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A DISFAGIA
IMPLEMENTAÇÃO DE UM PROTOCOLO DE RASTREIO
UNIDADE DE CUIDADOS PROLONGADOS - PÓLO VALONGO
Autores: Cláudia Costa
Fernanda Sousa
Lia Leal
Paula Maia5 de DEZEMBRO DE 2019
CENTRO HOSPITALAR UNIVERSITÁRIO S. JOÃO
SUMÁRIO
pág. 2
✓ Introdução
✓ Caracterização do serviço
✓ Disfagia
✓ Objetivos do rastreio da disfagia
✓ Descrição do procedimento
✓ Trabalho de campo
✓ Conclusão
INTRODUÇÃO
Este trabalho, surge da perceção da crescente ocorrência de casos de
disfagia nos utentes que dão entrada na Unidade de Cuidados Prolongados
do Pólo Valongo do CHUSJ, provenientes na sua maioria dos serviços de
Medicina, e da preocupação em criar um protocolo de atuação e um
fluxograma de rastreio da disfagia que envolva toda a equipa de saúde,
assim como família/visitas, afim de garantir desde logo maior segurança na
administração da alimentação/hidratação do utente, evitando a ocorrência
de complicações e permitindo assim obter ganhos em saúde.
CARACTERIZAÇÃO DO SERVIÇO
➢21 camas;
➢Diagnósticos mais frequentes são do foro neurológico;
➢Média de idades dos utentes de aproximadamente 80 anos;
➢Rácio utentes/enfermeiros:
Manhã - 4 enfermeiros generalistas + 2 EER
Tarde- 3 enfermeiros generalistas
Noite- 2 enfermeiros generalistas
DISFAGIA
pág. 5
A Disfagia “é um distúrbio da deglutição com sinais e sintomas específicos
que se caracterizam por alterações em qualquer etapa e/ou entre as etapas
da dinâmica da deglutição, podendo ser congénita ou adquirida, após
comprometimento neurológico, mecânico ou psicogénico, e trazer prejuízos
aos aspectos nutricionais, de hidratação, no estado pulmonar, prazer
alimentar e social do indivíduo”
World Gastroenterology Organisation , 2011
DISFAGIA
pág. 6
Afeta :
➢ 40-70 % doentes com AVC
➢ 60-80% doentes com patologias neurodegenerativas
➢ 60-75% utentes submetidos a radioterapia por neoplasia da cabeça e
pescoço
➢ Até 13% dos adultos de 65 anos
➢ >51% dos utentes idosos institucionalizados
World Gastroenterology Organisation, 2014
DISFAGIA
Se a disfagia não for identificada de forma correta, poderá ocorrer
complicações como :
➢ Malnutrição;
➢ Desidratação;
➢ Pneumonia de aspiração;
➢ Prolongamento do tempo de hospitalização;
➢ Institucionalização pós-alta;
➢ Depressão;
➢ Aumento dos custos hospitalares;
➢ Morbilidade e aumento da taxa de mortalidadeBraga, 2016
OBJETIVOS DO RASTREIO DA DISFAGIA
➢ Garantir maior segurança para o utente e profissional;
➢ Prevenir complicações nos utentes com risco de aspiração;
➢ Providenciar a consistência dos alimentos adequada ao grau de disfagia da
pessoa;
➢ Uniformizar a atuação dos enfermeiros;
➢ Auxiliar os enfermeiros na identificação e sinalização dos utentes com
disfagia;
➢ Notificar/monitorizar a ocorrência de disfagia na UCP.
POPULAÇÃO ALVO
➢ Aplica-se a todos os utentes na admissão, antes da ingestão de
qualquer alimento ou hidratação e/ou quando surgir alguma
alteração que necessite de reavaliação (excluem-se os utentes
sonolentos, sedados, sem atividade motora, ou com outra
contraindicação para ingestão oral).
Agentes diretos: Enfermeiros do serviço (fluxograma de rastreio
da disfagia criado com base na escala de GUSS).
Apesar dos agentes diretos serem os enfermeiros do serviço, todos são peças fundamentais para uma deglutição mais segura…
DESCRIÇÃO DO PROCEDIMENTO
Avaliação
✓ A 1ª avaliação da deglutição deve ser efetuada no momento da
avaliação inicial pelo Enfº responsável pelo utente (exceto utentes com
SNG ou com contraindicação de ingestão oral).
✓ Nos utentes com SNG o EEER fará a avaliação da deglutição, avaliando as
alterações e sinais de segurança afim de treinar uma deglutição eficaz e
retirar a SNG.
ORIENTAÇÕES QUANTO À EXECUÇÃO
Avaliar sinais de segurança
✓ Avaliar estado de consciência;
✓ Controlo postural, posicionamento correto ;
✓ Verificar funcionamento do aspirador na unidade do utente;
✓ Proporcionar um ambiente calmo e tranquilo para conseguir focar a
atenção;
✓ Explicar o procedimento ao utente ;
✓ Executar todas as técnicas dentro do campo visual da pessoa.
pág. 13
RASTREIO DA DISFAGIA
Material necessário:
✓ Água simples e/ou boião de água gelificada;
✓ Guardanapo;
✓ Colher de chá de inox;
✓ Espessante;
✓ Shaker;
✓ 1 copo (50 ml).
pág. 14
COMO PROCEDER….
Admissão do utente
Enfermeiro Generalista
Sinais de segurança
➢ Consciente
➢ Controlo postural > 15 min
➢ Tosse voluntária
➢ Reflexo de vómito
➢ Sialorreia
➢ Movimentos da língua
➢ Movimentos dos lábios
Sim Não
Teste de deglutição
CONSISTÊNCIA PUDIMSNG
Avaliação por EEER
1º AVALIAR SINAIS DE SEGURANÇA
Teste de deglutição
Administrar 1 colher de chá (5 ml)
de água espessada consistência
PUDIM e repetir 4x
SNG
Avaliação por EEER
Alterações*
➢ Tosse (involuntária)
➢ Alterações da voz
➢ Deglutição impossível
➢ SialorreiaSimNão
Teste de deglutição
CONSISTÊNCIA NÉCTAR
2º TESTE DE DEGLUTIÇÃO “PUDIM”
Teste de deglutição
Administrar 1 colher de chá (5 ml)
de água espessada consistência
NÉCTAR e repetir 4x
Não
Alterações*
Sim Consistência PUDIMTeste de deglutição
ÁGUA SIMPLES
3 º TESTE DE DEGLUTIÇÃO “NÉCTAR”
Teste de deglutição
Água simples
Alterações*
SimConsistência
NÉCTAR
NãoSEM
DISFAGIA
4º TESTE DE DEGLUTIÇÃO “ÁGUA SIMPLES”
PROCEDIMENTO
Utente que apresenta Disfagia:
➢ Explicar ao utente que apresenta disfagia e que cuidados deve ter;
➢ Colocar sinalética na unidade do utente;
➢ Colocar pulseira da disfagia ao utente;
➢ Colocar panfleto da disfagia na mesinha de cabeceira do utente;
➢ Mencionar no quadro da sala de trabalho a marcador vermelho;
➢ Mencionar no mapa de utentes com disfagia, existente na copa, a
consistência segura;
➢ Informar o EEER, médico assistente e assistentes operacionais;
➢ Registar no aplicativo SClínico e proceder à alteração da dieta.
1 - SINALIZAÇÃO1.1 - COLOCAR SINALÉTICA/PLACA
Colocar a “sinalética da disfagia” com a consistência adequada na unidade do
utente para prevenir ocorrência de eventos adversos.
Colocar a ”pulseira da disfagia” (mencionando a consistência) como sinal de
alerta para quando este se encontrar no exterior da enfermaria ou do serviço.
21
1 - SINALIZAÇÃO1.2 - COLOCAR PULSEIRA
1 - SINALIZAÇÃO
Mencionar no quadro de plano de cuidados na sala de trabalho/sala de
passagem de turno com marcador vermelho “Disfagia: Néctar” ou “Disfagia:
Pudim” a fim de promover continuidade de cuidados e eficácia na
comunicação pertinente ao estado do utente.
1.3 - MENCIONAR NO QUADRO
1 - SINALIZAÇÃO
Mencionar no “mapa de utentes com disfagia” existente na copa a
consistência segura para o utente para orientação dos Assistentes
Operacionais.
1.4 – MENCIONAR NO MAPA DE DIETAS
MAPA DE UTENTES COM DISFAGIA
1 - SINALIZAÇÃO1.5 - ENTREGAR PANFLETO INFORMATIVO
Entregar o “panfleto da disfagia” à família/utente afim de transmitir algumas
informações importantes sobre a mesma.
PANFLETO INFORMATIVO PARA O UTENTE/FAMÍLIA
PANFLETO INFORMATIVO PARA O UTENTE/FAMÍLIA
2 – COMUNICAÇÃO DA INFORMAÇÃO
➢ EEER;
➢ Médico assistente;
➢ Assistentes operacionais;
➢ Familiares/visitas.
3 - REGISTOS
Registar no programa informático SClínico os aspetos que se relacionam
com alterações da deglutição identificadas :
➢ Avaliação inicial: registar se o utente apresenta disfagia ou não e
realizar avaliação da deglutição.
➢ Processo de enfermagem: introduzir/atualizar os focos de atenção de
Enfermagem ( Alimentação, Deglutição e Aspiração), assim como os
status e as intervenções de enfermagem correspondentes, sempre
que necessário.
➢ Monitorização:7/7 dias ou em SOS.
SÍNTESE – FLUXOGRAMA DE ATUAÇÃO
Admissão do utente
Enfermeiro GeneralistaFluxograma de rastreio
da disfagia
Avaliar
Identificar
1. Colar sinalética da disfagia na unidade do utente;
2. Colocar pulseira da disfagia ao utente;
3. Colocar panfleto informativo da disfagia na mesinha de
cabeceira do utente;
4. Mencionar com marcador vermelho no quadro (plano de
cuidados) da sala de trabalho a consistência adequada ao
utente;
5. Mencionar no mapa de utentes com disfagia, existente na
copa, a consistência segura;
6. Informar EEER responsável pelo utente + Médico assistente +
Assistentes Operacionais.
Sinalizar
Registar No SClínico e monitorizar sempre que alteração do estado geral do
utente
TRABALHO DE CAMPO
➢ Formação em serviço à equipa de saúde a 28/10/2019;➢ Nomeação de 2 elos de ligação;➢ Elaboração de pasta de arquivo com informação para
consulta;➢ Afixação de fluxograma de rastreio da disfagia em
póster;➢ Criação de folha de colheita de dados do rastreio da
disfagia;➢ Protocolo do rastreio da disfagia na admissão inicial do
utente iniciado a 29/10/2019.
TRABALHO DE CAMPO
Dados obtidos entre 29/10 e 3/12 de 2019
67
33
79 79
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
MASCULINO FEMININO
% de utentes avaliados e sua idade média por género
GÉNERO [%] IDADE
78%
11%5% 6%
Diagnósticos Principais
AVC ISQUÉMICO AVC HEMORRÁGICO PAC PNEUMONIA NOSOCOMIAL
TRABALHO DE CAMPO
Dados obtidos entre 29/10 e 03/12 de 2019
28
44
17
11
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
SEM DISFAGIA DISFAGIACONSISTÊNCIA NÉCTAR
DISFAGIACONSISTÊNCIA PUDIM
SONDA NASOGÁSTRICA
% U
ten
tes
Teste de disfagia na avaliação inicial
CONCLUSÃO
➢ O rastreio eficaz da disfagia permite obter ganhos em saúde :
Pneumonias de aspiração
ATB
Reinternamentos
Mortalidade
35
CONCLUSÃO➢ A disfagia revela-se frequente no internamento, pelo que um diagnóstico e
intervenção atempados (admissão do utente e sempre que se verificar alteração do
estado geral do mesmo) possibilitam a prevenção de complicações, otimizando o
processo de recuperação.
➢ O trabalho em equipa que implica estar atento aos sinais de disfagia, realizar o
rastreio da mesma, executar a sua correta sinalização e efetuar registos adequados,
assim como fornecer ao utente a consistência dos alimentos sólidos e líquidos
adaptada às suas necessidades, em conjunto com a partilha dessa informação,
permite um plano de cuidados abrangente, que se traduz em maior segurança para
o utente, todos os profissionais e família.
Obrigada pela vossa Atenção!