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A dimensão utópica do ser humano.
“...imaginar a vida como ela nunca foi”.
(Fernando Pessoa)
Utopia: a origem do termo.
Esse termo foi tecido por Thomas Morus (1478-1535), político inglês do século XVI, em sua obra Utopia (1516).
A ilha de Utopia.
Na obra de Thomas Morus, Utopia significa um lugar ideal, no qual habitam os “utopianos”.
Utopia é uma proposta de reforma humanista: nobreza da virtude no lugar da nobreza da linhagem; um cristianismo mais simples e racional, livre e sem abusos sociais.
Uma dupla vertente.
Denúncia e anúncio.
Denúncia dos males sociais e anúncio de uma nova sociedade, na qual o dinheiro e a hierarquia serão suplantados pelos valores éticos, pela virtude, pela igualdade de distribuição e pela fartura para todos.
A etimologia do termo utopia.
Não + Lugar = traduz a dimensão de impossibilidade de realização, algo de caráter fantástico, irreal, ideal.
Bom + Lugar = explicita o aspecto de finalidade, a conquista de uma realidade boa e gratificante, melhor que a presente.
O que não é utopia...
Não é uma fantasia ou ficção irrealizável;
Não significa mero exercício de pensamento que constrói situações inatingíveis;
Não é tampouco mero exercício mental de um cientista social, distante da realidade.
O surgimento das utopias.
As utopias surgem em momentos de crise ou transição social, de agonia da história.
Nascem de uma indisposição e de uma revolta contra uma determinada realidade.
No Brasil: “Terra sem males” e o movimento de “Canudos” (1896-1897).
A estrutura do termo Utopia.
Não se situa na oposição entre verdadeiro e falso. Opõe-se ao conhecido e existente, à mesmice, como uma realidade nova.
O pensamento utópico recorre à imaginação para explorar as possibilidades virtualmente existentes e ainda não desenvolvidas.
A dimensão utópica supõe:
Que a realidade não se esgote no imediato; que o pensamento utópico não seja uma simples análise do presente, mas prospectivo para o futuro.
Que o pensamento utópico queira “traduzir aspirações íntimas que brotam, não da racionalidade científica, mas do afetivo, da tensão que habita o desejo”.
A estrutura utópica do ser humano.
Memória (passado) e desejo (futuro): estar para além do gozo do presente.
“O passado é como um texto escrito de múltiplos sentidos. A memória o atualiza ao lhe dar novo significado. Sob esse aspecto, ela é produtora de sentido”.
O desejo...Arranca o ser humano do
presente para projetá-lo à frente, impulsiona-o para um futuro que ainda não existe, mas que o ser humano gera e cria no desejo.
Permite ao ser humano sonhar com novas e melhores situações de vida.
A partir da fantasia e da imaginação, o ser humano pode pensar e imaginar um futuro diferente.
Por isso, o ser humano não pode ser definido somente como um ser racional, uma vez que é também dotado de imaginação criadora.
Por isso...
O ser humano está sempre aberto a um novo nunca definitivo, sempre penúltimo.... Vivemos a defasagem entre a
finitude de nossas ações e a amplitude de nossos desejos e esperanças.
Extinguir, pois, do ser humano a capacidade utópica e desumanizá-lo.
Rui Barbosa: “De tanto ver
triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto”.
1849-1923
Rui Barbosa:
“A esperança é o mais tenaz dos sentimentos humanos: o náufrago, o condenado, o moribundo aferram-se-lhe convulsivamente aos últimos rebentos ressequidos”.