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4 TheAR, n.7, p. 4-17, 2019. ISSN 2596-2647 Antonio Aparecido Alves A DOUTRINA SOCIAL DO PAPA FRANCISCO Prof. Dr. Pe. Antonio Aparecido Alves* 1 INTRODUÇÃO A data de 1891 assinala o nascimento do que hoje chamamos de Doutrina Social da Igreja (DSI), esse “conjunto de princípios de reflexão, critérios de juízo e diretivas para a ação” 1 , com até agora doze documentos que formam o seu corpus doutrinal, sendo a maioria deles encíclicas sociais, mas também radiomensagem e Carta apostólica. A Doutrina Social é permanente em seus princípios, emanados das Sagradas Escrituras e da fé viva da Igreja, sobretudo o princípio personalista. No entanto, ela evolui para responder aos desafios apresentados em cada época, que poderíamos chamar de questão social- Uma questão social não surge por si só. Um problema se transforma efetivamente em “questão social” quando é percebido e assumido por um setor da sociedade que tenta por algum meio equacioná-lo, torná-lo público, transformá-lo em demanda política, o que implica em tensões e conflitos. 2 A DSI comporta, portanto, uma dinamicidade e, por isto, pode-se falar que não há uma lineariedade, embora esta tenha sido afirmada por Bento XVI na Caritas in Veritate ao afirmar que “não ajudam à clareza certas subdivisões abstratas da doutrina social da Igreja, que aplicam ao ensinamento social pontifício categorias que lhe são alheias. Não existem duas tipologias de doutrina social uma pré-conciliar e outra pós-conciliar , diversas entre si, mas um único ensinamento, coerente e simultaneamente sempre novo”. (CV 12) Neste trabalho discorrerei inicialmente sobre três períodos e dois paradigmas que caracterizam a dinâmica histórica da DSI, para em seguida apresentar um quarto período e um terceiro paradigma, representado pelo ensino social do Papa Francisco. A grande dificuldade foi a falta de bibliografia sobre este tema, o que me *Doutor em Teologia pela PUC-Rio. Mestre em Ciências Sociais com especialização em Doutrina Social da Igreja pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma. Presbítero na Diocese de São José dos Campos. 1 PAULO VI, Octogesima Adveniens, n. 4; CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ, Instrução sobre a Liberdade cristã e a Libertação Libertatis Conscientia, n. 72; JOÃO PAULO II, Sollicitudo rei socialis, n. 41; CONGREGAÇÃO PARA A EDUCAÇÃO CATÓLICA, Orientações para o ensino da DSI nos Seminários, n. 2 2 WANDERLEY, L. E. A questão social no contexto da globalização: o caso latino-americano e o caribenho. In: CASTEL, R.; WANDERLEY, L. E.; BELFIORE-WANDERLEY, M. (Org.). Desigualdade e a questão social. São Paulo: EDUC, 2011. p. 63.

A DOUTRINA SOCIAL DO PAPA FRANCISCO

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TheAR, n.7, p. 4-17, 2019. ISSN 2596-2647 Antonio Aparecido Alves

A DOUTRINA SOCIAL DO PAPA FRANCISCO

Prof. Dr. Pe. Antonio Aparecido Alves*

1 INTRODUÇÃO

A data de 1891 assinala o nascimento do que hoje chamamos de Doutrina

Social da Igreja (DSI), esse “conjunto de princípios de reflexão, critérios de juízo e

diretivas para a ação”1, com até agora doze documentos que formam o seu corpus

doutrinal, sendo a maioria deles encíclicas sociais, mas também radiomensagem e Carta

apostólica. A Doutrina Social é permanente em seus princípios, emanados das Sagradas

Escrituras e da fé viva da Igreja, sobretudo o princípio personalista. No entanto, ela

evolui para responder aos desafios apresentados em cada época, que poderíamos chamar

de questão social-

Uma questão social não surge por si só. Um problema se transforma efetivamente

em “questão social” quando é percebido e assumido por um setor da sociedade que

tenta por algum meio equacioná-lo, torná-lo público, transformá-lo em demanda

política, o que implica em tensões e conflitos. 2

A DSI comporta, portanto, uma dinamicidade e, por isto, pode-se falar que

não há uma lineariedade, embora esta tenha sido afirmada por Bento XVI na Caritas in

Veritate ao afirmar que “não ajudam à clareza certas subdivisões abstratas da doutrina

social da Igreja, que aplicam ao ensinamento social pontifício categorias que lhe são

alheias. Não existem duas tipologias de doutrina social — uma pré-conciliar e outra

pós-conciliar —, diversas entre si, mas um único ensinamento, coerente e

simultaneamente sempre novo”. (CV 12)

Neste trabalho discorrerei inicialmente sobre três períodos e dois

paradigmas que caracterizam a dinâmica histórica da DSI, para em seguida apresentar

um quarto período e um terceiro paradigma, representado pelo ensino social do Papa

Francisco. A grande dificuldade foi a falta de bibliografia sobre este tema, o que me

*Doutor em Teologia pela PUC-Rio. Mestre em Ciências Sociais com especialização em Doutrina Social

da Igreja pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma. Presbítero na Diocese de São José dos

Campos. 1PAULO VI, Octogesima Adveniens, n. 4; CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ, Instrução

sobre a Liberdade cristã e a Libertação Libertatis Conscientia, n. 72; JOÃO PAULO II, Sollicitudo rei

socialis, n. 41; CONGREGAÇÃO PARA A EDUCAÇÃO CATÓLICA, Orientações para o ensino da

DSI nos Seminários, n. 2 2WANDERLEY, L. E. A questão social no contexto da globalização: o caso latino-americano e o

caribenho. In: CASTEL, R.; WANDERLEY, L. E.; BELFIORE-WANDERLEY, M. (Org.).

Desigualdade e a questão social. São Paulo: EDUC, 2011. p. 63.

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A Doutrina Social do Papa Francisco

obrigou a navegar em seu ensinamento e inferir hipóteses que poderão ser comprovadas

no futuro e a partir de outros estudos.

2 PERÍODOS E PARADIGMAS DA DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA

2.1 Períodos

Com a encíclica Rerum Novarum, de Leão XIII, a Igreja começou uma nova

forma de se manifestar sobre a sociedade, motivada pela Revolução Industrial e pela

causa operária, circunscrita à Europa, sob o prisma do que se chamava de “filosofia

social”, embora uma ou outra vez se falasse de “doutrina social católica”. Este período

pode ser entendido como a 1) reconciliação progressiva da Igreja com a modernidade,

que fora fechado em 1864 com a Encíclica Quanta Cura e o Syllabus, que chegou até o

Pontificado de Pio XII. Com o magistério de João XXIII entramos em uma nova fase,

que poderíamos chamar de 2) ampliação da DSI, seja com relação aos interlocutores,

que já não são somente os de dentro da Igreja, mas todas as pessoas de boa vontade,

bem como com relação à temática, tais como o desenvolvimento, a política e a ecologia,

como também geograficamente, estendendo-se aos povos do então chamado terceiro

mundo. Pode-se dizer que no pós-concílio a DSI adquire um estatuto teológico e daí

passe a ser compreendida como Doutrina Social. Por fim, com o magistério de João

Paulo II e Bento XVI entramos em um terceiro período, que pode ser chamado de 3)

evangelização da cultura, uma vez que tanto quanto o outro promoveu uma grande

cruzada de evangelização, contra o que foi chamado de sistema ético e cultural da

sociedade (João Paulo II) e a cultura do relativismo (Bento XVI). 3 Estamos, agora, em

um quarto período, no Pontificado do Papa Francisco, que não se pode caracterizar

ainda exatamente, mas que poderíamos chamar de uma 4) Igreja em saída, do qual

falaremos mais no momento certo.

3RIVAS, E. Cem anos de Doutrina social da Igreja: aproximação histórica e tentativa de síntese. In:

IVERN, F.; BINGERMER, M. C. (Org.). Doutrina Social da Igreja e Teologia da Libertação. São

Paulo: Loyola,1994. p. 23-42.

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TheAR, n.7, p. 4-17, 2019. ISSN 2596-2647 Antonio Aparecido Alves

2.2 Paradigmas

Paradigma tomista na DSI - Leão XIII, sucessor de Pio IX, promove um

renascimento do tomismo, fundando centros de estudos tomistas em toda a Europa,

buscando um resgate da teologia de Santo Tomás de Aquino. Este renascimento tomista

articula-se entre 1878 e 1891, através de suas encíclicas, destinadas às áreas cultural,

política e social e o objetivo era o de redefinir o papel da Igreja no mundo moderno -

Aeterni Patris (1879), redefine o programa cultural, aceitando-se um realismo moderado

e o neotomismo como alternativa ao racionalismo radical representado pelo

Positivismo, pelo Cientificismo e pelo Marxismo. Por sua vez, Diuturnum (1881), sobre

a natureza do Poder político, Imortale Dei (1885), sobre a teoria cristã do Estado,

Libertas (1888), sobre a natureza da liberdade humana e Sapientiae Christianae (1890),

sobre a missão do Estado, redefinem o programa político à luz de Santo Tomás. Por

fim, a Rerum Novarum (1891), que redefine o programa econômico e social. 4

Este paradigma ético a partir da teologia de Santo Tomás marcou o início da

DSI. Nele as questões relativas à moral socioeconômica baseiam-se no tratado De

Iustitia, cujas fontes são o Livro V da Ética a Nicômaco, de Aristóteles, a tradição

bíblico-patrística e o Direito romano. Tudo vem inserido dentro do quadro das virtudes,

sendo a justiça a principal das virtudes morais, compreendida como justiça legal,

comutativa e distributiva, sendo definida como a disposição de dar a cada um o que lhe

pertence. O que faz a união no Estado é a amizade cívica e o grande princípio

sociopolítico é o bem comum.

Paradigma agostiniano na DSI - Com o magistério social de Bento XVI

coloca-se outro paradigma para a compreensão da DSI. O perfil de Bento XVI é

agostiniano: 5

a) doutorado - Povo e Casa de Deus na doutrina da Igreja de Santo

Agostinho;

b) livre docência - A teologia da história em São Boaventura;

c) brasão pontifício - a conchinha referente ao mistério da Trindade;

d) encíclica programática Deus caritas est.

4ANDRADE, P. F. C. Democracia e Doutrina Social da Igreja. In: LESBAUPIN, I.; PINHEIRO, J. E.

(Orgs.). Democracia, Igreja e Cidadania. São Paulo: Paulinas, 2010. p. 182-6. 5TERRA, J. E. M. Itinerário teológico de Bento XVI. São Paulo: Ave Maria, 2006.

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A Doutrina Social do Papa Francisco

A encíclica Caritas in Veritate parece assumir o paradigma agostiniano. De

acordo com esse, aquele que ama a Deus se encontra em relação de sociedade com

todos os que O amam. Dessa maneira, o amor engendra espontaneamente uma

sociedade, da qual ele é o ligame principal e Deus é essencial. Como há nos homens

dois amores, assim se formam duas ordens ou realidades espirituais: a Civitas Dei e a

Civitas terrena. A primeira se forma a partir do amor de Deus até o desprezo de si,

enquanto que a segunda se origina do amor de si chegando ao desprezo de Deus. Ambas

as cidades subsistem e se dão juntas no mesmo devenir histórico. Porém, somente a

cidade de Deus, como ideal e como fim (telos) da história, conseguirá triunfar e impor a

paz perpétua. Nesse paradigma, ganha importância a caritas, ao mesmo tempo como

conceito teológico e sociopolítico.

3 A DOUTRINA SOCIAL DO PAPA FRANCISCO

O Papa Francisco conheceu na Argentina a Teologia do Povo, que surgiu na

mesma época da Teologia da Libertação (TL). No Seminário ocorrido em 1973 no

Instituto de Teologia em Petrópolis participaram, dentre outros teólogos, o peruano

Gustavo Gutierrez e o argentino Lucio Gera, principal teólogo da chamada Teologia do

Povo. Esta teologia se diferenciava da TL por não utilizar o método marxista na análise

da realidade, privilegiando mais a análise sociocultural do que a socioestrutural. Além

disso, valoriza a piedade popular como forma da inculturação da fé cristã, o povo como

sujeito histórico-cultural e a opção pelos pobres. 6

Tomamos como fontes do pensamento social do Papa Francisco:

a) a Exortação Apostólica Evangelii Gaudium (EG - A alegria do

Evangelho), especialmente em seu capítulo IV - A dimensão social do

querígma;.

b) o discurso aos movimentos populares em Santa Cruz (Bolívia) em

09/07/2015;

c) a Encíclica social Laudato Si (LS - Louvado Sejas).

6IHU on line. Entrevista com Juan Carlos Scannone. Disponível em: <

http://www.ihu.unisinos.br/noticias/522076-a-teologia-do-povo-entrevista-com-juan-carlos-

scannone%20,>. Acesso em: 12 out. 2017.

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TheAR, n.7, p. 4-17, 2019. ISSN 2596-2647 Antonio Aparecido Alves

A hipótese que trabalhamos é que entramos com o Papa Francisco em um

quarto período da DSI, que poderíamos chamar de Igreja em saída, conforme se lê na

EG 49 -

Saiamos, saiamos para oferecer a todos a vida de Jesus Cristo! Repito aqui, para

toda a Igreja, aquilo que muitas vezes disse aos sacerdotes e aos leigos de Buenos

Aires: prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas,

a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias

seguranças. Não quero uma Igreja preocupada com ser o centro, e que acaba presa

num emaranhado de obsessões e procedimentos. Se alguma coisa nos deve

santamente inquietar e preocupar a nossa consciência é que haja tantos irmãos

nossos que vivem sem a força, a luz e a consolação da amizade com Jesus Cristo,

sem uma comunidade de fé que os acolha, sem um horizonte de sentido e de vida.

Mais do que o temor de falhar, espero que nos mova o medo de nos encerrarmos nas

estruturas que nos dão uma falsa proteção, nas normas que nos transformam em

juízes implacáveis, nos hábitos em que nos sentimos tranquilos, enquanto lá fora há

uma multidão faminta e Jesus repete-nos sem cessar: «Dai-lhes vós mesmos de

comer» (Mc 6, 37).

Outra hipótese que poderíamos avançar é que estamos trabalhando com

outro paradigma, que poderia ser chamado de Franciscano. A escolha do nome

Francisco denota um projeto de Igreja “pobre, simples, evangélica e destituída de todo

poder. É uma Igreja ecológica que chama todos os seres com a doce palavra de ‘irmãos

e irmãs’”. 7 O conselho de Dom Claudio Humes imediatamente após a sua eleição foi -

não se esqueça dos pobres - e logo lhe veio no coração do Cardeal Jorge Mario

Bergoglio um nome com o qual poderia ser chamado - Francisco, o santo amante dos

pobres, da pobreza, da paz e da criação. Dentro deste paradigma o grande princípio

ético-teológico é a misericórdia, da qual o Papa se faz um paladino, até mesmo porque

ele a experimentou de maneira muito viva, como descreve na explicação de seu brasão

pontifício. Longe de um assistencialismo, esta misericórdia se baseia na opção pelos

pobres e por uma vida simples e modesta, que deveria caracterizar a Igreja enquanto

instituição e cada cristão. Dentro deste paradigma, o povo é protagonista da história, que

deve ser transformada para se adequar às exigências do Reino.

3.1 Uma Igreja pobre e para os pobres

Um primeiro aspecto a se salientar da DSI do Papa Francisco se refere à

opção pelos pobres, um dos princípios da Doutrina Social da Igreja. O Papa João Paulo

II sublinha na Encíclica Centesimus Annus que “o amor da Igreja pelos pobres, que é

7IHU on line. Entrevista com Leonardo Boff. Disponível em: < http://www.ihu.unisinos.br/518481-

sera-a-primavera-depois-de-um-duro-inverno-entrevista-com-leonardo-boff. Acesso em: 12 out. /2017.

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A Doutrina Social do Papa Francisco

decisivo e pertence à sua constante tradição, impele-a a dirigir-se ao mundo no qual,

apesar do progresso técnico-econômico, a pobreza ameaça assumir formas gigantescas”

(n. 57). Em uma perspectiva estrutural, acentua a CNBB que

a existência de milhões de empobrecidos é a negação radical da ordem

democrática. A situação em que vivem os pobres é critério para medir a

bondade, a justiça, a moralidade, enfim, a efetivação da ordem democrática.

Os pobres são os juízes da vida democrática de uma nação. 8

“Ah, como eu desejo uma Igreja pobre e para os pobres!,” 9 disse o Papa

Francisco aos jornalistas em audiência após sua eleição. Com sua postura, ele retorna à

intenção originária de João XXIII, de quem emprestou a expressão “Igreja dos pobres.”

10 Isto reporta, também, ao chamado Pacto das catacumbas, feito por um grupo de

Bispos durante o Concílio, com o objetivo de viverem a pobreza quando retornassem às

suas Dioceses, renunciando a tudo que fosse ostentação de glória e riqueza.

Com estas indicações, Francisco vem radicalizar a opção preferencial pelos

pobres. Para ele não se trata de algo abstrato ou de um princípio puro, mas os pobres

devem ser agentes da própria história e atores sociais, devem ter participação ativa nas

decisões que se referem à sua vida (EG 49). No discurso em Santa Cruz, falando sobre

as mudanças que todos desejam nas estruturas sociais, o Papa foi mais enfático -

O futuro da humanidade está, em grande medida, nas vossas mãos, na vossa

capacidade de vos organizar e promover alternativas criativas na busca diária

dos “3 T” (trabalho, teto, terra), e também na vossa participação como

protagonistas nos grandes processos de mudança nacionais, regionais e

mundiais. Não se acanhem! 11

A radicalização da opção pelos pobres no Papa Francisco atinge seu ápice

quando ele afirma que se deve ter um encontro pessoal com o mundo dos pobres, tocar

na carne sofredora de Cristo presente nessas pessoas (EG 270). Isto nos remete ao

Documento de Aparecida12

, do qual Jorge Mario Bergoglio foi principal redator –

8CNBB. Exigências éticas da ordem democrática. Documento 42, n. 72.

9UDIENZA AI RAPPRESENTANTI DEI MEDIA – 16/03/2013. Disponível

em:<https://w2.vatican.va/content/francesco/it/speeches/2013/march/documents/papa-

francesco_20130316_rappresentanti-media.html. Acesso em: 12 out. 2017. 10

Em face aos países subdesenvolvidos, a Igreja se apresenta como é, e deseja ser, como Igreja de

todos, e particularmente a Igreja dos pobres. Rádio mensagem de João XXIII aos fieis do mundo

inteiro – 11/09/1962. Disponível em:<https://w2.vatican.va/content/john-

xxiii/it/messages/pont_messages/1962/documents/hf_j-xxiii_mes_19620911_ecumenical-

council.html>. Acesso em: 12 out. 2017. 11

Discurso do Papa Francisco aos Movimentos Populares. Disponível em:

<http://pt.radiovaticana.va/news/2015/07/10/discurso_do_papa_aos_movimentos_populares_(texto_inte

gral)/1157336>. Acesso em: 12 out. 2017. 12

CELAM. Documento de Aparecida. São Paulo: CNBB, Paulus e Paulinas, 2007. n. 398. Veja-se

também os n. 395, 396 e 397.

10

TheAR, n.7, p. 4-17, 2019. ISSN 2596-2647 Antonio Aparecido Alves

Só a proximidade que nos faz amigos nos permite apreciar profundamente os

valores dos pobres de hoje, seus legítimos desejos e seu modo próprio de

viver a fé. A opção pelos pobres deve nos conduzir à amizade com os pobres.

Dia a dia os pobres se fazem sujeitos da evangelização e da promoção

humana integral: educam seus filhos na fé, vivem uma constante

solidariedade entre parentes e vizinhos, procuram constantemente a Deus e

dão vida ao peregrinar da Igreja. À luz do Evangelho reconhecemos sua

imensa dignidade e seu valor sagrado aos olhos de Cristo, pobre como eles e

excluído como eles. Desta experiência cristã compartilharemos com eles a

defesa de seus direitos.

O Papa Francisco, além de ter significativamente escolhido esse nome por

causa dos pobres, acentua que a opção preferencial pelos pobres não é uma categoria

sociológica ou cultural, mas teológica, lembrando o que disse o Papa emérito Bento

XVI na abertura da Conferência de Aparecida, de que esta opção está implícita na fé

cristológica, de modo que não se pode seguir Jesus sem fazer esta opção e que ela deve

perpassar transversalmente todas as estruturas e prioridades pastorais (Evangelii

Gaudium, n. 198; cf. Documento de Aparecida, n. 392 e 396).

3.2 A desigualdade social como raiz de todos os males

Um segundo aspecto a ser salientado na DSI do Papa Francisco é a sua

afirmação enfática de que a desigualdade social é a raiz de todos os males. O filósofo

Jean-Jacques Rousseau afirmou na introdução ao - Discurso sobre a origem e os

fundamentos das desigualdades entre os homens - que as únicas formas de

desigualdades admissíveis eram as naturais, como diferença de idade, de saúde, de força

física e das qualidades do espírito, sendo todas as outras produzidas pela sociedade, que

ele chama de diferenças morais ou políticas, as quais seriam os privilégios que gozam

uns em detrimento de outros, a riqueza e a pobreza, entre outras.13

Nos albores da DSI o Papa Leão XIII, em polêmica com os socialistas,

afirmou ser impossível acabar com as desigualdades sociais e que essas, de alguma

forma, eram úteis para a sociedade -

O primeiro princípio a pôr em evidência é que o homem deve aceitar com

paciência a sua condição: é impossível que na sociedade civil todos estejam

elevados ao mesmo nível. É, sem dúvida, isto o que desejam os socialistas;

mas contra a natureza todos os esforços são vãos. Foi ela, realmente, que

estabeleceu entre os homens diferenças tão multíplices como profundas;

diferenças de inteligência, de talento, de habilidade, de saúde, de força;

diferenças necessárias, de onde nasce espontaneamente a desigualdade das

13

ROUSSEAU, Jean-Jacques. Discurso sobre a origem e os fundamentos das desigualdades entre os

homens. São Paulo: Nova Cultural, 2000. p. 51 (Os Pensadores, 2).

11

A Doutrina Social do Papa Francisco

condições. Esta desigualdade, por outro lado, reverte em proveito de todos,

tanto da sociedade como dos indivíduos; porque a vida social requer um

organismo muito variado e funções muito diversas, e o que leva precisamente

os homens a partilharem estas funções é, principalmente, a diferença de suas

respectivas condições. (RN 13)

No desenvolvimento posterior a DSI manteve o entendimento da

desigualdade natural entre as pessoas, mas foi sempre questionando a existência das

desigualdades sociais. O Papa João XXIII dizia serem anacrônicas as teorias que

afirmavam que algumas classes sociais estariam em posição de inferioridade, enquanto

outras desfrutariam de privilégios por causa de sua situação econômica ou social (PT

43). A Constituição Pastoral Gaudium et Spes do Concílio Vaticano II afirmou que a

aspiração mais insistente da humanidade é que haja justiça e que se eliminem as

desigualdades, pois elas constituem um escândalo. (GS 29; 63; 96)

No campo das ciências sociais temos hoje duas posições referentes à

igualdade - igualdade de condições e igualdade de oportunidades. A primeira está

centrada nas classes sociais, enquanto a outra o está nas minorias étnicas e grupos

sociais marginalizados. A primeira vertente busca reduzir o fosso entre as classes

sociais mediante distribuição de renda, enquanto a segunda luta contra as

discriminações que constituem obstáculos à realização do mérito, permitindo a cada um

ter acesso a posições desiguais ao final de uma competição equitativa. 14

O pensamento social do Papa Francisco parece mover-se dentro da

perspectiva da - igualdade de condições, pois o Pontífice não se cansa de denunciar o

sistema econômico como sendo perverso e gerador da desigualdade. Acentua, ainda,

que o fato de se ter nascido em um lugar com poucos recursos e menos

desenvolvimento não significa que se está condenado à pobreza e repete o convite

profético feito por Paulo VI (Octogesima Adveniens 23) para que os países mais ricos

reduzam solidariamente seu padrão de vida para que todos possam ter acesso aos bens

necessários à vida. (EG 190)

O Papa Francisco é incisivo ao dizer – não - a uma economia de exclusão, à

idolatria do dinheiro que governa ao invés de servir e a uma desigualdade social que

gera violência. Por isso, para ele esse sistema é injusto em sua raiz porque promove o

consumismo, a cultura do descartável e gera a desigualdade social. (EG 53; 59)

14

DUBET, F. Repensar la Justicia Social. Contra el mito de la igualdad de oportunidades. Argentina:

Siglo Veintiuno, 2011. p. 99.

12

TheAR, n.7, p. 4-17, 2019. ISSN 2596-2647 Antonio Aparecido Alves

3.3 A questão ecológica vinculada à social.

No âmbito da DSI o Papa Paulo VI tem diversos ensinamentos sobre a

questão ambiental:

a) discurso à FAO (1970),

b) mensagem ao Congresso da JUC italiana em Roma (1971);

c) mensagem ao Congresso Mundial da ONU sobre o meio ambiente em

Estocolmo (1972);

d) contribuições da Santa Sé às Conferencias de Bucarest (1974);

e) Vancouver (1976).

A carta apostólica Octogesima adveniens de 1971 (OA) enumera entre os

problemas daquele tempo a questão do meio ambiente, denunciando a exploração

desmedida da natureza como um grande problema social, pois o homem arrisca destruí-

la e ser ele mesmo degradado (OA 21). João Paulo II, por sua vez, introduziu esta

temática em sua encíclica programática Redemptor Hominis (RH 8 e 15). No texto do

Dia Mundial da Paz de 1990, cujo lema era “Paz com Deus Criador, paz com toda a

criação”, faz uma apreciação dos aspectos morais da questão ecológica. Na encíclica

Solicitudo rei socialis trata da “preocupação ecológica” no contexto do

subdesenvolvimento (SRS 26; 34). Na encíclica Centesimus Annus qualifica

preocupante a falta de respeito à natureza, vinculada ao problema do consumismo (CA

37), claro expoente, por sua vez, da alienação do homem nos países mais desenvolvidos.

Ademais, inclui o respeito à natureza dentro de “uma autêntica ecologia humana”, que

exige o respeito à vida e à família (CA 38-39).

Há quatro anos (18/06/2015) o Papa Francisco apresentava ao mundo a

Carta Encíclica Laudato Si’ sobre o cuidado da casa comum. O título deste documento

remete ao Cântico das Criaturas, de São Francisco de Assis, onde o santo louva o

Criador pelas belezas da natureza. Este documento foi recebido com apreço pela opinião

pública internacional e saudado como uma - encíclica verde -, isto é, uma encíclica que

trataria de questões ligadas à ecologia. No entanto, o Papa Francisco fez questão de

enfatizar que essa é uma encíclica social, porque fala da questão ambiental enquanto

relacionada com a questão social. Aqui está a grande contribuição dessa reflexão na

esteira da DSI, isto é, o nexo profundo entre as agendas social e ambiental, pois tanto a

13

A Doutrina Social do Papa Francisco

experiência comum da vida cotidiana como a investigação científica demonstram que os

efeitos mais graves de todas as agressões ambientais recaem sobre as pessoas mais

pobres (LS 48). Por isso, Paz, Justiça e Conservação da criação são três questões

absolutamente ligadas e que não se podem se separar (LS 92).

A DSI afirma que na origem da questão ambiental está a pretensão da

humanidade de exercer um domínio incondicional sobre as coisas, através de uma

exploração inconsiderada dos recursos da criação. Na encíclica Laudato Si’, o Papa

Francisco chama esse comportamento de - antropocentrismo despótico -, isto é, uma

incorreta interpretação do mandamento do Criador no livro do Gênesis ao homem e

mulher de - dominar a terra -. Contra esse tipo de comportamento baseado em uma

razão instrumental, o Papa Francisco afirma na Encíclica Laudato Si’ que o mundo não

é um problema a se resolver, mas um mistério gozoso que contemplamos na alegria e

louvor (LS 12).

Dentre as propostas levantadas pelo Papa Francisco nesta encíclica está o

apelo a uma mudança no estilo de produção e consumo atualmente determinados pelo

mercado e geradores de necessidades artificiais (LS 26;138; 191), o que João Paulo II

chamou de “conversão ecológica” (Catequese do dia 17 de Janeiro de 2001) e que foi

assumido por ele nesta encíclica (LS 216-221). No que tange às instituições, o Pontífice

pede um compromisso internacional em torno da questão ambiental, para salvaguardar a

vida do Planeta e o direito dos mais pobres.

Em 2016, no dia 1º de setembro, em sua Mensagem para o Dia Mundial de

Oração pelo Cuidado da Criação, o Pontífice acrescentou uma oitava obra a cada um

destes elencos - cuidar da criação -, porque, segundo ele, todas as obras convergem para

o cuidado com a vida. Nas obras de misericórdia corporais, esse cuidado se manifesta

com pequenos gestos de respeito ao meio ambiente; nas obras espirituais, manifesta-se

como um louvor ao Criador por todas as suas obras.

3.4 A transformação da sociedade

A DSI fala timidamente de transformação das estruturas sociais. Pio XI, há

40 anos da Rerum Novarum, falou de - restauração e aperfeiçoamento da ordem social -,

que é o subtítulo da encíclica Quadragesimo anno. O Papa Paulo VI, na Populorum

Progressio, utilizou a expressão “mudança das estruturas”, que às vezes acontecem por

14

TheAR, n.7, p. 4-17, 2019. ISSN 2596-2647 Antonio Aparecido Alves

via revolucionária (n. 31), mas salienta a necessidade de que estas ocorram

paulatinamente, através de iniciativas pessoais, comunitárias e governamentais. João

Paulo II, por sua vez, fala de “pecado social e estruturas de pecado” (Reconciliatio et

Paenitentia 16) e diz ser dever do cristão mudar essas estruturas que obstaculizam o

Reino de Deus (CA 39).

O Papa Francisco indica que a DSI não pode ficar em generalidades -

Os ensinamentos da Igreja acerca de situações contingentes estão sujeitos a

maiores ou novos desenvolvimentos e podem ser objeto de discussão, mas

não podemos evitar de ser concretos – sem pretender entrar em detalhes –

para que os grandes princípios sociais não fiquem meras generalidades que

não interpelam ninguém. É preciso tirar as suas consequências práticas, para

que possam incidir com eficácia também nas complexas situações hodiernas.

(EG 182)

Salienta, ainda, o Pontífice, a dimensão transformadora que comporta a fé

cristã, que não pode ter uma perspectiva individualista -

Uma fé autêntica – que nunca é cómoda nem individualista – comporta

sempre um profundo desejo de mudar o mundo, transmitir valores, deixar a

terra um pouco melhor depois da nossa passagem por ela./.../ Embora «a justa

ordem da sociedade e do Estado seja dever central da política», a Igreja «não

pode nem deve ficar à margem na luta pela justiça».[150] Todos os cristãos,

incluindo os Pastores, são chamados a preocupar-se com a construção dum

mundo melhor. É disto mesmo que se trata, pois o pensamento social da

Igreja é primariamente positivo e construtivo, orienta uma ação

transformadora e, neste sentido, não deixa de ser um sinal de esperança que

brota do coração amoroso de Jesus Cristo. (EG 183)

O discurso aos movimentos populares na Bolívia teve “mudança” como palavra-chave -

1. /.../ Se é assim – insisto – digamo-lo sem medo: Queremos uma mudança,

uma mudança real, uma mudança de estruturas. Este sistema é insuportável:

não o suportam os camponeses, não o suportam os trabalhadores, não o

suportam as comunidades, não o suportam os povos.... E nem sequer o

suporta a Terra, a irmã Mãe Terra, como dizia São Francisco.

Esta mudança não vem de cima para baixo, mas os movimentos populares são

protagonistas, seus semeadores, a partir do que o Papa entende como um processo de

mudança –

1. /.../ “Atrevo-me a dizer que o futuro da humanidade está, em grande

medida, nas vossas mãos, na vossa capacidade de vos organizar e promover

alternativas criativas na busca diária dos “3 T” (trabalho, teto, terra), e

também na vossa participação como protagonistas nos grandes processos de

mudança nacionais, regionais e mundiais. Não se acanhem!

2. Vós sois semeadores de mudança. Aqui, na Bolívia, ouvi uma frase de que

gosto muito: «processo de mudança». A mudança concebida, não como algo

que um dia chegará porque se impôs esta ou aquela opção política ou porque

se estabeleceu esta ou aquela estrutura social. Sabemos, amargamente, que

uma mudança de estruturas, que não seja acompanhada por uma conversão

sincera das atitudes e do coração, acaba a longo ou curto prazo por

15

A Doutrina Social do Papa Francisco

burocratizar-se, corromper-se e sucumbir. Por isso gosto tanto da imagem do

processo, onde a paixão por semear, por regar serenamente o que outros

verão florescer, substitui a ansiedade de ocupar todos os espaços de poder

disponíveis e de ver resultados imediatos. Cada um de nós é apenas uma

parte de um todo complexo e diversificado interagindo no tempo: povos que

lutam por uma afirmação, por um destino, por viver com dignidade, por

«viver bem».

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Infelizmente algumas pessoas olham com desconfiança a DSI por julgarem-

na reacionária e favorável à manutenção do status quo burguês. Para outras, esta é uma

temática enfadonha por causa de citações de documentos de Igreja e nomes de Papas. O

Papa João XXIII, em 1961, pedia que essa doutrina fosse conhecida e praticada por

todos os filhos da Igreja e pessoas de boa vontade, insistindo para que fosse ensinada

nas paróquias, bem como nas escolas e universidades católicas e associações de leigos

(MM 220-222). Atualmente o Papa Francisco tem recomendado também no estudo e

aprofundamento da DSI (EG 184), sobretudo aos jovens, lançando em Cracóvia o

Docat, o compêndio da DSI para jovens, pedindo que eles fossem a DSI viva e em

movimento. O fato é que a DSI ganha em visibilidade com o atual Pontífice, não

somente pelos seus ensinamentos, mas pelo que ele é. Vida longa ao Papa Francisco.

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