A Essência do Bhagavad-Gita

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Srila BV Narayana Gosvami Maharaj resume e extrai o néctar do néctar, e de forma clara mostra a essência desta belíssima jóia deixada por Krsna.

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A EssnciA do

Bhagavad-gt

r-r guru-gauragau Jayata

A EssnciA do

Bhagavad-gtA verdadeira natureza da devoo

R RMad

Bhaktivednta Nryaa gosvm Mahrja

instituto Gaudiya Vedanta internacional

copyright 2010 by Bhaktivednta Nryaa gosvm Mahrja

Ttulo original:

The Essence of Bhagavad-gtMestre espiritual: Traduo: Reviso: Bhaktivednta Nryaa gosvm Mahrja Laura Pires camargo (Ka Jivan das) snia steimann (Vraja sundari dasi) Marcio Pombo (Mahakala dasa) Programao Visual: Adriana Almeida (62) 3211 34 58 dados internacionais de catalogao na Publicao ciP iGVi insTiTUTo GAUdiYA VEdAnTA inTERnAcionAL n Bhaktivednta Nryaa gosvm Mahrja. A Essncia do Bhagavad-gt / Bhaktivednta Nryaa Mahrja. Rio de Janeiro: iGVi, 2010. 40 p. isBn 978-85-6366-300-9 1.Filosofiavdica.2.Religio.3.Traduo.I.Ttulo cdU:

convidamos os leitores interessados no assunto deste livro a corresponderem-se com os editores:

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oUTRos TTULos dE

rla Nryaa Mahrja O Nctar de GOvinda-ll* INdo alm de vaikuha* Bhakti-rasyana* r PraBandhval Bhakti-tattva-viveka* venu-Gt r Bhakti-rasmta-sindhu-Bindu r mana-ik* Bhakti Prajna keava GOsvm sua vida e PreceitOs shOwer Of lOve dmOdara-ll-madhur rays of the harmoNIst (PeriOdical) Pinnacle Of devOtiOn jaiva dharma r uPadeamta* the essence Of all advice r navadvPa-maala-Parikram r vraja-maala-Parikram rmad BhaGavad-Gt o camINho do amor* segredos do eu eNcoberto* coNtrolado pelo amor* felIcIdade No paraso do tolo* srI harINama maha-maNtra** em portugus demais ttulos disponveis em ingls e para download em www.purebhakti.com

sUA diVinA GRAA

rla Bhaktivednta Nryaa gosvm Mahrja

cAPTULo UM

sempre pense em Mim

A

s escrituras descrevem muitos lugares espirituais, mas no h nenhum lugar como vndvana em todo o universo. Qualquer pessoa que conhea as glrias de vndvana ir compreender isto, especialmente se tiver recebido a misericrdia de vndvana. L, r Ka e seus eternos associados executam passatempos que so nicos e maravilhosos. Aperfeiodavidaespirituallembrar-sedestespassatempose porfimtornar-secompletamenteabsortonoshumoresdoservio transcendental dos eternos associados de Ka em vndvana e nos seus intercmbios com Ele. Estes humores e passatempos so descritos e explicados no rmad-Bhgavatam,oquala literatura transcendental suprema. contudo, para compreender o rmad-Bhgavatam, ns temos que primeiro entender as instrues do Bhagavad-gt. Estas instrues servem como base na construo do palcio de doze andares do rmad-Bhgavatam (os doze cantos). Enquanto no tivermos a fundao das instrues do Bhagavad-gt, s poderemos compreender o rmad-Bhgavatam de uma forma mundana, e tudo estar arruinado. isto se aplica especialmente aos tpicosmaisconfidenciaiscontidosnoDcimoCanto.NoBhagavad- gt (18.65) encontramos este verso: man-man bhava mad-bhakto mad-yj m namaskuru

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mm evaiyasi satya te pratijne priyo si me Absorva sua mente e corao em Mim, torne-se Meu devoto, adore-Me, oferea suas reverncias a Mim e certamente voc vir aMim.FaoestapromessaporquevocMemuitoquerido. EsteomelhordetodososversosdoBhagavad-gt,melhoratqueoversoseguinte(18.66),noqualKa diz: sarva dharmn parityajya: Abandone todas as formas de religiosidade e venha exclusivamente para o Meu abrigo. Eu livrarei voc de todasasreaespecaminosas.Notema. o verso man-man bhava (18.65) que ns vamos descrever aqui ainda melhor que este verso. O verso sarva-dharmm parityajya (18.66) nos instrui a rendio devocional1,pormo verso man-man bhava (18.65) d o fruto desta rendio e portanto mais exaltado. Quando lemos o Bhagavad-gt minuciosamente e especialmente quando o compreendemos atravs dos comentrios dos mestres proeminentes da nossa linha, vemos que existem cinco nveis de instruo no Bhagavad-gt. Primeiramente, encontramos instrues gerais para todos, aps estas, encontramos as instrues secretas2, ento as mais secretas3, da as mais secretas ainda4efinalmenteomaissecretodetodosos segredos5. Estas instrues no so dadas de uma forma ampla, mas sim condensadas em versos.

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arangati guhy guhyatar Guhyatam Sarva-guhyatam

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Para pessoas comuns, o senhor Ka disse: no coma ou durma muito, voc deve ser regulado no trabalho e na recreao, caso contrrio no ser capaz de obter aquela rara yoga pelo qual aalmaencontraoSeuCriador(Bhagavad-gt 6.17). Este o conhecimento geral de que no somos estes corpos, portanto ns devemos nos desapegar dos desejos do corpo e no agir para eles. Aquele que nasceu certamente morrer, aps o que certamentenascerdenovo(Bhagavad-gt 2.27). Arjuna estava chorandoportodosporseufilho,esposa,parenteseamigosens tambmestamoschorandodamesmamaneira. Ka nos aconselha: Aqueles que so sbios no se desesperam pelos vivos nem pelos mortos(Bhagavad-gt 2.11). Todos vo morrer e aqueles que no vo hoje, iro amanh ou no dia seguinte. ns no devemos chorar ou nos lamentar por eles, porque dentro do corpo est a alma: A alma no pode ser cortada por nenhuma arma, queimada pelo fogo, umedecidapelaguaousecapelovento,aalmaeternamasocorpo estsujeitomorte,assimnofiquedesnecessariamentepreocupado comocorpo.(Bhagavad-gt 2.23) Atumcertolimiteestamoscertosemcuidardocorpo.Este corpo que Bhagavn6, a suprema Personalidade de deus, nos deucomoSeutemploedevemoscuidardelecomosefssemos executar seu bhajan7. ns devemos mant-lo limpo e funcionando, caso contrrio no seremos capazes de executar bhajan. Estamos certosemcuidardocorpoatestelimite,pormistodeveserfeito comespritodedesapego.Nofinal,Bhagavn pedir o corpo de volta e ele ter de ser devolvido. Ele dir Eu lhe dei esta rara e valiosaformahumana,entooquevocfezcomela?porisso que Ele falou versos assim: Enquanto as pessoas comuns dormem,6 7

Instrues geraIs

Bhagavn :Aquele que possui todas as opulncias por completo Bhajan :servio devocional transcendental

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o sbio desperta para a auto-realizao e enquanto o sbio dorme, aspessoascomunsdespertamparaagratificaodossentidos. (Bhagavad-gt 2.69) ns simplesmente devemos nos ocupar em bhagavad-bhajan, bhajan para Bhagavn, a suprema Personalidade de deus, e continuar fazendo o nosso dever, considerando felicidade e sofrimento como sendoomesmo.AtestepontoKa est dando instrues gerais.

Aps isto, vem a instruo secreta8, o conhecimento do Brahman9 Brahman a substncia espiritual.A alma espiritual10 Brahman e o Espirito Supremo tambm o .Arjuna pergunta: Quais so os sintomas da pessoa cuja conscincia est absorta no Brahman?Comoelefala,sentaeanda?(Bhagavad-gt 2.54). ODcimoOitavocaptuloconclui:Aquelequeestsituadono BrahmanvoBrahmanemtodaaparteepensa:eutambmsou Brahman. Pensando desta forma, ele meditar no Brahman e no experimentar felicidade nem sofrimento. Ele permanecer estvel emqualquersituaoesuaconscinciafundir-se-noBrahman. (Bhagavad-gt 18.54) continue executando o seu dever e no desejeosfrutosdoseutrabalho(Bhagavad-gt 2.47). de uma formageral,esteoconhecimentodoBrahman.

a Instruo secreta

Aps isto, vem a instruo mais secreta,11 o conhecimento da superalma12.Existem duas classes de entidades vivas, chamadas as entidades falveis no mundo material e as infalveis no mundoguhy Brahma-jna 10 tm 11 (guhyatar) 12 paramtm-jna8 9

Instrues maIs secretas

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espiritual.AlmdestasduasclassesestaSuperalma,13 uma expanso da suprema Personalidade de deus que reside no corao detodasasentidadesvivasedescritacomotendootamanhode um polegar. Medite nele e se voc no alcan-Lo, tente de novo e de novo no conseguindo, tente novamente. Aquele Brahman sem forma que eu mencionei para voc antes novl!Cuidado!extremamentedifcilfixarsuaconscincia emalgoquenotemforma.(Bhagavad-gt 12.5) Em vez disso, medite no Paramtm dentro do corao. AquelequeseatmSuperalmaemyogaestrealmentena ordem de vida renunciada (um sannys)eoverdadeiroyog. Ningumsetornaumverdadeirosannys meramente por absterse das atividades prescritas ou por murmurar sou Brahman. (Bhagavad-gt 12.56) Estaainstruomaissecreta14.

Guhyatam, omaiorsegredo,apresentadonoNonoCaptulodo Bhagavad-gt. o servio devocional transcendental puro (bhakti) apresentadoali,masdesprovidoderasa.15 Embora seja bhakti pura,noplenoderasa. o mais secreto de todos os segredos16apresentadonofinaldo DcimoOitavoCaptuloeomaiselevadolimitedebhakti,porque plenoderasa:PorquevocMemuitoquerido,estoulhecontando amaissecretadetodasasinstrues.(Bhagavad-gt 18.64) Qualestainstruo?13

o maIor segredo e o maIor segredo de todos

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a alma espiritual individual conhecida como tm, e a alma Suprema ou Superalma conhecida como paramtm Guhyatar Humores extticos do servio transcendental em relacionamento direto com Bhagavn sarva-guhyatam

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Absorva sua mente e corao em Mim, torne-se Meu devoto, adore-Me, oferea-Me suas reverncias e ento certamente voc viraMim.EulheprometoporquevocMemuitoquerido. (Bhagavad-gt 18.65) Antes deste ponto, r Ka tinha explicado a adorao a Bhagavn comconscinciadeSuasopulncias:istoadoraoa Nryaa.17 Entretanto, neste verso so descritas quatro atividades extraordinrias.Aprimeiraman-man bhava: sempre pense em Mim;asegundamad-bhakto:torne-seMeudevoto;aterceira mad-yji: adore-Me; e a quarta, m namaskuru: oferea reverncias18 a Mim. se voc no pode fazer a primeira, ento faa a segunda. se no puder fazer a segunda, faa a terceira ou ento simplesmente oferea reverncia (prama) e tudo vir da.

Agora vamos falar da primeira parte deste verso, mam-man bhava:ConcentresuamenteecoraoemMim.Istonouma coisa simples. se ns desejamos concentrar a mente em alguma atividade, teremos de fixar os olhos, ouvidos, nariz e todos os nossos sentidos nela. se a mente no pode se concentrar em algo, ela est mais ou menos descontrolada. s vezes, pensamos em Ka, outras, nossa mente contempla o desfrute dos sentidos esteoestgiocondicionado.Amaiselevadaformadeadorao absorveramenteporcompletonospsdeltusdeBhagavn. Mas quando isto ser possvel? no perodo inicial de sraddh (f)19,nopossvelabsorvera mente e o corao em Ka. Mesmo no estgio de ruci (gosto) isto17 18 19

absorva sua mente e corao em mIm

a majestosa forma de Bhagavn aqualadoradacomadmiraoereverncia. prama conforme pratica o servio devocional, o devoto avana em etapas regulares de sraddh f;niha prtica estvel; ruci gosto; sakti - apego espiritual; bhava - xtase devocional; e prema - desenvolvimento completo do amor transcendental)

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aindanopossvel.Somenteapsistonsrealmentecomeamos a dar o nosso corao. no estgio de sakti (apego espiritual), talvez possamos dar metade de nossos coraes a Ka. no estgio de bhva, ou xtase devocional, talvez possamos dar trs quartos de nossos coraes a Ele e, no estgio de prema, amor transcendental, completamente desenvolvido, poderemos dar nosso corao por completo para Ka. As gops (vaqueirinhas) de vndvana so o exemplo ideal de absoro em Ka. Elas so os mais elevados devotos de Ka eoamoreaafeiodelasporElesemparalelo.Depois de partir de vndvana, Ka enviou seu amigo muito ntimo Uddhava para consolar as gops. Ka disse a Uddhava: Quando chegar em vndvana, voc encontrar as gops, as quais so as mais queridas por Mim. Elas Me entregaram seus coraes porcompletoenoconhecemnadaalmdeMim.PorMimelas esqueceramtodasasnecessidadesefunescorpreas. Qualacondiodealgumquetenhaseesquecidodetodas as suas necessidades corpreas? Elas se esqueceram de comer, beber, tomar banho, decorar-se com ornamentos e roupas e pentear o cabelo. seus corpos certamente tornaram-se magros e fracos. Elas se esqueceram de todas as suas relaes corpreas devido aoamoreafeioporMim:esqueceram-sedeseusmaridos,filhos, amigos, irmos, riquezas e propriedades. Elas no tm amor porningummaisalmdeMim, e dia e noite lembram-se disso intensamente.Uddhava,nestemundonuncaseviualgumdoar assim o corao a outra pessoa. Elas mal esto mantendo suas vidaseseusaresvitaissubiramaopescoo.Atquandopodero sobreviver desse modo? Eu no sei se podem ser salvas ou no. V rpido e salve a vidas delas. Envie-lhes Minha mensagem: Eudefinitivamentechegareiamanhoudepois.Aesperanade queEuvolteanicarazopelaqualelasestomantendosuas

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vidas. Elas iro pensar: Ka disse que est vindo e Ele no pode mentir. Quando se apegarem a esta esperana ser como se suas vidas estivessem pendentes no fino galho de uma rvore. Se o galho quebrar elas cairo. Em outras palavras, elas abandonaro suasvidas.Portantovlogo. As gops so o exemplo perfeito de absoro da mente e corao em Ka.20Compreendemosquemuitodifciloferecer nossocoraoaalgum,masistotorna-sefcilquandoalgum leva o nosso corao. de outro modo, simplesmente no podemos faz-lo. no Kaha Upaniad(1.2.23) est dito: r Ka escolher um corao que seja querido para Ele e ento dir: Venha! Eulevareiseucorao. Mesmo que realmente desejemos ofertar nossos coraes a Ka, ser muito difcil, mas torna-se possvel se ele desejar levar nossos coraes. devemos deixar nossos coraes muito atrativos para que Ka fiquecobiosoquandonosvir.Certamente o corao tem de estar limpo de todas as impurezas, pois Ele no o levar se tiver permanecido alguma impureza. Entretanto, somente a pureza no basta, pois muitos jns tm coraes puros que no atraem Ka. Temos de adicionar alguma fragrncia especial para que possa atrair Ka quando atingir o seu nariz. os humores extticos, bhakti-rasa, do servio transcendental em relacionamento direto com Ka devemestarfluindonocorao. por isso que as gops de vndvana so to queridas por Ka seus coraes so repletos desta bhakti-rasa.

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man-man bhava

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como Ka levaocoraodealgum?Estahistriamostrar como Ka estava um dia conduzindo as vacas para fora de vndvana, para o pastoreio. sua tez era da cor de uma nuvem carregada de chuva, seu cabelo negro encaracolado balanava em seu rosto e Ele parecia muito, muito belo e charmoso. seus amigos estavam espalhados pelos quatro cantos cantando: Sdhu! Sdhu! (que significa Excelente! Excelente!) e glorificando Ka,cantandoetocandosuasflautasetrompas. Quandoelescaminhavamassim,atmesmooscegosdeVraja saamparav-los.Umdizia:Aondevocestindo?eooutro respondia: Eu estou indo ter darana (audincia) com Sri Ka, segureminhamoevamos!Eassimiamcomgrandeavidez. Todas as pessoas de Vraja circundavam a estrada s para ver Ka conduzindo as vacas ao pasto. Me Yaod e Nanda Bb seguiam Ka dizendo: Meu filho, volte logo, no v muitolonge! Ka repetidamente pedia-lhes que retornassem, mas somente quandoEleprometiaqueestariaemcasanofinaldodiaqueseus pais lentamente retornavam. Haviamuitasmocinhasrecmcasadasquetinhamacabadode chegar em Vraja para viver na casa de seus maridos elas vinham porta de suas casas para dar uma olhada em Ka. Algumas estavamobservandoatravsdaspersianas,algumassubiamnos telhados de suas casas e outras subiam no topo das rvores nos kujas (arvoredos). Ka tambmestavaprocurando,Elesempre desejava ver novas garotas. Em uma casa havia uma mocinha que tinha se casado dois ou trs dias antes. H muito tempo ela ouvia falar sobre quo maravilhosa e bela era a aparncia de Ka ao levar as vacas para pastar. Assim, quando soube que Ka estava vindocomasvacas,seucoraoficoumuitoinquietoeansioso

roubando o corao

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de ter o seu darana (audincia). Porm sua sogra e cunhada estavam sentadas do lado de fora da porta. sua nova cunhada era intimidadora. Ambas disseram-lhe: Voc no ir! ns vamos, mas voc no pode ir. H uma serpente negra l fora e, se ela a picar, vocnuncasercapazderemoveroveneno.Portantofiqueem casa,nslogovoltaremos.Amocinharespondeu: Vocs iro e eu ficarei aqui em casa, sentada? Eu tambm irei! No!perigoso,nov.Seucoraomuitoimaturoevoc jamais remover o veneno da serpente, melhor ficar sentada aqui. Mesmoassimeuireicomvocs! No,perigoso,vocnovai. Ento eu irei sozinha! Todas as esposas, os ancios, rapazes, moas, pssaros, bestas e at mesmo os insetos deVraja esto indo para o darsana de Ka. E eu serei a nica em Vraja que norecebereisuaaudincia? No,vocnoir. Eu certamente irei! Mesmo que voc me coloque para fora destacasaeuirei. Ento, vendo que Ka estava se aproximando, a sogra e a cunhada correram para v-Lo. Assim que elas saram, a moa avanoueOespreitoupelafendadaportaningumpodiav-la.Ka sustentavaaflautaemSeuslbiosetocavatodocemente.Parecia queonctardeSeucoraoemanavapelosorifciosdaflautae inundava toda a rea de vndvana. os olhos que ainda no o viramtocandoSuaflautadevemserlanadosaofogosomente os olhos que j viram esta cena belssima so bem sucedidos. Ka pode querer ou no ver algum, mas se algum verdadeiramente deseja v-Lo, certamente esta pessoa o ver. naquele dia, Ele desejou primeiro ver aquela mocinha, deixando

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todos para trs e indo l imediatamente. Ento, nesta hora, Ele pregou uma pea: agarrou o rabo de um bezerro e o torceu. o bezerro correu direto para a porta, como se tivesse sido treinado para este propsito. Kaeobezerrochegaramportanuminstante.Depem Suaposturacurvadaemtrspartes,comaflautaemSeuslbios e sorrindo, Ele ofereceu seu darana quela mocinha. Pronto! o corao saltou de seu peito, mas Ele continuou o seu caminho. Ela spdeficarempimvel.assimqueKa leva o corao: man-man bhava. Se algumalcanaSua misericrdia,ento certamente Ele levar o seu corao. se ns estamos especialmente ansiosos, desejando saber em nossas mentes: Quando serei capaz de ver a bela forma de r Ka?EntoKa ficartosatisfeito que vir e levar nossos coraes. Aquela mocinha tinha executado austeridades por milhes de anos para obter esta oportunidade e nesse dia ela foi bem sucedida. Elaficouemp,imveldurantequinzeouvinteminutos.Ka j haviaentradonaflorestaeapoeiralevantadapelasvacasegarotos j tinha se assentado. Ela ainda estava l, imvel, porque, sem o seucoraooumente,ficoudesamparada.Entoacruelcunhada lhe disse: A serpente negra ymasundara picou voc e agora vocjamaisremoveroveneno. sacudindo a moa, conseguiu traz-la para dentro de casa. Aqui, pegue este pilo e v bater o iogurte um trabalho pesadofarcomquesuamentedesperte. Mas a moa pegou o pote errado e comeou a bater semente de mostarda, o que fez um barulho terrvel. ora batia, ora parava. onde estava sua mente e corao? Ka os tinha levado: manman bhava. novamente sua cunhada se aproximou e disse: o que est fazendo? Vou reclamar de voc para minha me.

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nesta hora a sogra chegou e disse: Levante este pote e traga gua. Puseram um grande pote em sua cabea e um pequeno pote porcima,tambmlhederamumacriancinhaedisseram:Cuide destacrianaenoadeixechorar! colocaram ainda uma longa corda em sua mo para ela descer o pote no poo e a mandaram embora. Ela levou tudo. chegando l,fezumlaoparabaixaropotenopoo,pormemvezdepassar o lao ao redor do pote, colocou-o ao redor da criana. Todos que estavamporpertogritaram:Ei!Oquevocestfazendo?Eles vieram correndo e, tirando a corda da mo dela, salvaram a criana. Uma gop disse:Parecequeumfantasmaseapossoudela. Uma outra gop que sabia de tudo falou: no foi um fantasma comum,foiofantasmadeNanda! vndvana umlugarparaaquelesquenopodemdoarseus coraesaosseusfilhosesuafamlia.Elesdeixamtodososfamiliares chorando por eles e vm como emigrados para vndvana, e choram exclusivamente por Ka.Mesmoosrefinadosfilhos efilhasdereisdevndvana entregam seus coraes a Ka e se ocupam em bhajan. Ka disseaArjuna:Istoman-man bhava. Absorva sua mente em Mim, como as gops ofizeram. Arjunarespondeu:Prabhu,istoumcampodebatalha!Como ser possvel que eu doe o meu corao aqui? Voc me disse para lutar contra o av Bhma, drocrya e Kara.21 Entretanto souincapazdeseguirestainstruo.EmseguidaKa explica o mad-bhakto - torne-se Meu devoto.

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Trs grandes generais que se opuseram a Arjuna na batalha de Kuruketra.

cAPTULo dois

Torne-se Meu devoto

N

o captulo anterior comeamos a explicar o melhor e o mais secreto verso do Bhagavad-gt e sua instruo man-man bhava: concentre sua mente sempre em Mim.Nsmostramosqueasgops so o exemplo ideal desta prtica. Ka instruiuArjunanocampodebatalha.Nstambm estamos no meio de uma batalha. Em Kuruketra havia uma guerra entre os Pavas1 e os Kauravas2.Nstambmestamos emguerracomaspropensesdamente,aqualinquietapornatureza. da mesma forma que a instruo de concentrar a mente em Ka(man-man bhava)foidifcilparaArjunanaquelapoca, tambmodifcilparansagora. OexrcitodosPavas consistia em sete akauhins, ou falangesmilitares,eoexrcitodosKauravas,onzeakauhins. Nstambmtemosumexrcitodeonzeakauhins contra ns, e cada um de ns encontra-se s. Ka era o condutor da quadriga deArjuna,masnossocondutoraintelignciamedeformada. Arjuna tinha uma quadriga presenteada por Agni e ela no podia ser queimada ou destruda, mas que tipo de quadriga ns temos?

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arjuna e seus quatro irmos Primos invejosos de Arjuna, encabeados por duryodhana

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somente este corpo material, o qual est sujeito doena e morte. Arjuna tinha o arco gdva para lutar, mas ns no temos uma arma assim para a luta. Quem estava sentado na bandeira da quadriga de Arjuna? hanumn. ns no temos tal ajuda. Assim anossaposioenfraquecida. Arjunatinhatodotipodeajuda,porm,quandoouviuas instrues de Ka,suamenteficouperturbadaeeledisse: Ka, sou incapaz de concentrar minha mente e pensar s em Voc. SeamentedeArjunaficouperturbada,qualanossasituao?Nossamenteocondutorquelevaaquadrigadonosso corpoeaalmaopassageiro.Qualanaturezadamente?Ela inquieta e no nos ajuda em nada. Se seguirmos sua direo cairemos ou nos perderemos no caminho. no comeo do Bhagavad-gt, Arjuna juntou suas mos e disse: Eu me rendo a Voc em todos os aspectos e farei o que Vocmeinstruir.(Bhagavad-gt2.7)Porm,quandoouviuas instrues de Ka, disse: Eu no posso executar man-man bhava. como irei absorver minha mente desta maneira? isto no possvel.Bhma, droa, Kara, duryodhana e dusana. Tantos grandes guerreiros, mahraths3, esto reunidos para lutar contrans. Nstambmtemosseisguerreiroscontrans:asexigncias da fala, da lngua, do estmago, dos genitais, da mente descontrolada e da ira. no podemos conquistar nem mesmo um destes guerreiros. Personalidades exaltadas tais como vivmitra e Nrada foram afetadas por um destes guerreiros, o impulso sexual. o Rmyaa relata que Nrada uma vez desejou casar-se

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mahraths : grandes guerreiros os quais podem derrotar inmeros oponentes com uma s mo

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comumaprincesa,pormviu deu-lhe um rosto de macaco, assim ele foi afastado da cerimnia na qual a princesa escolhe o seu marido.4Almdessesguerreiros,aindatemosquecompetir com incontveis desejos pecaminosos e outras impurezas no desejveis no corao. Portanto Ka disse: Mad-bhakta, torne-seMeudevoto. Arjuna deliberou e disse: fcil dizer que uma pessoa irtornar-seumdevoto,pormmuito,muitodifcilrealmente s-lo. Uma coisa especialmente necessria para algum se tornar um devoto. rla Rpa gosvm nos instrui5: o servio devocionaldeveserdesprovidodetodososdesejosalmdaaspirao de trazer felicidade a Ka e no deve estar coberto pelo conhecimento6 e pelas atividades de ganho material7. no se deve ter nenhum tipo de desejo material. se alcanarmos bhakti, o servio a r Ka ou ao verdadeiro devoto, ns no poderemos ter nenhum outro desejo no corao. Para no falar do desejo, no pode haver nem mesmo o aroma dele preste ateno nisso e seja assim, ento voc compreender bhakti; caso contrrio, ser muito difcil. H uma contradio aparente aqui. Falamos que no podemos ter nenhuma tendncia para atividade material ou acmulo deconhecimento.Adificuldadequenenhumhomempodeviver sem atividade. Temos que comer e usar roupas para nos proteger do frio.Estamosexecutandoalgumaatividadematerialatenquanto estamos dormindo, respirando, mudando de posio e sonhando tudoissoatividadematerial.Nopodemosviversequerum4 5

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svayavara anybhilit-nya jna-karmdy-anvtam - Bhakti-rasmta-sindhu (1.1.11) jna karma

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momento sem executar algum tipo de atividade, qualquer um que disserocontrrioumfarsante. Aquesto:qualagarantiadequeaatividadenoencobrir a nossa bhakti?Asoluoexecutarnossasatividadespara Bhagavn, ento isto no encobrir nossa bhakti. Por exemplo: quando estamos comendo, no devemos esquecer o senhor, pelo contrrio, devemos comer para o senhor e seu servio. Emnossacondioatual,tambmsomosincapazesdeviversemconhecimento.Conhecimentonecessrio,porquesem elenemsequersaberemosolocalondecolocarospsenquanto andamos e ento cairemos. Por isso, embora o conhecimento e a atividade material permaneam, eles devem ser mantidos em posio de servio a bhakti, caso contrrio, nossa bhakti ser encoberta. Podemos fazer isso ocupando nosso conhecimento e atividade a servio de Ka. Por exemplo, podemos ir ao mercado e trazer frutas e vegetais de boa qualidade para servir s deidades8. Elas aceitaro as oferendas e daro prasda para todos. se agirmos desta maneira, nossa bhakti aumentar em vez de ser encoberta. Por outro lado, se agirmos para o nosso desfrute, tudo ser estragado, mesmo que ofereamos os resultados de nossas atividades a Ka. Esta ao cobrir nossa bhakti, portanto temos que ser cuidadosos com isto. Por exemplo, se trouxermos ingredientes de primeira classe, tais como o melhor leite, ghee puro, coco e adicionarmos uma excelente prata em cima9, faremos um docemuitobom.Decertomodocorretopensar:Eufizisso. coletei os fundos necessrios, trouxe os ingredientes, oferecerei a Bhagavn eentodesfrutareidodoce.Entretanto,istonoaDeidadeumaformatangvelfeitadepedra,metal,madeiraetc.daSuprema PersonalidadedeDeus,SuaPotnciapersonificadaoudevotopuro.ADeidadeaceita e adorada como no sendo diferente da personalidade da qual ela se manifesta. 9 Nandia,algunstiposdedocessocobertoscomfinasfolhascomestveisdeprata.8

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complemente correto isto no deve ser oferecido somente aps ser preparado, pelo contrrio, deve-se oferecer tudo a Bhagavn desde o comeo. suas aes devem ser feitas como um sacrifcio a Bhagavn.(Bhagavad-gt 3.9) Estaainstruodogt: o que quer que voc coma, se preparar um alimento, se executar um sacrifcio, se cuidar de um jardim tudodeveseroferecidoDeidade.(Bhagavad-gt 9.27) Em geral, as pessoas mais espiritualizadas deste mundo estofazendoisto.Porm,r Caitanya Mahprabhu e os grandes instrutores de sua linha ensinaram: no faa as coisas desta forma!Cuidado!Vocpodecairnumacilada!Oumelhor,devemos nosoferecerDeidadedizendo:EupertenoaVoc.Ento,o que quer que comamos ou faamos ser automaticamente para Bhagavn. ouvir e cantar sobre Ka, lembrar-se dele, servir Seusps,ador-Lo,orarparaEle,tornar-seSeuservo,tornar-se seu querido amigo e render-se totalmente a Ele estes so os nove processos de bhakti. A execuo destes nove tipos de bhakti constituioconhecimentomaiselevado.(rmad-Bhgavatam 7.5.23,24) contudo, se os resultados destes nove processos forem oferecidos a Bhagavn somente aps terem sido executados, isto ser meramente servio devocional misto. As pessoas deste mundo geralmente no sabem disto. Elas pensam que as atividades devem ser executadas e que somente os seus resultados devem ser oferecidos a Bhagavn, porm,osdevotospuroscompreendemqueistoumerro.Aqueles que seguem o caminho da atividade oferecem seus resultados, mas os devotos puros primeiramente se oferecem a Bhagavn. como um garotinho comendo sentado no colo de seu pai. O garoto pe alimento em sua boca e na do pai tambm, masopainoseofendeeatficacontenteporqu?Ogaroto depende totalmente dele mesmo que ele o puna, o garoto nunca

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oabandonar.Devotosmuitoavanadostambmtmumrelacionamento ntimo e informal como esse com Bhagavn, mas, para desenvolver tal relacionamento, devemos primeiramente oferecer tudo ao nosso guru, pois em nossa condio atual ele deve ser visto como Bhagavn. Quando desenvolvermos um relacionamento direto com Bhagavn, no necessitaremos mais fazer oferecimentos formais. As gops estoseenfeitandoecomendo,pormelasno fazem nenhuma oferenda formal ou adorao cerimoniosa a Ka. Elas usam belos enfeites quando se vestem, decoram-se ecolocamornamentos,masparaquemtudoisso?Qualquer coisaqueelasfaamsomenteparaoprazerdeKa. Assim que elas conseguem algo, automaticamente vai para Ka. devemos seguir o exemplo delas e fazer tudo exclusivamente para o prazer de Ka. difcil alcanar tal bhakti. ns precisamosteracumuladoalgummritoemnossasvidasanteriores e se, pela misericrdia de Bhagavn e dos vaiavas, formos favorecidos com a companhia de vaiavas puros neste nascimento, ento a bhakti pura vir.

Este pontobemilustradopelahistriadeBilvamagala hkura. Emboraeletivessealgummritodesuasvidasanteriores,algunsdesejosespecficosdedesfruteaindapermaneciamem seu corao. Ele tinha como companheira a prostituta Cintmai eumanoitesubmeteu-seatodotipodedificuldadeseperigospara visit-la.Usouumcadverqueflutuavaparaatravessarorioem direo ao palcio dela e uma serpente para subir em sua janela. neste meio tempo, ela tinha se tornado exclusivamente devotada a Ka e portanto rejeitou Bilvamagala, repreendendo-o, aps o que ele tornou-se um renunciado.

a hIstrIa de BilvamaGala hkura

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Ento, movido por um grande desejo de encontrar Ka, ele abandonou sua casa e seguiu em direo a vndvana. Alguns dias depois, quando passava por um poo, uma mocinha lhe ofereceu um pouco de gua para beber. naquele momento, ele se esqueceu de beber a gua e comeou a contemplar a moa.Entoaseguiuatsuacasaeoesposodelaveioataporta, pensando:Quemestagrandealmaqueveioatminhacasa? Bilvamagalaperguntou:Quemestamoa? O brhmaa respondeu:Elaminhaesposa. Bilvamagala disse: chame-a, quero falar-lhe um p ouco. O brhmaa chamou-a e, quando ela veio, Bilvamagala pediu-lhe:Porfavor,d-meseusdoisgramposdecabelo. o brhmaa eaesposapensaram:Eleummendicante viajante,talvezqueiraremoverumespinhooufarpadoseup.E entregaram-lhe os grampos. Bilvamagala tinha um espinho que desejavaremover,pormeleestavaemseucoraoenopodia alcan-lo. Portanto, pegou os grampos e furou ambos os olhos. Existe um ditado em hindi que significa: Sem bambu, no haver flauta. Estes olhos podem ser o principal motivo do nosso apego a este mundo, porque a forma da mulher atrai o homem e a forma do homem atrai a mulher ambas as formas so a personificao de my(iluso material). Portanto, o rmad-Bhgavatam e outras escrituras nos avisam para ter muito cuidado com isso. cego, Bilvamagala continuou seu caminho ele estava no humor de profunda separao de Ka e todos os seus sentidos estavam agora centrados em Bhagavn. Ele encontrou muitos obstculos, tais como areia movedia e correnteza, mas estava determinado e meditava profundamente em Ka conforme seguia em direo a vndvana.

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Certodia,umgarotinhoveioateleedisse-lhecomuma doce voz: Bb,aondevocestindo? Bilvamagala ficou contente e respondeu: Meu filho, estou indo para vndvana.Evoc,aondevai? Eutambmvouparavndvana,Euvivol. Em vndvana? Ento venha comigo, segure na minha bengala. Elesseguiramjuntos,andarameandaramatquechegaram em vndvana. o que aconteceu no caminho? dentro de seu corao, Bilvamagala experimentou tantas realizaes sobre Kaqueeramexatamentecomonctar.Naverdade,foioprprio Ka que veio lev-lo a vndvana. Ka cuida pessoalmente de seus devotos. A seguinte histria ilustra como Ka realmente cuida daqueles que se tornaram seus devotos. Havia um brhmaa devoto de Ka, que tinha lido muitas escrituras e muitos comentrios do gt e do Bhgavatam. Ele no tinha emprego, todos os dias costumava mendigar durante uma hora no comeo da tarde, quando a maioria das pessoas estavam almoando. sua esposa costumava preparar qualquer coisa que ele conseguia e o casal sobrevivia somente daquilo. o resto do tempo, ele dedicava ao estudo das escrituras e a ouvir e cantar os santos nomes, as glrias e passatempos de Ka. O brhmaa e sua esposa estavam muito contentes juntos, vivendo com o que Bhagavn lhes dava. Eles no tinham nenhum desejo material, s liam o gt e meditavam nos tpicos espirituais. Enquanto lia o gt diariamente, ele costumava ter muitas realizaes espirituais e as escrevia para que pudessem ser publicadas, pois assim as pessoas comuns as entenderiam. Era desta forma que ele se ocupava em bhajan.

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Um dia, ele leu um verso do Bhagavad-gt (9.22)10 e comeou a analis-lo como se segue: os devotos situam-se muito prximos a Ka quando suas mentes esto plenamente auto-controladas, quando meditam exclusivamente em Ka e o adoram de todas as maneiras (especialmente por ouvir e cantar seus nomes, glrias, qualidades e passatempos) para a felicidade de Ka, e no para a prpria felicidade. Mesmo que uma pessoa de m conduta se ocupe neste tipo exclusivo de bhajan, Ka a aceitar. caso este sentimento exclusivo no exista, Ka nunca Serevelar. Este verso est relacionado prtica do servio devocional (sdhana), e no ao estgio de perfeio. Ka protegeemantm aqueles que tomaram abrigo exclusivamente nele. Este brhmaa era, por natureza, muito humilde e rendido, bons sentimentos surgiam em seu corao conforme estudava este verso. Ento, ele chegou ltima linha, a qual diz: yoga-kema vahmy aham:quandoMeusdevotosassimseocuparemem adorao (bhajan), Eu suprirei todas as suas necessidades, tais comoalimentosegua.Atmendigareiepessoalmentelevareio resultado (vahmy)aeles. o brhmaa parou de ler e pensou: como pode isto estar certo?AgoratenhomaisdesetentaanoseatomomentoBhagavn nunca cuidou diretamente de ns desta maneira. Temos nos ocupado em bhajan exclusivo, mesmo assim hoje no tem um nico rato em nossa casa. Por qu? Porque no h alimentos nesta casa, nem sequer para a refeio de hoje! no temos nem um pote de barro para coletar gua da chuva. s comemos o que consigo quando saio para esmolar. ser que Bhagavn no v10

ananys cintayanto m/ ye jan paryupsate te nitybhiyuktn/ yogakema vahmy aham

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isto?Elenoaalmaquetestemunhatudo?Certamentenoest cuidandodagentecomoafirmanesteverso.Talvezseprecisarmos dealgo,Elepossainspiraralgumparavirnosajudar,masnunca trouxeopesosobreSuacabea.Eunopossoaceitaristo,no possvel que Ka tenha falado este verso. Alguma outra pessoa devet-locolocadoa.Pensandodestamaneira,eleriscouesta linha com uma caneta vermelha. naquele dia, ele teve que rasgar um pedao de tecido de sua esposa para cobrir-se quando saiu para mendigar. Assim que saiu, pensou: Ka ir carregar aquilo de que precisamos com Seuprpriocorpo?TalvezElepossainspirarumreioualgum ricoanosajudar,porm,iroPrabhuoniscienteetodo-poderoso carregar alguma coisa sobre sua prpria cabea? Eu acho que no. Eu ouvi que Ele transformou o pobre Brhmaa Sudm emumrei,masElenocarregoufisicamentenenhumpesopara eleeununcaouviisto. Tirouissodamenteesaiuparamendigar,porm,nofoi bem sucedido. Perambulou daqui para ali, porm, l pelas trs horas ainda no tinha coletado nada. Um homem disse para ele: Bb, desculpe, mas nossa casa est impura, um dos nossos membros familiares acaba de morrer, portanto, no podemos dar nadapelosprximostrsdias.Aconteciaomesmoaondequerque ele fosse e ento comeou a voltar para casa de mos vazias. neste meio tempo, o que acontecia em sua casa? Um belo rapaz chegava ao porto. Ele tinha a tez escura e usava uma roupa amarelo brilhante e nos seus ombros carregava um longo basto com sacos de mantimentos nas extremidades. o saco em uma das pontas continha arroz, dahl, ghee e condimentos e o saco da outra ponta continha acar, vegetais e diferentes mercadorias. o rapaz no parecia forte osuficienteparacarregartantopeso.Eleeramuitojovemtalvez quatorze anos e seus membros eram bem delicados, e transpirava

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muito.Quandoorapazchegouaoporto,gritou:me!esposa do meu guru!Porfavor,abraaporta! A esposa do brmaa respondeu: o que est dizendo? Meumaridonotemdiscpulos. Orapazcontestou:MasEusoudiscpulodoseumarido. Elapensou:QuemEle?DeondeEleveio? Elanopodiaabriraportapoissequertinharoupasuficiente paracobrir-seadequadamente,porm,Ka compreendeu tudo e passou-lhe seu manto pela porta para ela poder se vestir. Ele disse: Me, guruj me mandou aqui. ns coletamos todas essas coisas hoje. Ele me mandou aqui, dizendo que logo viria. Eu pedi por favor para que ele esperasse um pouco de forma a que Eu pudesse beber gua, mas ele disse: no, Voc pode beber gua depois. V para minha casa imediatamente. Ele pde ver que Eu sou s um rapazinho mas mesmo assim colocou todo este peso sobre Mim emandou-Meaqui. Quando a esposa do brmaa ouviu isto, comeou a chorar pensando:Esterapazinhotodelicadoeesttranspirandotanto. ser que este brhmaa no tem misericrdia? Ele mesmo vem de mos vazias aps entregar tudo a este pobre menino! Ele no temmisericrdia. Ento o rapaz mostrou suas costas e disse: Me, ele tambmMearranhoucomsuasunhas. Oh!Parecequevaisangrar,exclamouaesposadobrhmaaecolocou-Oemseucolo.Meufilho,quandoelechegar, eu lhe darei uma lio! Ele faz-se passar por grande devoto, autocontrolado,pormnopodesequermostrarmisericrdiaauma criana.Meuqueridofilho,porfavor,entre. Ela o levou para dentro e disse: sente-se aqui, eu prepararei algo para Voc comer, no v embora antes que eu Lhe d algumalimento.

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Ela foi para a cozinha e comeou a preparar arroz, dahl e os vegetais que Ele havia trazido. Enquanto estava assim ocupada, algumbateuporta;seumaridochegou. Abraaporta!disseele. A esposa do brhmaa foiataportamuitoiradaedisse: Voc veio de mos vazias, sem carregar nada? Voc deixou todo o peso para aquele pobre garoto e ainda arranhou-o com suas unhas?Vocnotemnemumpoucodemisericrdia. Oqu?Doquevocestfalando?perguntouobrhmaa. Voc sabe muito bem. Estou falando sobre o garoto que vocmandouaquicarregandooquevoccoletou. Quem?Noseinadasobreisso! Voc ps a pobre criana para carregar tudo e voc mesmo notrouxenada. OndeestEleento? Entreevejavocmesmo. Elesentraramemcasa,pormorapaznofoiencontradoem nenhum lugar. Eles procuraram na casa toda e tudo que encontraramfoiumfiodelinhadotecidoamareloondeEleestavasentado. Aps terem procurado pelo rapaz, sem encontr-Lo , o brhmaa pegou o gt em suas mos e o abriu. Para sua surpresa, descobriu que os rabiscos vermelhos que ele tinha feito no verso no estavam mais l. Ele comeou a chorar amargamente e disse: Veja s como Bhagavn carregou nosso peso hoje! evidente.Minhadvidafoidissipada.Istobhaktieesteum exemplo de como a prtica (sdhana) produz bhakti. Arjuna disse: Prabhu, ser muito difcil fazer isso aqui neste campo de batalha. no poderei executar man-man bhava, absorver a mente em pensar s em Voc, nem poderei fazer madbhakta, tornar-me seu devoto. Prabhu, por favor, ensine-me um mtodoquesejasimples,diretoefcil. Em seguida Ka explicar mad-yj:Adore-Me.

cAPTULo TRs

Adore-Me e oferea reverncias a MimPorquevoctoqueridoparaMim,Eulhecontareiagora averdademaissecretaeconfidencial.Oua-Me,paraoseubenefcio. sempre pense em Mim, torne-se Meu devoto, adore-Me, oferea todos os seus pramas a Mim e ento certamente voc viraMim.Eulheprometoissoporquevocmuitoqueridopara Mim.(Bhagavad-gt 18.64,65) Aqui a palavra parama significa a suprema essncia detodasasescrituras.Sealgumnoentregousuamente,corpo epalavrasaospsdeltusdoguru e Bhagavn, Ka no lhe revelar estas verdades. como devemos nos render ao guru? O gt nos instrui deste modo: Voc alcanar este conhecimento satisfazendo seu guru com submisso, perguntas relevantes eservio.Elepodelheensinaristoporqueeleviuaverdade. (Bhagavad-gt 4.34) Umapessoasequalificaparacompreenderesteconhecimento aproximando-se do guru com os seguintes trs modos de comportamento: praiptena - submisso, paripranena - perguntas relevantes e sevay - servio sincero. Por outro lado, o guru dar apenasinstruessuperficiaisquelequeexigerespostasparasuas perguntas, ou quele que no escuta atentamente as respostas e tem que fazer as mesmas perguntas repetidamente. o guru no dar sarva-guhyatam, o conhecimento mais secreto, para tal pessoa. Ka fez o voto de que o conhecimento essencial do gt no serdadoquelescujoscoraesnotenhamsidopurificadospelas

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austeridades, que no sejam rendidos e que no tenham servido o guru e os vaiavas . no incio Ka s disse para Arjuna executar sacrifcio: Execute seu trabalho como um sacrifcio para Bhagavn, caso contrrio, ele ser a causa do cativeiro material. (Bhagavad-gt 3.9) depois Ele deu o conhecimento do Brahman1 e ento o conhecimento da superalma2 : Tente meditar na forma de viu, a qualdotamanhodeumpolegardentrodeseucorao.Yoga melhor que trabalho fruitivo,3 conhecimento emprico4 ou austeridade5 . E, entre todos os yogs, aquele que se rendeu superalma, que est totalmente unido a Ele em yoga e o adora exclusivamente comf,omelhor.(Bhagavad-gt 6.47) Atesteponto,Ka ainda no revelou sua forma ntima. Ele s recomendou que devemos nos inclinar para a superalma dentrodocorao.Ento,nofinaldogt, Ele fala o verso que estamos discutindo, man-man bhava (18.65). Quando Ele diz que devemos sempre pensar nele, a quem Ele est se referindo? A ymasundara,cujocorpotranscendentaldacorescuracomo uma bela nuvem de chuva, o qual tem um cabelo muito belo e usa sempre uma pena de pavo em sua cabea. Ele tem uma postura curvada em trs partes e est sob uma rvore kadamba em um bosque agradvel de vndvana, derramando o nctar de Seu coraopelosfurosdeSuaflauta,quesegurajuntoaSeusbelos lbios. devemos sempre pensar neste Ka. Ka ainda no tinha revelado esta forma no gt atesteverso.

1 2 3 4 5 6

brahma-jna paramtm-jna karma jna tapasy man-man bhava

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J demos o exemplo das gops para explicar o que significateramenteabsortaemKa6 . Em relao a tornar-se um devoto de Ka7, explicamos sobre ouvir, cantar, lembrar etc. e ainda vimos como alguns grandes devotos executaram servio devocional regulado. Pode ser possvel de alguma maneira absorver a mente em Ka na etapa do xtase devocional8,porm,somentenaetapa do amor transcendental totalmente desenvolvido9quepodemos realmente pensar sempre em Ka.muitoraroalgumalcanar o estgio de amor exttico (o que dizer de prema) no processo da prtica. no processo de tornar-se devoto (mad-bhakto), primeiro existeaf10,entoaprticafirmementeestabelecida11, o gosto12, o apego transcendental13efinalmenteoamorexttico14. A partir deste ponto, pode-se dizer que ele realmente tornou-se um devoto e pode realmente comear a pensar em Ka. depois Ka diz: mad-yj. Yj significa yaja, sacrifcio. Se algum ainda no desenvolveu nenhum amor verdadeiro por Bhagavn,pormj temumpoucodef,entopodeexecutaryaja. Este sacrifcio umtratamentoparaoenredamentomaterial.Umversoaeste respeitoencontradonaconversaentrer Caitanya Mahprabhu e Rya Rmnanda. A deidade pode ser adorada com dezesseis tipos de parafernlia, ou com doze, ou com cinco, mas se no houver prema(amor) no pj(adorao), Bhagavn nunca ficarsatisfeito15.7 8 9 10 11 12 13 14 15

mad-bhakta bhva prema srddh nith ruci sakti bhava r Caitanya Caritmta, Madhya-ll 8.69

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comida e gua s sero atraentes quando estamos com fome esede.Sealgumnosservirvegetaisbempreparadosquandono estamos com fome, diremos indiferentemente: oh! o que voc fez?Entoprovaremosediremos:Notemsalsuficienteou Temmuitosal.Pensaremosqueoarrozdoceestmuitofino, o chapti16 est deformado e a rasagull17 est achatada e no redonda como deve ser. Mas se estivermos com fome, podemos pegar um chapti velho e adicionar um pouco de gua e talvez espremer um limo e pensar que est uma delcia se tivermos fome qualquer comida ser saborosa. da mesma maneira, se o devoto no tiver prema, Bhagavn no ter fome da sua oferendaenoficarsatisfeitocomaadoraodestedevoto.Poroutro lado, se o prema do devoto fizer Bhagavn sentir fome, Ele aceitar a oferenda, seja ela feita com dezesseis ou com um s tipo de parafernlia. no Bhagavad-gt (9.26), Ka diz que, se algumsimplesmenteLheoferecerumafolha,flor,algumafruta ou gua com amor, Ele aceitar. Ele aceitar qualquer coisa que seja oferecida com amor. o devoto deve sempre ter este amor que faz com que Ka sinta fome. Aqui h um ponto que precisamos entender. Nsnodevemospensar:Porqueestaoferendaparaoprazer de Bhagavn?Emltimaanaliseelaparaanossafelicidade. o rmad-Bhgavatam afirma:Odharma (ocupao) supremo paraasociedadehumanaadevoopuraaadhokaja, a Pessoa Transcendental. Esta devoo tem de ser livre de motivos ocultos e praticadaconstantementeparaaplenasatisfaodoeu.(rmadBhagavatam 1.2.6) neste verso, Bhagavn r Ka Aquelequedeveser agradado e, se Ele for satisfeito, nossa adorao18 ser bem su-

16 17 18

po fino arredondado sem fermento doce redondo e suculento pj

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cedida.Sefizermosaatividadeparaonossoprazer,poderemos compreender que isso foi feito somente por luxria. Existe um ponto a ser considerado aqui. se Bhagavn estiver satisfeito, ento o devoto automtica e individualmente alcanar sua prpria satisfao. Entretanto, adorao oferecida porinteressesprpriosnobhakti pura, mas sim devoo com motivos egostas19 . Temos de entender bem este ponto. no deve permanecer nenhum desejo para o nosso prprio prazer, caso contrrio, a adorao tornar-se- impura. A maioria dos chefes de famlia oram enquanto adoram a deidade: Prabhu, eu ofereo o frutodetodasasminhasatividadesaosSeusps.Masissorealmenteoque?Eusimplesmentedesejofelicidadeepazpara mimeminhafamlianodevemosofereceradoraoDeidade com tais desejos. Agora vamos contar uma histria de nossa experincia, a qual mostra como devemos ter amor e apego por nossa adorao deidade20. Havia um devoto aqui em Mathur que adorava uma lagrma-il21 . Ele no conhecia todos os refinados detalhes de mantras e do pj, mas continuava a sua adorao de modo costumeiro. Havia feito um voto de banhar-se no rio Yamun l pelas quatro da manh e voltava para casa com um pouco de gua do rio para usar no seu pj e para aplicar sua tilaka 22 ; ele no usava nenhuma gua exceto a do Yamun. Por cerca de dez ou quinze anos, este devoto seguiu seu voto sem desvio e executou seu pj com grande f.Ento,emumanoitedeluanovadomsmgha23 estava19 20 21

ka protege o voto de seu devoto

22 23

sakma-bhakti pj uma pedra negra, lisa, no diferente de Bhagavn, a qual manifesta-se no sagrado rio Gandaki na india marcas auspiciosas feitas em doze partes do corpo com gua e argila sagrada meio de fevereiro

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extremamente escuro, um vento muito forte soprava e tinha chovido muito durante toda a noite. A gua do rio Yamun tinha subido e estava fluindo com muita violncia prximo ao virama gha - um balnerio em Mathur onde ele costumava banhar-se e coletar a sua gua estava tremendo defrio.Eramcercadetrsdamanh,porm,elenoestava certodequehoraseram.Naquelapocaaspessoasnotinham relgio de pulso, estimavam a hora olhando para a posio de estrelas como dhruva e ukra. Mas naquela noite as estrelas estavam escondidas por densas nuvens. Quando foi banhar-se no Yamun, estava to escuro e chovia to forte que no pde ver o caminho e se perdeu. com grande ansiedade, ele pensou: como voltarei para casa a tempo de cumprirmeuvoto?Oquedevofazer?Entoviuumgarotinhode Mathur vindo. Tinha uma grande sacola dobrada ao meio sobre sua cabea para proteg-Lo da chuva e carregava uma lanterna em sua mo. o garoto perguntou com uma voz doce: Bb, para ondevocvai? o homem lhe disse o nome de sua rua e o nmero de sua casa,eogarotorespondeu:Sim,Euseiondefica,estouindopara lperto.Venha,Eulhemostrareiocaminho. Ohomemconfiounogarotoeelesforamjuntos.Nocaminho o garoto no disse uma palavra e o homem pensou consigo mesmo: Porqueestegarotinhoapareceunumanoitecomoesta? Tremendo, ele continuou seguindo o garoto at que este virou-se e disse: Bb,estaarua,suacasalogoali.Euvou maisadiante. o homem seguiu para sua casa, mas ento uma dvida surgiu em sua mente. Ele se virou e olhou na direo do garoto, porm,noviunemogarotonemsualuz.Colocandoasmosna cabea,comeouaafligir-seprofundamente:Paraprotegermeu voto, Bhagavn veio com este disfarce, segurando uma lanterna paramemostrarocaminho.

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Isto adorao. Devemos ter este tipo de determinao firmesemconsiderarnossaprpriafelicidadeouinfelicidade.Isto fomedeverdadee,seexecutarmosumpj com este apetite e este prema, Bhagavn no o aceitar? Ele aceitar. Portanto, no Bhagavad-gt (9.26), Ka diz: prayattmana:sealgum simplesmenteofereceraElealgocomfeamor,Eleaceitar. s vezes, nosso Gurudeva nos repreende quando o estamos servindo e fazemos uma tempestade em um copo de gua, pensando: guruj costuma ser to carinhoso comigo, mas agora ele estmetratandoassimeuvouabandon-lo.Istoerrado,no devemos pensar desta maneira. Muitas dificuldades viro para testar o nosso servio a Gurudeva, mas nossa resoluo deve ser: nascimento aps nascimento, eu nunca abandonarei meu GurudevaoumeuSenhor. Arjunadisse:Prabhu,nomepossvelexecutarestetipo de adorao formal aqui no campo de batalha. Por favor, fale-me deumcaminhoaindamaisfcil. Ka respondeu: Voc precisa de algo mais fcil? Ento, m namaskuru: simplesmente oferea reverncias a Mim (prama).Istonosignificafazerogestodeoferecerrevernciasdeuma formamuicasual,massignificaoferecerrevernciassemnenhum falso ego. Abandone todos os tipos de religio e simplesmente renda-seexclusivamenteaMim.(Bhagavad-gt 18.66) devemos manter esta instruo no corao e oferecer reverncias a Ka comesteesprito.Quandoalgumoferece reverncias a Ka destamaneira,somenteumavez,comose ele tivesse pulado uma grande extenso de gua o oceano da existncia material. Ento olha para trs e v que j o atravessou. Mesmo aquele que j executou dez mil sacrifcios de cavalo nasce de novo, mas aquele que uma nica vez ofereceu simplesmente reverncias a Ka nuncanascenovamente.

oferea reverncIas a mIm

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Aquele que ofereceu reverncias a Ka s uma vez com rendio exclusiva no entrar novamente no ciclo de nascimentos e mortes. no ser forado a entrar no ventre de uma me novamente. Esteosignificadodem-namaskuru: oferea reverncias a Mim. Desta maneira,Arjuna disse: Prabhu, eu ofereo minhas revernciasaVocnosomenteuma,mascentenasdevezes! neste verso, Ka responde: Mad-bhakta-torne-se Meu devoto; man-man bhava - ocupe-se em Meu bhajana, absorva sua mente e corao em Mim; ao final deste bhajana, mad-yj-adore-Mee,apsexecutarpj, m-namaskuru - oferea suas completas reverncias a Mim. Agora todas as quatro atividades descritas neste verso tornam-se uma s. oferea suas reverncias a Bhagavn r Ka comgrandef,sentimentoeamor,seguindosinceramente todos os ramos de bhakti.Istosarva-guhyatam, o tesouro mais secreto e parama vaca, a instruo suprema do Bhagavad-gt. Sealgumseguirestenicoversocomsinceridade,certamente atravessar o oceano da existncia material e alcanar prema exclusivopelospsder Ka. Este verso do gt explica de uma forma muito resumida osignificadodesealcanarabhakti de Vraja enquanto o conhecimento de que KaDeusestocultonadouradastrocas amorosas ntimas. A bhaktideVrajanica,poissemVraja que Ka concorda em ser amarrado pelo amor de seu devoto. EstaconcepoexplicadadeumaformaexpansivanormadBhgavatam. o Bhagavad-gt olivroinicialenodevemosnuncaede forma alguma desrespeit-lo. As instrues dele devem nos servir como a fundao na qual construiremos o palcio de bhakti, onde executaremos pj para r Rdh e Ka com grande amor. EstaaessnciadoBhagavad-gt.