A Esquizofrenia No 1 Trimestre de 2001

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    VOLUME III, N2. MARO/ABRIL 2001

    Updates

    Inauguramos, neste nmero, uma nova seco da revista,

    UPDATES, onde se pretende apresentar uma sntese dos

    dados mais relevantes da bibliografia em temas especficos.

    Convidamos desde j os nossos leitores a enviarem snteses

    temticas para serem includas nesta seco.

    Neste nmero faremos uma sntese dos estudos mais

    relevantes sobre esquizofrenia no 1 trimestre de 2001.

    A investigao na esquizofrenia constitui, actualmente,

    um campo em grande expanso. S no 1 trimestre

    deste ano foram publicados 332 artigos sobre esta

    doena, numa pesquisa efectuada na Medline usando

    schizophrenia como palavra-chave. Esses artigos

    distribuem-se por domnios que se estendem desde a

    investigao das causas ou investigao etiolgica, at

    ao tratamento.

    1. Investigao sobre factores deriscoGENTICOS

    Tm sido verificadas baixas taxas de reproduo entre

    os doentes esquizofrnicos, o que constitui um factor

    negativo de seleco e que permitiria assegurar a

    reduo dos genes ligados expresso da esquizofrenia

    na populao geral. Este facto deveria conduzir a uma

    diminuio da prevalncia da doena, o que no tem

    sido demonstrado. Num dos artigos revistos, Avila et

    A Esquizofrenia

    al. (2001) tentaram elucidar esta aparente contradio,atravs de um estudo no qual compararam os dadosde familiares de doentes esquizofrnicos relativos taxa de reproduo, com os dados de voluntriossaudveis e de voluntrios com perturbaes do espectroda esquizofrenia. Verificaram no existirem diferenassignificativas entre os voluntrios normais ou comperturbaes do espectro da esquizofrenia no querespeita a aptido reprodutora, mas verificaram existirum nmero aumentado de familiares de doentes comesquizofrenia. Estes resultados levaram os autores asugerir que a maior proficincia reprodutiva dos familiaresde doentes esquizofrnicos poder explicar a permannciadas taxas de prevalncia da esquizofrenia, apesar da baixataxa de reproduo dos doentes esquizofrnicos.

    Mecanismos genticos

    Tem sido consensual, a partir dos dados de vriosestudos genticos independentes, a existncia de umpequeno nmero de locais cromossmicos que parecemconter genes que aumentam a susceptibilidade para aesquizofrenia. O presente estudo de Eliez et al. (2001)com a utilizao da Ressonncia Magntica NuclearFuncional RMNf em crianas com o sndroma velo-cardio-facial (que resulta de uma microdelao docromossoma 22 (22q11.2)) abre portas para a exploraoda importncia para a esquizofrenia dos genes localizadosneste cromossoma. Os autores sugerem que asalteraes nas estruturas frontais e temporais podemrepresentar um substracto comum para os efeitos dadelao 22q11.2 e para as vias etiolgicas complexasque conduzem esquizofrenia.Ainda neste domnio, o trabalho de Gurling et al. (2001),desenvolvido segundo o mtodo de "anlise das ligaesgenticas", mostra-se de uma importncia capital, dadoapresentar dados que aumentam o peso da evidnciaquanto importncia dos loci 1q22, 5q33.2 e 8p21-22 doscromossomas 1, 5 e 8 para a susceptibilidade esquizofrenia.

    A importncia do contexto para o desenvolvimento da

    J. Marques-Teixeira

    A maior proficincia reprodutiva dos familiares de

    doentes esquizofrnicos poder explicar a

    permannia das taxas de prevalncia da esquizofrenia,

    apesar da baixa reproduo dos doentes

    esquizofrnicos

    Papel dos cromossomas 1, 5, 8 e 22 na

    vulnerabilidade para a esquizofrenia

    Corroborao da hiptese da diminuio do volume

    dos lobos frontal e temporal na vulnerabilidade gentica

    no 1 trimestre de 2001

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    esquizofrenia tem vindo a ser explorada atravs de estudos genticos

    que se ocupam do que hoje se conhece como epigentica, ou seja,

    a influncia relativa dos factores genticos e ambientais no

    desenvolvimento de vulnerabilidades para determinados

    comportamentos ou doenas. Nesta seleco de artigos, Baare et

    al. (2001), apresenta-nos um estudo gemelar sobre o volume de

    determinadas estruturas cerebrais, no qual concluem que o volume

    dos lobos frontais significativamente inferior nos gmeos

    monozigticos discordantes comparativamente com gmeos

    monozigticos saudveis e que os doentes apresentavam volumes

    enceflicos globais inferiores comparativamente com os seus irmos

    gmeos no esquizofrnicos. Concluem que o menor nmero de

    algumas estruturas do encfalo poder estar relacionado com a

    diminuio do crescimento cerebral nas idades precoces, enquanto

    que a reduo global do encfalo poder estar relacionada com

    processos de natureza ambiental.

    OUTROS FACTORES

    Apesar de haver alguma evidncia relativa ao factor de risco que

    o nascimento num meio urbano constitui para o desenvolvimento

    de esquizofrenia, no h consenso quanto aos mecanismos que

    medeiam esse risco. Agerbo et al. (2001), atravs de um cuidadoso

    estudo longitudinal afasta a hiptese, lanada por alguns autores,

    sobre a mediao atravs do risco aumentado de exposio a

    agentes infecciosos, ao mesmo tempo que replica os dados sobre

    o risco da urbanizao do nascimento.

    Outro factor que tem vindo a ser estudado o peso ao nascimento.

    Sabe-se que, na populao geral, o peso ao nascimento est associado

    com alteraes neurolgicas e psicolgicas durante a infncia e a

    adolescncia. O baixo peso ao nascimento pode resultar de partos

    prematuros e de deficiente desenvolvimento fetal e os efeitos destes

    dois factores independentes sobre o desenvolvimento da infncia

    no est ainda compreendido. A percentagem de baixo peso ao

    nascimento est aumentada na esquizofrenia e est associada com

    isolamento social na infncia e com um comeo mais precoce da

    doena. Para estudarem estas alteraes, Smith et al. (2001) estudaram

    270 esquizofrnicos dos quais se pudesse obter uma histria

    obsttrica detalhada. Os autores concluram que quer a

    prematuridade quer o baixo peso ao nascimento estavam associados

    a aspectos do desenvolvimento nos primeiros tempos de vida. Mas,

    enquanto que o baixo peso ao nascimento estava correlacionado

    com um funcionamento pr-morbido mais deficitrio e disfuncional,

    bem como a um incio precoce da doena, a prematuridade estava

    associada com dificuldades da aprendizagem. Nesta linha tambm

    Wahlbeck et al. (2001) concluram que a subnutrio intra-uterina

    estava associada com um aumento do risco de esquizofrenia, ao

    longo da vida.

    2. Investigao sobre os mecanismosneurofisiopatolgicos

    Tem vindo a ser sustentada a evidncia quanto ao papel dos lobos

    frontais e temporais como locais da patognese da doena. Contudo,

    a heterogeneidade individual quanto estrutura e funo destes

    lobos to grande que anula qualquer hiptese de predio relativa

    manifestao de disfuno frontal ou temporal primrias. O artigo

    de Allen et al. (2001) vem reforar a heterogeneidade neurobiolgica

    da esquizofrenia relativamente presena de disfunes quer

    frontais quer temporais, pelo que os autores sustentam que os seus

    resultados podem explicar, pelo menos parcialmente, a inadequao

    dos actuais modelos neurobiolgicos para a esquizofrenia que no

    consideram, precisamente, estes padres diferenciais de disfuno.

    O reduzido volume dos lobos frontal e temporal pode reflectir

    anormalidades nos ncleos talmicos com conexes com estas

    regies do crebro, nomeadamente os ncleos de ligao medio-

    dorsal, como sugere o trabalho de Byne et al. (2001), sendo muito

    provavelmente o resultado da diminuio do metabolismo oxidativo.

    A gnese desta diminuio ainda no clara, tendo sido postuladas

    duas hipteses: ou os neurnios tm menor necessidade de energia

    metablica ou existe uma anomalia na gerao de energia. Maurer

    et al. (2001) sugerem, atravs do seu estudo de espectrofotometria

    Updates

    Replicao dos dados sobre o risco relativo ao nascimento

    em reas urbanas.

    Baixo peso ao nascimento correlacionado com um funcionamento

    pr-morbido mais deficitrio e disfuncional; subnutrio intra-

    uterina associada a um aumento do risco da esquizofrenia.

    Heterogeneidade neurobiolgica da esquizofrenia.

    Dimiuio do metabolismo oxidativo como causa do menor

    volume frontal e temporal.

    Selectividade disfuncional logo no incio da doena e abrindo

    perspectivas quanto implicao desta disfuno nas alteraes

    na memria de trabalho.

    Diminuio volumtrica dos ncleos talmicos desde o incio

    da doena na base das alteraes comportamentais ligadas s

    actividades dirigidas para objectivos.

    Limitaes destes dados pelo pequeno nmero de sujeitos

    das amostras.

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    cerebral post-morten, que esse mecanismo resulte de um defeito

    da fosforilao nos crebros dos doentes, o qual poder contribuir

    para uma alterao na gerao da energia.

    No que respeita disfuno frontal, na sequncia do modelo segundo

    o qual o crtice pr-frontal dorso-lateral d suporte a um sub-

    componente especfico da memria de trabalho -- a capacidade

    para representar e manter a informao necessria do contexto

    para guiar o comportamento orientado para uma tarefa -- tem sido

    colocada a hiptese segundo a qual as alteraes da memria de

    trabalho verificadas na esquizofrenia reflectiriam as alteraes do

    processamento da informao do contexto em resultado de

    alteraes no crtice pr-frontal dorso-lateral. Barch et al. (2001)

    apresentam um estudo de RMNf em 14 doentes esquizofrnicos de

    1 surto e livres de drogas e 12 controles normais, no qual mediram

    a activao daquela regio em tarefas de processamento de estmulos

    contextuais. De facto, os doentes esquizofrnicos manifestaram

    dfices da activao da rea dorso-lateral do crtice pr-frontal

    mantendo a activao intacta nas regies posterior e inferior, bem

    como dos crtice primrio e somato-sensorial. Estes dados so

    bastante encorajadores sugerindo a existncia de uma selectividade

    disfuncional logo no incio da doena e abrindo perspectivas quanto

    implicao desta disfuno nas alteraes na memria de trabalho.

    Importa, para alm disso, saber como evoluem estas alteraes ao

    longo do tempo. Foi o que fizeram Mathalon et al. (2001) ao

    compararem 24 doentes esquizofrnicos e 25 controles normais

    ao longo de 4 anos, atravs da RMNf. Verificaram que os doentes

    esquizofrnicos exibiam um declnio mais acelerado da substncia

    cinzenta fronto-temporal bem como uma maior expanso dos

    ventrculos laterais. Para alm disso, foi possvel sugerir que a

    gravidade clnica estava associada com ritmos mais acelerados da

    diminuio do volume fronto-temporal. Estes dados, se bem que

    importantes e sugestivos da presena de um processo progressivo

    fisiopatolgico, necessitam de ser replicados em amostras maiores.

    Tambm o tlamo (uma estrutura de controle sensorial altamente

    evoluda) est alterado nestes doentes, tendo Ettinger et al. (2001)

    e Gilbert et al. (2001) sugerido, atravs de estudos por RMNf, que

    a diminuio volumtrica dos ncleos talmicos esto presentes

    desde o incio da doena e Menon et al. (2001a) que esses dfices

    resultam em alteraes das projeces talmicas que podem estar

    na base das alteraes comportamentais ligadas s actividades

    dirigidas para objectivos, observadas nestes doentes. Por seu turno,

    Scheepers et al. (2001) verificaram um efeito da clozapina na

    diminuio do volume do ncleo caudado nos doentes que

    respondiam administrao da substncia. Esta reduo de volume

    neste gnglio da base do crebro estava significativamente

    correlacionada com a diminuio dos sintomas positivos mas no

    com os sintomas negativos, pelo que os autores concluram que

    esse ncleo dever ter um papel fundamental na sintomatologia

    positiva da esquizofrenia. Estes sintomas esto mais correlacionados

    com as alteraes nas regies neocorticais esquerdas e lmbicas,

    para alm de estarem relacionados com as fibras de substncia

    branca (Sigmundsson et al., 2001).

    Numa outra linha de investigao, Malaspina et al. (2001) concluram

    que os membros de famlias de esquizofrnicos, incluindo os que

    no apresentam diagnsticos de esquizofrenia, apresentam maior

    exposio a alteraes traumticas cerebrais quando comparados

    com membros de famlias bipolares, estando essas alteraes

    associadas a um maior risco de desenvolvimento da doena. Meador-

    Woodruff et al. (2001) sugeriram que essas alteraes nos lobos

    frontais se devessem a alteraes do receptor do glutamato bem

    como do AMPA e do NMDA e ainda dos receptores de quainato.

    Tem sido sugerida um dfice na lateralizao destas alteraes

    cerebrais na esquizofrenia, muito embora muitos autores as

    contestem devido a problemas metodolgicos, nomeadamente a

    limitao numrica das amostras. Neste sentido, o trabalho de Narr

    et al. (2001) vem corroborar estas crticas. Os autores concluram

    que existe uma grande assimetria temporo-parietal em associao

    com alteraes regionais da variabilidade e da complexidade corticais

    potencialmente especficas da esquizofrenia, salientando a necessidade

    de se utilizar grandes grupos de doentes para se poder isolar

    pequenos desvios nas assimetrias corticais.

    3. Dfices neuropsicolgicos

    A questo relativa presena de dfices cognitivos prvios

    introduo da medicao revela-se como sendo uma das importantes

    questes a resolver no panorama das alteraes neuropsicolgicas

    Updates

    Os doentes esquizofrnicos so mais lentos e menos eficazes

    na utilizao da sua memria de trabalho.

    Apresentam uma diminuio da lateralizao da activao; tm

    dfices da activao relacionada com a memria de trabalho

    nas regies direitas e esquerda da rea dorsolateral dos lobos

    frontais, do oprculo frontal, dos crtices parietal inferior e

    superior, (mas no na regio anterior do lobo cingulado e na

    circunvoluo temporal superior).

    A funo cognitiva mais relevante para esta doena do que

    o desempenho das tarefas.

    Evidncia quanto presena de alteraes cognitivas

    independentes dos efeitos secundrios dos agentes teraputicos.

    Apresentam dfices neuropsicolgicos mais acentuados do

    que os controles que se mantm estveis, apesar das alteraes

    no estado clnico.

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    destes doentes. Tanto mais que os estudos sobre a memria de

    trabalho com visualizao por imagiologia funcional cerebral tm

    vindo a apresentar resultados inconsistentes no que respeita aos

    dfices da regio dorsolateral do lobo frontal e do crtice parietal.

    Apesar da sua importncia poucos tm sido os estudos que tm

    investigado os dfices da memria de trabalho com estmulos

    auditivos relacionando a actividade cerebral durante a memria de

    trabalho auditivo com os sintomas positivos e negativos da

    esquizofrenia. Neste sentido o trabalho de Menon et al. (2001b)

    elucidativo quanto a este aspecto. Os autores, para alm de sugerirem

    que os doentes esquizofrnicos so mais lentos e menos eficazes

    na utilizao da sua memria de trabalho do que os controles

    normais, tambm sugeriram que estes doentes apresentavam uma

    diminuio da lateralizao da activao bem como dfices da

    activao relacionada com a memria de trabalho nas regies

    direitas e esquerda da rea dorso-lateral do lobos frontais, do

    oprculo frontal, dos crtices parietal inferior e superior, mas no

    na regio anterior do lobo cingulado e na circunvoluo temporal

    superior. Segundo os autores, estes resultados sugerem que para alm

    das regies corticais pr-frontais tambm as funes corticais parietais

    esto alteradas no curso da memria de trabalho na esquizofrenia,

    como tambm sugerem existir uma associao entre as alteraes

    do pensamento, particularmente os contedos anormais do pensamento

    e as alteraes do processamento da memria de trabalho.

    Num outro tipo de estudo, Peled et al. (2001) verificaram, atravs do

    EEG, que estes doentes no conseguiam activar as redes neuronais

    das regies fronto-temporais, muito embora tivessem bom desempenho

    nas tarefas designadas, sugerindo que a funo cognitiva mais relevante

    para esta doena do que o desempenho das tarefas.

    Por outro lado, Lussier et al. (2001) desenvolveram um estudo que

    visava avaliar a integridade dos processos cognitivos dependentes

    dos lobos frontais e temporais em doentes sem qualquer tipo de

    tratamento, atravs de uma metodologia que consignava a

    comparao com um grupo de controle de normais. Mediram

    vrios sub-componentes da memria de longo termo bem como

    diferentes medidas da ateno e concluram que os doentes

    apresentavam uma diminuio na capacidade de resposta rpida

    a um estmulo, na capacidade de manterem a ateno numa tarefa,

    na capacidade de desenvolverem estratgias de ateno selectiva

    e de manuteno da informao para processamento imediato. Os

    resultados mostraram ainda que esses doentes apresentavam

    alteraes quando era necessrio activar quer os processos

    estratgicos ou associativos para evocarem informao explcita

    da memria de longo termo. Concluram, por fim, que alguns dados

    da sua psicopatologia se correlacionavam com alguns dos dfices

    cognitivos evidenciados. Este estudo muito importante e refora

    a evidncia segundo a qual os doentes esquizofrnicos sem

    tratamento apresentam-se moderadamente atingidos ao nvel

    cognitivo, com uma pequena variabilidade inter-sujeitos e com um

    atingimento diferencial das diferentes funes cognitivas. Isto ,

    parece haver evidncia quanto presena de alteraes cognitivas

    independentes dos efeitos secundrios dos agentes teraputicos.

    Por seu turno, Veuillet et al. (2001) verificaram que nos doentes

    esquizofrnicos, mesmo na ausncia de qualquer tarefa de ateno,

    existiam alteraes na lateralizao perifrica dos mecanismos

    envolvidos na descodificao da informao auditiva.

    Sendo consensual que os dfices neuropsicolgicos antecedem os

    sintomas clnicos e tornam-se mais pronunciados no incio da

    doena, ainda existe controvrsia quanto estabilidade desses

    dfices ao longo do tempo. Mas, Heaton et al. (2001) trazem alguma

    luz a esta questo. Analisaram 142 doentes esquizofrnicos em

    tratamento ambulatrio e compararam-nos com 206 controles

    normais quanto magnitude dos dfices neuropsicolgicos no

    incio do estudo e ao longo de 3 anos. Corroboraram que os

    doentes esquizofrnicos apresentam dfices neuropsicolgicos

    mais acentuados do que os controles mas que esses dfices se

    mantm estveis, apesar das alteraes no estado clnico.

    A questo das correlaes entre os dfices neuropsicolgicos e

    as correlativas disfunes psicofisiolgicas no est resolvida neste

    domnio. Olbrich et al. (2001) avaliaram 66 doentes esquizofrnicos

    imediatamente aps o surto esquizofrnico quanto activao

    cardaca e electrodrmica, tendo feito um follow-up aos 6, 12 e

    18 meses. Verificaram que imediatamente aps o episdio agudo

    os doentes manifestavam hiperactivao cardaca em repouso e

    hipoactivao cardaca e electrodrmica no curso de tarefas de

    desempenho contnuo, comparativamente com controles normais.

    Contudo, nos estudos de follow-up os dados sugeriram existir um

    processo de recuperao em todas as medidas, muito embora

    relativamente hipo-reactividade autnoma a melhoria estivesse

    limitada aos subgrupos de esquizofrnicos com remisso completa

    e persistente dos sintomas. De qualquer modo estes dados indicam-

    nos que as melhorias neurocognitivas no dependem de mecanismos

    no alterados de reactividade autnoma.

    Young et al. (2001) desenvolveram um estudo sobre a

    contribuio da latncia rpida dos potenciais evocados, que

    uma medida da variabilidade temporal da onda contigente

    negativa (CNS), no reflexo de susto, no qual sugere que a

    variabilidade temporal desempenha um papel fundamental na

    esquizofrenia (efeito de portal).

    Updates

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    . Psicopatologia e clnica

    Duas noes acerca da esquizofrenia tm persistido: (1) ser

    caracterizada por um comeo na adolescncia ou no incio da

    idade adulta, (2) ter uma evoluo para a deteriorao progressiva.

    Contudo, estudos recentes centrados sobre a esquizofrenia com

    comeo no incio da idade adulta ou na meia idade tm obrigado

    a repensar aqueles dados. Os doentes cujo incio da sua patologia

    ocorre no comeo da idade adulta e aqueles em que a doena se

    inicia na meia idade so semelhantes no que respeita histria

    familiar de esquizofrenia, presena de anomalias fsicas minor,

    desajustamentos na infncia, gravidade dos sintomas positivos, na

    presena de grandes alteraes estruturais cerebrais demonstradas

    atravs da RMNf, nos dfices genricos de tipo neuropsicolgico

    e na resposta qualitativa medicao neurolptica. As diferenas

    entre os dois grupos incluem uma maior percentagem de mulheres

    nas esquizofrenia de comeo na meia idade e a tendncia destes

    doentes para apresentarem sintomas negativos menos graves,

    apresentarem um melhor desempenho neuropsicolgico e

    possivelmente volumes maiores dos tlamos bem como

    responderem a doses baixas de neurolpticos. Este tipo de

    esquizofrenia predominantemente neurodesenvolvimental,

    muito embora tambm constitua um subtipo neurobiolgico

    da esquizofrenia.

    A diviso dos sintomas da esquizofrenia em 3 grandes grupos de

    sintomas clssica: pobreza psicomotora, distoro da realidade

    e desorganizao. Quando os estudos factoriais incluram os

    sintomas afectivos mais duas dimenses foram identificadas:

    manaca e depressiva. Wickham et al. (2001) analisaram os dados

    de 155 doentes esquizofrnicos tendo concludo que os factores

    lentificao motora, mania, e desorganizao eram de tipo familiar.

    A lentificao psicomotora, a desorganizao e a distoro da

    realidade estavam todos associados com a deteriorao do

    funcionamento pr-mrbido e do curso crnico da doena. Para

    alm disso, a lentificao psicomotora estava significativamente

    relacionada com um funcionamento fraco pr-mrbido bem como

    o facto de viver sozinho ou de estar desempregado. A desorganizao

    estava significativamente relacionada com estas duas situaes.

    A estrutura factorial do delrio esquizofrnico tem vindo a ser

    alvo de estudos rigorosos. Recentemente, num estudo de tipo

    fenomenolgico, Mota Cardoso (2000) revela essa mesma estrutura

    numa amostra de 320 doentes esquizofrnicos, corroborando

    os dados de estudos anteriores. Muito embora estes estudos

    sejam importantes, ainda no tinha sido feita uma anlise

    comparativa dessa estrutura em doentes de outros quadrantes

    culturais no sentido de se avaliar se essa estrutura factorial era

    dependente do contexto ou se constituiria uma invarincia da

    prpria psicopatologia fundamental desta doena. Emsley et al.

    (2001) apresentam-nos a 1 evidncia a esse respeito, atravs do

    seu estudo numa grande amostra de doentes esquizofrnicos

    africanos Xhosa, tendo encontrado uma estrutura factorial

    semelhante aos estudos em outras culturas, sobretudo no que

    respeita os sintomas negativos.

    5. Diagnstico

    O despiste precoce da esquizofrenia um desiderato fundamental

    para uma interveno precoce. Curtis et al. (2001) apresentam-nos

    um trabalho no qual nos sugerem que a desinibio sacdica est

    fortemente associada com a vulnerabilidade gentica para a

    esquizofrenia, deixando no ar a hiptese de o teste de desempenho

    anti-sacdico poder funcionar como um marcador endofenotpico

    da vulnerabilidade gentica para aquela doena.

    Por sua vez, Hooley et al. (2001) estudaram as caractersticas de

    insensibilidade dor em doentes esquizofrnicos e seus familiares,

    num estudo comparativo com controles normais, e concluram da

    necessidade de maior explorao desta caracterstica como um

    potencial marcador da vulnerabilidade para a esquizofrenia.

    Klosterkotter et al. (2001) testaram a eficcia da Bonn Scale for the

    Assessment of Basic Symptoms na predio da esquizofrenia a partir

    dos sintomas prodrmicos. Verificaram, numa amostra de 385

    doentes que no apresentavam sintomas caractersticos de

    esquizofrenia ao longo de 9 anos, que cerca de 50% dos doentes

    transitaram de uma fase inespecfica para uma situao clnica clara

    Updates

    A esquizofrenia de incio tardio predominantementeneurodesenvolvimental, muito embora tambm constitua umsubtipo neurobiolgico da esquizofrenia. A lentificao psicomotora, a desorganizao e a distoro darealidade esto associados com a deteriorao do funcionamentopr-mrbido e do curso crnico da doena. Estrutura factorial do delrio esquizofrnico parece apresentarconsistncia transcultural.

    Teste de desempenho anti-sacdito pode funcionar como

    marcador endofenotpico da vulnerabilidade gentica para a

    esquizofrenia.

    A maior insensibilidade dor dos doentes pode funcionar

    como um potencial marcador da vulnerabilidade para a doena.

    A Bonn Scale for the Assessment of Basic Symptoms parece

    constituir um instrumento eficaz na deteco precoce da

    esquizofrenia.

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    de esquizofrenia. A ausncia de sintomas prodrmicos exclua uma

    futura esquizofrenia com uma probabilidade de 96%, enquanto que

    a presena daqueles sintomas prediziam a doena com uma

    probabilidade de 70%. Alguns sintomas especficos, como a

    interferncia do pensamento, alteraes lingusticas ou distores

    perceptivas visuais prediziam a esquizofrenia com uma probabilidade

    de 91%. Concluram que aquele instrumento se mostrou eficaz na

    deteco precoce da esquizofrenia, muito embora ainda seja

    necessrio replicar estes dados.

    6. Prognstico

    A depresso grave constitui uma complicao frequente e importante

    da esquizofrenia. A predio desse tipo de complicao constitui

    um aspecto importante do tratamento, muito embora poucos

    estudos se tenham feito sobre os preditores desse tipo de

    complicao. Messias et al. (2001) apresentam-nos um estudo

    prospectivo em que testaram a hiptese de que a suspicacidade

    aumenta o risco de desenvolvimento de depresso nestes doentes.

    Concluram que, de facto, a suspicacidade est correlacionada com

    um risco aumentado de depresso, ao contrrio da desorganizao

    do pensamento ou do delrio e alucinaes.

    Cerca de 10% dos doentes esquizofrnicos cometem suicdio, muito

    embora continue a ser muito difcil avaliar adequadamente esse

    risco. O estudo de De Hert et al. (2001) vem contribuir um pouco

    para essa lacuna pois identifica-nos um conjunto de factores de

    risco que podem ajudar a estabelecer estratgias de tratamento

    adequadas a esse risco. Os autores avaliaram 63 doentes

    esquizofrnicos que cometeram suicdio e 63 controles

    esquizofrnicos, todos eles com menos de 30 anos na altura da

    admisso, tendo identificado os seguintes factores de risco: (1) sexo

    masculino com doena crnica e frequentes recidivas (OR* 6); (2)

    hospitalizao de curta durao frequente e uma atitude negativa

    face ao tratamento (OR 7); (3) comportamento impulsivo (OR 6.4);

    (4) parasuicdio (OR tentativa de suicdio 4.8, OR tentativa de

    suicdio grave, 11); (4) QI pr-mrbido alto (OR 4.3); (5) depresso(OR 36). Para alm disso identificaram dois factores de proteco:(1) evoluo defectual precoce (OR 6.3); (2) actividade diria (OR4.2). Nesta linha de estudos, tambm Taiminen et al. (2001) estudarama fiabilidade da Schizophrenia Suicide Riskl Scale, uma escala construdaa partir da literatura, e concluram que essa escala parece ser tilclinicamente na identificao dos doentes easquizofrnicos comum risco elevado de suicdio. No entanto, esta escala no pareceser um instrumento prtico de avaliao do risco de suicdio naesquizofrenia, sendo talvez impossvel construir uma escala quesimultaneamente tenha uma alta sensibilidade e uma alta especificidadenesta perturbao.*-OR - odds ratio

    7. Tratamento

    Foram feitos avanos importantes na teraputica farmacolgica da

    esquizofrenia ao longo dos ltimos 10 anos, nomeadamente pela

    introduo de opes farmacolgicas mais eficazes e com menos

    efeitos secundrios.

    Vrios estudos tem vindo a sugerir que os novos antipsicticos

    constituem tratamentos farmacolgicos de 1 linha para a

    esquizofrenia (ver, p. ex., Martenyi, Metcalfe, Schausberger, &

    Dossenbach, 2001). Kinon et al. (2001a), num estudo duplamente

    cego de 6 semanas com doentes esquizofrnicos em estado agudo,

    compararam a eficcia da olanzapina (5-20 mg) com o haloperidol

    Updates

    A suspicidade est correlacioanda com um risco aumentado

    de depresso, ao contrrio da desorganizao do pensamento

    ou do delrio e alucinaes.

    Factores de risco para o suicdio: (1) sexo masculino com

    doena crnica e frequentes recidivas; (2) hospitalizao de curta

    durao frequente e uma atitude negativa face ao tratamento;

    (3) comportamento impulsivo; (4) parasuicdio; (4) QI pr-

    mrbido alto; (5) depresso.

    Factores de proteco para o suicdio: (1) evoluo defectual

    precoce; (2) actividade diria.

    Crescente evidncia da olanzapina poder ser considerada como

    um tratamento de 1 linha para as situaes agudas de

    esquizofrenia.

    O nmero de re-internamentos dos doentes esquizofrnicos

    tratados com risperidona e olanzapina consideravelmente

    menor do que o dos doentes tratados com neurolpticos

    clssicos.

    Factores que aumentam a probabilidade de aumento ponderal

    com os antipsicticos atpicos: (1) melhor resposta teraputica;

    (2) aumento de apetite; (3) ndice baixo da massa corporal

    (Kg/m2) no incio do tratamento.

    A risperidona no altera o volume do ncleo caudado, do

    putamen e dos globus pallidus.

    Provvel aumento da eficcia teraputica da associao de

    estradiol sub-cutneo (100mcg) com um neurolptico clssico,

    nas mulheres esquizofrnicas; provvel efeito de potenciao do

    efeito antipsictico dos neurolpticos clssicos com o valproato

    de sdio.

    Os antipsicticos atpicos mostram-se mais eficazes na facilitao

    da participao dos doentes nos tratamentos psicossociais.

  • VOLUME III, N2. MARO/ABRIL 2001

    (5-20 mg) sobre a agitao e sobre os sintomas positivos. Concluram

    que os doentes tratados com olanzapina mostraram uma maior

    diminuio da agitao e dos sintomas positivos do que os doentes

    tratados com haloperidol (diferena verificada sobretudo nas ltimas

    semanas de tratamento), tendo os autores concludo que este

    antipsictico atpico pode ser considerado um tratamento de 1

    linha para as situaes agudas de esquizofrenia.

    Um outro aspecto que tem sido evidenciado nos estudos com

    antipsicticos atpicos prende-se com a taxa de re-internamentos.

    Num estudo recente, Rabinowitz et al. (32) avaliaram essa taxa em

    doentes tratados com risperidona, olanzapina e neurolpticos

    clssicos, tendo concludo que aps 24 meses de alta, 67% dos

    doentes tratados com risperidona e 69% dos tratados com olanzapina

    permaneciam na comunidade comparados com 52% dos doentes

    tratados com neurolpticos clssicos. Este estudo vem corroborar

    os dados de estudos anteriores que tm sugerido que as taxas de

    re-internamento dos doentes que tomam os novos antipsicticos,

    risperidona e olanzapina, no diferem entre si e so consideravelmente

    menores que as taxas de re-internamento dos doentes que tomam

    neurolpticos clssicos.

    Relativamente aos efeitos secundrios dos anti-psicticos, o

    aumento ponderal um frequente efeito secundrio consecutivo

    ao tratamento com os novos antipsicticos. Muito embora os

    mecanismos implicados ainda no estejam suficientemente

    esclarecidos, Jones et al. (2001) apresentam-nos um estudo onde

    tenta identificar um conjunto de factores que podem ajudar a

    prever um maior risco para o desenvolvimento de aumento

    ponderal. So eles: melhor resposta teraputica, aumento de

    apetite, ndice baixo da massa corporal (Kg/m2) no incio do

    tratamento. No caso de ser utilizada a olanzapina, o aumento

    ponderal tende para um ponto estacionrio s 39 semanas a

    partir do qual no ocorre mais aumento de peso significativo

    (Kinon, Basson, Gilmore, & Tollefson, 2001b).

    Ainda no domnios dos efeitos secundrios aos frmacos, Raz

    et al. (2001), descrevem-nos um caso de sndrome de

    hipersensibilidade induzido pela olanzapina, manifestado por

    prurido, erupo cutnea, eosinofilia, hepatite txica 60 dias aps

    a ingesto da substncia, o qual remitiu completamente aps a

    interrupo do tratamento. Tambm o efeito dos frmacos

    antipsicticos sobre os gnglios basais (que se sabe terem um

    papel importante nas perturbaes do movimento de tipo

    extrapiramidal, nas perturbaes afectivas e nos dfices cognitivos)

    tem vindo a ser investigado relativamente aos novos antipsicticos.

    Lang et al. (2001) avaliaram o efeito da risperidona sobre o ncleo

    caudado, o putamen e os globus pallidus, comparativamente com

    doentes tratados com antipsicticos clssicos e com controles

    normais, atravs de estudos RMNf. Concluram que o grupo de

    doentes com 1 episdio que foram tratados durante 1 ano com

    risperidona no apresentavam alteraes no volume daquelas estruturas,

    muito embora se observassem perturbaes do movimento, quer

    nesses doentes quer nos que foram tratados com neurolpticos

    clssicos. Os autores concluram que essas perturbaes se deviam

    doena e ao uso de neurolpticos clssicos.

    A necessidade de se encontrar um frmaco de aplicao IM,

    eficaz e bem tolerado, para tratamento dos doentes psicticos

    com crises agudas de agitao tem levado investigao de novas

    molculas. Lesem et al. (2001) avaliaram a eficcia e segurana

    da ziprasidona em doses de 10 mg IM, tendo concludo sobre a

    sua rapidez de aco e boa tolerncia, tendo os doentes ficado

    calmos sem ficarem extremamente sedados e respondendo em

    cerca de 2 horas (em mdia) aplicao do frmaco.

    Nesta linha de propostas de novas medicaes ou estratgias de

    tratamento, foi apresentada uma nova proposta para tratamento

    dos doentes esquizofrnicos do sexo feminino: a juno de estradiol

    sub-cutneo (100 mcg) ao tratamento neurolptico clssico. Kulkarni

    et al. (2001) avaliaram, num estudo duplamente cego com controle

    de placebo, 36 doentes esquizofrnicas do sexo feminino, tendo

    concludo pela maior reduo sintomtica no grupo de doentes

    com suplemento estrognico. Estes dados, apesar de serem

    interessantes e indicadores de futuros esquemas teraputicos,

    necessitam de ser replicados utilizando os novos antipsicticos

    como teraputica neurolptica de base.

    Tambm Wassef et al. (2001) estudaram o efeito de potenciao que

    o valproato de sdio parece ter sobre os efeitos do haloperidol em

    doentes hospitalizados, tendo concludo que uma potenciao precoce

    com valproato de sdio pode reduzir o tempo de internamento e

    melhorar as respostas teraputicas. Se bem que interessantes estes

    dados merecem alguma cautela dada a natureza do ensaio (ensaio

    aberto) e o reduzido nmero de doentes da amostra.

    Se a terapia cognitivo-comportamental parece ter algum benefcio

    em doentes em tratamento farmacolgico adequado mas que

    mantm em actividade sintomatologia psictica (Brewer et al.,

    2001), a combinao de terapias parece ser a mais eficaz. De facto,

    Marder et al. (2000) fizeram uma reviso de estudos sobre a

    combinao de teraputicas farmacolgicas (com antipsicticos

    clssicos ou atpicos e terapias psico-socias) tendo concludo

    que as formas de interaco entre os dois tipos de terapias vo

    para alm de efeitos meramente aditivos, cada uma aumentando

    o efeito do outra, mostrando-se os antipsicticos atpicos como

    mais activos na melhoria da participao dos doentes nos

    tratamentos psicossociais.

    Updates

    47

  • VOLUME III, N2. MARO/ABRIL 2001

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    Updates