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Sociologia especial ENEM

a especial m

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Sociologiaespecial enem

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Sumário

Enem  3

Os objetivos  3

ProUni e Enem  4

O Enem e as universidades  4

Interdisciplinaridade e contextualização  5

Para ler o mundo  9

Para ler o texto  9

Diagramas e infográficos  9

A matemática nas páginas dos jornais  11

Ler os mapas para ler o mundo  13

A linguagem publicitária  15

Na esteira de fantasias e desejos  15

Persuadir para mobilizar  16

Para mudar comportamentos  16

Persuadir pela emoção  18

Interagindo com a publicidade  19

Tiras e charges: aprendendo por meio da arte  19

Os eixos cognitivos  21

A matriz do Enem  22

Ciências da natureza e suas tecnologias  23

Ciências da natureza e seus objetos do conhecimento  24

Atividades  28

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3

EnemO Enem — Exame Nacional do Ensino Médio 

— está presente na vida dos estudantes brasileiros há mais de uma década, desde que foi  instituído em 1998. De lá para cá, sua importância é crescente, como mostra o número de alunos inscritos.

5.000.000

4.500.000

4.000.000

3.500.000

3.000.000

2.500.000

2.000.000

1.500.000

1.000.000

500.000

1998

157.

221

346.

953

390.

180

1.62

4.13

1

1.82

9.17

0

1.88

2.39

3

1.55

2.31

6

3.00

4.49

1

3.74

2.82

7

3.58

4.56

9

4.00

4.71

5

4.14

7.52

7

1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

4.61

1.44

1

2010

6.22

1.69

7

2011

O  Enem  é  diferente  da  maioria  das  provas dos  vestibulares  tradicionais  e  das  avaliações aplicadas no ensino médio. Não se trata de dizer que “o Enem é mais fácil ou mais difícil” que as outras provas, mas  com preender por  que ele é diferente.

Dica:

Até a época da realização da prova, consulte regularmente o portal do Enem (www.enem.inep.gov.br) e leia todas as informações dis-poníveis.

Os objetivosAtualmente,  os  educadores  concordam  que 

uma  sólida  formação geral — adquirida na edu-cação básica — é absolutamente necessária para a continuidade dos estudos e para a inserção do indivíduo no mundo do  trabalho,  cada  vez mais exigente  e  competitivo.  A  formação  não  inclui apenas  os  conteúdos  tradicionais  das  diversas áreas do saber científico, mas também o desen-volvimento de estratégias cognitivas que permi-tam  enfrentar  problemas  e  tomar  decisões  em situações cotidianas. 

A  velocidade  com que a moderna arquitetura social se modifica e altera a nossa vida exige que a  educação  básica  —  educação  infantil,  ensino 

fundamental e ensino médio — desenvolva com-petências  com  as  quais  os  cidadãos  busquem  e assimilem  novas  informações,  interpretem  códi-gos e  linguagens e empreguem os conhecimen-tos  adquiridos,  tomando  decisões  autônomas  e socialmente relevantes. 

A atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB/1996) já propunha profundas trans-formações no ensino médio, para que, ao concluí-lo, o aluno fosse capaz de:

I.   dominar os princípios científicos e tecnoló-gicos que regem o atual mundo do traba-lho e da produção;

II.   reconhecer  e  decodificar  as  diversas  for-mas contemporâneas de linguagem;

III.   dominar  conhecimentos  de  filosofia  e  de sociologia necessários ao exercício da cida-dania.

Foi diante dessa perspectiva que o MEC imple-mentou o Enem para todos os alunos concluintes do ensino médio. É importante, todavia, perceber que algumas diretrizes dessa avaliação sofreram al-terações durante os últimos anos. Nos documentos que nortearam a primeira versão do Enem (1998), o objetivo fundamental era “avaliar o desempenho do aluno ao término da escolaridade básica, para aferir o desenvolvimento de competências funda-mentais ao exercício pleno da cidadania”. Preten-dia, também, alcançar outros objetivos:

 · oferecer uma  referência para que cada estu-dante pudesse proceder à sua autoavaliação, visando às escolhas futuras, tanto em relação ao mercado de trabalho quanto à continuidade dos estudos;

 · estruturar uma avaliação da educação básica que servisse como modalidade alternativa ou complementar  aos  processos  de  seleção  nos diferentes setores do mundo do trabalho;

 · estruturar uma avaliação da educação básica que servisse como modalidade alternativa ou complementar  aos  exames  de  acesso  aos cursos  profissionalizantes  pós-médios  e  ao ensino superior.

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4

Já nos documentos do Enem 2006 lia-se que o Exame Nacional do Ensino Médio serviria, basica-mente, para quatro objetivos:

 · avaliar competências e habilidades desenvol-vidas ao longo da educação básica;

 · possibilitar que o aluno fizesse uso dos resul-tados  alcançados  no  Enem  em  processos  de seleção para o mercado de trabalho, nas insti-tuições que utilizassem tal critério;

 · permitir que o aluno usasse o Enem como alter-nativa ou como reforço ao vestibular, nas insti-tuições que oferecessem essa possibilidade;

 · proporcionar ao aluno a possibilidade de concor-rer a uma bolsa pelo ProUni e outros programas governamentais de auxílio financeiro.

Em 2009, mais uma vez os objetivos do Enem foram alterados. A partir de então, espera-se que essa avaliação:

 · sirva de referência para que cada cidadão pos-sa proceder à sua autoavaliação com vistas em suas  escolhas  futuras,  tanto  em  relação  ao mundo do trabalho quanto em relação à conti-nuidade dos estudos;

 · sirva como modalidade alternativa ou comple-mentar aos processos de seleção nos diferen-tes setores do mundo do trabalho;

 · sirva como modalidade alternativa ou comple-mentar aos exames de acesso aos cursos pro-fissionalizantes, pós-médios e à educação su-perior;

 · possibilite  a  participação e  crie  condições de acesso a programas governamentais;

 · promova a certificação de jovens e adultos no nível de conclusão do ensino médio;

 · promova avaliação do desempenho acadêmico das  escolas  de  ensino  médio,  de  forma  que cada unidade escolar receba o resultado global;

 · promova a avaliação do desempenho acadê-mico dos estudantes ingressantes nas institui-ções de educação superior.

Os objetivos do Enem se tornaram muito mais abrangentes e ambiciosos. Natural, portanto, que o modelo de avaliação  também sofresse profundas alterações.

ProUni e EnemO ProUni — Programa Universidade para To-

dos — foi criado pelo Ministério da Educação, em 2004, e oferece bolsa de estudo integral ou parcial em  instituições  privadas  de  educação  superior  a estudantes de baixa renda e que ainda não possu-am diploma de nível superior. As bolsas do ProUni são destinadas a estudantes que cursaram todo o ensino médio em escola pública e aos que cursa-ram escola particular com bolsa integral. Em ambos os casos, os alunos devem ser provenientes de fa-mílias de baixa renda.

O resultado do Enem é o critério utilizado para a distribuição das bolsas, concedidas conforme as notas.  Os  estudantes  com  as  melhores  notas  no Enem terão maiores chances de escolher o curso e a instituição em que desejam estudar.

Caso o estudante obtenha acesso a uma bolsa de 50% do valor da anuidade e não possa pagar os restantes 50%, o MEC pode financiar o valor res-tante por meio do Financiamento Estudantil (Fies). Informações  atualizadas  a  respeito  do  ProUni podem  ser  obtidas  pela  internet,  no  endereço eletrônico http://portal.mec.gov.br/prouni. Nessa página, além de outros dados, encontra-se a rela-ção de todas as instituições de ensino participantes do programa. 

A página da Caixa Econômica Federal na inter-net  (www.caixa.gov.br)  traz  mais  detalhes  a  res-peito do programa de Financiamento Estudantil.

Atenção!

Há bolsas de estudo do ProUni reservadas para cidadãos  portadores  de  deficiência  e  para  os que se autodeclaram negros, pardos ou índios. Entretanto,  o  candidato  a  essas  bolsas  deve também se enquadrar nos demais critérios de seleção  do  programa,  como  renda  familiar  e desempenho no Enem.

O Enem e as universidadesA partir de 1998, quando foi criado, o Enem 

passou a  ser usado por diversas  instituições de ensino  superior  do  país  como  forma  de  acesso aos cursos. 

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5

Em 2008, já eram mais de 500 as instituições que consideravam a pontuação obtida pelos can-didatos  no  Enem  —  isoladamente  ou  acoplada  a outras  formas  de  avaliação  —  como  critério  de acesso.  Algumas  instituições  reservam  vagas  aos participantes que obtêm média  igual ou  superior a determinado escore; outras acrescentam pontos à nota obtida pelos candidatos na primeira ou na segunda fase de seus vestibulares tradicionais; al-gumas, por sua vez, aboliram seus próprios vesti-bulares, usando como critério de seleção, única e exclusivamente, a nota média obtida pelos concor-rentes na prova do Enem.

São pelo menos quatro as formas previstas de utilização  do  Enem  pelas  universidades.  As  insti-tuições  podem  optar  por  empregar  a  pontuação obtida no Enem:

•  como critério único de seleção, em substi-tuição do vestibular tradicional;

•  como  primeira  fase  do  processo  seletivo, mantendo  a  segunda  fase  elaborada  pela instituição;

•  com a concessão de um acréscimo à pon-tuação  do  candidato  no  processo  seletivo elaborado pela instituição, dependendo da pontuação obtida no Enem;

•  como  critério  de preenchimento de  vagas remanescentes.

O  Inep  vem  apontando,  como  vantagem  do Enem  e  de  seu  uso  pelas  instituições  de  ensino superior,  a  promoção  da  mobilidade  dos  alunos pelo  país.  Dito  de  outra  forma,  um  candidato  de determinada região do Brasil poderá ser aprovado e passar a frequentar uma universidade federal de outra região. Espera-se, dessa forma, democratizar o acesso às universidades federais.

Até a edição de 2008, a prova do Enem trazia uma  proposta  de  redação  e,  na  parte  objetiva,  63 itens  (ou  questões)  interdisciplinares,  sem  articula-ção direta com os conteúdos apresentados no ensino médio. Outra característica do antigo Enem era a im-possibilidade de comparação de resultados, ou seja, estatisticamente era impossível dizer se um candida-to com determinada pontuação em uma prova teve um desempenho superior ou inferior a outro com a mesma pontuação em outra edição do exame.

Com a reformulação do Enem, em 2009, o exa-me passa a ser comparável no tempo. Em outras palavras, a pontuação obtida por um candidato na versão de 2009 pode ser cotejada com a pontua-ção obtida na prova de 2010, por exemplo, e assim por diante.

Além disso, a prova aborda mais explicitamente os componentes curriculares apresentados no ensino médio.  Cada  prova  será  relativa  a  uma  área  do conhecimento: 

I.   linguagens, códigos e suas tecnologias (in-cluindo a prova de redação); 

II.   matemática e suas tecnologias;

III.   ciências da natureza e suas tecnologias;

IV.   ciências humanas e suas tecnologias.

Interdisciplinaridade e contextualização

Embora  as  questões  estejam  agrupadas  em quatro  grandes  áreas  do  conhecimento  (lingua-gens e códigos, matemática, ciências da natureza e  ciências  humanas),  não  são  separadas  por  dis-ciplina.  Isso  significa  que,  ao  se  ler  o  enunciado da questão, pode ser difícil afirmar se ela está as-sociada apenas à biologia ou à química.  Essa es-tratégia evidencia que o conhecimento humano é historicamente  adquirido  e  não  se  subdivide  em “gavetas”  e  que  deve  ser  concebido  como  uma ampla rede, mutável e heterogênea. Na realidade, as disciplinas escolares são “estratégias didáticas” que facilitam a caminhada pela  intricada rede do conhecimento.

Outra característica das questões do Enem é a contextualização, cujo objetivo é estabelecer relações entre o  conhecimento e o mundo que nos cerca, envolvendo aspectos sociais, políticos, culturais  e  tecnocientíficos,  sempre  ligados  ao cotidiano.

No  enunciado,  as  questões  do  Enem  trazem uma situação-problema, desafiadora e claramen-te  relacionada ao  contexto. Para  sua  resolução, o aluno  deverá  apoiar-se  nas  informações  trazidas no  próprio  enunciado  e  em  conhecimentos  pré-vios. Por isso é tão importante a leitura atenta dos enunciados de todas as questões.

Ao  realizar  as  provas  do  Enem  o  candidato terá  cinco notas diferentes,  uma para  cada área 

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do conhecimento e uma para a redação. Não ha-verá peso diferente para cada uma dessas notas. Entretanto, ao utilizarem as notas em seus pro-cessos seletivos, as instituições de ensino superior poderão conferir a elas pesos diferenciados, a fim de classificarem os candidatos entre as carreiras pleiteadas.

O Enem é elaborado de acordo com uma metodologia baseada na Teoria da Resposta ao Item (TRI), que permite que as notas de diferentes edições da prova sejam comparadas. As questões das provas do Enem têm diferentes graus de difi-culdade e de complexidade. Então, para efeito de cálculo da nota final de cada área, questões mais difíceis devem ter maior valor ponderal que ques-tões mais simples.

Diferentemente do que acontece em alguns vestibulares, as provas do Enem não incluem ques-tões regionais. Assim, as questões de geografia, história e biologia, por exemplo, têm caráter na-cional e não tratam de assuntos estritamente re-gionais. Com isso, pretende-se garantir a isenção

Dicas para você, que vai prestar o Enem

2 Leia gráficos (de barras, de setor ou linhas), diagramas, tabelas e infográficos que aparecem diariamente

em jornais e revistas. Identifique as informações, reorganize-as em itens, reescreva-as em um texto discursivo,

relacionando informações verbais com informações procedentes de outras fontes de referência (ilustrações, fotos,

gráficos, tabelas, infográficos etc.). Nos gráficos, identifique variáveis, descubra o comportamento da variável em

um dado trecho e os trechos em que ela é constante, crescente ou decrescente; analise a taxa de variação. Leia o

texto que acompanha os gráficos e diagramas, verificando se as suas interpretações correspondem aos

comentários do texto.

1 Leia e analise textos predominantemente descritivos, como manuais de instrução de jogos ou de aparelhos eletrodomésticos, e tente executar uma tarefa proposta seguindo as orientações do texto. Em um texto informativo, selecione e destaque as informações principais e secundárias.

3 Leia questões de provas anteriores do Enem e assinale as palavras-chave. Destaque o problema indicado;

interprete e relacione as informações disponíveis nas questões. Estude as possibilidades de resolução por meio das

linguagens e métodos das áreas curriculares, integre-as ao seu conhecimento e estabeleça um processo de

resolução.

do processo de avaliação, dando aos candidatos oriundos de qualquer lugar do país igualdade de condições na disputa por vagas nas universidades participantes do processo.

As provas do Enem sempre foram organiza-das por habilidades, explorando a capacidade de leitura e interpretação e a abordagem interdisci-plinar. Desde 2009, as provas correlacionam mais diretamente as habilidades ao conjunto dos con-teúdos habitualmente estudados no ensino médio. Preserva-se, dessa maneira, o predomínio absoluto de questões que buscam explorar não o simples resgate da informação, mas a aplicação prática do conhecimento.

As provas do Enem deverão manter o caráter operatório, não baseado na memorização e na “decoreba”.

O Enem tem questões de língua estrangeira moderna, com opção entre inglês e espanhol.

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7

4 Leia textos literários de diversas naturezas, atentando para a biografia do autor e o contexto sócio-histórico das produções, identificando as principais características dos movimentos literários dos quais fazem parte. Procure distinguiros diversos tipos de linguagem, se possível, relacionando-os a determinada produção cultural da língua portuguesa.Escreva textos baseados na linguagem coloquial, até com o registro de gírias e vícios da linguagem oral. Reescreva-os, transformando-os em textos formais.

5 Em sites de busca na internet, procurs de busca na internet, procurs e palavras e expressões, como fontes alternativas de energia,transformações de energia, hidreletricidade, energia nuclear etc. Analise e interprete diferentes tipos de textos e comunicações referentes ao conhecimento científico e tecnológico da área.

6 Interprete informações de caráter biológico, químico e físico em notícias e artigos de jornais, revistas e

televisão, a respeito de resíduos sólidos e reciclagem, aquecimento global e efeito estufa, chuva ácida, camada de

ozônio, concentração de poluentes, defensivos agrícolas, aditivos em alimentos, cloro e flúor na água. Assista a

documentários que abordem a temática da água e leia documentos e livros sobre seca, poluição das águas,

tratamento de esgotos, degelo das geleiras, recursos naturais não renováveis etc.

7 Em revistas e jornais, procure diferentes enfoques de autores que discorram sobre perturbações ou impactos ambientais e as implicações socioeconômicas dos processos de uso dos recursos naturais, materiais ou energéticos e tente elaborar argumentos concordantes e discordantes referentes às diversas opiniões.

8 Em sites da internet, procure escalas do tempo geológico, s da internet, procure escalas do tempo geológico, s que se divide em eras, que se dividem em períodos, que se dividem em épocas. Com base nessas informações, tente compreender a estrutura da Terra, a origem e a evolução da vida e as modificações no espaço geográfico. Procure uma tabela que traga o tempo histórico(da Pré-História à Idade Contemporânea) e compare as duas diferentes escalas para compreender os tempos doUniverso, do planeta e da humanidade.

9 Leia textos sobre a diversidade da vida; identifique padrões constitutivos dos seres vivos dos pontos de vista biológico, físico ou químico.

10 Pesquise e escreva sobre situações que contribuem para a melhoria da qualidade de vida em sua cidade, na defesa da qualidade de infraestruturas coletivas ou na defesa dos direitos do consumidor. Elabore umtexto descrevendo as intervenções humanas no meio ambiente, fazendo relação de causa e efeito e propondomedidas que poderiam contribuir para minimizar problemas.

11 Assista a documentários que abordem situações concretas evidenciando a relação entre biologia e ética, na

definição de melhores condições de vida. Sugerem-se temas como biodiversidade, biopirataria, transgênicos,

bioengenharia, transplantes e doação presumida, conflitos entre necessidades humanas e interesses econômicos etc.

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8

20 Escolha um acontecimento histórico e escreva sobre ele, destacando a relação entre o tempo histórico, o espaço geográfico e os fatores sociais, políticos, econômicos e culturais constitutivos desse acontecimento. Posteriormente leia sobre o assunto escolhido, identifique os aspectos que foram observados e reescreva o texto, completando-o com as informações obtidas pela leitura.

19 Conheça a realidade social e econômica de certo país e elabore uma tabela correlacionando os aspectos socioeconômicos com traços distintivos daquele fenômeno histórico-social.

17 Analise textos e compare os diferentes contextos históricos que contribuíram para o desenvolvimento da tolerância e do respeito pelas identidades e pela diversidade cultural. Observe as diversas formas de preconceito e de racismo no cotidiano.

16 Assista a filmes que retratem o teor político, religioso e ético de manifestações da atualidade; compare as problemáticas atuais e as de outros momentos com base na interpretação de suas relações entre o passado e o presente.

15 Como treino da capacidade de argumentação, escreva uma carta solicitando ressarcimento de eventuais gastos no conserto de eletrodomésticos que se danificaram em consequência da interrupção do fornecimento de energia elétrica, argumentando com clareza e apresentando justificativas consistentes.

14 Elabore uma tabela com os principais poluentes ambientais e como atuam; proponha formas de intervenção para reduzir e controlar os efeitos da poluição ambiental, buscando refletir sobre a possibilidade de redistribuição espacial das fontes poluidoras. Consulte jornais, revistas e sites que enfoquem assuntos sobre fontes energéticas e, por meio de comparações, avalie as que proporcionam menores impactos negativos ao ambiente e mais benefícios à sociedade.

18 Escolha determinado tema que apresente uma realidade sócio-histórica e leia dois ou três comentaristas

com opiniões divergentes sobre a questão. Identifique os pressupostos de cada um, observe e elabore uma lista dos

diferentes pontos de vista.

12 Observe os objetos a sua volta quanto à forma e ao tamanho; perceba as formas geométricas planas ou espaciais no mundo real. Identifique-os e caracterize-os de acordo com suas propriedades. Estabeleça relações entre os elementos observados; faça comparações entre objetos com o mesmo formato, avaliando quantas vezes um é maior que o outro.

13 Pesquise situações-problema ambientais ou de natureza social, econômica, política ou científica

apresentadas em textos, notícias, propagandas, censos, pesquisas etc. Proponha soluções que envolvam o uso

e a aplicação de conhecimentos e métodos probabilísticos e estatísticos, realizando previsão de tendência,

interpolação e interpretação.

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9

Para ler o mundoUma característica marcante do Enem é cobrar dos candidatos a capacidade de ler o enunciado dos 

itens (ou questões). Parece óbvio, mas a maioria das questões traz, no próprio enunciado, as informações necessárias e suficientes para a tomada de decisão. Mesmo com as informações introduzidas em 2009, ainda que sejam exigidos os conteúdos comumente trabalhados no ensino médio, a leitura atenta dos enunciados continua sendo a “chave” para o bom desempenho. 

Para ler o textoSe fosse necessário resumir a prova do Enem em uma competência, certamente seria a competência

leitora, ou seja, a capacidade de ler e compreender o que se leu. E não se trata apenas da leitura de textos for-mais, mas também da leitura das múltiplas linguagens com as quais o conhecimento e a cultura se transmitem, entre elas o texto, os infográficos e os diagramas, os mapas, a publicidade, as tirinhas e as charges.

Diagramas e infográficosAs  informações podem ser apresentadas em  infográficos e diagramas,  com ares de “notícia”, em 

jornais, noticiários de TV e revistas de circulação nacional.

Veja alguns exemplos.

1 Leia com atenção o infográfico a seguir.

Um “bico” no exterior

O número de brasileiros em intercâmbio de trabalho quadruplicou desde 2002. O crescimento acentuou-se a partir de2004 por causa da queda na cotação do dólar. O principal destino são os Estados Unidos, que oferecem um visto específico para o trabalho temporário.

Intercâmbio de trabalho

2002

2003

2004

2005

2006

3.700

4.100

5.000

9.000

13.300

Por que são procurados

Para aperfeiçoar alíngua estrangeira

Como primeiraexperiência profissional

Para fazer poupança Monitoras brasileiras em crecheamericana.

70%

25%

5%

a)  Para onde vai a maioria dos brasileiros que procuram intercâmbio de trabalho fora do país?

b) Dos brasileiros que foram para o exterior em 2005, quantos, aproximadamente, devem ter viajado para aperfeiçoar a língua estrangeira?

c)  No período considerado, entre quais anos ocorreu o maior aumento percentual no número de bra-sileiros que deixaram o país?

Repare que as respostas estão na própria questão. Entretanto, o aluno precisa saber ler e interpretar o que está escrito; precisa ser capaz de separar as informações importantes das informações supérfluas; precisa diferenciar o que é relevante do que é desnecessário.

No exemplo apresentado, a resposta do item a está lá no enunciado: é para os Estados Unidos que vai a maioria dos brasileiros que se dirigem ao intercâmbio no exterior. 

O item b pergunta quantos brasileiros, em 2005, foram ao exterior para aperfeiçoamento em língua estrangeira. Segundo o texto, foram 9.000 os brasileiros que deixaram o país no ano de 2005, em inter-câmbio de trabalho. Como mostra a tabela, 70% destes o fizeram em busca de aperfeiçoamento em uma língua estrangeira, portanto 70% de 9.000 pessoas, ou seja, 6.300 pessoas.

Já o item c pergunta quando ocorreu o maior aumento percentual do número de brasileiros que pro-curaram intercâmbio no exterior no período considerado. De 2002 para 2003, o número saltou de 3.700 

001-022-Enem Sociologia.indd 9 11/07/11 09:10

10

para 4.100 (aumento de 10%, aproximadamente); de 2003 para 2004, o aumento foi de 4.100 para 5.000 (cerca de 12%); de 2004 para 2005, de 5.000 para 9.000 (acréscimo de 80%); de 2005 para 2006, de 9.000 para 13.300 (47,7%). Portanto, o período de maior aumento percentual ocorreu de 2004 para 2005.

É preciso estar atento a um aspecto relevante da questão: o maior aumento absoluto ocorreu de 2005 para 2006 (4.300 emigrantes a mais que no ano anterior). Todavia, a questão pedia o maior au-mento percentual (uma forma de avaliar o aumento relativo), que ocorreu de 2004 para 2005 (80%).

2 Observe o infográfico e responda.

Pesada demais para voar

A quebra da Varig possivelmente deveu-se à administração desastrada. Pelo mesmo motivo, saíram do ar Cruzeiro,Transbrasil e Vasp. Abaixo, uma mostra do descalabro operacional da Varig. A companhia voava menos e tinha custos mais altos por passageiro do que as suas concorrentes.

Quantas horas os aviõesvoavam por dia

14

11

10

17

19

22

Gol

TAM

Varig

Gol

TAM

Varig

Quanto custava um passageiroem cada companhia

(reais por quilômetro)

a)  Das empresas aéreas listadas (Gol, TAM e Varig), qual é aquela cujos aviões voavam mais horas por dia?

b) Das empresas aéreas listadas (Gol, TAM e Varig), qual apresentava maiores custos por passageiro, por quilômetro voado?

c)  Que correlação se nota entre os parâmetros apresentados (horas voadas e custo por passageiro)?

O item a quer saber qual é a empresa cujos aviões voavam mais horas por dia. Basta ler atenta-mente e “decifrar” adequadamente as informações das tabelas. São os aviões da empresa Gol, que voavam 14 horas por dia, enquanto os da TAM voavam 11 horas e os da Varig voavam 10 horas.

Por sua vez, o item b pergunta qual empresa tinha os custos mais elevados por passageiro e por qui-lômetro percorrido. E delas, a que apresentou os custos mais elevados foi a Varig (R$ 22,00 por passageiro, por quilômetro percorrido), contra R$ 19,00 da TAM e R$ 17,00 da Gol.

Finalmente, o item c pergunta sobre a correlação entre os dois parâmetros anteriores. O que se nota é que são inversamente proporcionais; em outras palavras, quanto menos horas os aviões da companhia voavam por dia, maiores eram os custos operacionais  (reais por passageiro e por quilômetro percorrido).

3 Analise os dados apresentados no infográfico a seguir.

Quem procura informações na internet sobre saúde…

… consultano mínimodois sites

… afirma queo que lê mudasua visão deuma doença

ou de umtratamento

… questionaseus médicoscom base noque leu na

internet

… contaaos amigoso que leunos sites

… cogitadesistir de

ir aomédico

35%51%54%58%72%

A influência da doutora internet

Uma pesquisa feita nos Estados Unidos mostra que 75% das pessoas que buscam informações sobre doenças e tratamentos médicos na internet não checam se as fontes dos sites são confiáveis. A maioria dos entrevistados disse que usa os dados obtidos na rede para questionar seus médicos.

Qual é, aproximadamente, a porcentagem de pessoas que, depois de consultarem no mínimo dois sites, cogitam desistir de ir ao médico?

a)  25%        d)  58%

b) 35%        e)  72%

c)  54%

001-022-Enem Sociologia.indd 10 11/07/11 09:10

11

Repare  que  o  quadro  traz  duas  informações independentes:

 · Das pessoas que procuram informações sobre saúde na internet, 72% consultam no mínimo dois sites.

 · Das pessoas que procuram informações sobre saúde na internet, 35% cogitam desistir de ir ao médico.

Portanto, podemos considerar que, dos 35% de pessoas que cogitam desistir de  ir ao médico, 72% delas consultaram ao menos dois sites. Sem dificul-dades, concluímos que 35% de 72% (ou seja, 0,35 ∙0,72) são aproximadamente 25%. 

Assinalamos, então, a alternativa a.

A matemática nas páginas dos jornaisBasta abrir um jornal de grande circulação para 

deparar-se com a linguagem matemática expressa em diferentes formas: gráficos, tabelas, equações, índices e fórmulas. Todos os dias, somos “bombar-deados” com IPCA, IGP-M, TJLP, taxa Selic e outros indicadores  econômicos.  Uma  das  mais  usadas dessas linguagens é a dos gráficos.

É  comum encontrar  informações so bre deter-minados  assuntos  registradas  em  gráficos  e  dia-gramas. No diagrama a seguir, observamos que a maioria das crianças entrevistadas (58%) prefere o rock´n roll como gênero musical.

De que tipo de música você mais gosta?

Rock

Pop

Música devários tipos

Rap

Tecno

Metal

MPB

Músicainternacional

Clássica

58%

29%

8%

7%

6%

6%

5%

3%

2%

Fonte: Folha de S.Paulo, 20 mar. 2004. p. F3.

Confira, agora, alguns números de um campe-onato de futebol. Os gráficos seguintes informam a média (por partida) de faltas e de dribles.

2002

25,3 Faltas

Dribles

25,025,0

26,0

25,7

24,9

2003 2004 2005 2006 2007

2002

26,025,0

18,316,1

13,2

22,0

2003 2004 2005 2006 2007

Médias históricas

Fonte: Adaptado de Folha de S.Paulo.

Dos  campeonatos  ana lisados,  o  de  2006  foi o mais violento, apresentando uma média de 26 faltas por partida  (aproximadamente uma  falta a cada 3,5 minutos de  jogo). Outra curiosidade é a queda acentuada do número de dribles — o cam-peonato de 2007 teve quase a metade do número de dribles do campeo nato de 2002.

Para entender os gráficos é preciso ler e in-terpretar as informações neles contidas. Observe esse estudo a partir de exemplos apresentados em  várias  disciplinas,  como  geografia,  física  e biologia.

I.  Na  biologia,  assim  como  em  outras discipli nas,  é  comum  aparecerem  gráficos  de setor  (ou de pizza). Esse  tipo de gráfico é  feito considerando-se uma circunferência  (uma volta completa, ou 360°) como 100% dos dados a se-rem analisados. 

Os gráficos de setor a seguir mostram a distri-buição e a origem dos principais poluentes atmos-féricos.

Compostos orgânicos voláteis 13,6%

Óxidos de nitrogênio 14,8%

Óxidos de carbono 49,2%

Óxidos de enxofre 16,4%

Material particulado 6,0%

Resíduos industriais 15,0%

Queima de combustíveis (exceto por veículos) 27,3%

Veículos 46,2%

Outros 9,0%

Resíduos sólidos não industriais 2,5%

Distribuição Origem

001-022-Enem Sociologia.indd 11 11/07/11 09:10

12

Compostos orgânicos voláteis 13,6%

Óxidos de nitrogênio 14,8%

Óxidos de carbono 49,2%

Óxidos de enxofre 16,4%

Material particulado 6,0%

Resíduos industriais 15,0%

Queima de combustíveis (exceto por veículos) 27,3%

Veículos 46,2%

Outros 9,0%

Resíduos sólidos não industriais 2,5%

Distribuição Origem

II.  Nos  gráficos  seguintes,  foram  dispostas duas informações importantes para a geografia: ín-dice pluviométrico (quantidade de chuvas) e varia-ção de temperatura, em duas regiões distintas. O índice pluviométrico é representado por barras ver-ticais, e seus valores estão listados em uma escala à esquerda; a variação de temperatura é indicada por uma linha sinuosa contínua, e seus valores es-tão à direita. Observa-se que a temperatura duran-te  o  ano  em  Brasília  apresenta  ligeira  queda  no inverno, o qual é bastante seco, com índices plu-viométricos muito baixos. O verão é chuvoso. Em Palermo (Itália), a  temperatura sofre maiores va-riações, elevando-se consideravelmente no verão (de julho a setembro), período com menos chuvas. 

Brasília (DF) — Brasil Palermo — Itália

J F A M J J A S O N DM

Pluviosidade(mm)

0

100

200

300

400

Temperatura(°C)

0

10

20

30

40

J F A M J J A S O N DM

Pluviosidade(mm)

0

100

200

300

400

Temperatura(°C)

0

10

20

30

40

Brasília (DF) — Brasil Palermo — Itália

J F A M J J A S O N DM

Pluviosidade(mm)

0

100

200

300

400

Temperatura(°C)

0

10

20

30

40

J F A M J J A S O N DM

Pluviosidade(mm)

0

100

200

300

400

Temperatura(°C)

0

10

20

30

40

Fonte: Leda Ísola e Vera Caldini. Atlas geográfico Saraiva.

III.  A leitura do próximo gráfico é simples: ao longo de três décadas, observa-se que houve um aumento na oferta de energia proveniente das usi-nas hidrelétricas (linha roxa); as ofertas de energia pro venientes do gás natural  e da  cana-de-açúcar manti veram-se  estáveis,  e  a  do  petróleo  (linha verde)  foi  a  que mais  oscilou. No estudo da his-tória e da geografia, poderemos  inferir as causas dessa variação.

Petróleo

Gás natural

Hidreletricidade

Cana-de-açúcar

45%

40

35

30

25

20

15

10

5

01970 1980 1990 2000

Brasil: oferta de energia (% por década)

Fonte: Ministério de Minas e Energia. Sinopse Estatística, 2000.

IV.  O  gráfico  abaixo  foi  apresentado  em  uma prova do Enem. Ele compara o número de homicídios por grupo de 100.000 habitantes entre 1995 e 1998 nos EUA, em estados com e sem pena de morte.

Com  base  no  gráfico,  pode-se  afirmar  —  ao contrário do que se poderia esperar — que, no pe-ríodo considerado, os estados com pena de morte apresentaram taxas maiores de homicídios.

Hom

icíd

ios

por 1

00.0

00

1995 1996 1997 1998

40

30

20

10

0

Estados sem pena de morteEstados com pena de morte

EUA: taxa anual de homicídios

Muitas vezes, por motivos diversos, os gráficos são  apresentados  de  forma  que  induzam  a  uma leitu ra equivocada ou distorcida a respeito do fato a ser analisado. Veja este curioso exemplo:

001-022-Enem Sociologia.indd 12 11/07/11 09:10

13

Em um mesmo dia, dois jornais importantes tra-tavam do mesmo assunto, porém com resultados dis-tintos. O jornal Folha de S.Paulo trazia esta manchete: “Estrangeiro vende ações, e Bolsa despenca 3,6%”, em notícia ilustrada com o seguinte gráfico:

Ibov

espa

31.141

30.874

31.317

31.208

31.583

31.856

31.283

30.163

26/9 27/9 28/9 29/9 30/9 3/10 4/10 5/10

O diário recifense Jornal do Commercio estam-pava:  “Crise  política  esfria  e  segue  sem  afetar  a economia”, e a notícia também era acompanhada por um gráfico. Veja a seguir.

Ibov

espa

31.141

30.874 31.317 31.20831.583 31.856

31.283

30.163

26/9 27/9 28/9 29/9 30/9 3/10 4/10 5/10

Compare as manchetes: uma transmite incer-teza; a outra, aparente tranquilidade. Agora, obser-ve os gráficos: o primeiro dá  ideia de “catástrofe iminente”,  com  redução  acentuada  do  indicador econômico considerado (no caso, o Ibovespa, índi-ce da Bolsa de Valores de São Paulo); já o segundo sinaliza estabilidade.

Em primeiro lugar, importa perceber que cada jornal tratou de apoiar sua impressão sobre o ce-nário  econômico  em um gráfico  que  expressasse convenientemente essa impressão.

Os dois usaram os mesmos dados; porém, ao  construírem os gráficos, usaram escalas di-ferentes. Repare que os números de ambos os gráficos  são  exatamente  os  mesmos.  Todavia, com  o  emprego  de  escalas  diferentes,  criaram imagens visualmente fortes, capazes de reforçar seus pontos de vista. 

Os  dois  jornais  estavam  matematicamente corretos  e  usaram  a  linguagem  matemática  para reforçar seu ponto de vista: um, mais alarmante; o outro, mais tranquilizador. 

Ler os mapas para ler o mundoAssim  como  os  gráficos,  os  mapas  também 

não são livres de influências econômicas, geopo-líticas, religiosas etc. Isso pode ser observado pela escolha da projeção cartográfica. 

A projeção de Mercator, por exemplo, distorce a proporção do tamanho dos continentes, mas man-tém correta a forma (contor no). Quanto ao aspecto ideológico, a projeção de Mercator reforça uma visão eurocêntrica — a Europa como o centro do mundo.

Repare o tamanho proporcional da Europa e da América do Norte em relação à América do Sul e à África.  Na  projeção  de  Mercator,  à  medida  que  se afastam da linha do Equador, as massas continentais em  médias  e  altas  latitudes  apresentam  tamanho distorcido, desproporcionalmente maior. 

PROJEÇÃO DE MERCATOR160° 120° 80° 40° 0° 40° 80° 120° 160°

70°

40°

40°

70°

Fonte: Atlas 2000: la France et le monde.Paris: Nathan, 1998.

Já a projeção de Peters não altera as áreas re-lativas, mantendo verdadeiras as proporções entre a área de uma região no mapa e a área correspon-dente na superfície da Terra. 

A  projeção  de  Peters  distorce  a  forma  dos continen tes,  alongando-os  no  sentido  norte-sul, mas  mantém  corretas  as  proporções  entre  suas áreas.  Não  por  acaso,  essa  projeção  é  cha mada de  “mapa para  um mundo  solidário”,  pois  é  vis-ta como uma representação que valoriza os países subdesenvolvidos e tenta eliminar a visão de su-

001-022-Enem Sociologia.indd 13 11/07/11 09:10

14

perioridade dos países do hemisfério norte sobre os países do hemisfério sul.

PROJEÇÃO DE PETERS160° 120° 80° 40° 40° 80° 120° 160°

60°

40°

20°

20°

40°

60°

Fonte: Atlas 2000: la France et le monde.Paris: Nathan, 1998.

Na  projeção azimutal,  a  superfície  ter-restre  é  projetada  sobre  um  plano  a  partir  de deter minada região. O ponto escolhido é proje-tado sempre no centro do mapa e, consequen-temente, os meridianos são vistos como linhas divergentes,  partindo  do  centro  do  mapa,  en-quanto os paralelos são apresentados como cír-culos  concêntricos  (com  o  centro  no  ponto  de onde parte a projeção). Essa projeção tem forte caráter ideológico e transmite uma ideia: deter-minado ponto é “o centro do planeta”. Eviden-temente, a escolha do ponto do qual parte essa projeção  tem efeito marcante no aspecto  final do mapa. Compare os exemplos a seguir:

PROJEÇÃO AZIMUTAL CENTRADA NO BRASIL

Meridia

no d

e Gre

enwi

ch

Tróp

ico de

Capricórnio

Equa

dor

Trópico de Câncer

AMÉRICADO

NORTE

AMÉRICADO SUL

Washington

ÁSIA ORIENTAL

Tóquio

EUROPABruxelas

OCEANOPACÍFICO

OCEANO ÍNDICO

OCEANOATLÂNTICO

CARIBE

ÁFRICA

POLO MAGNÉTICODO NORTE

PROJEÇÃO AZIMUTAL CENTRADA NO POLO NORTE

PROJEÇÃO AZIMUTAL CENTRADA NO BRASIL

Meridia

no d

e Gre

enwi

ch

Tróp

ico de

Capricórnio

Equa

dor

Trópico de Câncer

AMÉRICADO

NORTE

AMÉRICADO SUL

Washington

ÁSIA ORIENTAL

Tóquio

EUROPABruxelas

OCEANOPACÍFICO

OCEANO ÍNDICO

OCEANOATLÂNTICO

CARIBE

ÁFRICA

POLO MAGNÉTICODO NORTE

PROJEÇÃO AZIMUTAL CENTRADA NO POLO NORTE

Fonte: Atlas 2000: la France et le monde.Paris: Nathan, 1998.

Um  tipo  de  mapa  que  merece  destaque  é  a anamorfose  (ou  cartograma).  Trata-se  de  uma representação  cartográfica  em  que  as  áreas  de logradouros  (municípios,  estados,  países  ou  con-tinentes)  sofrem  deformações  matematicamente calculadas, tornando-se diretamente proporcionais a determinado parâmetro que se está consideran-do. Por exemplo, numa anamorfose, a área de cer-ta região au menta ou diminui proporcionalmente à sua população, ao produto interno bruto (PIB), ao consumo de petróleo etc. Veja alguns exemplos.

No  mapa  1,  a  área  dos  países  corresponde exatamente à superfície real de cada um.

1

001-022-Enem Sociologia.indd 14 11/07/11 09:10

15

No mapa 2, a área dos países corresponde à taxa de acesso à internet em 2008.

Repare no efeito obtido. Os Estados Unidos “en-gordam” bastante, ao passo que o Brasil “emagrece”. Isso significa que o Brasil possui, proporcionalmente, menos usuários da internet que os Estados Unidos.

2

Na anamorfose 3, o parâmetro considerado é a ocorrência de mortes violentas por 100 mil habitantes.

3

A Colômbia fica “enorme”, assim como alguns países da América Central. O México adquire quase o mesmo “tamanho” que os Estados Unidos, indi-cando maior  taxa proporcional de mortes violen-tas. O Canadá, por sua vez, quase “desaparece”.

A linguagem publicitáriaPeça essencial  em uma  sociedade de  consu-

mo, a publicidade não pode estar ausente nas dis-ciplinas de linguagens, códigos e suas tecnologias. Fazendo uso da função apelativa (ou conativa) por excelência, a linguagem publicitária mantém cons-tante diálogo com seu  interlocutor, que podemos chamar de leitor/consumidor.

Nas propagandas, os textos verbais e não ver-bais  estão  juntos,  formando  uma  poderosa  arma de sedução. Sob suas  imagens e palavras, escon-dem-se informações importantes, que só é possí-vel  “enxergar”  com a experiência da  leitura e os conhecimentos adquiridos.

O objetivo das peças publicitárias é vender: um perfume, uma joia, um carro, uma ideia. E, para isso, são usados recursos de toda sorte, dos mais simples aos mais sofisticados, sempre em função do público--alvo. Valem os sentidos denotativo e conotativo, a ambiguidade, as figuras e os vícios de linguagem, as variações  linguísticas, a  ironia, o humor, a emoção. Tudo para que surta o efeito desejado.

Dessa forma, os textos publicitários tornam-se, ao mesmo tempo, objetos e ferramentas de estudo, que  mobilizam,  na  sua  compreensão,  conheci-mentos acadêmicos e de mundo.

Na esteira de fantasias e desejosFantasias, sonhos e desejos são munições nas 

mãos da propaganda. E ela os usa com maestria. Observe a peça publicitária a seguir.

VOCÊ PODE SER O QUE QUISER

use o boticárioe ponha o lobo mauna coleira.

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Ela fez parte de uma série de peças que usam alguns  contos  de  fadas  como  mote.  Eis  aí  a  in-tertextualidade, o diálogo com outro(s)  texto(s). Nesse  caso,  o  conto é  “Chapeuzinho Vermelho”, identificado não  só pela  roupa da modelo  como também pela expressão “lobo mau”.

A propaganda procura persuadir sua leitora/con-sumidora, já que é dirigida à mulher, a usar os pro-dutos da marca em questão. Assim, ela terá poder sobre o homem, considerado aí como “lobo mau”.

Além da intertextualidade, observam-se tam-bém os contrastes: enquanto a mulher é conside-rada princesa (remissão aos contos de fadas), o ho-mem é o vilão; ao mesmo tempo que a mulher é caracterizada com delicadeza (e beleza), ela é, por isso mesmo (e por usar os produtos anunciados), forte,  dominadora,  passando  a  ter  poderes  sobre o homem.

Pretende-se que, seduzida pela fantasia, a lei-tora/consumidora ceda aos apelos da propaganda.

Persuadir para mobilizar

O objetivo, explícito, dessa propaganda é a preservação da natureza. Nessa peça publicitária, os ele-mentos visuais são recursos importantes na persuasão: o tronco de uma árvore revela um nó da madeira que assume a forma de um olho,  imagem que corrobora a frase principal (“Eu vi os troncos que você serrou.”). Assim, a própria natureza é testemunha da destruição provocada pelo ser humano. Ela, porém, nada pode fazer.

Os textos verbal e não verbal provocam um desconforto no leitor, fazendo-o sentir-se responsável tanto pela destruição como pela solução que deve ser dada ao problema, já que ele é parte da socieda-de e parte interessada. O objetivo da propaganda é atingido, na medida em que esse mal-estar possa provocar uma reação positiva do leitor na preservação da natureza.

Para mudar comportamentosExistem também as peças publicitárias cujo produto a ser vendido/adquirido são ideias, as quais nor-

malmente induzem a uma mudança (positiva) de comportamento e de costumes. Acompanhe a análise das propagandas que seguem.

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2.823 mortos.824 milhões de subnutridos no mundo.

O mundo se uniu contra o terrorismo. Devia fazer o mesmo contra a fome.

2.823 mortos. 630 milhões de miseráveis no mundo.

O mundo se uniu contra o terrorismo. Devia fazer o mesmo contra a pobreza.

2.823 mortos. 36 milhões de infectados no mundo.

O mundo se uniu contra o terrorismo. Devia fazer o mesmo contra a aids.

A peça publicitária anterior procura persuadir o  leitor  a  usar  o  código  da  empresa  de  telefo-nia, nas suas ligações durante determinado mês. Depreende-se que o custo das ligações (ou parte dele)  será  doado  a  uma  entidade  que  cuida  de crianças com câncer.

Reforçando o apelo, estão dois “orelhões” repre-sentando as “asas” do “anjo” que vai fazer as liga-

ções e, consequentemente, as doações. Dessa forma, a propaganda induz o público-alvo à prática de uma “boa ação”. 

A próxima peça remonta ao trágico 11 de setem-bro, em Nova York, e compara o número de mortes causadas pelos ataques terroristas às torres gêmeas a outros números de três grandes mazelas da huma-nidade, que também são uma tragédia.

2.823 mortos.824 milhões de subnutridos no mundo.

O mundo se uniu contra o terrorismo. Devia fazer o mesmo contra a fome.

2.823 mortos. 630 milhões de miseráveis no mundo.

O mundo se uniu contra o terrorismo. Devia fazer o mesmo contra a pobreza.

2.823 mortos. 36 milhões de infectados no mundo.

O mundo se uniu contra o terrorismo. Devia fazer o mesmo contra a aids.

2.823 mortos.824 milhões de subnutridos no mundo.

O mundo se uniu contra o terrorismo. Devia fazer o mesmo contra a fome.

2.823 mortos. 630 milhões de miseráveis no mundo.

O mundo se uniu contra o terrorismo. Devia fazer o mesmo contra a pobreza.

2.823 mortos. 36 milhões de infectados no mundo.

O mundo se uniu contra o terrorismo. Devia fazer o mesmo contra a aids.

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Nesse  caso,  a união de  imagens, palavras e números  tem apelo e efeito  contundentes  junto ao público que deseja  atingir.  Suscita  a  reflexão profunda e “cobra” uma ação do leitor: da mesma forma que o mundo se uniu contra o terrorismo, deve  se unir  contra a  fome, a pobreza e a aids, que, juntas, são tragédias que, anualmente, ma-

tam  muito  mais  que  os  2.823  mortos  no  11  de setembro.

Nos dois casos, o produto é a “ideia” de uma mudança de comportamento em sociedade, dei-xando o  individualismo de  lado para pensar no coletivo, em algo muito maior que a nossa pró-pria vida. 

Persuadir pela emoção

Ele ainda não era nascido

Quando uma portuguesa colocou frutas na cabeça evirou a brasileira mais famosa do mundo.

Quando Picasso transformou aguerra em Guernica num símbolo de paz.

Quando os Beatles não foram a um programa de TV emandaram uma gravação, criando o videoclipe.

Quando Mary Quant inventou a minissaia edeu coragem para as mulheres queimarem o soutien.

Quando Shakespeare introduziu humornas tragédias e temas sérios nas comédias.

Quando um brasileiro muito criativo inventoua porta de correr, o relógio de pulso e o avião.

Quando o negro Jesse Owens ganhouquatro medalhas de ouro e derrotou toda uma nação ariana.

Quando Elvis trocou seu violão por um fuzil e submeteu a rebeldia do rock ao establishment.

Quando a Semana de Arte Moderna aproximou oartista do povo e transformou o público em obra de arte.

Quando Leonardo da Vinci projetou o helicópteroquatro séculos antes de ele ser construído.

Quando a seleção brasileira ganhou o tri no México equem mais comemorou foi o regime militar.

Quando um garoto que fez apenas o primeiro grau,chamado Machado de Assis, se tornou referência obrigatóriapara todo vestibulando.

Quem vai explicar: você ou a vida?

GNT: informação que forma opinião.

Quando uma portuguesa colocou frutas na cabeça evirou a brasileira mais famosa do mundo.

Quando Picasso transformou aguerra em Guernica num símbolo de paz.

Quando os Beatles não foram a um programa de TV emandaram uma gravação, criando o videoclipe.

Quando Mary Quant inventou a minissaia edeu coragem para as mulheres queimarem o soutien.

Quando Shakespeare introduziu humornas tragédias e temas sérios nas comédias.

Quando um brasileiro muito criativo inventoua porta de correr, o relógio de pulso e o avião.

Quando o negro Jesse Owens ganhouquatro medalhas de ouro e derrotou toda uma nação ariana.

Quando Elvis trocou seu violão por um fuzil e submeteu a rebeldia do rock ao establishment.

Quando a Semana de Arte Moderna aproximou oartista do povo e transformou o público em obra de arte.

Quando Leonardo da Vinci projetou o helicópteroquatro séculos antes de ele ser construído.

Quando a seleção brasileira ganhou o tri no México equem mais comemorou foi o regime militar.

Quando um garoto que fez apenas o primeiro grau,chamado Machado de Assis, se tornou referência obrigatóriapara todo vestibulando.

Quem vai explicar: você ou a vida?

informação que forma opinião.

Ele ainda não era nascido

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Esse tipo de propaganda tem um forte apelo emocional — e consequentemente persuasivo: a imagem da grávida em destaque, que por si só chama a atenção e comove, carrega no ventre o filho (“que ainda não era nascido”) de que fala o texto, que objetivamente pergunta (aos pais): “Quem vai explicar” todos esses acontecimentos e  suas  decorrências  na  sociedade:  “você  ou  a vida?”.  A  pergunta  retórica  tem  resposta:  a  as-sinatura  de  um  canal  de  TV  vai  ajudar  os  pais na educação do filho, explicando todos os  fatos apresentados e muito mais.

Interagindo com a publicidadeNa era da interatividade, a propaganda não 

podia faltar. Não basta persuadir o leitor/consu-midor, é necessário fazê-lo  interagir com o pro-duto, na tentativa de tornar tudo o mais concreto possível.

É  o  que  ocorre  com  a  publicidade  a  seguir. Observe.

A  peça  publicitária,  afixada  num  ponto  de ônibus,  portanto  visível  a  muitos  transeuntes  e usuários do transporte coletivo, lança mão de um recurso “agressivo”, fazendo com que o (possível) consumidor  interaja com o produto, que se apre-senta como passaporte para a “cor desejada”. De acordo com o FPS (fator de proteção solar), é possí-vel saber, na hora, como vai ficar a pele depois de usar o bronzeador ou protetor solar. Ao final, o con-sumidor sente-se confortável, como se já estivesse recebendo os benefícios do produto.

Assim é a publicidade. Quanto mais poderosa ela  for, maior  será a  sua  responsabilidade com o consumidor.  Ela  pode  vender  fantasias,  mas  não mentiras; ela pode induzir, mas não enganar. Uma leitura atenta que se faça dos textos publicitários é sempre um bom caminho para compreendê-los na sua totalidade, incluindo as informações implícitas.

Essa experiência de leitura deve ser adquirida e reforçada no ambiente propício que é a sala de aula, por meio de discussões e  troca de conheci-mentos, uma vez que as diversas áreas do saber permeiam os textos publicitários.

Tiras e charges: aprendendo por meio da arte

Desde a década de 1990, é notória a presen-ça  de  textos  não  verbais,  especialmente  as  tiras (tirinhas ou quadrinhos) e charges, nas provas de vestibulares  e  nos  textos  didáticos.  Inicialmente usados em  língua portuguesa, disciplina que, por excelência,  trata  das  mais  variadas  linguagens, paulatinamente  foram  fazendo parte de  todas as outras,  já  que,  à  parte  da  linguagem,  os  temas abordados são os mais variados.

A linguagem concisa — aliada ao visual — esti-mula a leitura e desperta a curiosidade, sobretudo porque, quase sempre, estão presentes o humor e a ironia.

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O mundo das tiras é ilimitado; nele tudo cabe. A personificação de diversos seres dá, muitas ve-zes, o  toque de humor ou  ironia. A história  ilus-trada aguça a visão, despertando para diferentes estéticas,  desde  o  desenho  de  traços  mais  tra-dicionais até os mais  inusitados. As  tiras podem abordar tanto os temas atuais quanto os atempo-rais. Assim, todas as disciplinas podem tirar pro-veito desse tipo de texto.

Nas áreas das ciências, comumente se usam esquemas e fórmulas para facilitar a abordagem, a explicação e a apreensão de determinados as-

suntos.  Isso  pode  ser  feito  de  uma  forma  mais descontraída e bem-humorada — como por meio das tiras —, tornando o estudo mais lúdico e pro-dutivo, transformando-se numa grande ferramenta pedagógica.

Na tira a seguir, por exemplo, pode-se discutir não somente a clonagem, assunto ainda tão con-troverso, tão polêmico, mas também a mecaniza-ção, que, em algumas atividades, vem substituindo a mão de obra, gerando graves problemas sociais. Assuntos áridos podem ter uma forma atraente e dinâmica de serem tratados.

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Muitas cartilhas são feitas por meio dos qua-drinhos,  para  falar  sobre  assuntos  polêmicos  e importantes,  como  aids,  dengue,  drogas,  desma-tamento, desperdício de água e energia, poluição etc. Com outros meios, dificilmente atingiriam sen-sivelmente tantas pessoas.

Já a charge, texto que possui características pe-culiares, exige um pouco mais de quem a lê: trata de um assunto atual e pontual, normalmente  relacio-nado à política ou à economia. As personagens são caricaturizadas; sua linguagem é informal, bastante concisa e adequada à personagem e ao contexto. 

A charge reaviva a memória e a história. Como seu “prazo de validade” é curto, exige do  leitor um acompanhamento dos fatos: o que aconteceu, onde, como, quando e quem está envolvido. Quem estiver desprovido dessas informações, dificilmente entende-rá a charge, seja no que ela tem de explícito, seja no que tem de implícito. Um leitor de 18 anos, hoje, difi-cilmente conseguirá ler corretamente uma charge de 20 anos atrás, não somente pela distância no tempo, 

como também pelo provável desconhecimento dos fatos nela contidos.

Observe a charge abaixo.

Para compreendê-la, é necessário saber o que é “B4” ou a que ele se refere. O número ao lado da letra B indica a porcentagem de mistura de biodie-

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sel ao diesel vendido nos postos de combustíveis. Enquanto o óleo diesel é um combustível deriva-do  do  petróleo,  o  biodiesel  é  produzido  a  partir de  plantas  oleaginosas,  como  girassol,  mamona, amendoim e algodão. Sua mistura ao diesel  ten-de a baratear o preço deste combustível, além de reduzir seu impacto ambiental. O código B4 indica mistura  de  4%  de  biodiesel  ao  diesel  original.  A legislação brasileira determina aumento gradativo da  proporção  de  biodiesel  na  mistura,  iniciando com B2, em 2008, e chegando a B5, em 2013. Isso requer  incremento  significativo  na  produção  de 

biodiesel, razão do incômodo provocado (as “con-trações” da charge). 

Outras duas características inerentes à charge são a ironia e a intertextualidade. A ironia, muitas vezes não percebida pelo leitor, subverte a lógica vigente — razão de seu caráter combativo —,  le-vando-o à reflexão; a intertextualidade, sobretudo a interdisciplinaridade, uma das exigências na edu-cação básica brasileira, passa a ser o start necessá-rio ao aluno para  lançar mão dos  conhecimentos (acadêmicos ou não) adquiridos.

Os eixos cognitivosO Enem está estruturado em cinco grandes eixos

cognitivos, os mesmos para as quatro áreas do co-nhecimento. Até a edição de 2008, esses eixos cogni-tivos compunham as cinco competências gerais. 

Afinal, o que são essas “competências”?

Imagine a seguinte situação: você está dirigin-do um automóvel,  à  noite,  por  uma estrada que une duas cidades. De repente, os faróis se apagam. Você se encontra em uma autêntica situação-pro-blema. Como resolvê-la, contando apenas com os recursos disponíveis?

Em primeiro lugar, você analisa a situação, res-pondendo a algumas questões, e a primeira delas deve ser: por que os faróis se apagaram?

Você  levanta  algumas  hipóteses,  que  serão confirmadas ou refutadas. Será que a bateria está sem carga? Não, pois você verifica que outros equi-pamentos elétricos, como a buzina e o rádio, estão funcionando  normalmente.  Será  que  a  lâmpada está queimada? Essa hipótese também não pare-ce  boa,  pois  os  dois  faróis  apagaram-se  simulta-neamente.  Nesse  momento,  você  percebe  que  a causa do problema pode ser um fusível queimado. Olhando os fusíveis, você constata que, de fato, um deles está com o filamento metálico interrompido, o que ocorre em situação de sobrecarga elétrica.

Com o  diagnóstico  feito,  como  resolver  o  pro-blema?  Você  não  traz  consigo  fusíveis  de  reserva, mas encontra um clipe de metal, desses usados para prender papéis. Desfazendo as dobras do clipe, você o transforma em um “fio” improvisado, coloca-o no 

lugar do fusível queimado e — eureca! — os faróis voltam a funcionar.

Atenção!

Improvisar  também é arriscado. Aliás,  sem  ter verificado a razão da sobrecarga que fez queimar o fusível, não se pode excluir a possibilidade de que o “quebra-galho” feito com o clipe de metal acabe por provocar um curto-circuito.

Para resolver a situação-problema apresentada, você precisou usar conhecimentos científicos com os quais entrou em contato durante sua vida escolar, sendo o mais relevante a informação de que metais são bons condutores de eletricidade.

O  que  estava  em  jogo  não  eram  apenas conhecimentos,  mas  determinadas  compe-tências, por meio das quais você conseguiu es-tabelecer  relações  entre  situações,  fatos,  infor-mações, pessoas etc.

Chama-se competência a capacidade de agir eficazmente  em  determinado  tipo  de  situação, apoiada em conhecimentos, mas sem se limitar a eles. Veja que  foi  fundamental  saber que “metal conduz  eletricidade”  (esse  é  um  conhecimento), mas só o domínio dessa informação não seria su-ficiente. Você empregou uma certa competência e fez  a  correlação  que  o  tornou  capaz  de  agir  efi-cazmente nessa situação, apoiado em um conheci-mento, mas sem se limitar a ele. As competências não são, em si, conhecimentos, mas são elas que mobilizam, utilizam e integram os conhecimentos.

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A matriz do EnemA matriz do Enem estrutura-se sobre os cinco 

eixos cognitivos, em associação com as competên-cias de área, específicas de cada uma das áreas do conhecimento que compõem o exame (linguagens e códigos, ciências da natureza, ciências humanas e matemática). O cruzamento entre os eixos cog-nitivos  e  as  competências  de  área  define  as  ha-bilidades  a  serem  avaliadas,  que  decorrem  das competências  adquiridas  e  referem-se  ao  plano imediato do “saber fazer”. 

Esse cruzamento origina uma matriz de refe-rência, como mostra o esquema abaixo.

EIXOS COGNITIVOS(OU COMPETÊNCIAS GERAIS)

Competências de área

1

2

...

...

I

H1

II

H2

III

...

IV V

...

Além disso, o documento oficial do Enem incor-pora um conjunto de conteúdos das diferentes áreas do conhecimento,  com o objetivo de atuar  sobre o currículo do ensino médio. Assim, o Enem exige os mesmos  conteúdos dos vestibulares, mas o  forma-to da prova é diferente. Os estudantes precisam usar mais a capacidade de raciocínio e compreensão do que a memorização. Estes são os cinco eixos cogniti-vos sobre os quais se estrutura o Enem: 

I. Dominar a norma culta da língua portu-guesa e fazer uso das linguagens ma-temática, artística e científica.  O  Enem pretende  verificar  se  o  aluno  é  capaz  de compreender  as  múltiplas  linguagens  que escrevem a realidade, se é capaz de decifrar os  diversos  códigos  verbais  e  não  verbais, gerando significado a partir deles. 

II. Construir e aplicar conceitos das várias áreas do conhecimento para a compreen-são de fenômenos naturais, de processos histórico-geográficos, da produção tec-nológica e das manifestações artísticas. A avaliação desse eixo cognitivo procura aferir o conhecimento nas diferentes áreas do sa-ber.  É  avaliada  a  capacidade de empregar os  conceitos  já aprendidos e a  capacidade 

de  inter-relacioná-los.  É  importante  desta-car,  porém,  que  não  basta  ter  “decorado” fórmulas,  resumos  e  esquemas.  É  preciso conseguir  aplicá-los  para  interpretar  corre-tamente situações concretas.

III. Selecionar, organizar, relacionar, inter-pretar dados e informações represen-tadas de diferentes formas, para tomar decisões e enfrentar situações-proble-ma. O aluno é avaliado por sua capacidade de resolver problemas, aplicando conheci-mentos adquiridos na escola, mas sem se limitar a eles, pois assim é na vida prática. O Enem procura perceber se o aluno con-segue abrir a caixa de “ferramentas  inte-lectuais” adquiridas durante a vida escolar, escolher  a  ferramenta  mais  apropriada  e usá-la adequadamente.

IV. Relacionar informações, representadas em diferentes formas, e conhecimen-tos disponíveis em situa ções concretas, para construir argumentação consisten-te. A prova do Enem avalia a capacidade de argumentação, isto é, se diante de de-terminado  assunto  o  aluno  assume  uma posição  e  a  defende,  usando  para  isso argumentos consistentes. Não se trata de “adivinhar” o que o examinador quer, mas de expor opiniões com convicção,  funda-mentação e coerência.

V. Recorrer aos conhecimentos desenvolvi-dos na escola para a elaboração de pro-postas de intervenção solidária na reali-dade, respeitando os valores humanos e considerando a diversidade sociocultural.  Verifica a competência para analisar proble-mas  concretos,  opinar  sobre  eles  e  propor soluções,  exercendo  a  cidadania  em  pleni-tude. Nesse eixo cognitivo, incluem-se ações que visam à proteção dos recursos naturais, à preservação dos valores democráticos,  às estratégias de combate às desigualdades e a todas as formas de preconceito e de racismo, como atenuar os efeitos perversos da globa-lização da economia, como lutar pela melho-ria das condições de vida, saúde e educação da  população  e  muitos  outros  aspectos  da vida em comunidade.

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•   Ciências humanas e suas tecnologias

Se a Terra tem aproximadamente 4,6 bilhões de anos, pode-se afirmar que a existência das sociedades humanas corresponde a uma minús-cula fração do tempo de vida do planeta. A na-tureza preexistiu ao homem; no entanto, foi ele quem lhe deu sentido. É a partir de sua presença que o mundo adquire significado. Dessa forma, todo conhecimento é próprio do homem; toda ciência não deixa de ser… humana!

Todavia, o que concebemos como “ciências humanas” envolve o conjunto de disciplinas que estuda as relações sociais no tempo e no espaço. A ética, a cultura, a política e a economia, por exem-plo, são produtos das relações que os homens esta-belecem na vida em sociedade e sobre as quais se construíram conhecimentos específicos.

Além de reproduzir informações, dominar clas-sificações ou decodificar símbolos, o que se deve aprender? No mundo atual — de transformações tão aceleradas e de contradições tão profundas — deve-se “aprender a aprender”, e o estudo das hu-manidades nos capacita a isso.

Cada vez mais, “conhecer” significa saber in-formar-se, comunicar-se, argumentar, compreender e agir, enfrentando problemas da realidade, partici-pando politicamente, de forma solidária, elaborando críticas ou propostas para a vida em sociedade.

Aprender história, por exemplo, não significa to-mar conhecimento dos fatos do passado, mas enten-der o processo histórico como possibilidade de mu-dança e transformação. Como diria o educador Paulo Freire, “o mundo não é; o mundo está sendo”.

O cidadão consciente da história e da sociedade não só constata o que ocorre, mas interfere nessas ocorrências. Não somos apenas objeto da história; acima de tudo, somos sujeitos da história.

O encurtamento das distâncias — associado à expansão dos meios de transporte de pessoas, de mercadorias e de informações — permite apro-ximações capazes de romper barreiras culturais e

aproximar mundos diferentes. Essa nova concep-ção de espaço influencia os modos de agir e de pensar de toda a humanidade.

A geografia também ganhou um novo olhar, ao incorporar nos espaços vividos e percebidos uma nova dimensão — o espaço virtual, no qual a com-pressão do tempo-espaço ocorre de forma radical, influenciando a maneira como representamos o mundo para nós mesmos, um mundo que passa por transformações que afetam a vida da comunidade planetária em suas mais diferentes escalas.

As questões ambientais rompem fronteiras, e as mudanças climáticas afetam a todos, indiscrimi-nadamente. Conhecer a dinâmica da Terra torna-se fundamental para se agir de forma consciente e so-lidária, em busca de soluções coletivas que visem à preservação do planeta e à inclusão de todos.

Como participantes — e não como meros ob-servadores — da vida social, no tempo e no espaço, devemos compreender as ciências humanas como ciências interpretativas. O conhecimento sobre o homem tem intenções políticas, econômicas, am-bientais e morais; a partir dessas intenções, cons-troem-se pontos de vista sobre fenômenos da so-ciedade. Identificar pontos de vista e os interesses que representam em certo contexto é fundamental para compreendermos os discursos que se constroem sobre o mundo.

Enfim, estudamos ciências humanas para entender a realidade em que vivemos, para re-fletir sobre o papel de cada um na vida em so-ciedade e para compreender que somos agen-tes de mudança do mundo.

As questões do Enem procuram avaliar a ca-pacidade de compreensão dos fenômenos geográ-ficos, históricos, econômicos e sociológicos, bem como permitir a reflexão sobre eles. O domínio de informações sobre os temas abordados é necessá-rio, mas é o raciocínio crítico sobre esses conceitos e informações que faz toda a diferença.

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Ciências humanas e seus objetos do conhecimento

·· Diversidade·cultural,·conflitos·e·vida·em·so-ciedade. Cultura material e imaterial; patri-mônio e diversidade cultural no Brasil. A con-quista da América. Conflitos entre europeus e indígenas na América colonial. A escravidão e formas de resistência indígena e africana na América. História cultural dos povos africanos. A luta dos negros no Brasil e o negro na forma-ção da sociedade brasileira. História dos povos indígenas e a formação sociocultural brasileira. Movimentos culturais no mundo ocidental e seus impactos na vida política e social.

·· Formas· de· organização· social,· movimentos·sociais,·pensamento·político·e·ação·do·Esta-do.·Cidadania e democracia na Antiguidade; Es-tado e direitos do cidadão a partir da Idade Mo-derna; democracia direta, indireta e represen- tativa. Revoluções sociais e políticas na Europa moderna. Formação territorial brasileira; as regi-ões brasileiras; políticas de reordenamento terri-torial. As lutas pela conquista da independência política das colônias da América. Grupos sociais em conflito no Brasil imperial e a construção da nação. O desenvolvimento do pensamento libe-ral na sociedade capitalista e seus críticos nos séculos XIX e XX. Políticas de colonização, migra-ção, imigração e emigração no Brasil nos séculos XIX e XX. A atuação dos grupos sociais e os gran-des processos revolucionários do século XX: Re-volução Bolchevique, Revolução Chinesa, Revo-lução Cubana. Geopolítica e conflitos entre os séculos XIX e XX: imperialismo, a ocupação da Ásia e da África, as Guerras Mundiais e a Guerra Fria. Os sistemas totalitários na Europa do século XX: nazifascismo, franquismo, salazarismo e sta-linismo. Ditaduras políticas na América Latina: Estado Novo no Brasil e ditaduras na América. Conflitos político-culturais pós-Guerra Fria, reor-ganização política internacional e os organismos multilaterais nos séculos XX e XXI. A luta pela conquista de direitos pelos cidadãos: direitos ci-vis, humanos, políticos e sociais. Direitos sociais nas Constituições brasileiras. Políticas afirmati-vas. Vida urbana: redes e hierarquia nas cidades, pobreza e segregação espacial.

·· Características·e·transformações·das·estrutu-ras·produtivas. Diferentes formas de organiza-ção da produção: escravismo antigo, feudalismo, capitalismo, socialismo e suas diferentes expe-riências. Economia agroexportadora brasileira: complexo açucareiro; a mineração no período colonial; a economia cafeeira; a borracha na Amazônia. Revolução Industrial: criação do siste-ma de fábrica na Europa e transformações no processo de produção. Formação do espaço ur-bano-industrial. Transformações na estrutura produtiva no século XX: o fordismo, o toyotismo, as novas técnicas de produção e seus impactos. A industrialização brasileira, a urbanização e as transformações sociais e trabalhistas. A globali-zação e as novas tecnologias de telecomunica-ção e suas consequências econômicas, políticas e sociais. Produção e transformação dos espaços agrários. Modernização da agricultura e estrutu-ras agrárias tradicionais. O agronegócio, a agri-cultura familiar, os assalariados do campo e as lutas sociais no campo. A relação campo-cidade.

·· Os·domínios·naturais·e·a·relação·do·ser·hu-mano·com·o·ambiente. Relação homem-natu-reza, a apropriação dos recursos naturais pelas sociedades ao longo do tempo. Impacto am-biental das atividades econômicas no Brasil. Re-cursos minerais e energéticos: exploração e im-pactos. Recursos hídricos; bacias hidrográficas e seus aproveitamentos. As questões ambientais contemporâneas: mudança climática, ilhas de calor, efeito estufa, chuva ácida, a destruição da camada de ozônio. A nova ordem ambiental in-ternacional; políticas territoriais ambientais; uso e conservação dos recursos naturais, unidades de conservação, corredores ecológicos, zonea-mento ecológico e econômico. Origem e evolu-ção do conceito de sustentabilidade. Estrutura interna da Terra. Estruturas do solo e do relevo; agentes internos e externos modeladores do relevo. Situação geral da atmosfera e classifica-ção climática. As características climáticas do território brasileiro. Os grandes domínios da ve-getação no Brasil e no mundo.

·· Representação·espacial.·Projeções cartográ-ficas; leitura de mapas temáticos, físicos e po-líticos; tecnologias modernas aplicadas à car-tografia.

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As questões que compõem este caderno foram elaboradas com o objetivo de associar as competências cognitivas da área de Ciên-cias Humanas aos componentes curriculares específicos da disciplina Sociologia. Em cada questão estão indicadas as competências (C) e habilidades (H) correspondentes. Consultando o quadro a seguir, você poderá identificá-las.

Os eixos de competências e habilidades apresentados constam do Referencial curricular para as escolas estaduais, publicado em 2009 pela Secretaria de Estado da Educação do Rio Grande do Sul. Na Matriz do Enem — 2009 não há um quadro com a especificação desses eixos para a disciplina Sociologia.

Eixos de competências e habilidades1

Eixos de competências; competências e ênfases analíticas2

A — EIXO DE COMPETÊNCIA

REPRESENTAÇÃO E COMUNICAÇÃO

Entender a importância da Sociologia como ciência e suas tecnologias de pesquisa, infor-mação e comunicação para o conhecimento de problemas sociais, bem como equacionar possíveis soluções para eles.

Competências

O eixo representação e comunicação aponta para as seguintes competências:

• A. 1. Identificar, analisar e comparar os diferentes discursos sobre a realidade expressos nas explicações da Sociologia, amparadas nos vários paradigmas teóricos, e as explicações do senso comum.

• A. 2. Identificar, a partir das observações e reflexões realizadas, as fontes dos diferentes discursos sobre as realidades sociais.

Ênfases Analíticas

As Questões Teóricas e Metodológicas em Sociologia

O embate do conhecimento científico versus conhecimento vulgar (ou senso comum).

As questões relativas aos métodos e técnicas de pesquisa e de investigação social.

Habilidades3

— A. 1. Identificar em diferentes fontes os elementos que compõem o sistema societário e seus processos de permanência e transformação.

— A. 1. Identificar e comparar semelhanças e diferenças entre representações sociais acerca de situações ou fatos de natureza social, reconhecendo os pressupostos de cada interpre-tação e analisando a validade dos argumentos utilizados.

— A. 1. Identificar e comparar pontos de vista científicos e do senso comum acerca de as-pectos culturais selecionados, expressos em diferentes fontes e registros.

— A. 2. Identificar e analisar as raízes socioculturais dos preconceitos (étnico-raciais, de gênero, sexualidade e de idade) e avaliar as propostas formuladas para combatê-los.

Atividades

1 Elaboração a partir das Orientações Educacionais Complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais (MEC/PCN+EM, 2002) e da Matriz de Competências e Habilidades de Ciências Huma-nas e suas Tecnologias do ENCCEJA (INEP, 2002). A articulação entre as competências e as habilidades está indicada pela classificação alfabética e numérica. Por exemplo, a Competência A. 1. relaciona-se às Habilidades A. 1.2 A especificação dos Eixos de Competências, das Competências e das Ênfases Analíticas para a Sociologia fundamenta-se no documento MEC/PCN+EM (2002).3 A especificação das Habilidades tem por referência a Matriz de Competências e Habilidades de Ciências Humanas e suas Tecnologias do ENCCEJA (INEP, 2002), assumida pelo Referencial Curricular da Área de Ciências Humanas e suas Tecnologias do estado do Rio Grande do Sul (SEC/RS, 2009).

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— A. 2. Identificar os instrumentos para ordenar, analisar e explicar os processos e eventos sociais, relacionando-os a fatores históricos, geográficos, econômicos, políticos e culturais.

— A. 2. Identificar e correlacionar com seus contextos de formulação fontes documentais de naturezas diversas e textos analítico-interpretativos sobre diferentes processos sociais, interpretando seus significados.

Eixos de competências; competências e ênfases analíticas

B — EIXO DE COMPETÊNCIA

INVESTIGAÇÃO E COMPREENSÃO

1. Compreender os elementos cognitivos, afetivos, sociais e culturais que constituem a iden-tidade própria e a dos outros.

2. Compreender a sociedade, sua gênese e transformação, bem como os múltiplos fatores que nela intervêm, como produtos da ação humana; a si mesmo como agente social; e os proces-sos sociais como orientadores da dinâmica dos diferentes grupos de indivíduos.

3. Entender os princípios das tecnologias da Sociologia voltadas ao conhecimento do indi-víduo, da sociedade e da cultura, entre as quais as de planejamento, de organização, de gestão, de trabalho em equipe, empregando-as para a identificação de problemas sociais e suas possíveis soluções.

Competências

O eixo investigação e compreensão aponta para as seguintes competências:

• B. 1. Construir instrumentos para uma melhor compreensão da vida cotidiana, ampliando a “visão de mundo” e o “horizonte de expectativas” nas relações interpessoais com os vários grupos sociais.

• B. 2. Construir uma visão crítica da indústria cultural e dos meios de comunicação de massa, avaliando o papel ideológico do marketing, como estratégia de persuasão dos consumido-res e dos eleitores.

• B. 3. Compreender e valorizar as diferentes manifestações culturais de etnias e segmentos sociais, agindo de modo a preservar, sob a égide da “Cultura da Paz”, o direito à diversida-de, enquanto princípio estético, político e ético que supera conflitos e tensões do mundo atual.

Ênfases Analíticas

Cultura, Diversidade Cultural, Educação, Tolerância e “Cultura da Paz”

Identidade cultural, indústria cultural, mídia e propaganda, educação, alienação e conscien-tização, tolerância, “Cultura da Paz” e a luta contra os preconceitos e o etnocentrismo.

Habilidades

— B. 1. Analisar manifestações culturais significativas do presente, associando-as aos seus contextos socio-históricos.

— B. 2. Analisar, em um mundo globalizado, os efeitos e as interferências das mudanças provocadas pela indústria cultural no cotidiano de diferentes grupos sociais, considerando as permanências e transformações de suas identidades sociais.

— B. 3. Analisar a produção das múltiplas formas de memória social e suas inter-relações com o tempo social.

— B. 3. Valorizar a diversidade do patrimônio social, cultural e artístico, suas manifestações e repre sentações em diferentes espaços sociais.

— B. 3. Identificar e avaliar distintas formas de tratamento e preservação da memória ma-terial e imaterial de grupos sociais, comunidades e sociedades nacionais.

Eixos de competências; competências e ênfases analíticas

C — EIXO DE COMPETÊNCIA

CONTEXTUALIZAÇÃO SOCIOCULTURAL

1. Compreender o desenvolvimento da sociedade como processo de ocupação de espaços fí-sicos e das relações da vida humana com a paisagem, em seus desdobramentos políticos, culturais, econômicos e humanos.

2. Compreender a produção e o papel histórico das instituições sociais, políticas e econômi-cas, associando-as às práticas dos diferentes grupos e atores sociais, aos princípios que regulam a convivência em sociedade, aos direitos e deveres da cidadania, à justiça e à distribuição dos benefícios econômicos.

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3. Traduzir os conhecimentos sobre a pessoa, a sociedade, a economia, as práticas sociais e culturais em condutas de indagação, análise, problematização e protagonismo diante de si-tuações novas, problemas ou questões da vida pessoal, social, política, econômica e cultural.

4. Entender o impacto das tecnologias associadas à Sociologia e às demais Ciências Huma-nas sobre sua vida pessoal, os processos de produção, o desenvolvimento do conheci-mento e a vida social.

5. Compreender, também, a relevância social dessa ciência e de suas tecnologias de pes-quisa, informação e comunicação para o conhecimento e possível solução de problemas sociais.

6. Aplicar as tecnologias da Sociologia e demais Ciências Humanas e Sociais na escola, no trabalho e em outros contextos relevantes para sua vida.

Competências

No eixo contextualização sociocultural, as competências são:

• C. 1. Compreender as transformações no mundo do trabalho e os novos perfis de qualifica-ção exigidos por mudanças nos sistemas de produção.

• C. 2. Construir a identidade social e política de modo a viabilizar o exercício da cidadania ple-na, no contexto do Estado de Direito, atuando para que haja, efetivamente, reciprocidade de direitos e deveres entre o poder público e o cidadão e, também, entre os diferentes grupos.

• C. 3. Compreender o significado histórico-social do Protagonismo Juvenil na Luta por seus Direitos.

Ênfases Analíticas

Trabalho e Cidadania

Desenvolvimento econômico e transformações no mundo do trabalho nas diferentes estru-turas sociais em um mundo globalizado.

Democracia e cidadania: identidade social, participação política e desenvolvimento susten-tável e equitativo.

Jovens e adolescentes hoje: situação social e perspectivas.

Protagonismo de jovens e adolescentes: direitos, deveres e cidadania plena.

Habilidades

— C. 1. Analisar e interpretar os processos de transformação socio-histórica de distintas reali-dades sociais, a partir de conhecimentos sobre a economia e as práticas sociais e culturais.

— C. 1. Analisar e interpretar a mundialização da economia e os processos de interdepen-dência das nações, acentuados pelo desenvolvimento de novas tecnologias.

— C. 1. Identificar as principais características das novas tecnologias e avaliar as modifica-ções que impõem ao mundo do trabalho (desterritorialização da produção industrial e agrícola), às condições socioambientais e às relações sociais cotidianas.

— C. 1. Correlacionar a dinâmica dos fluxos populacionais (migrações internas e internacio-nais) com as formas contemporâneas de organização do espaço sociogeográfico.

— C. 1. Posicionar-se criticamente sobre os processos de transformações sociais, econô-micas, políticas e culturais no contexto societário presente, identificando e comparando referenciais alternativos que visem erradicar formas de exclusão social.

— C. 1. Propor formas de atuação para a conservação do meio ambiente e a promoção de um desen volvimento sustentável e equitativo.

— C. 2. Analisar e interpretar, tendo como referência a concepção de “Ética Universal” da Unesco, o papel dos valores éticos e morais na estruturação política das sociedades.

— C. 2. Analisar e interpretar o papel do Direito (civil e internacional) na estruturação, orga-nização e democratização das sociedades.

— C. 2. Identificar os significados socio-históricos das relações de poder nas sociedades nacionais e entre as nações no contexto do processo de globalização.

— C. 2. Analisar e interpretar o papel social das instituições sociais (sindicatos; partidos políticos; ONGs; igrejas; organismos internacionais, por exemplo), no enfrentamento de problemas de ordem econômico-social.

— C. 2. Identificar a dinâmica da organização dos movimentos sociais e a importância da participação da coletividade na transformação da realidade social.

— C. 2. Analisar e avaliar as conquistas sociais e as transformações democratizantes ocorri-das na le gislação política, civil e social, em diferentes períodos históricos.

— C. 2. Identificar o papel dos diferentes meios de comunicação na formação da opinião pública e avaliar, criticamente, suas possíveis contribuições para o fortalecimento da cidadania e da democracia.

— C. 2. Reconhecer alternativas diferenciadas de intervenção em conflitos sociais e crises institucionais e resolução dos mesmos sob a égide da “Cultura da Paz”, respeitando os valores humanos e a diversidade sociocultural.

— C. 3. Identificar as principais características e perspectivas da situação social do jovem e do adolescente no Brasil hoje e as tendências do protagonismo juvenil na luta por seus direitos.

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  UnidAde 13 

  CA1 • HA2 

  1  A transição da sociedade feudal para a sociedade capitalista de-sencadeou importantes mudanças na Europa Ocidental no século XVIII. Leia a seguir um texto que trata disso.

[...]

O século XVIII constitui um marco importante para a his-

tória do pensamento ocidental e para o surgimento da socio-

logia. As transformações econômicas, políticas e culturais que

se aceleram a partir dessa época colocarão problemas inéditos

para os homens que experimentavam as mudanças que ocor-

riam no ocidente europeu. A dupla revolução que este século

testemunha — a industrial e a francesa — constituía os dois

lados de um mesmo processo, qual seja, a instalação definitiva

da sociedade capitalista.

[...]

Martins, Carlos Benedito. O que é Sociologia. 64. reimpr. São Paulo: Brasiliense, 2007. p. 10.

Com base na análise de Martins (2007), é possível afirmar que a constituição das Ciências Sociais (Antropologia, Política e Socio-logia):

a) é resultado do processo exclusivo da Revolução Industrial inglesa.

b) está vinculada à nova elite política europeia, com destaque aos processos da Revolução Francesa.

c) relaciona-se ao amplo processo de formação do capitalismo mercantil.

d) está vinculada à necessidade de organizar as sociedades euro-peias com base nos valores tradicionais e de preservar o modo de explicar a realidade social.

X e) está associada à formação da sociedade capitalista e às novas questões (existenciais ou da produção do conhecimento) colo-cadas aos homens e mulheres da época.

  CA1 • HA1 

  2  Leia o texto a seguir.

Pelo menos até o século 18, a maioria dos campos de co-

nhecimento, hoje enquadrados sob o rótulo de ciências, era

ainda, como na Antiguidade Clássica, parte integral dos gran-

des sistemas filosóficos. A constituição de saberes autônomos,

A constituição das Ciências Sociais (Antropologia, Política e Sociologia) faz parte de um longo proces-so no contexto da desagregação do sistema feudal (medieval) e da constituição do sistema capitalista (moderno).

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organizados em disciplinas específicas, como a Biologia ou a

própria Sociologia, envolverá, de uma forma ou de outra, a

progressiva redefinição das questões últimas colocadas tradicio-

nalmente pela reflexão filosófica, como a liberdade e a razão.

[...]

Ao tratar de compreender a especificidade do que poderia

ser chamado de “social” e dada a própria natureza de seu obje-

to, a Sociologia sofre continuamente as influências de seu con-

texto. Ideias, valores, ideologias, conflitos e paixões presentes

nas sociedades permeiam a produção sociológica. Antigos te-

mas — liberdade, igualdade, direitos individuais, alienação —

não desaparecem, mas assumem hoje outros significados. A

Sociologia era, e continua a ser, um debate entre concepções

que procuram dar resposta às questões cruciais de cada época.

Por inspirar-se na vida social, não pode, portanto, estar ela

própria livre de contradições.

Quintaneiro, Tania; BarBosa, Maria Ligia de Oliveira; oliveira, Márcia Gardênia de. Um toque de clássicos: Durkheim, Marx e Weber.

Belo Horizonte: UFMG, 2000. p. 12 e 23.

Nos séculos XIX e XX, a formação e o desenvolvimento das Ciên-cias Sociais expressam:

a) a constituição do arcabouço teórico capaz de explicar as mu-danças religiosas ocorridas na Antiguidade europeia e tam-bém o surgimento do sistema capitalista.

b) a projeção do pensamento evolucionista, vinculado ao avanço das ciências biológicas, e a produção científica hegemônica, no campo social, do chamado Evolucionismo Social.

X c) a consolidação do pensamento científico para explicar o novo objeto de estudo, “o social”, abarcando diferentes concepções.

d) a expansão do pensamento marxista, bem como a constitui-ção da sociologia crítica alemã, como forma de questionar o desenvolvimento da sociedade capitalista.

e) a constatação de que o pensamento científico tem grandes semelhanças com o senso comum e com as formas de expli-cação religiosas.

  CB1 • HB1 HC1 HC2 CC2 • HB1 HC1 HC2CC3 • HB1 HC1 HC2 

  3  O fragmento a seguir foi extraído do livro A ideologia alemã, escri-to em 1845 e 1846 por Karl Marx e Friedrich Engels, pensadores cuja obra influenciou várias áreas das Ciências Humanas, como a Sociologia, a Economia e a História. Leia-o com atenção.

As Ciências Sociais, nos séculos XIX e XX, são uma ex-pressão da modernidade, do desenvolvimento cientí-fico e também dos conflitos sociais que permeiam a sociedade. Dessa forma, diferentes correntes teóricas se constituíram a partir de contradições da própria sociedade.

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[...]

Pode-se referir a consciência, a religião e tudo o que se

quiser como distinção entre os homens e os animais; porém,

esta distinção só começa a existir quando os homens iniciam a

produção dos seus meios de vida, passo em frente que é con-

sequência da sua organização corporal. Ao produzirem os seus

meios de existência, os homens produzem indiretamente a sua

própria vida material.

A forma como os homens produzem esses meios depende

em primeiro lugar da natureza, isto é, dos meios de existência

já elaborados e que lhes é necessário reproduzir; mas não

deveremos considerar esse modo de produção deste único

ponto de vista, isto é, enquanto mera reprodução da exis-

tência física dos indivíduos. Pelo contrário, já constitui, um

modo determinado de atividade de tais indivíduos, uma for-

ma determinada de manifestar a sua vida, um modo de vida

determinado.

[...]

Marx, Karl; engels, Friedrich. Prefácio. A ideologia alemã. Disponível em: <www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cv000003.pdf>.

Acesso em: 8 mar. 2011.

A relação entre indivíduo, história e sociedade é um eixo de estu-

do importante no campo das Ciências Humanas. No texto acima,

há uma reflexão sobre essa relação:

a) os meios de vida produzidos pelos indivíduos são fruto de sua

luta cotidiana e das determinações de sua consciência.

b) o processo histórico é determinado pelas elites políticas, que

conseguem reverter os processos sociais em favor de seus

interesses.

c) os seres humanos são senhores de seus destinos e, a partir

da produção de ideias, conseguem planejar suas atividades,

imediatas ou a longo prazo.

X d) os seres humanos são sujeitos que podem atuar individual ou

coletivamente no processo histórico, mas que dependem dos

contextos natural e social nos quais estão inseridos.

e) os movimentos sociais preservacionistas do meio ambiente

estão engajados na luta contra desastres globais, como der-

ramamento de petróleo nos oceanos e acidentes em usinas

nucleares.

O eixo temático indivíduo, história e sociedade é mui-to explorado no campo das Ciências Sociais. Em uma perspectiva embasada em Karl Marx e Friedrich En-gels, o processo histórico é desenvolvido pelos indi-víduos, que são sujeitos históricos, porém dependem do contexto em que estão inseridos.

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  CB1 • HB1 HC1 HC2 CC2 • HB1 HC1 HC2   CC3 • HB1 HC1 HC2 

  4  Leia os fragmentos a seguir.

Fragmento I

Um espectro ronda a Europa — o espectro do comunis-

mo. Todas as potências da velha Europa unem-se numa Santa

Aliança para conjurá-lo: o papa e o czar, Metternich e Guizot,

os radicais da França e os policiais da Alemanha.

[...]

Duas conclusões decorrem desses fatos:

1 ª : O comunismo já é reconhecido como força por todas as

potências da Europa;

2 ª : É tempo de os comunistas exporem, abertamente, ao

mundo inteiro, seu modo de ver, seus objetivos e suas ten-

dências, opondo um manifesto do próprio partido à lenda do

espectro do comunismo.

Com este fim, reuniram-se, em Londres, comunistas de várias

nacionalidades e redigiram o manifesto seguinte, que será publica-

do em inglês, francês, alemão, italiano, flamengo e dinamarquês.

I. Burgueses e proletários

[...] A sociedade burguesa moderna, que brotou das ruínas

da sociedade feudal, não aboliu os antagonismos de classe.

Não fez mais do que estabelecer novas classes, novas con-

dições de opressão, novas formas de luta em lugar das que

existiram no passado.

[...]

Cada etapa da evolução percorrida pela burguesia foi acom-

panhada de um progresso político correspondente. Classe opri-

mida pelo despotismo feudal, associação armada e autônoma

na comuna, aqui república urbana independente, ali terceiro

estado tributário da monarquia; depois, durante o período ma-

nufatureiro, contrapeso da nobreza na monarquia feudal ou

absoluta, base principal das grandes monarquias, a burguesia,

com o estabelecimento da grande indústria e do mercado mun-

dial, conquistou, finalmente, a soberania política exclusiva no

Estado representativo moderno. O executivo no Estado moder-

no não é senão um comitê para gerir os negócios comuns de

toda a classe burguesa.Marx, Karl; engels, Friedrich. Manifesto Comunista.

São Paulo: Boitempo, 2005. p. 39-42.

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Fragmento II

Caminhando e cantando

E seguindo a canção

[...]

Vem, vamos embora

Que esperar não é saber

Quem sabe faz a hora

Não espera acontecer...

Pelos campos há fome

Em grandes plantações

Pelas ruas marchando

Indecisos cordões

Ainda fazem da flor

Seu mais forte refrão

E acreditam nas flores

Vencendo o canhão...

[...]

vandré, Geraldo. Pra não dizer que não falei das flores. Disponível em: <http://letras.terra.com.br/geraldo-vandre/46168>. Acesso em: 8 mar. 2011.

Os fragmentos I e II foram produzidos em distintos contextos histó ricos: o primeiro, na Europa do século XIX, e o segundo, na década de 1960 no Brasil. Verifique nas alternativas abaixo quais são as possíveis associações entre os conteúdos de am-bos os textos:

X a) o questionamento à ordem social vigente (status quo) expres-sa o descontentamento de determinadas camadas da popula-ção em relação às condições sociopolíticas da época.

b) em tempos e lugares distintos, as utopias produziram proces-sos revolucionários violentos.

c) as manifestações intelectuais e culturais, em diferentes épo-cas, levaram as elites a realizar as reformas sociais necessárias.

d) a humanidade caminha sem entraves e, dessa forma, constrói a história.

e) a mobilização popular é o ponto de partida para alcançar pri-vilégios sociais.

  CB1 • HB1 HC1 HC2 CC2 • HB1 HC1 HC2   CC3 • HB1 HC1 HC2 

  5  Leia o fragmento a seguir.

Os homens fazem sua própria história, mas não a fazem

como querem; não a fazem sob circunstâncias de sua escolha

e sim sob aquelas com que se defrontam diretamente, legadas

A obra Manifesto Comunista expressava o descon-tentamento de parte dos trabalhadores e intelectu-ais diante das condições sociais impostas pelo modo de produção capitalista. A letra da canção de Ge-raldo Vandré expressava o descontentamento dian- te das condições sociopolíticas e da situação de vio-lência e repressão enfrentada pela população durante a ditadura militar no Brasil (1964-1985).

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e transmitidas pelo passado. A tradição de todas as gerações

mortas oprime como um pesadelo o cérebro dos vivos.

Marx, Karl. O 18 Brumário e Cartas a Kugelmann.

4. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978. p. 17.

Agora, observe um flagrante da Passeata dos Cem Mil, que to-

mou as ruas centrais do Rio de Janeiro em 26 de junho de 1968.

Bett

man

n/Co

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inSt

ock

O protesto retratado nasceu de um ato público de estudantes,

transformando-se em uma grande manifestação popular contra a

ditadura militar instalada no país desde 1964. Considerando que

a permanência dos militares no poder se estendeu até 1985, é

possível afirmar, interpretando as palavras de Marx, que:

a) a força da tradição impede o avanço das revoluções populares.

X b) os indivíduos fazem a história, mas não a fazem como que-

rem, pois sempre existem condicionantes históricos.

c) somente o indivíduo que compreende as circunstâncias faz

sua própria história.

d) a constituição humana fundamenta-se na subordinação às

condições ambientais e políticas.

e) a história humana é construída pelos movimentos sociais in-

dependentes.

A participação política é uma característica dos sujei-tos históricos; porém, nem toda mobilização ou ma-nifestação popular consegue alcançar seus objetivos, defrontando-se com condições históricas dadas. No Brasil, no exemplo citado, apesar de toda mobilização nas grandes cidades, o processo de redemocratização do país ocorreu de forma controlada pelos militares, que estavam no poder desde 1964.

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  CA1 • HA1 HA2   CA2 • HA1 HA2 

  6  No campo das Ciências Sociais, tanto os autores clássicos quanto os contemporâneos procuraram definir e compreender o processo de socialização. Na perspectiva sociológica de Émile Durkheim (séculos XIX e XX), os valores morais e legais, assim como as regras, as normas e os costumes que se transmitem de geração a geração, por meio do processo de socialização, acabam preva-lecendo sobre os indivíduos; portanto,

X a) os sistemas educacional, legislativo e prisional podem ser con-siderados condensadores da consciência coletiva e do proces-so de socialização.

b) O processo de socialização é conduzido prioritariamente pelo sistema educacional.

c) o processo de socialização está vinculado à divisão social do trabalho e à consolidação da economia capitalista.

d) a condução do processo de socialização é atributo da institui-ção familiar.

e) a socialização depende de cada indivíduo e do processo de globalização da cultura.

  CB1 • HB3 

  7  Leia o texto a seguir.

A destruição do passado — ou melhor, dos mecanismos sociais que vinculam nossa experiência pessoal à das gerações passadas — é um dos fenômenos mais característicos e lúgu-bres do final do século XX. Quase todos os jovens de hoje cres-cem numa espécie de presente contínuo, sem qualquer relação orgânica com o passado público da época em que vivem.

HoBsBawM, Eric. Era dos extremos: o breve século XX — 1914-1991.São Paulo: Cia. das Letras, 1995. p. 13.

As reflexões do historiador inglês Hobsbawm sobre o processo de socialização da juventude contemporânea indicam que:

a) os jovens, na atualidade, estão vinculados a sua família e as-similam as contribuições de sua vida para a construção da sociedade.

b) na atualidade, há um desprezo pelo passado e uma forte preo-cupação com a construção do futuro.

X c) o processo atual de socialização dos jovens não valoriza o pas-sado público ou o de sua família; em contraponto, há uma supervalorização das experiências individualistas (como jogos eletrônicos, redes sociais na internet), que são expressão do “presente contínuo”.

O processo de socialização implica comprometimento com o passado público e com as gerações anteriores. As formas de sociabilidade da juventude contempo-rânea não expressam esse comprometimento, carac-terizando-se pela supervalorização do individualismo, o qual é acentuado pelo implemento de tecnologias para o entretenimento.

Com base nas concepções de Émile Durkheim sobre consciência coletiva e solidariedade orgânica ou me-cânica, é possível compreender que as leis, regras, normas e costumes expressam os valores de uma so-ciedade e definem parte da vida do indivíduo de forma prévia a seu conhecimento ou livre-arbítrio.

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d) a juventude contemporânea destaca-se por um engajamento político capaz de superar o estágio de “presente contínuo” e construir novos valores societários diferenciados dos atuais.

e) o processo atual de socialização da juventude propicia o co-nhecimento do processo histórico e o engajamento político, promovendo a cidadania.

  CB1 • HB1   

  8  Leia o trecho de artigo a seguir.

[...]

Em artigo publicado na revista científica Scientific Ame-

rican, um dos criadores da web, Tim Berners-Lee, criticou a

forma como algumas redes sociais têm atuado atualmente.

Em seu artigo intitulado “Long Live the Web: A Call for Conti-

nued Open Standards and Neutrality” (“Vida Longa para a Rede:

um Chamado para a Continuidade dos Padrões Abertos e Neu-

tralidade”), Berners-Lee repudiou a forma como o Facebook e o

LinkedIn tratam as informações postadas por seus usuários.

“O Facebook, LinkedIn e Friendster, entre outros, geram

valores a partir das informações que você publica neles, como

sua data de nascimento, endereço de e-mail, seus gostos, e

links que indiquem quem são seus amigos”, escreveu ele.

Em seguida, ele completa: “Depois de introduzir os seus

dados em um desses serviços, você não pode facilmente usá-

los em outro local. Cada site é um silo cercado de outros. Sim,

as páginas do seu site estão na web, mas os dados não estão.

Você pode acessar uma página onde estão os seus amigos, mas

você não pode enviar essa lista para outro local.

[...]

aguiari, Vinicius. “Pai da web”, Tim Berners-Lee critica Facebook e LinkedIn. 23 nov. 2010. Exame. Disponível em: <http://exame.abril.com.br/tecnologia/facebook/noticias/pai-da-web-critica-facebook-e-linkedin>.

Acesso em: 8 mar. 2011.

O artigo de Tim Berners-Lee refere-se aos processos de sociali-zação intermediados pelas redes sociais atualmente. A relação entre o que é apresentado no texto e o conceito de habitus, de-senvolvido pelo francês Pierre Bourdieu (1930-2002), contribui para analisar:

a) a ideia de socialização (base do habitus), considerando que é necessário compreender as relações sociais a partir das ações individuais e escolhas de cada indivíduo.

b) a mídia e a internet, que determinam a vida em sociedade.

Nos dias atuais, os processos de socialização virtual ex-pressam a relação entre o indivíduo e a sociedade. As análises de Bourdieu evidenciam a existência de uma relação articulada entre as condições de existência (es-trutura social) e as ações e percepções dos indivíduos.

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c) a relação entre o indivíduo e a sociedade, que é definida pela sociedade capitalista e não abre espaço para as operações individuais.

X d) a relação entre o indivíduo e a sociedade, considerando que está articulada entre as condições de existência e as ações e percepções (tanto individuais quanto coletivas), ou seja, asso-cia as ações dos indivíduos e as estruturas sociais.

e) a relação entre o indivíduo e a sociedade, que está ligada à consciência coletiva e à prevalência da sociedade sobre o indivíduo.

  CB1 • HB1 HC2   CC2 • HB1 HC2 

  9  Leia a notícia abaixo.

Dilma prepara campanha pela internet

A equipe da ex-ministra petista Dilma Rousseff contratou

Marcelo Branco, 48, para coordenar a campanha nas redes so-

ciais da internet. Ex-diretor-geral da Campus Party Brasil (even-

to de tecnologia), Branco afirma que pretende fazer um debate

“de alto nível na internet” [...].

Bahia notícias. 7 abr. 2010.Disponível em: <www.bahianoticias.com.br/noticias/

noticia/2010/04/07/60978,dilma-prepara-campanha-pela-internet.html>. Acesso em: 8 mar. 2011.

As novas formas de socialização presentes na sociedade do sé-culo XXI produziram repercussões na esfera da política partidária. O fato noticiado acima é um exemplo disso: no processo eleitoral de 2010, Dilma Rousseff — a candidata vitoriosa do Partido dos Trabalhadores (PT) à presidência da República — utilizou-se das redes sociais e da rede mundial de computadores.

Se relacionarmos o conceito de ação social de Max Weber com as estratégias adotadas por partidos políticos brasileiros na última campanha eleitoral, concluiremos que:

X a) os partidos políticos são organizações burocráticas que dispu-tam a distribuição de poder político e se utilizam de marketing político, quando concorrem para exercer a dominação legal e administrar o Estado.

b) o marketing político é a base de todo o processo eleitoral e utiliza, no Brasil, a mídia eletrônica como ferramenta eleito-ral que causa grande impacto.

c) os partidos políticos procuram produzir o bem comum e estão associados à vontade individual e às demandas re gionais.

Os conceitos weberianos de ação social e de domina-ção legal permitem analisar o processo eleitoral como disputa travada entre os partidos políticos para influir na distribuição de poder dentro de um Estado e exercer a dominação legal.

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d) o processo eleitoral faz parte da disputa burocrática de poder, e a candidata Dilma Rousseff esteve articulada com diver-sas bancadas partidárias para conquistar espaço no contexto clientelista.

e) o conceito de partido político de Weber não se aplica às terras tupiniquins, tendo em vista as diferenças contextuais e histó-ricas da organização partidária no Brasil.

  CB1 • HB1 HC2   CC2 • HB1 HC2 

 10  Considere as ideias expostas no excerto abaixo para continuar a frase.

[...] ainda abstraindo totalmente a escravização geral que o sistema do salariado implica, a classe operária não deve exage-rar a seus próprios olhos o resultado final destas lutas diárias. Não deve esquecer-se de que luta contra os efeitos, mas não contra as causas desses efeitos; que logra conter o movimento descendente, mas não fazê-lo mudar de direção; que aplica paliativos, mas não cura a enfermidade. Não deve, portanto, deixar-se absorver exclusivamente por essas inevitáveis lutas de guerrilhas, provocadas continuamente pelos abusos inces-santes do capital ou pelas flutuações do mercado. A classe ope-rária deve saber que o sistema atual, mesmo com todas as mi-sérias que lhe impõe, engendra simultaneamente as condições materiais e as formas sociais necessárias para uma reconstrução econômica da sociedade. Em vez do lema conservador de: “Um salário justo por uma jornada de trabalho justa!”, deverá ins-crever na sua bandeira esta divisa revolucionária: “Abolição do sistema de trabalho assalariado!”

[...]

Marx, Karl. A luta entre o capital e o trabalho e seus resultados.In: Obras escolhidas de Marx e Engels. Moscou: Ediciones en Lenguas

Extranjeras, 1953. Disponível em: <www.marxists.org/portugues/marx/1865/salario/cap03.htm#i14>. Acesso em: 8 mar. 2011.

Para o alemão Karl Marx (1818-1883),

a) as relações sociais no capitalismo precisam conjugar os inte-resses das diferentes classes sociais para que ocorra o progres-so da humanidade.

b) os trabalhadores devem concentrar seus esforços na luta por melhores salários.

c) as conquistas da classe operária ocorrem a partir das peque-nas vitórias e da melhoria de suas condições de trabalho.

d) cabe à classe patronal contribuir para o progresso da humani-dade e a reconstrução econômica da sociedade.

Ao analisar o sistema capitalista e suas características, um dos principais aspectos abordados por Karl Marx é a relação entre patrões e empregados. Segundo esse pensador, os trabalhadores teriam um potencial de ar-ticulação política capaz de abolir o modo de produção capitalista.

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X e) capitalistas e trabalhadores possuem interesses antagônicos, contraditórios e complementares dentro do sistema capitalista; da perspectiva dos trabalhadores, a luta de classes visa abolir esse sistema.

  CA1 • HA1 HA2 HB2   CA2 • HA1 HA2 HB2     CB2 • HA1 HA2 HB2 

 11  Leia os textos 1 e 2 e responda à questão.

Texto 1

MST: Cutrale usa terras griladas em São Paulo

Segue nota divulgada pelo MST:

Cerca de 250 famílias do Movimento dos Trabalhadores Ru-rais Sem-Terra (MST) permanecem acampadas desde a semana passada (28/09), na fazenda Capim, que abrange os municípios de Iaras, Lençóis Paulista e Borebi, região central do Estado de São Paulo. A área possui mais de 2,7 mil hectares, utilizados ilegalmente pela Sucocítrico Cutrale para a monocultura de la-ranja, que demonstra o aumento da concentração de terras no país, como apontou o censo agropecuário do IBGE.

[...]

A ocupação tem como objetivo denunciar que a empresa está sediada em terras do governo federal, ou seja, são terras da União utilizadas de forma irregular pela produtora de su-cos. Além disso, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) já teria se manifestado em relação ao conheci-mento de que as terras são realmente da União, de acordo com representantes dos Sem-Terra em Iaras.

[...]

O local já foi ocupado diversas vezes, no intuito de de-nunciar a ação ilegal de grilagem da Cutrale. Além da utiliza-ção indevida das terras, a empresa está sendo investigada pelo Ministério Público do Estado de São Paulo pela formação de cartel no ramo da produção de sucos, prejudicando assim os pequenos produtores. A Cutrale também já foi autuada inú-meras vezes por causar impactos ao ecossistema, poluindo o meio ambiente ao despejar esgoto sem tratamento em diversos rios. No entanto, nenhuma atitude foi tomada em relação a esta questão.

[...]

FazendoMedia. 8 out. 2009.Disponível em: <www.fazendomedia.com/mst-cutrale-usa-terras-griladas-

em-sao-paulo>. Acesso em: 8 mar. 2011.

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Texto 2

[...]

Vejam a decisão recém-divulgada do Tribunal de Justiça

de São Paulo que inocentou todos [...] os 22 principais envol-

vidos na sucessão de atos de barbárie e vandalismo pratica-

dos por militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais

sem Terra (MST) que, em setembro do ano passado, devasta-

ram a Fazenda Santo Henrique, do grupo Cutrale, o segundo

maior produtor de suco de laranja do mundo, no município

de Borebi [...].

A fazenda foi invadida por três centenas de militantes do

MST que depredaram máquinas agrícolas e tratores, furtaram

bens e equipamentos, destruíram casas de funcionários e, não

bastasse isso, arrasaram — usando tratores — nada menos do

que 12 mil pés de laranja [...].

Muito corretamente, o Ministério Público, com base em

testemunhos e imagens gravadas pela polícia, denunciou

22 militantes por formação de quadrilha, furto e dano quali-

ficado. [...]

De nada adiantou. O Tribunal de Justiça entendeu que o

Ministério Público não “individualizou a prática criminosa”,

quer dizer, não disse, especificamente, que crime cada um dos

22 acusados praticou. [...]

O mais irônico de tudo é que, agora, os baderneiros pode-

rão processar o Estado de São Paulo por danos morais.

setti, Ricardo. Veja. 22 dez. 2010. Disponível em: <http://veja.abril.com.br/blog/ricardo-setti/politica-cia/decisao-da-justica-beneficia-baderneiros-do-

mst-e-dao-a-impressao-de-que-estamos-no-pais-do-vale-tudo>. Acesso em: 8 mar. 2011.

Os textos 1 e 2 expressam diferentes visões do conflito que

envolveu fazendeiros e integrantes do MST em 2009. De uma

perspectiva marxista, a análise desse conflito deveria con-

templar:

a) os aspectos essenciais da vida em sociedade, como, por

exemplo, o sentido que orienta as ações sociais de cada

indivíduo.

b) as possibilidades de resolução dos conflitos sociais e de recon-

ciliação entre proprietários e não proprietários.

c) os valores sociais vigentes e as sanções previstas para os casos

de violação da propriedade privada.

Na perspectiva de análise marxista, compreender a sociedade implica um exercício analítico que parte do real, do concreto, e identifica as relações de conflito existentes entre os sujeitos no processo histórico.

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X d) a luta de classes, a partir da observação dos processos históri-cos, identificando-se as contradições e os conflitos existentes entre os sujeitos sociais.

e) as leis gerais e invariáveis da sociedade capitalista e as ações necessárias para a manutenção da propriedade privada.

  CA1 • HA1 HA2 HB2   CA2 • HA1 HA2 HB2     CB2 • HA1 HA2 HB2 

 12  Retome a leitura do texto 2, da questão anterior. Os argumentos do autor podem ser relacionados à formulação teórica de:

a) Karl Marx, e os conceitos de luta de classes e mais-valia.

X b) Émile Durkheim, e os conceitos de solidariedade, coesão social e anomia (ausência de normas nas relações sociais).

c) Max Weber, e o conceito de estratificação social.

d) Pierre Bourdieu, e o conceito de habitus.

e) Norbert Elias, e o conceito de configuração.

  CC2 • HC1 HC2 HC3   CC3 • HC1 HC2 HC3 

 13  Leia a seguir a apresentação institucional do Curso Unificado do Campus Araraquara (CUCA).

Conheça mais sobre o CUCA

QUEM SOMOS

O Curso Unificado do Campus Araraquara — CUCA — é

um projeto de extensão universitária, no formato de cursinho

pré-vestibular, sem fins lucrativos e formado por alunos bol-

sistas da Unesp orientados pela vice-diretoria do Instituto de

Química da Unesp (IQ).

[...]

NOSSA MISSÃO

Oferecer uma oportunidade para alunos, economicamente

desfavorecidos, ingressarem em um ensino superior de quali-

dade, tornando-se cidadãos em um processo de emancipação

cultural.

[...]

Disponível em: <www.cucaunesp.com.br/institucional.asp>. Acesso em: 8 mar. 2011.

Considerando a tipologia da ação social concebida por Max Weber, é possível afirmar que o trabalho de extensão univer-

As análises de Weber sobre a ação social permitem diferenciar e classificar o sentido e a intencionali - dade dos indivíduos ao agir e estabelecer relações com outros indivíduos ou com a coletividade.

Os conceitos de solidariedade, coesão social e ano-mia, na concepção de Émile Durkheim, evidenciam a necessidade da regulação da ordem social como modo de garantir o desenvolvimento da sociedade, neste caso, o desenvolvimento capitalista.

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sitária, realizado no campus de Araraquara da Universidade Estadual Paulista (Unesp), corresponde predominantemente a uma:

a) ação tradicional, motivada pelos costumes e hábitos ou pela tradição familiar.

b) ação afetiva, pautada nos sentimentos dos envolvidos, volta-da para a satisfação de seus desejos ou necessidades.

c) ação racional com relação a valores, orientada por convic-ções e crenças e não pela busca de um objetivo determi-nado.

X d) ação racional com relação a fins, programada para atingir um objetivo previamente definido.

  CA2 • HC1 HA2   CC1 • HC1 HA2 

 14  (Enem, 2010)

A Inglaterra pedia lucros e recebia lucros. Tudo se trans-

formava em lucro. As cidades tinham sua sujeira lucrativa,

suas favelas lucrativas, sua fumaça lucrativa, sua desordem

lucrativa, sua ignorância lucrativa, seu desespero lucrativo.

As novas fábricas e os novos altos-fornos eram como as Pi-

râmides, mostrando mais a escravização do homem que seu

poder.

deane, P. A Revolução Industrial. Rio de Janeiro: Zahar, 1979.

Qual relação é estabelecida no texto entre os avanços tecnoló-gicos ocorridos no contexto da Revolução Industrial Inglesa e as características das cidades industriais no início do século XIX?

a) A facilidade em se estabelecer relações lucrativas transforma-va as cidades em espaços privilegiados para a livre iniciativa, característica da nova sociedade capitalista.

b) O desenvolvimento de métodos de planejamento urbano aumentava a eficiência do trabalho industrial.

c) A construção de núcleos urbanos integrados por meios de transporte facilitava o deslocamento dos trabalhadores das periferias até as fábricas.

d) A grandiosidade dos prédios onde se localizavam as fábricas revelava os avanços da engenharia e da arquitetura do perío-do, transformando as cidades em locais de experimentação estética e artística.

X e) O alto nível de exploração dos trabalhadores industriais oca-sionava o surgimento de aglomerados urbanos marcados por péssimas condições de moradia, saúde e higiene.

Nas primeiras fases da Revolução Industrial, a partir do século XVIII, o acelerado desenvolvimento propiciado pelos avanços tecnológicos contribuiu para um cresci-mento urbano desordenado. Esse processo refletiu-se não só nas condições de trabalho, mas também nas condições de moradia, saúde e higiene das populações das cidades.

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  CA1 • HA1 HA2 HB2   CA2 • HA1 HA2 HB2     CB2 • HA1 HA2 HB2 

 15  (Enem, 2010)

Quem construiu a Tebas de sete portas?

Nos livros estão nomes de reis.

Arrastaram eles os blocos de pedra?

E a Babilônia várias vezes destruída. —

Quem a reconstruiu tantas vezes? Em que casas

Da Lima dourada moravam os construtores?

Para onde foram os pedreiros, na noite em que a Muralha

da China ficou pronta?

A grande Roma está cheia de arcos do triunfo.

Quem os ergueu? Sobre quem

Triunfaram os Césares? [...]

BrecHt, B. Perguntas de um trabalhador que lê. Poemas (1913-1956).São Paulo: Editora 34, 2001. p. 166.

Partindo das reflexões de um trabalhador que lê um livro de His-tória, o autor censura a memória construída sobre determinados monumentos e acontecimentos históricos. A crítica refere-se ao fato de que:

a) os agentes históricos de uma determinada sociedade deve-riam ser aqueles que realizaram feitos heroicos ou grandiosos e, por isso, ficaram na memória.

b) a História deveria se preocupar em memorizar os nomes de reis ou dos governantes das civilizações que se desenvolve-ram ao longo do tempo.

X c) os grandes monumentos históricos foram construídos por tra-balhadores, mas sua memória está vinculada aos governantes das sociedades que os construíram.

d) os trabalhadores consideram que a História é uma ciência de difícil compreensão, pois trata de sociedades antigas e distan-tes no tempo.

e) as civilizações citadas no texto, embora muito importantes, permanecem sem terem sido alvos de pesquisas históricas.

  UnidAde 2 

  CA2 • HC1 HA2   CC1 • HC1 HA2 

 16  Na introdução ao livro O direito à preguiça, do intelectual e ativis-ta francês Paul Lafargue (2. ed. São Paulo: Unesp/Hucitec, 2000.

O poema de Bertolt Brecht, dramaturgo alemão de orientação marxista, expressa a tese de que a História deveria destacar o papel dos trabalhadores em vez de enaltecer os governantes.

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Para compreender a transformação da concepção de trabalho, é necessário analisar os desdobramentos da relação entre a reforma religiosa e o desenvolvimento do sistema capitalista, que propiciaram, por exemplo, associar trabalho e prosperidade.

p. 9-56), a filósofa Marilena Chaui apresenta um estudo histórico so-bre a concepção de trabalho. Veja alguns destaques dessa reflexão:

• Na tradição judaico-cristã, há textos bíblicos que reforçam a ideia do trabalho como castigo, em contraposição ao ócio feliz do Paraíso.

• Nas sociedades antigas, como a romana e a grega, o trabalho árduo era realizado por escravos oriundos das guerras ou do pagamento de dívidas. Os poetas e filósofos da época ressal-tavam a necessidade do ócio para o exercício da política, para o cultivo do espírito e para o cuidado com o corpo.

• A palavra trabalho se origina do vocábulo latino tripallium, que significa instrumento de tortura e deriva de paulus (poste, estaca). Também latina, a palavra labor significa esforço pe-noso. Essa concepção negativa do trabalho vigorou no de-correr da história da Europa ocidental. Na Idade Média, por exemplo, o trabalho nas lavouras era exclusividade dos cam-poneses pobres e servos.

Com base nas informações apresentadas, responda: quais fatores contribuíram para que o trabalho passasse de atividade deprecia-da a algo que “dignifica o homem”?

a) As operações financeiras na Baixa Idade Média e as atividades desenvolvidas pelos templários, que permitiram formar um primeiro sistema monetário para os peregrinos que saíam da Europa ocidental com destino à Terra Santa.

X b) O desenvolvimento comercial na Europa e as novas perspec-tivas religiosas constituídas a partir da Reforma Protestante e, posteriormente, também adotadas pela Igreja Católica, que permitiram associar prosperidade a trabalho.

c) A construção de escolas por Carlos Magno, na França, e o con-sequente desenvolvimento do conhecimento científico, que desmistificou os preconceitos a respeito do trabalho.

d) O posicionamento dos empresários, que, durante a Revolução Industrial, passaram a combater a escravidão em todo o mun-do e a defender condições de vida dignas para os trabalhado-res em geral.

e) Os esforços coletivos da classe trabalhadora, na Inglaterra da era Vitoriana.

  CA1 • HA1 HA2   CA2 • HA1 HA2 

 17  As sociedades tribais distinguem-se umas das outras em muitos aspectos, mas em geral não são estruturadas pela atividade que, na sociedade moderna, denominamos trabalho.

Em algumas sociedades tribais, os rituais religiosos, o sistema de parentesco, as festividades e as artes estão vinculadas às atividades de sobrevivência e podem ser caracterizadas pela divisão de tarefas por sexo e por idade.

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É possível afirmar que em algumas sociedades tribais:

X a) as atividades de caça, pesca, coleta, agricultura ou criação de

animais estão associadas aos rituais religiosos, ao sistema

de parentesco, às festividades e às artes. A divisão das tarefas

é definida por características como sexo e idade.

b) a divisão das atividades é coerente com a ideia de especia-

lização, ou seja, cada membro é encarregado de uma tarefa

específica e é capaz de realizá-la de forma competente e

produtiva.

c) há um processo de estratificação social no qual cada seg-

mento tem sua própria atividade econômica e produtiva

específica.

d) a organização das atividades produtivas estrutura a vida

social, assim como o sistema religioso e de valores.

e) dedica-se muito tempo às atividades produtivas porque elas

são mal organizadas.

  CC1 • HC1 HC2   CC2 • HC1 HC2 

 18  (Enem, 2009)

No tempo da independência do Brasil, circulavam nas classes

populares do Recife trovas que faziam alusão à revolta escrava

do Haiti:

Marinheiros e caiados

Todos devem se acabar,

Porque só pardos e pretos

O país hão de habitar.

aMaral, F. P. do. Apud carvalHo, A. Estudos pernambucanos.Recife: Cultura Acadêmica, 1907.

O período da independência do Brasil registra conflitos raciais,

como depreendemos:

X a) dos rumores acerca da revolta escrava do Haiti que circulavam

entre a população escrava e entre os mestiços pobres, alimen-

tando seu desejo por mudanças.

b) da rejeição aos portugueses brancos, que significava a re-

jeição à opressão da Metrópole, como ocorreu na Noite das

Garrafadas.

c) do apoio que escravos e negros forros deram à monarquia,

com a perspectiva de receber sua proteção contra as injustiças

do sistema escravista.

Na época da independência do Brasil, a resistência da população escravizada manifestava-se de diferentes formas. Evidências dessa resistência podem ser per-cebidas no campo cultural, como indica a divulgação no Recife da trova reproduzida na atividade.

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d) do repúdio que os escravos trabalhadores dos portos demons-

travam contra os marinheiros, porque estes representavam a

elite branca opressora.

e) da expulsão de vários líderes negros independentistas, que

defendiam a implantação de uma república negra, a exemplo

do Haiti.

  CA2 • HC1 HA2   CC1 • HC1 HA2 

 19  Ao longo do século XX, novas técnicas de produção e de orga nização

do trabalho foram adotadas, inicialmente nos países centrais e,

posteriormente, nos que compõem a periferia do capitalismo.

No Brasil, a partir dos anos 1950, parte significativa da classe tra-

balhadora foi afetada por essas mudanças, promovidas sobretudo

sob influência do(a):

a) toyotismo e modelo oriental de organização.

X b) fordismo, taylorismo e princípios da administração científica.

c) maquinofatura e políticas gerenciais.

d) fordismo e gestão das unidades agropastoris.

e) taylorismo e políticas de recursos humanos.

  CA2 • HC1 HA2   CC1 • HC1 HA2 

 20 Leia o texto sobre o trabalho escravo no Brasil atual para respon-

der à questão a seguir.

Situação no Brasil

O número de trabalhadores escravizados no Brasil varia de

25 mil, segundo cálculo da Comissão Pastoral da Terra (CPT)

a 40 mil, pela estimativa da Confederação Nacional dos Tra-

balhadores na Agricultura (Contag). Pecuária e desmatamento

respondem por três quartos da incidência de trabalho escravo.

Atividades agrícolas, de extração de madeira e produção de

carvão também registram muitos casos.

[...]

As estatísticas da Secretaria de Inspeção do Trabalho dão

dimensão dos bons resultados obtidos. Entre 1995 e 2003 fo-

ram fiscalizadas 1.011 fazendas e libertados 10.726 trabalhado-

res. Se incluído o primeiro semestre de 2004, o número de tra-

balhadores libertados é de cerca de 16 mil. Quase toda semana

No século XX, o fordismo e o taylorismo foram de-terminantes para garantir maior racionalização do processo produtivo, tornando-o mais lucrativo. Nesses modelos de gestão da produção, a organização do trabalho se caracterizava pelo controle e pela divisão das tarefas dos trabalhadores, pela mecanização e introdução da linha de montagem — com o objetivo de aumentar a produtividade e, consequentemente, a possibilidade de ampliação do lucro.

Historicamente, a estrutura fundiária brasileira se caracteriza pela concentração de terras nas mãos de uma minoria e pelo uso privado que as elites pro-prietárias fazem de seu poder político e econômico. A permanência de situações análogas à escravidão é resultante, dentre outros fatores, da ausência de fiscalização do Estado e do descumprimento da legis-lação trabalhista ao longo de décadas.

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46

há notícias de mais operações bem-sucedidas. O estado com

maior número de libertados é o Pará, seguido do Mato Grosso,

Bahia e Maranhão.

[...]Introdução. Observatório social em revista. n. 6, 6 jun. 2004.

Disponível em: <www.observatoriosocial.org.br/download/er6bx.pdf>. Acesso em: 8 mar. 2011.

Considerando a atual situação econômica do Brasil e os be-

nefícios trabalhistas conquistados ao longo do século XX, é

possível explicar a complexa situação apresentada no texto

acima como:

a) resultado de um processo de treinamento da mão de obra.

b) resultado de um processo de exclusão social pela questão

racial.

c) resultado da expansão do agronegócio e das exportações de

produtos agrícolas.

X d) resultado de processos históricos de concentração de

renda, exploração da mão de obra sem regulamentação

adequada, precarização e flexibilização das condições de

trabalho.

e) resultado do ócio e desinteresse de pessoas pobres, que, a

partir da Abolição, não procuraram obter terras ou melhor

posição social.

  CC1 • HC1 HC2   CC2 • HC1 HC2 

 21  Nos cinco séculos contados a partir da chegada dos europeus,

o campo político brasileiro não foi favorável à consolidação de

uma democracia participativa. A participação popular na polí-

tica foi limitada pelo sistema patriarcal, racista e “coronelista”

prevalecente, cujas marcas ainda são sentidas, principalmente,

no interior do país. A exclusão de grande parte da população

brasileira da participação política deve ser creditada, assim, ao

processo histórico de dominação de uma minoria sobre uma

maioria.

Esse panorama pode ser associado aos conceitos de:

a) solidariedade orgânica e solidariedade mecânica, desenvolvi-

dos por Émile Durkheim.

b) política de recursos humanos, elaborada por Elton Mayo, vol-

tada para evitar conflitos entre patrões e empregados.

Compreender as características da política ao longo da história do Brasil implica identificar as marcas do processo de formação e desenvolvimento do país. A perspectiva de análise indicada reconhece, no contex-to histórico, um antagonismo de interesses pautado no binômio dominantes e dominados.

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47

c) ação social, burocracia e estratificação social, de Max Weber.

d) opressão e condição operária, apresentados por Simone Weil

ao analisar o cotidiano do trabalhador na fábrica.

X e) luta de classes, no sentido apontado por Marx, que incluiu não

apenas o confronto armado, mas todos os procedimentos ins-

titucionais, políticos, policiais, legais e ilegais utilizados pela

classe dominante para manter o status quo.

  CC1 • HC1 

 22  Em uma das teses sobre o desemprego, afirma-se que desde o

final do século XX há uma globalização do desemprego estrutural,

seja em países centrais de capitalismo avançado, onde sempre

houve a promessa do pleno emprego mediante as benesses do

liberalismo político e econômico, seja em países “pós-capitalis-

tas”, ou ainda, nos países periféricos.

No Brasil, o desemprego foi um problema grave na década de

1990, período em que a agenda neoliberal gerou a desestrutura-

ção do mercado de trabalho, como parte do processo de reestru-

turação produtiva.

Qual alternativa associa corretamente essas informações sobre o

mundo do trabalho?

X a) O desenvolvimento de novas tecnologias acentuou a in-

terdependência das nações gerando reestruturações pro-

dutivas que alteram as características das sociedades do

globo.

b) A crescente divisão do trabalho nas sociedades modernas con-

tribuiu para o aumento do desemprego dos trabalhadores com

boa qualificação profissional.

c) A desregulamentação das relações trabalhistas proporcio-

nou uma significativa elevação salarial à classe trabalha-

dora.

d) A redução da flexibilização e da mobilidade inviabilizou

aos brasileiros a conquista de postos de trabalho no ex-

terior.

e) A precariedade das condições de trabalho verificada desde a

Revolução Industrial produziu efeitos nocivos à classe traba-

lhadora mundial, exceção feita aos trabalhadores dos Esta-

dos Unidos.

O processo de globalização ou mundialização ocorreu em diversos campos — econômico, político, cultu-ral — e permitiu trocas de informações, tecnologias e formas de gestão de organizações capitalistas no mundo. Uma das consequências desse processo foi o chamado desemprego estrutural.

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48

  CC1 • HC1 HC2   CC2 • HC1 HC2 

 23 Observe as seguintes fotografias.

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Homens-placa na cidade de São Paulo. Fotografia de 2009.

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Transporte de cadeiras de praia e guarda-sóis na cidade do Rio de Janeiro. Fotografia de 2009.

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Cabeleireira e cliente em Lagos, capital da Nigéria. Fotografia de 2003.

Comércio na rua 25 de Março, na capital paulista, em 2009.

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49

As imagens apresentadas expressam uma realidade bastante

comum na sociedade atual e podem ser atribuídas à combina-

ção dos seguintes elementos:

a) má qualidade da formação profissional, elevação da oferta de

emprego, alterações na estrutura produtiva e estratégias

de empreendedorismo.

b) movimentos sociais dos trabalhadores, reforma na legislação

trabalhista, redução da atividade produtiva, acordo entre enti-

dades sindicais patronais e trabalhadores.

X c) precarização das condições de trabalho, reformas trabalhis-

tas que promovem a terceirização e a subcontratação da

mão de obra, empreendedorismo, desarticulação da classe

trabalhadora.

d) terceirização, cooperativismo, reestruturação produtiva e direi-

tos trabalhistas.

e) políticas de proteção social associadas à geração de renda e

emprego, valorização das atividades empreendedoras e do

protagonismo social, condições de trabalho garantidas por lei

e participação nos lucros da empresa.

  CC1 • HC1 HC2   CC2 • HC1 HC2 

 24  (Enem, 2010)

A maioria das pessoas daqui era do campo. Vila Maria é

hoje exportadora de trabalhadores. Empresários de Primavera

do Leste, Estado de Mato Grosso, procuram o bairro de Vila

Maria para conseguir mão de obra. É gente indo distante da-

qui 300, 400 quilômetros para ir trabalhar, para ganhar sete

conto por dia. (Carlito, 43 anos, maranhense, entrevistado em

22/03/98.)

riBeiro, H. S. O migrante e a cidade: dilemas e conflitos.

Araraquara: Wunderlich, 2001 (adaptado).

O texto retrata um fenômeno comum à agricultura brasileira nas

últimas décadas do século XX, consequência:

X a) dos impactos sociais da modernização da agricultura.

b) da recomposição dos salários do trabalhador rural.

c) da exigência de qualificação do trabalhador rural.

d) da diminuição da importância da agricultura.

e) dos processos de desvalorização de áreas rurais.

A reestruturação produtiva das empresas capitalistas permitiu uma “terceiro-mundialização” na maioria dos países. Até mesmo nas principais cidades do mundo capitalista, há trabalho informal ou precário sem proteção legal ou social, desemprego estrutural e desarticulação sindical dos trabalhadores.

A modernização da agricultura propiciou a expansão da fronteira agrícola nas regiões Centro-Oeste e Nor-te, assim como a ampliação do mercado mundial para os produtos agrícolas brasileiros. Entre os impactos sociais que causou inclui-se a situação apresentada no enunciado da questão.

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50

  CC1 • HC1 

 25 (Enem, 2009)

A prosperidade induzida pela emergência das máquinas

de tear escondia uma acentuada perda de prestígio. Foi nessa

idade de ouro que os artesãos, ou os tecelões temporários,

passaram a ser denominados, de modo genérico, tecelões

de teares manuais. Exceto em alguns ramos especializados,

os velhos artesãos foram colocados lado a lado com novos

imigrantes, enquanto pequenos fazendeiros-tecelões aban-

donaram suas pequenas propriedades para se concentrar na

atividade de tecer. Reduzidos à completa dependência dos

teares mecanizados ou dos fornecedores de matéria-prima,

os tecelões ficaram expostos a sucessivas reduções dos ren-

dimentos.

tHoMpson, E. P. The making of the english working class.Harmondsworth: Penguin Books, 1979 (adaptado).

Com a mudança tecnológica ocorrida durante a Revolução Indus-

trial, a forma de trabalhar alterou-se porque:

a) a invenção do tear propiciou o surgimento de novas relações

sociais.

b) os tecelões mais hábeis prevaleceram sobre os inexperientes.

c) os novos teares exigiam treinamento especializado para se-

rem operados.

X d) os artesãos, no período anterior, combinavam a tecelagem

com o cultivo de subsistência.

e) os trabalhadores não especializados se apropriaram dos luga-

res dos antigos artesãos nas fábricas.

  CC1 • HC1 

 26    Os programas de qualidade total (PQTs) são uma nova téc-

nica organizacional que tem sua origem no Japão após a Se-

gunda Guerra Mundial. Antes disso e, mais acentuadamente,

durante a guerra, as indústrias japonesas já enfrentavam sérios

problemas concorrenciais em relação às indústrias ocidentais.

[...] Era preciso, pois, reverter esse quadro e modernizar-se.

Datam desse período as primeiras experiências de capacita-

ção operária através de um sistema de treinamento profissional

contínuo no interior das próprias empresas.

wolff, Simone. Informatização do trabalho e reificação.Campinas/Londrina: Ed. Unicamp/Eduel, 2005. p. 176-177.

A Revolução Industrial não apenas possibilitou a as-censão da burguesia, mas também gerou inovações tecnológicas e formas de gestão do processo produ-tivo que contribuíram para a concentração da maior parte das propriedades imóveis e ferramentas nas mãos dessa classe social.

A compreensão do processo produtivo capitalista ao longo do século XX implica conhecer e diferenciar o fordismo e o taylorismo do toyotismo (fase pós-fordista). Com métodos elaborados inicialmente na fábrica japonesa da Toyota, o toyotismo teve como características a adoção de programas de qualidade total, produção just in time, equipes de trabalho em células e acumulação flexível, entre outras.

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As mudanças indicadas por Wolff aconteceram ao longo da se-

gunda metade do século XX e adentraram no século XXI. Na esfe-

ra produtiva, essas transformações organizacionais na sociedade

capitalista estão associadas:

X a) à fase pós-fordista, ao toyotismo e à acumulação flexível.

b) ao taylorismo e à racionalização das atividades fabris.

c) ao fordismo, ao parcelamento do processo produtivo e à linha

de montagem.

d) ao industrialismo e à evolução das unidades para a maquino-

fatura.

e) à fase da crise do petróleo e à crescente influência dos países

árabes na dinâmica econômica global a partir da década de

1970.

  UnidAde 3 

  CC1 • HC1   CC2 • HC1 

 27    [Na perspectiva de Karl Marx] a existência das classes sociais

vincula-se a circunstâncias históricas bem específicas, […] em

que a criação de um excedente possibilita a apropriação pri-

vada das condições de produção. Dessa forma, o materialismo

histórico descarta as interpretações que atribuem um caráter

natural, inexorável, a esse tipo particular de desigualdade.

Quintaneiro, Tania; BarBosa, Maria Ligia de Oliveira; oliveira, Márcia Gardênia de. Um toque de clássicos: Durkheim, Marx e Weber.

2. ed. rev. ampl. Belo Horizonte: UFMG, 2003. p. 83.

Segundo as autoras do texto, a concepção marxista de classe so-

cial destaca:

a) a divisão dos indivíduos em classes sociais como algo natu-

ral, uma vez que a desigualdade existiu ao longo de toda a

história.

b) a distribuição de poder dentro de uma sociedade e a possi-

bilidade de cada grupo ocupar uma posição na estratificação

social de acordo com seu prestígio.

X c) as desigualdades sociais como resultado das ações humanas

ao longo da história.

d) as leis gerais que determinam o desenvolvimento da socieda-

de e o destino das pessoas.

e) as ideias e valores que estruturam a organização social.

A perspectiva marxista desmonta a ideia presente no senso comum — e muitas vezes propagada pe-las elites — de que a desigualdade social é algo que sempre existiu e, por isso, deve ser aceita, destacan-do que ela resulta das ações humanas ao longo da história.

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52

  CA1 • HA1 HA2   CA2 • HA1 HA2 

 28 Considere as três estruturas sociais a seguir para responder à questão.

1. Segmentação social entre servos, clérigos e nobres na socie-dade feudal europeia;

2. Presença de brâmanes, xátrias, vaixás, sudras e párias na Índia;

3. Existência de burgueses e proletários na época da Revolução Industrial.

Qual alternativa associa corretamente as estruturas sociais apre-sentadas aos conceitos utilizados por Max Weber, Céléstin Bouglé e Karl Marx, respectivamente?

a) 1. classe média; 2. castas; 3. proletariado.

X b) 1. estamentos; 2. castas; 3. classes sociais.

c) 1. classe baixa; 2. estamentos; 3. castas.

d) 1. estamentos; 2. subalternos; 3. classes sociais.

e) 1. burocratas; 2. extratos; 3. classes sociais.

  CA1 • HA1 HA2 HC1   CA2 • HA1 HA2 HC1 

 29 Leia o trecho de um artigo datado de 2008.

A casta impura do Japão

Os burakumin, descendentes da casta medieval de

trabalhadores de funções consideradas impuras,

convivem até hoje com o preconceito

[...]

De todas as minorias no Japão, poucas sentem de maneira

tão intensa o preconceito quanto os burakumin, grupo que

representa de 3% a 2% da população japonesa.

O que é curioso na chamada “questão burakumin” é que

o preconceito com o grupo não se baseia em critérios étnicos

ou sociais propriamente, mas em preceitos religiosos que per-

sistem até os dias de hoje, apesar de toda a modernidade do

Japão atual.

Durante o período medieval, os burakumin eram a casta

mais baixa na hierarquia social. Eles trabalhavam em funções

consideradas impuras, como executores de criminosos, fabri-

cantes de couro, açougueiros, limpadores de rua e coveiros.

Tradicionalmente viviam em guetos específicos e eram proibi-

dos de frequentar templos de outras castas.

Os conceitos mencionados na questão foram utiliza-dos para analisar as diferentes estruturas sociais por Max Weber (estamento), Céléstin Bouglé (castas) e Karl Marx (classes sociais).

Entre as formulações teóricas que tratam da desigual-dade social, figuram as contribuições de Céléstin Bou-glé. Para definir o sistema de castas, esse sociólogo destaca três aspectos: a hereditariedade da especiali-zação do trabalho, a hierarquia e a repulsão.

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O sistema feudal de castas também era hereditário, o que perpetuava o estigma social do grupo.

solari, Guilherme. A casta impura do Japão. Made in Japan, Brasil, 21 ago. 2008. Disponível em: <http://madeinjapan.uol.com.br/2008/08/21/a-casta-

impura-do-japao/>. Acesso em: 1º jun. 2011.

A situação da casta dos burakumin no Japão demonstra:

a) os antagonismos sociais determinados pelo modo de produção, segundo formulação teórica de Karl Marx e Friedrich Engels.

b) a assimilação das leis gerais que definem os estamentos, se-gundo formulação teórica de Max Weber.

c) o estabelecimento de práticas religiosas distintas para as dife-rentes camadas sociais, de acordo com os preceitos xintoístas.

d) o conflito gerado pela introdução de padrões ocidentais em uma sociedade organizada em castas.

X e) a especialização hereditária, a hierarquia e a repulsão que caracterizam o sistema de castas, conforme formulação do soció logo francês Céléstin Bouglé.

  CC1 • HC1   CC2 • HC1 

 30 Leia um texto do sociólogo brasileiro Octávio Ianni.

A sociedade estamental [...] não se revela e explica ape-nas no nível das estruturas de poder e apropriação. Para com- preender os estamentos (em si e em suas relações recíprocas e hierárquicas) é indispensável compreender o modo pelo qual categorias tais como tradição, linhagem, vassalagem, honra e cavalherismo parecem predominar no pensamento e na ação das pessoas.

ianni, Octávio (Org.). Teorias da estratificação social: leituras de sociologia. São Paulo: Nacional, 1972. p. 12.

Essa análise da sociedade organizada em estamentos se aplica:

a) ao mundo medieval europeu, caracterizado pela ostentação e pela valorização das aparências.

b) à sociedade estruturada pelos europeus em seus domínios coloniais.

c) à sociedade escravocrata estabelecida no Brasil no século XVII, na qual o destino dos senhores brancos e dos negros escravi-zados era definido pelo nascimento.

X d) à sociedade feudal, que diferenciava, de acordo com o nasci-mento, os direitos e as obrigações de camponeses, nobres e religiosos.

e) às sociedades tribais, nas quais a distribuição de direitos e deveres é baseada na tradição.

A análise de Ianni destaca que os estamentos são identificados não só pela condição dos indivíduos e grupos em relação ao poder e à participação na rique-za, mas pelos direitos e obrigações recíprocos, aceitos como naturais e publicamente reconhecidos.

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  CA1 • HA1 HC2   CC2 • HA1 HC2 

 31  Observe esta charge e leia o texto.

Em uma sociedade, quando o sistema de privilégios é reconheci-do publicamente e garantido pelos representantes do Estado, há uma lógica estamental legitimando a desigualdade.

A charge de Adorno e a ideia expressa no parágrafo anterior re-metem:

a) à Revolução Francesa e à tomada da Bastilha pela população parisiense.

b) ao equilíbrio entre os poderes políticos no Brasil, representado pelo Congresso Nacional.

X c) ao comportamento de alguns políticos brasileiros que atuam no Congresso Nacional em defesa de seus privilégios.

d) às necessidades de defesa dos senhores feudais.

e) à transformação no campo da arquitetura brasileira promovida por Oscar Niemeyer.

  CC2 • HC2 HC3   CC3 • HC2 HC3   CC4 • HC2 HC3 

 32  Leia uma reportagem a respeito do assassinato do índio Galdino, ocorrido na cidade de Brasília em 1997.

[...] no dia 20 de abril de 1997, cinco rapazes de classe

média de Brasília atearam fogo no índio pataxó Galdino Jesus dos Santos, de 44 anos, que dormia em uma parada de ônibus na Asa Sul, bairro nobre da capital Federal.

A apropriação do espaço público por uma minoria pri-vilegiada foi uma característica da história do Brasil e ainda marca a vida política nacional. A charge utiliza a imagem do Congresso Nacional para ironizar a ma-nifestação dessa realidade no cenário político do país.

Ado

rno

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55

Cometido o crime, fugiram, mas um outro jovem que pas-

sava por ali, um chaveiro, anotou o número da placa do carro

dos assassinos e entregou à polícia. Horas depois, Galdino

morreu vítima de queimaduras em 95% do corpo, que foi en-

charcado por 1 litro de álcool. Galdino chegara a Brasília no

dia anterior, 19 de abril, Dia do Índio. Ele participou de várias

manifestações pelos direitos dos índios [...].

Condenados por crime hediondo, Max, Antônio, Tomás e

Eron não teriam, à época, direito à progressão de pena ou

outros benefícios. A lei prevê, apenas, a liberdade condicional

após o cumprimento de 2/3 da pena. Mas, em 2002, a 1ª Turma

Criminal fez uma interpretação diferente. Como não há veto a

benefícios específicos na lei, os desembargadores concederam

autorização para que os quatro exercessem funções administra-

tivas em órgãos públicos.

[...]

Mas a reclusão total durou pouco tempo. Em agosto de

2004, os quatro rapazes ganharam o direito ao livramento con-

dicional, ou seja, estão em liberdade, mas precisam seguir algu-

mas regras de comportamento impostas pelo juiz no processo

para manter sua liberdade, tais como: não sair do Distrito Fe-

deral sem autorização da Justiça e comunicar periodicamente

ao juiz sua atividade profissional.

[...]

Assim que foram encaminhados à prisão, os criminosos não

ficaram 24 horas detidos em cela comum, junto com outros

presos. Eles foram transferidos para uma biblioteca desativada,

onde tiveram dezenas de regalias, segundo a promotora Maria

José Miranda. Ela acompanhou o processo nos primeiros cinco

anos, mas, por causa desconhecida, pediu afastamento do caso

pouco tempo antes do julgamento.

Questionada se sofreu algum tipo de ameaça, Miranda pre-

fere desconversar e diz apenas que “não é do meu perfil, não

combina comigo, pedir para sair de um caso. Houve um moti-

vo muito forte para que eu saísse do processo”.

Em entrevista ao G1, ela conta que os quatro rapazes ti-

nham direito a tomar banho quente, cortinas e também ficavam

com a chave da cela no bolso. “Durante cinco anos eles tive-

ram regalias que nenhum outro preso teve”.

Jardon, Carolina. Assassinato do índio Galdino completa 10 anos.Rio de Janeiro, G1, 19 abr. 2007. Disponível em:

<http://g1.globo.com/Noticias/Brasil/0, MRP23764-5598,00.html>. Acesso em: 1º jun. 2011.

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56

O texto revela algumas características da sociedade brasileira que

podem ser associadas:

a) à preservação de privilégios herdados dos ancestrais portu-

gueses.

b) aos direitos dos jovens, que não possuíam maioridade

penal.

X c) à manifestação, na sociedade contemporânea, de aspectos

relacionados ao sistema estamental, conforme análise do so-

ciólogo José de Souza Martins.

d) à vigência do Estatuto da Criança e do Adolescente no

Brasil.

e) ao fato de o indígena não ser cidadão brasileiro e de a legis-

lação privilegiar somente os nascidos no território nacional ao

gozo da ampla defesa.

  CB1 • HB1 HC1   CC1 • HB1 HC1 

 33 A análise da estratificação de uma sociedade depende dos in-

teresses do investigador e do critério utilizado na classificação

dos grupos sociais. Um desses critérios é a posição de indiví-

duos e grupos no processo de produção; outro é sua capacidade

de consumo. Com base nesse segundo critério, as camadas que

compõem a hierarquia social são classificadas como classe alta,

média e baixa ou, então, como A, B, C, D e E.

É possível associar a classificação baseada na capacidade de con-

sumo:

X a) às pesquisas de mercado destinadas a orientar ações de

marketing promocional de um produto ou serviço.

b) às pesquisas sociológicas que visam identificar os conflitos so-

ciais e a luta de classes.

c) às pesquisas institucionais voltadas para a detecção de confli-

tos de interesses trabalhistas.

d) aos questionários aplicados a trabalhadores para verificar suas

condições de vida e suas percepções do processo de luta de

classes.

e) aos estudos sobre a organização do trabalho nas sociedades

capitalistas.

A classificação das camadas sociais de acordo com sua capacidade de consumo (classes A, B, C, D e E ou classes alta, média e baixa) em geral é utilizada em pesquisas mercadológicas voltadas para ações de marketing.

Os direitos e privilégios desfrutados pelos assassinos do índio Galdino foram assegurados pela origem fa-miliar dos rapazes e pelo grupo social ao qual per-tencem. Trata-se, assim, de uma manifestação de as-pectos próprios do sistema estamental na sociedade contemporânea, tal como analisou o sóciólogo José de Souza Martins.

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57

  CC1 • HC2 

 34  (Enem, 2010)

Acima de 1.000 ha

De 100 a 1.000 ha

De 10 a 100 ha

Até 10 ha

1,3%

53%

15,2%

30,5%

TPG

Fonte: Incra. Estatísticas cadastrais 1998.

O gráfico representa a relação entre o tamanho e a totalidade dos imóveis rurais no Brasil. Que característica da estrutura fundiária brasileira está evidenciada no gráfico apresentado?

X a) a concentração de terras nas mãos de poucos.

b) a existência de poucas terras agricultáveis.

c) o domínio territorial dos minifúndios.

d) a primazia da agricultura familiar.

e) a debilidade dos plantations modernos.

  CA1 • HA1 HB1   CB1 • HA1 HB1 

 35 Leia as considerações feitas por Émile Durkheim acerca da mobi-lidade social na sociedade capitalista.

Sempre que a riqueza seja transmitida por herança, exis-

tirão ricos e pobres de nascimento. As condições morais de

nossa vida social são tais que as sociedades não poderão se

manter a não ser que as desigualdades exteriores, dentro das

quais os indivíduos estão situados, forem cada vez mais se

nivelando. É preciso não entender, por isso, que os homens

devem tornar-se iguais entre eles; ao contrário: a desigualda-

de interior, aquela que deriva do valor pessoal de cada um,

irá sempre aumentando, sem que este valor seja exagerado ou

diminuído por alguma causa exterior. Ora, a riqueza hereditá-

ria é uma dessas causas. Ela fornece a qualquer um vantagens

A característica da estrutura fundiária evidenciada pelo gráfico é a concentração de terras nas mãos de poucos proprietários, visto que as áreas de dimensão superior a 1 000 hectares (os chamados latifúndios) concentram 53% das terras agricultáveis do país.

De acordo como pensamento durkheimiano, os in-divíduos são capazes de realizar seu trabalho e de acumular capital. No entanto, fatores externos ao es-forço individual, como o direito de herança, impedem a mobilidade e prejudicam as condições de existência na sociedade capitalista.

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que não derivam de seus próprios méritos e que, portanto,

lhe conferem esta superioridade sobre outros. Esta injustiça,

que nos parece crescentemente intolerável, torna-se cada vez

mais inconciliável com as condições de existência de nossas

sociedades.

durkHeiM. Émile. La famille conjugale. Revue Philosophiquede la France et l’Étranger. Paris, n. XCI, p. 8, jan./juin 1921, p. 10-11.

Apud Quintaneiro, Tania; BarBosa, Maria Ligia de Oliveira; oliveira, Márcia Gardênia de. Um toque de clássicos: Durkheim, Marx e Weber.

2. ed. rev. ampl. Belo Horizonte: UFMG, 2003. p. 86.

Com base no texto de Durkheim, é possível afirmar:

X a) A mobilidade social é maior na sociedade capitalista do que na estamental ou na sociedade dividida em castas. No en-tanto, mesmo no sistema capitalista há causas externas aos indivíduos que dificultam a mobilidade social e a superação das desigualdades.

b) A sociedade capitalista não oferece obstáculos à ascensão so-cial dos indivíduos que se empenham e acumulam ganhos ao longo de sua vida profissional.

c) A luta de classes colabora para o desenvolvimento econômico da sociedade capitalista, visto que os conflitos promovem ino-vações e mudanças.

d) O conceito de anomia desenvolvido por Durkheim permite compreender a articulação entre as classes sociais para a ga-rantia da mobilidade social.

e) O direito de herança estimula a mobilidade social e contribui para reduzir as desigualdades na sociedade capitalista.

  CA2 • HA2 HC1   CC1 • HA2 HC1 

 36 Analise o excerto a seguir, de autoria de Karl Marx e Friedrich Engels.

A história de todas as sociedades que existiram até nossos

dias tem sido a história das lutas de classes.

Homem livre e escravo, patrício e plebeu, barão e servo,

mestre de corporação e companheiro, numa palavra, opressores

e oprimidos, em constante oposição, têm vivido numa guerra

ininterrupta, ora franca, ora disfarçada; uma guerra que terminou

sempre, ou por uma transformação revolucionária, da sociedade

inteira, ou pela destruição das duas classes em luta.

Marx, K.; engels, F. Manifesto do Partido Comunista. Portal Domínio Público, Brasília. Disponível em: <http://dominiopublico.gov.br/

download/texto/cv000042.pdf>. Acesso em: 26 maio 2011.

A perspectiva em questão valoriza o processo históri-co, o movimento dialético e a materialidade para ana-lisar a luta de classes ao longo da trajetória humana.

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Os autores do texto apoiam-se na perspectiva analítica segundo a qual:

a) na sociedade capitalista a luta de classes é um processo parti-cular sobre o qual se assenta a manutenção do sistema.

b) as classes sociais são a base de um movimento histórico gra-ças ao qual se evitam mudanças na estrutura social.

c) sempre existiram diferenças entre as classes sociais e, dessa forma, é possível conviver com as desigualdades.

d) a luta de classes é um processo determinado por uma lei ge-ral, ou seja, é um movimento contínuo de articulação dos in-divíduos para a promoção de novas lutas.

X e) cada sociedade desenvolve sua estrutura de classes, percebi-da no contraste das condições materias da vida cotidiana; a luta entre as classes antagônicas move a história de todas as sociedades.

  CC1 • HC1 

 37  No artigo a seguir, a jornalista Andrea Vialli expõe a análise de Stuart Hart sobre a situação do sistema capitalista no mundo con-temporâneo. Hart é autor do livro Capitalism at the Crossroads (Capitalismo na Encruzilhada) e autoridade mundial em desen-volvimento sustentável.

[...]

Para Hart, o mundo vive um momento muito parecido com o período entre 1914 e 1945, quando as guerras mundiais, a depressão econômica, o fascismo e o comunismo quase elimi-naram o sistema capitalista da face da Terra. Hoje, o quadro é semelhante — o sistema baseado na mais-valia tem de enfren-tar inimigos como o terrorismo internacional, o movimento an-tiglobalização e os problemas ambientais que afetam o mundo todo. “Temos de reinventar o capitalismo, de modo a torná-lo mais inclusivo”, afirma.

Ele se baseia em números. Hoje, os atuais sistemas de pro-dução têm se voltado a preencher as necessidades de 800 mi-lhões de pessoas que vivem com rendimentos superiores a US$ 15 mil/ano, a um custo de 80% da energia e dos recursos naturais do planeta.

Quando pensam em crescer e expandir seus negócios, as empresas direcionam energias e investimentos para ganhar os cerca de 1,2 bilhão de consumidores que estão situados naquela que Hart chama de “classe média emergente” — os que ganham de US$ 1,5 mil a US$ 15 mil por ano. E só recen-temente têm voltado os olhares para os 4 bilhões restantes, a base da pirâmide.

Desde o final do século XX, há um intenso debate a respeito da interação entre as questões socioambien-tais e as práticas capitalistas. Com isso, as estratégias empresariais de responsabilidade social, a busca por sustentabilidade e a superação das desigualdades so-ciais passaram a ser foco de ação das grandes compa-nhias capitalistas. A inclusão das camadas populares e dos países pobres no mercado consumidor dessas empresas faz parte desse cenário.

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Hart cita alguns exemplos de empresas que já começam a

voltar os olhos para a população de baixa renda, mas afirma

que elas estão aprendendo a lidar com esse público. Gigan-

tes como Procter&Gamble, Unilever, Coca-Cola, HP e DuPont

têm avançado em criar produtos focados nesse consumidor e

também em parcerias com ONGs, dentro de suas políticas de

responsabilidade corporativa.

[...]

Outra grande possibilidade de inclusão cabe ao setor finan-

ceiro, por meio de programas de microcrédito. Grandes grupos

financeiros já criam unidades de negócios para emprestar di-

nheiro aos pobres, nos moldes do já clássico Grameen Bank, de

Bangladesh — pioneiro em oferecer crédito a vilarejos paupér-

rimos na Índia. Hart ressalta que a maior parte dos empreen -

dimentos na base da pirâmide começa a partir de ONGs ou

pequenas empresas locais, para depois serem descobertas por

grandes grupos empresariais.

vialli, Andrea. Inclusão social é o futuro do capitalismo. Serpro, Brasília, 31 ago. 2005. Disponível em: <http://serpro.gov.br/noticias-antigas/

noticias-2005-1/20050831_02>. Acesso em: 1º jun. 2011.

A discussão abordada no texto sugere:

X a) o reconhecimento de que a superação da desigualdade social mundial é de interesse de todos, inclusive da iniciativa privada e das grandes corporações, mobilizando a criação de políticas que diminuam o abismo social entre ricos e pobres.

b) o reconhecimento de que a superação da desigualdade social mundial é de interesse exclusivo das corporações empresariais, indicando a necessidade de recriar o capita-lismo por meio das estratégias de responsabilidade socio-empresarial.

c) o reconhecimento de que a superação da desigualdade social interessa somente aos governantes e às grandes corporações que passaram a vislumbrar nos grupos C e D potenciais con-sumidores para seus produtos.

d) a criação de uma nova bandeira para os movimentos sociais e para a articulação da classe trabalhadora, garantindo novas estratégias de responsabilidade social por meio das quais as empresas assegurem a mobilidade entre as classes.

e) o estímulo à conquista do espaço ocupado pelo terceiro setor, à consolidação das ONGs (organizações não governamen-tais), bem como à produção de uma simbiose empresarial com aqueles que foram marginalizados ao longo do processo histórico.

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  CC1 • HC1 HC2   CC1 • HC1 HC2 

 38 Leia os dois textos para responder à questão proposta a seguir.

Texto 1

Fome avançou em 20 anos

Praticamente uma em cada seis pessoas em todo o mundo

padece de fome: atualmente há 925 milhões de famintos, 75

milhões a mais do que em 1990. Pobreza, conflitos e instabili-

dade política são as causas principais. Estes dados constam do

Índice Mundial da Fome, apresentado na segunda-feira pela

Ação Agrária Alemã (Welthungerhilfe) em Berlim, por ocasião

da cúpula em Roma. Seu foco, este ano, é a fome entre as

crianças.

O documento considerou que a situação em 29 nações

em desenvolvimento é “alarmante” ou mesmo “extremamente

alarmante”.

[...]

Estudo alemão estima que uma entre seis pessoas passa fome no mundo. Portal EcoDebate, Rio de Janeiro, 13 out. 2010. Disponível em:

<http://ecodebate.com.br/2010/10/13/estudo-alemao-estima-que-uma-entre-seis-pessoas-passa-fome-no-mundo>.

Acesso em: 1º jun. 2011.

Texto 2

Fome no mundo diminui pela primeira vez em 15 anos,

diz FAO

O número de pessoas subnutridas no mundo teve a pri-

meira queda em 15 anos no último ano, de 1,023 bilhão para

925 milhões, segundo um relatório divulgado nesta terça-feira

pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agri-

cultura (FAO).

Segundo a organização, a queda nos números absolutos

de subnutridos em 2010 é consequência, em grande parte, da

expectativa de retomada do crescimento da economia, parti-

cularmente em países em desenvolvimento, e da queda no pre-

ço de alimentos desde meados de 2008.

[...]

Segundo a FAO, para combater as causas da fome os go-

vernos devem investir mais na agricultura, expandir redes de

segurança e programas de assistência social, reforçar atividades

que geram renda para as áreas rurais e urbanas mais pobres e

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criar mecanismos adequados para lidar com situações de crise

e proteger as populações mais vulneráveis.

BBC Brasil. Fome no mundo diminui pela primeira vez em 15 anos, diz FAO. Folha.com, São Paulo, 14 set. 2010. Disponível em: www1.folha.uol.

com.br/bbc/798441-fome-no-mundo-diminui-pela-primeira-vez-em-15-anos-diz-fao.shtml>. Acesso em: 1º jun. 2011.

Quais fatores foram, e ainda são, responsáveis pela constituição do quadro de fome e subnutrição apresentado nos textos?

a) A diminuição da oferta de alimentos no continente africano; a grande ocorrência de desertificação na América do Sul; a dimi-nuição das pastagens e terras férteis no continente europeu; os conflitos étnicos que resultaram em guerras civis na Ásia.

b) A crise financeira internacional; a falta de recursos para aten-der às necessidades alimentícias de toda a população mun-dial; a regulação do mercado e das taxas cambiais; o foco nas populações vulneráveis.

c) O comércio global de alimentos e a alta dos preços; a crise na produção de alimentos nos países emergentes; a prática neo- liberal estadunidense e europeia; a estratégia protecionista adotada pelos países em desenvolvimento na década de 1990.

X d) A falta de ação política e governamental; a pobreza, os confli-tos e a instabilidade política; a falta de investimentos públicos na agricultura e na criação de programas assistenciais e de proteção às populações mais vulneráveis; o protecionismo es-tadunidense e europeu aos produtos agrícolas; as estratégias neoliberais difundidas nos países em desenvolvimento na dé-cada de 1990.

e) A diminuição da oferta de alimentos no continente africano; a crise financeira internacional; a alta dos preços do petróleo e dos alimentos; o número de pessoas com fome crônica no sul da Ásia.

  CC2 • HC1 

 39 Leia um texto de Abdias do Nascimento (1914-2011), ativista do movimento negro, professor e escritor que trouxe importantes contribuições à sociedade brasileira.

Devemos compreender “democracia racial” como signifi-

cando a metáfora perfeita para designar o racismo estilo bra-

sileiro: não tão óbvio como o racismo dos Estados Unidos e

nem legalizado qual o apartheid da África do Sul, mas eficaz-

mente institucionalizado nos níveis oficiais de governo assim

como difuso no tecido social, psicológico, econômico, políti-

A explicação para o quadro de fome e subnutrição apresentado nos textos — um dos principais pro-blemas das sociedades ao longo da história — deve ser buscada no plano político e geopolítico mundial, considerando-se que as desigualdades entre países ricos e pobres foram acentuadas pelo processo de globalização.

A crítica às teses da “democracia racial” brasileira foi desenvolvida ao longo da primeira metade do século XX. No excerto selecionado, Abdias do Nascimento expõe sua oposição ao racismo à brasileira, o qual cumpre a função de perpetuar a discriminação no país, e denuncia sua institucionalização tanto no pla-no governamental quanto no social, psicológico, eco-nômico, político e cultural da sociedade.

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co e cultural da sociedade do país. Da classificação grosseira

dos negros como selvagens e inferiores, ao enaltecimento das

virtudes da mistura de sangue como tentativa de erradicação

da “mancha negra”; da operatividade do “sincretismo” religio-

so; à abolição legal da questão negra através da Lei de Segu-

rança Nacional e da omissão censitária — manipulando todos

esses métodos e recursos — a história não oficial do Brasil

registra o longo e antigo genocídio que se vem perpetrando

contra o afro-brasileiro. Monstruosa máquina ironicamente

designada “democracia racial” que só concede aos negros um

único “privilégio”: aquele de se tornarem brancos, por dentro

e por fora.[...]

nasciMento, Abdias do. O genocídio do negro brasileiro: processo de um racismo mascarado. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978. p. 93.

A análise de Abdias do Nascimento sugere que no Brasil:

X a) as teses que sustentam o mito da “democracia racial” são uma forma de defender o “branqueamento” da popula-ção e de perpetuar no país a discriminação racial contra os negros.

b) há uma “democracia racial” na qual todos usufruem de iguais oportunidades, independentemente das características físicas e étnicas, o que possibilitou uma ampliação do espaço ocupa-do pelos negros.

c) a história oficial promoveu, ao longo dos séculos, um processo de ocultação da história negra e, assim, as teses da “democra-cia racial” foram consagradas pelos integrantes do movimento negro no país.

d) o racismo é universal e se manifesta do mesmo modo no Bra-sil, nos Estados Unidos e na África do Sul.

e) há uma noção de harmonização das relações etnorraciais, pressupondo a igualdade de direitos e oportunidades, o que é confirmado pelas estatísticas sobre a população negra do Brasil.

  UnidAde 4 

  CC2 • HC1   CC2 • HC2 

 40 Conheça alguns dados que revelam a desigualdade social no Bra-sil do século XXI.

Texto 1

A renda dos brasileiros mais pobres avançou em ritmo qua-

se três vezes superior ao da dos mais ricos em 2009.

As informações apresentadas nos textos indicam a importância das políticas públicas e do compromisso do Estado no combate à desiguldade social e à erradi-cação da pobreza e da extrema pobreza por meio de um instrumento de transferência de renda.

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Segundo estudo do economista Marcelo Neri, da Fundação

Getulio Vargas, os 40% mais pobres tiveram ganho de 3,15%

em 2009, e os 10% mais ricos, de 1,09%.

Os cálculos são baseados na Pnad (Pesquisa Nacional por

Amostra de Domicílio), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geo-

grafia e Estatística).

Estudo da FGV mostra que Pobreza no Brasil diminuiu. A Síntese, 15 set. 2010. Disponível em: <http://asintese.blogspot.com/2010/09/estudo-da-

fgv-mostra-que-pobreza-no.html>. Acesso em: 27 maio 2011.

Texto 2

Sergei Soares já havia realizado outra análise de efeitos do

Bolsa Família. O estudo anterior constatou que, dos cinco pon-

tos percentuais da redução da extrema pobreza no período de

2002 a 2009 (10% para 4,8%), dois pontos percentuais se de-

vem ao programa de transferência de renda. “O Bolsa Família

é muito bem focalizado, e o segredo dessa boa focalização está

no Cadastro Único, que consegue achar as pessoas mais pobres

com muita eficiência”, argumenta.

Os dados apresentados pelo técnico do Ipea constam do

livro Bolsa Família 2003-2010: avanços e desafios, que foi lan-

çado durante o evento. “Percebemos que a redução da pobreza

e da extrema pobreza, que estava estacionada de 1999 a 2003,

começou com a unificação dos programas de transferência de

renda e a expansão da cobertura do Bolsa Família.”

Dados do Bolsa Família serão cruzados com rendimento escolar. Portal Brasil, Brasília, 8 dez. 2010. Disponível em:

<http://brasil.gov.br/noticias/arquivos/2010/12/8/dados-do- bolsa-familia-serao-cruzados-com-rendimento-escolar>.

Acesso em: 27 maio 2011.

Com base nessas informações, e considerando a busca de solu-ções que promovam mobilidade social aos mais pobres, o pro-grama social a que se refere o texto 2 pode ser definido como um(a):

a) ação que estimula organizações não governamentais a com-bater a fome e a pobreza.

b) política pública para alavancar o crescimento econômico fren-te à crise global instalada a partir de 2009.

X c) programa de transferência de renda implementado pelo po-der público federal para combater a pobreza e a extrema pobreza.

d) política pública que utiliza recursos dos Fundos Sociais de So-lidariedade e que conta com a participação destacada das au-toridades municipais.

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e) política pública com fins sociais e raciais com vistas a atender

os segmentos discriminados na sociedade brasileira.

  CB1 • HB1 HB2 HC1 HC2   CC2 • HB1 HB2 HC1 HC2 

 41  Após a Segunda Guerra Mundial, os países do sistema capitalista

no Ocidente, como os Estados Unidos e algumas nações da Euro-

pa, visando seu desenvolvimento, adotaram medidas de promo-

ção dos direitos sociais.

Essa forma de gestão e de organização do Estado foi chamada de:

a) Estado mínimo ou neoliberalismo.

b) Estado planificado ou centralismo.

X c) Estado do bem-estar social ou Estado social.

d) Estado totalitário ou nazismo.

e) Estado do bem-estar social ou Estado mínimo.

  CB1 • HB1 HB2 HC1 HC2   CC2 • HB1 HB2 HC1 HC2 

 42  Leia um texto extraído do livro O horror econômico, no qual a

ensaísta francesa Viviane Forrester critica o desmantelamento do

sistema de proteção social.

As grandes empresas e as organizações mundiais obser-

vam com reprovação essas orgias de outra época, responsá-

veis por todos os males: salário mínimo, descanso remune-

rado, alocações familiares, previdência social, renda mínima,

loucuras culturais, para citar apenas alguns exemplos desse

desperdício. Tantos fundos desviados das finalidades da eco-

nomia de mercado para sustentar pessoas que nem pedem

tanto. [...]

forrester, Viviane. O horror econômico. São Paulo: Unesp, 1997. p. 121.

De acordo com o texto, os que se opunham à concessão de be-

nefícios sociais justificavam sua posição ao alegar que tais me-

didas eram exemplo de “desperdício”. Essa compreensão crítica

ganhou espaço no último quartel do século XX e está pautada no

discurso político intitulado:

X a) Neoliberalismo e Estado mínimo.

b) Centralismo e Estado planificado.

c) Estado social e Estado do bem-estar social.

d) Socialismo e Estado totalitário.

e) Comunismo e Estado democrático.

No contexto do pós-guerra e da Guerra Fria, as po-líticas públicas de pleno emprego e de seguridade social, entre outras medidas, foram utilizadas pelas nações capitalistas para a promoção de seu desenvol-vimento. Esse modelo de organização estatal — uma postura inovadora em relação ao liberalismo e inter-ventora por parte do Estado — foi chamado de Estado do bem-estar social ou Estado social (Welfare State).

Com a crise do petróleo na década de 1970 e as di-ficuldades econômicas e sociais por que passavam as nações que adotaram a política do Estado social, o neoliberalismo ganhou força e projeção. A privati-zação dos serviços públicos e a mínima intervenção estatal na vida das pessoas estão entre as principais medidas tomadas pelos Estados neoliberais.

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66

  CB1 • HB1 HB2 HC1 HC2   CB2 • HB1 HB2 HC1 HC2 

 43  Leia trecho de uma reportagem publicada em 2010.

Centro de debate eleitoral, privatizações são analisadas por especialistas

Tema central na atual disputa eleitoral, as privatizações fei-

tas desde o início da década de 1990, sob o pretexto de for-

necer dinheiro para o Estado e equilibrar as contas públicas,

reduziram o endividamento do governo, mas em condições

insuficientes para pagar os juros da dívida pública. Segundo

dados do Relatório de Política Fiscal, divulgado mensalmente

pelo Banco Central, o governo gastou cerca de 20 vezes mais

com os juros nos últimos 19 anos do que economizou com a

venda de empresas ao setor privado.

[...]

Para Eliana Graça, assessora do Instituto de Estudos Socio-

econômicos (Inesc), os dados do Banco Central mostram que,

do ponto de vista fiscal, as privatizações não representaram a

melhor saída para equilibrar as contas públicas.

— Privatizar não é a solução para questão fiscal. A questão

da dívida pública é muito mais complicada do que isso.

[...]

— Na época, se falava que o dinheiro das privatizações se-

ria usado para investir em saúde e educação, mas na verdade

até hoje não se sabe o que foi feito com esses recursos.

O presidente da Sociedade Brasileira de Estudos de Empre-

sas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet), Luís

Afonso Lima, discorda da análise e acredita que as privatiza-

ções contribuíram para o equilíbrio das finanças públicas. [...]

De acordo com Lima, a venda de estatais trouxe um legado

para as contas públicas porque impediu a expansão de gastos

do governo para manter a infraestrutura.

— Se as privatizações não tivessem ocorrido, o governo

teria aumentado os gastos correntes, nem sempre investindo

como se deveria —, ressalta. [...]

Centro de debate eleitoral, privatizações são analisadas por especialistas. Correio do Brasil, Rio de Janeiro, 17 out. 2010. Disponível em: <http://

correiodobrasil.com.br/alvo-de-disputa-eleitoral-privatizacoes-sao-analisadas-por-especialistas/186430/>. Acesso em: 27 maio 2011.

O texto apresenta diferentes interpretações a respeito dos resul-

tados da política de privatização das empresas estatais promo-

vida no Brasil especialmente na década de 1990. Na história do

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Brasil republicano, governantes distintos implementaram políti-cas econômicas baseadas em estratégias aparentemente opos-tas. São exemplo disso:

a) Getulio Vargas e Juscelino Kubitscheck (política neoliberal sem intervenção na economia); Collor-Itamar e Fernando Henrique Cardoso (política liberal e promoção da ideia de Estado forte).

b) General Eurico Gaspar Dutra e Marechal Deodoro (política li-beral com intervenção na economia); Fernando Henrique Car-doso e Lula (política neoliberal e promoção da ideia de Estado mínimo).

c) Getulio Vargas e Juscelino Kubitscheck (política neoliberal e privatizações); Collor-Itamar e Fernando Henrique Cardoso (política neoliberal e promoção da ideia de Estado mínimo).

X d) Getulio Vargas e Juscelino Kubitscheck (política liberal com in-tervenção na economia); Collor-Itamar e Fernando Henrique Cardoso (política neoliberal e promoção do Estado mínimo).

e) Juscelino Kubitscheck e Marechal Castelo Branco (política libe-ral com intervenção na economia); Collor-Itamar e Lula (políti-ca neoliberal e privatizações).

  CA1 • HA2   CA2 • HA2 

 44  Leia os excertos de textos de distintos autores a respeito do Esta-do moderno capitalista para responder à questão.

(01) [...] a burguesia, com o estabelecimento da grande in-

dústria e do mercado mundial, conquistou finalmente a sobe-

rania política exclusiva no Estado representativo moderno. O

Executivo no Estado moderno não é senão um comitê para

gerir os negócios comuns de toda a classe burguesa.

(02) Como é necessário haver uma palavra para designar

o grupo especial de funcionários encarregados de representar

essa autoridade [autoridade soberana cuja ação os indivíduos

estão submetidos] conviremos em reservar para esse uso a pa-

lavra Estado. [...] Ele só é a sede de uma consciência especial,

restrita, porém mais elevada, mais clara, que tem de si mesma

um sentimento mais vivo.

(03) [...] Hoje, porém, temos de dizer que o Estado é uma

comunidade humana que pretende, com êxito, o monopólio

do uso legítimo da força física dentro de um determinado ter-

ritório [...] Daí “política”, para nós, significar a participação no

poder ou a luta para influir na distribuição de poder, seja entre

Estados ou entre grupos dentro de um Estado.

A resposta à questão envolve a compreensão da trajetória econômica do Estado brasileiro em diferen-tes momentos da história do país. A industrialização e a formação da indústria de base, priorizadas por Getulio Vargas e Juscelino Kubitschek, exigiram for-te intervenção estatal na economia. Na década de 1990, a estratégia foi outra: com inspiração na política neoliberal e modelo Estado mínimo, implementaram-se reformas que atendiam ao propósito de reduzir o papel do Estado na economia.

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Identifique os autores e suas respectivas premissas teóricas:

a) Georg Simmel (Estado e neoliberalismo); Karl Marx (Estado e controle da burguesia); Émile Durkheim (Estado, leis gerais e consciência coletiva).

b) Lênin (Estado e economia planificada), Karl Marx (Estado e controle da burguesia); Émile Durkheim (Estado, leis gerais e consciência coletiva).

c) Karl Marx (Estado e controle da burguesia); Émile Durkheim (Estado, leis gerais e consciência coletiva); Boaventura de Sousa Santos (Estado Social e políticas do bem-estar social).

d) Trotski (Estado e controle da burguesia); Émile Durkheim (Es-tado, leis gerais e consciência coletiva); Stálin (Estado e tota-litarismo).

X e) Karl Marx (Estado e controle da burguesia); Émile Durkheim (Estado, leis gerais e consciência coletiva); Max Weber (Estado, dominação legal e distribuição de poder).

  CA1 • HA2   CA2 • HA2 

 45 Ao analisar o Estado alemão, Max Weber apontou que o “Esta-do é uma relação de homens dominando homens”, legitimada pelos estatutos, leis, competência funcional e regras elaboradas de forma racional.

Sob essa perspectiva, pode-se afirmar que o Estado é:

X a) mais uma das muitas organizações burocráticas da sociedade.

b) uma organização que faz a gestão dos negócios capitalistas.

c) a expressão da consciência coletiva da sociedade.

d) o resultado da infraestrutura, e, portanto, uma forma de supe-restrutura.

e) uma expressão da opressão burguesa sobre o proletariado.

  CC2 • HC2 

 46 Considere o contexto histórico da constituição dos Parlamentos, nos séculos XVII e XVIII, no início do Estado liberal. A participação na vida política e institucional era:

X a) exclusividade dos homens que possuíam tempo livre (para aprofundar seus conhecimentos) e propriedades (que garan-tissem essa condição e seu sustento), o que se exprimia no voto censitário e masculino.

b) um direito de homens e mulheres que possuíam tempo livre (para aprofundar seus conhecimentos) e propriedades (que

Os autores clássicos das ciências sociais e humanas estudaram o papel do Estado de diferentes perspec-tivas teóricas, cada qual com sua matriz conceitual. A questão proposta explicita, respectivamente, as pers-pectivas de Karl Marx, Émile Durkheim e Max Weber.

A análise weberiana do Estado alemão identifica o poder estatal como uma organização burocrática sem conteúdo inerente; uma esfera de disputa na qual os indivíduos tentam conquistar maior poder político dentro da sociedade.

A participação política restrita por gênero e posses predominou no início do Estado liberal. A conquista do sufrágio universal resultou de uma luta travada ao longo dos séculos XVIII, XIX e XX, sobretudo pelos trabalhadores, que tinham como principais opositores a aristocracia dominante e/ou o empresariado (por meio do controle do Estado moderno).

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garantissem essa condição e seu sustento), o que definia o

voto censitário e sem recorte de gênero.

c) garantida aos homens e às mulheres, independente de posse

e renda, caracterizando o voto universal.

d) um direito dos homens ricos ou pobres, independentemente

das posses ou da renda, caracterizando o voto universal aos

homens.

e) garantida aos empresários e aos trabalhadores, que possuíam

o mesmo direito na emergente sociedade moderna burguesa,

caracterizando o sufrágio universal.

  CA1 • HA2   CA2 • HA2 

 47  Leia atentamente a letra da canção e o texto a seguir.

Texto 1

Admirável Chip Novo

Pane no sistema, alguém me desconfigurou

Aonde estão meus olhos de robô?

Eu não sabia, eu não tinha percebido

Eu sempre achei que era vivo

Parafuso e fluido em lugar de articulação

Até achava que aqui batia um coração

Nada é orgânico, é tudo programado

E eu achando que tinha me libertado

Mas lá vêm eles novamente

E eu sei o que vão fazer:

Reinstalar o sistema

Pense, fale, compre, beba

Leia, vote, não se esqueça

Use, seja, ouça, diga

Tenha, more, gaste e viva

Pense, fale, compre, beba

Leia, vote, não se esqueça

Use, seja, ouça, diga...

Não senhor, Sim senhor

[…]

pitty. Admirável Chip Novo. In: Admirável Chip Novo. 1 CD.Faixa 2. Rio de Janeiro: Deckdisc, 2003. Disponível em: <http://

letras.terra.com.br/pitty/67413/>. Acesso em: 1º jun. 2011. Composição: Pitty © DECK

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70

Texto 2

O Admirável Mundo Novo:fábula científica ou pesadelo virtual?

O cientificamente possível é eticamente viável? O Ad-

mirável Mundo Novo, escrito por Aldous Huxley, em 1931,

é uma “fábula” futurista relatando uma sociedade comple-

tamente organizada sob um sistema científico de castas.

Não haveria vontade livre, abolida pelo condicionamento;

a servidão seria aceitável devido a doses regulares de felici-

dade química e ortodoxias e ideologias seriam ministradas

em cursos durante o sono. Olhando o presente, podemos

imaginar um futuro semelhante em termos de avanços tec-

nológicos. [...]

tenório, Maria Clara Côrrea. O Admirável Mundo Novo:fábula científica ou pesadelo virtual? Urutágua, n.1, Maringá, maio 2001.

Disponível em: <www.urutagua.uem.br//ru10_sociedade.htm>. Acesso em: 1º jun. 2011.

A letra da canção e o enredo do livro de Aldoux Huxley podem ser associados às análises acerca da:

a) sociedade disciplinar, na qual todas as instituições (escola, igreja, quartel, hospital, família, prisão etc.) objetivam go-vernar os indivíduos, ou da sociedade de controle, em que há uma “prisão ao ar livre” manifestada no controle contínuo (as senhas de acesso, por exemplo) e/ou virtual (as câmeras e vídeos, por exemplo) —, conforme as formulações de Max Weber e Gilles Deleuze.

b) sociedade contemporânea, que produz uma lógica de contro-le das pessoas por meio da televisão e da indústria cultural, vigiando e punindo os indivíduos independentemente de sua localização — conforme as formulações de Émile Durkheim e Karl Marx.

X c) sociedade disciplinar, na qual todas as instituições (escola, igreja, quartel, hospital, família, prisão etc.) objetivam gover-nar os indivíduos, ou da sociedade de controle, em que há uma “prisão ao ar livre” manifestada no controle contínuo (as senhas de acesso, por exemplo) e/ou virtual (as câmeras e vídeos, por exemplo) —, conforme as formulações de Michel Foucalt e Gilles Deleuze.

d) sociedade interdisciplinar, na qual todas as instituições (esco-la, igreja, quartel, hospital, família, prisão etc.) articulam-se para condicionar os indivíduos, com o auxílio da tecnologia, a atender as demandas produtivas do século XXI —, conforme as formulações de Aldous Huxley e Karl Marx.

Uma série de trabalhos formulados ao longo do sécu-lo XX e início do XXI analisam a implementação dos avanços científicos e tecnológicos no cotidiano social e seus reflexos sobre a liberdade dos indivíduos. A alternativa correta relaciona as teorias de Michel Foucalt (acerca da sociedade disciplinar) e as de Gilles Deleuze (sobre a sociedade de controle).

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e) sociedade empresarial, em que há uma aglutinação de esfor-ços de diversos agentes (normalmente sob a forma de socie-dade limitada ou sociedade anônima) interessados no lucro gerado pela produção e circulação de bens e serviços —, con-forme as formulações de Henry Ford e Max Weber.

  CB1 • HB1 HB3   CB3 • HB1 HB3 

 48 Observe a charge a seguir, publicada em 2004.

Eugê

nio

Nev

es

Considerando o processo de redemocratização no Brasil, indique a situação referida pelo chargista Eugênio Neves:

a) O então presidente Lula viveu um dilema relacionado à aber-tura dos arquivos da ditadura (1964-1985), visto que sua atua-ção sindical naquele período podia comprometê-lo.

X b) O processo de abertura política dirigido pelos militares de for-ma gradual e “segura” garantiu que as atrocidades realizadas no período ditatorial (1964-1985) não fossem reveladas e jul-gadas até o término do mandato de Lula, em 2010.

c) O líder sindical Lula cometeu inúmeras irregularidades duran-te a ditadura militar (1964-1985) e, por isso, quando ocupou a presidência da República evitou a abertura dos arquivos da época.

d) O processo de abertura política dirigido pelos militares de forma gradual e “segura” permitiu ao governo Lula ter aces-so aos arquivos do período ditatorial (1964-1985) e dar con-

O processo de redemocratização no Brasil esteve sob o controle das Forças Armadas e, até 2010, os crimes cometidos durante o regime militar não foram reve-lados ou julgados.

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tinuidade aos processos judiciais que corriam no Tribunal da Justiça Militar.

e) O então presidente Lula impediu até 2010 a abertura dos ar-quivos do período ditatorial (1964-1985) para não assumir o ônus financeiro do pagamento devido pelo Estado brasileiro aos parentes das vítimas do regime militar.

  CA1 • HA1 HB1 • HB3   CA2 • HA1 HB1 HB3     CB1 • HA1 HB1 HB3 

 49    Para que haja luta de classes é preciso que haja cons ciência

de classes, solidariedade de classes. Essa consciência não exis-

tia antigamente entre nós; os que estavam colocados mais abai-

xo da escala social não tinham noção de que interesses dife-

rentes podiam separá-los dos que pertenciam às camadas mais

elevadas; a solidariedade aqui existente tinha por base a tribo

familial com parentes, aderentes, agregados, isto é, laços de

dependência consanguínea, material e moral.[...]

Este tipo de solidariedade tinha acompanhado muito na-

turalmente o modo pelo qual se processara a ocupação do

solo, as grandes propriedades nas mãos de alguns senhores. O

recém-chegado numa zona era condenado a se acolher à som-

bra do mandão local e ligá-lo fortemente a si se quisesse ter um

apoio (de onde a importância da instituição do compadrio). A

escravidão, reforçando o poder do proprietário rural, deu mais

ênfase a estas relações. E tudo isso junto formou o nódulo

duro e resistente do mandonismo local no Brasil, que fazia os

homens se definirem em termos de posse em relação uns aos

outros: “— Quem é você?” “— Sou gente do Coronel Fulano”.

Queiroz, Maria Isaura Pereira de.O mandonismo local na vida política brasileira e outros ensaios.

São Paulo: Alfa-Ômega, 1976. p. 18-19.

A respeito da formação política do Brasil, a contribuição de Ma-ria Isaura Pereira de Queiroz é um marco no campo das ciências humanas e sociais, porque avançou no debate sobre:

a) a sociedade escravocrata, o presidencialismo, a política do favor e o nepotismo.

b) a sociedade classista, o parlamentarismo, o clientelismo, a política do favor e a corrupção.

c) a sociedade patriarcal, o coronelismo, o clientelismo, a polí-tica da participação e a corrupção.

X d) o mandonismo local, o clientelismo, a política do favor e o uso do poder econômico nos processos eleitorais.

Para compreender o processo de formação política do país é necessário analisar as heranças do siste-ma colonial e do período imperial presentes no Brasil republicano. O mandonismo local, o clientelismo, a prestação de “favores”, o uso do poder econômico nos processos eleitorais e a perpetuação de famílias tradicionais no governo são algumas das marcas da história política do Brasil.

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73

e) a sociedade estamental, o getulismo, o clientelismo, a políti-ca da participação e a corrupção.

  CA1 • HA1 HB1 HB3   CA2 • HA1 HB1 HB3     CB1 • HA1 HB1 HB3 

 50 Observe a charge e leia o texto a seguir.

Când

ido

Arg

onez

de

Faria

(18

49-1

911)

D. Pedro II controla o “carrossel” político da época. Charge de Cândido Aragonez de Faria publicada no final do século XIX e intitulada O rei se diverte.

[...]

No Brasil, a organização do sistema parlamentar acabou

sendo completamente “avesso” ao modelo inglês. O impera-

dor Dom Pedro II, imbuído das atribuições concedidas pelo

Poder Moderador, tinha total liberdade para escolher os in-

tegrantes do Conselho de Estado. Este órgão, situado abaixo

da autori dade do monarca, poderia escolher os ministros e

realizar a dissolução da Câmara de Deputados. Na maioria das

vezes, as ações do Conselho somente refletiam os interesses

do imperador.

As eleições do poder legislativo eram geralmente mar-

cadas por diversos casos de fraude onde conservadores e

liberais disputavam o poder. Essa disputa, na verdade, não

sinalizava algum tipo de orientação política sensivelmen-

te divergente entre esses dois grupos políticos. Afinal de

contas, ambos pertenciam à mesma elite econômica que

controlava a nação. Prova disso é que tanto liberais quanto

Na atualidade, nota-se um processo de hipervalori-zação do poder Executivo em detrimento do poder Legislativo.

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conservadores tiveram vantagens frente ao parlamento e ao

gabinete de ministros.

Sousa, Rainer. Parlamentarismo às avessas. Brasil Escola. Disponível em: <www.brasilescola.com/historiab/parlamentarismo-as-avessas.htm>.

Acesso em: 30 maio 2011.

A charge ilustra o controle exercido pelo imperador sobre os pode-res Executivo e Legislativo durante o Segundo Reinado. Na atualida-de, a relação entre Executivo e Legislativo no Brasil se caracteriza:

a) pelo fortalecimento do poder político do Legislativo, que pos-sui autonomia frente ao Executivo e consegue derrubar todos os vetos presidenciais.

b) pelo atrofiamento que os atos institucionais, como por exem-plo o AI-5, impuseram ao poder Legislativo.

X c) pela erosão do poder Legislativo, muitas vezes limitado a con-firmar as indicações feitas pelo poder Executivo.

d) pela erosão progressiva do poder político do Executivo, limita-do a confirmar as indicações feitas pelo poder Legislativo.

e) pela troca de favores políticos por benefícios econômicos, pró-prio da sociedade escravocrata.

  UnidAde 5 

  CC3 • HC2 

 51  O texto a seguir é de autoria de Daniel Cohn-Bendit, um dos líderes do movimento estudantil que eclodiu em maio de 1968 na cida-de de Paris.

[...] Se eu quiser determinar meu lugar no mundo, tenho

que aprender a decifrar minha identidade. As múltiplas facetas

de minha personalidade são um testemunho da própria incoe-

rência da sociedade moderna.

coHn-Bendit, Daniel. O grande bazar: as revoltas de 1968.São Paulo: Brasiliense, 1988. p. 9.

Com base na interpretação desse trecho, assinale a alternativa que apresenta uma das principais características dos movimentos sociais nos anos 1960:

X a) Esses movimentos expressavam uma diversidade de pensa-mentos e atitudes que não se restringiam ao plano da reivin-dicação política.

b) Embora estivessem em contextos distintos, os movimentos sociais da Europa ocidental foram afetados pelo movimento comunista soviético, incorporando às suas reinvidicações os ideais revolucionários russos.

Além da leitura atenta do trecho indicado, é necessá-rio, para a resolução da questão, relembrar o contexto histórico, político e ideológico dos anos 1960. Com isso, será possível inferir que os movimentos sociais da época promoveram uma abertura na agenda de reivindicações políticas, incorporando desde deman-das culturais até inquietações atitudinais.

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c) A adoção de Mahatma Gandhi e Martin Luther King como prin-cipais inspiradores explica o predomínio do movimento paci-fista nas manifestações de 1968.

d) Como visavam a constituição de partidos políticos, os movi-mentos sociais buscaram transformar suas reivindicações em bandeiras políticas.

e) O objetivo dos movimentos sociais não era fazer revolução, mas reformas pontuais. Portanto, após a conquista da igualda-de de direitos entre homens e mulheres e do fim do racismo, tais movimentos perderam o sentido.

  CC2 • HC2 

 52  Leia o seguinte texto.

Inegavelmente, a Declaração Universal de 1948 repre-

senta a culminância de um processo ético que, iniciado com

a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, da Re-

volução Francesa, levou ao reconhecimento da igualdade

essencial de todo ser humano em sua dignidade de pessoa,

isto é, como fonte de todos os valores, independentemente

das diferenças de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião,

origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer

outra condição, como se diz em seu artigo II. E esse reco-

nhecimento universal da igualdade humana só foi possível

quando, ao término da mais desumanizadora guerra de toda

a História, percebeu-se que a ideia de superioridade de uma

raça, de uma classe social, de uma cultura ou de uma reli-

gião, sobre todas as demais, põe em risco a própria sobrevi-

vência da humanidade.

coMparato, Fábio Konder. Sentido histórico da Declaração Universal. DHnet — rede direitos humanos e cultura. Disponível em:<www.dhnet.org.br/direitos/deconu/textos/konder.htm>.

Acesso em: 2 jun. 2011.

A análise do jurista brasileiro Fábio Konder Comparato destaca o sentido histórico da Declaração Universal dos Direitos Humanos e sugere que:

a) a aprovação de documentos jurídicos estabelece padrões cul-turais únicos para todas as sociedades.

b) a todo ser humano está garantido o direito de discordar da Declaração Universal de 1948 e da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.

X c) o reconhecimento dos prejuízos à dignidade humana em de-terminados momentos da história desencadeou ações volta-das para a promoção da igualdade universal de direitos.

O texto citado apresenta o processo que culminou na consolidação da Declaração Universal dos Direitos Hu-manos, da Organização das Nações Unidas, sob uma perspectiva histórica. A alternativa indicada estabe-lece a correta relação entre a não observância dos direitos humanos nas práticas sociais e o conteúdo da declaração de 1948.

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d) a democracia é o único regime político capaz de assegurar e promover a igualdade entre todos os seres humanos.

e) a noção de cidadania começou a ser constituída a partir da urgência de se elaborar leis de proteção às populações massa-cradas na Segunda Guerra Mundial.

  CC1 • HC1 

 53 O texto a seguir apresenta um breve panorama da situação socio-econômica do Brasil no início do século XXI.

[...] Apesar de ser a oitava economia do mundo, o Bra-

sil está entre os países mais desiguais, isto é, entre aqueles

em que é maior a distância entre ricos e pobres. Tem havido

algum progresso na redução da pobreza a partir da introdu-

ção do Plano Real em 1993, mudança acelerada pelas políti-

cas sociais como a Bolsa Escola, depois mudada para Bolsa

Família. Mas em 2005 os 50% mais pobres ainda detinham ape-

nas 12% da renda nacional, ao passo que os 10% mais ricos

ficavam com 46%. [...] A desigualdade incide sobretudo sobre

os grupos da população mais vitimados ao longo da história,

os descendentes dos escravos, os trabalhadores rurais, as mu-

lheres e os nordestinos.

carvalHo, José Murilo de. Fundamentos da política e da sociedade brasileiras. In: avelar, Lúcia; cintra, Antônio Octávio (orgs.).

Sistema político brasileiro: uma introdução. 2. ed. Rio de Janeiro:Konrad-Adenauer-Stiftung/São Paulo: Unesp, 2007. p. 29.

Pode-se depreender da leitura do texto que:

a) a escalada da economia é diretamente proporcional à divisão entre os que têm mais ou menos recursos, inclusive os grupos historicamente desamparados.

b) se o Brasil é a oitava economia do mundo, os grupos mais vitimados ao longo da história passam a ter uma perspectiva ainda menos otimista.

c) a distribuição de renda, expressão do abismo que separa ricos e pobres, é consequência da posição do Brasil entre as econo-mias mundiais.

X d) no processo de formação da sociedade brasileira encontra-se a explicação para o fato de o crescimento econômico do Brasil contemporâneo não resultar em igualdade social.

e) a redução da pobreza a partir da década de 1990 reflete o aumento da igualdade social no país, fator responsável pela melhora da posição do Brasil no ranking das economias mundiais.

O argumento economicista vincula o crescimento econômico à redução da desigualdade social. No en-tanto, os estudos que se apoiam na noção de moder-nização conservadora apontam que tal relação não é automática. De acordo com o texto de José Murilo de Carvalho, a coexistência do desenvolvimento econô-mico e da desigualdade social no Brasil contemporâ-neo é resultado de um processo histórico.

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  CA2 • HA2 

 54  Leia trecho da obra Cidadania no Brasil: o longo caminho, escrita pelo intelectual brasileiro José Murilo de Carvalho.

[...] Os escravos começaram a ser importados na segun-

da metade do século XVI. A importação continuou ininter-

rupta até 1850, 28 anos após a independência. Calcula-se

que até 1822 tenham sido introduzidos na colônia cerca de

3 milhões de escravos. [...] Nas cidades eles exerciam várias

tarefas dentro das casas e na rua. Nas casas, as escravas

faziam o serviço doméstico, amamentavam os filhos das si-

nhás, satisfaziam a concupiscência dos senhores. Os filhos

dos escravos faziam pequenos trabalhos e serviam de mon-

taria nos brinquedos dos sinhozinhos. Na rua, trabalhavam

para os senhores ou eram por eles alugados. Em muitos

casos, eram a única fonte de renda de viúvas. Trabalhavam

de carregadores, vendedores, artesãos, barbeiros, prostitu-

tas. Alguns eram alugados para mendigar. Toda pessoa com

algum recurso possuía um ou mais escravos. O Estado, os

funcionários públicos, as ordens religiosas, os padres, todos

eram proprietários de escravos. Era tão grande a força da

escravidão que os próprios libertos, uma vez livres, adqui-

riam escravos. [...]

carvalHo, José Murilo de. Cidadania no Brasil: o longo caminho.10. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2008. p. 19-20.

De acordo com o texto, a escravidão no Brasil do século XIX:

a) restringiu-se às atividades rurais.

b) teve impacto limitado na configuração da sociedade brasileira.

c) era questionada pelos escravos que conquistavam a alforria.

d) foi combatida pelas instituições oficiais.

X e) estava disseminada por toda a sociedade brasileira.

  CB1 • HB1 

 55 No final da década de 2000, a Grécia esteve à beira da falência por gastar mais do que arrecadava em impostos, e por sofrer os impactos da crise financeira mundial de 2008. Para auxiliar o país a conter sua crise, a União Europeia (UE) injetou bilhões de euros na economia grega. Em troca desse empréstimo, o governo da Grécia se comprometeu a cortar gastos, interromper a contratação de funcionários públicos, congelar salários, redu-zir o orçamento das áreas de saúde e educação, elevar o preço de produtos essenciais. Em resposta a essa política, os gregos

No Brasil do século XIX, a escravidão esteve presen-te nos mais variados ramos de atividade e em todas as camadas da sociedade. Essa realidade indica que os valores de liberdade individual praticamente não existiam no país e pouco significavam para a maioria da população da época.

Essa questão relaciona eventos recentes da história mundial à construção e à apropriação da condição ci-dadã por uma sociedade. A manifestação de parte da população que foi às ruas na Grécia tinha por objetivo garantir a manutenção dos direitos sociais.

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foram às ruas manifestar oposição às medidas tomadas pelo

Estado.

Esses protestos podem ser compreendidos como exercício da

cida dania de uma sociedade que viu ser colocado(a) em risco:

a) a liberdade de expressão de seu povo.

b) o poder de compra do salário mínimo.

X c) os direitos sociais da população.

d) a manutenção do capitalismo no país.

e) a autonomia política do país diante da União Europeia.

  CC2 • HC2 

 56 Publicada em 2008, a charge do cartunista Jean recorre a uma

cena aparentemente inofensiva para problematizar a realidade

brasileira.

É possível afirmar que essa charge expressa:

a) o pleno exercício da cidadania no Brasil, visto que as desigual-

dades constituídas ao longo da história do país foram abolidas

pelas políticas públicas de acesso à moradia, alimentação e

saúde para toda a população.

X b) a contradição entre a Constituição Brasileira, que prevê a ga-

rantia dos direitos civis, políticos e sociais à população, e a

realidade nacional, marcada por extremas desigualdades.

c) a discrepância entre a Carta Régia, que despreza os direitos e

deveres básicos de muitos brasileiros, e uma sociedade preo-

cupada em garantir oportunidades idênticas para todos.

d) o descompasso na construção da plena cidadania no Brasil,

país cujos princípios jurídicos ainda não estão consolidados.

A charge apresenta uma situação contraditória do Brasil contemporâneo, destacando que os direitos sociais previstos pela Constituição Federal não são assegurados a toda população.

Jean

/Fol

hapr

ess

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e) a coerência da situação atual do Brasil, caracterizada por

condições sociais igualitárias e pela vigência de uma Cons-

tituição Federal que garante os direitos fundamentais do

cidadão.

  CC2 • HC2 

 57 FSC

Selo do Conselho de Manejo Florestal (FSC - Forest Stewardship Council).

Resultado da iniciativa de empresas, ONGs e movimentos so-

ciais de diversos países preocupados com a questão ambien-

tal, o selo FSC foi criado no início da década de 1990 para

identificar os artigos cujo processo de produção envolve o

manejo de recursos florestais de acordo com os princípios da

sustentabilidade.

Ações como a certificação de produtos promovida por meio do

selo FSC indicam que:

a) se nos anos 1960 e 1970 o movimento ambiental reivindica-

va espaço para a negociação com grandes corporações, atual-

mente orienta suas ações para o confronto direto e muitas

vezes violento.

b) nos dias de hoje, as reivindicações do movimento ambien-

tal estão esvaziadas de seu verdadeiro significado, já que

as ações promovidas visam aumentar o valor da produção

capitalista.

c) os Estados nacionais têm possibilidades reduzidas de pro-

moção da consciência ambiental, já que o selo é emitido por

ONGs e fornecido a empresas privadas.

d) essas iniciativas excluem os atores sociais que podem efetiva-mente transformar a economia global.

Atualmente, o movimento ambiental atua no cotidia-no das práticas econômicas, promovendo a consci-ência ambiental por meio do diálogo com diversos segmentos da sociedade.

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X e) nos dias de hoje, o movimento ambiental procura atuar no

plano da produção e do consumo globais, promovendo a cons-

ciência ambiental por meio do diálogo com diversos segmen-

tos da sociedade.

  CC2 • HC2 

 58 O gráfico a seguir apresenta a diferença salarial entre homens e

mulheres com nível superior completo nas seis principais regiões

metropolitanas do Brasil, em janeiro de 2008.

Considerando as informações do gráfico:

a) entende-se que a graduação em curso de nível superior tende

a promover a equiparação salarial das mulheres em relação

aos homens.

b) conclui-se que não há desigualdade de salários entre homens

e mulheres de mesmo nível de escolaridade.

c) infere-se que a estrututra familiar patriarcal é uma realidade

em todas as regiões metropolitanas do universo da pesquisa.

X d) constata-se a diferença salarial entre homens e mulheres, fato

que expressa a desigualdade de gênero e constitui tema de

destaque na luta do movimento feminista.

e) compreende-se que a sociedade brasileira está prestes a con-

quistar a igualdade de condições entre homens e mulheres.

Com base na interpretação do gráfico, percebe-se que as diferenças salariais se manifestam, ainda que em níveis distintos, em todas as regiões metropolitanas brasileiras pesquisadas. Os dados apresentados in-dicam que há desigualdade de gênero no Brasil — tema de destaque na luta do movimento feminista brasileiro hoje.

6 000,00

Saláriomédio

(R$)

5 000,00

0Total Recife Salvador

masculino

BeloHorizonte

Rio deJaneiro

SãoPaulo

PortoAlegre

2 000,00

1 000,00

3 000,00

4 000,003 841,40 3 979,204 161,20

3 396,103 837,403 647,20

2 997,70

2 161,302 127,802 081,401 703,20

2 291,80 2 352,80 2 520,80

femininoRegião metropolitana

TPG

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Trabalho e Rendimento. Pesquisa Mensal de Emprego, 2008. Disponível em: <www.

ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=1099&id_pagina=1>. Acesso em: 23 jan. 2011.

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81

  CC2 • HC2 

 59 A Guerra de Canudos, travada entre 1893 e 1897 na Bahia, e aGuerra do Contestado, que aconteceu entre 1912 e 1916 no Paraná e em Santa Catarina, foram uma expressão da sistemáti-ca repressão imposta a movimentos sociais da época.

Assinale a alternativa que descreve corretamente esses movi-mentos:

a) questionavam as regras de ocupação dos cargos públicos na Primeira República, pois os estados envolvidos estavam à margem da política do café com leite.

b) reivindicavam a realização de eleições nacionais transparen-tes em um sistema político caracterizado pelas práticas clien-telistas e o voto de cabresto.

X c) evidenciavam a exclusão política e social de amplos setores da população na República dos Coronéis e apresentavam fundo messiânico.

d) lutavam pela voto universal nas eleições nacionais, visto que amplos setores da população eram excluídos da participação política.

e) contestavam as longas jornadas de trabalho, os baixos salários e a inexistência de leis trabalhistas que protegessem o traba-lhador rural.

  CC2 • HC2 

 60 Leia uma análise da evolução dos direitos civis, políticos e sociais no período em que Getúlio Vargas esteve à frente do poder.

[...] O período de 1930 a 1945 foi o grande momento da legis-

lação social. Mas foi uma legislação introduzida em ambiente de

baixa ou nula participação política e de precária vigência dos di-

reitos civis. Este pecado de origem e a maneira como foram dis-

tribuídos os benefícios sociais tornaram duvidosa sua definição

como conquista democrática e comprometeram em parte sua

contribuição para o desenvolvimento de uma cidadania ativa.

carvalHo, José Murilo de. Cidadania no Brasil: o longo caminho. 10. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2008. p. 110.

Durante o período mencionado no texto, a conquista dos direitos sociais esteve vinculada:

a) a uma política de troca de favores, na qual o Estado brasileiro distribuía benefícios sociais apenas para os cidadãos que rea-lizavam atividades de interesse público.

Os movimentos sociais que resultaram na Guerra de Canudos, no final do século XIX, e na Guerra do Con-testado, no início do século XX, constituíram-se em torno de lideranças messiânicas, reunindo setores da população marginalizados política e socialmente. Os integrantes dos dois movimentos ofereceram forte resistência à repressão oficial, mas foram violenta-mente destruídos.

Getúlio Vargas esteve no poder de 1930 a 1945 e de 1951 a 1954. Durante o período analisado no texto, o governo associou a concessão de direitos sociais a medidas autoritárias de manutenção do poder.

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82

X b) à aprovação de leis que garantiam uma série de direitos ao trabalhador simultaneamente à organização de mecanismos de censura e repressão à população.

c) à ampliação do orçamento de áreas como esporte e cultura, em detrimento dos investimentos no setor primário.

d) à aprovação de leis de amparo ao trabalhador e à ampliação da participação política.

e) a ações típicas de uma política de Estado mínimo, que flexibi-lizava as relações trabalhistas e promovia a inclusão social.

  CA2 • HA2 

 61  Conheça os resultados de uma pesquisa feita pelo Datafolha em 2010 para investigar a opinião dos brasileiros acerca da obrigato-riedade do voto no país.

Por renda familiar

de 2 a 5 S. M.de 5 a 10 S. M.

até 2 S. M.

mais de 10 S. M.

Por escolaridade

médiosuperior

fundamental

Indiferente/Não sabeContraA favor

Por região

SulNordeste

Sudeste

Norte/Centro-Oeste

5049

46

49

Por município

5241

4345

52

40

4538

5252

59

42

5454

43

59

4747

50

47

4455

3/02/1

3/2

3/00/1

4/2

1/0

2/13/1

3/2

3/1

3/23/1

interiorcapital/reg. metrop.

TPG

Com base nas informações do gráfico, assinale a alternativa que relaciona corretamente a opinião e o perfil dos entrevistados:

a) Entre os entrevistados classificados por município do interior e por renda familiar superior a 10 S. M. (salários mínimos), a maioria deseja o fim da obrigatoriedade do voto.

b) Entre os entrevistados classificados por região do país, apenas os da região Sudeste são contrários à obrigatoriedade do voto.

X c) Entre os entrevistados de nível de escolaridade superior e ren-da familiar acima de 10 S. M. (salários mínimos), prevalece a posição favorável à não obrigatoriedade do voto.

d) Entre os entrevistados classificados por região do país, obser-va-se que os da região Sudeste tendem a aprovar a obrigato-riedade do voto.

O artigo 14 da Constiuição Federal estabelece que o voto é obrigatório para os brasileiros que têm entre dezoito e setenta anos, e facultativo para os analfa-betos, os maiores de setenta anos e os jovens com idade entre dezesseis anos completos e dezoito anos incompletos. A questão propõe a análise dos dados apresentados no gráfico para identificar, de acordo com as categorias estabelecidas na pesquisa, a opi-nião dos entrevistados a respeito da obrigatoriedade do voto no Brasil. Observa-se que a posição favorá-vel à não obrigatoriedade do voto prevalece entre os entrevistados com nível de escolaridade superior e renda familiar acima de 10 salários mínimos.

MacHado, Uirá. Cresce apoio ao voto facultativo no país. Fonte: Folha de S.Paulo, São Paulo, 29 maio 2010. Disponível em: <www1.

folha.uol.com.br/fsp/poder/po2905201016.htm>. Acesso em: 9 jun. 2011.

Sociologia_caderno de competência_025a096.indd 82 11/07/11 10:19

83

e) Entre os entrevistados com nível de escolaridade fundamental

e renda familiar de 2 a 5 S. M. (salários mínimos), a maioria

deseja a permanência da obrigatoriedade do voto.

  UnidAde 6 

  CA1 • HA1 HA2 

 62 Os acervos fotográficos do século XIX guardam imagens de um

Brasil pouco conhecido por diversas sociedades da época. Tais

registros, como o da imagem a seguir, foram oferecidos como

novidade no mercado europeu e se transformaram em suces-

so comercial, vendendo “exotismo”. Apresentados na Exposição

Universal de Paris, em 1867, causaram grande impacto.

Fund

ação

Bib

liote

ca N

acio

nal,

Rio

de Ja

neiro

Índios Umauá às margens do rio Japurá, na Amazônia, fotografados em 1865 pelo alemão Albert Frisch.

À luz do conceito de etnocentrismo, o consumo do “exotismo”

expressa:

a) a relativização da tradição antropocêntrica nas sociedades

europeias.

b) a preservação da cultura das sociedades indígenas.

A questão relaciona o conceito de etnocentrismo, criado pelo sociólogo estadunidense William G. Summer em 1906, à visão europeia de sociedades culturalmente distintas. O “exotismo” para consumo revela a adoção da própria cultura como ponto de vis-ta para avaliar o outro, que assim se faz “diferente”.

Sociologia_caderno de competência_025a096.indd 83 11/07/11 10:19

84

X c) a estranheza em relação à alteridade, provocada pela ati-tude de tomar a própria cultura como medida para avaliar as demais.

d) o interesse comercial dos europeus em sua relação com os

povos indígenas.

e) a viabilidade do intercâmbio comercial e cultural do Brasil com

as nações europeias.

  CA1 • HA1   CB1 • HB2 

 63 Leia um trecho de artigo do historiador inglês Peter Burke.

[...] A padronização do hambúrguer é uma das chaves do

sucesso internacional do McDonald’s [...]. No entanto essa pa-

dronização passou a coexistir com tentativas do que se poderia

chamar de localização — adaptar o produto às necessidades

de certos mercados nacionais. A companhia vende McHuevo

no Uruguai, McBurrito no México e Maharaja Mac na Índia

(substituindo a carne de boi por carneiro). No Japão, os clien-

tes comem Teriyaki McBurger e fritas com sabor de algas

marinhas, enquanto nas campanhas publicitárias a figura do

“Ronald McDonald” foi substituída por uma mulher em trajes

elegantes. [...]

Burke, Peter. MC2. Folha de S.Paulo, São Paulo, 15 abr. 2007.Disponível em: <www1.folha.uol.com.br/fsp/mais/fs1504200707.htm>.

Acesso em: 6 jun. 2011.

Um dos desdobramentos da globalização é a intensa circula-

ção de padrões culturais, tais como gostos e hábitos de consu-

mo. A situação comentada por Peter Burke revela a estratégia

de uma empresa para atingir os mais variados consumidores e

representa:

a) uma tendência das companhias multinacionais, que procu-

ram contribuir com o desenvolvimento cultural dos países nos

quais instalam suas filiais.

X b) um modo de dominação cultural, que se apropria das especifi-

cidades de cada localidade visando, principalmente, a expan-

são dos lucros da companhia.

c) uma série de procedimentos utilizados pelas companhias

multinacionais para valorizar os chamados “mercados na-

cionais”.

d) um tipo de troca cultural que não exerce influência nos cha-

mados “mercados nacionais”.

A interação entre diferentes culturas é apenas um dos desdobramentos da globalização. Com base no texto de Burke, propõe-se relacionar troca e dominação culturais, propiciando ao aluno refletir criticamente sobre esse processo.

Sociologia_caderno de competência_025a096.indd 84 11/07/11 10:19

85

e) um fortalecimento das relações diplomáticas das corporações

multinacionais com os ditos “mercados nacionais” dos países

nos quais instalam suas filiais.

  CC2 • HC2 

 64 “Maracatu atômico”, “Quilombo groove” e “Manguetown” são

canções de Chico Science e Nação Zumbi, expoentes do movi-

mento conhecido como Manguebeat, surgido em Recife no início

da década de 1990. Misturando elementos tradicionais da cultura

nordestina — como o maracatu e a ciranda — ao pop, ao rock e ao

funk, esses artistas criaram uma música tão regional quanto uni-

versal. Fred Zero Quatro, líder da banda Mundo Livre S/A, definiu

o movimento Manguebeat como “uma antena parabólica enfiada

na lama do mangue”.

Com a difusão e a popularização dos meios de comunicação ao

longo do século XX (como o rádio, a televisão e, nas últimas dé-

cadas, a internet), o modo de produzir, distribuir e consumir cul-

tura alterou-se praticamente em todo o planeta. Considerando as

tranformações geradas pelo acesso a essas tecnologias, o movi-

mento Manguebeat evidencia que:

a) os meios de comunicação só difundem as expressões culturais

que incorporam as criações artísticas do primeiro mundo.

b) as expressões culturais autênticas não se deixam afetar pela

produção estrangeira, mantendo-se preservadas da influência

exercida pelos meios de comunicação.

X c) as expressões culturais podem mesclar elementos de diversas

culturas sem perder a identidade regional.

d) o acesso às tecnologias de comunicação impôs ao Brasil um

padrão único de expressão cultural.

e) a tendência da produção cultural na atualidade é o desapare-

cimento das expressões culturais regionais.

  CB2 • HB2 

 65 Considere a tira a seguir, publicada em 2010, para assinalar a

alternativa correta acerca do modo de vida na sociedade capita-

lista.

O movimento Manguebeat, ao mesclar elementos re-gionais a influências mundiais, é um exemplo repre-sentativo da possibilidade de geração de expressões culturais híbridas, uma decorrência da ampliação das trocas culturais proporcionada pelo uso de tecnologias de comunicação.

Sociologia_caderno de competência_025a096.indd 85 11/07/11 10:19

86

a) A tira de Angeli retrata o assédio constante dos meios de comunicação para a definição de uma posição político-ideológica.

b) A tira trata do culto ao corpo e à aparência, traço marcante da sociedade capitalista.

c) A tira destaca a postura de parte dos indivíduos da socieda-de capitalista, ao representar um personagem com discurso libertário.

d) A tira destaca que na sociedade capitalista o indivíduo pode atuar na área de comunicação sem ter opinião política definida.

X e) A tira destaca a lógica que permeia as relações na sociedade capitalista, na qual até os indivídos e as ideias podem ser tra-tados como produtos para o consumo.

  CB3 • HB3 

 66 Observe atentamente a tela Operários, pintada por Tarsila do Amaral em 1933.

Ace

rvo

artís

tico-

cult

ural

dos

pal

ácio

s do

Gov

erno

do

Esta

do d

e Sã

o Pa

ulo/

Tars

ila d

o A

mar

al

Tarsila do Amaral participou ativamente do Moder-nismo brasileiro — movimento estético e cultural marcante na história do país. Pintada nas primeiras décadas do século XX, a tela Operários representa a diversidade cultural e étnica da população, expres-sando o entendimento da artista acerca da identidade brasileira.

O cartunista Angeli ironiza o modo de viver, de sentir e de pensar na sociedade capitalista. A sequência das representações do personagem na tira revela uma das lógicas estruturantes da sociedade capitalista — a lógica da mercadoria.

Ang

eli/

Folh

apre

ss

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87

No que se refere à cultura brasileira, essa representação de Tarsila

do Amaral:

a) prioriza os homens em detrimento das mulheres, tal como se

observa nas manifestações da nossa cultura popular.

b) reforça o domínio simbólico da cidade de São Paulo em rela-

ção às demais capitais brasileiras.

c) manifesta estereótipos da cultura nacional.

d) destaca a condição marginalizada da classe operária no país.

X e) expressa a diversidade como elemento constitutivo da identi-

dade cultural brasileira.

  CA2 • HA2 

 67  Leia um trecho de artigo do antropólogo brasileiro Hermano

Vianna.

Quando passeio pelo YouTube, não posso deixar de pen-

sar: eis o novo folclore. [...] Festa [...] tanto em termos geográfi-

cos como temporais. Todo mundo fazendo música, todo mun-

do fazendo clipes para as músicas dos outros, todos os quartos

do mundo unidos por webcams numa produção musical/dan-

çante/festiva constante e avassaladora. Ninguém se contenta

apenas em ouvir a música: é preciso expor para o mundo sua

própria interpretação sonora/visual/coreográfica daquele hit

do momento, numa conversa musical sem fim. [...]

vianna, Hermano. Uma nova era. O Globo, Rio de Janeiro, 6 jan. 2011. Disponível em: <www.dosol.com.br/2011/01/06/artigo-hermano-vianna-

uma-nova-era/>. Acesso em: 18 mar. 2011.

Segundo Hermano Vianna, com o advento da rede mundial de

computadores:

a) os indivíduos podem produzir conteúdos com qualidade supe-

rior à de outros momentos da história.

X b) os indivíduos podem produzir e veicular sua própria leitura dos

diversos conteúdos.

c) os indivíduos não têm mais contato com os meios de comu-

nicação de massa, esvaziando-se a influência da indústria

cultural.

d) as manifestações culturais caracterizadas como “folclore” per-

dem espaço na televisão e no rádio.

e) os indivíduos permanecem passivos em relação às produções

que lhes são oferecidas.

Contrastando com o forte domínio exercido sobre a sociedade pelos meios de comunicação de massa, a internet caracteriza-se como um espaço que ofere-ce grande liberdade de produção e transmissão de conteúdos.

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88

  CA2 • HA2 

68 Observe a seguinte charge.

Gla

uco/

Folh

apre

ss

Qual das afirmações abaixo traduz a crítica à televisão expressa na charge?

a) O conteúdo transmitido é inadequado para o espectador.

b) A programação está pautada pela comicidade.

c) O consumismo se origina na televisão.

X d) A propaganda se sobrepõe à informação.

e) A censura controla as emissoras públicas.

  CB3 • HB3 

69 Em 2010, a discussão a respeito da presença de termos racistas na obra de Monteiro Lobato ganhou fôlego e espaço nos meios de comunicação brasileiros. O texto a seguir expõe um ponto de vista sobre esse assunto.

[...]

Dizem que os jovens não gostam de ler. Mas como pode-riam amar a leitura se não houvesse alguém que lesse para eles? Aprende-se o prazer da leitura da mesma forma como se aprende o prazer da música: ouvindo. A leitura da professora era música para nós.

A professora lia e nós nos sentíamos magicamente transpor-tados para um mundo maravilhoso, cheio de entidades encan-tadas. O silêncio era total. E era uma tristeza quando a profes-sora fechava o livro. “O Saci”, “Viagem ao Céu”, “Caçadas de Pedrinho”, “Reinações de Narizinho”. Esses eram os nomes de algumas das músicas que ela interpretava. E o nome do com-positor era Monteiro Lobato.

A leitura de imagens oferece possibilidades inte-ressantes para exercitar a reflexão crítica a respeito dos mais diversos aspectos da sociedade. A charge do cartunista Glauco ironiza o espaço ocupado pelos comerciais na grade de programação das emissoras de televisão.

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89

Mas agora as autoridades especializadas em descobrir as ideologias escondidas no vão das palavras descobriram que, por detrás das palavras inocentes, havia palavras que não po-diam ser ditas. Monteiro Lobato ensina racismo. E apresentam como prova as coisas que ele dizia da negra Tia Anastácia...

A descoberta exigia providências. Era preciso proibir as pa-lavras racistas. Monteiro Lobato não mais pode frequentar as escolas...

Assustei-me. Senti-me ameaçado. Fiquei com medo de que me descobrissem racista também. Tantas palavras proibidas eu já disse.

[...]

As palavras são a carne do mundo. Não podem ser substi-tuídas por outras, ainda que mais verdadeiras, ainda que sinô-nimas. É preciso dizê-las como foram ditas para que o mundo que foi fique vivo novamente. A história se faz com palavras que faziam parte da vida. Aí, então, se pode explicar, como nota de rodapé: “Era assim. Não é mais...”.

[...]

Alves, Rubem. Crioulinha... Folha de S.Paulo, São Paulo, 22 out. 2010. Disponível em: <www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff1611201004.htm>.

Acesso em: 23 maio 2011.

De acordo com o autor do texto, as palavras são capazes de mate-rializar a história e a maneira de pensar de uma sociedade.

Assinale a alternativa que apresenta INCORRETAMENTE a posição de Rubem Alves acerca da polêmica envolvendo a interpretação da obra de Monteiro Lobato.

a) Algumas expressões extraídas de seu contexto original podem parecer agressivas e discriminatórias.

X b) O correto entendimento das expressões contidas na obra de Monteiro Lobato não é mais possível devido às transformações verificadas na sociedade brasileira.

c) O uso de expressões polêmicas na obra de Monteiro Lobato pode ser comentado nas edições do livro destinadas às escolas.

d) A correta interpretação do discurso de um autor deve conside-rar o contexto histórico de produção de sua obra.

e) A obra de Monteiro Lobato é um interessante recurso para estimular o gosto dos jovens pela leitura.

  CC1 • HC1 

70 Leia o trecho de um artigo publicado em 2009, no qual o especia-lista em educação Jorge Werthein analisa os desafios da inclusão digital no Brasil.

A polêmica envolvendo o uso da obra de Montei-ro Lobato no contexto escolar, aqui apresentada do ponto de vista de Rubem Alves, permite observar os possíveis modos de interpretar um discurso em di-ferentes circunstâncias históricas. A questão também possibilita analisar as posturas ideológicas contrapos-tas nessa polêmica.

O texto de Jorge Werthein atribui papel fundamental à educação para a efetiva inclusão digital no Brasil, apontando a centralidade da instituição escolar nesse processo.

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90

[...]

Tirar o devido proveito da tecnologia pode ser um desa-fio tão grande quanto ou maior do que ter acesso a ela. Para superá-lo, o papel da educação (leia-se escola) é fundamental, a começar pela própria inclusão e capacitação dos professores nas novas tecnologias.

Quanto aos estudantes, a inserção de uma disciplina como tecnologia da informação no currículo certamente contribuiria para a formação de usuários mais conscientes e aptos a maximizar o aproveitamento de ferramentas como a internet e os celulares.

Na atual era do conhecimento, é preocupante que a educa-ção esteja perdendo espaço para a comunicação interpessoal (ainda que essa também seja de extrema importância) e o lazer na rede mundial de computadores. Esse talvez seja um indício de que a escola ainda não está suficientemente integrada às novas tecnologias e, com isso, as esteja subaproveitando. Por-tanto, torna-se cada vez mais relevante a educação em ciência e tecnologia desde a infância.

Ao ritmo em que avança a sociedade contemporânea, em termos de desenvolvimento científico-tecnológico, relegar esse tipo de formação a segundo plano representa prejuízo em di-versos níveis tanto para indivíduos quanto para nações.

Werthein, Jorge. Desafio da inclusão digital passa pela educação. Folha de S.Paulo, São Paulo, 12 dez. 2009. Disponível em: <www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff1212200906.htm>.

Acesso em 23 maio 2011.

Com base na leitura do texto, é possível inferir que:

a) a capacitação dos professores brasileiros para o uso das novas tecnologias na escola não é necessária.

b) as escolas brasileiras devem orientar seus alunos a evitar o uso de redes sociais.

c) a inclusão digital será efetiva no Brasil quando a educação presencial se transformar em virtual.

d) a tecnologia da informação como disciplina escolar deve ocu-par o espaço das matérias tradicionais do currículo brasileiro.

X e) a educação escolar tem papel fundamental na promoção da inclusão digital no Brasil.

Unidade 7

  CA2 • HA2 

71 Leia o texto a seguir.

[...] A revolução cubana era tudo: romance, heroísmo nas montanhas, ex-líderes estudantis com a desprendida generosi-

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91

dade de sua juventude — os mais velhos mal tinham passado dos trinta —, um povo exultante, num paraíso turístico tropical pulsando com os ritmos da rumba. E o que era mais: podia ser saudada por toda a esquerda revolucionária.

hobsbAWm, Eric J. Era dos extremos: o breve século XX: 1914-1991. São Paulo: Companhia das Letras, 2001. p. 427.

A revolução que levou Fidel Castro ao poder em 1959 não pro-duziu impactos somente em Cuba. Sua influência foi além da ilha caribenha não só em termos políticos e econômicos, mas sobretudo simbólicos. De modo abrangente, a Revolução Cubana configurou-se como:

a) um fator de instabilidade política generalizada na América Central, o que facilitou a invasão de vários países dessa região pelas forças militares dos Estados Unidos.

X b) um exemplo para insurreições de esquerda na América Latina durante as décadas de 1960 e 1970, bem como uma base his-tórica para a formação do mito em torno da figura de Ernesto Che Guevara.

c) a consolidação de um período de aproximação diplomática entre Estados Unidos e União Soviética dentro do contexto da Guerra Fria.

d) um pretexto para golpes de Estado por grupos políticos de direita em toda a América Latina, possibilitando o desenvol-vimento de economias nacionais independentes do capital fi-nanceiro estadunidense.

e) um incentivo à estatização de multinacionais em países latino- -americanos, bem como à implantação de economias socialis-tas em todo o continente americano.

  CA2 • HA2 

72 Analise o excerto abaixo e complete a frase seguinte.

Um dos elementos componentes do espírito capitalista [mo-derno], e não só deste, mas da própria cultura moderna: a conduta de vida racional fundada na ideia de profissão como vocação, nasceu — como queria demonstrar esta exposição — do espírito da ascese cristã. [...]

Weber, Max. A ética protestante e o “espírito” do capitalismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2004. p. 164.

Em seus estudos, Max Weber busca os nexos causais que configu-ram as realidades históricas. Assim, ele destaca que:

X a) elementos da ética cristã tiveram particular importância na formação da cultura moderna e do espírito capitalista.

b) a emergência do sistema capitalista promoveu a dissemina-ção do cristianismo por toda a Europa do Norte.

Pretende-se tratar a Revolução Cubana não apenas como um evento crítico no contexto da Guerra Fria ou como um acontecimento específico no processo das transformações sociais propriamente cubanas. O foco da questão é a importância da revolução de 1959 para a América Latina e o surgimento do mito Che Guevara no plano cultural.

Neste exercício, aponta-se a relação entre cultura e economia, destacando-se o nexo histórico entre pro-testantismo e capitalismo, tal como estabelecido por Max Weber em sua análise da formação do espírito capitalista.

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92

c) o surgimento do capitalismo tem como consequência a disso-lução das religiões não cristãs.

d) a religião aliena os indivíduos e figura como um entrave para a expansão do capitalismo.

e) a religião e a economia não apresentam qualquer relação de influência recíproca na história da modernidade.

  CA1 • HA1 

73 A Revolução Russa de 1917 é motivo de intensos debates: de um lado, ela é considerada o evento decisivo para a libertação da sociedade russa; de outro, é denunciada como desencadeadora de um período de autoritarismo e crimes. Vista por qualquer um desses prismas, concorda-se que a revolução de 1917 gerou im-pactos mundiais que se fizeram sentir por muitas décadas.

Ao longo do século XX, a principal consequência da Revolução

Russa nas relações internacionais foi:

X a) a formação de um polo político, econômico, ideológico e mi-litar antagônico ao capitalismo ocidental, representado emi-nentemente pelos Estados Unidos.

b) a constituição de um mercado consumidor rico que atraiu mui-tas multinacionais para a Rússia.

c) a adoção de um modelo de democracia direta, mais participa-tivo do que o modelo estadunidense, que foi paulatinamente adotado por países do Leste Europeu.

d) a configuração de um modelo econômico que, por ser extre-mamente produtivo e competitivo, tornou-se hegemônico em todo o continente asiático.

e) a modelagem de um sistema social participativo que, sendo assimilado pela maioria dos países, impulsionou a consolida-ção da globalização.

  CA1 • HA1 

74 Analise as condições sociais descritas no trecho a seguir.

[...] No México, em 1910, a situação é a mesma deixada pelos colonos espanhóis: imensa massa rural esmagada pelos grandes proprietários, alienada a um punhado de senhores e suas milícias. Quinze hacendados partilham gigantescas pro-priedades, tais como a hacienda de San Blas, em Sinaloa, ou a de Progreso, em Yucatán, que somam mais de um milhão de hectares, sobre os quais os proprietários reinam como senhores absolutos, possuindo rios e aldeias indígenas, tão vastas que

Ao tomar como objetos de estudo as transformações sociais e as revoluções, a Sociologia traz para o seu campo de análise os impactos sociais, políticos e cul-turais dos eventos históricos. Assim, neste exercício, procurou-se destacar a relação da Revolução Russa com a formação do bloco soviético e os desdobra-mentos da Guerra Fria.

A Revolução Mexicana caracteriza-se por uma com-plexa relação de conflitos entre os diferentes estratos e atores sociais envolvidos, observando-se sucessivas composições entre eles — ora de aliança, ora de an-tagonismo. Os alunos poderão verificar que em várias alternativas nomeiam-se esses estratos e atores so-ciais, mas apenas na alternativa c as relações entre eles e as ações apontadas estão corretas.

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93

eles têm de se deslocar em suas próprias ferrovias. A riqueza deles é inimaginável, recrutam preceptores na Inglaterra, en-viam a roupa para ser lavada em Paris e mandam vir da Áustria gigantescos cofres-fortes.

le Clézio, Jean-Marie Gustave. Diego e Frida. Rio de Janeiro: Record, 2010. p. 11-12.

Essa situação pode ser apontada como a principal razão para que:

a) Pancho Villa e Emiliano Zapata, líderes dos camponeses na Re-volução Mexicana de 1910, fizessem um acordo com o ditador Porfírio Diaz para implantar a reforma agrária.

b) os Estados Unidos, preocupados com as desigualdades so-ciais no país vizinho, interviessem no México por meio de apoio econômico e militar aos camponeses e proletários.

X c) os camponeses, almejando uma distribuição de terras mais equitativa no país, participassem da Revolução Mexicana ini-ciada em 1910, ao lado dos trabalhadores urbanos e da bur-guesia dissidente.

d) parte da burguesia que divergia do governo de Porfírio Diaz iniciasse um processo revolucionário para conquistar uma nova Constituição e garantir o poder aos camponeses.

e) o Partido Comunista mexicano percebesse a indignação da po-pulação e a liderasse em um levante em 1910, instituindo um governo socialista.

  CA1 • HA1 

75 O historiador inglês Eric Hobsbawm denomina o período entre 1789 e 1848 de “Era das revoluções”. A definição do autor é his-toricamente adequada, pois essas décadas:

X a) constituem o período decisivo no processo de esfacelamento da sociedade feudal e, consequentemente, de consolidação do sistema capitalista que se formava desde o século XV.

b) concentram mudanças súbitas nas esferas política e econômi-ca das sociedades europeias, destacando-se a drástica redu-ção das desigualdades sociais.

c) correspondem ao momento no qual as grandes potências europeias se lançaram na disputa por territórios americanos, alterando o panorama geopolítico vigente.

d) são marcadas pelo fortalecimento do mercantilismo como principal fundamento econômico das monarquias reformadas que se constituíram após a Revolução Francesa.

e) distinguem-se pela reafirmação do poder institucional da Igre-ja Católica, minado pelo Renascimento cultural e pela Reforma Protestante.

Como um coroamento do esforço burguês no decor-rer da Idade Moderna, tanto a Revolução Industrial quanto a Revolução Francesa estabelecem o predo-mínio dessa classe social na Europa. Espera-se que os alunos, nesta questão, percebam a construção histórica das forças sociais em disputa no processo das revoluções.

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94

  CC2 • HC2 

76 Considere as informações contidas no texto a seguir.

Tratava-se de reorganizar a sociedade brasileira, criar uma

ordem onde cada um faria a sua parte, ocuparia disciplinada-

mente a sua função na sociedade, condição indispensável ao

desenvolvimento, mesmo que para isso fosse necessário o uso

da força. Era preciso calar os críticos da nova ordem, tidos

como verdadeiras doenças cancerígenas a serem extirpadas

do corpo social. Além da repressão aos opositores, caberia ao

Estado estabelecer e implantar as grandes metas de desenvol-

vimento nacional. Surgia o projeto do Brasil como potência

do futuro, com pesados investimentos estatais em indústrias

de base, estradas de rodagem, hidrelétricas, usinas nucleares e

extração de minérios, subsidiando setores empresariais priva-

dos importantes para o projeto, tudo mediante empréstimos no

exterior e uma política de contenção salarial.ridenti, Marcelo. Política pra quê?

São Paulo: Atual, 1992. p. 17.

Os aspectos indicados no texto caracterizam uma das principais fases da história brasileira no século XX. O evento que deu origem a esse período ficou conhecido como:

a) Revolução de 1930.

X b) Golpe Militar de 1964.

c) Levante Tenentista de 1922.

d) Revolução Constitucionalista de 1932.

e) Movimento pelas Diretas Já de 1984.

  CA1 • HA1 

77 Leia o texto abaixo.

[...] O homem não veio a conhecer a sede do saber senão

quando a sociedade lha despertou; e a sociedade não lha des-

pertou senão quando sentiu que seria necessário fazê-lo. Esse

momento veio quando a vida social, sob todas as formas, se tor-

nou demasiado complexa para poder funcionar de outro modo

que não fosse pelo pensamento refletido, isto é, pelo pensamen-

to esclarecido pela ciência. Então, a cultura científica tornou-se

indispensável; e é essa a razão por que a sociedade a reclama

de seus membros e a impõe a todos como um dever. Originaria-

mente, porém, enquanto a organização social era muito simples,

muito pouco variada, sempre igual a si mesma, a tradição cega

bastava, como basta o instinto para o animal. Nesse estado, o

Neste exercício, os alunos deverão identificar o pe-ríodo abordado no texto com base na descrição das linhas gerais de atuação dos governos militares, pois não são citados os atores envolvidos.

Para Durkheim, a solidariedade orgânica que caracte-riza as sociedades complexas é uma decorrência da especialização profissional intensificada pela divisão social do trabalho. Este exercício aborda a perspec-tiva de Durkheim tomando como ponto de partida sua visão sobre a instalação do pensamento científico nesse novo tipo de sociedade.

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pensamento e o “livre-exame” eram inúteis, se não prejudiciais,

porque ameaçavam a tradição. Eis por que eram proscritos.durkheim, Émile. Educação e Sociologia. 10. ed.

São Paulo: Melhoramentos, 1955. p. 44.

Segundo Durkheim, o pensamento científico só ganhou espaço na sociedade porque esta “se tornou demasiado complexa”. O autor refere-se à passagem da solidariedade mecânica para a solidarie-dade orgânica, cuja complexidade pode ser explicada como:

a) a uniformização das funções sociais para o atendimento das necessidades básicas dos grupos tribais e das populações rurais.

X b) a intensificação da divisão social do trabalho, gerada pelo crescimento populacional e pela concentração desse contin-gente em áreas urbanas.

c) o fortalecimento dos costumes e das tradições sociais que con-dicionam os indivíduos a seguir padrões de comportamento formulados há séculos.

d) a consolidação de leis repressivas e a interiorização de valores religiosos por meio do processo de socialização.

e) a formação de uma sociedade na qual as relações sociais são enfraquecidas pela falta de instituições reguladoras e conse-quente anomia.

  CC1 • HC1 

78 O Golpe Militar de 1964 ocasionou transformações econômicas que envolveram a reorganização nas relações de trabalho, ade-quando-as às novas necessidades do desenvolvimento capitalista no país e às mudanças na conjuntura internacional.

Todas as alternativas apresentam indicadores corretos das trans-formações na economia brasileira pós-64, EXCETO:

a) a abertura do país às empresas multinacionais a partir da abo-lição das restrições à remessa de lucros para o exterior.

b) a adoção de uma nova política salarial e a implantação do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) em substitui-ção ao sistema de estabilidade no emprego.

X c) a consolidação da indústria nacional por meio da elevação dos salários urbanos, bem como do aumento da oferta e do con-sumo de bens não duráveis.

d) a elevação do volume de impostos e a consequente falência de grande número de pequenas e médias empresas.

e) a expansão das indústrias petroquímica, siderúrgica e de alu-mínio, realizada sob o patrocínio do Estado com a participação dos conglomerados nacionais e estrangeiros..

A questão retoma a situação da economia brasilei-ra na segunda metade do século XX, propondo aos alunos identificar as ações implementadas pelos go-vernos militares. Todas as alternativas apresentadas, exceto a c, destacam medidas tomadas na época, em geral orientadas no sentido de subsidiar o crescimen-to econômico das elites nacionais e estrangeiras em detrimento do trabalhador brasileiro.

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