacional de inovação, a baixa capacidade

para inovação da maior parte das empresas, bem como, os limitados esforços de

colaboração para o desenvolvimento de projetos e a difusão restrita dos resultados das

pesquisas acadêmicas para a indústria. Em geral, diante dessas limitações e para promover

o fortalecimento do sistema, o governo adota políticas nacionais de incentivo à inovação

industrial e à colaboração universidade-empresa como forma de promoção do

desenvolvimento econômico.

A natureza e as características da demanda também têm papel estratégico no

desenvolvimento dos sistemas setoriais. Elas explicam, em parte, porque setores intensivos

em recursos naturais poderão apresentar melhor desempenho e, até mesmo, influenciar a

dinâmica da inovação em outros setores. Exemplo disso é o próprio SS, cuja demanda e

desenvolvimentos científicos e tecnológicos – incentivados por programas e políticas

públicas específicos, transformaram o Brasil no maior produtor e exportador mundial de

açúcar (22% da produção global e 45% das exportações) e o 2º maior produtor global de

etanol (25% da produção e 37% da exportação mundial) em 2013 (FARINA, 2014), bem

como o país com maior uso percentual de etanol nos veículos.

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3 ORIGEM SETORIAL DAS INOVAÇÕES

Existe uma vasta literatura sobre a origem, a difusão e o impacto das inovações

industriais no crescimento econômico, cujas conclusões influenciam as decisões políticas

sobre quais setores concentrar os incentivos ao desenvolvimento. A taxonomia criada por

Pavitt (1984) propõe em sua versão básica classificar os setores industriais em três

categorias, conforme os padrões estruturais inovativos e tecnológicos prevalecentes: 1)

dominados pelos fornecedores, 2) intensivos em produção e intensivos em escala, 3)

intensivos em produção com fornecedores especializados e 4) baseadas em ciência. Em sua

etapa industrial, o setor sucroenergético tem o seu processo inovativo “dominado pelos

fornecedores” e é “intensivo em produção”, de acordo com essa classificação

(VARRICHIO, 2012).

Para Baldwin e Gellatly (1998) o uso de classificações baseadas em setores

industriais como origem das inovações tecnológicas não é o mais adequado, tendo em vista

que as pequenas empresas de base tecnológica são, em muitos casos, responsáveis pela

dinâmica nos estágios iniciais do desenvolvimento e existem dificuldades em enquadrá-las

em um setor específico. Diante disso, esses autores recomendam que as classificações

utilizem como unidade de análise as empresas e não os setores sob o argumento de que esta

nova classificação poderia tornar as políticas públicas focadas em setores específicos mais

eficientes quanto ao resultado esperado da dinamização do desenvolvimento tecnológico.

Nas entrevistas e na revisão de literatura realizadas verificou-se que existem

empresas de alta tecnologia, principalmente as novas empresas de biotecnologia, atuando

no setor de etanol que é considerado pela OCDE como um setor de média intensidade

tecnológica. Tal fato confirma os dados de Baldwin e Gellatly (1998) sobre a existência de

empresas de alta tecnologia em setores considerados de baixa ou média intensidade

tecnológica. Também pode ser observado que a intensidade de gastos em PD&I não reflete

adequadamente a inovação. No segmento industrial do etanol, as inovações ocorreram

principalmente pelo learning by imitation e pelo learning by doing, como será visto

adiante.

Outra forma muito comum de classificação de setores industriais é aquela que os

categoriza em alta, média ou baixa intensidade tecnológica. Pol, Carroll e Robertson

(2001) questionam esse tipo de classificação pois, por considerarem que a economia é

formada por empresas e setores inter-relacionados, entendem que a análise das fontes de

novos produtos seria a melhor maneira de se compreender essas inter-relações.

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Seguindo esse raciocínio, os autores desenvolveram uma nova taxonomia, a

enabling-recipient, cuja classificação, embora seja baseada em Pavitt (1984), avança na

identificação de quatro classes de indústrias: os setores fornecedores high-powered; os

setores fornecedores strongly enabling; os setores fornecedores weakly enabling; e os

setores non-enabling. Os setores intensivos em recursos naturais tratados como de baixa

ou média intensidade tecnológica em geral, são classificados pelos autores como weakly

enabling como, por exemplo, os setores do ferro, aço e petróleo ou non-enabling, no caso

do setor de papel e celulose. Seguindo a proposta de Pol, Carroll e Robertson (2001), o

setor sucroenergético seria basicamente um setor weakly enabling, que se desenvolveria a

partir da recepção de inovações originadas em outros setores. Contudo, esse setor difunde,

também, as inovações geradas, a partir da disponibilidade do etanol a um custo

relativamente baixo, para outros setores, como, por exemplo, o caso do setor petroquímico

que criou o plástico verde.

3.1 Inovação em setores baseados em recursos naturais

De acordo com Lorentzen (2008), a ampla disponibilidade de recursos naturais não

garante o desenvolvimento econômico. “O que importa é a maneira pela qual o recurso

disponível é explorado” (p. 2). Outros autores (Acemoglu e Robinson, 2012; Nelson e

Sampat, 2001 e Nelson, 2007) têm raciocínio semelhante quando consideram que a

diferença no desenvolvimento dos países está nas instituições que estes construíram e

possuem.

Para Iizuka e Soete (2011, p.10):

"as evidências sugerem que as atividades baseadas em recursos naturais nem

sempre criam enclaves, mas podem estender as atividades tanto horizontalmente

quanto verticalmente. Contudo, como diversos estudos mencionam, o tipo de

instituição local parece ser a chave para resultados de sucesso nas atividades

econômicas."

Em face ao exposto, as instituições responsáveis pela intensificação da geração e da

difusão de conhecimento para a dinamização do surgimento de inovações são a base de um

sistema de inovação ativo. Um sistema ativo é capaz de promover o desenvolvimento da

competitividade de vários setores – inclusive daqueles intensivos em recursos naturais –

seja pela promoção da difusão de inovações, seja pela criação de outras externalidades

positivas. Além disso, ele pode reduzir os impactos das crises econômicas e das variações

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nos preços internacionais nos âmbitos setorial, regional ou nacional. Portanto, parece ser

correto afirmar que o desenvolvimento de instituições é um dos elementos centrais para a

competitividade internacional de países e setores intensivos em recursos naturais.

Lorentzen (2008) ressalta, ainda, que as competências para inovação nacionais

foram essenciais para a industrialização de economias intensivas em recursos. Para o autor

”Uma das ideias-chave da experiência escandinava é que a diversificação da economia não

ocorreu à parte, mas ao lado, dos setores primários, como a silvicultura, que foram

cruciais para a decolagem” (p.7). A industrialização e a diversificação dessas nações

exigiu, por sua vez, a intensificação dos conhecimentos relacionados à utilização de seus

recursos naturais.

A intensificação do conhecimento em atividades baseadas em recursos naturais

pode assumir quatro formas (LORENTZEN, 2008):

a) O melhoramento do processo produtivo pela incorporação de tecnologia;

b) Downstream: a incorporação de tecnologia em um setor gera o uso e a

inovação na cadeia produtiva seguinte.

c) O desenvolvimento de indústrias fornecedoras upstream ou downstream;

d) “Migração lateral”: ocorre quando o conhecimento, bens de capital e setor

de serviços de uma atividade baseada em recursos naturais são aplicados em

áreas não conectadas com a exploração dos recursos. Nesta fase, a

acumulação de conhecimento na exploração de recursos naturais gera um

spillover por meio da interação entre a base de conhecimento e os recursos

existentes.

No gráfico 1, Lorentzen representa a trajetória da interação entre atividades

baseadas em recursos naturais e intensivas em tecnologia. O autor ressalta que esta relação

pode ocorrer de maneiras diversas e em ambos os sentidos – setores não intensivos em

recursos podem aumentar a intensidade de conhecimento de setores baseados em recursos

e vice-versa. Ou seja, a interação não é necessariamente linear e depende das

características da tecnologia, das capacidades de aprendizagem e do sistema nos quais as

empresas estão envolvidas.

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Gráfico 1: Co-evolução de economias baseadas em recurso e em conhecimentoFonte: (LORENTZEN, 2008, p. 16)

Lorentzen (2008) considera que a análise de quatro áreas são importantes quando se

trata da intensificação de conhecimento em atividades baseadas em recursos naturais, quais

sejam:

Capacidade de absorção ou aprendizagem: as empresas aprendem quando fazem

uso de conhecimento externo para modificar tecnologias existentes ou para criar novas.

Para Cohen e Levinthal (1990) a aprendizagem não é by-doing, mas o resultado de uma

busca intencional por conhecimento externo a ser selecionado, internalizado e explorado.

Difusão e Transferência de tecnologia: O conhecimento externo relevante é de

origem externa, a questão chave é como e em que medida a importação de tecnologia e

investimentos internos se complementam um ao outro (BLOMSTROM; KOKKO, 1998).

Sistemas de Inovação: a aprendizagem ocorre imersa em uma infraestrutura de

conhecimento e em interação com consumidores e produtores de conhecimentos nos

setores público e privado, incluindo aqueles de fora do país (EDQUIST, 1997).

Política Industrial: combinação de investimentos em ciência, tecnologia e inovação

e frameworks políticos que guiam a inovação e a adoção de tecnologias (RODRIK, 2004).

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4 MÉTODO

A fim de coletar dados que permitissem identificar a ocorrência da migração lateral

das inovações no setor sucroenergético, foi conduzida uma pesquisa junto a alguns dos

principais atores que participam do setor. Foram realizadas entrevistas, a partir de um

questionário semiestruturado, com dez empresas de diferentes portes e segmentos;

importantes centros de pesquisa para o setor; principais órgãos de financiamento à

inovação no Brasil; e as principais associações do segmento de bens de capital para o setor

(Anexo I). As entrevistas foram realizadas num contexto maior de avaliação da dinâmica

de inovação do setor sucroenergético e foram gravadas e transcritas.

5 BREVE CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA DE PRODUÇÃO E

INOVAÇÃO DO SETOR SUCROENERGÉTICO BRASILEIRO

No Brasil, o etanol é produzido na maior parte das usinas, em conjunto com o

açúcar, a partir da cana-de-açúcar. O etanol utiliza as mesmas etapas industriais iniciais

que a produção de açúcar e desenvolveu-se historicamente ligado a este produto. Para este

estudo, o SS será delimitado como o setor econômico que produz etanol anidro, etanol

hidratado 96º GL, açúcar e eletricidade a partir da cana-de-açúcar como matéria prima.

Ao final de 2013, o Brasil possuía 389 usinas de etanol e/ou açúcar em

funcionamento (BRASIL, 2014a), que exportaram 14,16 bilhões de dólares durante o ano

(BRASIL, 2014b). Em 2012 haviam 1,09 milhão de postos de trabalho formais registrados

no SS (BRASIL, 2013a) e a União da Indústria de Cana-de-açúcar (UNICA) informa que

na safra 2011/2012 as receitas do setor foram de US$ 36 bilhões: eletricidade (3%),

exportação de açúcar (38%), mercado interno de açúcar (15%), exportação de etanol (7%),

mercado interno de etanol carburante (35%), outros usos (2%) (FARINA, 2013).

O Balanço Energético Nacional 2013 (BRASIL, 2013b) indica que no ano de 2012

os produtos da cana foram a segunda maior fonte de produção de energia primária no

Brasil, representando 17,54% da produção interna de energia, suplantando a energia

hidráulica. No segmento de veículos leves, o etanol representou 28,93% da energia

utilizada em 2012 (BRASIL, 2013b). A geração a partir do bagaço de cana é a terceira

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maior fonte de energia elétrica produzida no país (6,84%), atrás apenas da

hidroeletricidade e do gás (BRASIL, 2014c).

A seguir far-se-á uma análise do Sistema de Produção e Inovação do Setor

Sucroenergético (SPIS).

5.1 O Sistema de Produção e Inovação do Setor Sucroenergético (SPIS)

Dunham, Bomtempo e Fleck, (2011) consideram a existência de seis elementos

fundamentais na estruturação do SPIS ao longo da história: processo de modernização

industrial; superação de crises (pragas nas lavouras, econômicas e financeiras, entre outras)

com o apoio das ICTs; formação de mercado; desenvolvimento de novas variedades de

matéria prima; expansão produtiva associada ao aumento da produtividade; relacionamento

entre o produtor e o fornecedor de máquinas e equipamentos.

Inicialmente, a demanda compulsória criada em 1931 foi responsável pela criação

de um mercado estável de consumo, que possibilitou aos empresários investirem na

produção de etanol anidro. Com o Proálcool, já havendo uma bagagem técnica e histórica

de conhecimento do setor, se iniciaram as buscas por ampliar ainda mais o mercado, com o

aumento da mistura compulsória, com a introdução de carros à álcool e com a

alcoolquímica. Foram usados diversos instrumentos que permitiram a ampliação do

mercado de etanol no Brasil: financiamento, crédito tributário, recursos para P&D etc.

Desde o estabelecimento do Proálcool e mesmo depois de sua extinção, a evolução

da produtividade do etanol deu-se de forma contínua, conforme pode ser visto na Figura 1,

indicando que o setor tem incorporado tecnologia em sua produção de forma constante.

A queda de produtividade recente tem sido considerada por especialistas como

causada por problemas conjunturais tais como eventos climáticos, baixa renovação dos

canaviais e mecanização acelerada, porém, Nyko et al. (2013) consideram que os

investimentos recentes em PD&I, principalmente na área agrícola da cana-de-açúcar, são

insuficientes e que teríamos também um fator estrutural para redução de velocidade no

ganho de produtividade.

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Figura 1: Produtividade da cana-de-açúcar e etanol

Fonte: (UNICA, 2012)

Considerando que o etanol é um produto de origem agrícola e que o mesmo é

utilizado principalmente como combustível veicular, mas também na alcoolquímica,

dividiremos a análise a seguir nos setores agrícola, industrial e setores correlatos.

5.1.1 A conformação do SPIS em sua vertente agrícola

Os maiores ganhos de produtividade do etanol deram-se na etapa agrícola – em

2005 já existiam no Brasil mais de 500 variedades de cana-de-açúcar comerciais,

produzidas principalmente pelo CTC e RIDESA (LEITE e CORTEZ, 2005). Dunham

(2009) considera que a geração de inovação apoiada por P&D nacional ocorreu na área

agrícola, principalmente no Estado de São Paulo. Furtado, Scandiffio e Cortez (2011)

destacam como atores importantes nesse processo: o IAC (Instituto Agronômico),

localizado em Campinas; a ESALQ (Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”) e

o CTC (Centro de Tecnologia Canavieira), localizados em Piracicaba; todos no Estado de

São Paulo; e a Ridesa (Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor

Sucroenergético, composta por sete universidades federais, que assumiu as atividades do

Planalsucar no desenvolvimento de variedades de cana-de-açúcar).

O desenvolvimento de variedades e de técnicas agrícolas é o principal componente

de desenvolvimento de tecnologia brasileira para o etanol, contudo esse trabalho não se

aprofundará nesta questão.

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5.1.2 A conformação do SPIS em sua vertente industrial

No segmento industrial, o crescimento da escala de produção foi o principal

componente de incorporação de tecnologia. Macedo (2007), por exemplo, relata os

principais desenvolvimentos dos segmentos relativos à etapa industrial entre 1980 e 1989:

desenvolvimento do sistema de moagem com quatro rolos; criação e utilização de

tecnologia para operação de fermentações “abertas” de grande porte; desenvolvimento de

tecnologia a base dos resíduos da cana para a geração de energia elétrica na indústria do

etanol (autossuficiência). Entre 1990 e 2000: novos desenvolvimentos na geração de

energia que originou a obtenção de excedentes de energia elétrica e venda para

concessionárias; e avanços em automação industrial.

Inicialmente, a preocupação era aumentar a produção de forma acelerada, com

preocupações centradas em aumento de produtividade de equipamentos e processos,

mesmo que fosse com perda de eficiência (BRASIL, 2005), já que o governo garantia a

compra. Em seguida, os aumentos de eficiência se tornaram mais importantes já que não

havia mais garantia de preços e, por fim, a preocupação foi com o avanço das técnicas

gerenciais de produção, com grande redução de custos (MACEDO, 2007).

Parte significante dos enormes ganhos de produtividade obtidos pelo setor e

apresentados na Figura 6 não foram fruto de adoção de novos paradigmas tecnológicos,

mas sim de melhorias incrementais nas diversas etapas do processo, associadas à uma

disseminação tecnológica, principalmente na região de São Paulo. Já em 1998

considerava-se o processo industrial de etanol antigo e conhecido, não sendo esperadas

grandes melhorias tecnológicas (FARINA; ZYLBERSZTAJN, 1998).

No segmento industrial o desenvolvimento se deu pela incorporação de tecnologia

de outros setores e pela integração da tecnologia oriunda de outros setores realizada por

técnicos brasileiros. Em geral, as ICTs públicas nacionais, aparentemente, tiveram papel

irrelevante no segmento industrial, uma vez que a geração da inovação foi praticamente

conduzida pelas indústrias de base do setor e pelo CTC (Centro de Tecnologia Canavieira).

Ao avaliar como vinha ocorrendo o desenvolvimento industrial do SPIS, Nyko et al.

(2010) verificaram que a produção de etanol  de primeira geração utilizava tecnologia

industrial desenvolvida na década de 1980, já próxima de seus limites teóricos. E que

mundialmente havia uma corrida em busca de biocombustíveis celulósicos e o Brasil não

se encontrava bem posicionado nesta corrida. Os autores relatam como principais

problemas: baixa  articulação entre os atores do SPIS (empresas, instituições de pesquisa e

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financeiras); baixa participação do setor privado em investimentos de inovação; e

iniciativas de pequeno porte, difusas e sem foco.

Este diagnóstico levou o BNDES e a Finep a lançarem, em 2011, o Plano Conjunto

de Apoio à Inovação Tecnológica Industrial dos Setores Sucroenergético e Sucroquímico

(PAISS). Na avaliação do PAISS realizada em 2013, Nyko et al. (2013b) consideram que o

Plano pode ser considerado um sucesso. Espera-se que em 2015 o Brasil produza 168

milhões de litros de etanol celulósico.

5.1.3 Difusão tecnológica

Apesar de não fazer parte do SPIS, o setor automotivo é fundamental na

conformação deste. O desenvolvimento de carros movidos exclusivamente à etanol foi uma

atividade extremamente relevante do Proálcool para aumentar o mercado consumidor.

Foram fatores chave nesse processo: os incentivos fiscais à produção dos carros “a álcool”;

o controle de preços para tornar o etanol mais econômico do que a gasolina; e a

implantação de um sistema de distribuição em todo o território nacional.

Na etapa inicial, vários desenvolvimentos tecnológicos realizados pela indústria

automotiva no Brasil foram relevantes, tendo aumentado significativamente a demanda por

etanol no país, com a introdução de um novo mercado – o etanol hidratado. Sem entrar em

detalhes sobre os desenvolvimentos técnicos do setor, é importante destacar, que sem o

desenvolvimento dos carros a etanol, e posteriormente flexfuel, o uso de etanol no Brasil

seria menos da metade do uso atual.

A alcoolquímica também foi objeto de ações no Proálcool, tendo sido

desenvolvidos alguns projetos sem grande relevância (DUNHAM, 2009). Atualmente esse

interesse pela alcoolquímica tem se renovado. Grandes empresas tem produzido plásticos e

resinas a partir do álcool. A preocupação social com o meio ambiente tem gerado um

reforço nesta busca por substitutos para o petróleo como matéria-prima.

Outros dois exemplos de setores que foram impactados pelo desenvolvimento do

etanol foram o de motores (turbinas) e o aeronáutico. No caso das turbinas, a GE e a

Petrobrás converteram uma turbina para geração de energia elétrica a partir de gás para

uma turbina flex que pode utilizar gás ou etanol. Já no caso do setor aeronáutico, a Neiva,

subsidiária da Embraer, fabrica a aeronave agrícola Ipanema - primeiro avião certificado a

Page 14: A DIFUSÃO DA INOVAÇÃO GERADA NO SETOR SUCROENERGÉTICO

14

voar movido a etanol do mundo, líder no mercado de aviação agrícola no Brasil, com cerca

de 60% de participação.

5.2 Caracterização das atividades para a inovação tecnológica

Varrichio (2012) faz uma análise da caracterização das atividades tecnológicas do

setor sucroenergético, na qual se baseia esta seção. As inovações são incrementais, tanto

nas usinas, quanto nos fornecedores de máquinas e equipamentos. Há pouco esforço em

pesquisa básica e o relacionamento com as instituições de pesquisas é considerado pouco

relevante, tornando a interação usuário-produtor crítica. Um dos motivos apontados pela

autora é o fato do etanol de 1ª geração já ser considerado uma tecnologia madura sob o

ponto de vista industrial, levando os engenheiros a aprenderem com suas experiências e

proporem inovações relacionadas com o design dos equipamentos já existentes.

Liboni e Toneto Jr (2008) consideram que as atividades dos fornecedores são

relevantes para geração de inovação no setor:

“As inovações geradas nas empresas fornecedoras de bens de capital foi um dos

determinantes para os ganhos de produtividade no setor e para a consolidação da

competitividade brasileira. Vale destacar uma importante característica do setor

sucroalcooleiro, este possui fortes links com o setor industrial, tanto para trás

como demandante de matérias-primas e, principalmente, equipamentos

industriais e agrícolas, como para frente com os diferentes produtos gerados pelo

setor que se direcionam para diversos tipos de indústria” (p.2)

Para Varrichio, as atividades de inovação por meio do Doing, Using e Interacting

são predominantes, com a inovação originando-se geralmente de processos informais

baseados na experiência dos agentes. O conhecimento tácito e localizado é elemento chave.

Tal proposição é coerente com o proposto por Pavitt (1984) que considera que o setor

metal mecânico é um setor que apresenta facilidade de cópia dos equipamentos e

consequentemente baixa proteção patentária e acaba desenvolvendo-se localmente pela

interação entre os profissionais. A concentração das indústrias de base nas cidades de

Piracicaba e Sertãozinho no estado de São Paulo, formando clusters de fornecedores para o

setor, também confirmam a tendência ao desenvolvimento local baseado na interação entre

profissionais.

Nas indústrias de baixa e média tecnologia, usualmente a inovação não é resultado

de PD&I ou dos últimos desenvolvimentos científicos e tecnológicos; ela é mais

frequentemente baseada na transformação do estoque geral de conhecimento em algo que

Page 15: A DIFUSÃO DA INOVAÇÃO GERADA NO SETOR SUCROENERGÉTICO

15

gere resultados econômicos (SANTAMARÍA; NIETO; BARGE-GIL, 2009). Tal

constatação é observada no setor de etanol, onde o grande desenvolvimento tecnológico,

principalmente nas décadas de 70 e 80 deu-se com a adaptação de tecnologias oriundas de

outros setores.

As grandes empresas de base do setor ofertam soluções completas denominadas

“turn key”, iniciando-se na especificação do projeto até o fornecimento completo dos

equipamentos. Mas são poucas as empresas com esta capacidade, não só no Brasil como no

mundo. Sendo assim, a construção de uma usina completa, muitas vezes, passa pela

especificação de uma empresa de consultoria e a contratação de diversos fornecedores

especializados.

Strachman e Avellar (2008) consideram que as inovações tecnológicas incrementais

são parte da estratégia das empresas do segmento de bens de capital para aumentar sua

competitividade, entretanto a adoção destas inovações depende das empresas compradoras

de máquinas e equipamentos e o fluxo de reposição ou de novas instalações é essencial

para a disseminação da nova tecnologia.

Lundvall (1985, 2004 e 2009) trata da dinâmica da interação usuário-produtor, na

qual a inovação é vista como um processo dinâmico que pode gerar aprendizado partindo

do relacionamento entre produtores e usuários. Há uma interdependência sistêmica entre os

dois que causa o surgimento de um código de conduta que reduz os custos transacionais de

capacitação tecnológica a partir da troca de produtos, da troca de informações e da

cooperação direta. Ambos beneficiam-se da troca.

No processo de inovação a interação usuário-produtor tem um papel crítico: i) as

inovações geradas conjuntamente tem potencial de aproveitamento pelos produtores; ii) as

inovações solicitadas pelos usuários deverão exigir novos equipamentos ou engenharia de

processo; iii) o learning by using (aprendizagem pelo uso) poderá gerar novos produtos,

caso haja a interação usuário-produtor; iv) os problemas identificados passam a ser vistos

como oportunidades para produtos inovadores; e v) o produtor deve estar interessado em

monitorar as competências e aprendizado dos usuários para estimular a capacidade de

adaptação a novos produtos (LUNDVALL, 2009).

Page 16: A DIFUSÃO DA INOVAÇÃO GERADA NO SETOR SUCROENERGÉTICO

16

6 RESULTADOS

Quando se avalia o setor sucroenergético, constata-se que esse foi um dos setores

que recebeu historicamente apoio significativo do governo para se desenvolver. Nas

décadas de 70 e 80 o avanço tecnológico e econômico foi significativo e rápido. É também

um dos poucos setores no Brasil que apresentou investimentos em PD&I realizados pela

iniciativa privada, principalmente pelos associados da Coopersucar, por meio do CTC.

Além disso, verificou-se que majoritariamente os avanços tecnológicos ocorridos foram de

caráter incremental.

Mas, se há muito sobre o quê discutir relativamente às necessidade de inovação

para o setor sucroenergético e suas relações com o Sistema Nacional de Inovação, neste

trabalho, avalia-se como e se está ocorrendo migração da inovação gerada no SPIS para

outros setores industriais. Ou seja, de maneira mais específica, perguntamos: será que os

vultuosos investimentos brasileiros na indústria de etanol e mais recentemente de geração

de energia elétrica a partir do bagaço de cana-de-açúcar beneficiaram outros setores

industriais?

Para investigar a possível migração da tecnologia desenvolvida ou utilizada no

setor sucroenergético, foi avaliada inicialmente a origem das tecnologias utilizadas no

setor. Em outras palavras, estas são em sua maioria de origem endógena ou são adaptadas

de outros ramos industriais e campos de conhecimento?

O setor sucroenergético beneficiou-se da difusão tecnológica do setor industrial

originária dos países desenvolvidos. O esforço tecnológico (DAHLMAN; WESTPHAL,

1982) para usar o conhecimento existente e combinação com outros recursos para

transformar as tecnologias existentes em novas tecnologias ocorreu no setor

sucroenergético em larga escala, principalmente na indústria metalomecânica.

A fermentação em grande escala, por exemplo, foi adaptada do setor de bebidas,

com importação de tecnologia. Algumas das novas tecnologias de concentração de vinhaça

têm origem no setor de sucos. Entre os entrevistados há consenso, principalmente entre

aqueles com uma participação há mais tempo no setor, que o desenvolvimento tecnológico

deu-se com base na importação de tecnologia de outros países e setores. A principal

inovação brasileira deu-se no campo da engenharia, com a integração de tecnologias

diversas e posterior melhoria das mesmas, baseada na inovação incremental, no learning-

by-doing e no learning-by-interacting.

Page 17: A DIFUSÃO DA INOVAÇÃO GERADA NO SETOR SUCROENERGÉTICO

17

Os entrevistados da indústria metalomecânica e dos centros de pesquisa, quando

questionados sobre o uso de tecnologias desenvolvidas no setor em outras áreas, não

consideraram a existência deste processo. É importante ressaltar que os entrevistados

percebem a indústria de etanol e açúcar como uma mesma indústria. Tal fato deve-se à

produção de açúcar e etanol no Brasil utilizar a mesma matéria-prima e, em geral, ser

realizada na mesma usina. Contudo, os investimentos na produção e desenvolvimento

tecnológico para o etanol, principalmente na época do Proálcool, não tinham como

objetivo desenvolver tecnologia para produção de açúcar. Mas, conforme pode ser

observado na Figura 3, a produção de açúcar foi amplamente beneficiada pelos

investimentos realizados no setor ao longo de seis décadas. O desenvolvimento tecnológico

tanto na área agrícola, quanto na parte de extração do caldo beneficiam simultaneamente a

produção de etanol e de açúcar. Assim, os conhecimentos adquiridos ao se investir no

etanol possibilitaram simultaneamente melhorar a produção de açúcar. Graças aos

splillovers tecnológicos, tornou-se possível ao setor sucroenergético, entre 2005 e 2013,

produzir cada vez mais eletricidade excedente para disponibilização ao sistema elétrico

brasileiro (Figura 3).

Figura 3: Produção brasileira de açúcar (toneladas)Fonte: (BRASIL, 2013)

Ainda que os entrevistados não tenham reportado a migração lateral da inovação,

de maneira geral a sua percepção é a de que o aprendizado tecnológico das empresas

atuantes no setor tem possibilitado às indústrias de base o desenvolvimento de

equipamentos para outros setores. Alguns exemplos são as empresas entrevistadas que

expandiram o mercado e passaram a atuar no ramo de cervejarias ou de usinas para

produção de biodiesel, entre outros. Outro exemplo, é o Centro Nacional das Indústrias do

Setor Sucroenergético e Biocombustíveis (CEISE) que, com a crescente demanda de

equipamentos do Pré-Sal, tem desenvolvido ações para capacitar suas empresas associadas

Page 18: A DIFUSÃO DA INOVAÇÃO GERADA NO SETOR SUCROENERGÉTICO

18

a atuar no ramo de petróleo. Neste caso, observa-se que algumas empresas diversificaram

sua atuação.

Figura 4 - Exportação de Eletricidade de bagaço de cana para a rede (em MW médios)

Fonte: (FARINA, 2014)

Diferente do setor metalomecânico, alguns outros setores reportam que o

investimento em PD&I para o etanol gera tecnologias aproveitadas em outros segmentos.

No ramo de automação foi reportado que o desenvolvimento tecnológico para atender ao

setor sucroenergético possibilitou a uma de suas empresas levar tecnologia para outros

ramos de atuação, inclusive em outros países. A Smar, líder em automação para o setor, é

um exemplo desta trajetória.

A biotecnologia, área que tem recebido mais investimentos em período recente,

parece ser o segmento que mais tem potencial de gerar spillovers tecnológicos. Nas

pesquisas recentes para produção de biocombustíveis de segunda geração, tem sido criados

compostos com aplicação em outros setores como o de fármacos. Um exemplo é o

farneseno, composto produzido pela Amyris, a partir de leveduras em contato com o

açúcar da cana, que pode ser usado como componente para a fabricação de pneus, plástico,

sabão em pó, lubrificantes automotivos e até cosméticos. A Alsukkar, empresa incubada

em Ribeirão Preto que desenvolveu um sistema automatizado de análise do caldo de cana e

seus contaminantes e trabalha no desenvolvimento de antibióticos naturais, tem seu foco de

atuação atual no segmento sucroenergético. Porém, a empresa já diagnosticou que sua

tecnologia pode ser utilizada em outros setores e pretende investir na diversificação de sua

área de atuação.

Na atualidade, o espraiamento da inovação pelo setor de etanol tem ocorrido

principalmente nos elos à frente (downstream) da cadeia produtiva. Várias empresas têm

desenvolvido tecnologia para utilizar o etanol como matéria-prima para produção de

Page 19: A DIFUSÃO DA INOVAÇÃO GERADA NO SETOR SUCROENERGÉTICO

19

plásticos, químicos ou combustível de aviação. Os desenvolvedores destas tecnologias têm

como motivador o uso de uma matéria-prima renovável, de baixo custo e com ampla

disponibilidade. Alguns exemplos são a produção de polietileno pela Braskem; a produção

da “plant bottle” pela Coca-Cola; e a produção de bioquerosene de aviação pela Byogy

Renewables a partir do etanol; o desenvolvimento pela GE de uma turbina de geração de

energia elétrica “flex” permitindo a utilização de gás natural ou etanol; o desenvolvimento

de um avião agrícola pela Embraer utilizando o etanol como combustível; o

desenvolvimento de ônibus movidos à etanol pela Scania; caminhões flex diesel/etanol

desenvolvidos pela MAN, Iveco e Volvo.

A ampla disponibilidade de etanol, com um custo baixo comparado com outras

alternativas de produtos renováveis, parece ser o principal motivo para os investimentos

em tecnologias nos elos à frente da cadeia produtiva. Já no segmento de biotecnologia,

várias empresas têm sido motivadas não necessariamente pela ampla disponibilidade de

etanol, mas sim pela ampla disponibilidade de açúcares com baixos custos. Empresas de

biotecnologia como a Amyris e a LS9, de origem estadunidense, optaram por desenvolver

projetos tecnológicos no Brasil pela ampla disponibilidade de caldo de cana, uma fonte de

açúcar de baixo custo e com uma indústria fornecedora já bem estabelecida.

7 CONCLUSÃO

Aproveitar os recursos naturais pelo desenvolvimento de tecnologias adequadas é o

desafio para elevar a prosperidade de países como o Brasil. O SS é um exemplo de como

investimentos governamentais com uma orientação clara, constante e articulada podem

gerar riquezas no país. Ainda que esse setor esteja passando por uma crise que tem gerado

paralisação de novos investimentos e redução do ganho de produtividade, cuja análise não

foi o foco deste trabalho, verificou-se que o mesmo tem apresentado um espraiamento da

inovação para outros setores.

O principal segmento fornecedor para o setor de etanol, o metalomecânico gera

algum benefício da migração lateral da inovação. Ressalte-se que o aprendizado do setor

sucroenergético gerou outros benefícios para a indústria metalomecânica como a facilidade

de inserção em outros mercados, como, por exemplo, o de bebidas e o de petróleo e gás.

Os segmentos de automação e biotecnologia geram a migração lateral da inovação,

principalmente o último. Mas, o principal movimento de difusão de inovação do setor de

Page 20: A DIFUSÃO DA INOVAÇÃO GERADA NO SETOR SUCROENERGÉTICO

20

etanol dá-se nos elos à frente da cadeia produtiva, nos setores químico, aeronáutico,

motores (turbinas) e automotivo, entre outros. Esses setores são principalmente motivados

pela ampla disponibilidade do etanol e do caldo de cana-de-açúcar, além de contarem com

uma logística de distribuição bem desenvolvida e com preços competitivos frente às

alternativas renováveis.

Por fim, o SPIS é um sistema de inovação setorial que tem externalidades positivas

no desenvolvimento de outros setores de média e alta tecnologia. De fato, as tecnologias

desenvolvidas no SS migram lateralmente para beneficiarem empresas de outros setores e

apoiam o alcance de metas macroeconômicas relacionadas, por exemplo, a agregação de

valor pela indústria nacional. Por isso, as políticas públicas são fundamentais para que a

indústria sucroenergética continue contribuindo e amplie a sua competitividade global.

Estas políticas poderão focar no incentivo ao desenvolvimento tecnológico em rede, o qual

espraia os riscos e dilui os altos custos relativos à PD&I, principalmente, na atual época de

crise que vive o setor. Fortalecer as ICTs e as empresas é outra ação primordial para que a

rede de atores do SPIS funcione de acordo com as necessidades de desenvolvimento de

novas gerações de biocombustível e de ganhos competitivos no longo prazo.

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monicafrigeri, 01/08/14,
Verificar as referências destacadas em amarelo, pois elas não constam no texto.
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Page 25: A DIFUSÃO DA INOVAÇÃO GERADA NO SETOR SUCROENERGÉTICO

25

Anexo I – Relação das entrevistas realizadas

Relação de Entrevistas

Empresa Instituição

Cargo Data Descrição da empresa/instituição Site

Al Sukkar

Diretora Técnica

06/06/13

Empresa incubada de tecnologia industrial. Desenvolveu equipamento para análise

automatizada do caldo na fermentação. Desenvolve extratos de plantas com atividade antibacteriana e

presta serviço de análise microbiológica de bactérias e metabólitos residuais entre outros.

www.allsukkar.com.br

Diretor Técnico

Diretor Administrativo

APLA Diretor07/03/1

3

Arranjo Produtivo Local do Álcool - Associação da região de Piracicaba que reune agentes da cadeia

agroindustrial da cana-de-açúcar. Também é gestora do Parque Tecnológico de Piracicaba.

www.apla.org.br

BNDES

Gerente - Departamento

de Biocombustívei

s

10/02/14

Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. Principal agente de financiamento de longo

prazo para indústria brasileira. Tem um departamento específico para biocombustíveis, bem

como o maior volume de recursos investidos em inovação no setor.

www.bndes.gov.br

EngenheiroEconomista

CEISE

Proprietário - GC Soluções Corporativas

06/06/13

Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergético e Biocombustíveis - Associação da região de Sertãozinho que reune indústrias do setor

sucroenergético e biocombustíveis.

http://www.ceisebr.com/

Diretor de Negócios -

TrustProprietário - BioalgasBRGerente de Produtos e Sistemas -

SmarGerente

Executivo - CEISE

CTBE

Diretor Agrícola

06/03/13

O Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE) é uma instituição de pesquisa, desenvolvimento e inovação (P,D&I) na área de

etanol de cana-de-açúcar. Aberto a usuários externos, o CTBE foi criado para contribuir com o Brasil na manutenção da liderança na produção de

bioetanol, buscando respostas para desafios científicos e tecnológicos em todo o ciclo produtivo.

http://www.bioetanol.org.b

r/

Diretor IndustrialGestora de Negócios

Diretor GeralPrograma de

Avaliação Tecnológica

CTC

Gerente de desenvolviment

o estratégico industrial

07/03/13

Centro de Tecnologia Canavieira - Principal centro privado de desenvolvimento e integração de

tecnologias da indústria sucroenergética.

http://www.ctcanavieira.co

m.br/

Dedini

Vice-presidente07/03/1

3

A Dedini é a maior e principal fornecedora de equipamentos para o setor sucroenergético, sendo

considerada mundialmente uma das maiores indústrias de base para o setor.

http://www.codistil.com.br

/

EngenheiroEngenheiro de Desenvolvimen

Page 26: A DIFUSÃO DA INOVAÇÃO GERADA NO SETOR SUCROENERGÉTICO

26

Relação de Entrevistas

Empresa Instituição

Cargo Data Descrição da empresa/instituição Site

to

FINEP

Chefe do Departamento de Energia e Tecnologias

Limpas

12/02/14

Financiadora de Estudos e Projetos - empresa pública com a missão de promover o

desenvolvimento econômico e social do Brasil por meio do fomento público à Ciência, Tecnologia e Inovação em empresas, universidades, institutos

tecnológicos e outras instituições públicas ou privadas.

www.finep.gov.br

PASYS Sócio - Diretor07/03/1

3

Empresa de de engenharia e consultoria especializada no desenvolvimento conceitual e

assessoria na implementação de projetos agrícolas e industriais para a produção e industrialização de

matérias primas para produção de bioenergia.

www.pasys.com.br

Sermatec Presidente05/06/1

3

Sediada em Sertãozinho, é considerada a segunda maior indústria de base do setor sucroenergético, é

uma das poucas empresas com capacidade de entregar uma usina completa.

http://www.sermatec.com.

br/

SimisaDiretor

Superintendente

06/06/13

A Simisa faz parte das grandes empresas que atendem o setor sucroenergético, tendo uma história diversa, por ser oriunda da oficina de manutenção de

uma usina de açúcar e alcool.

http://www.simisa.com.br/

TGM

Gerente Comercial

Internacional - Turbinas

06/06/13

A TGM é uma empresa de desenvolvimento e produção de turbinas a vapor para geração de

energia elétrica. Originalmente voltada para o o setor sucroenergético, atualmente a empresa atua em

diversos segmentos.

http://www.grupotgm.com.

br/