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A ERGONOMIA E O CONHECIMENTO

CIENTÍFICO: UMA ANÁLISE TEMÁTICA A PARTIR DAS

PUBLICAÇÕES DO ENEGEP ORIENTADA PARA O

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Maria Helena Bessa Barros (UTFPR) [email protected]

Luis Mauricio Resende (UTFPR) [email protected]

O presente artigo trata de dois temas interligados, a Ergonomia como conhecimento científico e a sua aplicabilidade como meio de desenvolvimento sustentável. O objetivo é entender melhor o contexto em que a pesquisa ergonômica vem se desenvvolvendo como também delinear quais as ações possíveis para a ratificação da pesquisa em Ergonomia no âmbito da engenharia de produção como meio de acesso ao desenvolvimento sustentável das organizações. Para tanto foram avaliados os aspectos qualitativos das pesquisas realizadas na área de Ergonomia durante o período de 2002 a 2007 do ENEGEP à luz do conhecimento científico. A análise qualitativa da produção científica foi realizada a partir de um universo de 311 artigos por meio de uma pesquisa exploratória nos anais na área temática de Ergonomia e Segurança do Trabalho deste evento de modo a verificar as transformações do conhecimento neste período. Os assuntos abordados nas pesquisas durante os últimos 6 anos revelam que a situação problema delimita-se de forma clara, objetiva e amplamente verificada. Porém o que se mostra aquém enquanto conhecimento científico é o dissenso entre a prática de pesquisa e a sua validação num contexto teórico-metodológico que permita a evolução dos paradigmas do conhecimento ergonômico articulada ao conceito de desenvolvimento sustentável. Palavras-chaves: CONHECIMENTO CIENTÍFICO, ERGONOMIA, CIÊNCIA E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável.

Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008

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Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008

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1. Introdução

A evolução contínua da tecnologia em engenharia sobrepujou um aspecto fundamental: os fatores humanos no ambiente de trabalho. Pode-se inferir que a evolução humana encontra seu notório desempenho quando o homem teve de adaptar-se, bem ou mal, às condições impostas pelos maquinismos que, por sua vez, impeliam a uma resposta física ou cognitiva àquele que operava.

Para entender todo o complexo característico humano nas suas atividades laborativas, surge uma nova ciência que tem por objeto de estudo a interface entre o homem e os sistemas que ele utiliza. Esta nova ciência é a Ergonomia e nasce com o propósito de resolver problemas práticos do homem no seu ambiente de trabalho. É a partir desta forma de atuação que esta ciência encontra-se sob o jugo de dois tipos de avaliação: a avaliação sob critérios científicos acerca de suas modelagens e formulações de problemas do trabalho e a avaliação sob critérios econômicos e sociais de valor de suas propostas de soluções. (VIDAL, 2002)

Portanto os critérios científicos da Ergonomia frente à realidade da indústria de manufatura constituem o objeto de estudo desta pesquisa. Para a sua caracterização enquanto área do conhecimento torna-se primordial entender o que determina uma situação enquanto precursora de problemas científicos em Ergonomia e de que modo esta nova “visão” sobre a realidade do trabalho permite a continuidade do ciclo de criação, organização e difusão do conhecimento à prática e o desenvolvimento industrial.

Para Tenopoir e King (2001), os artigos científicos passam a fomentar o conhecimento específico sobre determinada ciência. Em razão desta função de geração de informações novas que determinam uma verdade provisória sobre um assunto, há uma considerável controvérsia e ambivalência no que diz respeito a sua importância. Muitas vezes o artigo científico constitui o meio para obtenção das primeiras informações sobre descobertas importantes.

Bufrem et al, (2006) entendem que a análise das produções científicas se justifica pela necessidade sentida pelos pesquisadores a respeito das fontes que determinam o domínio de uma verdade ainda que provisória da literatura de sua área e dos meios existentes para a sua divulgação de suas próprias pesquisas.

Uma vez que a realidade serve como instrumento balizador na tomada de decisão, torna-se primordial compreendê-la a partir de uma perspectiva tanto do passado quanto do presente. É inquestionável o papel crítico e observador que todo pesquisador possui na responsabilidade de provedor do conhecimento perante o embate científico que desponta entre o crescimento de produções científicas e o crescimento nos aspectos arbitrários em relação a subjetividade dos periódicos que divulgam a informação científica. Esse caráter subjetivo refere-se a respeitabilidade e prestígio dos diferentes meios de divulgação (eventos científicos, meios eletrônicos, anais de congresso, revistas, etc). (STRHEL E SANTOS, 2002)

Desta forma, este estudo pretende refletir sobre o papel da Ergonomia como instrumento de aplicação prática das pesquisas geradas no meio acadêmico no âmbito industrial e governamental e também como meio de contribuição para o desenvolvimento sustentável das organizações. Tal reflexão origina-se do seguinte questionamento: Qual a contribuição do conhecimento científico em Ergonomia para o desenvolvimento sustentável da indústria brasileira.

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A construção desta resposta compreende a sistematização e articulação dos conceitos referentes a Ergonomia como ciência e desenvolvimento sustentável bem como a análise de 311 títulos da base de dados dos anais eletrônicos do ENEGEP compreendido entre o período de 2002 a 2007 na área de Ergonomia e Segurança do Trabalho de modo a delinear o contexto da contribuição ergonômica no campo da engenharia de produção.

2. Ergonomia e Desenvolvimento Sustentável

Enquanto ciência a Ergonomia é relativamente nova, muito embora o homem tenha desde civilizações antigas, procurado adaptar as ferramentas e utensílios de uso cotidiano, no entanto a origem e evolução foram marcadas pelas transformações sócio-econômicas e sobretudo tecnológicas que vêm ocorrendo no mundo do trabalho. (IIDA, 1990). É datado de 1949 o batismo da Ergonomia como ciência, uma vez que esta se caracteriza como campo de saber específico com objetivos próprios e particulares.

A perspectiva histórica da evolução ergonômica permite fundamentar os princípios que a definem. Moraes e Mont’alvão (2000) entendem que a Ergonomia tem a sua ação a partir da interação entre os fatores humanos e o tecnológico. Enquanto ciência, procura fornecer as bases para adaptar o homem aos meios e métodos de produção e resolver os conflitos da relação entre a inteligência natural e artificial. Esta abordagem sistêmica aplica-se tanto a um posto de trabalho com um operador, quanto às instalações complexas com vários trabalhadores.

A literatura científica apresenta diversas definições para este campo do saber. Entretanto todos estes conceitos apresentam em comum o propósito da adaptação das condições de trabalho às características do homem a fim de atingir por meio de critérios como segurança, eficiência, satisfação e bem estar dos trabalhadores a modificação do relacionamento com os sistemas produtivos.

Desta forma, a Ergonomia atualmente se propõe a produzir um entendimento fundamentado cientificamente de modo a torná-lo aplicável e viável na produção industrial. É esta combinação entre ciência e aplicabilidade que revela o caráter útil por tratar eficientemente problemas onde outras abordagens têm deixado a desejar; científico por configurar no cruzamento interdisciplinar de várias disciplinas; prático onde busca soluções adequadas aos usuários; e aplicado por trazer os resultados para a concepção dos sistemas de produção. (Vidal, 2002).

A evolução industrial tem determinado uma abrangência maior da responsabilidade organizacional. Isto é, se antes os esforços das empresas limitavam-se aos fatores internos das corporações como produtividade e diferencial competitivo; atualmente as empresas vêem-se compelidas a repensarem o seu papel econômico, social e ambiental no meio em que atuam.

Assim o crescimento tão almejado pelas empresas, cede lugar a uma nova linguagem: o desenvolvimento. Não basta gerar riquezas, tem de distribuí-las sob à ótica da equidade, promover qualidade de vida de toda a população e permitir que as gerações futuras tenham recursos naturais para a sua sobrevivência.

Quelhas e Rodriguez (2007) entendem o desenvolvimento sustentável como a triangulação de três macro temas como os aspectos ambientais, sociais e econômicos e que quando valorizados consegue-se promover níveis mínimos de acidentes e doenças concomitantemente aos benefícios econômicos, sociais e ambientais.

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Cabe ressaltar que o bem estar é resultado tanto da atuação ergonômica quanto do desenvolvimento sustentável. O primeiro considera o bem estar do trabalhador como um dos fatores resultantes de sua aplicação e o último prima pelo bem estar de toda uma sociedade. No entanto, ambas tratam de um dos pontos de vulnerabilidade das organizações: o fator humano. Seja como meio do processo produtivo para a Ergonomia ou como consumidor direto ou indireto deste processo perante o desenvolvimento sustentável.

No entanto, a consolidação de uma estratégia de sustentabilidade torna-se viável quando se o homem no contexto do trabalho tem suas capacidades e limitações garantidas no ambiente produtivo. Pois neste mundo corporativo de globalização, flexibilidade, vantagem competitiva o fator humano da produção tem impacto direto na viabilidade econômica e social de toda organização.

3. A Ergonomia e a Ciência

Enquanto ciência, a Ergonomia busca consolidar os conhecimentos obtidos com a sua práxis.Tal proposição justifica a atuação ergonômica que nasceu, segundo Wisner (1994), para dar respostas às situações de trabalho insatisfatórias com o objetivo de gerar melhorias no ambiente de trabalho conforme as capacidades e limitações humanas. Desta forma, a aplicação deste conhecimento de interface entre o humano, tecnológico e ambiental deve ser construído pela ótica de métodos de investigação que permitam corroborar ou aceitar uma verdade prévia ou pressuposto não testado ainda.

Alves (2000) coloca a partir do pensamento de Marx que o pesquisador deve procurar o invisível ou a natureza das coisas que é aquilo que elas possuem de verdadeiro e permanente, pois a experiência só capta a superficialidade das coisas. O invisível a que o autor se refere é a situação problema, a geradora do conhecimento. Entretanto, o invisível em Ergonomia provém da interface entre o homem e o trabalho. Situações abstratas em que o fenômeno se manifesta a partir da realidade do trabalho ou do constrangimento físico ou psíquico do trabalhador perante a atividade laboral. E para tal aprofundamento nesta realidade problemática exige do pesquisador um conhecimento acurado a respeito de dois paradigmas, o antropológico e o administrativo produtivo.

Ainda segundo Alves (2000) o conhecimento científico inicia-se com a tomada de consciência de que houve uma anormalidade que interrompe uma determinada ação. A partir dessa tomada de consciência busca-se a solução de problemas para que retorne a ordem desta determinada ação. Este é o processo de construção do modelo ideal de funcionamento sem o erro, e se aplica a qualquer situação de desvio da anormalidade. Uma vez identificado o erro e restabelecida como seria a ordem normal elabora-se a causa que gerou o “defeito” e finaliza-se com as simulações ideais das possíveis causas. Assim define-se o método de pesquisa.

4. O Método Científico

Muitas são as definições e controvérsias sobre a unidade de métodos nas diversas ciências.

Alves-Mazzotti e Gewandsznajder (2004) discutem que o método utilizado nas ciências naturais não cabe nas ciências sociais. Isso porque o objeto de estudo nas ciências sociais, o comportamento humano quando avaliado pelas ciências naturais... “deixa de lado aquilo que caracteriza as ações humanas: as intenções, significados e finalidades que lhe são inerentes”. (Alves-Mazzotti e Gewandsznajder 2004, p. 100).

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A transformação de paradigmas destas duas formas de ciências questiona a objetividade do conhecimento, se os valores do cientista interferem no seu estudo e se estes conhecimentos gerados não são falíveis e que mesmo os critérios para distinguir o que é e o que não é ciência ao longo da história.

Considerando a ausência de um consenso, estes autores propõem não um método científico acabado para um determinado tipo de ciência, mas sim a adoção do modelo adequado ao que se pretende estudar. Como a Ergonomia insere-se nestes dois campos de ciência é necessário apreender ambos os tipos a fim de formar uma crítica daquilo que se produz enquanto conhecimento ergonômico.

Os autores explicam que o conhecimento proveniente das ciências sociais há alguns anos era calcado no empirismo lógico cujo cunho científico fundamentava-se em fenômenos observáveis testados empiricamente para a validação ou refutação. Era a construção indutiva da teoria que permitia o progresso da ciência por meio da acumulação do conhecimento de maior poder explicativo e preditivo. Mas esse modelo de produção de conhecimento social corroborou frente a forma de validação da indução.

O método indutivo para Alves (2000) parte da observação dos fatos e a verdade resultante não provém de uma dedução, mas sim da repetição de um hábito. O raciocínio indutivo é tido então como uma forma de ampliação do saber onde o passado é conhecido pela experiência e o futuro é conhecido pela teoria balizado pela crença de que esta verdade irá continuar se repetindo.

Alves-Mazzotti (2004) afirma que tanto as ciências naturais quanto as ciências sociais apresentam em comum uma característica essencial, o objetivo de explicar os fenômenos e não apenas descrevê-los. Ambas as ciências são consideradas tanto explicativas quanto interpretativas e neste último, as ciências sociais utilizam métodos e procedimentos diferentes das ciências naturais a medida que são válidos os mesmos instrumentos e procedimentos para a característica explicativa.

É colocado por esta autora que o atual panorama nas pesquisas sociais é demasiadamente complexo. Buscar alternativas que se adequem às necessidades e propósitos deste campo do saber tem resultado em uma multiplicidade de procedimentos, técnicas, pressupostos, lógicas de investigação e principalmente a ambigüidades e questionamentos.

A cientificidade de um fato deve vir acompanhada por sua reflexão e não somente pelo acréscimo de fatos novos.“O que o cientista deseja não é o rol dos fatos, mas a sua integração num esquema teórico explicativo”. Alves (2000, p.141).

A ciência é identificada pelo método utilizado, para Lakatos e Marconi (2001). E desta forma, Alves (2000), também entende que a ciência também é definida pelo seu método e não em função do seu conteúdo. Portanto a cientificidade de um estudo é balizada pela maneira como trabalham as idéias do pesquisador e da forma como ele constrói o seu caminho. Muitas vezes a pesquisa científica foge do rigor metodológico de concepção das idéias.

Equívocos são cometidos na interpretação daquilo que realmente é ciência quando as idéias são embasadas a partir de evidências. Alves (2000) afirma que toda visão nova carece de fundamentos e que uma nova teoria ou nova realidade pode ser testada por métodos a fim de que se chegue a uma nova conclusão: verdade ou falsidade.

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O autor justifica a verificabilidade de uma teoria com base nos argumentos de Popper, nos quais defende que uma teoria não se justifica pelo processo de construção, isto é, a indução não existe como credencial para a ciência e os únicos testes possíveis são aqueles evidenciados pela experiência e que podem demonstrar a falsidade de seus enunciados. Isto significa que se tida como falsa, não quer dizer que eventualmente não possa ser corrigida pela experiência. E sua aceitação depende de sua capacidade de previsão dos fatos de modo a reduzir o desconhecido ao conhecido.

5. A qualidade do conhecimento científico e sua interface com o mercado de trabalho

Qualidade, para Strehl e Santos (2002), é avaliada sob duas formas distintas: a forma absoluta e a forma relativa. Segundo estes autores os critérios absolutos seriam baseados na presunção de que trabalhos de boa qualidade são aqueles que incorporam a verdade científica ou na prática representado pela possibilidade de melhor compreensão dos fenômenos empíricos. A qualidade de uma contribuição científica só poderia ser medida a partir de uma retrospectiva histórica.

O modo relativo, por outro lado, utiliza uma definição social e tem como base o ponto de vista filosófico segundo o qual a verdade absoluta não existe. Assim, a qualidade de um trabalho é definida como o que está sendo útil para a comunidade em um dado momento. (STREHL E SANTOS, 2002)

Ainda segundo os autores é extremamente complexa a tarefa de avaliar a qualidade de um trabalho científico de acordo com a perspectiva histórica, com exceção dos trabalhos clássicos e já consagrados.

De maneira também complexa o modo relativo aponta para um indicador de qualidade socialmente e mundialmente aceito pela comunidade científica: o número de citações que um trabalho publicado recebe. Na maioria das vezes, há uma forte correlação entre o número de citações e a qualidade de um artigo científico. Porém o fato de um conjunto particular de trabalhos ser momentaneamente ou temporariamente ignorado não significa baixa qualidade.

“Assim, a relevância de um trabalho científico pode ser indicada pelo número de pesquisadores interessados no problema.” (STREHL e SANTOS, 2002, p.36)

Os autores complementam que esse número é, na maioria dos casos, proporcional ao número de artigos sobre o problema e quanto maior o número de referências favoráveis a um determinado artigo, mais relevante é o mesmo, evidenciando que à medida que cresce a população de pesquisadores e o número de artigos publicados.

Para Demo (1992) o trabalho científico é avaliado pela sua qualidade política e pela sua qualidade formal. Qualidade política refere-se fundamentalmente aos conteúdos, aos fins e à substância do trabalho científico. Qualidade formal diz respeito aos meios e formas usados na produção do trabalho. Também se refere ao domínio de técnicas de coleta e interpretação de dados, manipulação de fontes de informação, conhecimento demonstrado na apresentação do referencial teórico e apresentação escrita ou oral em conformidade com os ritos acadêmicos.

Garvey (1979) descreve duas formas de construção do conhecimento científico e tecnológico: os canais informais, que tem a função de disseminação da informação entre os pares (pesquisadores) e os canais formais que realizam a comunicação oficial dos resultados da pesquisa. A publicação passa então a proporcionar o controle de qualidade de uma área, conferir o reconhecimento da prioridade ao autor e possibilitar a preservação do

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conhecimento como estar em atividade de pesquisa e participar de um processo permanente de transações e mediações comunicativas.

O conhecimento quando analisado pela perspectiva da realidade do mercado de trabalho delimita outra visão. Este outro olhar é entendido por De Ferranti (apud Schwartzman, 2005) como oriundo do desenvolvimento da sociedade do conhecimento que por sua vez, alimenta-se diretamente da expansão do ensino superior.

Assim a competência técnica tem sua base no conhecimento científico gerado a partir da formação da força de trabalho em centros universitários com acesso a pesquisas. Schwartzman (2005) corrobora a idéia que quanto maior a qualificação da mão-de-obra, maiores as condições de participação de um mercado internacional competitivo.

Tal realidade vem sendo demonstrada, ainda segundo Schwartzman (2005), pela postura adota por países desenvolvidos e em desenvolvimento que elevam o mais possível a capacidade técnica e profissional para competir internacionalmente em termos de eficiência e qualidade de produtos. É entendimento para estes países que a competitividade internacional não depende somente da qualidade dos produtos, que articula-se diretamente com a capacitação de recursos humanos, mas também nos custos da mão-de-obra.

Ainda segundo o autor, estas situações de alta competitividade são mantidas por investimentos contínuos na formação e qualificação dos recursos humanos, sendo estes altos custos compensados pela conquista de mercados diferenciados em qualidade. Tem-se então uma situação de equilíbrio mais elevada, isto é, os produtos de mercadorias de maior valor agregado gerando mais riqueza e melhor distribuição de renda.

6. Metodologia

A análise qualitativa da produção científica em Ergonomia foi realizada a partir de uma pesquisa exploratória em um recorte de 311 artigos referentes ao período de 2002 a 2007 dos anais eletrônicos do ENEGP com o objetivo de identificar a contribuição do conhecimento científico para a indústria brasileira nos últimos 6 anos pelo ENEGEP e verificar as transformações deste conhecimento neste período.

7. Análise e discussão dos resultados

Até o ano de 2005 as áreas temáticas foram divididas em subáreas permitindo uma primeira conclusão sobre o objeto de estudo em Ergonomia e Segurança do Trabalho. A classificação dos estudos no ano de 2006 e 2007 não contemplou a classificação por subáreas sendo todos os artigos científicos classificados sob uma área temática: Ergonomia e Higiene e Segurança do Trabalho. Este última classificação prevê mais um campo do saber, a Higiene do Trabalho.

A tabela seguinte demonstra a estruturação dos artigos segundo a produção total em cada ano e em cada subárea de pesquisa:

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2002 2003 2004 2005 2006 2007

Organização do Trabalho 6 13 5 5

Ergonomia do Produto 2 4 6 2

Ergonomia do Processo 3 9 3 4

Psicologia do Trabalho 1 6 7 13

Segurança do Trabalho 12 11 13 14

Biomecânica Ocupacional / 3 4 4

Gerência de Riscos 4 4 3 3

Outros em Ergonomia e Segurança do Trabalho 9 11 / /

TOTAL 37 51 41 53 59 70

ANOSUBÁREA

Tabela 1 – Número total de publicações por ano

A tabela anterior aponta para uma realidade já verificada por Strehl e Santos (2002) em relação ao número total de publicações por ano: o aumento da quantidade de publicações sugere o aumento da quantidade de pesquisadores. Isto também se deve ao caráter interdisciplinar da Ergonomia, uma vez que pode ser utilizada a partir da perspectiva que o objeto de estudo de uma área lhe confere.

O objeto de estudo mais pesquisado pela Ergonomia segundo o número total de publicações refere-se a Segurança do Trabalho. Tanto que no último ano sobrepujou como tema de pesquisa a Higiene do Trabalho junto à área principal de Ergonomia e Segurança do Trabalho. Isto evidencia que a Ergonomia no Brasil possui como principal área de trabalho a Segurança do Trabalho. No tocante a esta subárea, percebe-se que os estudos abordam principalmente as condições ambientais, os acidentes de trabalho, os fatores de risco no ambiente de trabalho, as condições de segurança e os modelos e normatizações em segurança.

É mister frisar que os temas abordados nas publicações analisadas possuem uma diversidade de variáveis não podendo assim, organizá-los em grupos específicos de acordo com os temas estudados. Dentro de cada área, um mesmo tema é abordado de diferentes formas e a tentativa de sistematizá-los acaba por descaracterizá-los, perdendo o referencial que demandou a pesquisa.

A qualidade de vida no trabalho é um tema que passou a ser destacado no evento a partir de 2003. Os artigos produzidos evidenciam os aspectos do trabalho que podem contribuir para fragilizar a saúde física e psíquica dos funcionários assim como a produtividade das empresas.

Entretanto, o foco constante da delimitação da situação problema é a organização do trabalho. A organização do trabalho tem se demonstrado patológica em todos os setores da economia conforme os estudos demonstrados em diversas áreas. Assim como as condições ambientais têm sido identificadas como deletérias para o fator humano das empresas.

Ainda são incipientes os estudos sobre mobiliário e demais produtos utilizados no ambiente de trabalho que garantam melhor usabilidade pelos trabalhadores dos vários tipos de trabalho (predominantemente físico, cognitivo ou ambos). Este dado evidencia a ausência de uma característica fundamental para qualquer ciência: a falta de inovação tecnológica. A isto se podem relacionar várias hipóteses: falta de perfil empreendedor e tecnológico dos pesquisadores em Ergonomia, falta de tecnologia para as empresas, falta de incentivo para as universidades entre outros frente a uma demanda crescente de novos usuários no ambiente de trabalho.

O enfoque centrado nas atividades, tarefas e na organização do trabalho demonstra uma visão brasileira da Ergonomia à luz da Ergonomia européia, onde se estudam os aspectos cognitivos do trabalho. Este aspecto ratifica o dado encontrado anteriormente referente ao

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desenvolvimento de novos produtos, a falta de inovação tecnológica para desenvolver postos de trabalho em função das capacidades e limitações humanas. Assim como desenvolver pesquisas em áreas como biomecânica ocupacional.

Os estudos sobre as características físicas do trabalhador têm surgido pontualmente a cada ano. A antropometria é primordial na concepção e adaptação de postos de trabalho. Portanto é forçoso conhecer a população para a qual os postos são adaptados.

A principal característica encontrada nos artigos é o método de construção do conhecimento científico. Verifica-se o método indutivo como o principal recurso de elaboração do conhecimento. Os autores partiram de uma realidade específica para a generalização desta como conhecimento. Percebe-se a repetição de fatos, experiências e utilização de ferramentas já validadas pela ciência, tendo o que Alves (2000) define como raciocínio indutivo para a ampliação do saber.

O estudo confronta duas situações antagônicas na geração do conhecimento em Ergonomia: por um lado tem a explicação de fenômenos que geraram os problemas de pesquisa e no outro lado, tem-se a repetição de fatos. Isto é, a maior parte das publicações refere-se a análise ergonômica do trabalho como ferramenta para diagnóstico de uma situação problema. Alves (2000) coloca que a ciência não se faz pelo acréscimo de fatos novos e que o mais importante é o método e não o seu conteúdo. A cientificidade de um estudo deve ser balizada pela maneira como as idéias do pesquisador são trabalhadas e da forma como ele constrói o seu caminho.

No período entre 2002 a 2005 prepondera uma Ergonomia construída para “corrigir”, diversas situações geradoras de problemas em vários ramos econômicos. Em 2006 e 2007, tem-se uma publicação mais abrangente e não se limita na correção de problemas específicos, mas a aplicação e a reflexão do conhecimento ergonômico sobre a realidade multifatorial, que acompanha as transformações tecnológicas, gerenciais e o contexto em que este trabalho se desenvolve.

Porém não se verifica a articulação das pesquisas ergonômicas com conceitos de desenvolvimento sustentável. A ênfase dada por tais pesquisas balizam a Ergonomia pelos critérios sociais como bem estar e segurança dos trabalhadores.

O estado da arte ergonômica segundo as pesquisas analisadas refere-se a uma realidade que visa a correção das inadequações ergonômicas seja no ambiente industrial, seja no ambiente governamental. A aplicação ergonômica mostra-se tímida no campo da prevenção, situação confrontada pelo exíguo número de propostas de modelos, instrumentos ou metodologias que visem o gerenciamento dos fatores humanos do trabalho à luz da administração da produção. As metodologias encontradas buscam o gerenciamento das condições de saúde e segurança pelas ferramentas gerenciais em uso e difundidas pelos sistemas de certificação da qualidade.

A análise da publicação em Ergonomia pelo evento científico ENEGEP reflete o que Strhel e Santos (2002) colocam como critério de qualidade em ciência: a expressão da verdade científica pela compreensão dos fenômenos empíricos.

Devido o caráter de interface da Ergonomia e sua aplicabilidade a partir de situações práticas de incompatibilidade entre o ser humano e o ambiente produtivo, as pesquisas partem de situações problemas reais dos diversos setores da economia (produtivo, prestação de serviço e governamental) para contribuir para a comunidade que utiliza os sistemas de produção. Esta

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comunidade é delimitada pelos usuários desses sistemas, os trabalhadores, e pelas indústrias, governo, etc.

As publicações do evento, também são descritas como critério de qualidade por si só. Esta afirmação se fundamenta nos argumentos de Garvey (1979) onde é colocado que a própria publicação é um meio de controle de qualidade de uma área, pois permite a prioridade ao autor e a preservação do conhecimento em meio ao processo permanente de transações e mediações comunicativas por meio da comunicação oficial dos resultados da pesquisa e da divulgação do conhecimento entre os pesquisadores.

8. À guisa da conclusão

Discutir pesquisa científica é uma tarefa complexa que exige de quem o faz um senso crítico a despeito daquilo que se estabelece como qualidade em ciência. Verificar se os temas pesquisados em uma determinada área do conhecimento são relevantes requer conhecimento apurado desta área.

Os assuntos abordados nas pesquisas durante os últimos 6 anos no evento em discussão revelam que os temas abordados buscam por soluções de problemas vivenciados do cotidiano das empresas e dos pesquisadores. Esta constatação demonstra que o conhecimento produzido e divulgado tem como característica o acréscimo de fatos novos, porém de qualidade, como demonstrado por Strehl e Santos (2002).

Isto é ratificado ao considerar que o conhecimento científico em Ergonomia, segundo o Enegep, como sendo de boa qualidade, uma vez que as afirmações produzidas são úteis para a comunidade: indústria e trabalhador ao proporcionar medidas voltadas a saúde e segurança.

Ao considerar a construção do conhecimento ergonômico pelo raciocínio indutivo, pode ocorrer a invalidação da indução. Esta constatação é explicada ao entender que o raciocínio indutivo em Ergonomia demonstra-se pela definição que toda situação de trabalho com fatores de risco ergonômicos (como por exemplo, força, repetitividade, postura inadequada) são situações de comprometimento para a saúde do trabalhador.

No entanto, Couto (2000) em sua pesquisa, irrompe esta forma de raciocínio metodológico científico. O autor demonstra que condições ergonômicas inadequadas não são suficientes para desenvolver um processo de adoecimento do trabalhador ou condição de segurança insuficiente. É necessário considerar questões gerenciais e a presença de mecanismos regulatórios e compensatórios adotados pelos trabalhadores. Isto infere que mesmo a condição de trabalho apresentada como risco ergonômico pode não ser fonte geradora de não conformidades ergonômicas.

Em relação ao perfil dos pesquisadores delimita-se uma característica tida como retentores de conhecimentos prévios do que produtores ou geradores de conhecimentos novos. Isto quer dizer, que se a produção científica atual possui como característica principal a modelagem e formulações dos problemas assentadas em bases científicas já consolidadas como psicologia, fisiologia, biomecânica, etc. verifica-se na prática industrial os desajustes entre o humano e o tecnológico.

A Ergonomia pode ser utilizada tanto pelas ciências naturais quanto pelas ciências sociais. Isto porque ela apresenta-se de forma multifacetada que ora coloca os aspectos humanos como objeto de estudo e ora coloca os aspectos físicos ou ambientais como ponto central de discussão.

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XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável.

Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008

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Infere-se que devido os critérios sociais e econômicos que balizam a Ergonomia no campo científico, esta deve ter o seu papel ampliado ao contexto econômico da indústria. Isto é, o desenvolvimento sustentável que atua como norteador das ações industriais verificam-se fundamentos ergonômicos. Assim, a pesquisa ergonômica deve voltar-se para ampliação de sua atuação tanto nas estratégias das empresas quanto meio primário para o desenvolvimento de políticas sociais que garantam além da qualidade de vida do trabalhador como também mecanismos de incentivo desta qualidade de vida no âmbito governamental. Em suma, a evidência de seu caráter útil e aplicado na realidade organizacional.

Pode-se entender que o processo de evolução do conhecimento científico em Ergonomia a partir da perspectiva do evento científico de maior respeitabilidade e prestígio – o ENEGEP no campo da engenharia de produção nacional. Tal condição de qualidade das publicações deste evento fundamenta-se na constatação que as informações produzidas servem para uma melhor compreensão dos fenômenos empíricos e que estão sendo úteis para a comunidade neste dado momento.

Verifica-se pela análise realizada neste estudo, que a Ergonomia vem cumprindo a sua finalidade científica e social ao propor soluções para os conflitos entre a inteligência natural e artificial. Porém, deve-se considerar qual o impacto do benefício social na conjuntura econômica das organizações. A resposta deste questionamento pode contextualizar a Ergonomia no escopo da administração estratégica das organizações de modo a contribuir efetivamente no desenvolvimento sustentável destas.

Entretanto cabe aos pesquisadores agregar novos conhecimentos sobre métodos e técnicas que minimizem estas perdas humanas e produtivas. A situação problema delimita-se de forma clara, objetiva e amplamente verificada. Porém o que se mostra aquém enquanto conhecimento científico é o dissenso entre a prática de pesquisa e a sua validação num contexto teórico–metodológico que permita a evolução dos paradigmas do conhecimento ergonômico articulada ao conceito de desenvolvimento sustentável.

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