A Escuta Analítica

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  • 8/16/2019 A Escuta Analítica

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    A Escuta Analítica - A Diferença entre Ouvir e Escutar 

    Por Márcia Vasconcellos de Lima e Silva

    040!"00#

    $onsidero im%ortante começar este tra&al'o( a%ontando %ara uma diferença

    fundamental) a *ue e+iste entre ouvir e escutar, al diferença( sutil muitas ve.es(

    c'e/ando a %assar des%erce&ida na maioria dos casos( &astante relevante, Ve1amos,

    Ouvir está mais li/ado aos sentidos da audiç2o( ao %r3%rio ouvido, Entender( %erce&er

     %elo sentido do ouvido 5Mic'aelis - Moderno Dicionário da Lín/ua Portu/uesa - /rifos

    nossos6, Em&ora tam&m %ossua os si/nificados de 5,,,6 escutar o discurso( as ra.7es(

    os consel'os( etc 5Mic'aelis - Moderno Dicionário da Lín/ua Portu/uesa - /rifos

    nossos6, Porm( a*ui( 1á entra a funç2o do termo escutar,

    Escutar( %or sua ve.( si/nifica 5,,,6 %restar atenç2o %ara ouvir8 dar atenç2o a8 ouvir(

    sentir( %erce&er,,, 5Mic'aelis - Moderno Dicionário da Lín/ua Portu/uesa - /rifos

    nossos6, Ou ainda) tornar-se ou estar atento %ara ouvir8 dar ouvidos a8 a%licar o ouvido

    com atenç2o %ara %erce&er ou ouvir,,, 59ovo Aurlio - /rifos nossos6,

    Perce&e-se( ent2o( *ue o ouvir mais su%erficial do *ue o escutar, Para escutar( fa.-se

    necessária a utili.aç2o de uma funç2o es%ecífica( a sa&er( a da atenç2o, :e*uer( assim(

    ouvidos mais a%urados( atentos ao *ue o outro fala,,, Escutar im%lica em ouvir( contudo

    a recí%roca n2o verdadeira, ;uem escuta( ouve8 mas *uem ouve n2o necessariamente

    escuta, Daí o dito %o%ular) entrou %or um ouvido e saiu %elo outro,

    E a escuta< Escuta refere-se ao 5,,,6 ato de escutar8 lu/ar onde se escuta8 %essoa *ue

    escuta8 %essoa encarre/ada de escutar as conversas dos outros,,, 59ovo Aurlio - /rifos

    nossos6, Assim( %ode-se di.er *ue a escuta retm o discurso do outro,

    Posto isto( fica claro *ue ao analista ca&e escutar( n2o sim%lesmente ouvir, Este tra&al'odestina-se a estudar a escuta analítica,

    AS :E$OME9DA=>ES ?:E@DA9AS

    ?reud( em B!B"( escreve o arti/o :ecomendaç7es aos Mdicos *ue %raticam a

    Psicanálise, $om este %retende( como o %r3%rio nome su/ere( fa.er determinadas

    recomendaç7es acerca da tcnica da Psicanálise, Encontramos neste arti/o verdadeiras

     %rolas *ue nos devem se/uir de /uia( ao menos( %ara muitas refle+7es, $ontudo( vou %rocurar me deter a%enas ao *ue tan/e C *uest2o da escuta analítica( sendo *ue %ara isto

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    terei de cometer al/umas di/ress7es fundamentais %ara *ue fi*ue claro o *ue tenciono

    ressaltar,

     9os di. ?reud *ue a tcnica da %sicanálise muito sim%les, $onsiste sim%lesmente em

    n2o diri/ir o re%aro %ara al/o es%ecífico e em manter a mesma atenç2o uniformemente

    sus%ensa 5atenç2o flutuante6 em face de tudo o *ue escuta 5?reud( B!B") %, B" - /rifos

    nossos6, Ou se1a( n2o %reciso fa.er um esforço de atenç2o e concentraç2o na*uilo *ue

    se está escutando,

    E %rosse/ue o autor nos %ontuando *ue desta forma 5,,,6 evitamos um %eri/o *ue

    inse%arável da atenç2o deli&erada, Pois assim *ue al/um deli&eradamente concentra

     &astante a atenç2o( começa a selecionar o material *ue l'e a%resentado 5?reud( B!B")

     %, B"F - /rifos nossos6, Portanto( a seleç2o de determinado %onto do discurso do

     %aciente %re1udicial C escuta do mesmo( %ois *ue se %oderá dar Gnfase ou desta*ue a

    al/o *ue n2o necessariamente merecesse rece&er tal atenç2o, 92o es*ueçamos *ue 5,,,6 o *ue se escuta( na maioria( s2o coisas cu1o si/nificado s3

    identificado %osteriormente 5?reud( B!B") %, B"F6, Mas ao colocar em relevo

    determinado as%ecto do discurso do %aciente( está-se( inevitavelmente( ne/li/enciando

    outros %ontos *ue %odem ser t2o ou mais im%ortantes, Alm do *ue( como %oderia o

    analista sa&er a *ue atri&uir maior im%ortHncia<

    ?reud vai alm *uando afirma *ue 5,,,6 a re/ra de %restar i/ual re%aro a tudo constitui a

    contra%artida necessária da e+i/Gncia feita ao %aciente( de *ue comuni*ue tudo o *ue

    l'e ocorre( sem crítica ou seleç2o, Se o mdico se com%ortar de outro modo( estará 1o/ando fora a maior %arte da vanta/em *ue resulta de o %aciente o&edecer C re/ra

    fundamental da %sicanálise 5associaç2o livre6, A re/ra %ara o mdico %ode ser assim

    e+%ressa) Ele deve conter todas as influGncias conscientes da sua ca%acidade de %restar

    atenç2o e a&andonar-se inteiramente C mem3ria inconsciente 5?reud( B!B") %, B"F -

    /rifos nossos6,

    Portanto( ?reud adverte n2o ser &om fa.er anotaç7es inte/rais do *ue foi relatado

    durante as sess7es( %ois isto( de um lado( %oderia ser desa/radável %ara o %aciente e( %or 

    outro lado( o material seria novamente o&1eto de seleç2o( uma ve. *ue o analista n2o

    conse/uiria a façan'a de escrever so&re o *ue o %aciente falou e escutar o *ue ele está

    falando ao mesmo tem%o, Mesmo *ue tal fato fosse 1ustificado %elo analista no sentido

    de estar tra&al'ando cientificamente em cima do caso clínico,

    A este res%eito( ?reud alerta *ue 92o &om tra&al'ar cientificamente num caso

    en*uanto o tratamento ainda está continuando - reunir sua estrutura( tentar %redi.er seu

     %ro/resso futuro e o&ter( de tem%os em tem%os( um *uadro do estado atual das coisas(

    como o interesse científico e+i/iria, $asos *ue s2o dedicados( desde o %rincí%io( a

     %ro%3sitos científicos( e assim s2o tratados( sofrem em seu resultado8 en*uanto os casos

    mais &em sucedidos s2o a*ueles em *ue se %ermite ser tomado de sur%resa %or *ual*uer 

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    nova reviravolta neles( e sem%re se o enfrenta com li&eralidade( sem *uais*uer

     %ressu%osiç7es, A conduta correta %ara um analista reside em oscilar( de acordo com a

    necessidade( de uma atitude mental %ara outra( em evitar es%eculaç2o ou meditaç2o

    so&re os casos 5?reud( B!B") %, B"I - /rifos nossos6, E isto seria im%raticável se o

    analista se detivesse num estudo do caso,,, A seleç2o ocorreria a*ui de novo,

     92o %osso dei+ar de fa.er um comentário acerca de al/o *ue considero fundamental na

     %ostura do analista, $a&e ao analista sustentar o lu/ar do n2o-sa&er %ara *ue %ossa ser

    %e/o %elo elemento sur%resa( fundamental numa análise, em *ue se colocar na

     %ostura de ir %ara os seus atendimentos sem mem3ria e sem dese1o( *ue seriam

     %re1udiciais uma ve. *ue %oderiam cristali.ar o analista numa %osiç2o %r-determinada(

    referida ou C sess7es %assadas ou a e+%ectativas *uanto C sess2o %resente e Cs futuras,

    Em outras %alavras( deve dei+ar sua escuta analítica fluir naturalmente e n2o se colocar

    em %osiç2o de controlá-la( desviando-a %ara este ou a*uele camin'o( &aseado no *uesu%7e ser o mais relevante,

    Em B!BJ( no arti/o So&re o nício do ratamento( ?reud alerta *uanto ao momento

    ade*uado da fala do analista - de sua inter%retaç2o( %ontuaç2o ou intervenç2o, E conclui

    *ue o analista n2o deve revelar ao %aciente o si/nificado oculto 5%or serem

    inconscientes6 de suas idias e dese1os, $a&e ao analista es%erar o momento certo de

    comunicá-los ao %aciente( momento este determinado n2o a%enas %ela relaç2o

    transferencial( mas tam&m *uando o analista %erce&e *ue o %aciente 1á está em

    condiç7es de rece&er determinado ti%o de informaç2o,Ou nas %alavras de ?reud) Mesmo nos estádios %osteriores da análise( tem-se de ter

    cuidado em n2o fornecer ao %aciente a soluç2o de um sintoma ou a traduç2o de um

    dese1o at *ue ele este1a t2o %r3+imo delas *ue s3 ten'a de dar mais um %asso %ara

    conse/uir a e+%licaç2o %or si %r3%rio 5?reud( B!BJ) %, B - /rifos nossos6,

    Ou se1a( se a escuta do analista fundamental %ara o %ro/resso da análise( tam&m 'á

    *ue se levar em conta a ocasi2o a%ro%riada no *ue concerne C %ossi&ilidade e

    ca%acidade de escuta do %aciente, Ká *ue se estar atento a este fator, @ma inter%retaç2o

    ino%ortuna - determinada %ela im%ossi&ilidade de escuta e ela&oraç2o do %aciente( num

    dado momento do %rocesso analítico - %oderia fa.er emer/ir muitas resistGncias e( com

    isso( retardar o tratamento, Ou( na mel'or das 'i%3teses( cairíamos no *ue nos di. o

    ditado entrou %or um ouvido e saiu %elo outro( isto ( o %aciente n2o faria o menor uso

    de nossa intervenç2o,

    LA$A9 E S@A $:$A DA $O9:A-:A9S?E:9$A

    Poder-se-ia inda/ar o *ue o arti/o $rítica da $ontra-transferGncia tem a ver com a

    *uest2o da escuta analítica< Ao *ue eu res%onderia *ue tem tudo a ver( visto *ue o

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    fenNmeno da contra-transferGncia %ode &eneficiar ou %re1udicar a escuta do analista,

    De *ual*uer forma( %or tratar-se de um arti/o a meu ver indis%ensável %ara o analista

    mas( ao mesmo tem%o( muito a&ran/ente e *ue dá mar/em a uma srie de refle+7es(

    ater-me-ei aos %rinci%ais %ontos *ue considero merecerem desta*ue( fa.endo al/umas

    consideraç7es com relaç2o aos mesmos,

    Assim sendo( Lacan %ontua *ue 5,,,6 na comunicaç2o dos inconscientes 5do analista e

    do analisando6 *ue( afinal( nos deveríamos fiar %ara *ue se %rodu.issem mel'or( no

    analista( as a%erce%ç7es decisivas 5Lacan( B!FB) %, BIJ-BI4 - /rifos nossos6,

    ?reud( em seu arti/o dedicado aos mdicos *ue %raticam a %sicanálise( 1á 'avia nos

    falado acerca desta comunicaç2o de inconscientes fa.endo( inclusive( uma analo/ia

     &astante interessante, Em suas %alavras) 5,,,6 ele 5o analista6 deve voltar seu %r3%rio

    inconsciente( como um 3r/2o rece%tor( na direç2o do inconsciente transmissor do

     %aciente, Deve a1ustar-se ao %aciente como um rece%tor telefNnico se a1usta aomicrofone transmissor,,,o inconsciente do mdico ca%a.( a %artir dos derivados do

    inconsciente *ue l'e s2o comunicados( de reconstruir esse inconsciente( *ue determinou

    as associaç7es livres do %aciente 5?reud( B!B") %, B"! - /rifos nossos6,

    S3 *ue %ara esta&elecer tal comunicaç2o( a nível inconsciente( %reciso *ue o analista

    este1a em %osiç2o de escutar com a mesma sintonia e dis%oni&ilidade( todo o material

    *ue o %aciente l'e trás( a fim de *ue %ossa tradu.i-lo %ara o %aciente no momento

    o%ortuno,

    Assim( ?reud esta&elece *ue o analista %ode( se *uiser( utili.ar seu inconsciente comomais um instrumento da tcnica analítica,

    Daí( ent2o( retomemos os ensinos de Lacan, Este nos di. *ue 5,,,6 a aç2o da cadeia

    si/nificante( inconsciente,,,im%7e sua marca a todas as manifestaç7es da vida no su1eito

    *ue fala 5Lacan( B!FB) %, BII6, A isto( se %oderia acrescentar de &om /rado( e no

    su1eito *ue escuta,,,, rata-se de um ti%o de relaç2o em *ue uma funç2o 5fala6 im%lica a

    e+istGncia da outra 5escuta6, O su1eito *ue fala( fala a al/um *ue( %or sua ve.( es%era-se

    escute o discurso do %rimeiro,

    Mas retornando C *uest2o da contra-transferGncia( Lacan fa. uma invers2o muito

    interessante e intri/ante *uando a%onta %ara o fato de *ue *uanto mais e mel'or

    analisado for o analista( tanto maior e mel'or sua ca%acidade de %erce%ç2o(

    entendimento e acol'imento do *ue está se %assando na análise de fato, E em sua escuta

    analítica( tam&m,

    Ou nas %alavras do autor) 5,,,6 *uanto mel'or o analista for analisado( mais será

     %ossível *ue ele se1a francamente amoroso( ou francamente tomado %or um estado de

    avers2o( de re%ulsa,,,com referGncia ao seu %arceiro 5o analisando6 5 Lacan( B!FB) %,

    BIF6, E %rosse/ue) 5,,,6 se o analista reali.a como *ue a ima/em %o%ular,,, na medida

    em *ue %ossuído %or um dese1o mais forte *ue os dese1os *ue %oderiam estar em

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    causa( a sa&er( de c'e/ar Cs vias de fato com seu %aciente( de tomá-lo nos &raços ou

    atirá-lo %ela 1anela 5Lacan( B!FB) %, BI# - /rifos nossos6,

    sto me %arece &astante claro( uma ve. *ue o analista &em analisado tem maiores

    condiç7es de discernir entre o *ue seu e o *ue %ertence ao discurso do %aciente( tendo

    assim mais c'ances de n2o confundir suas %ro1eç7es com a*uilo *ue intro1eta da fala do

     %aciente,

    Lacan( ao se referir a um arti/o do leiniano :o/er Mone-Qrle( intitulado 9ormal

    counter-transference and some deviations 5B!F6( assim nos a%resenta sua formulaç2o)

    5,,,6 a 9ormal $ounter-transference se %rodu. atravs do ritmo de vaivm entre a

    intro1eç2o %elo analista do discurso do analisado e a %ro1eç2o so&re o analisado da*uilo

    *ue se %rodu. como efeito ima/inário de res%osta a essa intro1eç2o,,, O efeito de contra-

    transferGncia dito normal( na medida em *ue a demanda intro1etada %erfeitamente

    com%reendida 5Lacan( B!FB) %, B!" - /rifos nossos6,Ora( %ara ser a demanda %erfeitamente com%reendida %elo analista( %reciso *ue o

    mesmo %ossua e faça uso ade*uado de sua %erfeita escuta analítica,

    Mas e no caso de o analista n2o com%reender %erfeitamente 5afinal ele 'umano e a

     %erfeiç2o e+clusiva dos deuses( n2o %odendo assim %reenc'er os re*uisitos de um

    analista ideal - como o %r3%rio nome está di.endo,,, se ideal n2o %ode ser real6 o

    discurso do %aciente<

    Rem( 5,,,6 se o analista n2o com%reende ele afetado e se %rodu. um desvio da contra-

    transferGncia normal 5Lacan( B!FB) %, B!J - /rifos nossos6, 1ustamente esses desvios*ue Lacan nos ensina n2o serem considerados %re1udiciais, Ká *ue se tirar %roveito

    deles tam&m, 9os di. Lacan) o *ue nos a%resentado como desvio da contra-

    transferGncia a*ui colocado ao mesmo tem%o como meio instrumental( *ue se %ode

    codificar 5Lacan( B!FB) %, B!4 - /rifos nossos6,

    Lacan assim se e+%ressa) 5,,,6 'á al/um tem%o( admite-se efetivamente na %rática

    analítica *ue o analista deve levar em conta( em sua informaç2o e suas mano&ras( os

    sentimentos( n2o *ue ele ins%ira( mas *ue e+%erimenta na análise( a sa&er( a*uilo a *ue

    se c'ama sua contra-transferGncia 5Lacan( B!FB) %, BI! - /rifos nossos6,

    Muitas outras *uest7es %oderiam ter sido a&ordadas acerca deste arti/o, odavia( trata-

    se o mesmo de um arti/o *ue( %or si s3( daria um Tnico tra&al'o, Para os fins deste(

    creio ter alme1ado meu o&1etivo ao citá-lo da maneira *ue o fi.,

    O O@VDO $OM ;@E $O9VM ES$@A:

    Rem sei eu *ue o nome do arti/o ao *ual farei &reve referGncia e comentário a/ora O

    ouvido com *ue convm ouvir, $ontudo( n2o %osso me furtar a( no meu entender( fa.er

    esta alteraç2o em seu nome, Afinal( como a%ontei na introduç2o deste tra&al'o( ca&e ao

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    analista escutar e n2o( sim%lesmente( ouvir,

    Leclaire( no arti/o su%racitado( fa. comentários &astante %ertinentes e críticos com

    relaç2o C escuta do analista, Ve1amos,

     9os di. o autor *ue 5,,,6 o %sicanalista,,,em escutando a narraç2o de seu %aciente deve

    estar atento ao dese1o - inconsciente - *ue está sendo enunciado, Essa a %osiç2o *ue

    assumiu ao se tornar %sicanalista) ouvir outra coisa alm do sim%les si/nificado das

     %alavras *ue est2o sendo %ronunciadas,,, 5Leclaire( B!##) %, 0! - /rifos nossos6, Ouvir

    alm( isto ( escutar, Ou se1a( ca&e ao analista escutar as e nas entrelin'as do discurso do

     %aciente,

    O %sicanalista deve &uscar a verdade sin/ular do %aciente, E esta verdade s3 emer/irá

    nas entrelin'as do discurso do analisando( aonde sua fala tro%eça e se revela a %artir das

    formaç7es do inconsciente ou se a%resenta na forma de resistGncia( ou ainda *uando se

    o%era uma transformaç2o na relaç2o transferencial, Ou como nos di. Leclaire) 5,,,6 todonosso tra&al'o se desenvolverá no sentido de com%reender a ordem da verdade

    solicitada a se manifestar na situaç2o %sicanalítica5Leclaire( B!##) %, BF - /rifos

    nossos6,

    Ao relatar o fra/mento de uma sess2o analítica( a título de e+em%lo( com o *ual começa

    seu arti/o( Leclaire %ontua *ue o analista n2o se deve a%risionar %ela tcnica da

     %sicanálise( %ois o analista *ue n2o confere ao %aciente a atenç2o e*uiflutuante *ue

    deveria ser a este Tltimo dis%ensada( devido a associaç7es e articulaç7es com *uest7es

    te3ricas( %erde o fio da meada da*uilo *ue o %aciente di. e fica( assim(im%ossi&ilitado de escutar o dese1o do analisando,

    sto( %or sua ve.( re*uer *ue o analista nada es%ere da sess2o - conforme 1á disse

    anteriormente, Ou como Leclaire afirma) 5,,,6 seu interlocutor 5referindo-se ao analista6

    reterá a%enas os tro%eços da lín/ua, nversamente( o %sicanalisando dá de %resente a

    seu ouvinte um %recioso la%so, O %sicanalista terá ouvidos somente %ara a se*UGncia

    em *ue o tro%eço escande,,,a arte do analista %arece consistir em nada es%erar

    5Leclaire( B!##) %, B - /rifos nossos6,

    $O9$L@SO) A A:E DE PS$A9ALSA: 

    Procurei demonstrar( com este tra&al'o( a relevHncia da escuta analítica na %rática

    clínica da %sicanálise, Assim como( en %assant( a im%ortHncia de o&servar *ue a teoria

    deve ser utili.ada como um /uia( n2o como um do/ma, Ká *ue se ter a referGncia

    te3rica( todo analista está im&uído da teoria, Mas daí a utili.á-la durante a sess2o um

    erro( %ois *ue faria com *ue o analista se dis%ersasse do material relatado %or seu

     %aciente em diva/aç7es te3ricas( o *ue com%rometeria sua escuta e o decurso do

    tratamento,

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    $a&e dis%ensar tam&m atenç2o %ara o fato da im%ortHncia da análise %essoal e da

     %r3%ria contra-transferGncia 5e seus desvios6 na %rá+is %sicanalítica, A escuta do analista

    torna-se &eneficiada tanto %ela sua análise %essoal *uanto %ela utili.aç2o de sua contra-

    transferGncia e toda a /ama de sentimentos envolvidos nela( como instrumentos de

    análise, $om isso reafirmamos *ue tam&m a contra-transferGncia %ode e deve ser

    utili.ada como um %oderoso instrumento da tcnica do analista,

    Leclaire %ontua *ue 5,,,6 %sicanalisar,,, uma %rática deveras incNmoda,,, 5Leclaire(

    B!##) %, BF6, Alm de difícil( acrescentaríamos, De fato( trata-se de uma arte, 92o

    a%enas a arte de nada es%erar( mas a arte da escuta( da entre/a( da a&ne/aç2o( da

    utili.aç2o de todos os elementos *ue sur/em na sess2o como instrumental tcnico com o

     %ro%3sito da mel'ora - se1a ela *ual for - do estado /eral do %aciente, Enfim(

     %sicanalisar uma arte *ue s3 se ad*uire na %rática diária da %sicanálise,

    Muito mais ainda %oderia ser dito( mas nunca %ossível di.er tudo. Portanto, finalizoeste trabalho com o pensamento de que o analista deve procurar reconhecer e

    aceitar suas inevitáveis falhas e erros nos atendimentos a fim de que, ao percebê-

    los e assumi-los, possa se colocar numa posição de aprendizado com relação aos

    mesmos. Isto implica, dentre outras coisas, maturidade e ética profissional. Para

    conduzir o analisando na direção de sua verdade nica e sin!ular, ur!e que o

    analista se conscientize do que é poss"vel fazer com suas pr#prias idiossincrasias,

    com sua pr#pria sin!ularidade.

    :E?E:9$AS RRLOW:X?$AS

    ?reud( S, 5B!B"6, :ecomendaç7es aos mdicos *ue e+ercem %sicanálise, n) ESR das

    o&ras %sicol3/icas com%letas de Si/mund ?reud, Editora ma/o( :io de Yaneiro( B!!F,

    v, Z( %, B"J-BJJ,

    ?reud( S, 5B!BJ6, So&re o nício do ratamento, n) ESR das o&ras %sicol3/icas

    com%letas de Si/mund ?reud, Editora ma/o( :io de Yaneiro( B!!F, v, Z( %, BJ#-BI,

    Lacan( Y, 5B!FB6, $rítica da $ontra-transferGncia n) O Seminário, Livro I - A

    ransferGncia, Yor/e [a'ar Editor( :io de Yaneiro( B!!", %, BI"-B!F,

    Leclaire( S, 5B!##6, O Ouvido com o *ue convm ouvir, n) Psicanalisar, $a%ítulo ,

    Editora Pers%ectivas( B!##, %, 0#-"J,