A Escola como Espaço de Inclusão Digital por Cristiane Millan de Mattos

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UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO

Cristiane Millan de Mattos

A ESCOLA COMO ESPAO DE INCLUSO DIGITAL

Lagoa Vermelha 2010

Cristiane Millan de Mattos

A ESCOLA COMO ESPAO DE INCLUSO DIGITAL

Monografia apresentada ao curso de Matemtica, do Instituto de Cincias Exatas e Geocincias, da Universidade de Passo Fundo como requisito parcial para a obteno do grau de licenciada em Matemtica, sob a orientao da prof. Ms. Rosa Maria Tagliari Rico.

Lagoa Vermelha 2010

Cristiane Millan de Mattos

A ESCOLA COMO ESPAO DE INCLUSO DIGITAL

Monografia apresentada ao curso de Matemtica, do Instituto de Cincias Exatas e Geocincias, da Universidade de Passo Fundo, como requisito parcial para a obteno do grau de Licenciada em Matemtica, sob a orientao da prof. Ms. Rosa Maria Tagliari Rico.

Aprovada em ____ de _________________ de _________.

BANCA EXAMINADORA

___________________________________ Prof. Ms. Rosa Maria Tagliari Rico - UPF

____________________________________ Prof. Dr. Adriano Canabarro Teixeira - UPF

____________________________________ Prof. Ms. Neuza Teresinha Oro - UPF

Dedico este trabalho a Deus e a minha famlia, que a estrutura para minha vida.

Agradeo a Deus por estar sempre ao meu lado, nos momentos bons e ruins, acompanhando-me nesta difcil jornada. minha famlia, pela fora e apoio durante a pesquisa e realizao deste trabalho. Tambm ao meu namorado Paul, pela compreenso e incentivo na busca de materiais para pesquisa. Universidade de Passo Fundo, por ter colaborado com a realizao da aplicao do trabalho no laboratrio de informtica do campus de Lagoa Vermelha. A todos os professores e alunos, que dispuseram de seu tempo para contribuir com a pesquisa e, por fim, minha orientadora Prof. Ms. Rosa Maria Tagliari Rico, pela sua valiosa orientao em cada etapa deste trabalho. A todos vocs, meu muito Obrigada!

No basta ensinar ao homem uma especialidade. Porque se tornar assim uma mquina utilizvel, mas no uma personalidade. necessrio que adquira um sentimento, um senso prtico daquilo que vale a pena ser empreendido, daquilo que belo, do que moralmente correto. A no ser assim, ele se assemelhar, com seus conhecimentos profissionais, mais a um co ensinado do que a uma criatura harmoniosamente desenvolvida. Deve aprender a compreender as motivaes dos homens, suas quimeras e suas angstias para determinar com exatido seu lugar exato em relao a seus prximos e comunidade. (Albert Einstein)

RESUMO

Analisando o crescimento da informatizao dos servios oferecidos sociedade atual, cada vez mais se busca a necessidade da incluso digital dos cidados nesse modo de vida. Ao acontecer o uso destes recursos tecnolgicos, eles devem ser apropriados de meios onde a tecnologia da informao e comunicao (TIC) se direcione para fazer valer a incluso dos indivduos neste ciberespao. Deste modo, a escola se apresenta como ambiente capaz de fazer imergir tais tecnologias a servio de uma metodologia de ensino a favor da interao dos alunos nesta sociedade da informao anulando, assim, as diferenas sociais no pertinentes a este processo. Ao se utilizar diferentes mdias, que colaboram para a apropriao de um ambiente de comunicao, o computador e seus inmeros recursos destacam-se como ferramenta de acesso apoiado por diferentes programas sociais do governo federal. Baseado nestes preceitos, o presente trabalho tem como objetivo apresentar o tema de incluso digital no ambiente escolar como uma ao educacional que envolve o professor, ao capacitar-se para apropriao e ideal uso de recursos tecnolgicos, e o aluno como sujeito no espao de interao e comunicao de novas formas de colaborao, interatividade, conhecimento e cidadania. Para idealizar a fundamentao terica deste trabalho, utilizou-se como instrumento para coleta de dados um questionrio a alunos do 3 ano do ensino mdio de uma escola pblica do municpio de Lagoa Vermelha, a professores de diferentes disciplinas da mesma escola e de professores da rea de informtica na educao, que atuam em universidades, com a finalidade de conhecer a real situao em que a escola est inserida ao se deparar com propostas de utilizao de recursos tecnolgicos, sua infraestrutura e acessibilidade, valorizando a pesquisa com a enriquecida contribuio da opinio de professores da rea de interesse. Ser realizada, tambm, a aplicao de um software matemtico para complementar a pesquisa de campo, desenvolvendo, assim, uma viso amadurecida do tema escolhido.

Palavras-chave: Incluso Digital. Processos educativos. Tecnologia da informao e Comunicao.

LISTA DE FIGURAS

Figura 01 - Grfico do total de PIDs por regio ........................................................................ 20 Figura 02 - Mapa da excluso digital no Brasil ......................................................................... 25 Figura 03 - Computadores em casa ........................................................................................... 28 Figura 04 - Acesso internet ..................................................................................................... 29 Figura 05 - Dispositivos de armazenamento mais utilizados .................................................... 30 Figura 06 - Situao dos laboratrios de informtica na escola ................................................ 31 Figura 07 - Software matemtico ............................................................................................... 31 Figura 08 - Quadro de avaliao dos professores quanto utilizao dos recursos

computacionais nas aulas........................................................................................ 33 Figura 09 - Alunos praticando as atividades com o software .................................................... 46 Figura 10 - Alunos praticando as atividades com o software .................................................... 47

SUMARIO

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INTRODUO ............................................................................................................ 09 PROCEDIMENTO METODOLGICO ................................................................... 11 AS TECNOLOGIAS DE INFORMAO E COMUNICAO ............................ 13

3.1 Novas possibilidades tecnolgicas e a formao de professores preparados a usar as novas tecnologias ............................................................................................. 17 4 A IMPORTNCIA DA INCLUSAO DIGITAL NO AMBIENTE ESCOLAR ..... 19

4.1 Programas de Incluso digital apoiados pelo Governo Federal ............................... 20 4.2 Conceituando a excluso digital .................................................................................. 24 4.3 Qual a diferena do uso das tecnologias nas escolas pblicas e particulares? ..... 25 5 DESCRIO E ANLISE DOS QUESTIONRIOS E DOS DADOS DA PESQUISA .................................................................................................................... 27 5.1 A incluso digital na viso dos alunos......................................................................... 28 5.2 A incluso digital na viso dos professores ................................................................ 33 5.3 A incluso digital na viso de professores da rea de informtica na educao .... 36 6 APLICAO DO SOFTWARE RGUA E COMPASSO COM OS ALUNOS DE ENSINO MDIO ................................................................................................... 44 6.1 Conhecendo o software Rgua e Compasso ............................................................... 45 6.2 Perodo da realizao da atividade com o Rgua e Compasso ................................. 45 6.3 Avaliao com os alunos sobre o uso do software ..................................................... 47 6.4 Uma anlise da avaliao realizada com o software educativo ................................ 48 7 CONSIDERAES FINAIS ....................................................................................... 50

REFERNCIAS .................................................................................................................... 52 APNDICES .......................................................................................................................... 53

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1 INTRODUO

Ao iniciar o presente trabalho, apresentando o tema de incluso digital na escola, dizse que ele tem por finalidade abordar facetas da incluso digital caracterizando-se, em sua maioria, em uma pesquisa de campo. Nesse sentido, recorreu-se a autores de diversas reas para sustentao do estudo obtendo, assim, uma viso mais ampla da realidade em que a incluso digital est presente na escola e, ainda, na realidade dos alunos. Desta forma, o objetivo especfico foi definido como: analisar a escola como espao de interao e comunicao proporcionado pela incluso digital. Nesta linha, buscou-se entender que as tecnologias de rede precisam fazer parte do cotidiano escolar. A valorizao do aprendizado atravs de mdias digitais, vrias formas de pensar e interagir atravs de meios de comunicao e informao onde o aluno apropria-se das TIC (tecnologias de informao e comunicao) o caminho a ser traado. Como parte do processo de aprendizagem, tais tecnologias necessitam ser apropriadas e entendidas pelos professores, que fazem um papel fundamental neste processo. Atravs de uma interao por parte dos professores com os recursos tecnolgicos, eles acabam por interagir com a realidade que o aluno est inserido. No se deve desconsiderar que estes, nos cursos de formao, no possuem tanto contato com a tecnologia como forma de ensinar, acarretando, assim, um despreparo ao optarem ou necessitarem de recursos tecnolgicos. Em um breve relato, neste trabalho houve um apontamento sobre os programas que o governo federal executa e apoia a favor da incluso digital dos cidados. Diante disso, as escolas aos poucos tem se adaptado s iniciativas que lhe so apresentadas. Dentro de um patamar de informao e comunicao, o ambiente escolar comea a abrir caminhos para a tecnologia acontecer neste processo. Diante disso, pretende-se abordar mais profundamente o tema relacionado atravs de um relato de pesquisa de campo, onde se procurou explorar, conhecer e entender como se d o processo de incluso digital e a realidade escolar que os alunos esto inseridos. Muitas vezes, devido falta de infraestrutura nas escolas ou pouco incentivo por parte dos professores, os alunos acabam demonstrando pouca interatividade com o ciberespao. Com vista ao melhor entendimento e apropriao do contedo, objetivou-se conhecer a opinio de professores especialistas na rea, que desta forma podem contribuir qualitativamente para uma pesquisa criteriosa e elaborada.

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Desse modo, ao entender que a incluso digital tem um papel muito importante no processo de aprendizagem, pois ela procura formar cidados com capacidade de interagir com outros e compartilhar decises/informaes que propiciem a lgica da informao a servio da interatividade. Atravs da inquietao que se procura entender: a escola, como integrante na formao de cidados, est proporcionando o espao para a incluso digital dos indivduos que compartilham dela? Ao procurar responder a pergunta buscou-se, atravs de referenciais tericos, de um trabalho de pesquisa de campo e aplicando um software educativo, compreender e procurar confrontar a teoria com a prtica. Sendo a introduo o primeiro captulo e segundo o procedimento metodolgico, apresentam os anseios deste trabalho e a forma que ele ser desenvolvido. Em seguida, o terceiro captulo abordando as tecnologias de informao e comunicao, e a importncia da incluso digital no ambiente escolar no quarto captulo, complementando o estudo terico da pesquisa. Nos captulos seguintes, inicia-se a pesquisa de campo, sendo o quinto captulo caracterizado pela descrio e analise dos questionrios avaliados por professores e alunos. No sexto captulo, realizada a aplicao do software Rgua e Compasso e seu desenvolvimento. Ao finalizar este trabalho, o stimo captulo apresenta as consideraes finais, seguindo das referncias e apndices.

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2 PROCEDIMENTO METODOLGICO

O presente trabalho de concluso de curso tem por objetivo estudar, aplicar e relatar a importncia da incluso digital na escola, em especial de uma escola pblica do municpio de Lagoa Vermelha. Por meio desta pesquisa, de carcter exploratrio e se tratando de relatos de pesquisa de campo, buscou-se investigar qual a real situao que a escola apresenta neste momento. Procurando entender de que forma a incluso digital acontece, ou seja, ferramentas para que ela seja concretizada, foi realizado um estudo baseado nos pensamentos de vrios autores sobre as tecnologias de informao e comunicao e incluso digital, o qual se caracteriza como ferramentas tecnolgicas para que o aluno se torne includo digitalmente. Ao sentir a necessidade de compreender claramente as faces que norteiam a incluso digital, foi solicitado a dois professores da rea de interesse, dentre eles o professor Dr. Adriano Canabarro Teixeira, responsvel pelo projeto Mutiro pela Incluso Digital e pesquisador da rea, sua opinio sobre questes que instigavam o pensamento da autora do TCC em relao ao tema desta pesquisa e, atravs de um questionrio, o mesmo contribuiu com suas ideias de uma forma produtiva, fazendo com que houvesse uma maior interao sobre o assunto. Houve tambm a importante contribuio do professor Max G. Haetinger, onde se teve a oportunidade de conhec-lo, atravs de uma palestra que ministrou em uma feira de livros. Na oportunidade foi adquirido um livro de sua autoria com o ttulo Informtica na Educao: um olhar criativo, o qual tambm foi usado como referncia neste trabalho. O professor participou desta pesquisa, de forma que respondeu ao questionrio sobre incluso digital, atravs da gravao de um vdeo, respondendo e comentando todas as questes. A pesquisa caracterizou-se, tambm, pela realizao de questionamentos com sete alunos do terceiro ano do ensino mdio e quatro professores de diversas disciplinas de uma escola pblica estadual do municpio de Lagoa Vermelha/RS, os quais contriburam com suas opinies e conhecimentos a respeito, sendo que, ao final, foi realizado um levantamento e anlise dos dados obtidos. Em outro momento, ao realizar uma experincia com desenvolvimento de uma atividade com uso de um software matemtico com os alunos da escola pblica. Deve-se observar que ele foi escolhido numa oficina da Jornada Nacional de Educao Matemtica da UPF, no ano de 2010, onde foram desenvolvidas vrias atividades com o uso do software

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matemtico Rgua e Compasso que tem por objetivo desenvolver construes geomtricas. Por este motivo foi escolhida esta atividade para aplicar ao grupo de alunos, sendo que atravs desta proposta os alunos aprenderam mais uma ferramenta tecnolgica a servio da educao. Aps concluir a parte da aplicao, procedeu-se a anlise do desenvolvimento da atividade atravs de questionrios entregues aos alunos, que manifestaram sua viso em relao a participarem de uma atividade deste gnero. Portanto, a pesquisa de campo e a confrontao dos princpios da incluso digital com a realidade que o aluno est submetido, sero destacadas nas consideraes finais deste trabalho de concluso de curso, apontando os aspectos importantes da incluso digital na escola, o processo educativo como meio de utilizao dos recursos tecnolgicos e, tambm, uma anlise do que se pode constatar atravs o trabalho desenvolvido.

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3 AS TECNOLOGIAS DE INFORMAO E COMUNICAO

A generalizao do uso de tecnologias em todos os ambientes da vida cotidiana, faz perceber que se est rodeado de tecnologias da informao e comunicao (TIC) a servio da modernidade e agilidade dos processos, facilitando e criando um novo mundo, sendo que, aos poucos, a escola est sendo inserida neste contexto. Tem sido vlido o fato de difundir a importncia da insero dos recursos tecnolgicos na escola e apresentar propostas prticas de um trabalho fundamentado no uso de computadores, tendo em vista a busca de mudana prtica pedaggica, j que as tecnologias esto cada vez mais disponveis no mercado e presentes na escola. Observando o carter que as TIC tm de poder transformar e criar novos subsdios para o ensino e aprendizagem da educao, com o enfoque que ela possibilita criar e transmitir um conhecimento assimilado a formao do sujeito, Sancho (2006, p. 16) cita que estas tecnologias tm, invariavelmente, trs tipos de efeitos:

Em primeiro lugar, alteram a estrutura de interesses, o que tem consequncias importantes na avaliao do que se considera prioritrio, importante, fundamental ou obsoleto e tambm na configurao das relaes de poder. Em segundo lugar, mudam o carter dos smbolos, quando o primeiro ser humano comeou a realizar operaes comparativamente simples[...], passou a mudar a estrutura psicolgica do processo de memria, ampliando-a para alm das dimenses biolgicas do sistema nervoso humano. [...] Em terceiro lugar, modificam a natureza da comunidade. Neste momento, para um grande nmero de indivduos, esta rea pode ser o ciberespao, a totalidade do mundo conhecido e do virtual. (2006, p. 16).

Isto demonstra que as pessoas que j convivem em meio a estas novas tecnologias no encontram grande dificuldade como aquelas que no costumam utiliz-las, sendo que, mais cedo ou mais tarde, as mesmas sentiro a necessidade de se apropriar involuntariamente. Buscando novos horizontes, no intuito de desenvolver uma prtica inovadora, aproveitando o conhecimento remanescente e de forma homognea, as tecnologias da informao e comunicao (TIC), vm para poder atribuir transformaes que se quer e necessita. Neste sentido, Bonilla (2005, p. 21) afirma que:

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As TIC, mais do que um simples avano no desenvolvimento da tcnica, representam uma virada conceitual, medida que essas tecnologias no so mais apenas uma extenso dos sentidos humanos, onde o logos do fazer, um fazer mais e melhor, compe a viso do mundo. As tecnologias da informao e comunicao so tecnologias intelectuais, pois ao operarem com proposies passam a operar sobre o prprio pensamento, um pensamento que coletivo, que se encontra disperso, horizontalmente, na estrutura em rede da sociedade contempornea. (2005, p. 21).

Sendo assim, as tecnologias da informao e comunicao, tm sido instaladas no mbito escolar atravs de projetos do governo1 e das prprias escolas. Desta forma, cria-se a oportunidade de professores introduzirem em suas aulas o uso das novas tecnologias disponveis fato esse que, infelizmente, no tem acontecido na maioria das instituies escolares. Para que se entenda o motivo, pode-se destacar que os prprios professores ainda no interagiram com essas tecnologias havendo, em primeira instncia, certo receio de aplic-las. Segundo Scheffer (2006, p.13) novas possibilidades so oferecidas pelos sistemas multimdia e ambientes exploratrios que atuam como facilitadores da aprendizagem. Ela afirma que algumas dessas possibilidades so os softwares educativos, os quais se definem como um conjunto de recursos informticos projetados com a inteno de serem utilizados em contextos de ensino e de aprendizagem. Como em qualquer metodologia que se prope uma maneira diferente de ensinar, utilizar uma ferramenta tecnolgica no seria diferente. Por esta razo, ela precisa estar implantada em um projeto, bem pensada para produzir esta mudana que se deseja realizar. Conforme Haetinger:

Os softwares podem ser utilizados em sala de aula de modo diferente ao proposto pelos fabricantes dos mesmos, criando-se novos caminhos para explorao destes recursos, adequando-os a cada realidade para obtermos maior interatividade e resultados, aproximando-os de nossas comunidades. como no ensino presencial: quando usamos um livro em sala de aula, ele pode ser apenas lido, ou integrado a outras atividades. O computador e seus aplicativos devem ser encarados de forma aberta, explorando-se todas as possibilidades laterais, olhando-se as entrelinhas para oferecermos aos alunos novas alternativas. (2003, p. 22).

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PROINFO Programa Nacional de Informtica na Educao.

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O fato da escola no ter absorvido totalmente as condies de usufruir de novas tecnologias, se justifica, em parte, o ensino tradicional que vem sendo aplicado, pois os professores ainda possuem a viso de que inserir uma tecnologia em sala de aula no complementaria a aprendizagem dos contedos propostos. Segundo Bonilla (2005, p.13) as concepes que se tem sobre educao no conseguem fugir da racionalidade que surgiu com a escrita e realmente desta forma que a maioria dos educadores repassam o conhecimento, ou seja, no conseguem abranger a racionalidade de que o pensamento da escrita e fala podem ser incorporados s novas formas de organizao e produo do conhecimento que esto emergindo com as tecnologias atuais. Segundo Betts (1998, p. 26) importante ter como base de que estas tecnologias educacionais sem um objetivo concreto invlida. Conforme suas palavras:

No podemos isolar a tecnologia do conjunto da prtica educativa, porque, por si s, burra. Existe a necessidade de interveno de uma ao docente para que ocorra a construo do conhecimento. Ns, seres humanos, somos por natureza seres aprendentes e, conscientemente ou no, os facilitadores da construo do nosso prprio conhecimento. (1998, p. 26).

Analisando de forma geral, alm destas tecnologias auxiliarem no aprendizado em sala de aula, fora dela haveria uma complementao nas tarefas extras dos professores, como no preparo de provas e trabalhos, materiais atualizados disponveis da internet, preenchimentos dos cadernos de chamada e auxlio em afazeres administrativos. Enfim, importante e se faz necessrio os professores buscarem essas facilidades por conta prpria, pois o objetivo desta ferramenta ser usada como meio e no como fim em si mesma, ou seja, ela deve ser vista como um recurso complementar e necessrio. De acordo com Sancho (2006, p.19) a principal dificuldade para transformar os contextos de ensino com a incorporao de tecnologias diversificadas de informao e comunicao parece se encontrar no fato de que a tipologia do ensino dominante na escola a centrada no professor. Pensando desta forma, a simplificao da rotina docente afetaria em levar os alfabetizadores a se inteirarem das tecnologias espontaneamente, o que elementar, j que seus alunos no cotidiano j se apropriaram delas. Mesmo os que no possuem computadores com acesso internet em casa, procuram acess-la na escola ou em outros locais para navegar em sites de relacionamento, grupos de discusso e, ainda, realizam pesquisas para auxiliar nos deveres de casa, mesmo sem recomendao de seu professor.

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Com relao a esta interatividade, Menezes (2010, p. 122) afirma:

Os sistemas de comunicao evoluem com extrema rapidez e essa dinmica parte da vertiginosa modernidade em que estamos imersos. No podemos nos deslumbrar com essas novidades ou ficar apreensivos pelo perigo de que substituam nossa funo de educar. Mas no devemos ignorar as possibilidades que eles abrem para aperfeioar nosso trabalho, como o acesso a sites de apoio e atualizao pedaggica ou a programas interativos para alunos com dificuldades de aprendizagem. (2010, p.122).

Portanto, no h motivos para ignorar o uso das tecnologias no ambiente escolar, a no ser que este recurso no possa ser usado de forma a gerar resultados no processo de ensino-aprendizagem melhores do que os que esto sendo apresentados. Para Menezes (2010, p. 122) no se pode cobrar um bom desempenho das escolas se elas estiverem dcadas atrs do que j se tornou trivial nas prticas sociais, e isto uma realidade, pois h escolas com salas de informtica onde a estrutura fsica aparentemente sustenta a ideia de escola munida de tecnologias, porm no h apropriao das mesmas, o que acaba tornando o uso obsoleto, uma vez que os professores muitas vezes no esto preparados para utilizar estas tecnologias. A interatividade que os alunos tm com as tecnologias so mais avanadas do que possam ter seus professores ou pais, uma vez que eles, alunos, nasceram na era da informao e muitos possuem maior habilidade em entender a linguagem virtual do que a textual, pois a est se tratando de diferentes tecnologias digitais. Portanto, de novas linguagens que fazem parte do cotidiano dos alunos e das escolas. Isso no significa que a educao atual seja pior ou ultrapassada, mas a realidade em que o aluno est imerso est mudando e a escola precisa acompanhar esta evoluo. Pode-se considerar que algumas tecnologias digitais, no se tratando apenas dos computadores, j esto familiarizadas na escola, como o uso de calculadoras, calculadoras cientficas, televisores e at mesmo os celulares. Eles podem, sim, ser considerados como tecnologias de informao e comunicao que possuem grande contribuio para um ensino estruturado e inovador. De acordo com Alba (2006, p.144) as novas tecnologias baseadas nas telecomunicaes abrem possibilidades de utilizao para gerar novas formas de comunicao, interao com a informao e socializao em contextos educativos.

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No se pode ignorar as tecnologias digitais, se os prprios alunos no ignoram e elas esto amplamente acessveis. Por exemplo, hoje em dia difcil um estudante de ensino fundamental ou mdio que no possua celular, ento porque no tentar inclui-lo em uma atividade de aula, uma vez que ele oferece muitas possibilidades didticas. As tecnologias abrem um imenso leque de recursos didticos para educadores. Muitas escolas, por enquanto, as probem.

3.1 Novas possibilidades tecnolgicas e a formao de professores preparados a usar as novas tecnologias

A rpida evoluo tecnolgica em diversos setores da sociedade est exigindo dos profissionais da educao uma constante atualizao. Nos cursos superiores, a formao de novos docentes enfrenta um novo desafio: o de ensinar as prticas educativas associadas s tecnologias para aprimorar o conhecimento nas aulas. O professor formando precisa estar ciente e compreender em quais situaes a utilizao da tecnologia ir ajudar no aprendizado dos alunos. Analisando o novo perfil do profissional e suas capacidades essenciais, Betts (1998, p. 28) ressalta que:

Alm de transformar-se num aprendiz vitalcio e ser responsvel pela prpria carreira, o trabalhador, para ter sucesso na era do conhecimento, ter de desenvolver outras competncias.[...]. Essas trs competncias aprender a aprender, adaptabilidade e autodisciplina so habilidades desenvolvidas nos primeiros anos de vida; portanto, o grande desafio para o Brasil justamente investir maciamente na qualidade da educao infantil, porque l que os futuros trabalhadores da era do conhecimento desenvolvero suas competncias bsicas para o futuro de suas vidas. (1998, p. 28).

De fato, este novo profissional da educao pronto para encarar essas mudanas, precisa usar sua criatividade para melhor aproveitar situaes de aprendizado, com a capacidade de compartilhar de suas experincias novas com equipes interdisciplinares (na escola e em grupos de estudo pedaggicos), engajado na facilidade de adaptar-se a diferentes situaes, com uma capacidade crtica diante das disciplinas tcnicas e humanistas. um

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novo paradigma a ser alcanado. O professor, ao utilizar destes recursos tecnolgicos a favor dos contedos, torna-se um mediador do conhecimento de uma forma democratizada, como relata uma professora de Florianpolis/SC Revista Nova Escola. Em seu depoimento, ela coloca em foco a importncia da tecnologia andar lado a lado com o ensino e como pode facilitar no aprendizado do aluno. Enfatiza, tambm, que alguns educadores ainda no se sentem capacitados, enquanto outros, empolgados, fazem mau uso dos recursos em atividades sem planejamento.

[...] O fato que nossos alunos so formados dentro da cultura digital e profundamente influenciados por ela. Com a democratizao do uso da internet, o crescimento do nmero de lanhouses, o barateamento dos computadores, e mesmo a implantao de programas do governo destinados informatizao das escolas, no h por que trabalhar usando somente o quadro e o giz. (MENEGUELLI, 2010, p. 49).

Analisando pelo ponto de vista da professora, as TIC no devem ser consideradas como mero instrumento que possa acrescer contedos nas aulas, e sim ser um meio que pode completar a prtica educativa, dando oportunidade aos estudantes de desenvolver habilidades tecnolgicas bsicas na sociedade da informao que a escola partilha hoje.

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4 A IMPORTNCIA DA INCLUSAO DIGITAL NO AMBIENTE ESCOLAR

A escola tem vivido um momento muito importante na era da sociedade da informao, onde a disseminao das tecnologias de informao e comunicao tem chegado inevitavelmente s salas de aulas. Nessa perspectiva, h um intuito de levar esta parte integrante da sociedade, alunos principalmente de escolas pblicas, a se inteirarem de tecnologias que apropriem o sentido de informtica educativa de uma maneira mais democrtica. Quando um cidado includo digitalmente, ele estar inserido a sociedade da informao de modo a evitar a excluso social, pelo uso das tecnologias de informao e comunicao, tendo direito ao livre acesso informao. Para apresentarmos a conceitualizao de incluso digital, a dimenso da proposta de incluso, citamos as palavras de Teixeira onde ressalta que:

[...] Assim, prope-se o alargamento do conceito de incluso digital para uma dimenso reticular, caracterizando-o como um processo horizontal que deve acontecer a partir do interior dos grupos com vista ao desenvolvimento de cultura de rede, numa perspectiva que considere processos de interao, de construo de identidade, de ampliao da cultura e de valorizao da diversidade, para a partir de uma postura de criao de contedos prprios e de exerccio da cidadania, possibilitar a quebra do ciclo de produo, consumo e dependncia tecnocultural. (TEIXEIRA, 2010, p. 39).

Atravs deste entendimento, percebe-se a dimenso acerca da apropriao dos recursos tecnolgicos, seja no mbito escolar ou mesmo no cotidiano do aluno. necessrio saber que incluir digitalmente disponibilizar a tecnologia e fazer dela um instrumento de ensino e at mesmo de possibilidade de incluso social. Com essas possibilidades tecnolgicas que surgem juntamente com as tecnologias de rede, preciso entender que incluir digitalmente no deixa de ser um processo de colaborao, onde a rede se torna um ambiente de troca de informaes e conhecimentos, fazendo sentido em valer a cidadania, exercendo-a de uma forma democrtica e consciente.

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4.1 Programas de incluso digital apoiados pelo Governo Federal2

As estatsticas a seguir apresentadas, so resultado do levantamento sobre iniciativas de incluso digital no Brasil e seus respectivos pontos de incluso digital (PIDs). Os quantitativos apresentados so organizados por: regies administrativas (Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul), unidades da federao (UF) e categorias (Governo Federal, Governo Estadual, Governo Municipal, Terceiro Setor e Universidades). Atravs destes programas disponibilizados em apoio pelo governo, cada regio do pas se adapta ao programa capacitado e apropriado a desenvolver, como demonstra o grfico mostrado na Figura 01.

Figura 01 Grfico do total de PIDs por regio. Fonte: http://inclusao.ibict.br/mid/mid_estatisticas.php

No intuito de desenvolver aes que possibilitem a incluso digital no Brasil, o governo executa e apoia diversos programas e rgos, dentre os quais sero citados os principais em ao e, ainda, uma estatstica sobre um levantamento que analisa seus resultados e a disponibilidade de cada um por regio e por Estados. Dentre os programas do governo sero destacados: ProInfo, Casa Brasil, Incluso digital, Computador para todos, Estao digital, Observatrio Nacional de Incluso Digital, Fundo de Universalizao dos Servios de Telecomunicaes (FUST) e Programa Nacional de Banda Larga (PNBL). a) ProInfo - Programa Nacional de Informtica na Educao: em ao: Ministrio da Educao O ProInfo desenvolvido pela Secretaria de Educao a Distncia2

Disponvel em: . Acesso em Out.2010

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(SEED), por meio do Departamento de Infra-Estrutura Tecnolgica (DITEC), em parceria com as Secretarias de Educao Estaduais e Municipais. O programa funciona de forma descentralizada, sendo que em cada Unidade da Federao existe uma Coordenao Estadual do ProInfo, cuja atribuio principal a de introduzir o uso das tecnologias de informao e comunicao nas escolas da rede pblica, alm de articular as atividades desenvolvidas sob sua jurisdio, em especial as aes dos Ncleos de Tecnologia Educacional (NTEs). um programa educacional com o objetivo de promover o uso pedaggico da informtica na rede pblica de educao bsica. O programa leva s escolas computadores, recursos digitais e contedos educacionais. Em contrapartida, Estados, Distrito Federal e municpios devem garantir a estrutura adequada para receber os laboratrios e capacitar os educadores para uso das mquinas e tecnologias. b) Programa Casa Brasil: em ao: Ministrio da Cincia e Tecnologia, Instituto Nacional de TI, Ministrio do Planejamento, Ministrio das Comunicaes, Ministrio da Cultura, Ministrio da Educao, Secom, Petrobrs, Eletrobrs/Eletronorte, Banco do Brasil e Caixa Econmica Federal. Implantao de espaos multifuncionais de conhecimento e cidadania em comunidades de baixo IDH, por meio de parcerias com instituies locais. Cada unidade de Casa Brasil abrigar um telecentro, com uso de software livre e pelo menos mais dois outros mdulos, que podem ser uma biblioteca popular, um auditrio, um estdio multimdia, uma oficina de produo de rdio, um laboratrio de popularizao da cincia ou uma oficina de manuteno de equipamentos de informtica, e um espao para atividades comunitrias, alm de um mdulo de incluso bancria nas localidades onde for possvel. Atualmente so 74 unidades em funcionamento, atendendo em mdia 20 mil pessoas/ms. J foram capacitadas mais de 1.000 pessoas nas 37 oficinas livres oferecidas a partir da plataforma de educao distncia construda pelo projeto. No total 86 unidades, selecionadas por meio de edital, sero implantas nas maiores cidades das cinco macro-regies. c) Centros de Incluso Digital: em ao: Ministrio da Cincia e Tecnologia (MCT) - A implantao de Centros de Incluso Digital uma ao que compe o Programa de Incluso Digital do MCT. O Programa constitui-se em um instrumento de promoo da incluso social, cuja responsabilidade da Secretaria de Cincia e Tecnologia para Incluso Social (SECIS) e tem como objetivo proporcionar populao menos favorecida o acesso s tecnologias de informao, capacitando-a na prtica das tcnicas computacionais, voltadas tanto para o aperfeioamento da qualidade profissional quanto para a melhoria do ensino.

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d) Computador para todos: em ao: Presidncia da Repblica, Ministrio do Desenvolvimento, Ministrio da Cincia e Tecnologia e Serpro - Voltado para a classe C, permite indstria e ao varejo a oferta de computador e acesso Internet a preos subsidiados, e com linha de financiamento especfica, alm da iseno de impostos PIS/COFINS. PCs de at R$ 1.200 que obedeam configurao mnima podem ser parcelados em prestaes de R$ 50. O equipamento deve utilizar obrigatoriamente software livre e contar com um processador de 1,4 GHz, disco rgido de 40 GB, memria RAM de 256 MB, monitor de 15 polegadas, unidade de disco flexvel, unidade de CD-ROM (RW)/DVD-ROM (combo), modem de 56 K, placas de vdeo, udio e rede on-board, mouse, teclado e porta USB e 26 programas. Notebooks de at R$ 1.800, que atendam a configuraes mnimas descritas no portal do programa, tambm possuem iseno de impostos e tm financiamento facilitado. e) Programa Estao Digital: em ao: Fundao Banco do Brasil. Sempre com o apoio de um parceiro local, sendo a maioria organizaes no governamentais, a iniciativa busca aproximar o computador da vida de estudantes, donas-de-casa, trabalhadores, populaes tradicionais e cooperativas, economizando tempo e dinheiro, criando novas perspectivas e melhorando a qualidade de vida da populao. Desde 2004 esto em funcionamento 202 unidades pelo Brasil, 41 em processo de instalao e mais 20 unidades aprovadas para implantao at o final de 2008. Cerca de 56% das unidades esto localizadas na regio Nordeste, 16% no Centro-Oeste, 15% no sudeste, 11% no norte e 2% no sul, com a capacidade para atender de 500 a 1.000 pessoas por ms, e integradas a arranjos produtivos locais. f) Observatrio Nacional de Incluso Digital: em ao: Ministrio do Planejamento, Oramento e Gesto e parceiros. Aglutina informaes sobre todos os programas de incluso digital do governo federal no portal http://www.inclusaodigital.gov.br, com notcias, links, eventos e materiais de referncia. Telecentros de todo o pas - espaos sem fins lucrativos com conexo internet, acesso livre comunidade e capacitao - esto sendo cadastrados. Estima-se um total de 5.000 unidades de telecentros em funcionamento no Brasil, articuladas no mbito federal, estadual e municipal. O ONID tambm trabalha na seleo de materiais de referncia, tais como diretrizes, documentos, manuais, estudos e experincias de sucesso, para compartilhar melhores prticas entre os interessados no tema. No site http://www.onid.org.br so feitos o pr-cadastro e o mapeamento dos telecentros. g) Fundo de Universalizao dos Servios de Telecomunicaes (FUST): Foi institudo por meio da Lei 9.998, de 17 de agosto de 2000, para financiar a implantao de

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servios do setor especialmente para a populao mais carente. Pela lei, o Ministrio das Comunicaes encarregado de formular as polticas para orientar as aplicaes do Fust. Agencia Nacional de Telecomunicaes (Anatel) compete a implementao e a fiscalizao dos projetos, tendo como objetivos prioritrios: implantao de redes digitais de informao, inclusive da Internet, em escolas e bibliotecas, incluindo os computadores para operao pelos usurios e reduo das contas desses servios para beneficiar prioritariamente

estabelecimentos frequentados por populao carente; instalao de redes de alta velocidade para implantar servios de teleconferncia entre escolas e bibliotecas, entre outros. O Fundo composto da cobrana mensal de 1% da receita operacional bruta das prestadoras de servios de telecomunicaes, depois de deduzidos os pagamentos de impostos. Recebe tambm recursos do Fundo de Fiscalizao das Telecomunicaes (Fistel), limitado a R$ 700 milhes por ano, e do preo cobrado pela Anatel pela concesso ou pelo uso de radiofrequncia. Do total das verbas, 30% devem ir para programas implantados nas regies de abrangncia das Superintendncias de Desenvolvimento da Amaznia (Sudam) e do Nordeste (Sudene) e, no mnimo, 18% sero aplicados em educao, nos estabelecimentos pblicos. Deve ser priorizado tambm o atendimento aos deficientes. h) Programa Nacional de Banda Larga (PNBL): Tem como objetivos promover a incluso digital, reduzir as desigualdades social e regional, promover a gerao de emprego e renda, ampliar os servios de governo eletrnico e facilitar aos cidados o uso dos servios do Estado, promover a capacitao da populao para o uso das tecnologias de informao e aumentar a autonomia tecnolgica e a competitividade brasileira. A implantao do Programa Brasil Conectado teve incio com a publicao do Decreto n 7.175, de 12 de maio de 2010, que lanou as bases para as aes a serem construdas e implantadas coletivamente. O desafio do PNBL traduzi-los em aes concretas capazes de promover, direta ou indiretamente, em um primeiro momento, o desenvolvimento da infraestrutura nacional e uma maior oferta do servio, a preos mais baixos. Portanto, citar os programas que potencializam a incluso digital no Brasil, se justifica pela necessidade de evidenci-los aqui, a ttulo de conhecimento e interao do assunto, a fim de demonstrar que os primeiros passos para um pas se tornar mais globalizado, atualmente, j esto sendo dados. Cabe aos educadores incentivar e participar destas iniciativas para inteirar a escola no mundo informatizado.

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4.2 Conceituando a excluso digital

Para fins de se apropriar do entendimento e reflexos que a incluso digital tem gerado, deve-se ressaltar a realidade que a excluso digital no Brasil demonstra, caracterizando os que no so includos digitalmente e que esto fora da linha de privilegiados no mundo virtual. A excluso digital um conceito dos campos tericos da comunicao, sociologia, tecnologia da informao, histria e outras humanidades, que diz respeito s extensas camadas das sociedades que ficaram margem do fenmeno da sociedade da informao e da expanso das redes digitais. Ela tem sido assunto de debates entre vrias organizaes governamentais e multilaterais. Polticas de incluso digital incluem a criao de pontos de acesso internet em comunidades carentes (favelas, cortios, ocupaes, assentamentos) e capacitao (treinamento) de usurios de ferramentas digitais (computadores, DVDs, vdeo digital, som digital, telefonia mvel). (WIKIPEDIA, 2010). Porm, no se deve pensar que, apenas pelo fato destas pessoas sentirem a necessidade de acessarem as novas tecnologias disponveis, elas estaro munidas dessas tecnologias ou mesmo sero delas conhecedoras. Conforme o filsofo Lvy, precisa haver condio para o uso das tecnologias:

[...] no basta estar na frente de uma tela, munido de todas as interfaces amigveis que se possa pensar, para superar uma situao de inferioridade. preciso antes de mais nada estar em condies de participar ativamente dos processos de inteligncia coletiva que representam o principal interesse do ciberespao. (LVY, 1999, p. 238).

Assim, entende-se que ao se propor a incluso digital, de alguma forma ela precisa ser planejada dentro de uma ao pedaggica onde professores, coordenao e direo estejam dispostos a realizar a proposta de incluir seus alunos digitalmente dentro das mdias disponveis. Na Figura 02 visualiza-se o mapa da excluso digital no Brasil, considerando o acesso internet, onde possvel observar que a realidade que permeia o pas, est baseada no fato de que a maioria dos brasileiros no so includos digitalmente.

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Figura 02 Mapa da excluso digital no Brasil Fonte: Mapa da Excluso Digital (INFOEXAME,2010)

4.3 Qual a diferena do uso das tecnologias nas escolas pblicas e particulares?

Quando se pensa em uma escola com viso futurista logo vem a ideia de que as ferramentas tecnolgicas, de maneira homognea, substituem o caderno e lpis. Na realidade, isso no acontece. Na maioria das escolas pblicas, observa-se a situao dos laboratrios de informtica que, infelizmente, precria, alm de que, quando so utilizados nas aulas pelos professores, elas se tornam muito superficiais. Isso acontece pelo despreparo de alguns docentes ao utilizar as tecnologias, pelo pequeno nmero de computadores disponveis e funcionando, pela falta de profissionais da rea preparados para auxiliar os professores e tambm pela falta de envolvimento de todos. Porm, em alguns lugares do Brasil, o uso deste recurso tecnolgico nas escolas pblicas tem gerado um bom resultado. Um exemplo disso o Projeto UCA3 (Um Computador por Aluno), onde prev mudanas nas aes pedaggicas, que desde 2005 investiga a possibilidade de adoo de laptops infantis educacionais como um3

Institucional do projeto, disponvel em: . Acesso em Nov. 2010

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meio de elevar a qualidade da educao pblica brasileira. Como pode-se conhecer, este projeto prope a incluso digital pelo uso de computadores tambm pela famlia do aluno em casa. O governo brasileiro pretende instalar laboratrios de informtica em todas as 130 mil instituies de ensino pblico do pas, projeto avaliado em 650 milhes de reais. As primeiras escolas sero as do ensino mdio e em seguida as municipais, sendo que todas devero ter pelo menos um laboratrio de informtica. Nas escolas particulares nota-se que a situao diferente. Existe mais compromisso das pessoas envolvidas, de professores preparados e menos burocracia para investimentos materiais. Porm, no raro encontrar laboratrios de informtica de escolas pblicas melhores que os de escolas particulares. Isso acontece pelo fato de que na rede pblica as verbas so maiores e a exigncia de profissionais mais capacitados tambm. Portanto, pode-se usar como referncia o fato em que nas escolas particulares a incluso digital est basicamente efetivada, baseado no fcil acesso aos recursos disponveis. J na escola pblica, apesar do incentivo do governo de disponibilizar a tecnologia, ela realmente no tem sido apropriada de maneira funcional por alunos e professores.

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5 DESCRIO E ANLISE DOS QUESTIONRIOS E DOS DADOS DA PESQUISA

Com o intuito de analisar o uso das tecnologias por parte dos alunos e professores e a insero das TIC em mbito escolar, tendo por base a incluso digital, foi realizada uma pesquisa de campo atravs de questionrios entregues a alunos e professores de uma escola estadual de ensino mdio do municpio de Lagoa Vermelha e, ainda, a dois professores especialistas na rea de informtica na educao. Cada questionrio foi definido a partir da proposta de trabalho. Inicialmente, foi elaborado um questionrio para os alunos, onde o teor das perguntas era investigar se realmente eles estavam em contato com as TIC e se o acesso para as mesmas era facilitado, analisando fatos como: a disponibilidade de computadores em casa e na escola, quais tecnologias eles possuam acesso e, principalmente, destacar a importncia dos mesmos. Num segundo momento, a pesquisa teve seu foco direcionado para os professores da mesma escola, sendo questionados docentes de vrias disciplinas, inclusive de matemtica, com intuito de focar o uso de tecnologias em diversas reas, visando conhecer a estrutura para utilizao dos computadores na escola, qual era o interesse dos professores em utiliz-los em suas aulas e a metodologia empregada para o uso dos mesmos. Para aprimorar a pesquisa, buscou-se tambm a opinio de dois professores da rea de informtica educativa, para possibilitar uma viso geral de como a incluso digital pode gerar na educao a mudana de ensino to esperada e quais so as perspectivas e concepes sobre a mesma. Com o roteiro da pesquisa esquematizado, foram entregues os questionrios aos interessados, que prontamente retornaram as respostas. Aps o recebimento dos mesmos, por e-mail e folha escrita, os dados obtidos foram analisados e apresentados a seguir, buscando descrever o cenrio educacional em que a incluso digital se identifica. A forma escolhida para a apresentao e anlise dos resultados foi atravs de grficos das questes principais dos alunos, ilustrando as concluses em formato de tabelas para a comparao das respostas dos professores estaduais e anlise de cada questo dos professores da rea.

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5.1 A incluso digital na viso dos alunos

Apresentamos a seguir, grficos de avaliao dos alunos quanto utilizao de tecnologias e computadores com acesso internet. Com base nos dados obtidos, foram gerados os seguintes grficos, que iro apresentar as primeiras concluses. Todas as perguntas dos questionrios foram objetos de anlise, como se mostra a seguir:

Voc possui computador em casa?

43% 57% SIM

NO

Figura 03: Computadores em casa. Fonte: dados primrios.

No grupo pesquisado, pode-se observar atravs do grfico da Figura 03, que grande parte dos alunos no possui acesso a computadores domiciliares, fato este que leva os alunos a acessarem por outros meios. Na segunda questo proposta, foi perguntado se os alunos, mesmo os que no possuem computador em casa, utilizavam computadores para auxiliar em suas tarefas escolares, sendo que 71% responderam que raramente utilizam e outros 29% frequentemente, mostrando que nenhum aluno respondeu que nunca ou sempre utiliza. Ao serem questionados em quais locais possuam acesso ao computador, a maior parte dos alunos demonstrou que acessa em cursos de informtica ou lan houses totalizando 35%, j outros 25% acessam de sua prpria residncia e na mesma proporo acessam na casa de amigos, sendo que apenas 15% acessam da escola. fato que estes alunos podem obter acesso aos computadores e internet com pouca dificuldade, mas no ambiente escolar que eles menos possuem contato com as tecnologias por vrios fatores, comeando pela indisponibilidade que a escola, muitas vezes, apresenta.

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Ao passo que estes estudantes encontram disponibilidade de acesso na maior parte em lugares pblicos, eles demonstram interesse em encontrar a mesma facilidade de acesso no ambiente em que estudam, ou seja, integrar o aprendizado escolar facilidade de acesso as tecnologias de rede.

Com que frequncia tem acesso internet?T odo dia 0% 14% 43% 43% Algumas vez es na semana R aramente No possuo acesso

Figura 04: Acesso internet. Fonte: dados primrios.

O grfico da Figura 04 salienta que o grupo de alunos pesquisados no possui fcil acesso rede, ou a utiliza poucas vezes, caracterizando pouca participao dos mesmos na apropriao dos recursos que a internet proporciona. Quando questionados o que costumavam acessar quando estavam navegando na rede, demonstraram maior interesse (cerca de 45%) em sites de busca e pesquisa como o Google, por exemplo, sendo este navegador de busca o mais acessado pelos internautas brasileiros4. Com esta interatividade dos jovens se tratando de sites de relacionamento e bate papo, 25% dos alunos escolheram o Orkut, MySpace e Twitter como sites que costumam procurar quando esto navegando na internet, alm do MSN para conversao, sendo que sites de jogos demonstraram ser os que os alunos menos optaram. Estes resultados revelam, tambm, que os educadores necessitam ficar alerta e pensar e repensar de que forma estes espaos que conquistam os jovens poderiam contribuir para o ensino na escola. Assim, o profissional atual da educao, necessita estar atento e saber usufruir da melhor forma essas tecnologias de fcil acesso e que despertam a ateno e4

Pesquisa realizada mostra que o site de busca Google o mais acessado pelos brasileiros. Disponvel em: . Acesso em Nov.2010 .

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interesse da maioria dos alunos. Quem sabe desta forma, as TIC consigam estar presentes na escola por iniciativa dos alunos tambm, claro, objetivando a contribuio aos contedos ensinados.

Qual destes dispositivos de armazenamento voc utiliza mais: Pen drive CD DVD DisqueteFigura 05: Dispositivos de armazenamento mais utilizados. Fonte: dados primrios.

14% 15% 14% 57%

Atravs do esboo do grfico da Figura 05, possvel perceber quais dispositivos de armazenamento os alunos utilizam ou se interessam mais, sendo que a maioria optou pelo CD, que considerado um dispositivo de fcil acesso, mas alegaram que usufruem com menos frequncia das outras citadas tambm. Em se tratando do uso do computador, como auxiliar no aprendizado na escola, foi questionado se o grupo achava importante, sendo que 100% dos mesmos responderam que consideram muito importante, pois contribui para aprimorar o aprendizado das matrias e, por estarem mais envolvidos com o mundo atual e as novas tecnologias disponveis, nenhum aluno desconsiderou a importncia do uso, demonstrando no achar importante ou mostrando indiferena. Eles apresentaram grande interesse em utilizar as tecnologias como ferramentas de aprendizagem, completando com uma metodologia diferente para cada contedo.

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A escola em que estuda, possui laboratrio de informtica e estrutura para utilizao dos mesmos?S im, acesso com frequncia nas disciplinas como a de P ortugus, F ilosofia, S ociologia e G eografia P ossui, mas quase no utiliz amos No possui 0% 14%

86%Figura 06: Situao dos laboratrios de informtica na escola. Fonte: dados primrios.

Como demonstrado no grfico da Figura 06, realmente a escola no dispe de fcil acesso a rede de computadores, fazendo com que os alunos pouco frequentem e fiquem em contato com as tecnologias. Dentre os principais motivos, pode-se destacar que a escola, no momento, no possui a infraestrutura necessria para o trabalho com os mesmos. A escola no est, muitas vezes, munida com professores e profissionais capacitados para atender os alunos no laboratrio e realizar atividades planejadas e que tenham objetivo associado aquilo que os alunos esto aprendendo.

Voc conhece algum jogo ou software matemtico?S im,conhecemos o jogo Matblaster

14%

No conheo

86%Figura 07: Software matemtico. Fonte: dados primrios.

Apesar de estarem disponveis na rede inmeros softwares matemticos, os alunos demonstram que pouco conhecem ou no possuem acesso a eles, registrando o fato de que os

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professores na rea da matemtica no costumam apresentar estas ferramentas de aprendizado aos alunos. fato que estes recursos didticos s trazem benefcios ao ensinamento dos contedos, pois a partir do conhecimento dos mesmos o aluno passa a ter uma viso mais aberta para aprender que a matemtica pode ser ensinada em outras dimenses. Apenas dois alunos do grupo questionado demonstraram conhecer um software matemtico, o jogo chamado Matblaster5. Em relao a um software destinado a trabalhar com os contedos matemticos, os alunos demonstraram no conhecer nenhum. Para dar encerramento ao questionrio sobre incluso digital para o grupo pesquisado, foi realizado o questionamento a seguir transcrito, com as respostas individuais apresentadas logo aps: a) Considera importante aprender Matemtica utilizando como ferramenta o computador e seus recursos?

A1: Sim, eu considero porque um mtodo de ensino que desperta o interesse dos alunos. A2: Sim, pois se tornam mais interessantes as aulas. A3: Sim, pois serve para nos aproximarmos mais das tecnologias e saber sobre suas utilidades. A4: Considero por ser um jeito novo de aprender e mais interessante, uma maneira de juntar duas coisas que eu gosto: Matemtica e informtica. A5: Sim, uma maneira de aprender mais e prestar mais ateno. A6: Muito, porque a matemtica tem que ser ensinada de vrias maneiras, inclusive com algum software. A7: Porque assim se aprende melhor a fazer contas.

Os alunos demonstraram, atravs de suas justificativas, que realmente so a favor da utilizao de novas tecnologias nas aulas, ferramentas essas que, segundo os questionados, aprimorariam o conhecimento e fariam com que a disciplina de matemtica se tornasse mais interessante e fcil de aprender. Anlise das respostas dos alunos

Por meio dos questionamentos realizados o grupo demonstrou que, apesar de estar um pouco distante das tecnologias que a sociedade da informao disponibiliza, tem5

Jogo Matblaster, disponvel em: . Acesso em Out.2010

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curiosidade, vontade de conhecer e interagir com os recursos tecnolgicos. Pode-se perceber atravs dos grficos e comentrios no geral, que os alunos estudam em uma escola que dispe de laboratrio de informtica para os professores usarem com os alunos, mas o mesmo no usado frequentemente. Eles reconhecem que a utilizao do laboratrio de informtica auxilia muito na aprendizagem dos contedos e sentem a necessidade de dispor dos recursos computacionais para seus estudos em diversas matrias, pois entendem que, se utilizassem, s acrescentaria conhecimento. Outro ponto importante que demonstram querer ter acesso ao laboratrio, justamente para tornar as aulas diferentes e menos cansativas e montonas, pois assim sairiam um pouco da rotina, contando que na idade em que se encontram esto muito ativos e no gostam de atividades rotineiras. Vale destacar, tambm, os questionamentos com relao disciplina de matemtica, considerada muitas vezes difcil e cansativa, mas, mesmo assim, o grupo pesquisado aponta as vantagens que existiriam se utilizassem recursos tecnolgicos para aprimorar as aulas desta matria. Portanto, os alunos expressam no s o interesse, mas a necessidade de estarem interagindo com as tecnologias, recursos que o computador pode oferecer, pois sabem que na sociedade contempornea cada vez mais exigido o domnio de ferramentas tecnolgicas, sendo que a expectativa de mudana est centrada no meio escolar.5.2 A incluso digital na viso dos professores

Perguntas 1. Voc possui computador em casa? 2. Tem acesso internet? 3. Se a resposta for no, voc utiliza o computador e acessa a internet na escola? Acessa de outro local? 4. Voc utiliza computador para auxiliar em suas aulas?6

Professores de Matemtica Sim Sim ***

Respostas Professores de Cincias Sim Tenho ***

Professores de CPA6 Sim Sim ***

Raramente Frequentemente

Sempre

Sempre

CPA Professores de currculo.

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5. O computador da escola que o professor tem acesso de fcil disponibilidade? 6. O que entende por Incluso Digital?

Sim Sim, porque so poucos os professores que o usam. Por incluso digital entende-se das pessoas que tem o computador com acesso, acesso a rede e o domnio. um facilitador para os deficientes fsicos tambm. Acessibilidade informao tecnolgica por todos.

Sim

Sim, mas somente para professores. o acesso s tecnologias da informao por todos os indivduos da sociedade.

7. A escola na qual trabalha, dispe de infraestrutura para o ensino das aulas no laboratrio de informtica? Aponte os prs e contras:

Sim, dispe de infraestrutura, porm os professores da disciplina precisam dominar o assunto e a mquina. Os contras: os computadores esto abertos para internet, Orkut, etc. Dispe, mas por falta de manuteno realizada pelo governo nos computadores as aulas so prejudicadas.

um objeto de pesquisa pelo qual podemos desenvolver trabalhos, visualizar imagens e fotos, obter informaes sobre o mundo todo atravs da internet, pesquisar sobre diversos assuntos e contedos que enriquecem as aulas e o aprendizado dos alunos. Sim, a escola recebeu computadores novos que esto sendo instalados para o uso dos alunos. As aulas de cincias ficam mais interessantes e de fcil compreenso quando conseguimos aplicar com imagens no computador e na internet. Contras: No tem um computador para cada aluno.

No, pois dispomos de computadores, no entanto, no temos espao fsico nem ao menos recursos humanos para que o laboratrio de informtica possa funcionar.

8. Com que frequncia trabalha com seus alunos no laboratrio de informtica e que recursos so utilizados?

Sempre que possvel em fim de captulos ou vspera de provas (fazer exerccios). S havia 03 computadores, impossvel realizar o trabalho.

Quando tnhamos o No trabalho, laboratrio era de devido a no 15 em 15 dias termos acesso. devido ao nmero de alunos e professores que tambm utilizavam.

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8.1 Os alunos colaboram com as atividades desenvolvidas no laboratrio de informtica? 8.2 Cite pelo menos um software educativo que conhece, e se j trabalhou em sala de aula com algum.

Na minha disciplina sim. Colaborariam se fosse possvel o trabalho. Tenho meus prprios programas (software). tica: com grficos, j trabalhei no 1 ano as funes quadrtica, exponencial, logartmica e trigonomtrica. Pessoas qualificadas no setor. Agora que chegaram novos computadores acho que h possibilidade de melhorar, pois so novos e os tcnicos vieram arrumar os que estavam estragados. Com certeza. A disponibilidade assunto parte. extremamente importante, os professores tem carga horria cheia, s vezes falta tempo devido ao trabalho excessivo. Primeiramente, oferecer um curso para professores de Word e Power point. Que a instrumentalizao dos professores fosse feitas durante as aulas, alguns professores participam dos cursos depois outros, e professor e aluno saibam utilizar.

Sim, s vezes alguns tentam entrar em sites diferentes daquele que estamos trabalhando. J trabalhei com alguns de cincias, a maioria das vezes so contedos retirados da internet.

No acesso.

temos

Os caa - pistas.

9. Em sua opinio, o que est faltando para uma maior acessibilidade s ferramentas tecnolgicas, como o computador na escola?

10. A participao dos professores em cursos e oficinas que auxiliam e orientam quanto utilizao dos recursos computacionais seria importante? E a disponibilidade para participar dos mesmos? 11. Tem algum comentrio sobre as formas de incluso digital nas escolas? Alguma sugesto?

Acho que falta um incentivo do governo federal em equipar as salas de aula com um computador por aluno, isso seria muito proveitoso, favorecendo as aulas de biologia e cincias. Sim, seria muito importante e os professores estaduais tem pouca disponibilidade para participar de cursos. As escolas deveriam ter um professor disponvel na sala de informtica em todos os horrios para auxiliar o professor.

Penso que o Estado deveria antes de investir em mquinas pensar em destinar recursos para a construo de um espao adequado. Sim, com toda certeza.

Penso que de nada adianta, treinamento para professores se no se dispe de laboratrio adequado na escola.

Figura 08 - Quadro de avaliao dos professores quanto utilizao dos recursos computacionais nas aulas. Fonte: Dados primrios.

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Anlise das respostas dos professores

Pode-se notar na Figura 08, que todos os professores do grupo pesquisado possuem acesso ao computador e rede de internet, mas revelam que somente alguns costumam usar para auxiliar em suas aulas, seja para pesquisa de contedos ou para aplicao de alguma atividade. Verifica-se que ao responderem o que entendem por incluso digital, demonstram possuir algum conhecimento com relao ao objetivo da mesma e destacam a importncia de estarem presentes na escola recursos tecnolgicos, mas, mesmo assim, no tem uma viso clara de que incluso digital no somente acesso a tecnologias. Com relao infraestrutura que a escola em que lecionam apresenta, respondem que o laboratrio de informtica no est totalmente equipado para receber os alunos, citando a falta de computadores para todos e no somente para alguns, sem contar que sentem necessidade de um profissional na rea de informtica para auxiliar com as aulas no laboratrio. Ao serem questionados quanto a possurem conhecimento de algum software educativo para aplicar nas aulas, revelam conhecerem poucos, mas que j trabalharam com os mesmos em algumas aulas. Relatam, tambm, da importncia do professor estar constantemente atualizado quanto a utilizao de recursos tecnolgicos e, por serem professores de escolas pblicas, sugerem que o governo incentive atravs de projetos os docentes a se especializarem. Na concluso dos questionrios, contriburam apresentando alternativas e expectativas quanto s formas de incluso digital na escola, ressaltando que, ao passo que os professores necessitam se inteirar dos recursos tecnolgicos, a escola necessita estar capacitada para a aplicao dos mesmos nas aulas, com um profissional disponvel na sala de informtica e estrutura adequada tornando, assim, as aulas dinmicas e proveitosas.

5.3 A incluso digital na viso de professores da rea de informtica na educao

Com o intuito de aprimorar o conhecimento e ressaltar a importncia do uso de tecnologias nas escolas, complementando a pesquisa com os alunos e professores de uma

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escola pblica do municpio de Lagoa Vermelha, tornou-se necessrio saber a opinio de professores da rea de informtica na educao, os quais se destacam pelos seus trabalhos em prol da incluso digital. Sero citados os nomes dos professores com permisso dos mesmos, sendo que o professor Adriano respondeu por e-mail ao questionrio e o professor Max gravou a entrevista na qual foi transcrita a seguir. Apresemos as seguintes perguntas:

Tratando-se de Incluso Digital e o uso de computadores na escola: 1) A forma da qual tem sido utilizada a tecnologia nas escolas, em modo especial as escolas pblicas, tm gerado um resultado satisfatrio? Para o professor Adriano Canabarro Teixeira:

claro que no se pode dizer que toda a escola pblica tem utilizado da mesma forma, nem tampouco que existem diferenas muito gritantes entre a forma como a tecnologia utilizada na escola pblica e na escola privada. Sempre existem excees. O que se pode dizer que, quando se tem disposio uma tecnologia baseada nas redes, como o caso da internet, uma proposta metodolgica tradicional, baseada na transmisso e no acesso informaes acaba por subutilizar o potencial de comunicao e criao destas tecnologias, como o caso dos computadores, principalmente os conectados internet. Assim, de modo geral, possvel afirmar que as tecnologias tem sido subutilizadas nas escolas uma vez que suas caractersticas mais marcantes, como a comunicao e a colaborao, so as primeiras a serem proibidas a partir do corte do msn, do Orkut, e de outras tantas ferramentas que poderiam servir educao como espao de interlocuo.

Enquanto o professor Max G. Haetinger entende que:

Quando a gente pensa sobre esta realidade, a gente tem que imaginar que existem muitos brasis dentro deste nosso Brasil, e em muitos lugares aonde a tecnologia tem chegado e aonde ns estamos conseguindo capacitar os professores, ela tem sido sim um sistema de referncia e tem feito sim a diferena em muitas destas escolas. As escolas hoje que possuem internet, que possuem sala de informtica que os professores utilizam esses equipamentos, tem mudado muito essa relao motivacional com os alunos. Ento ns temos muitas realidades distintas, mas se a gente poder generalizar, as escolas municipais do nosso pas, tem crescido muito no atendimento da educao com tecnologia, j as escolas estaduais, tem ainda um caminho maior a buscar e as escolas particulares a tecnologia hoje j comodes, ou seja, em todas elas est acontecendo.

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2) Que tipo de planejamento deve ser realizado para que o uso de computadores por parte dos professores seja proveitoso? Segundo o professor Adriano Canabarro Teixeira:

Penso que no existem respostas definitivas para isto. De qualquer forma, percebo que algumas aes podem ser produtivas, como, por exemplo: 1- Trabalhar em uma dinmica de parceria, entre professores, ou seja, mais de um professor no laboratrio, e com os alunos, onde cada criana seja reconhecida como um parceiro de aprendizagem que pode, a partir do domnio da ferramenta que tem, contribuir na construo de recursos educacionais com vistas exemplificao de um conceito. Assim, ao construir uma histria em quadrinhos, por exemplo, para explicar o conceito X, alunos e professores precisam explor-lo ao mximo para que possa ser representado... E isto legal. 2- Criar espaos de formao de professores para a apropriao (e no utilizao) pedaggica das ferramentas. Ou seja, mais vale saber o potencial da tecnologia do que domin-la. O papel do professor criar desafios pedaggicos para seus alunos resolverem com o auxlio da tecnologia. 3- A utilizao da dinmica de projetos de aprendizagem inter e multidisciplinares envolvendo diversas reas do conhecimento e seus professores e, principalmente, que partam das demandas do grupo de alunos.

Max G. Haetinger aduz:

Notem, qual o planejamento que necessrio para que esta utilizao seja conveniente e mais do que isso, possa gerar qualidade na aprendizagem? necessrio primeiro, uma capacitao dos professores, e no entendimento de que a informtica e todos os recursos digitais que ns temos na escola, lousa eletrnica, computadores, dvd, televises so ferramentas a servio do processo ensino aprendizagem, e no o contrrio. Portanto, muito mais importante do que a ferramenta, o educador neste planejamento tem que melhorar a qualidade das suas relaes interaes na sala de aula. Claro, que para melhorar esta qualidade, vai ser necessrio usar a televiso, vai ser necessrio usar o dvd, vai ser necessrios usar o computador, com certeza. Ento, essas ferramentas elas ajudam o qu? A melhorar a qualidade da aprendizagem, ento elas dentro do planejamento deve se comportar como ferramentas e no como norteadoras.

3) O uso de computadores complementa ou auxilia a compreenso do contedo trabalhado pelos professores? Na opinio do professor Adriano Canabarro Teixeira:

Penso que a flexibilidade das tecnologias no s complementam e auxiliam como potencializam o trabalho dos professores, possibilitando o acesso a uma infinidade de desdobramentos e representaes dos conceitos que ns professores no temos a mnima possibilidade de oferecer. Os computadores (especialmente os conectados

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internet) so laboratrios de construo e representao do conhecimento, desde que reconhecidos como tal e de que cada um dos agentes educacionais assuma o papel de criadores de tecnologia e no de utilizadores.

Nas palavras do professor Max G. Haetinger

No o computador por si s ou o recurso digital que aumenta a relao do educando com os contedos, claro que se eu tenho uma ferramenta que auxilia a motivao, que auxilia a interao, que auxilia esse aluno se sentir no ambiente aonde ele domina e coordena as aes claro que esta ferramenta vai ser eficaz na aprendizagem. Ento, importante ter esta fronteira de que o computador, como a televiso, como o dvd, como os jogos com dinmicas, podem sim melhorar a compreenso do aluno na sala de aula, todos so ferramentas didticas pra esse fim, ou seja, elas nos auxiliam, mas dependem de um professor capacitado pra que ela possa ser uma ferramenta que seja usada para esse fim.

4) As escolas, em sua opinio, tm se adaptado s Tecnologias de Informao e Comunicao? Nas palavras do professor Adriano Canabarro Teixeira:

Como respondido na primeira pergunta, penso que as escolas tem tentado formatar as tecnologias dinmica rgida, vertical e hierarquizada do ensino tradicional, o que um erro gravssimo no momento em que estas tecnologias so flexveis, reticulares e libertadoras.

Segundo o professor Max G. Haetinger

A primeira coisa, que essas siglas novas causam um pouco de estranheza no universo escolar, ento as tecnologias da informao e da comunicao que a gente chama hoje de TIC, assim entendida nesta sigla TIC, nada mais so do que o uso de ferramentas eletrnicas digitais na sala de aula e uso das mdias dentro da sala de aula. Eu acho que em todos os lugares, j h uma conscincia comum nos educadores, de que necessrio sim a utilizao das tecnologias, das novas tecnologias na sala de aula, do computador, da TV, do MP3, agora ter essa conscincia de ter essas ferramentas e saber us-las, esse um outro passo que ns temos que dar agora rumo a este segundo momento dentro da informtica, porque pra mim a informtica na educao ela se compem de alguns momentos. Tem um primeiro momento em que a ferramenta chega, e que a gente quer entender a ferramenta por ela s, no momento que se criou at em muitas escolas disciplinas de informtica, ou de aprender word, ou seja, disciplinas que ensinavam a tcnica do

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computador. Esta fase est superada. Existe uma segunda fase, da incluso digital dentro das escolas, que a gente chama de fase da ferramenta, aonde o computador deixa de ser esta ao por si s, e comea a ser uma ferramenta de aprendizagem, aonde os professores comeam a usar na sala de aula. A terceira fase, a fase da interao, aonde a gente comea no s a utilizar o computador, mas a promover contedos, ou seja, nos vamos fazer sites, vamos fazer blog, ns vamos postar vdeo, ns vamos postar udio. E uma quarta fase, aquela fase da construo, aonde o computador vai nos auxiliar em grande projetos de ensino e a vem a robtica, e a vem a composio de placas de circuito, a realizao de programas, ou seja, j um passo muito elevado. Ns estamos hoje no Brasil, entre dois passos, entre o primeiro passo de acreditar que o computador, o fascnio da mquina, e que ela s por si s, aprendendo ela j basta e indo pro segundo passo, aonde eu tenho que adaptar os contedos escolares, e as aes pedaggicas utilizao tambm do computador mas no somente ele, porque ele no a nica tecnologia da educao, pois o vdeo fundamental, o udio fundamental tambm.

5) O que pra voc a Incluso Digital? Para o professor Adriano Canabarro Teixeira:

[...] Assim, prope-se o alargamento do conceito de incluso digital para uma dimenso reticular, caracterizando-o como um processo horizontal que deve acontecer a partir do interior dos grupos com vista ao desenvolvimento de cultura de rede, numa perspectiva que considere processos de interao, de construo de identidade, de ampliao da cultura e de valorizao da diversidade, para, a partir de uma postura de criao de contedos prprios e de exerccio da cidadania, possibilitar a quebra do ciclo de produo, consumo e dependncia tecnocultural. (TEIXEIRA, 2010, p. 39).

Segundo o professor Max G. Haetinger:

Acredito que na pergunta anterior eu respondi j a tua pergunta n 05, ou seja, estamos comeando esta segunda fase, aonde os professores capacitados, comeam a usar a informtica, pra produzir contedo, pra relacionar o seu contedo, pra promover pesquisas mais interativas, pra trabalhar com projetos, e talvez em breve a gente esteja ingressando na outra fase, que se torna quase que um passo bem rpido, depois desta segunda fase, que a fase de promover o computador para a interao, ou seja, pra informar comunidades, pra relacionar, pra usar redes sociais, pra fazer sites, e etc... como a gente j conversou. E deixo como recado importante, quando se fala de informtica na educao, que muitas fronteiras ainda esto para serem descobertas, mas a maior fronteira que ns temos que entender, que agora ns estamos buscando convergncia, ou seja, uma mquina que possa nos promover toda uma relao como ns estamos tendo agora ao falar pelo computador, ou seja, por isso que fundamental que o professor se capacite pra usar os recursos de informtica educativa, porque sem ele os prximos 20 anos, ns no vamos promover uma sala de aula que v alm das paredes, e no mundo plano, no mundo aonde todos pertencemos a mesma humanidade no real sentido da palavra, se eu continuar ensinando pessoas entre quatro paredes, eu estou condenando elas ao desemprego, a excluso, a falta de futuro. Um beijo no corao de todos.

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Voc poderia comentar sobre o projeto Mutiro pela Incluso Digital ?

Professor Adriano Canabarro Teixeira, responsvel pelo projeto:O objetivo geral do projeto implementar aes de Incluso Digital com vistas apropriao das tecnologias de rede por parte dos grupos de usurios da poltica de assistncia social em uma perspectiva de ambiente comunicacional e de exerccio da cidadania. Especficos Objetivos especficos so os de realizar oficinas de Informtica e Cidadania, que devero, atravs da utilizao de ferramentas livres, proporcionar a implementao de projetos interdisciplinares e de resgate da cidadania juntamente com os grupos de usurios da poltica de assistncia social. Desenvolver atividades de divulgao de Software Livre, enquanto alternativa economicamente vivel, no sentido de promover a utilizao destes softwares em espaos pblicos de acesso, organizaes no-governamentais e para a sociedade em geral. Desenvolver aes de captao de recursos e convnios para auto-sustentabilidade do projeto. Realizar eventos de carter regional com vistas troca de experincias e desenvolvimento de reflexes referentes Incluso Digital e Software Livre. Tornar as atividades do Mutiro pela Incluso Digital, um espao de interseo entre ensino de graduao de ps-graduao, pesquisa e extenso. Metodologia do projeto: O projeto Mutiro Digital pretende dar sustentao criao de um programa de incluso digital da Universidade de Passo Fundo (ver nota 2) e est estruturado nas seguintes vertentes: A) Oficinas de Informtica e Cidadania Esta iniciativa possui por objetivo proporcionar a apropriao das tecnologias de rede aos sujeitos e grupos atendidos atravs do desenvolvimento de atividades interdisciplinares que demandem na experincia de processos autorais com e atravs das tecnologias digital de rede. Para tanto, necessrio desenvolver atividades contextualizadas realidade dos sujeitos e que, desta forma, despertem o potencial criativo dos indivduos em uma dinmica de reconhecimento das tecnologias digital como elementos colaborativos, comunicacionais e de exerccio da cidadania. Tais oficinas sero ministradas preferencialmente nas dependncias na Universidade de Passo Fundo, tendo como responsveis monitores das instituies e organizaes envolvidas, alunos dos cursos de Cincia da Computao e licenciaturas e os professores da instituio. Tendo sua periodicidade acertada com conforme projetos especficos definidos junto s instituies. Os alunos de mestrado em educao devero auxiliar na realizao de pesquisas que contribuam para o avano do conhecimento na rea de informtica educativa e incluso digital. B) Software Livre para Todos. Esta iniciativa visa divulgar a filosofia de software livre entre a sociedade em geral, atravs da realizao de eventos internos e externos, palestras para escolas e empresas e demonstraes em locais pblicos e de grande circulao de pessoas. Esta vertente est intimamente ligada ao projeto Kit Escola Livre, para o qual o Mutiro contribui na sustentao terica. Neste ano vindouro, se manter a equipe de apoio que faa a instalao do Kelix nos computadores doados pela FUPF. Tal atividade ser desenvolvida na estrutura do laboratrio de tecnologias de incluso social. C) Fortalecimento da linha de pesquisa em Incluso Digital Esta linha dever intensificar suas aes e suas reflexes tericas, ampliando aspectos interdisciplinares, especialmente pela participao de alunos do programa de mestrado em Educao da UPF. O grupo, alm dos momentos de aprofundamento terico, que possuem periodicidade semanal1, ter como laboratrio todas as aes desenvolvidas pelo projeto a fim de entender como se d este fenmeno na regio de abrangncia da instituio, qual a profundidade dos processos de excluso, quais suas implicaes e quais as possveis formas de reverso. Todo este processo dever culminar na permanente produo cientfica e no fomento de momentos de discusso com a comunidade em geral, calcadas em reflexes tericas, anlise de atividades prticas e principalmente discusses com a

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comunidade externa, alm, claro, das trocas efetuadas com outros grupos, reconhecidamente preocupados com esta realidade. D) Eventos comunitrios Buscando agregar esforos s aes existentes na rea de incluso digital e software livre no Brasil e especialmente no estado do Rio Grande do Sul, acredita-se fundamental discutir amplamente as implicaes e as potencialidades de iniciativas nestas reas, bem como sobre a ntima relao existente entre estes dois processos sociais. Para tanto, necessrio que se questione e reflita sobre a urgente ampliao poltico-conceitual do termo "incluso digital" a fim de que possa, efetivamente, contribuir para que iniciativas nesta rea possibilitem a incluso dos indivduos no novo espao social contemporneo, e nele, possam exercer sua cidadania. No mesmo sentido, a fim de construir um caminho que privilegie o desenvolvimento tecnolgico e o rompimento com a dependncia tecno-cientfica, fundamental que se crie a cultura de utilizao e desenvolvimento de software livre a fim de que, gradativamente, se possa reforar o pioneirismo brasileiro tambm nesta rea. Desta forma, prev-se a realizao do 5 Seminrio Regional de Incluso Digital e Software Livre com o objetivo de aprofundar as reflexes acerca de Incluso Digital e Software Livre, onde, a partir de momentos de socializao de experincias, discusso do contexto social e reflexo sobre a realidade regional, se possa estabelecer parcerias, fomentar aes e contribuir para o desenvolvimento da regio de abrangncia da instituio. O Mutiro pela Incluso Digital, tambm manter a realizao dos "Dias de Incluso Digital", onde grupos especficos participam de breves momentos onde criam seus emails, aprendem a utiliz-los e recebem um folheto com a indicao dos espaos de acesso pblico e gratuito na cidade. E) Adequao das aes do projeto legislao pertinente Com vistas ao melhor enquadramento do projeto legislao de Assistncia Social, se dar continuidade ao trabalho de 2009, com vistas adequao das aes do projeto LOAS, sendo um dos principais objetivos, a criao de indicadores de avaliao e acompanhamento especficos para aes de incluso digital.

Analisando o ponto de vista dos professores questionados

Como possvel perceber, os dois professores ao serem questionados concordam que a tecnologia tem gerado um bom resultado, desde que haja um comprometimento por parte dos professores tambm e a escola esteja engajada em uma ao pedaggica que possibilite o mesmo. Ao serem questionados a respeito dos professores com o uso das tecnologias e se realmente tem gerado um resultado satisfatrio, o entendimento foi de que, havendo um planejamento conveniente e com professores capacitados, h sim um resultado satisfatrio, sendo que o profissional precisa se apropriar de dinmicas que possibilitem seu uso. No que diz respeito funo do computador auxiliar ou complementar a compreenso dos contedos, concordam que as duas funes so vlidas se estiverem presentes de uma forma onde o professor se inteire das dinmicas, assumindo seu papel neste processo.

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As TIC na opinio dos professores, tem acontecido nas escolas mas, infelizmente, a escola ainda possui um sistema de ensino vertical e hierarquizado. Mesmo assim, o caminho j est sendo traado. Portanto, os professores na maioria das respostas concordaram que realmente o caminho da incluso digital ainda longo, mas possvel desde que haja interao entre professores capacitados e alunos inseridos neste ciberespao.

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6 APLICAO DO SOFTWARE RGUA E COMPASSO COM OS ALUNOS DE ENSINO MDIO

Com o objetivo de investigar se os alunos possuem domnio dos recursos tecnolgicos engajados na insero das TIC na escola e apresentar um software matemtico como ferramenta de ensino, foi realizada uma atividade com seis alunos da Escola Estadual de Ensino Mdio Dr. Araby Augusto Ncul do municpio de Lagoa Vermelha, os quais esto concluindo o terceiro ano do ensino mdio, atividade que fez parte tambm do Estgio Supervisionado II da autora deste trabalho. Devido a escola estadual ter recebido computadores novos atravs do programa do governo PROINFO, as novas mquinas ainda no haviam sido instaladas no laboratrio de informtica da escola e das antigas mquinas apenas 03 das 20 existentes estavam em condies de uso. Encontrando esta dificuldade para a aplicao do software, foi buscado auxlio junto UPF - campus de Lagoa Vermelha -, com o objetivo de poder usar o laboratrio de informtica que o campus possui. Prontamente, a direo do campus aceitou o pedido de utilizao o laboratrio e, atravs da disponibilidade que a universidade apresentou, foi instalado nas mquinas o software para poder trabalhar com os alunos da E.E.E.M. Dr. Araby Augusto Ncul. Os alunos foram deslocados da escola at a universidade e, alm de realizarem uma atividade diferente, tiveram a oportunidade de conhecer o campus da UPF na cidade de Lagoa Vermelha. Um dos alunos possui dificuldade de locomoo, uma vez que possui deficinica fsica, mas a atividade foi realizada de forma que ele pudesse participar igualmente com os seus colegas. Com tudo articulado para a aplicao do software, buscou-se atravs desta atividade atender a proposta de incentivar a insero de novas tecnologias no contexto da educao matemtica. Resumidamente, a atividade principal foi a apresentao do software aos alunos e trabalhar com construo por partes de um tringulo issceles e outra construo de um tringulo equiltero. Observou-se que os alunos se interessaram em construir figuras geomtricas planas no computador e tambm que os mesmos nunca haviam trabalhado com este software, fato este que se confirmou aps o questionrio de avaliao aplicado em seguida concluso da atividade no computador.

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O trabalho dos alunos com o computador foi registrado atravs de fotos, a fim de visualizar a situao que se criou durante a atividade e, ainda, para demonstrar que realmente foi atingido o objetivo proposto.

6.1 Conhecendo o software Rgua e Compasso

O Rgua e Compasso um software freeware, composto por ferramentas relacionadas geometria dinmica7, no qual a utilizao do mesmo possibilita maior compreenso no ensino e aprendizagem da matemtica, despertando a criatividade, o raciocnio e o senso crtico do aluno. Este software visa a explorao das funes que possui, abordando contedos que enfatizam o estudo das figuras geomtricas planas e geometria analtica, alm de vrios recursos extras. Caracteriza-se como um software de fcil manuseio, possibilitando a construo de figuras geomtricas das mais simples s mais complexas, composto por uma interface bem apresentvel e didtica, instigando a criatividade e a descoberta. Destaca-se a importncia do Rgua e Compasso como ferramenta para aprimorar o conhecimento da geometria, sendo que o software est disponvel no endereo eletrnico: http://www.professores.uff.br/hjbortol/car/ O motivo da escolha deste software foi pelo mesmo possuir o objetivo de analisar e buscar vrias concepes sobre o uso de novas tecnologias e propiciar conhecimentos e definies na aprendizagem da matemtica, principalmente no estudo de geometria plana.

6.2 Perodo da realizao da atividade com o Rgua e Compasso

Para dar incio s atividades, foi conversado com os alunos e apresentados os objetivos a serem atingidos com a atividade e, ainda, explicada a proposta a ser realizada na atividade. Seguindo o cronograma, foi apresentado o software aos alunos, explicado como ele funciona de maneira bsica e demonstrado passo-a-passo suas ferramentas de trabalho.7

Conceito de geometria dinmica disponvel em: .Acesso em Dez/2010

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A atividade proposta foi a construo das figuras, como demonstrado nos apndices. Ao final da atividade, realizou-se um check-list de avaliao com alunos para saber qual foi a percepo dos mesmos: Os alunos participantes sero identificados como A1, A2, A3, A4, A5 e A6, sendo que o A7 no estava presente no dia da atividade. Todos responderam ao questionrio proposto, como forma de valorizar sua opinio a respeito desta atividade. Abaixo, a Figura 09 apresenta uma imagem dos alunos trabalhando com o programa:

Figura 09 Alunos praticando as atividades com o software. Fonte: Dados primrios.

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Figura 10 Alunos praticando as atividades com o software. Fonte: Dados primrios.

6.3 Avaliao com os alunos sobre o uso do software

Com o intuito de apresentar o resultado da atividade com o software Rgua e Compasso, atravs da opinio dos alunos, foi realizado um questionrio de avaliao referente a prtica desenvolvida. Atravs deste questionrio, com algumas perguntas, os alunos participantes puderam expor sua avaliao quanto atividade e registrar opinies e comentrios pertinentes aula. Questo 01 Voc j conhecia o software Rgua e Compasso? Todos os alunos responderam que no conheciam e A6 ressaltou que achou muito interessante. Questo 02 O que voc aprendeu na atividade que realizou hoje?

A1: Aprendi a desenhar tringulos e a saber o valor de seu segmento. A2: Como desenhar polgonos.

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A3: Aprendemos sobre polgonos e como desenh-los no computador. A4: Aprendi a fazer tringulos com o software, e a utilizar novos recursos na internet. A5: A fazer um tringulo equiltero. A6: Aprendi a fazer figuras e achar o seu valor no programa do software Rgua e Compasso.

Questo 03 Considera importante usar um recurso tecnolgico no computador, como este software, nas aulas de matemtica? Justifique.

A1: Considero muito importante sim, pois nos ajuda a aprender sobre figuras, de uma maneira diferente. A2: Sim. Pois um mtodo inovador de ensino que desperta o interesse dos alunos. A3: Sim, pois as pessoas esto cada vez mais precisando dos computadores e com isso as aulas ficam mais divertidas. A4: Sim, porque mais uma maneira diferente de aprender, menos cansativo que nas aulas normais e bom para mim ir aprendendo a usar os recursos tecnolgicos. A5: Sim, porque fazendo a figura, vendo os valores em aulas prticas, alm de entendermos melhor bem mais aproveitvel. A6: Sim, um novo modo mais interessante e fcil para aprender matemtica, e ainda mais legal para quem gosta de usar o computador.

Questo 04 Deixe um comentrio sobre a aula de hoje.

A1: Gostaria de dizer que gostei muito, muito bom desenhar no computador. Mas gostaria de voltar outras vezes, pois o nosso tempo foi curto. A2: Gostei da aula e acho que esse tipo de atividade deveria se repetir mais seguidamente. A3: A aula de hoje foi muito divertida e deveria se tornar mais comum. A4: Foi uma aula diferente, muito boa, no foi cansativa, conheci coisas novas e, para mim, foi uma das timas aulas que j tive. A5: A aula de hoje foi boa, porque alm de um pouco complicada, eu especialmente aprendi como fazer as figuras, e foi bom e proveitoso, alm de menos cansativo. A6: Legal, interativa, aprendi muito e um modo novo de aprender matemtica.

6.4 Uma anlise da avaliao realizada com o software educativo

Ao iniciar uma anlise da atividade realizada com o grupo de alunos mencionado acima, no se pode deixar de mencionar a satisfao sentida pela autora do trabalho ao

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cumprir com xito a tarefa a que se props: fazer com que alguns alunos utilizassem e avaliassem o software matemtico Rgua e Compasso. A participao dos alunos foi unnime e integral, sendo que eles colaboraram e demonstraram grande interesse e satisfao ao estarem em contato com essa ferramenta tecnolgica, um software de carter educativo, dinmico e ao mesmo tempo inovador, uma vez que trouxe para atividade realizada uma forma interessante de aprender a geometria plana de outro ngulo. Pode-se afirmar que foi de grande contribuio a participao dos alunos e que os professores da disciplina de matemtica da escola onde eles estudam, ficaram contentes em saber que seus alunos tiveram a oportunidade de conhecer esta ferramenta educativa. No decorrer da atividade foi possvel notar a dificuldade de alguns alunos ao trabalhar com o computador, mesmo com as ferr