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1 Faculdade Boa Viagem Centro de Pesquisa e Pós-Graduação – CPPA Mestrado Profissional em Gestão Empresarial - MPGE José Eduardo Pereira de Lima A educação corporativa no desenvolvimento das competências gerenciais: o caso do Programa Diálogo do Banco do Brasil. Recife, 2011

A educação corporativa no desenvolvimento das ... · fundamentação teórica faz conexão entre gestão estratégica do conhecimento, educação corporativa, ... Educação Corporativa

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Faculdade Boa Viagem

Centro de Pesquisa e Pós-Graduação – CPPA

Mestrado Profissional em Gestão Empresarial - MPGE

José Eduardo Pereira de Lima

A educação corporativa no desenvolvimento das competências gerenciais:

o caso do Programa Diálogo do Banco do Brasil.

Recife, 2011

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José Eduardo Pereira de Lima

A educação corporativa no desenvolvimento das competências gerenciais:

o caso do Programa Diálogo do Banco do Brasil.

Orientadora: Profª. Lúcia Maria Barbosa de Oliveira, Ph.D.

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Profissional em

Gestão Empresarial da Faculdade Boa Viagem, como requisito

complementar para obtenção do grau de Mestre em Gestão

Empresarial.

Recife, 2011

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Agradecimentos

Minha mãe é a principal culpada. Nada aconteceria se ela não tivesse propiciado tudo

do melhor prá mim. Mas aqui não adianta me estender muito, já que a dívida é impagável

mesmo...

Cristina, minha esposa, o melhor capítulo da minha vida. Como ainda temos muito

tempo, escolhi como principal missão na vida fazê-la feliz. Até porque só isso me fará feliz.

Luís Eduardo, com o qual muitas vezes dividi o quarto para estudarmos juntos. Como

é possível um filho ser do jeito que idealizamos? Incrível, mas é possível...

Outros agradecimentos

À professora Lúcia Barbosa, minha orientadora, pelo interesse, paciência e atenção.

Sua participação foi fundamental para o desenvolvimento do trabalho do início ao fim.

À professora Dorinha, da banca examinadora, pelas observações pertinentes e

precisas, e pelas aulas agradáveis de bons debates.

Aos colegas de Mestrado, pelo convívio alegre, amigo e solidário.

Aos colegas do Banco do Brasil, com os quais trabalhei ao longo desses 30 meses,

pela compreensão e suporte nas ausências necessárias.

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É preciso que entendam que a formação é permanente. Não existe formação momentânea. Formação do começo. Formação do fim. Formação é uma experiência que não pára nunca.

Paulo Freire.

As organizações que aprendem são possíveis não só

porque aprender faz parte da natureza humana, mas

também porque adoramos aprender.

Peter Senge

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Resumo

Este trabalho tem como objetivo investigar o papel da educação corporativa para o

desenvolvimento das competências gerenciais no Banco do Brasil. Trata-se de pesquisa

descritiva, com estudo de caso único: o Programa Diálogo, da UniBB, orientado para

promover o desenvolvimento das sete competências gerenciais identificadas pela empresa. A

fundamentação teórica faz conexão entre gestão estratégica do conhecimento, educação

corporativa, universidade corporativa, o modelo de gestão por competências e o

desenvolvimento de competências gerenciais. Foram utilizados métodos de coleta de dados

combinados: pesquisa documental, observação participante, questionário aplicado à

população e entrevistas online. Participaram da pesquisa os gestores do Banco do Brasil no

estado de Pernambuco que concluíram o Programa Diálogo. A pesquisa verificou

convergência, de mediana para forte, entre o planejamento da empresa e a percepção dos

gestores sobre a adequação do portfólio das sete competências gerenciais. Manifestam

também uma percepção de mediana para forte quanto ao Programa Diálogo atender às

necessidades de desenvolvimento desse portfólio de competências. Os gestores indicam alto

grau de reconhecimento das oportunidades de formação disponibilizadas pelo Banco do

Brasil, mesmo indicando que essa formação precisa ser complementada com fontes externas.

Os dados destacam o convívio com outros colegas gestores e/ou superiores, a prática da

atividade gerencial, a formação acadêmica, e a educação corporativa como as principais

fontes para o desenvolvimento das competências gerenciais. Há uma forte crença de que

ações para o desenvolvimento de competências gerenciais são de importância estratégica para

a empresa, mas um programa nesse sentido deve ter caráter continuado e permanente.

Reportando ao objetivo da pesquisa, os gestores participantes do Programa Diálogo em

Pernambuco reconhecem como de moderada para forte a contribuição da educação

corporativa para o desenvolvimento das sete competências gerenciais identificadas pelo

Banco do Brasil, percebendo fragilidades, limitações ou carências apontadas na pesquisa, que

devem ser superadas pela UniBB e pela empresa.

Palavras-chave: Gestão do Conhecimento. Educação Corporativa. Universidade Corporativa.

Gestão por Competências. Competências Gerenciais.

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Abstract

This work aims to investigate the role of education corporate development of managerial

skills in Bank of Brazil. It is descriptive, with single case study: the Dialogue Program, the

UniBB, oriented to promote the development of the seven managerial competencies identified

by the company. The theoretical foundation makes connection between strategic knowledge

management, education corporate, corporate university, the management model skills and

develop managerial skills. Were used methods of data collection combined: documentary

research, participant observation, questionnaire and interviews to the population

online. Managers of Bank of Brazil in the state Pernambuco who completed the program

Dialogue participated of the research. The investigation verified convergence, of medium to

strong, from business planning and perception of managers about the adequacy of the

portfolio of the seven managerial skills. Also express a sense of median strong as the program

meet the needs of Dialogue development of this portfolio of skills. Managers indicate high

degree of recognition of training opportunities available for the Bank of Brazil, even

indicating that such training needs to be supplemented by external sources. The data highlight

the interaction with fellow managers and/or above, the practice of the activity management,

the academic and the corporate education as main sources for the development of managerial

skills. There is a strong belief that actions to develop skills management are of strategic

importance for the company, but a program in this sense must have permanent and continuous

nature. Reporting to purpose of the research, the managers participating in the Program

Dialogue in Pernambuco recognize as moderate to strong contribution of corporate education

for the development of the seven skills management identified by the Bank of Brazil, sensing

weakness, limitations or deficiencies noted in the research, which must be overcome for

UniBB and the company.

Keywords: Knowledge Management. Corporate Education. Corporate University.

Competency Management. Management Skills.

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Lista de Figuras

Figura 1: Desenho da pesquisa. ................................................................................................ 61

Figura 2: Gênero no quadro gerencial. ..................................................................................... 84

Figura 3: Gênero no quadro total da empresa. ......................................................................... 84

Figura 4: Faixa etária dos gestores. .......................................................................................... 85

Figura 5: Escolaridade entre os gestores. ................................................................................. 86

Figura 6: Escolaridade no quadro total da empresa. ................................................................ 87

Figura 7: Tempo de empresa dos gestores pesquisados. .......................................................... 88

Figura 8: Domínio das sete competências gerenciais antes do Programa Diálogo. ................. 92

Figura 09: Abordagem das competências no conteúdo das suas disciplinas específicas. ........ 94

Figura 10: Percepção dos gestores sobre o cumprimento do objetivo de cada disciplina. ...... 95

Figura 11: Aprimoramento das competências gerenciais com o Programa Diálogo. .............. 97

Figura 12: Dificuldades verificadas durante a participação no Programa Diálogo. ............... 101

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Lista de Quadros

Quadro 01: Conceitos de aprendizagem organizacional................................................ 032

Quadro 02: Conceitos de organizações de aprendizagem.............................................. 033

Quadro 03: Conhecimento explícito e conhecimento tácito.......................................... 034

Quadro 04: Processos de conversão do conhecimento.................................................. 035

Quadro 05: Mudança de paradigma do treinamento para a aprendizagem.................... 039

Quadro 06: Princípios de sucesso da educação corporativa.......................................... 040

Quadro 07: Características na formação das universidades corporativas...................... 042

Quadro 08: Princípios-chave do modelo de universidade corporativa.......................... 044

Quadro 09: Construindo um conceito de competência organizacional......................... 048

Quadro 10: Níveis de ocorrência das competências...................................................... 050

Quadro 11: Tipologias para as competências gerenciais............................................... 056

Quadro 12: Evolução histórica da educação corporativa no Banco do Brasil............... 073

Quadro 13: Disciplinas do Programa Diálogo e as competências gerenciais................ 076

Quadro 14: Objetivos e conteúdos das disciplinas do Programa Diálogo..................... 078

Quadro 15: Descrição das competências fundamentais do Banco do Brasil................. 081

Quadro 16: Descrição das competências gerenciais do Banco do Brasil...................... 082

Quadro 17: Adequação do portfólio de competências gerenciais do Banco do Brasil.. 089

Quadro 18: Atendimento aos objetivos das disciplinas................................................. 090

Quadro 19: Domínio das competências antes do Programa Diálogo............................ 093

Quadro 20: Abordagem das competências e conteúdo das disciplinas.......................... 092

Quadro 21: Aprimoramento das competências gerenciais............................................. 097

Quadro 22: Condições de trabalho e exercício da aprendizagem.................................. 098

Quadro 23: Dificuldades dos participantes no Programa Diálogo................................. 100

Quadro 24: Questões observadas pelos participantes no Programa Diálogo................. 102

Quadro 25: Contribuição das fontes de desenvolvimento de competências.................. 105

Quadro 26: Percepção dos gestores sobre a educação à distância................................. 107

Quadro 27: Questões da pesquisa – objetivo específico 3............................................. 108

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Lista de abreviaturas e siglas

AI: Alinhamento Institucional.

BB: Banco do Brasil S/A.

ECBB: Estratégia Corporativa Banco do Brasil.

EG&L: Estilo de Gestão e Liderança.

FGV: Fundação Getúlio Vargas.

GDC: Gestão do Desempenho por Competências.

IES: Instituição de Ensino Superior.

L&PD: Lógica e Processo Decisório.

QVT: Qualidade de Vida no Trabalho.

RSA: Responsabilidade Sócio-Ambiental.

T&D: Treinamento e Desenvolvimento.

UC: Universidade Corporativa.

UFRH: Unidade de Função Recursos Humanos.

UniBB: Universidade Corporativa Banco do Brasil.

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Sumário

1. Introdução ......................................................................................................................... 12

1.1 Colocação do Problema ............................................................................................. 15

1.2 Objetivo Geral ........................................................................................................... 21

1.3 Objetivos Específicos ................................................................................................ 21

1.4 Justificativas Teóricas ................................................................................................ 22

1.5 Justificativas Práticas ................................................................................................. 23

2. Fundamentação Teórica .................................................................................................... 25

2.1 A gestão do conhecimento nas organizações ............................................................ 25

2.2 A educação corporativa e as universidades corporativas .......................................... 37

2.3 A gestão por competências ........................................................................................ 45

2.4 As competências gerenciais ....................................................................................... 55

3.1 Natureza da pesquisa ................................................................................................. 60

3.1 Desenho da pesquisa .................................................................................................. 60

3.2 Participantes do estudo .............................................................................................. 62

3.3 Método de coleta de dados ........................................................................................ 63

3.4 Pré-teste ..................................................................................................................... 68

3.5 Tratamento dos dados ................................................................................................ 68

3.6 Limites da pesquisa ................................................................................................... 69

3.7 Limitações da pesquisa .............................................................................................. 70

4 Análise e discussão dos dados .......................................................................................... 71

4.1 O Banco do Brasil, a UniBB, e o Programa Diálogo ................................................ 71

4.2 Dados demográficos dos participantes ...................................................................... 83

4.3 Objetivo específico 1 ................................................................................................. 89

4.4 Objetivo específico 2 ............................................................................................... 102

4.5 Objetivo específico 3 ............................................................................................... 107

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5 Conclusões ...................................................................................................................... 111

5.1 Sugestões para trabalhos futuros ............................................................................. 115

Referências ............................................................................................................................. 116

Anexos. ................................................................................................................................... 121

Apêndices ............................................................................................................................... 125

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1. Introdução

A educação corporativa tem fortalecido sua condição de fundamento estratégico da gestão

de pessoas. Esse patamar de importância, segundo Marcondes (2008), evolui na mesma

medida em que o conhecimento e a aprendizagem passaram a ser os elementos essenciais na

criação e desenvolvimento de novas competências profissionais.

Essa ampliação da importância da educação corporativa a insere com destaque entre os

“componentes organizacionais da competitividade”, a que se refere Ulrich (1998):

historicamente, na busca pela competitividade, os teóricos propuseram uma série de

alternativas, ligadas à estratégia, marketing, foco no cliente, tecnologia, reengenharia,

qualidade. Porém, desde a década de 1990, tem-se dado atenção crescente aos “componentes

organizacionais da competitividade” – que incluem a organização em si, suas principais

competências e de seu pessoal, a cultura organizacional, os valores comuns, o conhecimento e

o aprendizado. Esses fatores organizacionais têm passado desde então a ocupar o centro da

busca pela competitividade.

Esse leque de fatores organizacionais, onde situa-se a educação corporativa, tem relação

estreita com a gestão do conhecimento. Para Drucker (1993), o domínio do conhecimento é a

grande mudança paradigmática que funda a sociedade pós-capitalista. Assume a condição de

recurso mais relevante que terra, capital e trabalho. Sem que esses elementos históricos da

produção desapareçam, o conhecimento se instala como recurso decisivo na medida em que

os fatores organizacionais são a nova fronteira da busca pela produtividade no mundo do

trabalho.

O cenário atual confirma que as variáveis da produtividade deslocaram-se para os fatores

organizacionais, que envolvem as pessoas, suas competências e relações (BANCO DO

BRASIL, 2011).

É nesse cenário que a educação corporativa assume relevância perante as demais funções

da gestão de pessoas (EBOLI, 2004). A realidade competitiva experimentada nessa primeira

década do século XXI traz desafios para as organizações que apenas são possíveis de serem

superados com um projeto estratégico, permanente e efetivo de educação corporativa.

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Garvin et al (1998, p.21) notam que “o aprendizado passa a ser planejado e administrado

para que ocorra de maneira rápida, sistemática e alinhada aos objetivos estratégicos da

empresa e a formação de vantagem competitiva”. O desafio de garantir essa vantagem

competitiva é uma tarefa complexa e multidisciplinar. Para sua efetividade, deve fazer

convergir educação, gestão de pessoas e estratégia empresarial.

A educação corporativa se consolida então como a caixa de ferramentas com os recursos

necessários para instrumentalizar a ação estratégica na superação desses desafios. Eboli

(2004) acredita que emerge daí a idéia da universidade corporativa como veículo eficaz para o

alinhamento e desenvolvimento dos talentos humanos de acordo com as estratégias

empresariais.

A educação empresarial – e sua institucionalização através da universidade corporativa -

precisa ser um instrumento de formação de valores, de reconhecimento da diversidade, de

síntese da cultura organizacional, de disseminação da visão de futuro da empresa, de

estruturação dos referenciais de gestão, de exploração dos eixos transversais do

conhecimento, e de fomento da espiritualidade corporativa. Se a escola e a família tem seu

papel, a empresa pode ser um outro instrumento de formação para o homem através da

educação corporativa. “(...) fico inclinada a imaginar que serão as empresas que darão o tom

do sistema educacional nos próximos tempos”. (EBOLI, 2004, p.36)

Ao mesmo tempo, e sempre associado aos temas educação corporativa e gestão do

conhecimento, o modelo de gestão por competências se dissemina entre as práticas mais

utilizadas pelas principais corporações. Desenvolver competências tornou-se prioridade

(SABAG, 2007). Uma prática de gestão que depende, para sua eficácia, de aprendizagem

organizacional permanente e continuada. Isso porque, conforme Sabbag (2007, p.45), “na

noção de empresas baseadas em recursos, a efetividade estratégica depende sobretudo da

existência de competências centrais na organização para distingui-la de suas concorrentes.”

Com isso, os talentos e a sua formação integral tornam-se o centro das atenções.

Ruas (2001, p.247), ao abordar a gestão por competências, ressalta que “parece não haver

dúvida acerca da importância do papel gerencial no processo de mudança, especialmente no

que concerne a tarefa de internalizá-la no ambiente organizacional”.

Ao realizar sua categorização das competências, Ruas (2001, p.247) entende que “a

dimensão competência gerencial exerce uma importante função na mobilização das outras

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dimensões das competências organizacionais”. O desenvolvimento das competências

gerenciais assume então condição decisiva para a fundação e continuidade de um modelo

baseado na gestão por competências, adequado para a condução dos negócios em cenário de

mudança permanente.

Essas duas abordagens – gestão do conhecimento e gestão por competências –

apresentam-se em evidência crescente nos meios acadêmicos e empresariais neste novo

milênio (CARBONE, 2009). Invariavelmente estão conectadas, e a instrumentalização de

uma requer a compreensão da outra.

A próxima seção apresenta a contextualização dessas questões relacionadas à educação

corporativa e desenvolvimento de competências gerenciais no âmbito de uma corporação – o

Banco do Brasil – e de sua Universidade Corporativa; com ênfase no seu “Programa Diálogo

– práticas para a transformação”, patrocinado por essa empresa e orientado para seu segmento

gerencial. Pelo elevado investimento, ousadia dos objetivos e abrangência do conteúdo, o

Programa Diálogo representa uma experiência de educação corporativa relevante para o

estudo do desenvolvimento das competências gerenciais e a efetividade dessas ações.

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1.1 Colocação do Problema

A sociedade e o mercado experimentam transformações marcantes na primeira década do

século XXI. Fleury (2002) indica os fatores mais notáveis desse período histórico:

aprofundamento da competitividade; mudanças como fator permanente; novas tecnologias e

inovação; emergência de atores e forças locais e globais; afirmação de valores sociais.

A orientação institucional das corporações passa por uma crescente convergência com a

sociedade e seus valores. A lógica estritamente financeira, embora continue (e continuará)

válida, é moderada por novos referenciais observados a partir da sociedade. As empresas

agora são convocadas e cobradas a buscar convergência com valores da sociedade:

sustentabilidade e ecoeficiência; governança e ética; cidadania e inclusão social; meio

ambiente e consumo responsável; diversidade e equidade; novos direitos civis; qualidade de

vida no trabalho – QVT; gestão de pessoas estratégica e humanizadora; educação no trabalho.

Senge (2009, p.29) avalia esses novos valores quando percebe que “o trabalho evoluiu de uma

visão instrumental, em que era apenas um meio para um fim, para uma visão mais ‘sagrada’,

em que as pessoas buscam seus benefícios intrínsecos”.

Leite (2006) enfatiza que a empresa passa a ser vista como um conjunto de relações

que cria valor; um organismo que funciona a partir de processos permanentes de

aprendizagem. O autor sustenta a evidência desses paradigmas organizacionais, que

requalificam o trabalho e colocam a aprendizagem como seu eixo de sustentabilidade.

Especificamente em relação à educação nas organizações, Senge (2009, p.21) aponta

que “as práticas de aprendizagem organizacional, que havia 15 anos se limitavam a uns

poucos pioneiros, criaram raízes mais profundas e se espalharam”.

Em outra tentativa de caracterizar esse ambiente, Marcondes (2008, p.260) refere-se

ao trabalhador do conhecimento: “aquele que detém mais autonomia, que inova

continuamente o seu trabalho, que busca um aprendizado permanente, que se compromete

com a alta qualidade do desempenho e com os resultados da organização como um todo”. É a

qualidade desse trabalhador em transformação que traz novas exigências para a

profissionalização.

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Na mesma linha, Ribeiro (2003, p.27) já percebia um ambiente organizacional que

requer um trabalhador descrito como “pensante, criativo, proativo, analítico, com habilidade

para resolução de problemas e tomada de decisões, capacidade de trabalho em equipe e em

total contato com a rapidez de transformação e a flexibilização dos tempos atuais”.

Entre a última década do século XX e a primeira década do século XXI se consolidam

esse cenário e esse trabalhador qualitativamente diferenciado. A gestão do conhecimento

passa a ser fator primordial para angariar sucesso no meio dessas novas exigências. É o que

Drucker (1994) designou como a “sociedade do conhecimento”, radicalmente diversa da

industrial, uma sociedade em que a aquisição e a aplicação do conhecimento passarão a

formar os fatores competitivos mais importantes.

Observando a partir de uma perspectiva histórica, Sabbag (2007) lembra que o

conhecimento sempre foi importante em todas as fases da história da humanidade, com

caráter exclusivista, mas agora assume condição decisiva porque precisa ser disseminado e

recriado por milhões de trabalhadores.

Nesse contexto histórico - que impõe a gestão do conhecimento como fator estratégico

decisivo - a educação corporativa assume valor de fundamento expoente da gestão de pessoas.

Trabalho e aprendizagem estão integrados. Não há mais como sustentar a divisão entre tempo

de aprender e tempo de fazer. Eboli (2004, p.18) constata que “(...) rompe-se a cisão existente

entre tempo e espaço de aprendizagem e de trabalho. A idéia de que uma pessoa primeiro se

forma em um estabelecimento escolar e depois trabalha numa empresa ou organização

também não faz mais tanto sentido como no passado”. A autora ainda junta essa visão com a

necessidade de um modelo de educação corporativa integrado às novas exigências estratégicas

que já foram apontadas:

A idéia de uma abordagem mais holística que contemple o trabalho manual e mental, que integre forma e conteúdo, saber e fazer, trabalho e cidadania, tem surgido com a tendência moderna de se considerar, na análise do ambiente das organizações, todos os chamados stakeholders. Nesse contexto a empresa precisa formar seus quadros para atuar de forma harmônica com o meio em que está inserida. (EBOLI, 2004, p.18)

Esse ambiente empresarial requer também pessoas qualitativamente diferenciadas para

o enfrentamento de suas demandas de trabalho, como descreveram Marcondes (2008),

Ribeiro (2003) e Eboli (2004). Ribeiro (2003, p.27) problematiza sobre esse trabalhador:

“Mas como conseguir isso? Como desenvolver essas competências? Como contribuir para a

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construção de profissionais autônomos? Como manter as organizações atualizadas? Como

transformar o ambiente de trabalho em um ambiente de aprendizagem permanente?”

É no confronto dessas interrogações que a educação corporativa assume condição

estratégica no espaço empresarial. Ela tem o potencial e as ferramentas para realizar a

articulação das estratégias organizacionais com a gestão do conhecimento nas empresas. Gera

a possibilidade dessas empresas construírem seus próprios processos de capacitação do

pessoal com vistas “à sua manutenção no mercado como instituições ativas, cidadãs e

competitivas” (RIBEIRO, 2003, p.28).

Foi assim que, segundo Eboli (2004), esse tema – educação corporativa - surgiu

primeiro no mundo corporativo, para depois ganhar espaço no mundo acadêmico. Faz-se

necessário delimitar e conceituar esse fundamento da gestão de pessoas, e entender como

pode ser desenvolvido para servir à estratégia corporativa e permitir o reconhecimento da área

perante o conjunto da empresa.

Percebendo esse movimento, Meister (1999) já indicava que as organizações estão

cada vez mais entrando no setor de educação a fim de assegurar sua própria sobrevivência no

futuro. Para a autora, as Universidades Corporativas (UCs) lideram esse caminho.

O surgimento das UCs remonta há duas décadas, tendo como pioneiras as norte-

americanas Motorola University, a GE Crotonville e a Disney University. No Brasil, inúmeras

UCs são criadas a partir da segunda metade da década de 1990, algumas delas inspiradas nas

matrizes no exterior. (MARCONDES, 2008)

Tendo uma UC como agência integradora de suas ações educacionais, a educação

corporativa se incorpora progressivamente com maior força como mecanismo para estratégias

organizacionais efetivas, assim entende Ribeiro (2003). A relevância de alguns projetos de

UC é tal que já começam a chamar a atenção do mundo acadêmico, constituindo-se em novo

diferencial na qualificação da reputação das corporações.

Ao avaliar esse movimento empresarial para projetos de educação no trabalho, Meister

(1999) identifica que:

(...) um número crescente de empresas começou a perceber a necessidade de transferir o foco de seus esforços de treinamento de eventos únicos em uma sala de aula, cujo objetivo é desenvolver qualificações isoladas, para a criação de uma cultura de aprendizagem contínua, em que os funcionários aprendem uns com os outros e compartilham inovações e melhores práticas com o objetivo de solucionar problemas empresariais reais. (MEISTER, 1999, p.21)

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A mesma autora já constatava que as empresas que consolidaram uma experiência de UC

adotam em paralelo um modelo de gestão de pessoas articulado por competências.

(MEISTER, 1999)

Fleury (2002) demonstra que a ênfase na competitividade, a partir da década de 1980,

direciona de forma decisiva toda a teoria organizacional e cria as bases do surgimento dos

modelos de gestão de pessoas baseados em competências. Esses dois temas – universidade

corporativa e gestão por competências – apresentam-se invariavelmente em paralelo.

Essa constatação é ratificada por Xavier (2007, p.33), quando percebe a estreita

vinculação entre educação corporativa e gestão por competências: “(...) a adoção de um

sistema de gestão por competências configura a necessidade da sua estreita vinculação com a

área de educação, pois a capacitação é fundamental para o desenvolvimento de competências

conciliadas às necessidades das estratégias organizacionais.”

Em sua análise, Fleury (2001) constata que a partir da identificação de suas competências

essenciais, a organização passa em seguida a identificar e desenvolver as competências

individuais, num processo de desdobramento sucessivo, tendo sempre como referência sua

estratégia corporativa.

No Brasil, a abordagem das competências encontra um caminho próprio, orientado, claro,

pela experiência internacional. É possível apresentar, nesse percurso, a existência de um

enfoque brasileiro de competência individual: conhecimentos, habilidades e atitudes,

entregues para a organização e que agregam valor econômico para a organização e valor

social ao indivíduo (FLEURY, 2001).

No Banco do Brasil, por exemplo, a Universidade Corporativa Banco do Brasil (UniBB)

está nessa condição como espaço para a criação e disseminação do conhecimento dentro de

um modelo de gestão de pessoas articulado por competências. Estrategicamente posicionada,

reúne as condições para promover o desenvolvimento das competências vitais à continuidade

da empresa. Uma vez identificadas as competências organizacionais da empresa, foi possível

levantar quais são os conhecimentos, habilidades e atitudes que seus empregados devem

possuir, e que os capacitam a contribuir para a realização dos objetivos estratégicos, o

atingimento de resultados e a concretização da visão de futuro da organização (BANCO DO

BRASIL, 2011).

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Fleury (2001), Ruas (200), assim como Banco do Brasil (2011), categorizam as

competências individuais em: competências fundamentais (gerais, de domínio de todos os

funcionários), específicas, e gerenciais (próprias do segmento gerencial).

As competências gerenciais, por sua vez, exercem uma importante função na mobilização

das demais competências (essenciais/organizacionais, específicas e fundamentais), esclarece

Ruas (2001). Gerentes são chamados a conduzir processos complexos, multidisciplinares,

envolvendo equipes e recursos que precisam ser mobilizados de forma articulada e alinhada

com a estratégia formulada pela empresa. Assim, as competências gerenciais funcionam como

catalizadoras da ação das demais competências.

No entendimento de Moraes et al (2004), a consolidação da aprendizagem gerencial como

uma área de pesquisa e prática no campo das organizações está relacionada, principalmente,

com a necessidade de criação de sistemas mais eficientes e responsáveis na tarefa de ajudar os

executivos a aprenderem, de modo que eles possam lidar com os desafios diários de seu

trabalho.

O Programa Diálogo, por exemplo, criado em 2008, se propõe a ser uma ferramenta de

revisão e reflexão sobre as práticas gerenciais no sentido da sustentabilidade para o Banco do

Brasil (BANCO DO BRASIL, 2008). Trata-se de um programa de desenvolvimento de

competências gerenciais com a proposta de promover formação para todos os gestores de

unidades da empresa. A análise de sua eficácia é de importância para a avaliação da educação

corporativa como instrumento de melhoria da gestão na empresa.

Inserida num modelo de gestão de pessoas articulado por competências, o objeto

específico de estudo será a Universidade Corporativa Banco do Brasil – UniBB, com ênfase

em seu “Programa Diálogo – práticas para a transformação”, construído sob encomenda pela

Fundação Getúlio Vargas – FGV Online, para os gestores do Banco do Brasil. O Programa de

treinamento é constituído de cinco abordagens temáticas: Lógica e Processo Decisório; Estilo

de Gestão e Liderança; Saúde e QVT; Alinhamento Institucional; e Educação.

Ao abordar o Programa Diálogo em seu artigo, Leite (2009) relata que de acordo com a

linha de orientação adotada pelo Banco do Brasil, as competências representam combinações

sinérgicas de conhecimentos, habilidades e atitudes expressadas no desempenho profissional,

dentro de determinado contexto ou estratégia organizacional. A partir dessa perspectiva, estão

definidas as competências gerenciais do Banco, cuja responsabilidade pelo desenvolvimento

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cabe à Diretoria de Gestão de Pessoas. O objetivo do programa Diálogo é justamente

desenvolver e fortalecer essas competências dos gestores do Banco do Brasil (LEITE, 2009),

identificadas pela empresa em número de sete e abaixo descritas:

1 - Estimula e valoriza a participação dos funcionários nas decisões, incentivando o diálogo, a

troca de idéias e o compartilhamento de conhecimentos.

2 - Orienta a atuação da equipe com foco nas estratégias, resultados e princípios de

responsabilidade socioambiental do Banco, compartilhamento de informações necessárias

para a realização do trabalho.

3 - Promove o desenvolvimento da equipe, comunicando suas expectativas sobre o

desempenho das pessoas, fornecendo feedback freqüente para aprimoramento e oferecendo

oportunidades de capacitação.

4 - Implementa, em conjunto com a equipe, ações voltadas para o bem-estar no trabalho e

melhoria contínua da qualidade de vida.

5 - Negocia com clientes (internos e externos), de forma transparente, buscando estabelecer

acordos que atendam aos interesses das partes.

6 - Toma decisões adequadas, em tempo hábil, analisando o contexto e os objetivos da

Unidade.

7 - Coordena os processos da sua equipe, identificando desvios e implementando ações de

melhoria. (BANCO DO BRASIL, 2011)

Mostra-se pertinente para a empresa avaliar a efetividade das ações de educação

corporativa – a partir da análise dos resultados do programa Diálogo – como instrumento

estratégico para a sustentabilidade da organização a partir do desenvolvimento das

competências gerenciais.

Delimitada no contexto até aqui apresentado, firma-se a seguinte questão de pesquisa:

Como a educação corporativa promove o desenvolvimento das sete competências

gerenciais identificadas pelo Banco do Brasil, na percepção dos gestores participantes do

Programa Diálogo no Estado de Pernambuco?

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1.2 Objetivo Geral

Investigar a contribuição da educação corporativa para o desenvolvimento das sete

competências gerenciais identificadas pelo Banco do Brasil, na percepção dos gestores

participantes do Programa Diálogo no Estado de Pernambuco.

1.3 Objetivos Específicos

1 – Analisar a convergência do planejamento da empresa com a percepção dos gestores

participantes do Programa Diálogo no estado de Pernambuco sobre o portfólio de

competências gerenciais.

2 – Avaliar as crenças dos gestores participantes do Programa Diálogo no estado de

Pernambuco sobre as oportunidades de educação corporativa que lhes são disponibilizadas

para o desenvolvimento das competências gerenciais.

3 – Verificar a contribuição estratégica para a empresa de uma ação de educação corporativa

para o desenvolvimento de competências gerenciais, na percepção dos gestores participantes

do Programa Diálogo no estado de Pernambuco.

22

1.4 Justificativas Teóricas

Abordar temas novos é importante para a formação de novas análises e revisão de

caminhos. Esses dois temas – educação corporativa e gestão por competências – têm sido

objeto de muitos estudos, análises e pesquisas, tanto no exterior quanto no Brasil. Mas é

importante desenvolver uma análise do seu embricamento, visto que se manifestam sempre de

forma conectada, por vezes um como decorrência da opção pelo outro. Alguns autores já

demonstram essa preocupação, e esse trabalho reflete essa necessidade de aprofundamento.

Os temas relacionados à educação corporativa, sobretudo a abordagem sobre

universidades corporativas, carecem de aprofundamento e diversificação de análises no meio

acadêmico. Validar uma experiência de universidade corporativa contribui para o avanço

dessa compreensão teórica, e estimula a diversificação através da motivação para outros

estudos posteriores que aprofundem o tema.

Fleury (2001) aponta a necessidade de convergência entre o valor agregado para a

empresa e para os indivíduos nos programas de desenvolvimento de competências. Uma outra

justificativa teórica busca justamente apontar em que medida se dá essa convergência no

Programa Diálogo, contribuindo para constatar a validade daquela premissa na elaboração e

aplicação desse programa. A partir da estratégia corporativa da empresa, algumas

competências são enaltecidas como essenciais para o alinhamento e a construção de

resultados. Mas cabe analisar se há convergência desse planejamento da empresa com as

percepções dos gestores sobre o portfólio de competências, em que medida estão sendo

desenvolvidas, agregando valor para a empresa ao mesmo tempo em que contribuem para o

desenvolvimento individual dos participantes.

As justificativas teóricas acima apresentadas têm em comum a contribuição de apresentar

a percepção dos gestores acerca de cada abordagem. Essa análise enriquece o repertório

teórico já existente, trazendo a compreensão da visão e entendimento daqueles que são objeto

do processo de aprendizagem, mas também viabilizam a ação nas unidades em que atuam.

23

1.5 Justificativas Práticas

O foco na especificidade da relação entre educação corporativa e desenvolvimento de

competências gerenciais, tendo como objeto o Programa Diálogo, da UniBB, possibilita o

alcance de resultados práticos de interesse para os entes envolvidos. Primeiro, permite a

elaboração de uma ferramenta que investigue a efetividade do desenvolvimento de

competências gerenciais. Sendo esse um dos principais eixos dos currículos de educação

corporativa, a pesquisa serve de referência para novas ações nesse sentido.

Considerando que será abordado especificamente o desenvolvimento de competências

gerenciais, uma segunda justificativa envolve a cristalização da percepção que os gestores

possuem acerca de suas experiências e contatos com a educação corporativa, com a própria

UniBB e com o Programa Diálogo. Para a UniBB, é relevante avaliar o alcance de suas ações

no meio gerencial da empresa, e as crenças que esses gestores possuem acerca das

oportunidades de educação corporativa que lhes são disponibilizadas. A compreensão dessa

percepção é fundamental para seu confronto com as premissas teóricas que norteiam a

construção dos programas de desenvolvimento de competências gerenciais.

Desenvolver uma pesquisa no âmbito da Educação Corporativa, mesmo que com foco

específico numa empresa, pode ampliar a visão e compreensão dessa área como parceira

estratégica. No âmbito do Banco do Brasil, ainda são desconhecidos trabalhos que avaliem o

Programa Diálogo, instituído pela empresa em 2008. Assim, tornar claras as implicações e

resultados de uma ação relevante de educação corporativa contribui para demonstrar a

contribuição estratégica que essa área pode oferecer para a empresa.

O Banco do Brasil passa a dispor de uma avaliação aprofundada de seu Programa

Diálogo, para o qual foram direcionados quinze milhões de reais, valores significativos e

relevantes no orçamento de qualquer grande corporação. Será possível à empresa dispor de

elementos, por ora ainda inexistentes, para mensurar a eficácia na aplicação desse recurso, e o

cumprimento dos objetivos a que se propôs quando encomendou o programa a Fundação

Getúlio Vargas. Não apenas no Banco do Brasil, mas num efeito que atinge todas as grandes

corporações, a educação corporativa apresenta orçamentos crescentes e significativos, e cada

vez mais funcionários envolvidos. Questões como: o conhecimento adquirido está sendo

eficientemente aplicado? o ambiente de trabalho favorece a aplicação dos conhecimento?,

24

estão na ordem do dia para serem respondidas. Isso exige monitoração, acompanhamento e

pesquisa acerca dessas aplicações e seus resultados.

Todos esses elementos possibilitam, na sua análise, o pinçamento de indicativos que

orientem novos programas de desenvolvimento de competências gerenciais, bem como a

avaliação de alguns pressupostos relacionados ao próprio modelo de educação corporativa

posto em prática pela empresa através da UniBB.

Apresentados o problema de pesquisa, objetivos e justificativas, o próximo capítulo trata

da fundamentação teórica necessária para o embasamento, formulação e análise da pesquisa.

25

2. Fundamentação Teórica

O desenvolvimento de um estudo que se propõe a relacionar a educação corporativa com

o desenvolvimento de competências gerenciais necessita ser baseado numa fundamentação

teórica que contemple um encadeamento de temas que permita a sua compreensão.

A gestão do conhecimento, um tema contemporâneo e amplamente discutido tanto no

meio empresarial quanto acadêmico, é o ambiente mais geral para onde convergem outros

temas que estão relacionados: educação corporativa, universidade corporativa, gestão por

competências e, finalmente, desenvolvimento de competências gerenciais. É possível elencar

outras expressões e palavras que, de uma forma ou de outra, se conectam com essas temáticas,

mas que receberão abordagem secundária: aprendizagem organizacional, capital intelectual,

gestão estratégica, vantagem competitiva e papéis gerenciais.

Assim, contemplar os conteúdos da gestão do conhecimento, abordando em seguida a

educação e as universidades corporativas, e por fim o modelo de gestão por competências, são

visitas essenciais para a compreensão contextualizada do desenvolvimento de competências

gerenciais, objeto central deste estudo.

2.1 A gestão do conhecimento nas organizações

2.1.1 Evolução do conhecimento na história: dos gregos à modernidade.

Os gregos antigos sistematizaram as primeiras preocupações que a humanidade registra

sobre o conhecimento. Sócrates, seguido por Platão e Aristóteles, estabeleceram as bases

filosóficas que até hoje influenciam as abordagens acerca do tema. Carbone (2009) percebe

que desde então áreas distintas promovem sua abordagem: originalmente a filosofia, mas

também a sociologia, a psicologia e, desde o século passado, a administração. O autor avança

então até a idade moderna para encontrar aqueles que produzirão as primeiras abordagens do

conhecimento sob a ótica do mercado. A partir de Adam Smith (século XVIII), começam a

26

entrar em cena os pressupostos de produtividade e eficiência: a emancipação do conhecimento

em relação às superstições religiosas, a crença no progresso decorrente das descobertas

científicas, o domínio do homem sobre a natureza, a fé no trabalho como fonte de riqueza e

produtividade (CARBONE, 2009).

Leite (2006) comenta que, daí em diante, a ciência passou a ser vista como a fonte

exclusiva de um conhecimento objetivo, mensurável, isento de irracionalidades e misticismos:

esses valores impulsionaram o surgimento da ciência econômica moderna. Esse

redirecionamento da visão do conhecimento teve impactos na realidade do trabalho, quando

ajuda a provocar as transformações na sua forma, experimentadas com o processo da

Revolução Industrial.

Desde então, a organização do trabalho passou por profundas mudanças, num processo

que culminou na transformação do sistema produtivo artesanal em um modelo industrial,

consolidado no século XX. Este modelo trouxe para o ambiente de trabalho uma organização

baseada na racionalidade administrativa, com um processo produtivo constituído por uma

sequência de tarefas pré-determinadas, cada uma das quais a cargo de um empregado. A

busca pela produtividade baseava-se na organização desses processos de trabalho e produção

(CARBONE, 2009).

No entanto, Leite (2006) considera que foi necessário a Revolução Industrial chegar aos

EUA para viabilizar o surgimento do capitalismo gerencial, representando pelas grandes

organizações burocráticas industriais, baseadas no planejamento das atividades de produção.

O autor lembra o papel gerencial definido pela Administração Científica: “cabia aos gerentes

passar aos operários as prescrições das tarefas, contabilizar a produção e pagar os respectivos

salários” (LEITE, 2006, p.2).

O objetivo principal era a busca da produtividade e eficiência por meio da divisão do

trabalho em dois papéis distintos: de um lado o planejamento do trabalho pelos gerentes; de

outro, a execução do trabalho pelos operários. Leite (2006, p.2) relaciona a função da

“gerência científica” com o conhecimento: “reunir todos os conhecimentos tradicionais que

no passado possuíram os trabalhadores e então classificá-los, tabulá-los, reduzi-los a normas,

leis ou fórmulas (...) para execução do seu trabalho diário”.

Mas após a consolidação da Administração Científica, novas contribuições à ciência

administrativa geram um processo de acúmulo, em que Leite (2006) destaca a Escola de

27

Relações Humanas (final da década de 1920), ao fundar a preocupação com os fatores sociais

e psicológicos do trabalho, e a Escola de Sistemas Abertos (década de 1950), ao conduzir as

organizações em direção ao ambiente e as trocas decorrentes. É quando, segundo o autor,

“uma nova sociedade começa a surgir, com novos métodos de acessar, processar e distribuir

informação” (LEITE, 2006, p. 3).

Segundo Eboli (2004), aquele modelo baseado na repetição mecânica de procedimentos

padronizados e no domínio de apenas algumas tarefas começa a esgotar-se e não funciona

mais de maneira adequada. As variáveis da produtividade começam a deslocar-se para os

fatores organizacionais, que envolvem as pessoas, suas competências e relações:

A rígida divisão taylorista-fordista entre trabalho mental e manual tende a ser eliminada; tarefas fragmentadas e padronizadas tornam-se integrais e complexas, exigindo, em todos os níveis organizacionais, pessoas com capacidade de pensar, decidir e executar simultaneamente. (EBOLI, 2004, p.36)

Todo o esforço das organizações, então, volta-se para o estabelecimento de relações de

troca permanentes com o meio-ambiente, de onde são importados insumos, energia e,

principalmente, conhecimento, sob a forma da inovação. Leite (2006, p.3) destaca que então

“o desafio que se impõe às empresas é que elas se tornem inteligentes, que tenham capacidade

de criar conhecimento de forma sistemática”.

Para Marcondes (2008), anteriormente, a demanda por competências das pessoas era

baseada mais nas exigências do trabalho técnico e burocrático, dado o fato de as pressões

estarem concentradas nos processos produtivos industriais. A busca pela racionalidade e a

eficiência na produção de bens fez com que essa tendência permanecesse desde o início do

século XX até a década de 1980, quando se formulam as preocupações com a gestão

estratégica do conhecimento.

2.1.2 A gestão estratégica do conhecimento

A economia e o mercado que se consolidam desde a década de 1980 geram pressões pela

criação de novas competências: “novas tecnologias; novos arranjos competitivos;

internacionalização dos negócios; poder da informação; demanda por recursos escassos;

flexibilização e achatamento das estruturas organizacionais; foco na qualidade”

28

(MARCONDES, 2008, p.259-260). Com isso, cresceu significativamente a necessidade de as

empresas contarem com funcionários que detivessem competências não apenas para manejar

essas tecnologias, mas também para entenderem e gerarem resultados com os negócios das

empresas, cada vez mais dependentes de fatores organizacionais e humanos.

O fator comum que estabelece os aspectos dessa nova condição é o conhecimento.

Drucker (1993) afirma que o domínio do conhecimento é a grande mudança paradigmática

que funda esse cenário.

Outros trazem essa abordagem para a compreensão das forças de mercado, como Thurow

(1990), afirmando que a educação e qualificação da força de trabalho será a principal

vantagem competitiva do século XXI.

Carbone (2009) reforça o entendimento desses autores, lembrando que em outros períodos

históricos o conhecimento foi fator de poder pela exclusividade do domínio sobre um

conteúdo relativamente estável; agora, ele é fator de poder pela inovação e mudança contínua;

e seu processo mais vital deixa de ser a reprodução / transmissão / perpetuação, e passa a ser a

aprendizagem / seleção / conexão.

Assim é que o conhecimento passou a receber, na sociedade e no mercado do século XXI,

o status de fator de produção decisivo. A forma como indivíduos e organizações se

relacionam com o conhecimento – aquisição, aplicação, renovação, seleção, descarte – passa a

constituir o fator competitivo mais importante. Ao assumir esse patamar de fator de produção

decisivo, o conhecimento engendrou a necessidade de sistematizar a gestão dos seus

processos. Com isso se constituiu, tanto no ambiente das organizações quanto no meio

acadêmico, uma área de estudo vasta e complexa. Sabbag (2007) aponta que, em cada campo,

estudiosos e praticantes seguiram determinados referenciais teóricos. Ao dar de braços com os

modelos de administração estratégica, as tentativas de sistematizar uma gestão do

conhecimento resultaram no que se consolidou como gestão estratégica do conhecimento.

Ulrich (1997) aponta que o panorama competitivo é dinâmico e novas exigências vão se

estabelecendo ao mesmo tempo que outras são superadas; o mesmo autor enfatiza que a

empresa precisa acompanhar com vitalidade essas novas possibilidades. A própria gestão do

conhecimento é um desses desafios; a gestão da diversidade é outro; o alinhamento

estratégico mais um; os relacionamentos com os stakeholders e com a própria sociedade

29

também. Constituem tarefas cujas dimensão e natureza exigem instrumentos qualificados de

análise e ação, consolidados na gestão estratégica do conhecimento.

Outra constatação nesse sentido é de Fleury (2002), quando chama a atenção para o papel

central e estratégico do conhecimento nos processos econômicos, e constata que os

investimentos nos ativos intangíveis crescem mais rápido do que os investimentos nos ativos

físicos ou tangíveis. A mesma autora conclui que “o conhecimento é um recurso que pode e

deve ser gerenciado para melhorar o desempenho da empresa” (FLEURY, 2002, p.138).

Ao encontrar-se com o planejamento estratégico, a gestão do conhecimento assume

posição central na vida das organizações. Fleury (2001) destaca que:

(...) a gestão do conhecimento apresenta uma importante contribuição para a compreensão de como recursos intangíveis podem constituir a base de uma estratégia competitiva, assim como para a identificação dos ativos estratégicos que irão assegurar resultados superiores para a empresa no futuro. (FLEURY, 2001, p.19)

Uma definição para esse modelo de ação e planejamento organizacional no Brasil é

oferecida por Fleury (2001, p.19): “entendemos por gestão estratégica do conhecimento a

tarefa de identificar, desenvolver, disseminar e atualizar o conhecimento estrategicamente

relevante para a empresa, seja por meio de processos internos ou externos”.

Esse cenário de domínio do conhecimento exige igualmente novas competências para

todos que precisem desafiá-lo. É assim que Behrens (2010) descreve um cenário no qual,

ainda que se tenha acumulado os frutos de séculos de desenvolvimento cultural, a realidade de

hoje exige uma reorganização total sobre a produção e distribuição do conhecimento e dos

símbolos usados para sua comunicação.

Behrens (2010) sintetiza uma dessas novas competências, que oferece uma nova

conotação ao desenvolvimento das capacidades humanas: a visão sistêmica ou holística, que

busca a superação da fragmentação do conhecimento, o resgate do ser humano em sua

totalidade, considerando o homem com suas inteligências múltiplas, levando à formação de

um profissional humano, ético e sensível. Seria a superação da divisão do trabalho taylorista:

vamos encontrar uma parcela significativa e crescente da população dedicada de alguma

forma ao conhecimento, ou mantendo uma relação estreita com ele no seu trabalho.

Um dos primeiros a perceber e instrumentalizar teoricamente essa vertente, Senge (1990)

consolida o conceito de “organização que aprende”: aquela em que novos padrões de

pensamento são constantemente fortalecidos e as pessoas aprendem a gerar os resultados que

30

desejam. Esse conceito foi considerado vanguarda no mundo corporativo, que passou desde

então a abordar com mais ênfase a questão da aprendizagem organizacional.

2.1.3 A aprendizagem organizacional

A partir das grandes corporações, o mercado passa a atuar no sentido de abordar a questão

da aprendizagem como indissociável do conhecimento. As novas práticas de gestão passam a

incorporar a temática da aprendizagem organizacional entre suas preocupações centrais.

(SENGE, 2009)

Novas condições de aquisição do conhecimento tem reflexos diretos sobre o mundo do

trabalho. As mudanças provocadas nas organizações pela sociedade do conhecimento são

claras. Fleury (2002, p.133) considera que organizações enfrentando “condições de incerteza,

ambientes em mudança e intensa competição” devem ser capazes de aprender e, ao fazê-lo,

desenvolver novos conhecimentos.

Ainda Fleury (2002), identifica que o tema da aprendizagem organizacional ganhou

notoriedade a partir do início da década de 1990, principalmente após a publicação dos

trabalhos de Peter Senge. Mas a autora lembra que, por mais prestigiado que seja, “um

pesquisador/consultor não consegue por si só deflagar uma nova onda de pensamento na

administração se ela não encontrar ressonância e for consistente com as necessidades das

empresas naquele momento histórico” (FLEURY, 2002, p.138).

Em sintonia com essa afirmação de Fleury (2002), Herrero (2005, p.163) concorda que “a

empresa moderna precisa se transformar numa organização que aprende”. Diversos autores

passam a referir-se ao conhecimento e a aprendizagem decorrente de sua aplicação, buscando

entender como se processam no novo ambiente:

Para Kolb (1997), a aprendizagem é o processo em que o conhecimento é criado através

da transformação da experiência, ou seja, a aprendizagem do indivíduo é, em primeiro lugar,

um processo vivencial para depois se transformar numa atividade reflexiva e, continuando o

fluxo, tornar-se novamente prática.

31

Ao referir-se ao capital intelectual, Edvinsson (1998) o descreve como: a posse de

conhecimento, experiência aplicada, tecnologia organizacional, relacionamento com clientes e

habilidades profissionais que tornem a empresa mais competitiva.

Delors (2001) coordenando um trabalho de reconhecimento internacional para a Unesco,

indica que a educação do indivíduo para o século XXI, inclusive para o trabalho, precisa de

quatro abordagens fundamentais: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver e

aprender a ser.

A fonte básica de toda vantagem competitiva está na capacidade de a empresa aprender

mais rápido do que seus concorrentes, assim entende Geus (1998). Dessa forma, a

sobrevivência da empresa em períodos turbulentos ou recessivos e o crescimento sustentado

no dinâmico ambiente dos negócios dependem da capacidade de os altos executivos, gerentes

e colaboradores adquirirem novos conhecimentos.

Ao relacionar a aprendizagem organizacional com a própria estratégia empresarial,

Herrero (2005) explica que:

A formulação da estratégia está diretamente relacionada com o processo de aprendizagem. Os inúmeros problemas com os quais uma organização se defronta, quer sejam originados das incertezas existentes no contexto da sociedade, quer sejam decorrentes das instabilidades imprevisíveis do ambiente competitivo, exigem uma contínua aprendizagem. Os esforços da empresa em busca de diferenciação, inovação, flexibilidade, agilidade, customização e proatividade também dependem da aprendizagem organizacional. (HERRERO, 2005, p.163)

Gomes et al (2008) relacionam no Quadro 01 outros conceitos de aprendizagem

organizacional formulados em períodos distintos:

32

ARGYRIS E SCHON (1978) Aprendizagem organizacional é o processo pelo qual os membros

organizacionais detectam erros ou anomalias e os corrigem ao

reestruturar a teoria em uso da organização.

FIOL e LYLES (1985) Aprendizagem organizacional significa o processo de aperfeiçoar ações

por meio de melhor compreensão e conhecimento.

HUBER (1991) Uma entidade aprende se, por meio do processamento de informações,

o âmbito de seus comportamentos potenciais se modifica. Aprende se

qualquer de suas unidades adquire conhecimento e reconhece como útil

para a organização.

DIBELLA e NEVIS (1999) A aprendizagem organizacional é a capacidade que uma organização

possui ou o processo que utiliza para manter ou melhorar seu

desempenho com base na experiência adquirida.

Quadro 01: Conceitos de aprendizagem organizacional. Fonte: GOMES et al (2008).

Na visão de Senge (1990), a gestão do conhecimento está manifesta quando entendemos o

comportamento de uma organização que aprende: “as organizações que realmente terão

sucesso no futuro serão aquelas que descobrirem como cultivar nas pessoas o

comprometimento e a capacidade de aprender em todos os níveis da organização”. (SENGE,

1990, p.28)

Gomes et al (2008), inclui o próprio Senge (1990) ao relacionar conceitos de organizações

de aprendizagem, no Quadro 02:

33

SENGE (1990) São organizações que estão continuamente expandindo sua capacidade de

criar o futuro. Para uma organização como essa, não basta sobreviver,

mas ampliar sua capacidade de criar. São instituições nas quais as

pessoas se voltam para a aprendizagem coletiva, e são comprometidas

com resultados motivadores.

GARVIN (1994) São organizações habilitadas na criação, aquisição e transferência de

conhecimentos e que modificam comportamentos a fim de refletir os

novos conhecimentos e insights.

STANTON e WICK (1995) São aquelas que continuam e rapidamente melhoram a criatividade,

refinando as capacidades necessárias para o sucesso futuro.

Aprendizagem + ação criam novas competências e melhoram a

performance. Um indicador é o crescimento anual.

WARDAM (1996) São locais propícios à busca da verdade e da exteriorização sem medo de

represália ou julgamento. São lugares em que a curiosidade reina sobre a

inteligência e nos quais a experimentação é bem-vinda. Desenvolver a

capacidade de viver com o não saber... aprender a se relacionar consigo

mesmo... ser meditativo em vez de defensivo por natureza... tudo são

desafios para aprender a viver em comunidade.

SCHEIN (1996) Enfatizam, primordialmente, a construção de uma cultura de

aprendizagem nas organizações.

CABRAL (1999) São organizações nas quais as pessoas são estimuladas continuamente a

expandir sua capacidade criativa e a obter resultados que realmente

satisfaçam. É o espaço em que há uma mudança na maneira de pensar das

pessoas de modo que haja um pensamento sistêmico e abrangente. É um

empreendimento que interliga as partes com o todo organizacional de

forma comunitária; as pessoas transmitem seus novos conhecimentos ao

grupo e também aprendem com ele.

Quadro 02: Conceitos de organizações de aprendizagem. Fonte: GOMES et al (2008).

Em seus estudos, Nonaka&Takeuchi (1997, p.12) também sintetizam uma definição para

o que chamam de criação de conhecimento na empresa: “por criação de conhecimento

organizacional queremos dizer a capacidade que uma empresa tem de criar conhecimento,

disseminá-lo na organização e incorporá-lo a produtos, serviços e sistemas”.

Investigando as estruturas e os processos organizacionais inerentes à criatividade e ao

aprendizado em nível de organização, Nonaka&Takeuchi (1997) formalizam um modelo

34

genérico de criação do conhecimento organizacional. Ao aprofundar seus estudos em

empresas japonesas, formulam que a criação do conhecimento ocorre em três níveis: do

indivíduo, do grupo e da organização.

Fleury (2002) se refere com relevância ao trabalho de Nonaka&Takeuchi (1997),

ratificando que é possível distinguir dois tipos de conhecimento nas organizações: o explícito

e o tácito. O conhecimento explícito, ou codificado, refere-se ao conhecimento transmissível

em linguagem formal, sistemática, enquanto o conhecimento tácito possui uma qualidade

pessoal, tornando-se mais difícil de ser formalizado e comunicado, conforme Quadro 03.

conhecimento explícito conhecimento tácito

Transmissível por linguagem formal Difícil formalizar e comunicar

Codificado Destreza informal, enraizado na ação

Quadro 03: Conhecimento explícito e conhecimento tácito. Fonte: FLEURY (2002)

As empresas precisam ser estimuladas a se transformarem em organizações criadoras

de conhecimento, isto é, capazes de criar novo conhecimento, difundi-lo na organização como

um todo e incorporá-lo a produtos, serviços e sistemas. Nesse sentido, Nonaka&Takeuchi

(1997) desenvolveram uma metodologia para a criação do conhecimento intitulada modelo

SECI, das palavras socialização, externalização, combinação e internalização, que refletem as

interações entre o conhecimento tácito e o conhecimento explícito. Assim , conforme Quadro

04, haveriam quatro processos principais de conversão do conhecimento:

35

1 – socialização Representa a conversão de

conhecimento tácito em

conhecimento tácito.

É um processo de criação de conhecimento de

indivíduo para indivíduo e a aprendizagem ocorre

mediante observação, imitação e prática de trabalho.

2 – externalização Representa a conversão de

conhecimento tácito em

conhecimento explícito.

É um processo de criação de conhecimento que se

inicia com o indivíduo e vai até o grupo de trabalho.

Pode ocorrer na forma de metáforas, analogias,

conceitos, hipóteses ou modelos.

3 – combinação Representa a conversão de

conhecimento explícito em

conhecimento explícito.

È um processo de criação de conhecimento que se

origina num grupo de trabalho e é disseminado para

toda a organização. Ocorre sob a forma de

treinamentos, cursos regulares e pela criação de

universidades corporativas.

4 – internalização Representa a conversão de

conhecimento explícito em

conhecimento tácito.

É um processo de criação de conhecimento que ocorre

por meio de práticas de aprender fazendo, mediante o

domínio de conhecimento existente em documentos,

manuais ou histórias orais.

Quadro 04: Processos de conversão do conhecimento. Fonte: NONAKA&TAKEUCHI (1997).

Mas Nonaka (2004) adverte que o processo de gestão do conhecimento deve ser visto

como uma atividade social dependente de seus colaboradores: uma organização não pode

criar, processar, compartilhar e aplicar conhecimentos sem os indivíduos.

Um papel relevante nesse processo de criação do conhecimento organizacional é

atribuído por Nonaka&Takeuchi (1997) aos gerentes:

Os gerentes de nível médio servem como elo entre os ideais visionários da alta gerência e a realidade quase sempre caótica dos funcionários da linha de frente da empresa. (...) desempenham um papel-chave no processo de criação do conhecimento. Resumem o conhecimento tácito tanto dos funcionários da linha quanto dos executivos seniores, tornando-o explícito e incorporando-o a novos produtos e tecnologias. São pessoas (...) que realmente administram o processo de criação do conhecimento dentro das empresas. (NONAKA&TAKEUCHI, 1997, P.16-17)

Para entender a lógica colocada para os gerentes nas organizações em relação ao

conhecimento, Leite (2006) justifica que é papel do gestor viabilizar um ambiente de trabalho

em que as pessoas estejam dispostas a gerar e compartilhar conhecimento, a aprender e a

ensinar. O autor enfatiza que este “é o desafio de todo gerente, gerente de pessoas, gerente

educador” (LEITE, 2006, p.4)

36

Para Krogh (2001), o maior desafio de empresários e executivos não é gerenciar o

conhecimento, mas sim criar condições para a capacitação da organização para a criação, o

compartilhamento e a aplicação do conhecimento. A capacitação para o conhecimento é o

conjunto geral de atividades organizacionais que afetam de maneira positiva a criação do

conhecimento (KROGH, 2001).

Fleury e Fleury (2000) concluem que é através do processo de aprendizagem e gestão do

conhecimento que as organizações podem desenvolver as competências necessárias para a

realização de sua estratégia competitiva.

Essa convergência entre aprendizagem e competências também é percebida por Bündchen

(2006), quando afirma que:

(...) o aprendizado nas organizações é elemento essencial para a vitalidade das competências, uma vez que sem o aprendizado, não haveria possibilidade de adaptação às mudanças, bem como a própria dinâmica das competências ficaria comprometida. Desse modo, pretende-se mostrar como a aprendizagem está intimamente ligada ao conceito de valorização e enriquecimento das competências, notadamente as gerenciais, que necessitam de constante aprimoramento. (BÜNDCHEN, 2006, p.25)

A aprendizagem organizacional e individual assumem então condição de sobrevivência

para empresas e profissionais no mercado. Embora utilizemos a expressão criação do

conhecimento “organizacional”, a organização não pode criar conhecimento por si mesma,

sem a iniciativa do indivíduo e a interação que ocorre dentro do grupo (NONAKA&

TAKEUCHI, 1997). Desafios dessa grandeza para as organizações modernas ensejaram o

reforço de um fundamento até então secundário em gestão de pessoas: a educação

corporativa.

Senge (2009, p.29) enfatiza que “nós nunca vamos transformar nosso sistema

predominante de administração sem transformar o sistema predominante de educação. É o

mesmo sistema.” (SENGE, 2009, p.17)

Assim, a gestão do conhecimento nas organizações conduz, em tantas vertentes

investigadas, para a necessidade de construção e reforço de um instrumento que possibilite o

planejamento e a ação: a educação corporativa, abordada na seção seguinte.

37

2.2 A educação corporativa e as universidades corporativas

2.2.1 A educação corporativa

Fleury (2002) indica que há um processo permanente de mudança nas organizações, e

ele se dá com a mobilização contínua dos ciclos de aprendizagem individual e organizacional,

caracterizando o estabelecimento da dinâmica de aprendizagem constante. O conhecimento,

em sua dinâmica, torna-se rapidamente obsoleto, o que traz para o centro do debate a

necessidade de um caráter continuado e permanente para a educação.

A mesma autora ainda comenta que as organizações podem não ter cérebros, mas

possuem sistemas cognitivos e memórias e desenvolvem rotinas, ou seja, procedimentos

relativamente padronizados para lidar com problemas internos e externos. “Tais rotinas vão

sendo incorporadas na memória organizacional” (FLEURY, 2002, p.138).

Um desafio para a administração atual está em dispor as corporações de ferramenta

qualificada que responda aos novos desafios da gestão do conhecimento e, seguindo a ênfase

dada por Nonaka&Takeuchi (1997), aos novos desafios da “criação” do conhecimento. Todos

os mecanismos e fundamentos em curso nesse sentido (planejamento estratégico,

empowerment, gestão participativa, inteligência competitiva, e outras ferramentas) carecem de

um cimento estruturador que torne eficazes seus efeitos.

Isso porque o conhecimento está alicerçado nas pessoas. E parece não haver

possibilidade de engrenagem daqueles fundamentos de gestão relacionados no parágrafo

anterior sem a cumplicidade e engajamento das pessoas. Crenças, valores, percepções, estão

na base da postura do funcionário diante da empresa, do mercado e de seu próprio trabalho.

Senge (2009, p.90) afirma que “o aprendizado generativo não se sustenta em uma organização

onde predomina o pensamento baseado em eventos”. É necessário um quadro conceitual de

pensamento estrutural ou sistêmico, que gere a capacidade de descobrir as causas estruturais

do comportamento.

Por isso, a literatura que busca sistematizar a gestão do conhecimento parece apontar

para essa nova ferramenta em evidência – a educação corporativa – como o cimento capaz de

oferecer “liga” aos fundamentos da administração frente aos desafios da sociedade do

38

conhecimento. Nesse sentido, Marcondes (2008) faz a distinção com os programas de

treinamento que tem como objetivo enquadrar as pessoas aos processos produtivos e

administrativos:

Entende-se por treinamento o aprimoramento do desempenho do funcionário no curto prazo para que possa aumentar a produtividade dos recursos – físicos, financeiros, informações, sistemas, etc. – colocados à disposição dele para realizar o seu trabalho. (...) Por desenvolvimento, entende-se a capacitação do empregado para alcançar novas posições que envolvam a obtenção de resultados cada vez mais abrangentes. (MARCONDES, 2008, p.262)

Ao desenvolver sua análise, o mesmo autor sugere que trata-se agora de envolver os

colaboradores em processos de educação continuada, expondo-os aos mais variados tipos de

conhecimento que lhes permitam responder ao desconhecido. Trata-se também de ampliar

horizontes, para se posicionar em um mundo com demandas sociais, políticas e culturais

diferenciadas, que abrangem fornecedores, clientes e grupos sociais que podem exercer

influência sobre a empresa, o setor ou o próprio mercado (MARCONDES, 2008).

Herrero (2005) aponta que a educação dos empregados deve ir além do conteúdo dos

programas tradicionais das disciplinas de marketing, finanças, qualidade ou tecnologia da

informação, que acontecem dentro de um escopo tático-operacional. A educação corporativa

se propõe justamente a ampliar esse escopo para uma dimensão estratégica, sistêmica,

continuada e permanente.

No Quadro 05, Meister (1999) diferencia o que caracteriza a mudança de paradigma

do treinamento para a aprendizagem ou desenvolvimento de pessoas:

39

Antigo paradigma de treinamento

Paradigma da aprendizagem no séc. XXI

Prédio Local

Aprendizagem disponível sempre que solicitada – em qualquer lugar, a qualquer hora

Atualizar qualificações técnicas Conteúdo Desenvolver competências básicas do ambiente de negócios

Aprender ouvindo Metodologia Aprender agindo Funcionários internos Público-Alvo Equipes de funcionários, clientes

e fornecedores de produtos Professores/consultores externos

Corpo Docente Gerentes seniores internos e um consórcio de professores e consultores

Evento único Frequência Processo contínuo de aprendizagem

Desenvolver o estoque de qualificações do indivíduo Meta

Solucionar problemas empresariais reais e melhorar o desempenho no trabalho

Quadro 05: Mudança de Paradigma do Treinamento para a Aprendizagem. Fonte: MEISTER (1999)

A esse paradigma – desenvolvimento de pessoas – junta-se um cenário em que as

organizações precisam consolidar e disseminar seus valores e princípios básicos de forma

consistente, para que eles sejam incorporados pelas pessoas, tornando-se norteadores de seu

comportamento e permitindo o direcionamento entre objetivos e valores individuais e

organizacionais. Para isso, Eboli (2004) percebe a necessidade das empresas deixarem de

encarar o desenvolvimento de pessoas como algo pontual, treinando-as apenas em habilidades

específicas. A postura voltada à aprendizagem contínua a ao autodesenvolvimento é um

processo de constante crescimento e fortalecimento de indivíduos talentosos e competentes.

“Cabe às organizações, entretanto, criar um ambiente favorável para sua manifestação”

(EBOLI, 2004, p.44).

Na dimensão individual, Meister (1999) explicita que a educação não termina mais

quando o aluno se forma na escola tradicional. A autora destaca que “(...) a vida de um

indivíduo era dividida em dois períodos: aquele em que ele ia para a escola e o posterior a sua

formatura, em que ele começava a trabalhar. Agora, espera-se que os trabalhadores construam

sua base de conhecimento ao longo da vida”. (MEISTER, 1999, p.11)

Eboli (2004) identifica sete princípios de sucesso da educação corporativa e suas

práticas, apresentados no Quadro 06:

40

1 – COMPETITIVIDADE

obter o comprometimento e envolvimento da alta cúpula com os sistema de

educação; alinhar as estratégias, diretrizes e práticas de gestão de pessoas às

estratégias do negócio; implantar um modelo de gestão de pessoas por

competências; conceber ações e programas educacionais alinhados às estratégias

do negócio.

2 – PERPETUIDADE ser veículo de disseminação da cultura empresarial; responsabilizar líderes e

gestores pelo processo de aprendizagem.

3 – CONECTIVIDADE

adotar e implementar a educação “inclusiva”, contemplando o público interno e

o externo; implantar modelo de gestão do conhecimento que estimule o

compartilhamento de conhecimentos organizacionais e a troca de experiências;

integrar sistema de educação com o modelo de gestão do conhecimento; criar

mecanismos de gestão que favoreçam a construção social do conhecimento.

4 – DISPONIBILIDADE

utilizar de forma intensiva tecnologia aplicada à educação; implantar projetos

virtuais de educação (aprendizagem mediada pela tecnologia); implantar

múltiplas formas e processos de aprendizagem que favoreçam a “aprendizagem

a qualquer hora e em qualquer lugar”.

5 – CIDADANIA

obter sinergia entre programas educacionais e projetos sociais; comprometer-se

com a cidadania empresarial, estimulando a formação de atores sociais dentro e

fora da empresa e a construção social do conhecimento organizacional.

6 – PARCERIA

internas, responsabilizar líderes e gestores pelo processo de aprendizagem de

suas equipes, estimulando a participação nos programas educacionais e criando

um ambiente de trabalho propício à aprendizagem; externas, estabelecer

parcerias estratégicas com instituições de ensino superior.

7 – SUSTENTABILIDADE

tornar-se um centro de agregação de resultados para o negócio; implantar

sistema métrico para avaliar os resultados obtidos, considerando-se os objetivos

do negócio; criar mecanismos que favoreçam a auto-sustentabilidade financeira

do sistema.

Quadro 06: Princípios de sucesso da educação corporativa. Fonte: EBOLI (2004)

Cada abordagem encontrada para a educação corporativa relaciona esse tema com a

formação de universidades corporativas (UCs). Para Eboli (2004), adotar um sistema de

educação estratégica, nos moldes de uma universidade corporativa, é condição essencial para

que as empresas desenvolvam com eficácia seus talentos humanos.

41

2.2.2 As universidades corporativas

O impacto positivo nos resultados dos negócios é o principal fator que tem incentivado

um interesse crescente pelo tema das universidades corporativas, no mundo empresarial e na

academia.

É valiosa a observação de Eboli (2004) quando reconhece nas UCs muito mais que um

novo e simples modismo na área de gestão empresarial. A relevância com que o tema

educação corporativa é tratado pelas corporações reflete a sua importância para a formação

das vantagens competitivas essenciais à sustentabilidade do negócio. Nesse contexto, as UCs

assumem papel central, aglutinando iniciativas, ações e reflexões de forte impacto no

desenvolvimento das pessoas e das organizações.

O desafio que se impõe às empresas é que elas se tornem inteligentes, que tenham

capacidade de criar conhecimento de forma sistemática tendo em vista a realização dos

objetivos organizacionais. Leite (2006) vê essa sistematização ocorrendo no âmbito das UCs.

Nas principais corporações, a educação empresarial se concretiza por intermédio de suas

universidades corporativas, que desenvolvem um sistema de aprendizado contínuo voltado

para as necessidades específicas das empresas e sua rede social (RIBEIRO, 2003). Suas ações

contribuem para a consolidação e disseminação dos conhecimentos e dos processos de

produção e valores organizacionais consoantes com a missão, crenças e visão de futuro das

organizações.

Embora já se fale a respeito de UC há pelo menos quarenta anos, desde que a GE lançou

a Crotonville em 1955, Meister (1999) registra que o verdadeiro surto de interesse na criação

de uma UC como complemento estratégico do gerenciamento do aprendizado e

desenvolvimento dos funcionários de uma organização, ocorreu no final da década de 1980.

Desse período em diante, muitas empresas testemunharam uma redução radical no prazo

de validade do conhecimento e começaram a perceber que não mais podiam depender das

instituições de ensino superior para desenvolver sua força de trabalho.

Decidiram então partir para a criação de suas próprias universidades corporativas com o objetivo de obter um controle mais rígido sobre o processo de aprendizagem, vinculando de maneira mais estreita os programas de aprendizagem a metas e resultados estratégicos reais da empresa. (MEISTER, 1999, p. 27)

42

Segundo observa Brandão (2005), desde o final da década de 1980 há um aumento de

interesse na universidade corporativa como estratégia de gerenciamento do desenvolvimento

de profissionais, principalmente nos Estados Unidos.

O Quadro 07 sintetiza, conforme Meister (1999), as características que mobilizam a

formação das UCs:

o apoio e envolvimento da alta cúpula é vital a consolidação do projeto.

a aprendizagem efetiva é vinculada cuidadosamente às necessidades estratégicas da empresa.

as melhores soluções de aprendizagem resultam da formação de parcerias de colaboração com uma infinidade

de empresas e instituições inovadoras.

a tecnologia precisa ser utilizada de forma agressiva para acelerar o aprendizado do funcionário, e dispor o

conhecimento no momento em que ele for necessário.

o público-alvo do aprendizado estende-se agora para além das organizações e inclui os principais participantes

da cadeia de valor.

Quadro 07: Características na formação das UCs. Fonte: MEISTER (1999).

A autora ainda ressalta que, apesar da palavra universidade nos levar a pensar em um

campus físico, um corpo docente estável, a versão corporativa é diferente e inovadora. Na

verdade, algumas não dispõem de uma sede física que as distinga das outras, embora muitas

construam instalações físicas. A despeito de existirem como um campus, consistem mais em

um processo que um local físico. Independente da existência de um prédio físico, o foco saiu

da sala de aula e dirigiu-se para um processo de aprendizagem, onde a prioridade é entrar em

contato com o conhecimento da organização como um todo, necessário à própria empresa e

seus públicos de relacionamento. A autora atribui para a UC a função de “centralizar o

gerenciamento estratégico da educação e do treinamento” (MEISTER, 1999, p.65).

No Brasil, segundo Eboli (2004), a adoção do conceito de UC começou na década de

1990, com o advento de um mercado cada vez mais globalizado, pressionando assim as

organizações a investir na qualificação de seus colaboradores e a se comprometer com seu

desenvolvimento contínuo, como um elemento-chave na criação de diferencial competitivo.

43

Brandão (2005) vê na UC o resgate da clássica integração entre escola e empresa,

considerando a educação corporativa como um novo padrão de educação superior. A autora

considera que o uso do termo “universidade” ajuda a reforçar o valor da marca da empresa, na

medida em que sintoniza com os melhores valores da sociedade (educação, universidade,

escola, conhecimento), utilizando o significado simbólico que o termo representa no

imaginário social.

Ressaltando outro aspecto, Marcondes (2008, p.271) destaca que “por ser uma instituição

à parte da estrutura organizacional da empresa que a mantém, a UC está muito menos sujeita

às relações de hierarquia de poder, facilitando o acesso e a comunicação do seu dirigente com

os dirigentes da mantenedora”. O mesmo autor ressalta ainda outro aspecto que pode ser

considerado para o surgimento e desenvolvimento das UCs no Brasil: diz respeito ao fato de

que as áreas de T&D são geralmente consideradas como fonte de custos, enquanto as UC

podem atuar como se fossem unidades de negócios geradoras de receita, uma vez que podem

prestar serviço a clientes internos e externos e cobrar por eles.

Quanto à estrutura organizacional das UCs, Marcondes (2008) faz a seguinte avaliação:

Apesar de estarem em organizações de setores de atividades bastante distintos, as UC apresentam características de estrutura organizacional e processos semelhantes. Isso ocorre porque precisam atuar de maneira ágil, proativa, flexível, com baixos custos administrativos e conectadas aos movimentos estratégicos e táticos da cúpula das empresas que as mantêm. Em uma visão simplificada, a sua estrutura compreende basicamente dois níveis hierárquicos de decisão: o conselho diretivo e as gerências de projetos ou operacionais: processo decisório estratégico, processo do público-alvo, processo da tecnologia de aprendizagem, processo de incorporação de parceiros e processo de avaliação de resultados. (MARCONDES, 2008, p.277)

Existem aproximadamente 150 organizações brasileiras ou multinacionais, tanto no

campo público quanto no privado, que já implementaram sistemas educacionais pautados

pelos princípios e práticas de UC no Brasil. (BANCO DO BRASIL, 2011)

Meister (1999) já identificava os princípios-chave do modelo das UCs, apresentados no

Quadro 08:

44

1 – Oferecer oportunidades de aprendizagem que dêem sustentação às questões e objetivos empresariais mais

importantes da organização.

2 – Considerar o modelo da UC um processo e não um espaço físico destinado à aprendizagem.

3 – Elaborar um currículo que incorpore os 3 C´s: Cidadania Corporativa, Estrutura Contextual e Competências.

4 – Treinar a cadeia de valor e parceiros, inclusive clientes, distribuidores, fornecedores de produtos

terceirizados, assim como universidade que possam fornecer os trabalhadores de amanhã.

5 – Passar do treinamento conduzido pelo instrutor para vários formatos de apresentação da aprendizagem.

6 – Encorajar e facilitar o envolvimento dos líderes com o aprendizado.

7 – Passar do modelo de financiamento corporativo por alocação para o “autofinanciamento” pelas unidades de

negócio.

8 – Assumir um foco global no desenvolvimento de soluções de aprendizagem.

9 – Criar um sistema de avaliação dos resultados e também dos investimentos.

10 – Utilizar a UC para obter vantagem competitiva e entrar em novos mercados.

Quadro 08: Princípios-chave do modelo de UC. Fonte: MEISTER (1999).

Diversos autores aqui comentados (EBOLI, 2004; FLEURY, 2002; MEISTER, 1999;

BRANDÃO, 2005; MARCONDES, 2008) convergem para a constatação de que o modelo de

universidade corporativa é baseado em competências e vincula a aprendizagem às

necessidades estratégicas da empresa.

Segundo Meister (1999, p.216), o crescimento das UCs está sinalizando uma demanda

por um novo modelo de educação – “que seja oferecido no momento necessário (conceito em

tempo real) e que tenha como foco as qualificações, o conhecimento e as competências de que

os profissionais precisam dispor para obter sucesso no mercado global altamente instável.”

Entender a UC como um sistema de desenvolvimento de pessoas pautado pela gestão por

competências é a abordagem de Eboli (2004):

Uma maneira de avaliar o real fôlego de um projeto de UC é observar se a empresa também está trabalhando com o conceito de competências em outros subsistemas da gestão (...). Se o conceito de competências é incorporado e assimilado como um princípio organizacional, a empresa tende a contratar por competência, a remunerar por competência, a avaliar por competência, etc. (EBOLI, 2004, p.48)

A autora reforça que o objetivo principal do sistema de educação corporativa,

materializado nas UCs, é o desenvolvimento e a implantação das competências críticas para a

viabilização das estratégias empresariais (EBOLI, 2004). “A consequência desse modelo é

que a empresa passa a ser vista não apenas como um portfólio de produtos e serviços, mas

45

também como um portfólio de competências” (EBOLI, 2004, p.89). A autora verifica que em

praticamente todas as empresas que fundaram UCs no Brasil, foram diagnosticadas as

competências críticas (organizacionais e individuais) e implantou-se um modelo de gestão por

competências.

É nessas bases teóricas que é constituída em 2002 a Universidade Corporativa Banco

do Brasil – UniBB, como um recurso estratégico para o efetivo posicionamento do Banco do

Brasil na indústria financeira. Os programas de educação corporativa da UniBB são

elaborados com base na avaliação das necessidades de desenvolvimento de competências dos

profissionais da empresa. (BANCO DO BRASIL, 2011)

Para Eboli (2004), a quantidade de UCs pertencentes a empresas do setor financeiro

parece confirmar a idéia de que quanto maior o grau de concorrência do setor, maior a

necessidade de a empresa se diferenciar pela qualificação das pessoas.

A UniBB promove a gestão estratégica do conhecimento na empresa e centraliza o

planejamento e execução das ações de educação corporativa. Sua instituição ocorreu em

paralelo à adoção pelo Banco do Brasil de um modelo de gestão por competências (BANCO

DO BRASIL, 2011). A seção seguinte descreve como esse modelo de gestão guarda vínculo

estreito com a educação corporativa e com o surgimento das UCs.

2.3 A gestão por competências

2.3.1. As competências essenciais

Ao abordar a mudança de paradigma na educação corporativa que provoca o

surgimento das UCs, Eboli (2004, p.51) cita entre as etapas básicas para a concepção de uma

instituição nesse formato: “realizar diagnóstico das competências críticas empresariais,

organizacionais e humanas; conceber ações e programas educacionais sempre orientados para

o negócio e as competências críticas definidas”.

46

No entendimento de Marcondes (2008) as UCs apresentam uma preocupação central

com o desenvolvimento de competências individuais e gerenciais.

O tema é assim também entendido por Nasser (2001), quando revela que as UCs

desenvolvem práticas alinhadas ao mapa de competências das empresas estudadas pelo autor.

Nota-se uma convergência desses autores em perceber a evolução da educação

corporativa e a decorrente instituição das UCs estreitamente vinculadas a adoção do modelo

de gestão por competências: toda empresa possui um conjunto de atributos que a caracterizam

como sendo diferente das demais; tais atributos incluem aquilo que a empresa sabe fazer

realmente bem, aquilo na qual se destaca em relação à concorrência, e que lhe dá uma

vantagem competitiva no mercado. (BANCO DO BRASIL, 2011). Estas são suas

competências essenciais.

Carbone (2009) estabelece o vínculo entre o modelo de competências essenciais, a

estratégia, a aprendizagem organizacional e a educação corporativa:

A partir do conceito de competências essenciais, a teoria da competição baseada em competências procura incorporar diferentes aspectos da administração estratégica, que antes eram tratados de forma independente. (...) Em outras palavras: o conhecimento gerencial e a capacidade de aprendizagem nas organizações passam a ser considerados os motores da mudança estratégica. No longo prazo, a sustentação da vantagem competitiva depende de uma capacidade superior para identificar, construir e alavancar novas competências. Em suma: a aprendizagem torna-se variável estratégica crítica para o sucesso organizacional. (CARBONE, 2009, p.34)

Assim, o processo de criação de estratégia está intimamente ligado ao processo de

criação de conhecimento da empresa, devendo fazer parte de sua cultura organizacional

(HERRERO, 2005). Nesse sentido, a gestão por competências significa identificar,

desenvolver e implementar as core competences apresentadas por Prahalad&Hamel (1994), as

competências individuais e outras habilidades necessárias para realizar a visão, a estratégia e

os objetivos da organização.

Para manter sua competitividade, é necessário que as empresas se preocupem em

identificar quais são suas competências essenciais, concentrando seus esforços nas áreas nas

quais tenha atuação destacada, ou seja, nas áreas onde seu domínio de determinadas

competências lhe dá um diferencial competitivo. Esse foco da empresa deve ser percebido em

sua imagem institucional, conduzido pelos elementos que compõem sua administração

estratégica, e alinhado em todos os níveis gerenciais. (BANCO DO BRASIL, 2011)

47

Fleury (2001) faz uma abordagem histórica onde identifica que a perspectiva

hegemônica em administração estratégica considerava a análise do ambiente e o

posicionamento da empresa em relação a forças externas, numa abordagem “de fora para

dentro”. As lacunas desse modelo têm sido supridas pelas abordagens mais recentes da

chamada “visão baseada em recursos”, que entende que os principais determinantes da

competitividade empresarial são os ativos, tangíveis ou intangíveis, que a empresa possui, e as

competências daí desenvolvidas (FLEURY, 2001). Estaria aí o desafio de traduzir a gestão do

conhecimento e o desenvolvimento de competências em ferramentas acessíveis e pragmáticas

de crescimento empresarial. A abordagem baseada em recursos estabelece importantes nexos

com os trabalhos de Prahalad&Hamel (1994). Fleury (2001) acredita que esses autores foram

responsáveis, na prática, pela difusão da visão baseada em recursos.

Esse contexto provoca transformações no ambiente em que operam as empresas,

levando-as a uma mudança de foco, no que se refere aos atributos exigidos e à estratégia de

desenvolvimento de pessoas adotada. O gerenciamento de pessoas com base no cumprimento

de tarefas cede lugar ao desenvolvimento de competências vinculadas diretamente às áreas de

excelência da empresa, e voltadas para o atingimento dos objetivos estratégicos da

organização. (BANCO DO BRASIL, 2011)

Mas até a abordagem de Prahalad&Hamel (1994), os estudos sobre gestão por

competências estavam quase totalmente voltados para as competências que um indivíduo

precisa possuir ou desenvolver para realizar seu trabalho com eficiência. Phahalad&Hamel

(1994) mostraram como as organizações que transformaram o seu setor de atividade possuíam

um novo fator estratégico: as competências essenciais (core competences). Segundo os

autores, “as competências essenciais são as portas para as oportunidades futuras”

(PRAHALAD&HAMEL, 1994, p.225).

No Quadro 09, Gomes et al (2008, p.218) elencam a essência do pensamento dos

autores sobre o conceito de competência organizacional, inclusive Prahalad&Hamel:

48

Autores Essência do pensamento dos autores sobre competências organizacionais

ANSOFF (1983) Gama de habilidades que conduz uma organização e orienta seu comportamento estratégico.

PRAHALAD e HAMEL (1990) Um conjunto de habilidades e tecnologias, que gera uma fonte de vantagem competitiva, que dificilmente pode ser copiada, e contribui para o valor percebido pelo cliente.

STALK, EVANS e SHULMAN (1992) Integração intencional de funções, atividades e processos operacionais de uma empresa, visando o atendimento das necessidades dos clientes.

DOZ (1994) Combinação de habilidades, sistemas, ativos e valores que permitem elevados níveis de desempenho de tarefas específicas, as quais resultam em vantagens sobre os competidores e fornecem valor para os clientes.

LEONARD-BARTON (1995) Constituem uma vantagem competitiva; são formadas gradualmente ao longo do tempo e não podem ser copiadas com facilidade pelos concorrentes.

GRANT e CRAIG (1999) Integração de recursos tangíveis e intangíveis e trabalho em equipe.

DENEAUT e GATIGNON (2000) Rotinas organizacionais que criam valor para o cliente. ULRICH (2000) Conjuntos de competências individuais, que constituem

competências organizacionais estáveis, as quais não podem ser facilmente copiadas pelos concorrentes.

Quadro 09: Construíndo um conceito de competência organizacional. Fonte: GOMES et al (2008, p.218)

Os autores sintetizam os principais elos e palavras-chave em comum, extraídos dos

pensamentos no Quadro 09: “combinação/integração de habilidades, recursos, atividades,

processos, valores e rotinas organizacionais; geração de valor para os clientes; fonte de

vantagem competitiva; difícil de ser copiado por concorrentes; formadas gradualmente ao

longo do tempo”. (GOMES et al, 2008, p.219)

Um líder em uma competência essencial possui uma opção de participação em uma

gama de mercados de produtos finais baseados nessa competência. A duração das

competências essenciais também é maior do que a de qualquer produto ou serviço isolado

(PRAHALAD&HAMEL, 1994). E como a competência essencial contribui para a

competitividade de uma gama de produtos ou serviços, vencer ou perder a batalha pela

liderança de uma competência pode ter um impacto profundo sobre o potencial de

crescimento e diferenciação competitiva de uma empresa, maior do que o sucesso ou fracasso

de um produto isolado.

49

O aprofundamento do modelo de competências permite a compreensão da dinâmica

acirrada que caracteriza o mundo dos negócios nas últimas duas décadas. Prahalad&Hamel

(1994) constataram que poucas empresas que começam uma década como líderes do setor

terminam a década com essa posição intacta e inalterada.

Os autores deixam claro a necessidade desse papel ser exercido no âmbito estratégico:

“as competências essenciais precisam ser o principal assunto da estratégia corporativa”. E

enfatizam a essência desse trabalho quando alertam que “a alta gerência precisa saber se as

atuais competências estão sendo lentamente enfraquecidas ou fortalecidas”.

(PRAHALAD&HAMEL, 1994, p.252)

Para Herrero (2005), as competências essenciais devem ser entendidas como uma

integração de conhecimentos, tecnologias, habilidades e capacidades de uma organização para

inovar sua proposta de valor. Esse pensamento ratifica Prahalad&Hamel (1994), quando

indicaram que a integração é a marca de autenticidade das competências essenciais. Para os

autores, uma competência específica de uma organização representa a soma do aprendizado

de todos os conjuntos de habilidades tanto em nível pessoal quanto de unidade organizacional.

A partir de Prahalad&Hamel (1994), diversas contribuições aprofundam esse modelo

proposto, como descrito na seção seguinte.

2.3.2 O aprofundamento do modelo de competências

Ao analisar as idéias daqueles autores, Carbone (2009) lembra que Prahalad&Hamel

(1994) tratam do conceito no nível organizacional, referindo-se à competência como uma

capacidade da organização que a torna eficaz, permitindo a consecução dos seus objetivos

estratégicos. Para eles, comenta Carbone (2009), competências essenciais são atributos da

organização que conferem vantagem competitiva, geram valor distintivo percebido pelos

clientes, e são difíceis de ser imitadas pela concorrência.

Outra abordagem é a de Goleman (2001), que apresenta o domínio das competências

emocionais: a competência pessoal, formada pela autoconsciência e pela capacidade de

autogestão, significa o domínio das capacidades que determinam como os indivíduos lidam

50

consigo mesmos; e a competência social, explicada pela consciência social e pela capacidade

de administração dos relacionamentos.

Na síntese de Herrero (2005), a gestão por competências ocorre em três níveis: nível

da organização, nível das equipes de trabalho e nível do indivíduo. No Quadro 10, o autor

define cada nível:

Nível da organização Em que são identificadas as core competences da empresa, que lhe

possibilitam competir com sucesso em seus diferentes mercados.

Nível das equipes de trabalho Em que são identificados os centros de competência para os

processos de negócios ou para as áreas funcionais.

Nível do indivíduo Em que são identificadas as competências pessoais, numa

perspectiva técnica e da inteligência emocional para a melhoria do

desempenho profissional.

Quadro 10: Níveis de ocorrência das competências. Fonte: HERRERO (2005, p.175)

Carbone (2009) resume a classificação de competências em humanas – também

denominadas individuais ou profissionais – e organizacionais, ressaltando que um nível

influencia o outro e vice-versa, de tal forma que as competências humanas afetam as

competências organizacionais e ao mesmo tempo são influenciadas por estas.

Para Herrero (2005), o processo de identificação e desenvolvimento das competências

essenciais deve ocorrer além do nível da empresa, nos níveis das áreas funcionais, dos grupos

de trabalho e do indivíduo.

No nível das áreas funcionais, as competências podem ser desenvolvidas pelos centros

de competências, entendidos como as áreas de uma organização que dominam determinadas

habilidades, expertises e são responsáveis por geração, desenvolvimento e fortalecimento das

competências da organização. Herrero (2005) esclarece que é no centro de competência que

uma organização identifica:

- Quais as competências críticas para o negócio operar de forma competitiva?

- Quais os gaps de competências existentes na organização?

51

- Que planos de desenvolvimento de competências devem ser realizados?

- Como serão avaliados e reconhecidos a performance e o gerenciamento das

competências da organização?

No nível de equipe, competência significa a combinação e a integração das

competências individuais dos profissionais que a compõem. (HERRERO, 2005)

Por fim, no nível do indivíduo, competência significa a capacidade de agir eficazmente

em um determinado tipo de situação, mobilizando talento, conhecimentos (tácito e explícito),

habilidades, atitudes, experiências e network de contatos (HERRERO, 2005). A competência

no nível do indivíduo está associada à sua capacidade de entregar valor para a organização ou

para o cliente, mobilizando um repertório de recursos que podem ser agrupados na forma de:

- conhecimentos: saber – compreensão de conceitos e técnicas;

- habilidades: saber fazer – aptidão e capacidade de realização; e

- atitudes: postura e modo de agir.

Para Carbone (2005), a gestão por competências propõe-se a alinhar esforços para que

as competências humanas possam gerar e sustentar as competências organizacionais

necessárias à consecução dos objetivos estratégicos da organização: “(...) a gestão por

competências propõe-se fundamentalmente a gerenciar o gap, ou lacuna, de competências

eventualmente existente na organização, procurando eliminá-lo ou minimizá-lo”.

(CARBONE, 2009, p.70)

A área de gestão de pessoas, então, possui papel fundamental nesse processo, segundo

Carbone (2009), na medida em que seus diversos subsistemas (identificação e alocação de

talentos, educação corporativa, avaliação de desempenho, remuneração e benefícios, entre

outros) podem promover ou induzir o desenvolvimento profissional e, por conseguinte, a

eliminação de gaps, ou lacunas, de competências.

Esse pensamento também é compartilhado por Brandão (2005), quando afirma que, a

partir da estratégia corporativa e do diagnóstico de competências organizacionais, torna-se

possível o planejamento de ações de gestão de pessoas. Para o autor, essa etapa consiste

fundamentalmente em mapear as competências humanas necessárias para a consecução dos

objetivos estabelecidos na estratégia, realizar um diagnóstico a respeito e planejar ações para

52

desenvolvê-las. As competências humanas identificadas como relevantes às diversas unidades

da organização, por sua vez, devem compor a avaliação de desempenho profissional,

instrumento que permite à organização mensurar até que ponto seus funcionários expressam

tais competências no trabalho.

A idéia desses autores (BRANDÃO, 2005; CARBONE, 2009) é a geração de

informações para os diversos subsistemas de gestão de pessoas. O subsistema educação

corporativa, p.ex., atua diretamente no processo de desenvolvimento de competências

humanas, promovendo a socialização das competências existentes e provendo a organização

de ações de aprendizagem que permitam eliminar eventuais lacunas de competências. Pode,

também, agir por antecipação, desenvolvendo hoje competências que serão necessárias apenas

no futuro (CARBONE, 2009). Essa abordagem da área de gestão de pessoas trata das

competências individuais, apresentadas na próxima seção.

2.3.3 As competências individuais

Pode-se dizer, então, que a competência individual é resultante da aplicação de

conhecimentos, habilidades e atitudes adquiridos pela pessoa em processos de aprendizagem.

Assim, segundo Carbone (2009), se a avaliação de desempenho indicar, hipoteticamente, que

funcionários ou equipes não expressam, no nível desejado pela organização, a competência de

“atender o cliente com cortesia e educação, considerando suas expectativas e características”,

então cabe ao subsistema educação corporativa prover uma ação de aprendizagem que tenha o

desenvolvimento dessa competência como um objetivo instrucional.

Com isso, na gestão por competências, o mapeamento de competências humanas

relevantes à organização passa a orientar o subsistema educação corporativa em seus

processos de identificação de necessidades de aprendizagem, formulação de objetivos

instrucionais, definição de conteúdos de ensino, compartilhamento de competências entre as

pessoas e construção de trilhas de aprendizagem, entre outros, conforme propõe Carbone

(2009).

Le Boterf (1999) reforça esse entendimento, ressaltando que o desenvolvimento de

competências humanas depende essencialmente de três fatores: do interesse das pessoas por

53

aprender; de um ambiente de trabalho que incentive a aprendizagem; e do sistema de

educação corporativa disponível ao indivíduo. Dessa forma, o processo de orientação

profissional busca conciliar as necessidades organizacionais de competências, as

oportunidades profissionais existentes na organização e as aspirações de crescimento do

indivíduo.

Para isso, todos os subsistemas de gestão de pessoas (educação corporativa, remuneração

e benefícios, recrutamento e seleção, comunicação, avaliação de desempenho) são chamados

a atuar alinhados num modelo de gestão por competências.

É preciso ressaltar a característica fundamental de uma competência individual: o vínculo

indissociável entre competência e ação. Ruas (2001) enfatiza a noção de competência não

como estoque de recursos, quantitativo, mas na competência em forma de ação:

(...)a cada dia a experiência mostra que até mesmo profissionais que dispõem de amplos e reconhecidos conhecimento e capacidades, em algumas circunstâncias especiais de trabalho, não conseguem mobilizar suas capacitações de maneira adequada e pertinente. A aplicação/atualização daquilo que se sabe ou conhece num contexto específico – marcado por uma cultura institucional, por relações de trabalho particulares, condições temporárias e recursos restritos – é o que vai caracterizar a passagem para “competência”. Assim, (...) o conceito de competência constitui-se na própria ação e não existe antes dela. Não existe competência no vazio, mas apenas a competência no ato. (RUAS, 2001, p.249)

Diversos outros autores referem-se às competências individuais:

Parece mais indicado descrever competências humanas sob a forma de referenciais de

desempenho, ou seja, de comportamentos passíveis de observação no ambiente de trabalho,

pois o desempenho representa uma expressão, uma manifestação da competência.

(CARBONE, 2009)

É importante, então, que os comportamentos descritos para representar competências sejam objetivos e passíveis de observação no trabalho, indicando às pessoas o desempenho esperado. Quando a descrição não é clara nem objetiva, as pessoas tendem a dar a cada competência a interpretação que melhor lhe convém. Esse comportamento é descrito utilizando-se um verbo e um objeto de ação, como, p.ex., “Resolve problemas de álgebra”. A ele pode ser acrescida, sempre que possível e conveniente, uma condição na qual se espera que o desempenho ocorra, como, p.ex., “Resolve problemas de álgebra, sem utilizar calculadoras”. Pode-se incluir, ainda, um critério que indique um padrão de qualidade ou o nível de desempenho considerado satisfatório, como, por exemplo, “Resolve problemas de álgebra, sem utilizar calculadoras, cada um deles em menos de 10 minutos e com exatidão”. (CARBONE, 2009, p.57)

54

Na forma do que chama de um “enfoque brasileiro de competência”, Gomes et al

(2008) entende assim: conhecimentos, habilidades e atitudes, entregues para a organização e

que agregam valor econômico para a organização e valor social ao indivíduo.

Para Ruas (2000) estão situadas na capacidade de saber agir num contexto

profissional, de forma responsável e legitimada, mediante a mobilização, integração e

transferência de conhecimentos, habilidades e capacidades em geral.

Fleury&Fleury (2000) consideram a competência individual um saber agir responsável

e reconhecido, que implica mobilizar, integrar, transferir conhecimentos, recursos, habilidades

que agreguem valor econômico à organização e valor social ao indivíduo.

O pensamento de Dutra (2001) faz referência a um conjunto de conhecimentos,

habilidades e atitudes necessárias para que a pessoa desenvolva suas atribuições e

responsabilidades. No entanto, para o autor, essa forma de definir competência mostra-se

pouco instrumental, uma vez que as pessoas possuem conhecimentos, habilidades e atitudes

mas não entregam para a organização. Além de observar os conhecimentos, habilidades e

atitudes das pessoas, Dutra (2001) chama a atenção para a necessidade de analisar também

sua capacidade de entrega, ou seja, sua capacidade de fazer, responder para a organização o

que ela espera ou necessita.

Acompanhando Ruas (2001, Fleury&Fleury (2001) e Dutra (2001), Herrero (2005,

p.83) sintetiza o vínculo entre gestão por competências e aprendizagem: “A gestão das

competências em seus diferentes níveis, organizacional, do grupo de trabalho e do indivíduo,

permite o desenvolvimento de um programa de capacitação para que os colaboradores

incorporem as novas competências requeridas para a execução da estratégia.”

No nível das pessoas, o repertório de conhecimentos, habilidade e atitudes focados nas

competências organizacionais constitui as competências individuais. Estas podem ser

desenvolvidas dentro de uma equipe ou unidade, e são observadas no desempenho efetivo em

nível de trabalho. Quando exigidas em funções gerenciais, recebem a abordagem de

competências gerenciais, definidas na seção seguinte.

55

2.4 As competências gerenciais

No portfólio de competências de uma organização, a categoria das competências

gerenciais exerce uma relevante função de mobilização das outras competências –

organizacionais e individuais. Ruas (2001) concorda que parece não haver dúvida acerca da

importância do papel gerencial, sobretudo na condução de processos de mudança. E isso

requer a geração, por meio de efetivos processos de aprendizagem, da formação e ampliação

de um repertório de respostas e de maneiras de ser e de agir (competências) associadas às

práticas dos gerentes. O mesmo autor percebe nessas exigências um conjunto de atributos

ambicioso, seja pela sua abrangência, seja pela sua diversidade.

Mas em outro momento, Ruas (2000) alerta que em muitas definições do perfil gerencial

se reúne uma caracterização de tudo aquilo que a gestão, e não o gestor de forma isolada, deve

realizar para que a organização obtenha sucesso. É quando se faz necessário entender que o

domínio de tantas competências não pode ser uma tarefa de um gestor, mas de coletivos de

gestores. Nesse contexto, “são iniciativas voltadas para o compartilhamento coletivo desses

atributos, dentre vários quadros e níveis gerenciais, que vão conseguir configurar um

repertório de respostas e alternativas às situações que se apresentam” (RUAS, 2000, p. 4).

Ruas (2000) ainda supõe que o desenvolvimento de competências gerenciais vai exigir

mudanças mais profundas nas pessoas, e que essa mudança vai transitar por um processo de

aprendizagem.

Para as competências gerenciais, Gomes et al (2008) sintetizam no Quadro 11 as

observações mais relevantes que encontraram na literatura, ao perceber que vários autores se

dedicaram a construir as tipologias para essa modalidade de competência individual:

56

Schein (1996), após analisar as características do trabalho gerencial, definiu quais conhecimentos, habilidades e

atitudes eram necessárias para ser um gerente de sucesso. (...) Com isso, Schein (1978) encontrou quatro grupos

de competências gerenciais: motivação e valores; capacidade e aptidões analíticas; aptidões interpessoais e de

grupo; e capacidade e habilidade para lidar com a emoção.

Spencer&Spencer (1993) elegem como competências gerenciais: impacto e influência; orientação para

resultados; cooperação e espírito de equipe; pensamento analítico; iniciativa; desenvolvimento de pessoas;

confiança pessoal; compreensão interpessoal; comando/assertividade; busca de informações; liderança;

pensamento conceitual; desenvolvimento organizacional; desenvolvimento de relacionamentos; adotar ordens; e

conhecimento técnico.

Do ponto de vista de Ruas (2000), as competências são gerenciais quando os conhecimentos, as habilidades e as

atitudes mobilizam e integram recursos produzidos para a organização. Pode-se concluir, no entanto, que sob

esse ponto de vista as competências só podem ser consideradas gerenciais se o gerente for capaz de utilizá-las

para mobilizar os recursos e obter resultados para a empresa, caso contrário, os conhecimentos, as habilidades e

as atitudes são somente competências individuais.

Da mesma forma, se considerarmos o conceito de competência individual apresentado por Zarifian (2003), no

qual a competência é tomar iniciativa e assumir a responsabilidade em situações profissionais, utilizando-se de

inteligência prática, apoiada em conhecimentos e na capacidade de mobilizar as pessoas, podemos definir que

as competências gerenciais nada mais são do que as competências individuais colocadas em prática nas

atividades gerenciais.

Quadro 11: Tipologias para as competência gerenciais. Fonte: GOMES et al (2008, p.276)

Para Moraes (2004), os modelos de aprendizagem e ação ainda são deficientes em

explicar como os executivos lidam com os desafios diários do seu trabalho. A racionalidade

técnica que deu base a tantos modelos de aprendizagem não fomenta as habilidades reflexivas

necessárias para que os executivos tomem decisões sob a incerteza e em confronto com

ambientes turbulentos.

57

Assim, embora o modelo tradicional de aprendizagem gerencial valorize apenas a

educação e o desenvolvimento gerencial formal, ou seja, que ocorrem em sala de aula,

aumenta a crença de que os maiores ganhos profissionais e organizacionais se originam da

aprendizagem que ocorre no próprio ambiente de trabalho. (MORAES, 2004)

Embora os programas de formação gerencial procurem inserir inovações conceituais

para aprimorar a aprendizagem gerencial, ainda não representam uma perspectiva de

desenvolvimento de competências (RUAS, 2001).

O uso de recursos inovadores de aprendizagem, como a reflexão e a experiência, são fruto

de pesquisas sobre o processo de aprendizagem gerencial e são considerados eventos críticos

para o desenvolvimento de competências gerenciais específicas. Estas pesquisas

fundamentam-se em diferentes teorias sobre aprendizagem e educação de adultos, assim como

em teorias sobre a aprendizagem em ambientes de trabalho. Estas duas áreas têm contribuído

para a evolução do conceito de aprendizagem gerencial. (MORAES, 2004)

Considerando que a atividade gerencial é permeada por valores, crenças e pressuposições,

o executivo pode, por meio da reflexão crítica, questionar pressupostos culturais e

psicológicos mudando sua ação. Moraes (2004, p. 11) enfatiza que “os executivos tornam-se

criticamente reflexivos quando percebem que aquilo que fazem pode ser modificado ou

melhorado”. Os profissionais que atingem esse nível de aprendizagem levam em conta

questões morais e éticas sobre o trabalho e não apenas as questões instrumentais.

A mesma autora arremata que a aprendizagem gerencial não ocorre apenas através do

desenvolvimento ou da educação gerencial, mas também no dia-a-dia do trabalho (MORAES,

2004). Assim, a experiência do trabalho é a chave para o desenvolvimento de gerentes, que se

desenvolvem por meio de confrontos com situações e problemas novos em que o repertório de

comportamentos deles é inadequado e onde eles têm que desenvolver novas maneiras de tratar

essas situações. A autora identifica que “a aprendizagem gerencial não se limita a aquisição

de habilidades analíticas, mas inclui a aprendizagem sobre si mesmo, sobre a organização e

sobre o ambiente externo” (MORAES, 2004, p. 15). Dessa forma, a aprendizagem gerencial

não é apenas um produto, decorrente da transferência do conhecimento em ocasiões

planejadas e isoladas, mas um processo que ocorre ao longo da trajetória profissional, que

deriva e depende de um contexto social particular.

58

Moraes (2004) ainda ressalta que os relacionamentos são uma peça fundamental para a

aprendizagem gerencial: grande parte do conhecimento necessário para a prática da gestão

encontra-se disseminado entre os membros da organização de forma tácita e vão sendo

apropriados através da participação do gerente nesta prática.

Bohlander et al (2005) concordam que as experiências no local de trabalho constituem o

cerne do desenvolvimento de competências gerenciais, mas outros métodos fora do local de

trabalho suplementam essas experiências. Para os autores, o desenvolvimento de gerentes

precisa focar na ampliação da experiência do indivíduo e na construção de uma visão de longo

prazo do seu papel na organização.

A importância do desenvolvimento de competências gerenciais cresceu na medida em que

as organizações estão tentando competir por meio dos seus capitais humanos. Processos como

mudança organizacional e alinhamento estratégico dependem de líderes e gerentes de talento

(BOHLANDER et al, 2005). Assim, programas de desenvolvimento de competências

gerenciais precisam atender a conteúdos próprios e dinâmicas de aprendizagem coerentes com

as características naturais do desenvolvimento de pessoas em funções gerenciais.

O próximo capítulo trata das questões relacionadas à metodologia e desenvolvimento da

pesquisa.

59

3 Metodologia do estudo

Estão apresentados a seguir os aspectos metodológicos que conduziram o

desenvolvimento da pesquisa. As opções foram firmadas em função de sua adequação e

suficiência para o atendimento do objetivo: investigar a contribuição da educação corporativa

para o desenvolvimento das sete competências gerenciais identificadas pelo Banco do Brasil,

na percepção dos gestores participantes do Programa Diálogo no Estado de Pernambuco.

A escolha do programa Diálogo como foco de análise da dissertação se deu com base nos

seguintes critérios: volume de recursos investidos no treinamento (R$15.000.000,00); número

de gestores treinados (5.000 gerentes); conteúdo diretamente relacionado ao desenvolvimento

de competências gerenciais; relevância estratégica do curso (alinhamento com os negócios e

objetivos organizacionais da empresa); reconhecimento do caráter inovador da estratégia de

aprendizagem, motivo da menção honrosa no prêmio Top de RH 2009, promovido pela

ADVB – Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil, conforme matéria

reproduzida no Anexo 2.

As preocupações éticas que envolvem qualquer pesquisa estão contempladas, com a

abrangência proposta por Northway (2002, p.3): “(...) seja como for, todos os aspectos da

pesquisa, desde a decisão do tema até a identificação da amostra, a condução da pesquisa e a

publicação das descobertas, possuem implicações éticas.”

Assim, o protocolo de pesquisa garante: a limitação das ações ao interesse científico; o

respeito aos direitos dos participantes; a justiça aos participantes na análise subjetiva dos

dados; a confidencialidade e anonimato das respostas individuais; e a contenção ao interesse

restrito da pesquisa dos acessos liberados para o pesquisador nos sistemas corporativos do

Banco do Brasil.

As seções que seguem apresentam a natureza da pesquisa, população, lócus, método

de coleta de dados, pré-teste, análise dos dados e limites da pesquisa.

60

3.1 Natureza da pesquisa

Esta pesquisa foi conduzida, quanto a sua natureza, numa combinação de

metodologias qualitativas, cujo propósito é a coleta da maior quantidade de informações e

dados possíveis, que permitam uma análise articulada das questões que estão propostas.

Tendo em vista os objetivos do estudo, a metodologia adotada permitiu entender e

descrever o fenômeno em sua complexidade: com possibilidade de análise da interação entre

as variáveis, revelando tanto particularidades quanto generalizações, dentro do nível de

aprofundamento que foi perseguido, conforme indicado por Richardson (1995).

Quanto aos fins, admitindo a classificação de Vergara (1998), a pesquisa é descritiva,

quando identifica a conformação para cada uma das sete competências gerenciais

identificadas pelo Banco do Brasil, descrevendo os resultados sem outras interferências

analíticas.

Quanto aos meios, a dissertação é um estudo de caso único por tratar como base de

análise um programa de desenvolvimento de competências gerenciais do Banco do Brasil – o

Programa Diálogo.

3.1 Desenho da pesquisa

O desenho esquemático da Figura 1 demonstra a sucessão de etapas que forma o

delineamento da pesquisa.

61

Figura 1: Desenho da pesquisa.

problema de pesquisaComo a educação corporativa promove o desenvolvimento das sete

competências gerenciais identificadas pelo Banco do Brasil, na percepção dosgestores participantes do Programa Diálogo no Estado de Pernambuco?

definição dos objetivosInvestigar a contribuição da educação corporativa para o desenvolvimento das sete

competências gerenciais identificadas pelo Banco do Brasil, na percepção dosgestores participantes do Programa Diálogo no Estado de Pernambuco.

planejamento da pesquisa - estudo de caso

pesquisa documental

observação participante

levantamento de dados demográficos

questionário interação online

pré-teste dos instrumentos

coleta de dados/questionário entrevistas online

análise e interpretação dos dados

discussão e conclusões da pesquisa

62

3.2 Participantes do estudo

Para estabelecer viabilidade à pesquisa, a abordagem conteve-se no público

participante do Programa Diálogo no estado de Pernambuco, entre as diversas unidades do

Banco do Brasil e seus gestores. Essa escolha foi definida:

- pela facilidade de acesso do pesquisador aos respondentes;

- pela viabilidade logística para distribuição e recolhimento dos questionários, utilizando o

sistema diário de malote interno da empresa que transporta documentos entre suas unidades;

- pelo acesso à ferramenta de interação online, através de rede social da intranet corporativa

do Banco do Brasil;

- pela possibilidade de acesso ao sistema corporativo ARH do Banco do Brasil, para coleta de

dados demográficos dessa população;

- pelo interesse dos profissionais envolvidos em participar da pesquisa, conforme

demonstrado em levantamento prévio;

- pelo perfil e qualificação dos gestores pesquisados, em condições de possibilitar um grau de

riqueza e validade nas respostas oferecidas.

Levantamento prévio realizado junto à DIPES – Diretoria de Gestão de Pessoas,

através de sua unidade da UniBB em Recife (PE), permitiu a obtenção das seguintes

informações para dimensionamento dos participantes:

a) O estado de Pernambuco, território delimitado da pesquisa, possui 164 gestores com

perfil de administrador em suas unidades de negócio e de apoio.

b) Desses 164 gestores com perfil de administrador, 66 já concluíram todas as disciplinas

e oficinas presenciais do Programa Diálogo até 30/04/2011 (data-base de obtenção

dessa informação pelo pesquisador), recebendo sua certificação da Fundação Getúlio

Vargas – FGV Online.

c) Dos 66 gestores que concluíram sua participação no Programa Diálogo no estado de

Pernambuco, 04 encontravam-se ausentes de suas funções (aposentadoria, licença-

saúde ou afastamento) e 08 encontravam-se de férias no período da coleta de dados.

Assim, os participantes ficam delimitados em 54 gestores no estado de Pernambuco,

63

que concluíram o Programa Diálogo e estão no exercício das funções no período da

coleta de dados, de 27/06/2011 a 05/07/2011.

No período de 08 a 20 de Maio de 2011 foi realizada consulta prévia aos gestores

participantes, verificando sua disponibilidade e interesse em participar da pesquisa, via

intranet corporativa. Das 62 consultas realizadas, 43 retornaram com indicativo positivo para

participação.

O questionário foi enviado para os participantes - 54 gestores, com retorno de 36 deles.

Dois questionários ainda foram recebidos posteriormente, mas descartados em função da

apuração dos dados já ter sido concluída. Em seguida, 31 atenderam ao convite para entrevista

online, com aproveitamento da respostas de 28 pesquisados.

3.3 Método de coleta de dados

Foram firmadas 4 etapas de desenvolvimento da pesquisa no campo:

1 – análise documental: levantamento junto aos registros e normativos internos do Banco do

Brasil e da UniBB, para coleta de dados referentes à empresa, à UniBB, ao modelo de gestão

por competências institucionalizado pelo Banco do Brasil, e ao Programa Diálogo. Realizada

ao longo do ano de 2010 até Maio de 2011.

2 – observação participante: ao participar de uma das oficinas presenciais previstas para

conclusão do Programa Diálogo, realizada em 24 e 25 de setembro de 2009, quando esteve

reunida uma turma de 28 gestores nas dependências da UniBB em Recife PE, o pesquisador

coletou durante os dois dias em sala de aula um conteúdo de frases ditas pelos demais

participantes, manifestando diversas opiniões sobre o Programa Diálogo e o desenvolvimento

de competências gerenciais no Banco do Brasil. Esses insumos foram compilados e reduzidos

a 24 expressões de caráter qualitativo, submetidas à percepção dos respondentes através das

questões 36 e 37 do instrumento de pesquisa reproduzido no Apêndice 2, com respostas

possíveis numa escala de Likert (0-1-2-3-4-5-6). Assim se obteve dos participantes a

percepção para cada uma daquelas opiniões capturadas individualmente na observação

participante.

64

As principais características do método de observação participante dizem respeito ao

fato de o pesquisador mergulhar de cabeça no campo (FLICK, 2009, p.207), que observará a

partir de uma perspectiva de membro.

Jorgensen (1989) indica as motivações para a observação participante que também

estão presentes nessa pesquisa:

- um interesse especial no pensamento e na interação humana vistos a partir da perspectiva de

pessoas que são insiders ou membros de situações e de ambientes específicos;

- uma forma de teoria e de teorização que enfatiza a interpretação e a compreensão da

existência humana;

- uma lógica e um processo de investigação ilimitada, flexível, e que requer uma redefinição

constante daquilo que seja problemático, baseada em fatos coletados em ambientes concretos

da existência humana;

- uma abordagem e um plano de estudo de caso em profundidade e qualitativos;

- o desempenho de um ou mais papéis de participante que envolva o estabelecimento e a

manutenção de relações com nativos do campo;

- o emprego de observação direta em conjunto com outros métodos de coleta de informações.

(JORGENSEN, 1989).

Conforme Flick (2009, p.212):

A utilização da observação participante está fundamentada no pano de fundo teórico das versões mais recentes do interacionismo simbólico. (...) Na maior parte, aplicam-se estratégias gradativas de amostragem. Utilizam-se estratégias de codificação para a realização das interpretações. (FLICK, 2009, p.212-213)

O mesmo autor levanta a dúvida quanto à probabilidade de uma opinião ou impressão

verificada poder ser considerada válida ao grupo estudado como um todo ou apenas aos

membros individuais que a manifestaram, ou a situações específicas. A resposta para essa

dúvida parte da noção de que o grupo muito provavelmente compartilhe as opiniões inferidas

a partir das atividades em grupo, pois, e outra forma, estas teriam sido corrigidas ou

comentadas pelos demais membros. (FLICK, 2009)

3 – coleta de dados secundários: apuração baseada no sistema corporativo ARH do Banco do

Brasil, ao qual o pesquisador possuiu acesso e autorização de pesquisa normatizados pela

65

empresa, onde foram coletadas informações demográficas dos participantes da pesquisa:

idade, gênero, tempo de empresa e formação escolar. O acesso a essas informações permitiu a

redução de questões nos instrumentos de pesquisa. Realizada nos dias 01, 02 e 03 de Junho de

2011.

4 – pesquisa com todos os participantes, instrumentalizada através do questionário

reproduzido no Apêndice 2, que permitiu o atendimento de uma quantidade de questões não

abordadas pela ferramenta da entrevista online. Lakatos e Marconi (2005) deixam claro que a

formulação de um instrumento de pesquisa adequado é fundamental para uma coleta de dados

eficaz. Os instrumentos utilizados na pesquisa (questionário e roteiro para entrevistas) foram

desenvolvidos pelo pesquisador.

O roteiro do instrumento de pesquisa foi elaborado com base nos conceitos, princípios

e evidências referidos pela literatura nacional e internacional, e nas variáveis e objetivos

principal e específicos propostos pelo estudo.

Para avaliar no questionário objetivo a percepção dos gestores sobre o

desenvolvimento alcançado para cada uma das sete competências gerenciais identificadas

pelo Banco do Brasil, foram formuladas questões específicas possíveis de resposta numa

escala de Likert. Segundo Flick (2009), a escala de Likert tornou-se paradigma de

mensuração, sendo largamente aplicada, por ter a sensibilidade de reconhecer a oposição entre

contrários, gradientes e situações intermediárias.

Foram utilizados os seguintes conjuntos de termos:

irrelevante (0) (1) (2) (3) (4) (5) (6) decisiva

discordo totalmente (0) (1) (2) (3) (4) (5) (6) concordo totalmente

muito inadequada e insuficiente (0) (1) (2) (3) (4) (5) (6) muito adequada e suficiente

não tinha domínio algum da competência (0) (1) (2) (3) (4) (5) (6) dominava plenamente a competência

nunca ocorreu (0) (1) (2) (3) (4) (5) (6) sempre ocorreu

objetivo frustrado (0) (1) (2) (3) (4) (5) (6) objetivo cumprido plenamente

O documento foi enviado via malote interno da empresa para as unidades de trabalho

dos respondentes. Na mesma data de envio, seguiu nota eletrônica pessoal informando do

66

envio do formulário, e reforçando a importância da participação de cada um para o

desenvolvimento da pesquisa. O mesmo sistema eletrônico de mensagens pessoais do Banco

do Brasil serviu para dirimir dúvidas ou mesmo receber outras contribuições espontâneas dos

respondentes, como já ocorreu durante as consultas prévias de 08 a 20 de maio de 2011.

A devolução dos formulários se deu pela mesma via – malote interno, para a unidade

de trabalho do pesquisador, possibilitando o registro do fluxo de chegada. Essa dinâmica foi

acordada com os 54 gestores que se prontificaram a participar, na carta de apresentação da

pesquisa reproduzida no Apêndice 1.

5 – pesquisa online com toda a população identificada, por adesão dos respondentes ao

convite, realizada através de interação com o pesquisador em rede social eletrônica disponível

na intranet corporativa do Banco do Brasil, orientada pelo questionário de perguntas abertas

reproduzido no Apêndice 3. Dessa forma, o pesquisador pode interagir com os entrevistados,

orientando o processo de entrevista e recebendo em tempo real o registro das respostas para

posterior compilação. As perguntas foram abertas para o grupo participante da ocasião, uma

de cada vez, até a manifestação de todos. A compilação está reproduzida no Apêndice 4. Ao

abordar o critério da conveniência para definição de uma amostragem, Flick (2009) se refere à

seleção daqueles indivíduos mais acessíveis. Isso pode acontecer simplesmente em função de

se reduzir o esforço. Esse critério, segundo o autor, possivelmente represente o único caminho

para realizar-se uma avaliação com recursos limitados de tempo e de pessoas. Dessa forma, a

adesão para a pesquisa qualitativa manifestada pelos respondentes atende ao critério da

conveniência para seleção da amostra, conforme Flick (2009).

Segundo Flick (2009), nas entrevistas semi-estruturadas é mais provável que os pontos

de vista dos sujeitos entrevistados sejam expressos do que em um questionário apenas. A

pesquisa seguiu, nesse momento, roteiro de perguntas orientadoras para resposta na rede

social, permitindo a interação on line, em tempo real, entre pesquisador e pesquisados,

conforme roteiro reproduzido no Apêndice 3.

Essa opção permitiu agilidade na execução devido a facilidade de acesso e

tempestividade no contato com os pesquisados através da rede social eletrônica interna da

empresa. Foram realizadas 04 (cinco) sessões de entrevista, nos dias 04, 05, 06 e 07 de Julho

de 2011, sempre às 17:00h, horário em que percebemos maior disposição dos respondentes

67

em participar da atividade. Chegaram a participar dessas sessões 31, porém as informações

relacionadas a 03 deles foram perdidas por queda no sistema corporativo do Banco do Brasil.

Assim, foram aproveitadas as respostas de 28 participantes.

Para Flick (2009), o uso da pesquisa qualitativa online é uma ferramenta em expansão.

O autor observa que alguns pesquisadores transferiram muitos métodos qualitativos para a

rede: formas de entrevista online, o uso de grupos focais online, observação participante em

redes sociais, etnografia virtual, etc.

Razões práticas e técnicas – redução dos custos e tempo para transcrição, possibilidade

de reunião de pessoas espacialmente separadas, redução de deslocamentos, conveniência do

horário para o respondente – conduzem à realização de entrevistas online se os grupos que

consistirem no alvo do estudo puderem ser alcançados por rede eletrônica virtual. (FLICK,

2009)

As características específicas e opções da entrevista online são abordadas pelo mesmo

autor:

A entrevista online pode ser organizada em uma forma síncrona, que

significa que o pesquisador entra em contato com seu participante em uma

sala de bate-papo (chat), na qual pode trocar diretamente perguntas e

respostas enquanto ambos estão online. Isso fica muito próximo da troca

verbal em uma entrevista presencial. (FLICK, 2009, p.241)

Na execução do processo, foi possível perceber peculiaridades da realidade dos

entrevistados, bem como captar e questionar significados implícitos em suas respostas. Essa

relação é fundamental quando se trata de medir a percepção dos gestores em relação as suas

experiências vivenciadas no desenvolvimento de competências gerenciais. Os insumos

coletados nessa etapa permitiram alguns confrontos com os dados coletados através do

questionário, e sua validação.

Embora a quantidade de questionários retornados e a adesão à interação online tenham

sido suficientes para o bom resultado da pesquisa, um período maior de coleta de dados teria

gerado uma participação ainda mais efetiva. Nas semanas seguintes ao fechamento da coleta

ainda chegaram diversos questionários de participantes que alegaram motivos diversos para o

68

atraso. A percepção do pesquisador foi de grande interesse dos participantes em contribuir

com o trabalho.

Destaque para a facilidade de comunicação com os participantes – via celular, rede

social ou intranet – que promoveu agilidade e envolvimento do pesquisador com seus colegas

também gestores da mesma empresa.

Em todas as etapas da pesquisa foi promovida total transparência quanto aos

propósitos, inclusive porque o tema desenvolvimento de competências gerenciais desperta

interesse direto dos participantes. Foi exposta aos respondentes a relevância da pesquisa para

a empresa e seu corpo de gerentes, e garantido o anonimato, bem como a não-utilização das

informações para qualquer outra finalidade que não o tratamento científico impessoal.

3.4 Pré-teste

A coleta de dados teve duas atividades com abordagem de pré-teste: aplicação do

instrumento de pesquisa a 05 participantes da população e interação online na rede social

interna da empresa com 02 desses mesmos participantes.

O pré-teste possibilitou ao pesquisador identificar fragilidades em suas ferramentas de

coleta de dados e informações, que podiam comprometer a qualidade dos insumos, bem como

orientar alterações que garantiram mais confiabilidade e ajustamento aos objetivos da

pesquisa.

3.5 Tratamento dos dados

1 - A análise estatística descritiva dos dados coletados a partir do instrumento de pesquisa

permitiu medir a percepção dos participantes sobre o desenvolvimento alcançado para cada

uma das sete competências gerenciais identificadas pelo Banco do Brasil e trabalhadas no

Programa Diálogo. A abordagem foi baseada na obtenção da média para as respostas de cada

questão, e seu desvio-padrão. A pesquisa seguiu o seguinte padrão de definições para os

resultados médios encontrados e seus intervalos:

69

0 1 2 3 4 5 6

Fraco De mediano

para fraco Mediano Mediano

De mediano

para forte Forte

2 - Para tratamento dos dados coletados na interação em rede social do pesquisador com os

participantes foi utilizada a técnica da análise de conteúdo, com o objetivo de identificar

respostas que contribuam para o atendimento dos objetivos específicos. Esses dados

revelaram novas informações não colhidas no instrumento de pesquisa do Apêndice 2, bem

como possibilitaram a confirmação de outros dados percebidos naquela coleta. Segundo Flick

(2009), a análise de conteúdo é um dos procedimentos clássicos para analisar o material

textual, não importando qual a origem desse material, desde produto de mídias até dados

transcritos de entrevistas presenciais.

Para a apuração e análise do material coletado através do instrumento de pesquisa

reproduzido no Apêndice 3 – interação online, o procedimento para análise diz respeito a

agrupar as respostas de todos os participantes por questão indagada ou debatida, e em seguida

agrupar essas questões por sua relação com os objetivos específicos da pesquisa. Nesse

momento, já forma eliminados trechos irrelevantes para a pesquisa, relacionados a

cumprimentos e descontrações entre os participantes, ou entre esses e o pesquisador. Flick

(2009) chama esse procedimento de síntese da análise de conteúdo, onde trechos menos

relevantes são omitidos (primeira redução).

Em seguida, os dados resultantes foram classificados em 04 categorias de respostas:

que confirmam a questão (afirmativas), que confirmam com ponderações, com respostas

parciais ou indefinidas, e que negam a questão (negativas). Através do cálculo de freqüência

se chegou de forma dedutiva à inferência da resposta, considerando inclusive o contexto de

significação e ambiguações.

3.6 Limites da pesquisa

A pesquisa propõe a mensuração dos aspectos relacionados ao desenvolvimento das

competências gerenciais com foco na percepção dos participantes do Programa Diálogo. Não

70

estão contidos nos objetivos a busca de outras análises ou pontos de vista, como da própria

empresa, da UniBB, dos formuladores técnicos do programa ou dos subordinados e superiores

dos gestores participantes.

Outro limite está na abordagem transversal do estudo, quando um corte longitudinal

poderia identificar a evolução temporal do desenvolvimento de competências gerenciais

experimentadas pelos participantes, em períodos anuais por exemplo, após a conclusão do

Programa Diálogo.

3.7 Limitações da pesquisa

- A pesquisa procurou capturar aspectos relacionados à percepção dos respondentes, que

são de caráter individual/pessoal, e sujeitos a alterações temporais que o pesquisador não pode

controlar, apenas minimizar seus efeitos.

- A pesquisa não se mostrou conclusiva na avaliação da disciplina Saúde e QVT, em

função de percepções conflitantes demonstradas pelos respondentes em coletas de dados

diferentes.

- A população não foi segmentada em função do período de conclusão do Programa

Diálogo. Entre os participantes da pesquisa havia gestores que concluíram o Programa nos

anos de 2010 e 2011, portanto, poderiam manifestar percepções qualitativamente distintas

também em função da proximidade do treinamento.

O próximo capítulo inicia com a abordagem do Banco do Brasil, da UniBB e do

Programa Diálogo, seguindo com a apresentação e análise dos dados coletados na pesquisa.

71

4 Análise e discussão dos dados

4.1 O Banco do Brasil, a UniBB, e o Programa Diálogo

4.1.1 O Banco do Brasil e a UniBB

O Banco do Brasil S.A. completará, em 12 de Outubro de 2011, 203 anos de história

desde sua criação no Rio de Janeiro, em 1808. Tornou-se o maior conglomerado financeiro da

América Latina, com milhares de agências em todo o Brasil e presente nos principais centros

econômicos do mundo. (BANCO DO BRASIL, 2008)

Reunindo várias coligadas e subsidiárias, está constituído como empresa de economia

mista, tendo o Tesouro Nacional como seu principal acionista (68,7%). Outros acionistas são:

PREVI (11,4%); BNDES (5,0%); pessoas físicas (4,0%); pessoas jurídicas (3,9%); capital

estrangeiro (6,9%).

Possui um quadro de 112.179 funcionários efetivos, distribuídos em cerca de 5.000

unidades de trabalho no Brasil e exterior, dos quais 66.028 são homens (59% do total) e

46.151 são mulheres (41%).

A idade média é de 38 anos, mas a maior incidência de pessoas está na faixa entre 26 e 30

anos (19%). Parcela significativa dos funcionários (32.204) tem de 1 a 3 anos de carreira na

empresa.

A maioria do quadro funcional (79.216) tem formação superior (71%), sendo 51.705

graduados (46%) e 27.511 funcionários com pós-graduação (25%). (BANCO DO BRASIL,

2011)

Ao mesmo tempo em que atua como banco de mercado e relaciona-se com clientes e

parceiros negociais, objetivando a obtenção de resultados empresariais sustentáveis, cumpre

funções de instituição controlada pela União, como agente financeiro de políticas estatais de

desenvolvimento econômico, inclusão social, distribuição de renda e sustentabilidade.

72

Os caminhos da educação corporativa no Banco do Brasil começaram a ser traçados ainda

na década de 1960. Em 1965 houve a instituição do DESED – Departamento de Seleção e

Desenvolvimento de Pessoal. Xavier (2007, p.36) percebe a criação do DESED como um

marco, “pois a partir desse momento o Banco do Brasil ampliou seu processo de recrutamento

e seleção, sistematizou os primeiros cursos e programas educacionais e iniciou o processo

formal de avaliação de desempenho dos funcionários”. Além disso, o Departamento inovou a

educação da empresa ao promover a democratização da sala de aula com o ensino socializado

com enfoque construtivista.

Já no século XXI, ganharam força na empresa os debates sobre a gestão do conhecimento,

bem como o desenvolvimento de competências e suas influências na condução das ações

educacionais. A abrangência desses temas não permite mais um olhar isolado sobre a

educação corporativa na empresa, e aponta a necessidade de uma visão sistêmica e integrada

dos diversos processos inerentes à Gestão de Pessoas, especialmente daqueles relacionados ao

desenvolvimento das potencialidades dos funcionários. (BANCO DO BRASIL, 2008)

No Quadro 12, Xavier (2007) apresenta uma retrospectiva dos passos que sucederam para

o desenvolvimento da educação corporativa no Banco do Brasil:

73

1965: criação do DESED (Departamento de Seleção e Desenvolvimento de Pessoal)

A educação no BB nasce num cenário efervescente e diverso, em que tendências diferentes conviviam (escola

nova, tecnicismo, pedagogia libertadora, autoritarismo). O DESED já nasceu com uma tendência vanguardista,

flertando acintosamente com o pensamento de educadores progressistas.

Jorge Roux, filósofo e colega, representa bem esse núcleo fundador. Os referenciais apoiavam-se em: Lauro de

Oliveira (pedagogia, dinâmicas de grupo, disposição das carteiras em “U”), Jean Piaget, Álvaro Vieira Pinto

(filosofia da educação) ; Teilhard de Chardin (filosofia da educação), Pierre Furter (educador suiço que viveu

no Brasil nos anos 60).

No início dos anos 80, o pensamento de Paulo Freire somou-se, contribuindo decisivamente para a orientação

pedagógica do DESED, junto com Rubem Alves (a importância da afetividade, a educação como ato de amor) e

Miguel Arroyo.

1996: extinção da Diretoria de Recursos Humanos, à qual se vinculava o DESED, e criação da UFRH. O

DESED foi transformado em GEDEP (Gerência de Desenvolvimento Profissional).

2000: a UFRH é substituída pela Diretoria Gestão de Pessoas (DIPES) e a GEDEP transforma-se na GEDUC

(Gerência de Educação Corporativa).

2002: criação da Universidade Corporativa Banco do Brasil (UniBB) e a discussão sobre gestão do

conhecimento, “educação corporativa” e, mais recentemente, “desenvolvimento de competências”. O

“instrutor” passa a ser “educador”.

2004: o Seminário Educadores UniBB-2004 reuniu em Brasília mais de 100 educadores corporativos para

debater com professores especialistas de universidades francesas e intelectuais brasileiros os rumos da formação

de educadores no Banco. O Seminário foi fundamental para atualização das concepções filosóficas da educação

no Banco do Brasil.

São incorporadas contribuições de Edgar Morin (teoria da complexidade) e Jacques Ardoino (abordagem

multirreferencial).

Quadro 12: Evolução histórica da educação corporativa no Banco do Brasil. Fonte: XAVIER (2007)

Essa evolução histórica possibilitou um novo entendimento na empresa, com a

expansão do conceito de treinamento para uma concepção mais ampla de educação e

formação no trabalho, abrangendo o desenvolvimento humano e profissional. Em 2002 a

empresa conclui as discussões de vários grupos de trabalho e institui a Universidade

Corporativa Banco do Brasil - UniBB. (BANCO DO BRASIL, 2008)

A UniBB nasce sob um escopo de alinhamento estratégico bem definido:

A Universidade Corporativa é um recurso estratégico para o efetivo posicionamento do Banco do Brasil na indústria financeira e para o fortalecimento de sua imagem institucional. As ações da Universidade alinham-se à Estratégia Corporativa e contribuem para concretizar a visão de

74

futuro do Banco, atingir seus objetivos estratégicos e desenvolver suas crenças e valores, consolidando o compromisso com os acionistas, os clientes, os funcionários e a sociedade (BANCO DO BRASIL, 2011, p.1).

Na sua missão, a UniBB deixa claro seu papel: “desenvolver a excelência humana e

profissional de seus públicos, por meio da criação de valor em soluções educacionais,

contribuindo para a melhoria do desempenho organizacional e o fortalecimento da imagem

institucional do Banco do Brasil” (BANCO DO BRASIL, 2011, p.1).

As ações educativas da UniBB são orientadas atualmente por um documento instituído

em 2008: a PPP – Proposta Político-Pedagógica para Atuação em Gestão de Pessoas.

Essas ações da UniBB são direcionadas à expansão de oportunidades educacionais

ligadas à profissionalização, ao desenvolvimento da cidadania, da qualidade de vida e da

cultura. Os programas podem ser desenvolvidos internamente ou contratados no mercado,

junto a entidades parceiras externas, e realizados em turmas abertas ou fechadas. A UniBB

mantém uma rede de espaços físicos para atividades presenciais nas capitais dos estados, onde

estão situadas as unidades GEPES (Gestão de Pessoas). (BANCO DO BRASIL, 2011)

O corpo docente da UniBB é constituído por funcionários do Banco do Brasil

(educadores corporativos), professores contratados e professores de entidades educacionais

parceiras. O ingresso no quadro de educadores corporativos é realizado via processo seletivo.

O Portal da UniBB é um ambiente virtual no qual são oferecidas informações

sistematizadas sobre a educação corporativa no Banco do Brasil, são divulgadas as ações de

desenvolvimento pessoal e profissional disponíveis e são realizados treinamentos na

modalidade a distância. É acessado pela Intranet Corporativa ou pela Internet no endereço:

http://uni.bb.com.br. Possui área aberta para o público externo e área restrita ao acesso dos

funcionários. (BANCO DO BRASIL, 2011)

Os programas de educação corporativa da UniBB são elaborados e construídos com base

na avaliação das necessidades de desenvolvimento de competências dos profissionais do

Banco do Brasil. Apresentam-se nas modalidades: presencial, auto-instrucional e em serviço.

Passam por processo de validação antes de serem oferecidos regularmente, de maneira a

assegurar sua qualidade. No ano de 2010, o investimento total da empresa em educação

corporativa foi de R$130.000.000,00 (Cento e trinta milhões de reais). (BANCO DO

BRASIL, 2011)

75

4.1.2 O Programa Diálogo

O público-alvo do Programa Diálogo – Práticas para a Transformação são os funcionários

de função gerencial em unidades de negócios. Instituído pela UniBB em 2008, tem por

objetivo fortalecer e desenvolver as competências gerenciais dos gestores do Banco do Brasil

(BANCO DO BRASIL, 2008).

O programa é composto de:

- curso de extensão – “Desenvolvimento de Competências Gerenciais”, à distância, via

Internet, ministrado pela FGV Online (http://www.fgv.br/fgvonline/dialogo);

- oficinas presenciais;

- atividades práticas (pesquisa, desafios e reflexões);

- compartilhamento de melhores práticas gerenciais;

- elaboração de Projeto de Aprimoramento Gerencial.

Foram disponibilizadas dez ofertas de 500 vagas cada uma, ao longo de 2008 e 2009.

As inscrições para a última oferta foram disponibilizadas em 30/10/2009. A encomenda junto

a Instituição de Ensino Superior – IES parceira alcançava 5.000 gestores do Banco do Brasil

em todo o Brasil. (BANCO DO BRASIL, 2009)

O programa foi desenvolvido por professores especialistas da Fundação Getúlio

Vargas – FGV Online (IES parceira) e por técnicos da UniBB, garantindo assim, o

alinhamento da teoria ao dia-a-dia das unidades do Banco do Brasil. As atividades práticas a

serem desenvolvidas com a equipe dos gestores foram elaboradas a partir da identificação de

situações-problemas reais. O investimento contratado junto à IES monta a R$15.000.000,00

(Quinze milhões de reais), o que significa um valor médio de R$3.000,00 (Três mil reais) por

funcionário treinado. (BANCO DO BRASIL, 2008)

O curso à distância é ministrado pela IES parceira da UniBB. As duas oficinas

presenciais (realizadas ao final da segunda e da quinta disciplinas) são conduzidas por

educadores corporativos da UniBB, em pólos regionais que possibilitem a participação de

todos que cumprirem as disciplinas à distância (BANCO DO BRASIL, 2008).

76

O funcionário que concluir com aproveitamento o curso a distância receberá da IES

certificado de conclusão do curso de extensão Desenvolvimento de Competências Gerenciais.

Em caso de cancelamento ou abandono, o funcionário deverá restituir o valor referente ao

curso de extensão Desenvolvimento de Competências Gerenciais, pago pelo Banco do Brasil

à IES. (BANCO DO BRASIL, 2008)

Os conteúdos das disciplinas foram desenvolvidos com base nas sete competências

gerenciais do Banco do Brasil. Cada disciplina do curso está relacionada com uma ou mais

competências gerenciais, conforme Quadro 2: Lógica e Processo Decisório (L&PD); Estilo de

Gestão e Liderança (EG&L); Alinhamento Institucional (AI); Saúde e Qualidade de Vida no

Trabalho (Saúde&QVT); Educação. O Quadro 13 demonstra a vinculação entre as disciplinas

aplicadas e as sete competências gerenciais identificadas pelo Banco do Brasil:

Descrição da competência gerencial Disciplina

1 – Estimula e valoriza a participação dos funcionários nas decisões, incentivando

o diálogo, a troca de idéias e o compartilhamento de conhecimento.

Estilo de Gestão e

Liderança

2 – Orienta a atuação da equipe com foco nas estratégias, resultados e princípios de

RSA do Banco, compartilhando as informações necessárias para a realização do

trabalho.

Alinhamento

Institucional

3 – Promove o desenvolvimento da equipe, comunicando suas expectativas sobre o

desempenho das pessoas, fornecendo feedback freqüente para aprimoramento e

oferecendo oportunidades de capacitação.

Educação

4 – Implementa, em conjunto com a equipe, ações voltadas para o bem-estar no

trabalho e melhoria contínua da qualidade de vida.

Saúde&QVT

5 – Negocia com clientes (internos e externos), de forma transparente, buscando

estabelecer acordos que atendam aos interesses das partes.

Lógica e Processo

Decisório

6 – Toma decisões adequadas, em tempo hábil, analisando o contexto e os

objetivos da unidade.

Lógica e Processo

Decisório

7 – Coordena os processos de sua equipe, identificando desvios e implementando

ações de melhoria.

Estilo de Gestão e

Liderança

Quadro13: Disciplinas do Programa Diálogo e competências gerenciais do Banco do Brasil. Fonte: BANCO DO

BRASIL (2008).

77

Para propiciar aderência da fundamentação teórica com a realidade cotidiana dos

gestores, a UniBB realizou em 2006-2007 uma pesquisa com funcionários de todo o país,

investigando suas percepções quanto à aplicação das competências gerenciais na prática. Os

resultados dessa pesquisa subsidiaram tanto o planejamento do Programa Diálogo, como

enriqueceram os próprios conteúdos com exemplos reais (BANCO DO BRASIL, 2008). O

Anexo 3 traz depoimentos colhidos de funcionários durante a realização dessa pesquisa

prévia.

A aproximação da teoria com a realidade dos gestores foi garantida pela construção

conjunta dos conteúdos pela equipe técnica da FGV Online, os professores-autores da FGV e

a equipe de assessores do Programa Diálogo da UniBB. Dessa forma, não apenas os

conteúdos tratados foram alinhados à Estratégia Corporativa e às características da gestão do

Banco do Brasil, como também pela inserção de depoimentos, relatos, casos, questões para

reflexão e desafios contextualizados com essa realidade. (BANCO DO BRASIL, 2008)

A interação entre a teoria e a prática é fortalecida por exercícios práticos – desafios,

que o gestor participante do programa deve realizar junto à sua equipe no decorrer do

treinamento, mostrando na prática a possibilidade da aplicação da teoria e seus resultados. Os

desafios são compartilhados nas oficinas presenciais. (BANCO DO BRASIL, 2008)

Nas oficinas presenciais, também é desenvolvido o Plano de Aprimoramento

Gerencial. Nesse plano, os gestores têm a oportunidade de analisar seus próprios

desempenhos relativos às competências gerenciais e a situação atual de sua unidade de

negócio, confrontar esses dados com os estudos realizados durante o curso e traçar um plano

para desenvolver e fortalecer suas competências. (BANCO DO BRASIL, 2008)

As cinco disciplinas que formam o curso à distância Desenvolvimento de

Competências Gerenciais apresentam o conteúdo visto no Quadro 14.

78

Disciplina Objetivo Conteúdo

1 - Lógica e

Processo Decisório

discutir a importância da lógica para a construção

de argumentos, tomadas de decisões, liderança e

criatividade, integração e cooperação.

lógica e argumentação; teorias do

processo decisório; Intuição,

criatividade e tomada de decisão;

processo decisório.

2 - Estilo de Gestão

e Liderança

abordar as principais transformações do mundo

contemporâneo e seus reflexos para as funções de

gestão e liderança; analisar a condição social do

ser humano e suas implicações na organização do

trabalho, o papel da gerência como articulador de

processos grupais, e o exercício permanente de

liderança.

função gerencial no mundo

contemporâneo; gestão e

participação na organização; visões

da liderança; reflexão e diálogo

como dimensões do processo

decisório.

3 - Saúde & QVT abordar vários temas relativos à construção da

qualidade de vida no trabalho, tratando das

questões críticas que interferem sobre a saúde e o

ambiente de trabalho.

sentidos do trabalho; saúde e

estresse no trabalho; trabalho e

qualidade de vida; práticas em

gestão de pessoas para QVT.

4 - Alinhamento

Institucional

alinhar valores e práticas no contexto de trabalho

dos gestores, enfatizando a mobilização para a

construção da estratégia corporativa do Banco do

Brasil.

debates teóricos antecedentes;

administração estratégica no Banco

do Brasil; responsabilidade

socioambiental.

5 – Educação provocar a reflexão sobre os processos de

trabalho de modo a tornar a gestão de pessoas

mais formadora-educativa: a educação como

instrumento de ação, formação, gestão e

transformação da realidade.

o que é educar?; desenvolvimento

humano das pessoas; formação de

pessoas em situação de trabalho;

por uma formação integradora.

Quadro 14: Objetivos e conteúdos das disciplinas do Programa Diálogo. Fonte: BANCO DO BRASIL (2008).

Pela amplitude e importância do público atingido, pela qualidade dos conteúdos

abordados, pelo significativo volume de recursos financeiros e humanos investidos, pela

proposta ousada de provocar reflexão e mudança de atitude no quadro de gestores da empresa,

o Programa Diálogo reveste-se de grande relevância no âmbito do Banco do Brasil, já

ocupando o papel de uma das principais iniciativas de educação da UniBB.

79

4.1.3 A gestão por competências no Banco do Brasil e o desenvolvimento das competências gerenciais.

O Banco do Brasil adota o modelo de gestão por competências na condução de suas

políticas estratégicas para pessoas. A empresa entende que competências “representam

combinações sinérgicas de conhecimentos, habilidades e atitudes, expressas pelo desempenho

profissional, no âmbito de determinado contexto ou estratégia organizacional” (BANCO DO

BRASIL, 2006, p.6). Constituem comportamentos passíveis de observação no ambiente de

trabalho, que servem como padrão ou referência para orientar a atuação profissional dos

funcionários.

Os normativos internos e a orientação estratégica do Banco do Brasil destacam também

que a utilidade é um aspecto fundamental da competência (BANCO DO BRASIL, 2006).

Assim, o profissional deve avaliar constantemente suas competências para assegurar-se de

que se mantém sintonizado com as demandas do mercado de trabalho.

O Banco do Brasil procura especificar com clareza quais as competências de que

necessita para cumprir sua missão e atingir seus objetivos (BANCO DO BRASIL, 2006). O

próprio sistema de avaliação de desempenho – denominado Gestão do Desempenho por

Competências (GDC) – ajuda nessa indicação, pois mostra ao funcionário se ele está

atendendo às expectativas da empresa, apontando onde estão as “lacunas de desempenho” e

orientando como reduzi-las.

Para Carbone (2009), o mapeamento de competências tem como propósito identificar o

gap, ou lacuna, de competências, ou seja, a discrepância entre as competências necessárias

para concretizar a estratégia corporativa e as competências internas existentes na organização.

O Banco do Brasil possui um sistema de mapeamento de competências normatizado e

em ativo funcionamento (BANCO DO BRASIL, 2011). O mapeador de competências,

encontrando uma nova competência, promove sua descrição, sob a forma de referenciais de

desempenho, observando:

- máximo de duzentos caracteres, incluindo espaços;

- máximo de quatro competências específicas por perfil;

- início da descrição com um verbo na terceira pessoa do singular, e um objeto de ação;

80

- acrescentar, sempre que possível e conveniente, uma condição na qual se espera que o

desempenho ocorra ou um critério que indique um padrão de qualidade;

- evitar descrições longas, ambigüidades, irrelevâncias e obviedades, utilização de termos

técnicos ou estrangeirismos, duplicidades e abstrações e emprego de verbos que não

expressem uma ação concreta;

- submeter as descrições à crítica de pessoas-chave da área, visando identificar possíveis

inconsistências ou inadequações, e consultar funcionários de áreas distintas as área mapeada,

para certificar-se da compreensão do comportamento descrito;

- vincular as descrições formuladas a uma perspectiva estratégica da empresa: financeira,

clientes, comportamento organizacional, processos internos e sociedade.

A empresa trata suas competências identificadas enquanto competências organizacionais

e individuais. (BANCO DO BRASIL, 2006). As competências organizacionais são

conhecimentos práticos que a organização escolhe deter para ser percebida positivamente,

ganhar a preferência de potenciais clientes e aumentar a satisfação dos atuais. Têm a

finalidade de potencializar o alcance dos objetivos definidos para a organização, pelo foco na

utilização dos recursos.

A Estratégia Corporativa BB 2011-2015 (ECBB) define treze competências

organizacionais para a empresa: 1.Atendimento; 2.Gestão do Relacionamento com o Cliente;

3.Crédito; 4.Gestão de Investimentos; 5.Agilidade; 6.Gestão da Informação; 7.Segurança;

8.Desenvolvimento de Pessoas; 9.Gestão de Custos; 10.Gestão de Riscos;

11.Sustentabilidade; 12.Governança; 13.Inovação. (BANCO DO BRASIL, 2011).

Por sua vez, as competências individuais – aquelas indicadas para o domínio pelos

funcionários da empresa - definidas pelo Banco do Brasil são classificadas em:

- Fundamentais: são nove e devem ser expressas por todos os funcionários. Estão

distribuídas, para efeito de avaliação de desempenho, em cinco perspectivas estratégicas:

Financeira, Clientes, Comportamento Organizacional, Processos Internos e Sociedade

(BANCO DO BRASIL, 2011), conforme Quadro 15 abaixo:

81

Perspectiva estratégica

Descrição da competência fundamental

Clientes

Presta atendimento com cortesia e agilidade, disponibilizando soluções

adequadas às expectativas do cliente (interno ou externo) e às orientações do

Banco.

Comportamento Organizacional Relaciona-se com colegas, de forma cordial e profissional, a fim de

promover um bom clima de trabalho.

Comportamento Organizacional Implementa ações voltadas para o seu desenvolvimento profissional.

Financeira

Realiza suas atividades de trabalho, demonstrando conhecimento de

produtos, serviços, processos e aplicativos de informática relacionados a sua

área de atuação.

Financeira Identifica e aproveita oportunidades para o Banco, analisando o ambiente

interno e externo.

Processos Internos Comunica-se (por escrito e oralmente) de forma clara, objetiva e acessível ao

interlocutor.

Processos Internos Identifica riscos na realização das atividades sob sua responsabilidade e

implementa ações adequadas.

Processos Internos

Desenvolve suas atividades de forma organizada, para concluí-las com

qualidade e no tempo previsto, possibilitando a continuidade do processo de

trabalho.

Sociedade

Direciona suas ações, levando em consideração os impactos sociais,

ambientais e econômicos e os princípios de responsabilidade socioambiental

adotados pelo Banco.

Quadro 15: Descrição das competências fundamentais do Banco do Brasil. Fonte: BANCO DO BRASIL (2011)

- Específicas: variam de acordo com a área de atuação na unidade e com o papel

ocupacional desempenhado pelo funcionário (BANCO DO BRASIL, 2011). Na atividade de

caixa, por exemplo, o funcionário precisa deter, além das competências fundamentais, outras

de caráter específico, também definidas claramente pela empresa para cada atividade

específica.

- Gerenciais: são sete e devem ser expressas pelos funcionários que exercem funções

gerenciais. (BANCO DO BRASIL, 2011)

As sete competências gerenciais identificadas pelo Banco do Brasil se apresentam sob a

forma de enunciados que descrevem a ação esperada, e enquadradas em perspectivas de

desempenho, conforme demonstrado no Quadro 16.

82

Perspectiva Descrição da competência

Comportamento organizacional

Estimula e valoriza a participação dos funcionários nas decisões,

incentivando o diálogo, a troca de idéias e o compartilhamento de

conhecimentos.

Comportamento organizacional

Orienta a atuação da equipe com foco nas estratégias, resultados e princípios

de responsabilidade socioambiental do Banco, compartilhamento de

informações necessárias para a realização do trabalho.

Comportamento organizacional

Promove o desenvolvimento da equipe, comunicando suas expectativas

sobre o desempenho das pessoas, fornecendo feedback freqüente para

aprimoramento e oferecendo oportunidades de capacitação.

Comportamento organizacional Implementa, em conjunto com a equipe, ações voltadas para o bem-estar no

trabalho e melhoria contínua da qualidade de vida.

Clientes Negocia com clientes (internos e externos), de forma transparente, buscando

estabelecer acordos que atendam aos interesses das partes.

Financeira Toma decisões adequadas, em tempo hábil, analisando o contexto e os

objetivos da Unidade.

Processos Internos Coordena os processos da sua equipe, identificando desvios e

implementando ações de melhoria.

Quadro 16: Descrição das competências gerenciais do Banco do Brasil. Fonte: BANCO DO BRASIL (2011)

Para facilitar o entendimento e simplificar sua menção, essas sete competências

gerenciais serão doravante tratadas nessa pesquisa como: 1 – gestão de pessoas; 2 – liderança

estratégica; 3 – desenvolvimento de pessoas; 4 – qvt (qualidade de vida no trabalho); 5 –

negociação; 6 – processo decisório; 7 – gestão de processos.

Esse é o escopo do Programa Diálogo, desenvolvido tendo como referência duas

amplas pesquisas internas, realizadas por meio da aplicação de questionários e realização de

entrevistas com funcionários de todas as regiões do país. Leite (2009) ainda evidencia que, de

acordo com essas pesquisas, o segmento gerencial tem o importante papel de interlocutor

entre a alta administração do Banco do Brasil e seus funcionários. As ações dos gestores

refletem-se diretamente no desempenho, educação, saúde e qualidade de vida das pessoas,

bem como nas estratégias, resultados e princípios de responsabilidade socioambiental da

empresa.

83

Daí a vinculação entre as disciplinas aplicadas no Programa Diálogo e as sete

competências gerenciais identificadas pelo Banco do Brasil. A próxima seção apresenta os

dados demográficos dos participantes da pesquisa.

4.2 Dados demográficos dos participantes

O tópico 3.2. – Metodologia/Participantes define como está constituído o número de

54 gestores do Banco do Brasil, em atividade e exercendo a função gerencial em Junho/2011,

que concluíram o Programa Diálogo no estado de Pernambuco. Essa população teve seus

dados demográficos consultados no sistema corporativo ARH, pelo próprio pesquisador, em

27 de Junho de 2011. Foram coletados dados relativos a quatro características: gênero, faixa

etária, escolaridade e tempo de empresa.

4.2.1 Gênero

Encontrados 06 mulheres (11%) e 48 homens (89%). Em se tratando de uma

população de administradores, verifica-se uma discrepância significativa em relação à

distribuição de gênero no quadro efetivo total da empresa, que apresenta num universo de

112.179 funcionários, 66.028 homens (59%) e 46.151 mulheres (41%). Ou seja, a

participação de mulheres no quadro gerencial é significativamente menor do que na

distribuição demográfica total da empresa, como apresentado na Figura 2 e Figura 3.

Se a participação feminina no quadro total é de 41%, entre os gestores foi encontrado

um percentual de apenas 11%. Esse indicador demanda para a empresa a análise da questão

de gênero para os quadros gerenciais, inclusive em função da adesão do Banco do Brasil ao

Programa pró-Equidade de Gênero do governo federal, seu principal acionista.

84

Figura 2: Gênero no quadro gerencial.

Fonte: dados da pesquisa, 2011.

Figura 3: Gênero no quadro total da empresa.

Fonte: BANCO DO BRASIL (2011).

89%

11%

Masculino Feminino

59%

41%

Masculino Feminino

85

4.2.2 Faixa etária

Encontrados 03 gestores na faixa etária de 36-40 anos (6%); 11 gestores na faixa etária

de 41-45 anos (20%); 23 gestores na faixa etária de 46-50 anos (43%); 15 gestores na faixa

etária de 51-55 anos (28%); e 2 gestores na faixa etária de 56-60 anos (4%). Enquanto que no

quadro geral da empresa a maior incidência de pessoas está na faixa etária de 26-30 anos

(19%), entre os gestores a maior incidência está na faixa etária de 46-50 anos (43%).

Enquanto a idade média é de 38 anos entre os funcionários da empresa, 71% dos gestores

pesquisados encontram-se na faixa etária de 46-55 anos. Nota-se concentração dos gestores

em faixas etárias mais elevadas que a concentração existente no quadro total da empresa,

conforme apresentado na Figura 4.

Figura 4: Faixa etária dos gestores.

Fonte: dados da pesquisa, 2011.

36-40 anos 5%

41-45 anos 20%

46-50 anos 43%

51-55 anos 28%

56-60 anos 4%

86

4.2.3 Escolaridade

Encontrados: 01 gestor com 2.o grau (2%); 12 gestores com curso superior -

graduação (22%); e 41 gestores com pós-graduação - especialização (76%). No total do

quadro da empresa, há 32.963 funcionários com 2.o grau (29%); 51.705 graduados (46%); e

27.511 pós-graduados (25%). Nota-se formação escolar mais elevada entre os gestores em

relação ao quadro funcional total da empresa, como apresentado na Figura 5 e Figura 6.

Uma proporção de 76% dos pesquisados já detém pós-graduação concluída. Quando

somado esse percentual aos 22% que possuem graduação concluída, encontra-se 98% dos

gestores com formação superior. A UniBB disponibilizou nos últimos dez anos uma

sequência de oportunidades de formação superior e pós-graduação que possibilitou a seus

gestores atingirem esse alto nível de escolaridade, somado às oportunidades externas de

iniciativa individual. Esses fatores podem explicar os índices de escolaridade encontrados.

Figura 5: Escolaridade entre os gestores.

Fonte: dados da pesquisa, 2011.

2.o grau 2%

graduação 22%

pós-graduação 76%

87

Figura 6: Escolaridade no quadro total da empresa.

Fonte: BANCO DO BRASIL (2011).

4.2.4 Tempo de empresa

Encontrados 3 gestores na faixa de 15-20 anos de empresa (5%); 22 gestores na faixa

de 21-25 anos de empresa (41%); 21 gestores na faixa de 26-30 anos de empresa (39%); 7

gestores na faixa de 31-35 anos de empresa (13%); e 1 gestor na faixa de 36-40 anos de

empresa (2%), conforme apresentado na Figura 7. Essa distribuição entre os gestores destoa

da verificada no conjunto da empresa, onde 32.204 funcionários (29%) tem de 1 a 3 anos de

carreira na empresa.

A despeito de haver reduzido o tempo médio de empresa entre os funcionários de seu

quadro total (29% dos funcionários tem de 1 a 3 anos de carreira na empresa), o perfil

gerencial encontrado indica que 95% dos gestores possuem mais de 21 anos de empresa. Um

percentual igual de 95% dos gestores possui idade acima de 41 anos. É possível que esse

aspecto seja resultado da inexistência de um programa específico de identificação de

2.o grau 29%

graduação 46%

pós-graduação 25%

88

funcionários com perfil de gestão, permitindo nomeações para funções gerenciais apenas após

tempo considerável de serviço na empresa.

Figura 7: Tempo de empresa dos gestores pesquisados.

Fonte: dados da pesquisa, 2011.

Dessa forma, o perfil majoritário encontrado entre os gestores pesquisados apresenta-se

como: homem, com pós-graduação, com idade acima de 41 anos e com mais de 21 anos de

empresa.

Segue a apresentação e discussão dos dados coletados, com análise dos resultados obtidos,

agrupados em função dos objetivos específicos da pesquisa. Quando pertinente, estão

combinados e confrontados os resultados do questionário aplicado e das entrevistas online

realizadas.

15-20 anos 5%

21-25 anos 41%

26-30 anos 39%

31-35 anos 13%

36-40 anos 2%

89

4.3 Objetivo específico 1:

Analisar a convergência do planejamento da empresa com a percepção dos gestores

participantes do Programa Diálogo no estado de Pernambuco sobre o portfólio de

competências gerenciais.

4.3.1 Adequação do portfólio de competências gerenciais do Banco do Brasil

Os gestores pesquisados apresentaram na média um posicionamento de mediano para

forte, com baixo desvio-padrão, quanto à adequação e suficiência do portfólio de sete

competências gerenciais do Banco do Brasil, com resultado médio de 4,8 numa escala de 7

pontos, onde 0 corresponde a “muito inadequado e suficiente” e 6 corresponde a “muito

adequado e suficiente”, conforme Quadro 17 abaixo. Fleury (2001) identifica aí um princípio

importante da gestão do conhecimento: a tarefa da empresa de identificar, desenvolver,

disseminar e atualizar o conhecimento estrategicamente relevante para a empresa, seja por

meio de processos internos ou externos, chegando a um portfólio adequado de competências.

Questão da pesquisa média desvio-padrão Em que medida você considera o portfólio de competências gerenciais do Banco do Brasil adequado e suficiente? (de: muito inadequado e insuficiente a: muito adequado e suficiente)

4,8 0,7

Quadro 17: Adequação do portfólio de competências gerenciais do Banco do Brasil. Fonte: dados da pesquisa,

2011.

Manifestam uma percepção também de mediana para forte quanto ao Programa Diálogo

atender às necessidades de desenvolvimento desse portfólio de competências.

Respostas

afirmativas:

16 (57,1%)

Respostas

afirmativas com

ponderações:

06 (21,4%)

Respostas parciais:

05 (17,9%)

Respostas negativas:

01 (3,6%)

90

Alguns exemplos manifestam com clareza essa percepção:

“Sim. Conseguiu explicitar melhor as competências.” (N2)

“Sim. O conteúdo do curso é abrangente e voltado para a realidade do Banco.” (U2)

“Entendo que atende ao desenvolvimento de fato das competências, mas necessita de alguns

aprimoramentos.” (C3)

“Entendo que sim. Porém com a conclusão do curso, a verdade é que só se lembra das

competências quando (chega) o período avaliatório (GDP) quando o correto seria trabalhar

sempre.” (K1)

“O Programa é uma excelente ferramenta, mas não suficiente isoladamente”. (F2)

4.3.2 Atendimento dos objetivos das disciplinas do Programa Diálogo

As disciplinas Estilo de gestão e liderança, e Educação foram percebidas pelos gestores

como mais próximas do atingimento dos objetivos a que se propunham, com baixo desvio

padrão apurado para todas as disciplinas, conforme Quadro 18 abaixo.

Questão da pesquisa: Atribua um conceito para cada disciplina do Programa Diálogo, avaliando o cumprimento do seu objetivo geral descrito. (de: objetivo frustrado a: objetivo cumprido plenamente)

média desvio-padrão

Lógica e Processo Decisório 4,9 0,7 Estilo de Gestão e Liderança 5,2 0,7 Saúde e QVT 4,6 0,9 Alinhamento Institucional 4,6 0,9 Educação 5,1 0,8

Quadro 18: Atendimento aos objetivos das disciplinas. Fonte: dados da pesquisa, 2011.

Para o bloco que avalia aspectos relacionados a cada uma das sete competências

gerenciais do Banco do Brasil, foram obtidos os seguintes resultados:

91

4.3.3 Carências dos gestores antes do Programa Diálogo

Na manifestação sobre suas carências antes do Programa Diálogo em relação ao

desenvolvimento das competências gerenciais, ao se manifestarem na pesquisa online, os

gestores indicam de forma muito forte a percepção de carências que justificassem um

programa com esse fim (67,8%). Embora parcela significativa dos respondentes (32,1%)

entenda essas carências como naturais em função de suas crenças na formação permanente e

no conceito do profissional como um indivíduo inacabado, em constante aprendizagem.

Respostas

afirmativas:

10 (35,7%)

Respostas afirmativas

em função da crença na

formação permanente:

09 (32,1%)

Respostas parciais:

04 (14,3%)

Respostas negativas:

05 (17,9%)

Seguem algumas manifestações como exemplo:

“Sim, ainda não tinha participado de um curso similar, e isso era carência.” (J2)

“Sim, pois sempre dediquei mais tempo à parte técnica e precisava voltar mais atenção p/

gestão de pessoas.” (D1)

“Sempre necessitamos atualizar nossos conhecimentos e rediscutir antigos conceitos que

ajudam na compreensão e exercício da gestão.” (Y1)

Quando desdobrado para uma avaliação das sete competências gerenciais do Banco do

Brasil, no questionário aplicado, os gestores pesquisados indicaram maior carência antes do

Programa Diálogo em relação a competência 4 (qvt), conforme Quadro 19 abaixo. E menor

carência para as competências 5 (negociação), e 7 (gestão de processos). A Figura 8 abaixo

indica o domínio percebido pelos respondentes para cada uma das sete competências

gerenciais antes do Programa Diálogo, numa escala de 7 pontos, onde 0 corresponde a “não

tinha domínio algum da competência” e 6 corresponde a “ dominava plenamente a

competência.

92

Questão da pesquisa: Sobre sua condição antes do Programa Diálogo acerca do domínio dessa competência gerencial: (de: não tinha domínio algum da competência a: dominava plenamente a competência)

Média desvio-padrão

1 - Estimula e valoriza a participação dos funcionários nas decisões, incentivando o diálogo, a troca de idéias e o compartilhamento de conhecimentos. (gestão de pessoas)

4,2 0,8

2 - Orienta a atuação da equipe com foco nas estratégias, resultados e princípios de responsabilidade socioambiental do Banco, compartilhamento de informações necessárias para a realização do trabalho. (liderança estratégica)

4,3 0,6

3 - Promove o desenvolvimento da equipe, comunicando suas expectativas sobre o desempenho das pessoas, fornecendo feedback freqüente para aprimoramento e oferecendo oportunidades de capacitação. (desenvolvimento de pessoas)

4,2 0,5

4 - Implementa, em conjunto com a equipe, ações voltadas para o bem-estar no trabalho e melhoria contínua da qualidade de vida. (qvt) 4,1 0,8

5 - Negocia com clientes (internos e externos), de forma transparente, buscando estabelecer acordos que atendam aos interesses das partes. (negociação) 4,5 0,7

6 - Toma decisões adequadas, em tempo hábil, analisando o contexto e os objetivos da Unidade. (processo decisório) 4,4 0,6

7 - Coordena os processos da sua equipe, identificando desvios e implementando ações de melhoria. (gestão de processos) 4,5 0,5

Quadro 19: Domínio da competência antes do Programa Diálogo. Fonte: dados da pesquisa, 2011.

Figura 8: Domínio das sete competências gerenciais antes do Programa Diálogo.

Fonte: dados da pesquisa, 2011.

3,8 4 4,2 4,4 4,6

4 - qvt

1 - gestão de pessoas

3 - desenvolvimento de pessoas

2 - liderança estratégica

6 - processo decisório

5 - negociação

7 - gestão de processos

93

4.3.4 Abordagem das competências no conteúdo das disciplinas

Para a abordagem de cada competência no conteúdo de sua disciplina específica, as

competências 1 (gestão de pessoas, abordada na disciplina Estilo de Gestão e Liderança) e 4

(qvt, abordada na disciplina Saúde e QVT) receberam avaliação forte (média 5,0), conforme

Quadro 20 abaixo. A avaliação mais baixa ficou para a competência 6 (processo decisório,

abordada na disciplina Lógica e Processo Decisório), com média 4,6, e competência 2

(liderança estratégica, abordada na disciplina Alinhamento Institucional). A Figura 10 abaixo

apresenta a percepção do gestores sobre a abordagem de cada competência na sua disciplina

específica, numa escala de 7 pontos, onde 0 corresponde a “muito adequada e insuficiente” e

6 corresponde a “muito adequada e suficiente”.

Questão da pesquisa: De que forma você considera a abordagem dessa competência contemplada no conteúdo de sua disciplina específica? (de: muito inadequada e insuficiente a: muito adequada e suficiente)

média desvio-padrão

1 - Estimula e valoriza a participação dos funcionários nas decisões, incentivando o diálogo, a troca de idéias e o compartilhamento de conhecimentos. (disciplina Estilo de Gestão e Liderança)

5,0 0,7

2 - Orienta a atuação da equipe com foco nas estratégias, resultados e princípios de responsabilidade socioambiental do Banco, compartilhamento de informações necessárias para a realização do trabalho. (disciplina Alinhamento Institucional))

4,7 0,9

3 - Promove o desenvolvimento da equipe, comunicando suas expectativas sobre o desempenho das pessoas, fornecendo feedback freqüente para aprimoramento e oferecendo oportunidades de capacitação. (disciplina Educação)

4,9 0,8

4 - Implementa, em conjunto com a equipe, ações voltadas para o bem-estar no trabalho e melhoria contínua da qualidade de vida. (disciplina Saúde e QVT) 5,0 0,8

5 - Negocia com clientes (internos e externos), de forma transparente, buscando estabelecer acordos que atendam aos interesses das partes. (disciplina Estilo de Gestão e Liderança)

4,8 0,9

6 - Toma decisões adequadas, em tempo hábil, analisando o contexto e os objetivos da Unidade. (disciplina Lógica e Processo decisório) 4,6 1,0

7 - Coordena os processos da sua equipe, identificando desvios e implementando ações de melhoria. (disciplina Estilo de Gestão e Liderança) 4,8 0,8

Quadro 20: Abordagem das competências e conteúdo das disciplinas. Fonte: dados da pesquisa, 2011.

94

Figura 9: Abordagem das competências no conteúdo das suas disciplinas específicas.

Fonte: dados da pesquisa, 2011.

Há coerência entre a informação obtida da Figura 9 acima, e os conceitos atribuídos

para cada disciplina, avaliando o cumprimento do seu objetivo geral. Identificada uma

incoerência apenas em relação à disciplina Saúde e QVT, com avaliação quanto ao

cumprimento de seu objetivo de mediana para forte, mas com percepção forte sobre a

abordagem da competência 4 (qvt) em seu conteúdo. A Figura 10 apresenta as notas médias

atribuídas para cada disciplina do Programa Diálogo em relação ao cumprimento do seu

objetivo.

4,4 4,6 4,8 5,0 5,2

1 - gestão de pessoas

4 - qvt

3 - educação

5 - negociação

7 - gestão de processos

2 - liderança estratégica

6 - processo decisório

95

Figura 10: Percepção dos gestores sobre o cumprimento do objetivo de cada disciplina.

Fonte: dados da pesquisa.

O processo de entrevistas online confirma essa percepção colhida através dos

questionários. Os respondentes se manifestaram afirmativamente (44,55%), ou

afirmativamente com ponderações (25,9%), sobre as 05 disciplinas do Programa Diálogo

contemplarem o desenvolvimento das competências gerenciais.

Respostas

afirmativas:

12 (44,5%)

Respostas

afirmativas com

ponderações:

07 (25,9%)

Respostas parciais:

05 (18,5%)

Respostas negativas:

03 (11,1%)

Alguns exemplos demonstram essa percepção:

“Sim. O conteúdo foi adequado e relacionado com a realidade da empresa.” (U2)

“Sim. A base teórica é consistente e faz um link com a prática.” (Y1)

“Acredito que algumas disciplinas poderiam ser mais aprofundadas, como por exemplo

Alinhamento Institucional e Saúde e Qualidade de Vida no Trabalho, contudo o programa

4,2 4,4 4,6 4,8 5,0 5,2 5,4

Estilo de Gestão e Liderança

Educação

Lógica e Processo Decisório

Saúde e QVT

Alinhamento Institucional

96

contemplou em um nível satisfatório todas as competências gerenciais alvo da avaliação de

desempenho do Banco do Brasil.” (T1)

“Destaque para Estilo de Gestão e Liderança, Saúde e QVT, e Educação. Lógica e Processo

Decisório, e Alinhamento Institucional deixaram a desejar.” (C2)

De forma geral, há um reconhecimento positivo para duas disciplinas: Estilo de Gestão

e Liderança, e Educação. E uma postura crítica dos gestores em relação às disciplinas

Alinhamento Institucional, e Lógica e Processo Decisório. Há posições dúbias, não

conclusivas, em relação à disciplina saúde e QVT.

Percebe-se que as competências para as quais os respondentes indicaram maior

carência antes do Programa Diálogo, foram exatamente aquelas que tiveram a melhor

abordagem em suas disciplinas específicas. Essa informação é confirmada quando se constata

a percepção dos gestores pesquisados sobre o papel do curso no aprimoramento do exercício

de cada competência gerencial. O exercício das competências 1 (gestão de pessoas) e 3

(desenvolvimento de pessoas) foi mais aprimorado, com percepção forte dos gestores (médias

5,2 e 5,0, respectivamente), conforme apresentado no Quadro 21 abaixo. De forma geral, os

gestores percebem, de acordo com a competência trabalhada, aprimoramento forte (para as

competências 1 - gestão de pessoas e 3 - desenvolvimento de pessoas) ou aprimoramento de

mediano para forte (demais competências). Esse aprimoramento legitima o exercício das

competências, pois como define Ruas (2001), a noção de competência deve existir não como

estoque de recursos, quantitativo, mas na competência em forma de ação. A Figura 11

demonstra o aprimoramento alcançado pelos gestores com o Programa Diálogo.

97

Questão da pesquisa: Acredito que o curso aprimorou o exercício dessa competência no meu desempenho gerencial. (de: discordo totalmente a: concordo totalmente)

média dp

1 - Estimula e valoriza a participação dos funcionários nas decisões, incentivando o diálogo, a troca de idéias e o compartilhamento de conhecimentos. (gestão de pessoas)

5,2 0,7

2 - Orienta a atuação da equipe com foco nas estratégias, resultados e princípios de responsabilidade socioambiental do Banco, compartilhamento de informações necessárias para a realização do trabalho. (liderança estratégica)

4,8 1,0

3 - Promove o desenvolvimento da equipe, comunicando suas expectativas sobre o desempenho das pessoas, fornecendo feedback freqüente para aprimoramento e oferecendo oportunidades de capacitação. (desenvolvimento de pessoas)

5,0 0,7

4 - Implementa, em conjunto com a equipe, ações voltadas para o bem-estar no trabalho e melhoria contínua da qualidade de vida. (qvt) 4,8 0,8

5 - Negocia com clientes (internos e externos), de forma transparente, buscando estabelecer acordos que atendam aos interesses das partes. (negociação) 4,8 0,8

6 - Toma decisões adequadas, em tempo hábil, analisando o contexto e os objetivos da Unidade. (processo decisório) 4,8 0,8

7 - Coordena os processos da sua equipe, identificando desvios e implementando ações de melhoria. (gestão de processos) 4,8 0,8

Quadro 21: Aprimoramento das competências gerenciais. Fonte: dados da pesquisa, 2011.

Figura 11: Aprimoramento das competências gerenciais com o Programa Diálogo.

Fonte: dados da pesquisa, 2011.

4,6 4,8 5,0 5,2 5,4

1 - gestão de pessoas

3 - desenvolvimento de pessoas

2 - liderança estratégica

4 - qvt

5 - negociação

6 - processo decisório

7 - gestão de processos

98

4.3.5 As condições de trabalho para o exercício das competências gerenciais

Sobre as condições de trabalho permitirem e favorecerem o exercício das

competências gerenciais, os gestores apontaram maior dificuldade com as competências 4

(qvt, média 4,4), 2 (liderança estratégica, média 4,6) e 7 (gestão de processos, média 4,7).

Para as demais, a avaliação é igual (média 4,8), conforme Quadro 22 abaixo.

Questão da pesquisa: Minhas condições objetivas de trabalho permitem e favorecem a aplicação dos conteúdos aprendidos com o Programa Diálogo e de novas práticas motivadas pelo aprendizado, relacionadas a essa competência gerencial. (de: discordo totalmente a: concordo totalmente)

média desvio-padrão

1 - Estimula e valoriza a participação dos funcionários nas decisões, incentivando o diálogo, a troca de idéias e o compartilhamento de conhecimentos. (gestão de pessoas)

4,8 1,0

2 - Orienta a atuação da equipe com foco nas estratégias, resultados e princípios de responsabilidade socioambiental do Banco, compartilhamento de informações necessárias para a realização do trabalho. (liderança estratégica)

4,6 1,0

3 - Promove o desenvolvimento da equipe, comunicando suas expectativas sobre o desempenho das pessoas, fornecendo feedback freqüente para aprimoramento e oferecendo oportunidades de capacitação. (desenvolvimento de pessoas)

4,8 0,9

4 - Implementa, em conjunto com a equipe, ações voltadas para o bem-estar no trabalho e melhoria contínua da qualidade de vida. (qvt) 4,4 1,0

5 - Negocia com clientes (internos e externos), de forma transparente, buscando estabelecer acordos que atendam aos interesses das partes. (negociação) 4,8 0,9

6 - Toma decisões adequadas, em tempo hábil, analisando o contexto e os objetivos da Unidade. (processo decisório) 4,8 0,8

7 - Coordena os processos da sua equipe, identificando desvios e implementando ações de melhoria. (gestão de processos) 4,7 0,8

Quadro 22: Condições de trabalho e exercício da aprendizagem. Fonte: dados da pesquisa, 2011.

Nesse mesmo sentido, as entrevistas online indicam percepção bastante crítica dos

gestores pesquisados acerca das condições de trabalho no Banco do Brasil para o exercício

das competências gerenciais. As respostas afirmativas para a questão perfizeram 42,9%, com

mais 21,4% de respostas afirmativas com ponderações, 28,6% de respostas parciais, e 7,1%

de respostas negativas.

99

Respostas

afirmativas:

12 (42,9%)

Respostas

afirmativas com

ponderações:

06 (21,4%)

Respostas parciais:

08 (28,6%)

Respostas negativas:

02 (7,1%)

Esse aspecto ganha importância quando Ruas (2001, p.247) adverte que “a dimensão

competência gerencial exerce uma importante função na mobilização das outras

competências”. Ou seja, dificuldades no exercício de uma competência gerencial podem

ensejar comprometimento na mobilização de uma outra competência organizacional. O autor

reconhece que uma das problemáticas mais críticas na relação entre sistemas de formação e

desenvolvimento de competências coloca-se no processo de transferência e adaptação dos

resultados da formação no ambiente de trabalho. Por outro lado, o mesmo autor sugere que “a

direção desse processo de internalização vai exigir do gestor disposição e capacidade de

mudar a si próprio” (RUAS, 2001, p.247).

Para Leite (2006), as ações dos gestores refletem-s diretamente no desempenho,

educação, saúde e qualidade de vida das pessoas, bem como nas estratégias, resultados e

princípios de responsabilidade socioambiental da empresa.

Os exemplos abaixo ilustram a percepção colhida dos gestores sobre as condições para

o exercício das competências gerenciais nas unidades de trabalho:

“Sim, na maioria das vezes. Qualquer situação contrária terá mais a ver com a atitude do

administrador que com falta de condições.” (O1)

“Sim, sempre há condições para exercitar competências gerenciais desenvolvidas. É só querer

e priorizar.” (J2)

“Permitem, com algumas limitações, principalmente no tocante às questões relativas à

qualidade de vida.” (C3)

“Em parte, em função do corre-corre na busca de metas.” (X2)

“Em parte. Nossos inúmeros desafios diários e a carência de recursos humanos e materiais

contribuem para dificultar a aplicação correta de conceitos teóricos aprendidos.” (W2)

100

“Em parte, pois o volume de serviço/rotina da agência dificulta a aplicação efetiva das

competências.” (D1)

4.3.6 Dificuldades dos participantes no Programa Diálogo

Para o bloco de questões que avalia a percepção dos gestores sobre condições próprias

do Programa Diálogo, foram obtidos os seguintes resultados, apresentados no Quadro 23

abaixo:

Questão da pesquisa: Em que medida as dificuldades abaixo, manifestadas por outros colegas, ocorreram durante sua participação no Programa Diálogo? (de: nunca ocorreu a: sempre ocorreu)

média Desvio-padrão

Acesso à internet limitado ou precário 4,0 1,5 Incompatibilidade dos horários das atividades marcadas 4,2 1,5 Tempo de estudo comprometido pelo trabalho/funções no Banco 3,1 1,8 Atraso na disponibilização das apostilas para estudo 4,4 1,8 Dificuldade para participar das oficinas presenciais 4,5 1,6 Concorrência com outro curso paralelo, inclusive graduação 4,6 1,9 Ausência de ambiente de estudo adequado em casa 4,6 1,8

Quadro 23: Dificuldades dos participantes no Programa Diálogo. Fonte: dados da pesquisa, 2011.

Quanto às dificuldades manifestas por gestores isoladamente na observação

participante, em relação a condução do Programa Diálogo, obtiveram maior confirmação pelo

conjunto da população pesquisada, conforme Quadro 21 acima:

- concorrência com outro curso paralelo (média 4,6);

- ausência de ambiente de estudo adequado em casa (média 4,6).

Obtiveram o menor índice de confirmação pela população pesquisada:

- tempo de estudo comprometido pelo trabalho/funções no Banco (média 3,1).

- acesso à internet limitado ou precário (média 4,0)

101

Importante registrar que as demais dificuldades apresentaram confirmação de

moderada para forte, conforme Figura 12 abaixo, numa escala de 7 pontos, onde 0

corresponde a “nunca ocorreu” e 6 corresponde a “sempre ocorreu”.

Figura 12: Dificuldades verificadas durante a participação no Programa Diálogo.

Fonte: dados da pesquisa, 2011.

4.3.7 Outras observações dos participantes sobre o Programa Diálogo

Sobre as opiniões individuais anotadas quando da observação participante sobre o

Programa Diálogo, foi constatada forte discordância da população sobre as questões: carga

horária insuficiente; muitas atividades desnecessárias; excesso de conteúdo teórico; os tutores

não conheciam a realidade do Banco do Brasil. Esses resultados estão apresentados no

Quadro 24 abaixo.

Há uma forte concordância sobre as questões: boa qualidade do material didático; o

segmento gerencial carecia de uma capacitação como essa; o site da FGV Online e o ambiente

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0

tempo de estudo comprometido pelotrabalho/funções no Banco

acesso á internet limitado ou precário

incompatibilidade dos horários das atividadesmarcadas

atraso na disponibilização das apostilas paraestudo

dificuldade para participar das oficinaspresenciais

ausência de ambiente de estudo adequado emcasa

concorrência com outro curso paralelo

102

moodle são adequados para aprendizagem. Na sequência, as demais questões apresentaram

nível de concordância de mediano para forte.

Questão da pesquisa: Indique sua concordância/discordância com depoimentos e manifestações de colegas participantes do programa Diálogo. (de: discordo totalmente a: concordo totalmente)

média dp

Muitas atividades desnecessárias 1,9 1,6 Os tutores não conheciam a realidade do Banco do Brasil 2,4 1,8 Excesso de conteúdo teórico 1,9 1,6 Carga horária insuficiente 1,6 1,6 Programas dessa espécie deviam envolver toda a cadeia de gestão da empresa 4,4 1,8 Serviu para despertar questões relevantes sobre meu estilo de gestão 4,5 1,6 Serviu para despertar questões relevantes sobre minha carreira 4,3 1,5 Me possibilitou uma retomada do hábito de estudar 4,2 1,3 Atualizou minha formação gerencial 4,9 0,9 O segmento gerencial carecia de uma capacitação como essa 5,0 0,9 Troca de experiências entre os gestores foi muito rica 4,9 1,1 Faltou um reconhecimento mais efetivo para aqueles que concluíram o programa 4,2 1,8 Boa qualidade do material didático, inclusive apostilas 5,2 0,8 Os exercícios de reflexão foram adequados para reforço da aprendizagem 4,6 1,2 As atividades: filmes, obras literárias, obras de arte, fábulas, etc. foram adequados para reforço da aprendizagem 4,6 1,1

Os fóruns online promoveram o compartilhamento de conhecimentos 4,6 1,1 O site da FGV Online e o ambiente moodle são adequados para a aprendizagem 5,0 0,9

Quadro 24: Questões observadas pelos participantes no Programa Diálogo. Fonte: dados da pesquisa, 2011.

Os dados apresentados para o objetivo específico 1 indicam que há convergência do

planejamento da empresa com a percepção dos gestores sobre o portfólio de competências

gerenciais, num indicador de médio para forte.

4.4 Objetivo específico 2:

Avaliar as crenças dos gestores participantes do Programa Diálogo no estado de

Pernambuco sobre as oportunidades de educação corporativa que lhes são disponibilizadas

para o desenvolvimento das competências gerenciais.

103

4.4.1 Contribuição da educação corporativa para a capacitação gerencial

Excelente: 5 indicações (13,9%); Excelente, embora precise ser complementada com

fontes externas: 16 indicações (44,4%); Suficiente: 3 indicações (8,3%); Suficiente, embora

precise ser complementada com fontes externas: 11 indicações (30,6%); Deficiente: 1

indicação (2,8%); Inexistente: 0 indicação (0,0%).

Os gestores pesquisados consideram excelente a contribuição da educação corporativa no

Banco do Brasil para a sua capacitação gerencial (58,3%) ou suficiente (38,9%). Mesmo

assim, indicam que essa formação precisa ser complementada com fontes externas (75,0%).

Essa informação sugere ao Banco do Brasil e sua universidade corporativa a busca de

parcerias externas que complementem de forma qualificada a formação dos seus gestores,

facilitando o acesso destes à oportunidades externas de instrução. Meister (1999) lembra que

as melhores soluções de aprendizagem resultam da formação de parcerias de colaboração com

uma infinidade de empresas e instituições inovadoras.

Há um alto grau de reconhecimento pelos gestores das oportunidades de formação

disponibilizadas pelo Banco do Brasil para o desenvolvimento das competências gerenciais:

76,0% afirmam que a empresa disponibiliza oportunidades para sua profissionalização.

Ponderações foram feitas em relação à preocupação com a formação de novos gestores, e a

necessidade de um programa de formação de caráter continuado e permanente. Fleury (2001,

p.19) lembra que o desenvolvimento de competências deve “agregar valor econômico à

organização e valor social ao indivíduo”.

Respostas

afirmativas:

15 (60,0%)

Respostas

afirmativas com

ponderações:

04 (16,0%)

Sugestões:

03 (12,0%)

Respostas negativas:

03 (12,0%)

Alguns exemplos abaixo indicam essa percepção:

“Sim. São inúmeras as oportunidades que a empresa proporciona para nosso desenvolvimento

profissional. Basta querer.” (C3)

104

“Percebo uma preocupação constante nas estratégias do Banco em propiciar o

desenvolvimento gerencial, principalmente nos últimos 5 anos. Várias oportunidades foram

disponibilizadas, como os programas de incentivos a pós-graduação e graduação, os cursos de

linha da universidade corporativa, além do curso Diálogo.” (T1)

“As oportunidades são várias. Hoje o desenvolvimento profissional, através de cursos de

graduação e pós graduação no BB está totalmente democratizado.” (U2)

“Percebo que a busca para a formação para o desenvolvimento das competências depende

primeiramente da busca e atitude do gestor. O Banco disponibiliza os meios e os mecanismos

a serem procurados.” (F1)

“O Banco poderia disponibilizar capacitação em sala de aula para formação dos novos

gestores, antes da posse, com vivência em agências com certo grau de complexidade.” (X2)

“Não percebo um programa de formação continuado e permanente.” (C2)

4.4.2 Fontes da aprendizagem gerencial

Os dados do questionário destacam a prática da atividade gerencial como a principal fonte

para o desenvolvimento das competências gerenciais entre os gestores consultados, próxima à

condição de decisiva, conforme Quadro 25 abaixo. Fleury (2001) respalda essa percepção dos

gestores quando afirma que o conhecimento pode ser entendido como informação associada à

experiência, intuição e valores. Da mesma forma, Moraes (2004) entende que a aprendizagem

gerencial não ocorre apenas através do desenvolvimento ou da educação gerencial, mas

também no dia a dia do trabalho.

105

Questão da pesquisa: Qual a contribuição de cada fonte abaixo para o desenvolvimento de suas competências gerenciais? (de: irrelevante a: decisiva)

média desvio-padrão

Banco do Brasil/UniBB (cursos regulares e bolsas de graduação e pós-graduação). 4,6 1,0

instituições de ensino superior/cursos de graduação e pós-graduação sem bolsa do BB. 4,3 1,0

iniciativas individuais de estudo e leitura. 4,6 1,0 participação em eventos, seminários, palestras. 3,9 1,1 a prática da atividade gerencial. 5,4 0,6

Quadro 25: Contribuição das fontes de desenvolvimento de competências. Fonte: dados da pesquisa, 2011.

Mas quando indagados na entrevista online, surge com destaque uma opção não

apresentada naquele questionário: o convívio com outros colegas gestores e/ou superiores. As

principais referências indicadas pelos participantes para sua formação gerencial, em ordem de

incidência foram: convívio com colegas gestores (35,7%) e/ou superiores (10,7%);

experiência prática: (46%); formação acadêmica: (46%); Banco do Brasil/UniBB (42,9%).

Foi importante para esse achado a combinação de métodos de coleta de dados, visto que

apenas o questionário não teria alcançado essa informação, possível através da entrevista

online. Esses dados sugerem para a educação corporativa no Banco do Brasil a

institucionalização, desenvolvimento e disseminação de programas de mentoria e coaching:

os gestores pesquisados apontam que assim se dá parte significativa da sua formação.

As principais referências indicadas pelos participantes para sua formação gerencial, na

pesquisa online, em ordem de incidência, foram: convívio com colegas gestores (10 / 35,7%)

e/ou superiores (03 / 10,7%), total 13 (46%); experiência prática: 13 (46%); formação

acadêmica: 13 (46%); Banco do Brasil/UniBB: 12 (42,9%); iniciativas individuais (leitura,

reflexão): 08 (28,6%); outros cursos externos: 04 (14,3%); outras referências (pai, mercado,

experiência como educador): 03 (10,7%).

Alguns exemplos ilustram essas percepções dos participantes:

“Através da observação das melhores práticas dos gestores. Questões éticas, morais e de

valorização das pessoas devem permear as ações de qualquer gestor.” (X2)

“A prática, troca de experiências e a formação promovida pelo Banco e graduação particular.”

(E1)

106

“De treinamentos internos e externos, além do desenvolvimento proveniente do exercício da

atividade.” (C3)

“De outros gestores, do meu pai e da busca pelo aprendizado, ou melhor, da capacitação e

reflexão.” (C1)

“Da experiência com meus superiores hierárquicos e dos cursos realizados no Banco e fora

dele.” (N2)

Moraes (2004) indica que o uso de recursos inovadores de aprendizagem, como a reflexão

e a experiência, são frutos de pesquisas sobre o processo de aprendizagem gerencial e são

consideradas eventos críticos para o desenvolvimento de competências gerenciais específicas:

As diferentes pesquisas na área demonstram que os relacionamentos são uma peça fundamental para o processo de aprendizagem gerencial. Grande parte do conhecimento necessário para a prática da gestão encontra-se disseminado entre os membros da organização de forma tácita e vão sendo abstraídos através da trajetória de participação do executivo nesta prática. (MORAES, 2004, p.17)

Ao fazer uma síntese da importância dessas descobertas acerca de como se dá a

aprendizagem na prática, Moraes (2004) afirma que conhecer as recentes descobertas

empíricas desta área é extremamente relevante tendo em vista que programas de educação

para executivos tornaram-se sinônimo de aprendizagem gerencial, mas não refletem um

esforço proporcional em pesquisas que busquem compreender como os executivos de fato

aprendem.

Eboli (2004) ressalta essa necessidade das UCs pensarem modelo de gestão do

conhecimento que estimule o compartilhamento de conhecimentos organizacionais e a troca

de experiências, integrando o sistema de educação com esse modelo e criando mecanismos de

gestão que favoreçam a construção social do conhecimento.

4.4.3 Educação à distância e desenvolvimento de competências gerenciais

Quando avaliam o recurso da educação à distância como alternativa para o

desenvolvimento de competências gerenciais, afirmam de maneira forte sua concordância

com a viabilidade do recurso para esse fim, conforme Quadro 26 abaixo. Meister (1999)

entende que a tecnologia precisa ser utilizada para acelerar o aprendizado e dispor o

107

conhecimento no momento em que ele for necessário. Mas os gestores também manifestam a

necessidade de encontros presenciais mais freqüentes, inclusive treinamento formal.

Prahalad&Hamel (1994) sugerem que as reuniões freqüentes entre os funcionários que

possuem uma determinada competência para trocar idéias e experiências também ajuda e são

importantes para instilar uma noção de comunidade entre as pessoas que trabalham na mesma

competência.

Questão da pesquisa média desvio-padrão Tomando por base sua participação no Programa Diálogo, a educação à distância com suas tecnologias e recursos funciona como alternativa para o desenvolvimento de competências gerenciais. (de: discordo totalmente a: concordo totalmente)

5,2 0,8

Quadro 26: Percepção dos gestores sobre a educação à distância. Fonte: dados da pesquisa, 2011.

De forma geral, ao avaliar as crenças dos gestores participantes do Programa Diálogo no

estado de Pernambuco sobre as oportunidades de educação corporativa que lhes são

disponibilizadas para o desenvolvimento das competências gerenciais, a pesquisa indica um

reconhecimento, mas aponta avanços possíveis que são esperados pelos gestores. E esclarece

quais são as principais fontes de desenvolvimento gerencial que influenciam a formação dos

participantes.

4.5 Objetivo específico 3

Verificar a contribuição estratégica para a empresa de uma ação de educação corporativa

para o desenvolvimento de competências gerenciais, na percepção dos gestores

participantes do Programa Diálogo no estado de Pernambuco.

No atendimento do objetivo específico 3, com dados apresentados no Quadro 27 abaixo,

os gestores participantes da pesquisa possuem uma forte crença de que ações para o

desenvolvimento de competências gerenciais são de importância estratégica para a empresa.

Prahalad&Hamel (1994) lembram que as competências precisam ser o principal assunto da

108

estratégia corporativa: a alta gerência precisa saber se as atuais competências estão sendo

lentamente enfraquecidas ou fortalecidas.

Questão da pesquisa média desvio-padrão As oportunidades de educação corporativa oferecidas pela empresa constituem fator de atração para minha permanência no Banco do Brasil. (de: discordo totalmente a: concordo totalmente)

4,0 1,7

Você acredita no desenvolvimento das competências gerenciais como uma ação de importância estratégica para a empresa? (de: irrelevante a: decisiva)

5,4 0,7

Em que medida você percebe a UniBB como formadora de vantagem competitiva para o Banco do Brasil? (de: irrelevante a: decisiva)

4,5 0,8

O Programa Diálogo deveria ter caráter mais amplo e permanente, para orientar as práticas de gestão no Banco do Brasil. (de: discordo totalmente a: concordo totalmente)

5,1 0,8

Na minha percepção, o Programa Diálogo foi efetivo para promover o desenvolvimento de competências gerenciais no Banco do Brasil. (de: discordo totalmente a: concordo totalmente)

4,8 1,1

Quadro 27: Questões da pesquisa – objetivo específico 3. Fonte: dados da pesquisa, 2011.

Não foi anotada nenhuma resposta na entrevista online que questione ou negue o

tratamento estratégico que as competências gerenciais devem receber: apenas se diferenciam

pelo nível de reforço com que manifestam essa crença, como exposto através dos exemplos

abaixo:

“Sim, a nossa renovação de gestor tem sido grande e cada vez mais rápida. É preciso cuidar

dessa turma.” (K1)

“Sim. O gerente é a empresa.” (H3)

“Sim, estratégica. O gerente conduz a execução da estratégia no nível operacional. É

fundamental.” (C2)

“Sim, Não é possível conceber um resultado sustentável nas organizações, sem que os

quadros gerenciais, contemplados os cargos estratégicos da presidência, vice-presidência e

diretoria, apresentem a capacidade de se adaptar aos novos cenários que se apresentam. Sem

dúvida o processo de aprendizagem organizacional é a força motriz desta adaptação

necessária.” (P1)

109

“Sim, pois o gestor possui papel importante na disseminação da estratégia corporativa junto

aos demais colegas.” (D1)

“Sim. Uma empresa em constante mudança precisa que seus líderes estejam sempre

atualizados.” (T1)

“Sim. Por conta da necessidade de implementação das estratégias corporativas na prática e

por todos os segmentos da empresa.” (B1)

Conforme Fleury (2001, p.19), esse entendimento é importante, na medida em que “a

gestão do conhecimento apresenta uma importante contribuição para a compreensão de como

recursos intangíveis podem constituir a base de uma estratégia competitiva (...) e que irão

assegurar resultados superiores para a empresa no futuro”.

Os gestores manifestam uma opinião de mediana para forte quanto à percepção da

UniBB como formadora de vantagem competitiva para o Banco do Brasil. Meister (1999)

lembra que o principal objetivo de uma UC é institucionalizar uma cultura de aprendizagem

contínua, vinculada às mais importantes estratégias empresariais. A autora levanta o seguinte

questionamento: “como é que a organização saberá se sua UC produz realmente um impacto

sobre os negócios?” (MEISTER, 1999, p.79). Possivelmente, a UniBB precisa fortalecer sua

marca junto aos funcionário e gestores, já que aparentemente não se associa a UniBB às

oportunidades de educação corporativa que são reconhecidas pelos pesquisados. Meister

(1999, p.83) reforça a necessidade de criar veículos marcantes de comunicação e o primeiro

desafio para a UC é criar um posicionamento para ela: “esse posicionamento se integra então

com a estratégia da UC, tornando-se uma mensagem consistente em torno da qual toda a

comunicação sobre a instituição é apresentada”. Para a autora, essas ações permitem

desenvolver a UC como uma vantagem competitiva reconhecida.

Os gestores manifestam ainda opinião mediana quando indagados se as oportunidades

de educação corporativa oferecidas pela empresa constituem fator de atração para sua

permanência no Banco do Brasil. Essa crença poderia ser reforçada pela empresa como parte

de uma política de retenção de talentos. Le Boterf (1999) ressalta que o desenvolvimento de

competências depende essencialmente de três fatores: do interesse das pessoas por aprender;

de um ambiente de trabalho que incentive a aprendizagem; e do sistema de educação

corporativa disponível ao indivíduo.

110

Os gestores concordam que o Programa Diálogo deveria ter caráter mais amplo e

permanente, se constituindo numa ferramenta de orientação das práticas de gestão no Banco

do Brasil.

Atribuem uma percepção de mediana para forte em relação a efetividade do Programa

Diálogo para promover o desenvolvimento de competências gerenciais, com média 4,8 (numa

escala de 7 pontos, onde 0 corresponde a “discordo totalmente” e 6 corresponde a “concordo

totalmente”.

Nas contribuições manifestadas pelos gestores para outras experiências de

desenvolvimento gerencial no Banco do Brasil, 73,1% das respostas apontam para a crença na

necessidade de que assumam caráter continuado e permanente. Outra sugestão recorrente

sugere que novos programas da espécie sejam estendidos para toda a cadeia gerencial da

empresa.

Seguem abaixo manifestações mais significativas colhidas na oportunidade de livre

manifestação dos respondentes:

“É um programa excelente e que deveria ser mantido, bem como os alto executivos deveriam

participar.” (C1)

“A organização só conseguirá definir e disseminar um estilo de gestão a partir de programas

continuados de formação gerencial.” (C2)

“O Programa Diálogo foi a melhor oportunidade de aprendizagem e desenvolvimento que o

Banco proporcionou na área de gestão de pessoas.” (O1)

“Troca de experiências, debates, foram pontos fortes do programa.” (X2)

Embora ainda estejam em construção, para Carbone (2009), a gestão por competências

e a gestão do conhecimento parecem complementar-se no âmbito da administração

estratégica, e possuem o mesmo pressuposto: a posse de recursos intangíveis valiosos confere

à organização vantagem competitiva. A pesquisa demonstra que desenvolver competências

gerenciais significa adquirir um desses recursos intangíveis capaz de mobilizar a organização

para a estratégia e garantir a sustentabilidade do negócio através da formação permanente das

pessoas. O capítulo seguinte apresenta as conclusões da pesquisa e sugestões para trabalhos

futuros.

111

5 Conclusões

Esse trabalho teve como objetivo investigar a contribuição da educação corporativa para o

desenvolvimento das sete competências gerenciais identificadas pelo Banco do Brasil, na

percepção dos gestores participantes do Programa Diálogo no estado de Pernambuco.

Para esse fim, primeiro foi analisada a convergência do planejamento da empresa com a

percepção dos gestores sobre o portfólio de competências gerenciais.

Os participantes da pesquisa apresentaram um posicionamento de mediano para forte,

quanto à adequação e suficiência do portfólio de sete competências gerenciais do Banco do

Brasil. Manifestam uma percepção também de mediana para forte quanto ao Programa

Diálogo atender às necessidades de desenvolvimento desse portfólio de competências.

Ao se manifestarem sobre suas carências antes do Programa Diálogo em relação ao

desenvolvimento das competências gerenciais, os gestores indicam de forma muito forte a

percepção de carências que justificassem um programa com esse fim. Embora parcela

significativa dos respondentes entenda essas carências como naturais em função de suas

crenças na formação permanente e no conceito do profissional como um indivíduo inacabado,

em constante aprendizagem.

A pesquisa encontrou maior carência antes do Programa Diálogo em relação as

competências 4 – qualidade de vida no trabalho, 1 – gestão de pessoas e 3 – desenvolvimento

de pessoas. É positiva a conclusão de que foram estas duas últimas as competências melhor

trabalhadas nas disciplinas do Programa Diálogo, na percepção dos gestores. De forma geral,

há um reconhecimento positivo para duas disciplinas: Estilo de Gestão e Liderança, e

Educação. E uma percepção de prejuízo entre os gestores em relação ao conteúdo e aplicação

das disciplinas Alinhamento Institucional, e Lógica e Processo Decisório. Há posições dúbias,

não conclusivas, em relação à disciplina Saúde e QVT. Conteúdos de gestão de pessoas

precisam ser acentuados na formação dos gestores, porque essa é a dimensão da gestão que

mais demanda o exercício das competências gerenciais.

De forma geral, os gestores percebem, de acordo com a competência trabalhada, terem

alcançado aprimoramento forte (para as competências 1 - gestão de pessoas e 3 -

112

desenvolvimento de pessoas) ou aprimoramento de mediano para forte (demais

competências).

Sobre as condições de trabalho na empresa permitirem e favorecerem o exercício das

competências gerenciais, os gestores apontaram maior dificuldade com as competências 4

(qualidade de vida no trabalho), 2 (liderança estratégica) e 7 (gestão de processos). Nesse

mesmo sentido, há uma percepção bastante crítica dos gestores pesquisados acerca das

condições de trabalho no Banco do Brasil para o exercício das competências gerenciais. Há

necessidade de uma ação estratégica que revise a condição dos gestores sobretudo em entregar

qualidade de vida no trabalho às suas equipes. A pesquisa encontrou que a promoção da

qualidade de vida no trabalho para os colaboradores é a competência que os gerentes tem mais

dificuldade para exercitar nas suas unidades de trabalho. Programas e dotações orçamentárias

específicas, com autonomia de ação, podem garantir para os gerentes mais eficácia na entrega

dessa competência.

Os dados apresentados para o objetivo específico 1 indicam que há convergência do

planejamento da empresa com a percepção dos gestores sobre o portfólio de competências

gerenciais, num indicador de médio para forte.

Em seguida, ao avaliar as crenças dos gestores participantes do Programa Diálogo

sobre as oportunidades de educação corporativa que lhes são disponibilizadas para o

desenvolvimento das competências gerenciais, a pesquisa encontrou que esses gestores

consideram excelente a contribuição da educação corporativa no Banco do Brasil para a sua

capacitação gerencial. Mesmo assim, indicam que essa formação precisa ser complementada

com fontes externas. Essa informação sugere ao Banco do Brasil e sua universidade

corporativa a busca de parcerias externas que complementem de forma qualificada a formação

dos seus gestores, facilitando o acesso destes a oportunidades externas de instrução, muitas

vezes de iniciativa individual.

Há um alto grau de reconhecimento pelos gestores das oportunidades de formação

disponibilizadas pelo Banco do Brasil para o desenvolvimento das competências gerenciais.

Ponderações foram feitas em relação à preocupação com a formação de novos gestores. Há

que se dar mais atenção a formação e qualificação específica para os novos gestores. Embora

parte significativa do aprendizado evolua de acordo com as experiências profissionais

vivenciadas, os novos gestores carecem de uma preparação mínima para o início de sua

trajetória gerencial.

113

Os dados destacam a prática da atividade gerencial como a principal fonte para o

desenvolvimento das competências gerenciais entre os gestores consultados, próxima à

condição de decisiva. Mas quando indagados na entrevista online, surge com destaque uma

opção não apresentada no questionário: o convívio com outros colegas gestores e/ou

superiores. Esses dados sugerem para a educação corporativa no Banco do Brasil a

institucionalização, desenvolvimento e disseminação de programas de mentoria e coaching:

os gestores pesquisados apontam que assim se dá parte significativa da sua formação.

Programas de mentoria e coaching podem acelerar e otimizar essa troca, quando permitirem o

domínio pelos gestores (mentores ou coach) das técnicas e noções relacionadas a esses

processos de aprendizagem.

Quando avaliam o recurso da educação à distância como alternativa para o

desenvolvimento de competências gerenciais, os gestores manifestam forte concordância com

a viabilidade do recurso para esse fim. Mas há necessidade de incremento de atividades

presenciais de formação: os relacionamentos são uma peça fundamental para a aprendizagem

gerencial, gerando uma experiência social positiva, e são percebidos pelos participantes como

muito produtivos para a síntese e equalização do aprendizado.

Por fim, ao verificar a contribuição estratégica para a empresa de uma ação de educação

corporativa para o desenvolvimento de competências gerenciais, na percepção dos gestores

participantes, a pesquisa encontrou uma forte crença de que ações para o desenvolvimento de

competências gerenciais são de importância estratégica para a empresa. Não foi anotada

nenhuma resposta qualitativa que questione ou negue essa afirmação: apenas se diferenciam

pelo nível de reforço com que manifestam essa crença.

Os gestores manifestaram uma opinião mediana quanto à percepção da UniBB como

formadora de vantagem competitiva para o Banco do Brasil. Possivelmente, a UniBB precisa

fortalecer sua posição de marca junto aos funcionários e gestores: aparentemente não se

associa a UniBB às oportunidades de educação corporativa que são reconhecidas pelos

pesquisados. Ao fazer-se perceber mais como promotora das ações de educação corporativa

da empresa, a universidade corporativa pode ganhar posicionamento estratégico mais

definido. Melhorar essa percepção por parte dos colaboradores significa fortalecer a imagem

institucional e constituir diferencial de endomarketing útil inclusive em programas de

retenção de talentos.

114

Da mesma forma, os gestores manifestam opinião mediana quando indagados se as

oportunidades de educação corporativa oferecidas pela empresa constituem fator de atração

para sua permanência no Banco do Brasil. Essa crença poderia ser reforçada pela empresa

como parte de uma política de retenção de talentos.

Os participantes atribuem uma percepção de mediana para forte em relação a

efetividade do Programa Diálogo para promover o desenvolvimento de competências

gerenciais. Uma das percepções mais fortes encontradas pela pesquisa é de que o Programa

Diálogo, ou outro que venha a ser desenvolvido, deveria ter caráter mais amplo e permanente,

se constituindo numa ferramenta continuada de orientação das práticas de gestão no Banco do

Brasil. Ficou evidente na pesquisa que a formação gerencial ocorre ao longo da trajetória

profissional, e não exclusivamente em eventos isolados. Uma organização que adota a gestão

por competências precisa disponibilizar um programa de desenvolvimento de competências

gerenciais com regras conhecidas pelos seus colaboradores, e que atenda aos requisitos de

continuidade, permanência e auto-gestão do processo de aprendizagem.

Outra indicação recorrente na pesquisa sugere que novos programas da espécie sejam

estendidos para toda a cadeia gerencial da empresa, incluindo gerência média e os níveis

tático e estratégico. Os gerentes do nível operacional sugerem que os demais níveis gerenciais

compartilhem da mesma formação, para que os valores e crenças estejam alinhados em todos

os níveis da liderança.

Reportando ao objetivo da pesquisa, os gestores participantes do Programa Diálogo no

estado de Pernambuco reconhecem como de moderada para forte a contribuição da educação

corporativa para o desenvolvimento das sete competências gerenciais identificadas pelo

Banco do Brasil, percebendo fragilidades, limitações ou carências apontadas na pesquisa, que

devem ser superadas pela UniBB e Banco do Brasil.

Essas conclusões confirmam a relevância do desenvolvimento de competências

gerenciais para as organizações, e o papel da educação corporativa na construção de soluções

efetivas para esse fim. A universidade corporativa é o espaço apropriado que articula e

promove as ferramentas da gestão por competências, na medida em que pode garantir

formação permanente associada às orientações estratégicas da empresa. O tratamento das

competências gerenciais, por sua vez, garante para a empresa o fortalecimento de uma

dimensão importante, que atua na mobilização das demais competências. A atuação do

115

gerente é decisiva nesse sentido, e a qualificação da sua formação assegura vantagem

competitiva para a organização no âmbito do seu capital humano.

5.1 Sugestões para trabalhos futuros

- Investigar o alinhamento entre as competências individuais (gerenciais) e as

competências organizacionais do Banco do Brasil.

- Investigar as avaliações de desempenho dos gestores participantes do Programa Diálogo

antes e após a aplicação do treinamento.

- Investigar o índice de não-adesões, desistências e reprovações em programas da espécie,

e suas causas. Investigar os fatores que colaboram para a permanência dos treinandos no

curso.

- Aprofundar a investigação sobre a influência das condições de trabalho no processo de

aprendizagem e desenvolvimento profissional.

- Investigar as competências gerenciais em situação de trabalho.

- Investigar a estrutura de uma universidade corporativa.

- Aprofundar a investigação sobre as fontes de aprendizagem gerencial.

- Investigar as competências gerenciais na percepção das equipes de trabalho.

116

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THUROW, Lester. The state of American Competitiveness and how it can be improved,

discurso, Relatório de procedimentos do Xerox Quality Forum II, patrocinado pela Xerox

Corporation, Leesburg, Virgínia, 1990.

ULRICH, Dave. Os campeões de recursos humanos: inovando para obter os melhores

resultados. São Paulo: Futura, 1998.

__________. Recursos humanos estratégicos. São Paulo: Futura, 2000.

VERGARA, S. C. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. São Paulo: Atlas,

1998.

XAVIER, Liduína B. (org.) Itinerários da educação no Banco do Brasil. Brasília: Banco do

Brasil, 2007.

121

ANEXO 1 - Texto de apresentação do Programa Diálogo – práticas para a transformação.

Diálogo

Uma visita à Grécia Antiga nos faz compreender melhor nosso presente e ter uma

noção mais profunda e rica da origem de muitas práticas e de diversos fatores que afetam

nossas vidas e influenciam, constantemente, nosso cotidiano.

As múltiplas formas de saber da antiga civilização grega e, em especial, a sua

filosofia, constituem preciosos patrimônio da humanidade uma vez que forneceram a base

para o que chamamos hoje de cultura ocidental.

Dentre as grandes lições que os filósofos gregos nos ofereceram, talvez a maior tenha

sido a importância que deram à palavra, especialmente em sua forma de diálogo.

É por meio do diálogo que o homem, antes obscurecido pela ignorância e amedrontado

pelos monstros míticos, vem para a praça pública e faz nascer a arte do encontro com o outro,

com o diferente de si. E foi a partir do diálogo que nasceram e prosperaram a filosofia, as

ciências, o teatro e as artes em geral, e se fez a experiência da democracia.

A história é rica em exemplos de que quando a lição de apreço pelo diálogo foi

esquecida e o monólogo autoritário predominou, a obscuridade e a intolerância passaram a

comandar as ações humanas. Contudo, também não são raros os casos em que a arte do

diálogo trouxe prosperidade e felicidade para as comunidades humanas.

Por meio do diálogo será possível transformar o compartilhamento de experiências

profissionais e o debate teoricamente fundamentado em fontes de crescimento para todos,

tanto na vida pessoal, quanto no âmbito profissional.

(BANCO DO BRASIL – UniBB. Curso Interno Programa Diálogo. Brasília, 2008.)

122

ANEXO 2 – Reconhecimento do Programa Diálogo

Diálogo - Prêmio Top de RH 2009

Banco do Brasil recebe Menção Honrosa no Prêmio Top de RH 2009 O 'Programa Diálogo: práticas para a transformação' recebeu Menção Honrosa no Prêmio Top de RH 2009, promovido pela ADVB-Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil. O Programa, voltado ao desenvolvimento de competências gerenciais, foi lançado pelo BB em 2008 e está formando 5.000 gestores. O destaque no Prêmio foi dado pelo caráter inovador da estratégia de aprendizagem, que integra diferentes formas de mediação, como oferta de conteúdo via web (parceria com a FGV Online), oficinas presenciais conduzidas por educadores do BB na Rede Gepes e construção coletiva de conteúdos no ambiente Wiki-UniBB. O curso a distância é constituído de cinco disciplinas relacionadas às competências gerenciais mapeadas pelo BB: Lógica e Processo Decisório, Estilo de Gestão e Liderança, Saúde e Qualidade de Vida, Alinhamento Institucional e Educação, com ênfase na aplicação da teoria na prática cotidiana do gestor. O Prêmio Top de RH foi criado pela ADVB para valorizar as organizações que conseguem aumento em sua qualidade e competitividade por meio de seu quadro de funcionários e colaboradores, utilizando adequadamente suas estratégias e estilo de gestão. O resultado do Top de RH 2009 pode ser consultado no site: http://www.toprh.com.br

(em 20/06/2010)

123

ANEXO 3 - Pesquisa Interna para planejamento do

Programa Diálogo: depoimentos de funcionários.

Eu acho que a intenção e a disposição de compartilhar conhecimento existem. O primeiro obstáculo me parece que é estrutural. É uma empresa muito grande, que tem dificuldades de fazer com que esse processo aconteça. Eu não digo que ele não acontece, acontece e muito. Mas me parece que não acontece de uma forma efetiva por conta de uma série de obstáculos. Eu vejo o gerente como um cara que chama o pessoal para fazer a coisa acontecer, que representa o Banco, que está na linha de frente. As coisas boas e ruins é o gerente quem faz. E se você não tiver preparo para lidar com tudo isso, tanto a imagem externa com os clientes e a sociedade, quanto com os funcionários, você sofre muito, tem muitas dificuldades. Você tem que conseguir atender o público de maneira satisfatória, atender a superintendência, os órgãos superiores com relação às metas e conseguir com tudo isso satisfazer, ainda, os funcionários. O gestor com quem eu trabalho consegue motivar a equipe de uma maneira bem clara e objetiva. Eu sinto que ele tem prazer no que faz e consegue transmitir o prazer e a empolgação para todos nós também. Mas já trabalhei com outros que deixam uma distância grande entre o funcionário e o gerente. Eles não conseguem fazer com que o funcionário sinta prazer ali e saiba o que está fazendo.

Eu me sinto muito feliz pelo o que eu faço, eu vejo o Banco como um grande desafio, como uma grande escola e pelo espaço que eu já consegui no Banco, eu percebo que foi a partir da própria empresa que identificou em mim essas competências. Eu acho que deu pra tá fazendo um bom casamento.

O gerente é o camarada que precisa ter a capacidade de realizar todo o processo de planejamento, embora esteja no plano operacional. Ele precisa ter noção das estratégias da empresa para facilitar a execução do dia-a-dia. A principal tarefa do gerente é traduzir em números essas estratégias. Precisa também ter habilidade de se relacionar com as pessoas, tanto na agência dele com os subordinados, como lateralmente com os pares, com seus superiores, com autoridades e grandes clientes. Precisa também conhecer o mercado financeiro.

Não tem este negócio de chefe que manda, que não manda. É lógico que a última palavra, na hora de assinar, entre outras coisas, somos nós. A equipe é que prevalece. A hierarquia só é vista lá no último caso, na hora de decidir, bater o martelo e outras coisas.

A atividade gerencial hoje está bastante complexa e com diversos níveis de exigência. Por exemplo: na área de governo, você está mais ligado à construção de relacionamentos. No varejo, além da questão do relacionamento, têm-se mais atribuições específicas. Quando se fala de administrador, se quiser ser bem sucedido, tem que fazer uma escolha mais direcionada para as competências mais exigidas. Eu acredito que o sucesso está muito ligado à capacidade do administrador e da equipe de estabelecer relacionamentos confiáveis, que serão construídos ao longo do tempo.

124

Mais de noventa por cento do tempo do gerente é executando mesmo, atendendo clientes, vendendo produtos. E na minha opinião, sobra muito pouco tempo para ele compartilhar idéias, planejar um trabalho decente, trabalhar a formação do funcionário, desempenhar um papel de formador.

O que eu vejo que pode ser aprimorado é a ausência de feedback sincero com objetivo de melhoria. Isso eu vejo, eu vejo. Existe um mito que toda vez que você vai dar um feedback, você vai dar uma bronca.

Existem mais gerentes cobradores. Mas formador, aquele que senta com o funcionário e diz: olha, você errou aqui, ali. Olha por esse caminho aqui, fica mais fácil. Com a experiência que eu tenho vamos por aqui que é melhor. Eu não vejo muita gente fazendo isso.

Existe uma parte social que deve ser desenvolvida por nós. Na essência, o Banco do Brasil tem uma responsabilidade muito maior no município onde ele está inserido. E eu acho isso muito importante. E a gente olha para o gerente como uma pessoa que veio contribuir decisivamente para o desenvolvimento daquele município.

As pesquisas mostram que é a grande patologia do mundo moderno: o ambiente está ficando muito opressivo, estressante. A agência é uma panela de pressão... é impressionante. Pressão, muito serviço, muita pressão, sabe? O gerente é muito estressado, muito cobrado e aí isso forma uma cascata, vai virando na gente mesmo. E eu acho assim, tudo que eles aprendem de recursos humanos, de relacionamento, fica só no papel mesmo, porque a cobrança é muita.

O que causa estresse, na verdade, é o gestor. Se ele for tirano, as pessoas ficam doentes, entristecem e não são felizes. Então, eu acho que ele tem que ser um cara vibrante, motivador, companheiro. Pois se a pessoa estiver bem com o gestor, ela não o tem como uma pessoa que está ali para fazer o mal.

O papel do gerente é muito importante: disseminar o sentimento de equipe, desenvolver atividades que fazem com que os funcionários se sintam parte de uma grande equipe, que não estão ali dentro do mesmo prédio, como se fosse um grupo jogado entre quatro paredes, para desenvolver suas atividades.

A gente recebe muitas reclamações do comportamento do gerente. Porque muitas vezes, pressionados por metas ele vão deixando pelo meio do caminho algumas competências que são importantíssimas na hora de gerir pessoas.

A maioria dos funcionários do Banco, eles querem debater valores. Mas não é verdade que a maioria dos gestores querem. No ambiente da agência, a gente não tem o tempo hábil para ter o conhecimento.

125

APÊNDICE 1 - Carta de apresentação do instrumento de pesquisa aos respondentes

Recife (PE), Junho de 2011.

Prezado Colega,

O questionário que você recebe é instrumento de pesquisa do Mestrado Profissional

em Gestão Empresarial – MPGE, da Faculdade Boa Viagem – FBV. Tem a finalidade de

subsidiar o desenvolvimento de minha dissertação.

A pesquisa tem como tema A educação corporativa no desenvolvimento de

competências gerenciais: o caso do Programa Diálogo, do Banco do Brasil. Nesse momento,

convido-lhe a participar desse trabalho, como gestor que já concluiu o Programa Diálogo.

Solicito sua colaboração inestimável para responder esse questionário com a atenção e

interesse que posso lhe pedir como colega gestor. Não há respostas certas ou erradas: estamos

buscando sua percepção acerca das questões indagadas. As informações coletadas serão

tratadas de forma estatística, o que garante a confidencialidade das respostas.

Agradeço, desde já, sua colaboração. O cronograma da pesquisa sugere o

aproveitamento dos questionários recebidos até 05/07/2011. Assim, peço sua colaboração

para devolução no envelope já preparado que segue, até a segunda-feira próxima, 04/07.

Me coloco à sua disposição para qualquer esclarecimento pelo telefone 81-8875-3070

ou e-mail [email protected].

Atenciosamente,

José Eduardo Pereira de Lima - Mestrando

Gerente Geral UN – agência Agamenon Magalhães (PE)

126

APÊNDICE 2 - Instrumento de pesquisa

Faculdade Boa Viagem - FBV

Mestrado Profissional em Gestão Empresarial – MPGE

Instrumento de Pesquisa para dissertação: A educação corporativa no desenvolvimento de competências gerenciais: o caso do Programa Diálogo, do Banco do Brasil.

**********************************************************************

Descrição das competências gerenciais no Banco do Brasil 1 - Estimula e valoriza a participação dos funcionários nas decisões, incentivando o diálogo, a troca de idéias e o compartilhamento de conhecimentos. (gestão de pessoas) 2 - Orienta a atuação da equipe com foco nas estratégias, resultados e princípios de responsabilidade socioambiental do Banco, compartilhamento de informações necessárias para a realização do trabalho. (liderança estratégica) 3 - Promove o desenvolvimento da equipe, comunicando suas expectativas sobre o desempenho das pessoas, fornecendo feedback freqüente para aprimoramento e oferecendo oportunidades de capacitação. (desenvolvimento de pessoas) 4 - Implementa, em conjunto com a equipe, ações voltadas para o bem-estar no trabalho e melhoria contínua da qualidade de vida. (qvt) 5 - Negocia com clientes (internos e externos), de forma transparente, buscando estabelecer acordos que atendam aos interesses das partes. (negociação) 6 - Toma decisões adequadas, em tempo hábil, analisando o contexto e os objetivos da Unidade. (processo decisório) 7 - Coordena os processos da sua equipe, identificando desvios e implementando ações de melhoria. (gestão de processos)

(Esse quadro apresenta as sete competências gerenciais do Banco do Brasil. Algumas questões da pesquisa se reportarão a ele.)

01 Como você percebe a contribuição da educação corporativa no Banco do Brasil para a sua capacitação gerencial? (marque a alternativa que mais se aproxima de sua percepção)

| | excelente

| | excelente, embora precise ser complementada com fontes externas

| | suficiente

| | suficiente, embora precise ser complementada com fontes externas

| | deficiente

| | inexistente

127

02 Qual a contribuição de cada fonte abaixo para o desenvolvimento de suas competências gerenciais? (registre de 0 a 6 para cada item, conforme escala abaixo)

irrelevante (0) (1) (2) (3) (4) (5) (6) decisiva

| | Banco do Brasil/UniBB (cursos regulares e bolsas de graduação e pós-graduação)

| | instituições de ensino superior/cursos de graduação e pós-graduação sem bolsa do BB

| | iniciativas individuais de estudo e leitura

| | participação em eventos, seminários, palestras

| | a prática da atividade gerencial

03 As oportunidades de educação corporativa oferecidas pela empresa constituem fator de atração para minha permanência no Banco do Brasil. | |

discordo totalmente (0) (1) (2) (3) (4) (5) (6) concordo totalmente

04 Em que medida você considera o portfólio de competências gerenciais do Banco do Brasil (quadro no início) adequado e suficiente? | |

muito inadequado e insuficiente (0) (1) (2) (3) (4) (5) (6) muito adequado e suficiente

05 Você acredita no desenvolvimento das competências gerenciais como uma ação de importância estratégica para a empresa? | |

irrelevante (0) (1) (2) (3) (4) (5) (6) decisiva

06 Em que medida você percebe a UniBB como formadora de vantagem competitiva para o Banco do Brasil? | |

irrelevante (0) (1) (2) (3) (4) (5) (6) decisiva

07 Atribua um conceito para cada disciplina do Programa Diálogo, avaliando o cumprimento do seu objetivo geral descrito:

objetivo frustrado (0) (1) (2) (3) (4) (5) (6) objetivo cumprido plenamente

| | Lógica e processo decisório (discutir a importância da lógica para a construção de argumentos, principalmente daqueles que têm importância na rotina de uma empresa, contemplando experiências da vida empresarial – tomada de decisões, liderança, criatividade, integração, cooperação, etc.)

| | Estilo de gestão e liderança (construir uma visão abrangente do processo de liderar como catalisador de mudanças, apresentando conceitos e conduzindo à reflexão sobre a

128

importância de uma gestão participativa e inovadora, do papel-chave do gerente e as possibilidades e obstáculos ao exercício da liderança.)

| | Saúde e qualidade de vida no trabalho (discutir aspectos relativos ao contexto atual do trabalho, sentidos do trabalho, aspectos estressores, papel da gestão e da liderança; permitir o conhecimento das questões críticas relativas ao estresse, promoção da saúde integral do homem e da qualidade de vida no trabalho.)

| | Alinhamento institucional (equilibrar a visão de resultados econômicos e gestão estratégica com os princípios de responsabilidade socioambiental do Banco.)

| | Educação (compreender a educação como um conjunto de processos, tempos, espaços e relações formativas, buscando o desenvolvimento pleno das pessoas; propiciar que as relações e situações de trabalho propiciem a aprendizagem e realização humana.)

___________________________________________________________________________

I - Considerando a competência gerencial: estimula e valoriza a participação dos

funcionários nas decisões, incentivando o diálogo, a troca de idéias e o compartilhamento

de conhecimentos, responda as questões de 08 a 11.

08 De que forma você considera a abordagem dessa competência contemplada no conteúdo da

disciplina Estilo de Gestão e Liderança? | |

muito inadequada e insuficiente (0) (1) (2) (3) (4) (5) (6) muito adequada e suficiente

09 Sobre sua condição antes do Programa Diálogo acerca do domínio dessa competência gerencial: | |

não tinha domínio algum da competência (0) (1) (2) (3) (4) (5) (6) dominava plenamente a competência

10 Acredito que o curso aprimorou o exercício dessa competência no meu desempenho gerencial. | |

discordo totalmente (0) (1) (2) (3) (4) (5) (6) concordo totalmente

11 Minhas condições objetivas de trabalho permitem e favorecem a aplicação dos conteúdos aprendidos com o Programa Diálogo e de novas práticas motivadas pelo aprendizado, relacionadas a essa competência gerencial. | |

discordo totalmente (0) (1) (2) (3) (4) (5) (6) concordo totalmente

129

II - Considerando a competência gerencial: orienta a atuação da equipe com foco nas

estratégias, resultados e princípios de responsabilidade socioambiental do Banco, responda

as questões de 12 a 15.

12 De que forma você considera a abordagem dessa competência contemplada no conteúdo da

disciplina Alinhamento Institucional, do Programa Diálogo? | |

muito inadequada e insuficiente (0) (1) (2) (3) (4) (5) (6) muito adequada e suficiente

13 Sobre sua condição antes do Programa Diálogo acerca do domínio dessa competência gerencial: | |

não tinha domínio algum da competência (0) (1) (2) (3) (4) (5) (6) dominava plenamente a competência

14 Acredito que o curso aprimorou o exercício dessa competência no meu desempenho gerencial. | |

discordo totalmente (0) (1) (2) (3) (4) (5) (6) concordo totalmente

15 Minhas condições objetivas de trabalho permitem e favorecem a aplicação dos conteúdos aprendidos com o Programa Diálogo e de novas práticas motivadas pelo aprendizado, relacionadas a essa competência gerencial. | |

discordo totalmente (0) (1) (2) (3) (4) (5) (6) concordo totalmente

III - Considerando a competência gerencial: promove o desenvolvimento da equipe,

comunicando suas expectativas sobre o desempenho das pessoas, fornecendo feedback

freqüente para aprimoramento e oferecendo oportunidades de capacitação, responda as

questões de 16 a 19.

16 De que forma você considera a abordagem dessa competência contemplada no conteúdo da

disciplina Educação, do Programa Diálogo? | |

muito inadequada e insuficiente (0) (1) (2) (3) (4) (5) (6) muito adequada e suficiente

130

17 Sobre sua condição antes do Programa Diálogo acerca do domínio dessa competência gerencial: | |

não tinha domínio algum da competência (0) (1) (2) (3) (4) (5) (6) dominava plenamente a competência

18 Acredito que o curso aprimorou o exercício dessa competência no meu desempenho gerencial. | |

discordo totalmente (0) (1) (2) (3) (4) (5) (6) concordo totalmente

19 Minhas condições objetivas de trabalho permitem e favorecem a aplicação dos conteúdos aprendidos com o Programa Diálogo e de novas práticas motivadas pelo aprendizado, relacionadas a essa competência gerencial. | |

discordo totalmente (0) (1) (2) (3) (4) (5) (6) concordo totalmente

IV - Considerando a competência gerencial: implementa, em conjunto com a equipe, ações

voltadas para o bem-estar no trabalho e melhoria contínua da qualidade de vida, responda

as questões de 20 a 23.

20 De que forma você considera a abordagem dessa competência contemplada no conteúdo da

disciplina Saúde & QVT, do Programa Diálogo? | |

muito inadequada e insuficiente (0) (1) (2) (3) (4) (5) (6) muito adequada e suficiente

21 Sobre sua condição antes do Programa Diálogo acerca do domínio dessa competência gerencial: | |

não tinha domínio algum da competência (0) (1) (2) (3) (4) (5) (6) dominava plenamente a competência

22 Acredito que o curso aprimorou o exercício dessa competência no meu desempenho gerencial. | |

discordo totalmente (0) (1) (2) (3) (4) (5) (6) concordo totalmente

131

23 Minhas condições objetivas de trabalho permitem e favorecem a aplicação dos conteúdos aprendidos com o Programa Diálogo e de novas práticas motivadas pelo aprendizado, relacionadas a essa competência gerencial. | |

discordo totalmente (0) (1) (2) (3) (4) (5) (6) concordo totalmente

V - Considerando a competência gerencial: negocia com clientes (internos e externos), de

forma transparente, buscando estabelecer acordos que atendam aos interesses das partes,

responda as questões de 24 a 28.

24 De que forma você considera a abordagem dessa competência contemplada no conteúdo da

disciplina Estilo de Gestão e Liderança, do Programa Diálogo? | |

muito inadequada e insuficiente (0) (1) (2) (3) (4) (5) (6) muito adequada e suficiente

25 Sobre sua condição antes do Programa Diálogo acerca do domínio dessa competência gerencial: | |

não tinha domínio algum da competência (0) (1) (2) (3) (4) (5) (6) dominava plenamente a competência

26 Acredito que o curso aprimorou o exercício dessa competência no meu desempenho gerencial. | |

discordo totalmente (0) (1) (2) (3) (4) (5) (6) concordo totalmente

27 Minhas condições objetivas de trabalho permitem e favorecem a aplicação dos conteúdos aprendidos com o Programa Diálogo e de novas práticas motivadas pelo aprendizado, relacionadas a essa competência gerencial. | |

discordo totalmente (0) (1) (2) (3) (4) (5) (6) concordo totalmente

VI - Considerando a competência gerencial: toma decisões adequadas, em tempo hábil,

analisando o contexto e os objetivos da unidade, responda as questões de 28 a 31.

132

28 De que forma você considera a abordagem dessa competência contemplada no conteúdo da

disciplina Lógica e Processo Decisório, do Programa Diálogo? | |

muito inadequada e insuficiente (0) (1) (2) (3) (4) (5) (6) muito adequada e suficiente

29 Sobre sua condição antes do Programa Diálogo acerca do domínio dessa competência gerencial: | |

não tinha domínio algum da competência (0) (1) (2) (3) (4) (5) (6) dominava plenamente a competência

30 Acredito que o curso aprimorou o exercício dessa competência no meu desempenho gerencial. | |

discordo totalmente (0) (1) (2) (3) (4) (5) (6) concordo totalmente

31 Minhas condições objetivas de trabalho permitem e favorecem a aplicação dos conteúdos aprendidos com o Programa Diálogo e de novas práticas motivadas pelo aprendizado, relacionadas a essa competência gerencial. | |

discordo totalmente (0) (1) (2) (3) (4) (5) (6) concordo totalmente

VII - Considerando a competência gerencial: coordena os processos da sua equipe,

identificando desvios e implementando ações de melhoria, responda as questões de 32 a 35.

32 De que forma você considera a abordagem dessa competência contemplada no conteúdo da

disciplina Estilo de Gestão e Liderança, do Programa Diálogo? | |

muito inadequada e insuficiente (0) (1) (2) (3) (4) (5) (6) muito adequada e suficiente

33 Sobre sua condição antes do Programa Diálogo acerca do domínio dessa competência gerencial: | |

não tinha domínio algum da competência (0) (1) (2) (3) (4) (5) (6) dominava plenamente a competência

133

34 Acredito que o curso aprimorou o exercício dessa competência no meu desempenho gerencial. | |

discordo totalmente (0) (1) (2) (3) (4) (5) (6) concordo totalmente

35 Minhas condições objetivas de trabalho permitem e favorecem a aplicação dos conteúdos aprendidos com o Programa Diálogo e de novas práticas motivadas pelo aprendizado, relacionadas a essa competência gerencial. | |

discordo totalmente (0) (1) (2) (3) (4) (5) (6) concordo totalmente

questões finais

36 Em que medida as dificuldades abaixo, manifestadas por outros colegas, ocorreram durante sua participação no Programa Diálogo: (faça um registro em cada item seguindo a escala abaixo)

nunca ocorreu (0) (1) (2) (3) (4) (5) (6) sempre ocorreu

| | Acesso à internet limitado ou precário.

| | Incompatibilidade dos horários das atividades marcadas.

| | Tempo de estudo comprometido pelo trabalho/funções no Banco.

| | Atraso na disponibilização das apostilas para estudo.

| | Dificuldade para participar das oficinas presenciais.

| | Concorrência com outro curso paralelo, inclusive graduação.

| | Ausência de ambiente de estudo adequado em casa.

37 Indique sua concordância/discordância com depoimentos e manifestações de colegas participantes do programa Diálogo: (faça um registro em cada item seguindo a escala abaixo)

discordo totalmente (0) (1) (2) (3) (4) (5) (6) concordo totalmente

| | Muitas atividades desnecessárias.

| | Os tutores não conheciam a realidade do Banco do Brasil.

| | Excesso de conteúdo teórico.

| | Carga horária insuficiente.

| | Programas dessa espécie deviam envolver toda a cadeia de gestão da empresa.

| | Serviu para despertar questões relevantes sobre meu estilo de gestão.

| | Serviu para despertar questões relevantes sobre minha carreira.

134

| | Me possibilitou uma retomada do hábito de estudar.

| | Atualizou minha formação gerencial.

| | O segmento gerencial carecia de uma capacitação como essa.

| | Troca de experiências entre os gestores foi muito rica.

| | Faltou um reconhecimento mais efetivo para aqueles que concluíram o programa.

| | Boa qualidade do material didático, inclusive apostilas.

| | Os exercícios de reflexão foram adequados para reforço da aprendizagem.

| | As atividades: filmes, obras literárias, obras de arte, fábulas, etc. foram adequados para reforço da aprendizagem.

| | Os fóruns online promoveram o compartilhamento de conhecimentos.

| | O site da FGV Online e o ambiente moodle são adequados para a aprendizagem.

38 Tomando por base sua participação no Programa Diálogo, a educação à distância com suas tecnologias e recursos funciona como alternativa para o desenvolvimento de competências gerenciais. | |

discordo totalmente (0) (1) (2) (3) (4) (5) (6) concordo totalmente

39 O Programa Diálogo deveria ter caráter mais amplo e permanente, para orientar as práticas de gestão no Banco do Brasil.

discordo totalmente (0) (1) (2) (3) (4) (5) (6) concordo totalmente

40 Na minha percepção, o Programa Diálogo foi efetivo para promover o desenvolvimento de competências gerenciais no Banco do Brasil. | |

discordo totalmente (0) (1) (2) (3) (4) (5) (6) concordo totalmente

Livre manifestação: ________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Obrigado por sua contribuição.

Eduardo Lima.

135

APÊNDICE 3 - Roteiro para entrevista online

Descrição das competências gerenciais do Banco do Brasil 1 - Estimula e valoriza a participação dos funcionários nas decisões, incentivando o diálogo, a troca de idéias e o compartilhamento de conhecimentos. 2 - Orienta a atuação da equipe com foco nas estratégias, resultados e princípios de responsabilidade socioambiental do Banco, compartilhamento de informações necessárias para a realização do trabalho. 3 - Promove o desenvolvimento da equipe, comunicando suas expectativas sobre o desempenho das pessoas, fornecendo feedback freqüente para aprimoramento e oferecendo oportunidades de capacitação. 4 - Implementa, em conjunto com a equipe, ações voltadas para o bem-estar no trabalho e melhoria contínua da qualidade de vida. 5 - Negocia com clientes (internos e externos), de forma transparente, buscando estabelecer acordos que atendam aos interesses das partes. 6 - Toma decisões adequadas, em tempo hábil, analisando o contexto e os objetivos da Unidade. 7 - Coordena os processos da sua equipe, identificando desvios e implementando ações de melhoria.

01 O Programa Diálogo atende ao desenvolvimento desse portfólio de competências gerenciais?

02 Você percebia carências na sua formação que justificassem um programa de desenvolvimento de competências gerenciais?

03 As 05 disciplinas do Programa Diálogo foram desenvolvidas num nível de aprofundamento e conteúdo adequados? Contemplam o desenvolvimento das competências gerenciais? (lembrar as 05 disciplinas do Programa Diálogo)

04 Suas condições objetivas de trabalho permitem o exercício das competências gerenciais desenvolvidas com o Programa Diálogo?

05 Como você percebe a formação para o desenvolvimento das competências gerenciais no Banco do Brasil? A empresa disponibiliza oportunidades para sua profissionalização? (antes e durante o exercício do cargo; papel da UniBB; contribuições externas)

06 De onde vieram as principais influências e conteúdos para sua formação como gestor?

07 Você acredita que o desenvolvimento das competências gerenciais é uma ação de importância estratégica para a empresa? Por que?

08 Que lições o Banco do Brasil poderia aproveitar após o Programa Diálogo para formular outras experiências de desenvolvimento gerencial? Esse esforço da empresa precisa ser continuado e permanente ou é suficiente que seja eventual?

136

APÊNDICE 4 – Respostas compiladas das entrevistas online

O Programa Diálogo atende ao desenvolvimento do portfólio de competências gerenciais do

Banco do Brasil?

Respostas

afirmativas: 16

(57,1%)

Respostas

afirmativas com

ponderações: 06

(21,4%)

Respostas parciais:

05 (17,9%)

Respostas negativas:

01 (3,6%)

C1: “Eu vejo um programa mais amplo e que nos leva a refletir sobre a gestão moderna.” N2: “Sim. Conseguiu explicitar melhor as competências.” B2: “De maneira geral, sim.” G2: “Sim, é complementar.” PT1: “Sem dúvidas! Foi uma ótima ferramenta para o aprimoramento de competências gerenciais.” U2: “Sim. O conteúdo do curso é abrangente e voltado para realidade do Banco.” J2: “Sim, está plenamente inserido no contexto.” D1: “Sim.” O1: “Sim, concordo plenamente.” W2: “Sim, bastante abrangente.” I2: “Sim.” H2: “Atende.” P1: “Concordo.” N1: “Sim.”

C3: “Entendo que atende ao desenvolvimento de fato das competências, mas necessita de alguns aprimoramentos.” K1: “Entendo que sim. Porém com a conclusão do curso, a verdade é que só se lembra das competências quando (chega) o período avaliatório (GDP), quando o correto seria trabalhar sempre. Y2: “Positivo devendo em alguns casos disponibilizar maior detalhamento.” T1: “Sim, de maneira geral, precisando de alguns ajustes.” F1: “Sim, só precisa ser permanentemente utilizado/consultado.” R1: “Atende, mas podem ser feitos alguns ajustes p/ sua melhoria.”

X2: “Em parte.” H3: “Em parte. O desconhecimento dos instrutores dificulta o entendimento.” C2: “Algumas competências foram bem atendidas, outras não.” B1: “Em parte”. F2: “O Programa é uma excelente ferramenta, mas não suficiente isoladamente.”

E1: “Ajuda mas não resolve. Pois as condições de trabalho e o assédio por metas não guarda coerência com o Programa Diálogo, fazendo-o uma utopia.”

137

Y1: “Sim. Os temas discutidos e a forma de aprendizado além de trazer novos conhecimentos organizam nossas experiências práticas que contribuem para desenvolvimento das competências.” Z1: “Sim.”

Você percebia carências na sua formação que justificassem um programa de

desenvolvimento de competências gerenciais?

Respostas

afirmativas: 10

(35,7%)

Respostas afirmativas

em função da crença na

formação permanente:

09 (32,1%)

Respostas parciais;

04 (14,3%)

Respostas negativas:

05 (17,9%)

E1: “Sim.” K1: “Sim. No Programa a gente identifica muita coisa que já era aplicada, mas necessitava de aprimoramento. Outros era negligenciada. H3: “Sim. Principalmente na arte do ‘ouvir’. A adoção participativa da ECOA é extremamente benéfica.” PT1: “Sim.” U2: “Sim, Principalmente nos temas sobre responsabilidade socioambiental e QVT. A exceção do curso DRS, não havia participado de outro que abordasse os temas.” J2: “Sim, ainda não tinha participado de um curso similar, e isso era carência.”

C1: “Sim, pois gerir, principalmente pessoas, é um aprendizado diário e desafiador.” N2: “Sim. Há sempre o que melhorar, sobretudo gestão de pessoas e processos.” B2: “Percebo várias que podem ser desenvolvidas. A necessidade de (...) é permanente e justifica o treinamento.” Y2: “Acredito na busca permanente no aprimoramento gerencial.” C2: “Sim. A formação gerencial precisa ser continuada e permanente, já que as mudanças são constantes.” T1: “Sim. Empresas do porte do Banco tem que desenvolver constantemente.”

C3: “Não percebi muita coisa nova no programa, mas foi muito útil na revisão dos conceitos.” G2: “Serviu como revisão de conceitos.” B1: “Em parte.” F1: “Não, mas é sempre valioso o enriquecimento e o aprofundamento do assunto.”

X2: “Não, mas o programa serviu como alerta para as práticas de gestão que o Banco vem adotando.” I2: “Não.” H2: “Não.” P1: “Não.” N1: “Não.”

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D1: “Sim, pois sempre dediquei tempo mais a parte técnica e precisava voltar mais atenção p/ gestão de pessoas.” W2: “Sim. O Programa me fez rever conceitos importantes sobre a gestão de pessoas.” Z1: “Sim.” R1: “Sim, vários assuntos contribuíram para melhoria no estilo de gestão e reflexão para os temas abordados/estudados.”

O1: “Sem dúvida! A área de gestão de pessoas é muito rica e abrangente. Todo conhecimento que adquirirmos será sempre insuficiente.” F2: “O aprimoramento deve ser contínuo.” Y1: “Sempre necessitamos atualizar nossos conhecimentos e rediscutir antigos conceitos que ajudam na compreensão e exercício da gestão.”

As 05 disciplinas do Programa Diálogo foram desenvolvidas num nível de aprofundamento e

conteúdo adequados? Contemplam o desenvolvimento das competências gerenciais?

Respostas

afirmativas: 12

(44,5%)

Respostas

afirmativas com

ponderações: 07

(25,9%)

Respostas parciais:

05 (18,5%)

Respostas negativas:

03 (11,1%)

C1: “Acredito que sim.” N2: “Sim.” G2: “Sim.” U2: “Sim. O conteúdo foi adequado e relacionado com a realidade da empresa.” J2: “Sim, nível compatível e de acordo com o que o Banco espera do gestor.” D1: “Sim. O programa é muito sintonizado com o ambiente do BB.” W2: “Sim. Entendo como bastante proveitosa minha participação, com aprofundamento adequado para a matéria.”

C3: “Sim, elas contemplam, mas necessitam de algum aprimoramento.” K1: “Acredito que sim. Mas é um processo contínuo e dinâmico.” Y2: “Em alguns casos, sim, haja vista a particularidade funcional do Banco; no entanto, em termos gerais as competências foram contempladas.” T1: “Acredito que algumas disciplinas poderiam ser mais aprofundadas, como por exemplo Alinhamento Institucional e Saúde e Qualidade de Vida no Trabalho, contudo o programa contemplou em

X2: “Em parte. Poderia contemplar debate de parte do livro ‘A Quinta Disciplina’.” B2: “Atendem à necessidade de (...). Aprofundamento dos temas, não. C2: “Destaque para Estilo de Gestão e Liderança, Saúde e QVT, e Educação. Lógica e Processo Decisório, e Alinhamento Institucional deixaram a desejar.” B1: “Em parte.” O1: “As 05 disciplinas forma bem desenvolvidas, porém não com aprofundamento, visto as características e

H3: “Não. O aperfeiçoamento deveria ser mais forte com a utilização de ‘casos reais’.” F2: “O nível de aprofundamento acredito não ser suficiente, principalmente pelo volume de atribuições dos participantes.” Z1: “Não. Tempo estudo insuficiente.”

139

I2: “Sim”. H2: “Sim.” P1: “Concordo.” N1: “Sim.” Y1: “Sim. A base teórica é consistente e faz um link com a prática.”

um nível satisfatório todas as competências gerenciais alvo da avaliação de desempenho do Banco do Brasil.” T1: “Sim, apesar do volume de trabalho atrapalhar os estudos.” F1: “Sim, mas como todos os cursos, os assuntos não esgotam com o conteúdo do curso.” R1: “Considero que sim, mas alguns ajustes podem ser feitos (carga horária, maior participação online, garantia de oficinas, etc.).”

tempo de duração do programa.”

Suas condições objetivas de trabalho permitem o exercício das competências gerenciais

desenvolvidas com o Programa Diálogo?

Respostas

afirmativas: 12

(42,9%)

Respostas

afirmativas com

ponderações: 06

(21,4%)

Respostas parciais:

08 (28,6%)

Respostas negativas:

02 (7,1%)

C1: “Com certeza, pois se não colocarmos em prática não fizemos nada.” N2: “Sim.” B2: “Sim.” Y2: “Sim.” PT1: “Sim.” J2: “Sim, sempre há espaço para exercitar competências gerenciais desenvolvidas. É só querer e priorizar.” B1: “Sim.” O1: Sim, na maioria das vezes. Qualquer situação contrária terá mais a ver

C3: “Permitem, com algumas limitações, principalmente no tocante às questões relativas à qualidade de vida.” K1: “Permitem, mas temos que priorizar. Ocorre que as outras demandas absorvem nosso dia.” C2: “Quanto menor a unidade de trabalho, mais difícil o exercício das competências, pelo maior grau de execução por parte do gestor. De resto, percebo melhoras e ação concreta da empresa nesse sentido.” U2: “Sim. Porém, às vezes por conta dos

X2: “Em parte, em função do corre-corre na busca de metas.” H3: “Sim. Porém é muito insipiente.” G2: “Em parte.” D1: “Em parte, pois o volume de serviço/rotina da agência dificulta a aplicação efetiva das competências.” F2: “Parcialmente.” W2: “Em parte. Nossos inúmeros desafios diários e a carência de recursos humanos e materiais contribuem para dificultar a aplicação correta de conceitos

E1: “Não.” Z1: “Não. Teoria x prática muito distantes. No Banco não temos: tempo, ferramenta e autonomia p/ colocar em prática.”

140

com a atitude do administrador que com falta de condições.” F1: “Sim, pois atuamos numa empresa com atuação de equipes e precisam sempre de gestores e líderes.” I2: “Sim.” H2: “Permitem.” P1: “Concordo.”

vários assuntos que temos para tratar diariamente, deixamos de aplicar um conceito ou outro.” T1: “Na maioria dos casos, sim.” Y1: “As condições não são as ideais, mas exatamente por isso precisamos desenvolver e aplicar todos os ensinamentos no atingimento dos objetivos.”

teóricos aprendidos.” N1: “Parcialmente.” R1: “Permitem, mas não de todos.”

Como você percebe a formação para o desenvolvimento das competências gerenciais no

Banco do Brasil? A empresa disponibiliza oportunidades para sua profissionalização?

Respostas

afirmativas: 15

(60,0%)

Respostas

afirmativas com

ponderações: 04

(16,0%)

Sugestões: 03

(12,0%)

Respostas negativas:

03 (12,0%)

C3: “Sim. São inúmeras as oportunidades que a empresa proporciona para nosso desenvolvimento profissional. Basta querer.” N2: “Há várias oportunidades de capacitação. Programas como o da FGV são muito ricos e complementam o conhecimento.” B2: “Oportunidades são disponibilizadas.” Y2: “Sim. Acredito na disponibilização do ferramental e canais para (...).” T1: “Percebo uma preocupação constante nas estratégias do Banco em propiciar o desenvolvimento

C1: “Sim, mas precisamos melhorar mais.” K1: “Temos os mecanismos. Mas não podemos deixar as demandas nos absorver. Ex.: no ano passado foi oferecido uma pós-graduação, porém pelo fato de estar recente na agência, com muitas demandas, terminei recusando a oferta.” D1: “Acredito que o Banco estimula nosso auto-desenvolvimento. No caso do gestor, a freqüência de treinamentos, tipo Diálogo, deve ser maior.” F2: “Carece a busca também fora do Banco.”

X2: “O Banco poderia disponibilizar capacitação em sala de aula para formação dos novos gestores, antes da posse, com vivência em agências com certo grau de complexidade.” Y1: “Os cursos, as oportunidades são suficientes do ponto de vista teórico.” P1: “Precisa melhorar.”

E1: “Realidades distintas entre a formação proposta e as condições de trabalho, especialmente na rede de agências, responsável por gerar os resultados e mais submetidas a condições de trabalho estressantes.” C2: “Não percebo um programa de formação de caráter continuado e permanente.” Z1: “Não. Você é nomeado por algum destaque. Assume o cargo e pronto: tem que dar resultado todo dia.”

141

gerencial, principalmente nos últimos 5 anos. Várias oportunidades foram disponibilizadas, como os programas de incentivos a pós-graduação e graduação, os cursos de linha da universidade corporativa, além do curso Diálogo.” U2: “As oportunidades são várias. Hoje o desenvolvimento profissional, através de cursos de graduação e pós graduação no BB está totalmente democratizado.” J2: “Percebo como um processo contínuo em que o BB a cada dia valoriza mais os seus gestores.” B1: “Sim.” O1: “Percebo o Banco, através da UNIBB e demais parceiros de formação muito voltados p/ desenvolvimento das competências gerenciais, disponibilizando várias oportunidades, nos cabendo apenas aproveitá-las.” F1: “Percebo que a busca para a formação para o desenvolvimento das competências depende primeiramente da busca e atitude do gestor. O Banco disponibiliza os meios e os mecanismos a serem procurados.” W2: “O Programa de Certificação Interna; os cursos oferecidos: Gepes/UNIBB/Sinapse, dentre outros, favorecem a formação dos gestores.” I2: “O Banco do Brasil tem disponibilizado para seus colaboradores formação em todos os níveis. No meu caso

142

tenho aproveitado o máximo para adquirir novos conhecimentos.” H2: “Sim.” N1: “De boa qualidade e em sintonia com as demandas do mercado. Sim.” R1: “Percebo que o Banco preocupa-se com a formação dos seus gestores e oferece oportunidades p/ sua qualificação.”

De onde vieram as principais influências e conteúdos para sua formação como gestor?

X2: “Através da observação das melhores práticas dos gestores. Questões éticas, morais e de valorização das pessoas devem permear as ações de qualquer gestor.”

E1: “A prática, troca de experiências e a formação promovida pelo Banco e graduação particular.”

C3: “De treinamentos internos e externos, além do desenvolvimento proveniente do exercício da atividade.”

C1: “De outros gestores, do meu pai e da busca pelo aprendizado, ou melhor, da capacitação e reflexão.”

N2: “Da experiência com meus superiores hierárquicos e dos cursos realizados no Banco e fora dele.”

B2: “Mesclei práticas e vida acadêmica, além de (...) em atividades meio e fim.”

K1: “De colegas gestores com os quais trabalhei e dos conteúdos teóricos ofertados pelo BB.”

Y2: “Do aperfeiçoamento acadêmico e na prática, além de leituras de fontes externas.”

H3: “Na observação/convivência com outros gestores. Principalmente superiores hierárquicos.”

C2: “Formação acadêmica, iniciativas individuais de leitura, e vivência no cargo, além de referência de outros gestores.”

G2: “Do mercado e de colegas.”

PT1: “Formação acadêmica, visto a minha graduação em administração. Também contribuiu um curso de especialização, financiado pelo Banco, cujo foco foi gestão de negócios financeiros.”

143

U2: “Formação acadêmica em Administração (UFPE), pós pela FGV (patrocinada pelo BB), UNIBB e cursos presenciais na Gepes.”

J2: “Li muitas obras a respeito. Mas o meu estilo pessoal foi formado com minhas experiências dentro do próprio BB.”

D1: “Curso superior + MBA (PUC Rio).”

T1: “Pós-graduação em Gestão de Instituições Financeiras, FAE Business Scholl, Curitiba (PR).”

B1: “Da prática gerencial e de eventos da espécie.”

O1: “Colegas, bons administradores que conheci causaram muita influência na minha formação. Programa como o Empretec e SEBRAE Ideal também me orientaram na busca de conhecimento como gestor.”

F2: “De dentro da empresa, através das oportunidades oferecidas e da busca, fora do Banco, de formação e aprimoramento.”

F1: “Influência dos gestores anteriores com os quais trabalhei e a maioria dos conteúdos com a vivência e pela busca de treinamentos.”

W2: “ – prática diária gerenciando equipes há 28 anos. – curso superior em adm. de empresas. – cursos internos oferecidos pelo BB. – leitura constante de livros e artigos afins.”

I2: “Experiência de trabalho no BB.”

H2: “Da formação acadêmica e da experiência de trabalho.”

P1: “Experiência de outros colegas e universidade.”

N1: “Do aprendizado cotidiano, muitas leituras/estudos e cursos.

Y1: “Da prática, a convivência com diversos tipos de gestores complementado em cursos acadêmicos e os treinamentos e leitura.”

Z1: “Prática/experiência.”

R1: “Vieram das minhas graduações (Administ. de empresas e Direito) e dos vários cursos realizados (internos e externos) e da experiência como educador do BB.”

Você acredita que o desenvolvimento das competências gerenciais é uma ação de

importância estratégica para a empresa? Por que?

X2: “Sim. Pois precisamos de gestores competentes não apenas para vender (empurrar produtos). Precisamos de gestores que possam perpetuar o Banco como o melhor e não apenas como o maior.”

E1: “Sim.”

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C3: “Sim. Num mundo competitivo onde as empresas existem, não há mais espaço para amadorismos.”

C1: “Sim, pois precisamos de ótimos gestores.”

N2: “Sim. Essas competências permitem ao gestor levar a que a equipe possa cumprir os objetivos do Banco.”

B2: “Sim. Possibilita visão holística, atitude positiva e proatividade, o que garante a perpetuação da empresa.”

K1: “Sim, a nossa renovação de gestor tem sido grande e cada vez mais rápida. É preciso cuidar dessa turma.”

Y2: “Sim, as competências gerenciais (...) ao resultado consistente e perene do Banco.”

H3: “Sim. O gerente é a empresa.”

C2: “Sim, estratégica. O gerente conduz a execução da estratégia no nível operacional. É fundamental.”

G2: “Condição sine qua non.”

P1: “Sim, Não é possível conceber um resultado sustentável nas organizações, sem que os quadros gerenciais, contemplados os cargos estratégicos da presidência, vice-presidência e diretoria, apresentem a capacidade de se adaptar aos novos cenários que se apresentam. Sem dúvida o processo de aprendizagem organizacional é a força motriz desta adaptação necessária.”

U2: “É de suma importância porque dá ao gestor ferramentas para desenvolvimento de suas atividades, promovendo bons resultados sociais e financeiros para a empresa.”

J2: “Sim, dentro de um mercado muito competitivo, ter seus gestores capacitados é imprescindível.”

D1: “Sim, pois o gestor possui papel importante na disseminação da estratégia corporativa junto aos demais colegas.”

T1: “Sim. Uma empresa em constante mudança precisa que seus líderes estejam sempre atualizados.”

B1: “Sim. Por conta da necessidade de implementação das estratégias corporativas na prática e por todos os segmentos da empresa.”

O1: “Sim, vez que a atitude de cada gestor contribui com o resultado final da empresa. Mal orientados ou formados, teremos uma ação equivocada, o que poderá comprometer todo o resultado corporativo.”

F2: “Sim. Para concretização dos resultados esperados pelo Banco, sem comprometer os aspectos humanos das relações.”

F1: “Sim, porque é por meio da utilização e atingimento das competências gerenciais que as empresas atingem seus objetivos.”

W2: “Complementa os conhecimentos adquiridos pelos gestores.”

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I2: “Sim. Por que é onde a empresa pode explorar a melhor capacidade de seu quadro gerencial.”

H2: “Sim.”

P1: “Melhora o desempenho dos administradores.”

N1: “Sem dúvida. Porque sem o conhecimento dessas competências não se é competitivo nem tampouco a empresa.”

Y1: “Sim. Preparar os gestores na conclusão das equipes para o atingimento dos objetivos traçados pela empresa.”

Z1: “Sim, dessa forma, poderíamos produzir resultados constantes.”

R1: “Acredito que sim, pois administradores qualificados conseguem exercer a função c/ maior competência, atingindo c/ maior facilidade os objetivos da empresa.”

Que lições o Banco do Brasil poderia aproveitar após o Programa Diálogo para

formular outras experiências de desenvolvimento gerencial? Esse esforço da empresa

precisa ser continuado e permanente ou é suficiente que seja eventual?

X2: “O Banco deveria pegar o banco de informações constantes dos fóruns para extrair o que tem de melhor, e implantar ações para eliminar atitudes características dos ‘carreiristas de plantão’, pois estes são muito prejudiciais para a empresa. Cria-se ‘passivos reais’ para a sociedade e trauma para os colaboradores (banco com maior denúncia BACEN, com maior ações PROCON, com maior ações TRT)”.

C3: “Creio que a experiência do Programa Diálogo deve ser estendida para outros segmentos gerenciais. O esforço precisa ser continuado pela necessidade constante de reciclagem das pessoas.”

C1: “O reposicionamento de muitos gestores que eram mal vistos pelos subordinados. Precisa continuar permanentemente.”

N2: “O Programa Diálogo tocou em temas atuais usando uma metodologia moderna. O esforço precisa continuar sobretudo aperfeiçoando as oficinas presenciais!”

B2: “Deve ser permanente. É importante que os gestores voltem a falar e refletir.”

K1: “Não, tem que ser continuado.”

Y2: “As competências gerenciais devem ser ampliadas contemplando todas as (...) gerenciais visando a qualificação na condução das equipes.”

H3: “O Banco deveria reunir sistematicamente gerentes das diversas redes. Com apresentação de palestras de cada segmento em ‘workshops’ de todas as experiências.”

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C2: “Precisa ter um programa continuado, embora dinâmico. E precisa alternar oportunidades à distância com oportunidades presenciais. Os recursos tecnológicos devem ser explorados ao máximo.”

G2: “Deve ser permanente e estendido aos outros níveis gerenciais.”

PT1: “Creio que o processo de reflexão sobre as práticas do cotidiano poderia ser incorporado na construção e reconstrução de novas práticas gerenciais. Dessa forma, seria bastante interessante que os esforços empreendidos pelo programa (...)”

U2: “O esforço necessita ser contínuo e permanente para que a marca BB permaneça alinhada com o mercado.”

J2: “A lição maior é de que todo gestor treinado dê um retorno importante para a empresa. É importante a continuidade e o aperfeiçoamento, atendendo às mudanças do mercado e da sociedade.”

D1: “O curso Diálogo deve ser estendido a todos os colegas.”

T1: “Não, precisa ser permanente, pois (...) a tendência do gestor é a de se envolver com o negócio e deixar de lado a formação. Acaba desatualizado.”

B1: “Necessidade de implementar em toda cadeia gerencial. Precisa ser continuado.”

O1: “A ação educativa deverá ser sempre continuada. Contar com uma instituição formadora de qualidade como a FGV, além de garantir bons resultados, também garante enriquecimento e ampliação da visão daqueles que são contemplados pela oportunidade de aprendizagem.”

F2: “Deve continuar o Programa, desde que valorizado pela alta direção da empresa.”

F1: “Sempre deve investir em seu capital humano/em seu corpo funcional e que todo esforço nesse sentido seja permanente. A busca pela excelência é continuada.”

W2: “Deve ser continuado e permanente, e abranger todos os níveis gerenciais da empresa, incluindo seus executivos (alto escalão).”

H2: “Deve ser continuado.”

P1: “Precisa ser continuado.”

N1: “Colocando em prática inúmeras sugestões oferecidas pelos diversos campos de estudo, inclusive com atenção especial às críticas construtivas. A formação deve ser continuada.”

Y1: “Acredito que o Banco esteja desenvolvendo programa similar aproveitando o sucesso do Diálogo com algumas mudanças.”

Z1: “Profissional melhor qualificado: produz mais resultado. Melhora qualidade em todos os sentidos.”

R1: “Programas de desenvolvimento gerencial devem ser continuados e permanentes, pois são essenciais e estratégicos p/ a empresa.”