A Educação Em Direitos Humanos Através Da Discussão e Ação Sociopolítica Sobre Controvérsias Sociocientíficas e Socioambientais

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    A Educação em Direitos

    Humanos atravésda discussão e açãosociopolítica sobre

    controvérsias sociocientíficase socioambientais

    Pedro Reis

    A Educação para a Complexidade doMundo e dos Problemas Atuais

    No mundo atual, o bem-estar dos indivíduos, das

    sociedades e dos ambientes encontra-se ameaçado por pro- blemas complexos, alguns dos quais resultantes da associa-ção controversa entre os negócios e a ciência e a tecnologia.A pressão pelo lucro e pela rentabilização imediata dosinvestimentos efetuados compromete por vezes a quali-dade das práticas e dos produtos de investigação e inova-ção, suscitando problemas pessoais, sociais e ambientais.

    Estas problemáticas resultam fundamentalmente da sobre-posição dos interesses econômicos de grupos minoritários

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    (mas poderosos) relativamente aos direitos individuais ecoletivos, às preocupações com a saúde pública e aos valo-res ambientais (Bencze, 2008; Nelkin, 1992; Reis, 2009).Algumas destas controvérsias centram-se nos eventu-ais impactos sociais de inovações científicas e tecnológi-cas: as controvérsias sócio-científicas. Outras, resultamde diferentes percepções em relação ao impacto ambien-tal de determinados empreendimentos: as controvérsias

    socioambientais.A compreensão e a resolução destas problemáticas

    exigem um grau elevado de conhecimento (substantivo,processual e epistemológico) sobre a ciência e a tecnolo-gia, bem como das interações complexas entre estes doisempreendimentos e a sociedade e o ambiente, que a maio-ria dos cidadãos não possui. Muitos destes problemas,

    pelo conhecimento científico e tecnológico especializadoque envolvem, acabam por restringir fortemente o nível dedemocraticidade de todo o processo e ameaçar os direitosdos cidadãos pelo fato de a tomada de decisões ficar restritaa grupos de especialistas. Simultaneamente, muitos destesproblemas têm uma natureza controversa, não podendo

    ser resolvidos simplesmente numa base técnica porenvolverem outras dimensões, nomeadamente, posiçõessócio-filosóficas, hierarquizações de valores, conveniên-cias pessoais e questões financeiras. Logo, o conhecimentocientífico, apesar de necessário, é insuficiente para a com-preensão de controvérsias sociocientíficas ou socioambien-tais: os valores, os interesses, as necessidades e as crenças

    são dimensões essenciais de uma controvérsia (Rudduck,1986; Szanto, 1993). Portanto, a compreensão deste tipo

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    de problemáticas requer uma apreciação sutil da naturezae do estatuto do conhecimento científico através de umamelhor compreensão da ciência como empreendimentosocial e cultural (Bell, 2003; Millar, 1997; Nelkin, 1992).

    Berman (1997) acredita que o conflito e a controvérsiadesempenham um papel importante no desenvolvimentoda consciência e da eficácia políticas: “os jovens necessitamde compreender o conflito e o processo da sua resolução no

    âmbito do nosso sistema político, bem como experimen-tar o envolvimento direto em conflito político” (p. 395). Ainexperiência relativa ao conflito e à controvérsia leva osalunos a evitá-los, dificultando-lhes a assunção de papéispolíticos.

    Vários autores destacam a importância da discus-são de temas controversos tanto na formulação como naavaliação-reformulação de opiniões e crenças e, portanto,na educação moral e cívica (Berkowitz e Simmons, 2003;Lickona, 1991; Reis, 2004; Rudduck, 1986; Zeidler, 2003;Sadler e Zeidler, 2004). Acreditam que este tipo de expe-riência educativa ajuda os alunos a compreenderem assituações sociais, os atos humanos e as questões de valores

    por eles suscitadas. O envolvimento dos alunos na análisee discussão de problemas morais no domínio da ciênciae da tecnologia permite desenvolver, simultaneamente,capacidades de raciocínio lógico e moral e uma compre-ensão mais profunda de aspectos importantes da naturezada ciência e da tecnologia e das múltiplas interações destesempreendimentos com a sociedade e o ambiente (Sadler

    e Zeidler, 2004; Simmons e Zeidler, 2003). As controvér-sias sócio-científicas revelam-se úteis na transformação das

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    aulas de ciências num “micro-cosmos social”, promotor dodesenvolvimento holístico dos alunos nos domínios cog-nitivo, social, moral, ético e emocional (Zeidler e Keefer,2003).

    Outros autores defendem, ainda, que a preparaçãodos alunos para a avaliação e tomada de decisões relati-vas a controvérsias sociocientíficas passa, indispensavel-mente, pelo desenvolvimento do seu raciocínio lógico

    (capacidades de pensamento crítico como, por exemplo, aseleção, análise e interpretação de informação relevante, aprevisão e a formulação de hipótese) e do seu raciocíniomoral (Berkowitz e Simmons, 2003; Zeidler, 2003). Na suaopinião, a literacia científica não implica apenas conheci-mentos mas também capacidades, valores e atitudes queimpeçam utilizações irresponsáveis ou pouco éticas da

    ciência e da tecnologia. A educação em ciência deverá inte-grar-se com a educação do caráter e a educação democrá-tica, ou seja, com: a) o desenvolvimento das competênciasmorais e sociais dos alunos, nomeadamente, a capacidadede raciocinar acerca de questões éticas e morais; e b) a suapreparação para uma intervenção competente, responsá-

    vel e democrática na sociedade através da vivência e daprática de situações igualitárias. Consideram que a inte-gração destes três domínios educacionais (educação emciência, educação do caráter e educação democrática)poderá assegurar a promoção de uma literacia científicaque contemple a compreensão e a preocupação dos alunosrelativamente às dimensões morais e éticas da ciência e da

    tecnologia, bem como a sua preparação para uma atuaçãoresponsável nesses mesmos âmbitos.

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    A abordagem do conhecimento científico e tecnoló-gico no contexto da educação moral e cívica permite queprofessores e alunos: a) experimentem a complexidade daciência e da tecnologia segundo uma perspectiva pessoale social; b) participem em reflexão informada sobre a éticana ciência e na tecnologia; e c) se envolvam em ativismosocial em torno de questões científicas e tecnológicas.

    A preparação dos alunos para a participação em pro-

    cessos avaliatórios, decisórios e de intervenção social sobrecontrovérsias sócio-científicas não é uma tarefa simples.A identificação das causas, a avaliação das consequênciase a correção dos eventuais problemas resultantes do cres-cimento científico e tecnológico requerem: a) um enqua-dramento de conhecimentos científicos indispensáveisà apropriação de conhecimentos mais pormenorizados

    sobre as questões em causa; b) conhecimentos metacien-tíficos sobre a natureza, as potencialidades e os limitesda ciência e da tecnologia; c) capacidades de pensamentocrítico, tomada de decisões e resolução de problemas; d)atitudes e valores úteis à avaliação das dimensões ética emoral da ciência e da tecnologia; e) vontade, confiança e

    sentimento de poder para lidarem com assuntos científicose tecnológicos do seu interesse; e f) conhecimentos sobreformas dos cidadãos intervirem ativamente na sociedadecom o objetivo de contribuírem para a mudança social.

    Hodson (1998) considera que qualquer currículo deciências estará incompleto se, apesar de preparar para aação, não incluir uma componente de ação sociopolítica.

    Assim, ao propor o termo “literacia científica crítica uni-versal” como grande finalidade para a educação científica,

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    este autor defende uma educação científica, centrada emassuntos e muito mais politizada, cujo objetivo central con-sista em “equipar os alunos com a capacidade e o compro-metimento de realizar ações apropriadas, responsáveis eeficazes sobre questões de teor social, econômico, ambien-tal e moral-ético” (p. 4).

    Hodson (1998) afirma que, atualmente, nas aulas deciências, muitos alunos são aborrecidos com conteúdos que

    consideram irrelevantes para as suas necessidades, interes-ses e aspirações, não se sentindo envolvidos pelas metodo-logias de ensino-aprendizagem utilizadas nem pelo climasocial e emocional das aulas. Este autor está convicto deque a literacia científica crítica, para uma população dealunos cada vez mais diversificada, só poderá ser alcan-çada através de um currículo de ciências: a) baseado em

    assuntos locais, regionais, nacionais e globais, selecionadospelo professor e pelos alunos; b) que tenha em conta osconhecimentos, as crenças, os valores, as aspirações e asexperiências pessoais de cada aluno; c) no qual a ciência ea tecnologia sejam apresentadas como empreendimentoshumanos; d) com uma educação em ciência e tecnologia

    politizada e infundida de valores humanos e ambien-tais mais relevantes; e e) onde todos os alunos tenham aoportunidade de executar investigações científicas e de seenvolver em tarefas de resolução de problemas tecnológi-cos selecionadas e concebidas por eles próprios.

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    O Projeto “We Act” – A Promoção da

    Ação Sociopolítica sobre ControvérsiasSociocientíficas e Socioambientais

    A sociedade atual, marcada por dilemas morais epolíticos suscitados pelo crescimento científico e tecno-lógico, só será verdadeiramente democrática quando asdecisões sobre as opções científicas e tecnológicas deixa-rem de ser entendidas como responsabilidade exclusiva deespecialistas, de governos nacionais ou instâncias interna-cionais. A ignorância e o medo da ciência e da tecnologiapodem escravizar os cidadãos na servidão do século XXI,tornando-os estranhos na sua própria sociedade e comple-tamente dependentes da opinião de especialistas (Prewitt,1983).

    Torna-se vital a passagem progressiva do conceito decidadão passivo, governado por uma elite iluminada, paraum conceito de cidadão ativo predisposto e apto a partici-par em processos de decisão sobre as opções de desenvol-vimento que lhe são apresentadas.

    É neste contexto que surge o projeto “We Act”, focadona capacitação de professores e alunos para a realização deações coletivas sobre controvérsias sociocientíficas e socio-ambientais (Reis, 2014a,b). Perante a gravidade das proble-máticas que afetam o mundo atual, considera-se que não basta envolver os alunos na identificação e na discussãodestas questões, tornando-se indispensável capacitá-lospara ações coletivas fundamentadas que possam contribuir

    para a resolução desses problemas. Esta capacitação passapelo desenvolvimento de competências de cidadania ativa

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    e de consciência e eficácia políticas. Torna-se necessárioque tanto professores como alunos (independentementeda sua idade) se sintam com o direito e a capacidade (opoder) de intervenção social.

    Com este projeto, pretende-se contrariar práticas deeducação em ciência que promovem a conformidade rela-tivamente ao conhecimento autorizado e ao discurso cien-tífico e encorajam os alunos a procurarem a aprovação de

    uma autoridade legitimada para validar as suas ações, emvez de os implicarem em discurso e ação críticos e demo-cráticos (Désautels e Larochelle, 2003; Roth e Lee, 2002).Para tal, o projeto “We Act” baseia-se nos pilares da inves-tigação, da discussão e da ação.

    O envolvimento dos alunos em investigações sobreproblemas reais que consideram socialmente relevantespretende: a) aumentar a percepção dos alunos acerca daimportância e da relevância da educação em ciências; e b)desenvolver as competências de recolha e análise de dadostendo em vista a identificação das causas desses problemase a proposta de possíveis soluções fundamentadas cientifi-camente. Os dados em análise poderão ser recolhidos dire-

    tamente pelos alunos ou por outras entidades fidedignas(por exemplo, dados sobre a qualidade da água de um rioou a qualidade do ar em diferentes zonas de uma cidade).Com este pilar, pretende-se que os alunos conheçam bemas diferenças entre conhecimento de senso-comum econhecimento científico.

    O pilar da discussão reflete concepções sobre a natu-

    reza do conhecimento, a importância da autonomia inte-lectual e da colaboração social, bem como valores políticos

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    relacionados com a construção de uma sociedade demo-crática (Bridges, 1988; Cowie e Rudduck, 1990; Parker eHess, 2001). Durante a discussão, as pessoas refletem sobreuma questão, apresentando e examinando diferentes pro-postas de forma a construírem a resposta mais satisfatóriapossível. A discussão alarga o nível de compreensão indi-vidual pelo contato com as interpretações e a experiênciade vida dos outros.

    Simultaneamente, a discussão sustenta a democraciae a cidadania, constituindo: a) a base da soberania popu-lar; b) o processo não-violento de tomada de decisões atra-vés do reconhecimento e da superação de divergências; ec) a forma de promover a coesão dos grupos em torno deobjetivos ou problemas comuns. A discussão requer umaatitude de respeito pelas opiniões dos diferentes partici-

    pantes, incompatível com atitudes autoritárias, e envolve,inclusivamente, algum ceticismo quanto à autoridade.Logo, a liberdade de discussão é defendida por uma tra-dição epistemológica liberal, cética relativamente à autori-dade e defensora do envolvimento de todos os cidadãos nodesafio e na melhoria de opiniões, propostas ou decisões

    através da argumentação e da crítica. Através do envolvi-mento dos alunos em discussões, procura-se capacitá-lospara a cidadania ativa. A inexperiência relativamente aoconflito, à discussão e à controvérsia leva os cidadãos aevitá-los, dificultando-lhes a assunção de papéis políticose afetando a qualidade do processo democrático. Logo,os cidadãos devem ser ajudados a encarar a controvérsia

    convictos do seu direito de formular opiniões e de tomar

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    decisões, e não na expectativa de que qualquer autoridadepossa decidir e resolver em seu lugar.

    O pilar da ação sociopolítica pretende capacitar osalunos como cidadãos ativos capazes de contribuírem paraa resolução de problemas que consideram importantes epara os quais são capazes de propor soluções fundamen-tadas em conhecimento científico. Através desta ação,procura-se que os alunos conheçam e ponham em prática

    formas de intervenção junto da comunidade (nomeada-mente, tendo em vista a mudança de comportamentos doscidadãos). Reforça-se, assim, a noção de que os cidadãospodem tomar as rédeas da sociedade em que vivem e par-ticipar ativamente na escolha dos rumos a seguir.

    No âmbito de uma comunidade de prática (iniciada noano escolar de 2013-2014) que integra professores de todosos níveis de ensino (da escola primária à universidade),disponibilizam-se as competências de todos os membrosno apoio à dinamização de projetos de ação sociopolítica,fundamentada em pesquisa científica, sobre controvér-sias sócio-científicas e socioambientais selecionadas pelosalunos e pelos professores como social e curricularmente

    relevantes. As competências de cada elemento da comuni-dade são mobilizadas no apoio a iniciativas de intervençãosocial envolvendo, por exemplo: a) sessões públicas emescolas, clubes e prefeituras; b) a utilização de ferramen-tas da Web 2.0 (redes sociais, fóruns de discussão, vídeos,programas de rádio, blogues, exposições interativas, etc.);e c) atividades artísticas (exposições de cartazes, cartoons

    e histórias em quadrinhos, dramatizações, representaçõesde papéis, etc.). Procura-se, desta forma, desenvolver nos

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    professores os conhecimentos científicos, metacientíficos,tecnológicos e didáticos necessários ao envolvimento dosseus alunos em iniciativas de ação sociopolítica fundamen-tada e à capacitação destes como cidadãos do presente enão como cidadãos do futuro.

    A Contribuição do Projeto “We Act” para

    a Educação em Direitos HumanosO Projeto “We Act” constitui um pretexto e um con-

    texto para a Educação em Direitos Humanos. Através dapromoção da investigação, da discussão e da ação socio-política sobre controvérsias sociocientíficas e socioambien-tais, este projeto tem como objetivos o reconhecimento dadignidade e do valor inerentes a todos os seres humanos,

    o progresso social e a instauração de melhores condiçõesde vida dentro de uma liberdade mais ampla. Este projetoassume que todos os seres humanos nascem livres e iguaisem dignidade e direitos (Artigo 1.º da Declaração Universaldos Direitos Humanos), promovendo o empoderamentode todos os cidadãos para uma participação fundamentada

    e ativa na evolução da sua vida e na resolução dos proble-mas que a afetam. Procura-se combater a tirania resultanteda combinação de elites iluminadas com a passividade demuitos cidadãos que não se sentem capacitados para a aná-lise crítica, a discussão e a tomada de decisões sobre os pro- blemas que afetam a comunidade. Considerando que todapessoa tem direito à liberdade de pensamento e de mani-

    festação (Artigo 18.º), procura-se estimular o pensamentocrítico e a autonomia intelectual, num clima de liberdade

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    de opinião e expressão (Artigo 19.º). Acredita-se que a todoo cidadão deve ser reconhecido o direito de tomar partena direção dos negócios públicos do seu país (Artigo 21.º),desde que de forma informada e refletida.

    Conforme defendido nos Artigos 26.º e 27.º, o Projeto“We Act” visa a plena expansão da personalidade humanae o reforço dos direitos do ser humano e das liberdades fun-damentais, defendendo o direito de toda a pessoa tomar

    parte livremente na vida da comunidade e de participar deforma informada no progresso científico.

    Referências

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    ROBERTO DALMO VARALLO LIMA DE OLIVEIRAGLÓRIA REGINA PESSÔA CAMPELLO QUEIROZ

    (Organizadores)

    Tecendo diálogos sobre

    Direitos Humanos naEducação em Ciências

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    Direção editorial

    Coordenação geral da Coleção

    Contextos da Ciência

    Revisão

    Projeto gráficoDiagramação e capa

     José Roberto Marinho

    Carlos Aldemir FariasIran Abreu Mendes 

    Francielly Baliana

    TypodesignFabrício Ribeiro

    Copyright © 2016 Editora Livraria da Física1ª Edição

    Edição revisada segundo o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa

    Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

    Tecendo diálogos sobre direitos humanos na educação em ciências / Roberto Dalmo VaralloLima de Oliveira, Glória Regina Pessôa Campello Queiroz, (organizadores). – São Paulo: Editora

    Livraria da Física, 2016. – (Coleção contextos da ciência)

    Vários colaboradores.Bibliografia

    ISBN 978-85-7861-386-0

    1. Cidadania 2. Ciências - Estudo e ensino 3. Educação em direitos humanos 4. Educaçãointercultural I. Oliveira, Roberto Dalmo Varallo Lima de. II. Queiroz, Glória Regina Pessôa

    Campello. III. Série.

    16-00302 CDD-507

    Índices para catálogo sistemático:1. Direitos humanos: Educação em ciências 507

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