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A ESTIMATIVA DO FLUXO DE CAIXA DAS OPERACÕES REPRESENTA O REAL FLUXO DE CAIXA DAS OPERAÇÕES?7

Revista Contabilidade & Finanças - USP, São Paulo, n. 35, p. 7 - 21, maio/agosto 2004

RESUMO

A Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) éuma valiosa ferramenta para analisar os efeitos dasatividades operacionais, de investimento e de fi-nanciamento no fluxo de caixa de um determinadoperíodo. A divulgação dessa demonstração contábilnão é obrigatória no Brasil. Portanto, quando a in-formação relacionada ao Fluxo de CaixaOperacional (FCO) é requerida, mas não está dis-ponível, ela é estimada.

Este estudo avalia a adequação de uma técnicaexistente para estimar o FCO, baseada em ajustesprovenientes das outras demonstrações contábeis(Balanço Patrimonial, Demonstração do Resultadodo Exercício e Demonstração das Origens e Aplica-ções de Recursos).

Inicialmente, este estudo relaciona o FCO esti-mado a argumentos lógicos para avaliarconceitualmente se tal medida pode ser uma aproxi-mação razoável do FCO extraído da DFC. Posterior-mente, da base de dados da Revista “Melhores eMaiores”, são verificadas as empresas do mercadobrasileiro que espontaneamente publicaram a DFCem 2000 e 2001. O FCO estimado é calculado e,então, comparado com o FCO divulgado para vali-dar, empiricamente, a técnica de estimação mencio-nada acima, demonstrando a sua real eficiência, prin-cipalmente por meio do teste de Wilcoxon.

Palavras-chave: Balanço Contábil, Fluxo de Cai-xa, Contabilidade.

ABSTRACT

The Cash Flow Statement (CFS) is a valuabletool to analyze the ef fects of operat ional ,investment and financing activities on the cashflow in a certain period of time. The disclosure ofthis Financial Statement is not mandatory in Brazil.Thus, when information related to the OperatingCash Flow (OCF) is needed but not available, it isestimated.

This study evaluates the adequacy of a specificOCF estimation technique, based on adjustmentsfrom the other financial statements (BalanceSheet, Profit and Loss Statement and the FundsStatement).

First, this study relates the estimated OCF tological arguments and numerical simulations inorder to conceptually evaluate whether thismeasure would be a reasonable approximation ofthe OCF that is taken from the CFS. Next, a set ofcompanies in Brazil is evaluated, which wereincluded in the “Exame – Melhores e Maiores”magazine data base and spontaneously publishedthe CFS in 2000 and 2001. The estimated OCF iscalculated and, then, compared with the disclosedOCF to empir ical ly val idate the est imationtechnique quoted above, pointing out its actualefficiency, mainly based on the Wilcoxon test.

Keywords: Balance Sheet, Cash Flow,Accounting.

Bruno Meirelles SalottiDoutorando em Controladoria e Contabilidade pela FEA-USPE-mail: [email protected]

Marina Mitiyo YamamotoProfessora Doutora do Depto. de Contabilidade e Atuária da FEA-USP – Campus CapitalE-mail: [email protected]

A ESTIMATIVA DO FLUXO DE CAIXA DAS OPERACÕESREPRESENTA O REAL FLUXO DE CAIXA DAS OPERAÇÕES?

Recebido em 07.04.04 • Aceito em 05.07.04 • 2ª Versão aceita em 19.07.04

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Bruno Meirelles Salotti • Marina Mitiyo Yamamoto8

Revista Contabilidade & Finanças - USP, São Paulo, n. 35, p. 7 - 21, maio/agosto 2004

1. INTRODUÇÃO

Este estudo trata da discussão e avaliação doFluxo de Caixa das Atividades Operacionais (FCO),utilizado para uma série de propósitos, como toma-das de decisões gerenciais, avaliação de empresase análises de desempenho.

Uma das maneiras de obter o FCO é por meio daverificação da Demonstração dos Fluxos de Caixa(DFC), dividida em três grandes grupos: fluxos dasatividades operacionais, de investimento e de finan-ciamento. Além da informação desejada ser, clara-mente, evidenciada em tal demonstração, o usuáriopossui maior probabilidade de que a medida estejacorreta, pois, entre outros motivos, é preparada pelaprópria empresa.

A divulgação da DFC já é obrigatória em diversospaíses desde a década de 1980. Por exemplo, oCanadá a tornou obrigatória em 1985. Os EstadosUnidos, em 1987. A norma internacional do IASB(International Accounting Standards Board) relacio-nada à DFC foi aprovada em 1992. No Brasil, a di-vulgação da DFC não é exigida das empresas quepublicam as suas demonstrações contábeis. Entre-tanto, algumas empresas do mercado brasileiro di-vulgam os Fluxos de Caixa de maneira voluntária.

Os profissionais do mercado conhecem técni-cas para estimar o FCO e as utilizam, por vezesde modo indiscriminado, para o atendimento deseus propósitos. Neste trabalho, é abordada ape-nas uma dessas técnicas: o cálculo do FCO deri-vado de ajustes contábeis. Este é obtido por meioda utilização das outras demonstrações contábeis- Balanço Patrimonial, Demonstração dos Resul-tados do Exercício, Demonstração das Mutaçõesdo Patrimônio Líquido e Demonstração das Origense Aplicações de Recursos - e se aproxima do mé-todo indireto de cálculo do FCO. Apesar da nomen-clatura “ajuste contábil” ser utilizada, as referidasdemonstrações contábeis não são ajustadas oualteradas para que o FCO possa ser calculado. Taisdemonstrações servem apenas como base infor-mativa para o cálculo do FCO.

O estudo se divide em duas partes. Na primeira,são apresentadas discussões conceituais a respeitodo cálculo do FCO. Na segunda parte, é descrita apesquisa empírica realizada com empresas que atu-am no mercado brasileiro, proposta a identificar o

FCO de companhias que publicaram a DFC nos exer-cícios findos em 31 de dezembro de 2000 e 31 dedezembro de 2001 e utilizar a análise de histogramase o teste de Wilcoxon para comparar o FCO publica-do com o estimado.

Ao final do trabalho, são apresentadas as conclu-sões obtidas com a comparação entre os resultadosdas duas etapas descritas acima.

2. SITUAÇÃO-PROBLEMA

O fato de a divulgação da DFC não ser obrigató-ria no Brasil estimula a utilização de meios alternati-vos para a obtenção do FCO, por exemplo. Com isso,medidas como o FCO derivado de ajustes contábeissão utilizadas pelo mercado como substitutas do FCOpublicado, sem que sejam avaliadas adequadamen-te por essa capacidade.

Assim, este estudo busca a resposta de tal ava-liação, a fim de que o usuário da contabilidade pos-sa se valer de informações que refletem a realida-de da empresa. Para a busca dessa resposta, osistema de hipóteses a ser considerado é caracte-rizado dessa maneira:

H0: FCO publicado = FCO alternativoH

1: FCO publicado ≠ FCO alternativo

A relação entre as medidas estudadas é avaliadatanto conceitualmente, por meio da apresentação ediscussão de conceitos e pesquisas existentes so-bre o tema, como de modo empírico, por meio deuma pesquisa, descrita na seção anterior.

3. OBJETIVOS E JUSTIFICATIVAS

Este trabalho avalia se existe ou não diferençasignificativa entre o FCO divulgado pela empresa eo FCO calculado a partir de ajustes contábeis.

O presente trabalho justifica-se em virtude daampla utilização das medidas alternativas do FCO,tornando-se necessária a sua respectiva validaçãoteórica e empírica.

4. DELIMITAÇÃO

Este trabalho delimita-se ao estudo teórico eempírico da DFC, especialmente da medida FCO.Apesar dessa demonstração ser a possível substitu-ta da DOAR, ela é comentada apenas nos aspectos

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essenciais, não sendo escopo do trabalho a discus-são de tal substituição.

A norma do IBRACON sobre a elaboração e di-vulgação da DFC surge em abril de 19991. Se a pes-quisa abrangesse balanços anteriores a esta data, orisco de obtenção de demonstrações contábeis comdiferentes padrões seria maior2. Considerando que,quando do encerramento do exercício findo em 31de dezembro de 1999, a norma era recente, foramadotados apenas os períodos de 2000 e 2001.

Tais demonstrações não estão corrigidas pelosefeitos da inflação. Esse procedimento não vemsendo realizado desde as publicações do períodode 1996 em virtude da publicação da lei 9.249/95,que extinguiu a correção monetária nas demons-trações contábeis brasileiras. Posteriormente, al-gumas empresas vêm publicando, espontanea-mente, as suas demonstrações corrigidas, porémem quantidade insignificante3.

5. METODOLOGIA

Quanto aos objetivos, esta pesquisa é classifica-da como explicativa. Como conceitua Andrade (1999,p. 18), “esse é um tipo de pesquisa mais complexo,pois, além de registrar, analisar, classificar e interpre-tar os fenômenos estudados, procura identificar seusfatores determinantes.” Tal identificação é de funda-mental importância para os resultados deste estudo,pois se objetiva a explicação das semelhanças e di-ferenças existentes entre o FCO extraído da DFCpublicada e o FCO derivado de ajustes contábeis.

O método de abordagem mais apropriado para aconsecução dos objetivos é o hipotético-dedutivo.Isso se justifica, pois o estudo é composto da valida-ção tanto teórica quanto empírica, visto que, na pri-meira parte, buscam-se soluções teóricas para o pro-blema proposto e na segunda, testes de falseamen-to, obtidos por meio da observação empírica.

Quanto aos métodos de procedimento, esta pes-quisa está orientada pelo método comparativo e oestatístico, pois o primeiro serve para a comparaçãoentre a medida publicada e as alternativas. Já o se-gundo é útil para a validação estatística das hipóte-ses apresentadas. Dessa maneira, a pesquisaempírica é analisada de modo estatístico, por meioda execução de teste de hipóteses4.

Para a obtenção das demonstrações contábeisdos períodos findos em 31 de dezembro de 2000 e2001, foi utilizada a base de dados da Revista “Me-lhores e Maiores”5.

6. FLUXO DE CAIXA OPERACIONALDERIVADO DE AJUSTES CONTÁBEIS

6.1. Conceito

A tentativa de estimar o fluxo de caixa das opera-ções (calculando o FCO derivado de ajustescontábeis) vem sendo executada pelos usuários daContabilidade há algum tempo, já que a divulgaçãoda DFC (que apresenta explicitamente o FCO, elimi-nando a necessidade do processo de estimação des-se fluxo) foi adotada recentemente. Nos EstadosUnidos, antes da publicação do SFAS-95 (Statementof Financial Accounting Standards nº 95 – Statementof Cash Flows), os usuários da contabilidade já sevaliam de um cálculo feito a partir das demais de-monstrações contábeis que tentava aproximar-se deuma medida de fluxo de caixa operacional. De 1988em diante, porém, esse cálculo passou a ser, de cer-ta maneira, desnecessário, uma vez que a divulga-ção da DFC tornou-se obrigatória naquele país.

No Brasil, os usuários continuam a se utilizar des-sa metodologia de cálculo, já que a divulgação daDFC ainda não é obrigatória, apesar de algumasempresas a disponibilizarem nos seus relatórioscontábeis. Discutindo a questão da competência

1 Normas e Procedimentos Contábeis, número 20, pronunciamento emitido em abril de 1999 pelo IBRACON – Instituto dos Auditores Independentes do Brasil.

2 Entende-se que tal risco não foi totalmente eliminado já que a norma é relativamente recente, assim tanto auditores como contadores ainda podem estar em fase de

aprendizado.

3 Em um ambiente inflacionário, a falta de correção monetária pode afetar significativamente a qualidade informacional das demonstrações contábeis, mesmo que os níveis de

inflação sejam baixos. A esse respeito, vide Fipecafi (1994), Santos (1997), Martins, Santos e Gelbcke (2003), Iudícibus, Martins e Gelbcke (2003), e Salotti (2003).

4 Para mais detalhes sobre a pesquisa explicativa, vide Andrade (1999, p. 18), Castro (1978, p. 66) e Gil (1987, p. 47). A respeito do método de abordagem hipotético-

dedutivo, vide Andrade (1999, p. 24), Gil (1987, p. 28-31), Lakatos e Marconi (1985, p. 91-96;102) e Vergara (1998, p. 45). Sobre os métodos de procedimento, vide

Andrade (1999, p. 25/6), Gil (1987, p. 34-36) e Lakatos e Marconi (1985, p. 102-104).

5 A revista “Melhores e Maiores” (“Exame” – Editora Abril) publica anualmente um ranking elaborado pela FIPECAFI-FEA-USP, situada no Departamento de Contabilidade

e Atuária. A base de dados contém todos os detalhes sobre as demonstrações financeiras das empresas que atuam no mercado brasileiro.

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versus caixa, Iudícibus (1989, p. 2) observa que “oscontadores têm experiência em chegar ao fluxo decaixa a partir do regime de competência, mas não ocaminho inverso”.

Para um melhor entendimento desse cálculo, faz-senecessário retornar ao conceito do FCO indireto, poisesse utiliza uma série de elementos que estão disponí-veis no balanço, na demonstração de resultados e nademonstração de origens e aplicações de recursos.

O FCO indireto é determinado a partir do lucro lí-quido e a evidenciação de, basicamente, dois gruposde ajustes. O primeiro grupo é composto pelas despe-sas e receitas constantes do resultado do exercício,mas que não afetam o caixa do próprio exercício (como,por exemplo, a despesa de depreciação). Ora, essasdespesas e receitas guardam uma profunda semelhan-ça com as despesas e receitas que são ajustadas naDOAR, uma vez que nessa demonstração os ajustesao lucro líquido representam as despesas e receitasque não afetam o capital circulante líquido e, por con-seqüência natural, obviamente também não afetam ocaixa. Portanto, ao calcular o primeiro grupo de ajus-tes do cálculo do FCO indireto, o usuário utiliza as in-formações extraídas da DRE e também da DOAR.

O segundo grupo de ajustes do FCO indireto re-laciona-se às variações dos ativos e passivosoperacionais. Uma redução na conta de clientesimpacta positivamente no caixa, uma redução nosaldo de fornecedores gera um ajuste negativo aolucro para que esse represente, adequadamente, asvariações do caixa. Para que o usuário possa obterde maneira correta tais variações, basta verificar comcuidado o balanço patrimonial e identificar quais ascontas dessa demonstração são referentes às ope-rações da sociedade. Dessa maneira, de acordo coma lógica utilizada para o cálculo, basta computar taisvariações e o resultado pode ser uma medida bas-tante aproximada do FCO.

6.2. Críticas

Em busca de uma validação empírica do FCO de-rivado de ajustes contábeis, Bahnson, Miller e Budge(1996) desenvolveram uma extensa pesquisa com

demonstrações contábeis de quatro anos (de 1987 a1990) publicadas nos Estados Unidos. O estudo, se-gundo os autores (Ibid.,p. 1-2), foi estimulado pela iden-tificação em alguns balanços divulgados, de algumasvariações de contas operacionais, como contas a re-ceber, por exemplo, as quais não coincidiam com avariação divulgada na DFC. Com base nisso, algumasquestões surgiram, como: qual é a extensão dessasdiferenças? Que fatores as causam e quais as suasconseqüências? Para responder a essas questões, re-alizaram a pesquisa em três estágios (Ibid., p. 2):

the first stage was an examination of a largesample of Compustat financial statements (...)the second stage was an in-depth analysis ofthe statements published by ten companiesthat identified a variety of causes for thenonarticulated changes that they reported (...)the third stage developed implications foreducation, accounting research and practicebased on these findings6 .

O termo nonarticulation (desarticulação) foi utili-zado ao longo de todo o trabalho dos autores parase referir ao fato de as variações divulgadas na DFCnão serem iguais às variações calculadas a partirdos balanços patrimoniais. O primeiro estágio dapesquisa se propôs a comparar o FCO publicado(reported operating cash flow – ROCF) com um cál-culo semelhante ao exposto no início deste capítulo,efetuado para as demonstrações de quatro anos deuma base de dados norte-americana chamadaCompustat. Os autores batizaram esse cálculo deIndependently calculated operating cash flow - IOCF.

Uma amostra inicial totalizou 9.757 empresas e,adicionalmente, foi determinada uma sub-amostra,originada a partir da primeira, totalizando 7.861 com-panhias. Para a obtenção dessa sub-amostra, foramexcluídas da amostra original as empresas que so-freram aquisições no período. Os autores justifica-ram a criação dessa sub-amostra pois (Ibid., p. 3) “anacquisition creates non-operating and nonarticulatedchanges in the acquirer’s current accounts”7. O obje-tivo, com isso, foi o de concluir se as diferenças entreo ROCF e o IOCF se explicavam apenas pela ques-tão das aquisições entre empresas.

6 “O primeiro estágio foi o exame de uma ampla amostra de demonstrações contábeis da base de dados Compustat (...) o segundo estágio foi uma análise detalhada das

demonstrações publicadas por dez empresas, a qual identificou uma variedade de causas para as mudanças desarticuladas reportadas (...) o terceiro estágio desenvolveu

implicações para o ensino, a pesquisa contábil e a prática baseadas nestas descobertas”. Tradução livre.

7 “Uma aquisição cria mudanças não operacionais e desarticuladas nas contas correntes da empresa adquirente”. Tradução livre.

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As diferenças determinadas nas duas amostras fo-ram calculadas em percentual (dividindo-se a diferençacalculada pelo ROCF) e apresentadas em uma distri-buição de classes. Segundo os autores (Ibid., p.3-4):

the distributions reveal that about 25 percentof the data points in the primary sample andsubsample have immaterial differences,which were defined as falling in the rangefrom –3% to +3% of ROCF. The remainingpoints in the primary sample and subsampleshow material differences between IOCFand ROCF that are widely and nearlysymmetrically distributed in the positive andnegative directions. The distributions alsoshow that between 16 percent and 18percent of the data points in the two sampleshave differences with absolute values thatexceed 100 percent of ROCF. In summary,this stage of the research showed that thereis a wide distribution of differences betweenROCF and IOCF, including many withsignificant magnitudes8.

A respeito da sub-amostra, concluiram os au-tores que:

excluding the acquisition companies causednothing more than a slight shifting from eachend of the distribution toward the middle (...)on the whole, the lack of a major change in thedistribution indicates that factors other thanacquisitions must be producing the differences9.

Desse modo, os autores passaram para o se-gundo estágio da pesquisa (Ibid., p. 4-6), em queselecionaram 10 empresas que produziram dife-renças maiores do que 100% e analisaramdetalhadamente as demonstrações contábeis a fimde identificar as causas de tais discrepâncias. Al-gumas das causas foram identificadas, como, porexemplo, reclassificações do imobilizado para o

ativo circulante, dos estoques para o imobilizado.Porém, a grande maioria das diferenças não foiclaramente identificada.

Com base nos dois estágios da pesquisa, os au-tores concluíram que (Ibid., p. 6):

the published annual reports demonstrate thatthere is widespread and significantnonarticulation between published indirect cashflow statements and balance sheets. Inaddition, it is not possible to identify all of thefactors that create the nonarticulation. At thevery least, this finding justifies a conclusion thatthe conventional articulating indirect method issimply not applied in practice10.

O terceiro estágio da pesquisa preocupou-se comas implicações do resultado obtido para o ensino, apesquisa e a prática. Resumidamente, os autoresconcluíram (Ibid., p. 6-13) que: as técnicas atuais deensino da DFC são inadequadas pois não descre-vem a prática atual de elaboração do método indire-to e, portanto, deveriam ser redesenhadas; a utilida-de das pesquisas já realizadas que utilizaram o IOCFou algo semelhante é suspeita; e a flexibilidade doFASB quanto à escolha do método de divulgação daDFC é ineficaz e a DFC divulgada pelo método indi-reto não está atingindo seus objetivos .

Esses resultados podem estar, significativamente,afetados por um fator crucial: o enorme tamanho dabase de dados utilizada pelos autores tornou inviável aleitura prévia das demonstrações contábeis. Porém, aoefetuar um cálculo aproximado de FCO a partir das de-mais demonstrações contábeis, o usuário faz uma lei-tura muito atenta dessas demonstrações a fim de iden-tificar possíveis problemas relacionados ao fator da de-sarticulação entre a DFC e os balanços patrimoniais.

Desse modo, se a pesquisa fosse realizada comum número significativamente menor de empresas,porém com a possibilidade de uma análise prévia

8 “As distribuições revelam que aproximadamente 25% dos valores da primeira amostra e da sub-amostra têm diferenças imateriais, as quais foram definidas no intervalo de

–3% a +3% do ROCF. Os valores remanescentes na primeira amostra e na sub-amostra mostram diferenças materiais entre o IOCF e o ROCF que são amplamente e

aproximadamente simetricamente distribuídas nas direções positivas e negativas. As distribuições também mostram que entre 16% e 18% dos valores nas duas amostras têm

diferenças em valores absolutos que excedem 100% do ROCF. Em resumo, esse estágio da pesquisa mostrou que há uma ampla distribuição de diferenças entre o ROCF e

o IOCF, incluindo muitas com magnitudes significativas”. Tradução livre.

9 “A exclusão das companhias com operações de aquisição não causou nada mais do que uma mutação desprezível de cada distribuição (...) em conjunto, a falta de uma grande

mudança na distribuição indica que outros fatores além das aquisições devem estar produzindo as diferenças”. Tradução livre.

10 “Os relatórios anuais publicados demonstram que há uma desarticulação vasta e significativa entre as demonstrações de fluxo de caixa e os balanços. Adicionalmente, não

é possível identificar todos os fatores que criam a desarticulação. De qualquer modo, as descobertas justificam uma conclusão que a articulação convencional do método

indireto simplesmente não é aplicada na prática”. Tradução livre.

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das demonstrações contábeis a fim de melhor iden-tificar os ativos e passivos genuinamenteoperacionais, é possível imaginar que as conclusõesdos autores poderiam ter sido diferentes.

A respeito da dificuldade na identificação dos ati-vos e passivos relacionados às operações, Braga eMarques (2001b, p. 7-8) tecem alguns comentários,demonstrando, por exemplo, que as contas a rece-ber podem, eventualmente, incluir, além das recei-tas de vendas, aplicações em títulos mobiliários, cré-ditos oriundos da alienação de imobilizados ou parti-cipações societárias. O mesmo raciocínio é realiza-do pelos autores na análise das contas a pagar. Des-se modo, concluem os autores que “extrair variaçõesde ativos e passivos operacionais de balançospatrimoniais comparativos pode conduzir a enganosgrosseiros em análises de tendências ou em sim-ples comparações relativas. Um aprimoramento aeste múltiplo consiste na decomposição de subgruposcirculantes por classes de transações, notadamentea partir das informações contidas em notasexplicativas. Não obstante, a despeito de potencial-mente reduzir a margem de enganos, esta tarefapode dispender muito tempo ou ser dificultada pelaausência de dados em notas explicativas”. O termo“múltiplo” utilizado pelos autores significa “medidaalternativa que substitui um certo parâmetro paraatender finalidades específicas”.

Uma questão muito importante relacionada à iden-tificação dos ativos e passivos operacionais refere-se à conta “fornecedores”, que, conceitualmente,deveria registrar dívidas relacionadas ao fornecimen-to apenas de mercadorias destinadas à operação dacompanhia. Porém, na grande maioria das empre-sas, ela também capta dívidas com materiais demanutenção do imobilizado e até mesmo com o pró-prio imobilizado. Nesse caso, a consideração da va-riação dessa conta para o cálculo do FCO estariaincorreta, pois além de transações operacionais, ovalor relaciona-se também a transações de investi-mento. A solução desse problema pode ser obtidacaso a empresa possua um nível de evidenciaçãoque permita a divulgação em notas explicativas ouno próprio balanço sobre a composição da conta “for-necedores”.

Notadamente, a pesquisa realizada por Bahnson,Miller e Budge, citada anteriormente, pode ter sidoatingida pelos “enganos grosseiros” a que Braga e

Marques se referem. Mas o “aprimoramento” citadopelos autores relaciona-se à cuidadosa identificaçãodos ativos e passivos operacionais com base em umaleitura criteriosa das demonstrações contábeis. Doponto de vista conceitual, uma vez utilizado tal apri-moramento, a conclusão sobre o FCO derivado deajustes contábeis é a de que essa medida pode re-presentar uma aproximação muito razoável do FCOextraído da DFC. De outra maneira, pode-se afirmarque, conceitualmente, a hipótese nula relacionadaao FCO derivado de ajustes contábeis é aceita.

O objetivo da pesquisa empírica proposta nestetrabalho é justamente o de testar essa afirmação comos dados da realidade. Uma vez que o número deempresas a ser utilizado nessa pesquisa é reduzido,é possível efetuar os cálculos do FCO de uma ma-neira mais criteriosa e cuidadosa.

7. ESTUDO EMPÍRICO DAS EMPRESASDO MERCADO BRASILEIRO

Esta seção visa a, essencialmente, testar as hi-póteses da pesquisa com dados reais, obtidos a partirde demonstrações contábeis de empresas do mer-cado brasileiro. Para efetuar esse teste, faz-se ne-cessário descrever como a amostra de empresas foiselecionada e coletada e, além disso, demonstrar deque maneira foram tratados esses dados empíricos.Por fim, os testes estatísticos aplicados na amostraselecionada também são detalhados e é desenvolvi-da a análise dos dados.

7.1 Seleção e Coleta dos Dados

As demonstrações contábeis de empresas domercado brasileiro vêm se desenvolvendo ao longodos anos em relação à transparência das informa-ções. Um exemplo disso é a própria divulgação daDFC, que, já há alguns anos, aparece em quadrossuplementares.

Até 1999, porém, não havia normas contábeisbrasileiras que discorressem a respeito da elabora-ção e divulgação da DFC. Com a publicação da NPC-20, emitida pelo IBRACON em abril desse ano, su-põe-se que as demonstrações posteriores a essadata incluam a DFC de acordo com tais padrões.

Em função da proximidade da publicação daNPC-20 com o encerramento das demonstrações

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contábeis de 31 de dezembro de 1999, essas po-deriam, ainda, não estar ajustadas a um mesmopadrão contábil de elaboração e divulgação daDFC. Assim, foram selecionadas apenas as de-monstrações contábeis de empresas que divul-garam a DFC nos períodos findos em 31 de de-zembro de 2000 e 2001.

A partir disso, foi consultada a base de dados daFIPECAFI por entender que essa base contém umnúmero de empresas cadastradas suficientementegrande para que a seleção dos dados pudesse sersignificativa. Essa base de dados situa-se no Depar-tamento de Contabilidade e Atuária da Faculdade deEconomia, Administração e Contabilidade da Univer-sidade de São Paulo e é atualizada pela Fundação eInstituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Finan-ceiras (FIPECAFI) todos os anos com as informa-ções dos balanços de empresas do mercado brasi-leiro com o intuito principal de publicar a edição anu-al da Revista Exame - Melhores e Maiores.

Uma das classificações realizadas no cadastrode cada empresa e no sistema que alimenta o bancode dados trata da divulgação da DFC. Foi possívelidentificar, do universo de todas as empresas cadas-tradas, quantas divulgaram a DFC no conjunto dasinformações contábeis publicadas e, além disso, qualfoi o método de divulgação dessa demonstração (di-reto ou indireto). Tais informações são apresentadasresumidamente na tabela abaixo:

Tabela 1 - Publicações de DFC nasdemonstrações financeiras encerradas

em 31/12/2000 e 31/12/2001

Período de Método Encerramento Direto Indireto Total

31/12/2000 2 40 4231/12/2001 3 59 62

Total 5 99 104% Método 5% 95%

Fonte: Base de dados da FIPECAFI

flexibilizam a escolha do método, deixando essa de-cisão para a empresa.

Outro fato curioso é o expressivo aumento de 48%das divulgações de 2001 em relação às de 2000. Taltendência evidencia que as empresas brasileiras,mesmo que em número reduzido, demonstram aimportância da análise da DFC para o melhor enten-dimento do seu negócio.

Com o intuito de obter uma amostra de empre-sas com demonstrações que possam, de fato, tra-zer as informações mais precisas, são utilizadasna pesquisa apenas as sociedades que publica-ram o parecer dos auditores independentes semressalvas, contendo o parágrafo de ênfase sobrea auditoria da DFC, também sem ressalvas. Des-se modo, das 104 empresas da seleção inicial,apenas 70 (32 do período de 2000 e 38 de 2001)se enquadram na classificação dada acima11.

Além disso, muitas dessas empresas divulgamas suas informações contábeis relativas aos nú-meros da controladora e também do consolida-do. Desse modo, quando possível, foi dada a pre-ferência para as informações consolidadas. Po-rém, quando da não existência de informaçõesconsolidadas ou então da divulgação da DFC ape-nas da empresa controladora, foram utilizadas asinformações da empresa controladora. Eventual-mente, a empresa nem possui tal caracterização,uma vez que não possui participações em outrasempresas. Apesar disso, a nomenclatura foimantida, para que se possam diferenciar tais in-formações de outras que sejam de demonstraçõesconsolidadas.

7.2. Tratamento dos Dados

Definida a amostra de empresas que divulga-ram a DFC em 2000 e 2001 e apresentaram o pa-recer dos auditores independentes com o parágrafode ênfase sobre a auditoria da DFC e sem ressal-vas, a pesquisa evoluiu para a etapa seguinte: odesenvolvimento de uma planilha excel que pudes-se, a partir das informações digitadas provenien-tes das demonstrações contábeis, calcular o fluxode caixa operacional, para poder compará-lo aofluxo de caixa operacional publicado.

11 Para mais detalhes a esse respeito, vide Salotti (2003, p. 106-111).

É interessante notar a diferença existente entre aquantidade de DFCs divulgadas pelo método diretoe pelo indireto. Isso confirma a tendência existentenos Estados Unidos e em outros países que

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A digitação dos balanços foi feita de maneira muitocriteriosa, já que cada balanço necessitava ser pa-dronizado. Os ativos circulantes e realizáveis a lon-go prazo e também os passivos circulantes eexigíveis a longo prazo foram subdivididos em trêsgrandes subitens: financeiro, operacional e nãooperacional. Por exemplo, no caso de contas do ati-vo circulante, aplicações financeiras foram classifi-cadas no ativo circulante financeiro; clientes, no ati-vo circulante operacional; e imóveis destinados àvenda, no ativo circulante não operacional. Esse tipode separação é de fundamental relevância para aobtenção do fluxo de caixa operacional, uma vez que,para esse cálculo, são computadas apenas as varia-ções dos itens operacionais do balanço patrimonial.

Não é difícil imaginar a padronização de 70 ba-lanços de empresas de diferentes setores da econo-mia como uma tarefa que envolve uma parcela con-siderável de julgamento, pois, para a determinaçãoda separação entre o que é operacional e o que nãoé, faz-se necessário uma leitura adequada das de-monstrações contábeis e, não menos importante, oconhecimento das normas específicas relacionadasa cada setor. Ainda assim, dependendo da aberturaque cada empresa procedeu às contas do seu ba-lanço, a escolha da classificação dessas contas tor-na-se uma tarefa quase impossível. Desse modo,para que a pesquisa pudesse ser continuada, defi-niu-se o seguinte pressuposto: todas as contas têmnatureza operacional, a menos que as informaçõescontidas no balanço suportem uma classificação di-ferente desta. Por exemplo, é quase unânime a quan-tidade de balanços que contêm a conta “outros”, ou“outras contas a receber”, ou ainda “outros créditos”.De modo antagônico, é quase inexistente a empresaque fornece uma abertura ou, pelo menos, uma des-crição a respeito de tais “outras contas”. Utilizando opressuposto assumido, tais contas foram classifica-das no grupo operacional, uma vez que a probabili-dade de o valor ser de natureza operacional é avali-ada como maior do que a probabilidade de o mon-tante possuir uma natureza financeira ou mesmo nãooperacional. Um outro exemplo que necessita sersimplificado utilizando-se o referido pressuposto é aconta “fornecedores”, que pode receber transaçõesnão somente operacionais, como, por exemplo, ofornecimento de itens do ativo imobilizado. Do pontode vista do nível de transparência e de qualidade da

evidenciação das demonstrações contábeis, esseprocedimento de divulgação é inadequado, pois com-prime saldos que não deveriam ser comprimidos.Portanto, se a empresa apresentou uma composi-ção mais detalhada dessa conta, a classificação foirealizada de acordo com a sua natureza. Caso con-trário, ou seja, se a companhia divulgou apenas osaldo da conta “fornecedores” e não detalhou maisnada a respeito, esse valor foi considerado no grupode contas operacionais.

A padronização da Demonstração do Resulta-do do Exercício, se comparada à do BalançoPatrimonial, é uma tarefa bem simples, já que nãoexistem grandes diferenças de padrões de divul-gação entre as empresas.

A Demonstração de Origens e Aplicações deRecursos (DOAR), também, tem uma participaçãofundamental na determinação do FCO. É nela quesão detalhadas todas as despesas e receitas quenão afetaram o Capital Circulante Líquido (CCL) e,por conseqüência, também não afetaram o caixa.Uma vez que esses ajustes da DOAR também fa-zem parte dos ajustes do cálculo do FCO, eles fo-ram detalhados analiticamente com o objetivo dedemonstrar quais são especificamente os ajustescomputados no cálculo do FCO. As demais origens(dos acionistas e de terceiros) e as aplicações tam-bém foram cadastradas para que a variação doCCL pudesse ser comprovada.

Com as demonstrações contábeis padronizadase digitadas no Excel, foi elaborada uma planilha paracalcular o FCO, a qual executou a tarefa de recupe-rar o resultado líquido do período, os ajustesefetuados ao lucro (provenientes da DOAR) e asvariações de todos os ativos e passivos considera-dos como de natureza operacional. Logicamente, osaumentos de ativos e diminuições de passivos fo-ram computados como diminuições no cálculo doFCO, assim como as diminuições de ativos e aumen-tos de passivos foram registrados como aumentos.

O cálculo do FCO, representado pela sigla FCOC(Fluxo de Caixa Operacional Calculado, de acordocom as normas do FASB), foi processado e os resul-tados, comparados com o FCOP (Fluxo de CaixaOperacional Publicado), o qual foi extraído da DFCpublicada no conjunto das demonstrações contábeis.Ressalte-se que, em alguns casos, houve a neces-sidade de uniformização do FCOC com o FCOP, pois

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algumas empresas divulgaram o FCO integrando ounão eventos/contas que, pela conceituação do tra-balho, não foram coincidentes. Assim, o FCOP dealgumas empresas foi ajustado de modo a viabilizartal comparação.

Realizando uma breve comparação entre as dife-renças existentes entre o FCOP e o FCOC, um itemem especial recebeu destaque: a figura das despe-sas e receitas financeiras. O ajuste das despesas ereceitas financeiras capturado da DOAR para o cál-culo do FCO considera apenas as despesas e recei-tas de longo prazo, uma vez que apenas essas nãoafetam o CCL. As despesas e receitas de curto pra-zo, independentemente do desembolso financeiro ounão, afetam o CCL. Comparando o ajuste da DOARrelativo às despesas e receitas financeiras com oajuste evidenciado na DFC, diferenças significativasapareceram. O motivo é muito simples: o ajuste doFCO deve incorporar todas as despesas financeirasnão pagas e receitas financeiras não recebidas, maso ajuste da DOAR demonstra apenas tais despesase receitas de longo prazo. Sem a parcela de curtoprazo das despesas financeiras não pagas e dasreceitas financeiras não recebidas, a tarefa de esti-mar o FCO a partir das demonstrações contábeistorna-se bem mais complicada.

Em função disso, a partir dos dados já existen-tes, surgiram duas novas medidas: FCOPA (Fluxode Caixa Operacional Publicado Ajustado) e FCOCA(Fluxo de Caixa Operacional Calculado Ajustado). Apalavra “ajustado”, acrescentada às medidas, servepara indicar que tais montantes foram ajustados paraeliminar o efeito das despesas e receitas financeirasda medida de fluxo de caixa operacional. Isso foi fei-to da seguinte maneira: do FCOC foi estornado oajuste da DOAR que havia sido considerado para ocálculo. O resultado representaria o fluxo de caixaoperacional considerando 100% das despesas e re-ceitas financeiras. Desse subtotal, foram eliminadastodas as despesas e receitas financeiras (obtidascom os dados da DRE) e, com isso, o montante re-sultante, denominado FCOCA, representa o FCOcalculado de acordo com o padrão do IASB, que fa-culta à empresa a consideração das despesas finan-ceiras como atividades de financiamento e das re-ceitas financeiras como atividades de investimento.Processo semelhante foi feito com o FCOP para aobtenção do FCOPA: estorno do ajuste de despesas

financeiras não pagas e receitas financeiras não re-cebidas (identificado na DFC) e, posteriormente, aeliminação de todas as receitas e despesas finan-ceiras advindas da DRE.

Com isso, foram obtidas duas comparações:FCOP x FCOC

FCOPA x FCOCAA seção seguinte demonstra os resultados obti-

dos com tais comparações e as análises obtidas apartir de tais resultados.

7.3. Apresentação dos Resultados

Os resultados das comparações entre as medidasapresentadas na seção anterior são evidenciados, ini-cialmente, em gráficos. Posteriormente, os resultadossão testados estatisticamente com o intuito de avaliarse a tendência demonstrada nos gráficos realmentese comprova do ponto de vista estatístico, ou seja, seas diferenças obtidas são significativas ou não.

Os gráficos apresentados, a seguir, foram de-senhados a partir das diferenças calculadas empercentual, uma vez que as diferenças em valorespodem ter significados diferentes, dependendo dotamanho da empresa. Por exemplo, uma diferen-ça de $ 5.000 pode significar muito para uma em-presa que publicou o FCO de $ 3.000 (uma varia-ção de 167%). Todavia, a mesma diferença com-parada a um FCOP de $3.000.000 resulta em umadiferença percentual mínima de 0,2%. As diferen-ças foram agrupadas em blocos e apresentadasna forma de histograma.

Gráfico 1 - Diferença FCOP x FCOC em percentual

Esse gráfico demonstra que, das 70 empresasanalisadas, apenas 29 apresentaram diferenças en-tre o FCOP e o FCOC de -10% a +10%. E, ainda, 7empresas evidenciaram diferenças menores do que–100% ou maiores do que +100%.

38

1 2

29

19

4 4

05

101520253035

-100

% ou

men

os

de -1

00%

a -5

0%

de -5

0% a

-30%

de -3

0% a

-10%

de -1

0% a

+10%

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0% a

+30%

de +3

0% a

+50%

de +5

0% a

+100

%

+100

% ou

mais

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Gráfico 2 - Diferença FCOPA x FCOCAem percentual

O gráfico 2 evidencia que 47 empresas (das 70analisadas) mostraram diferenças entre o FCOPA eo FCOCA de -10% a +10%. As demais diferenças sedistribuíram quase homogeneamente no gráfico.

7.4. Análise dos Resultados

Os gráficos 1 e 2 referem-se à apresentação dasdiferenças entre o fluxo operacional publicado e ocalculado a partir da técnica apresentada na seção6. A diferença entre esses gráficos é que, no primei-ro, o fluxo de caixa contém as despesas financeiraspagas e as receitas financeiras recebidas (de acor-do com as normas do FASB). Já o segundo não con-tém nenhum tipo de despesa e receita financeira (pa-drão permitido pelas normas do IASB).

O gráfico 1 demonstra que das 70 empresas, ape-nas, 29 têm o seu FCO estimado próximo ao valorpublicado dessa medida. Considerando esse cená-rio, é fácil concluir que a tentativa de estimar o FCOa partir das demais demonstrações contábeis não étão simples como parece e pode levar o usuário detal informação a enganos grosseiros. Mas, verifican-do, detalhadamente, a origem dessas diferenças, oajuste das despesas e receitas financeiras se desta-ca como o mais significativo de todas as distorções.Isso ocorre porque o ajuste das despesas e receitasfinanceiras extraído da DOAR para o cálculo do FCOcapta apenas as despesas financeiras não pagas eas receitas financeiras não recebidas de longo pra-zo. Porém, o FCOP reporta, na maioria das vezes,um valor muito diferente do ajuste da DOAR, umavez que o FCO não faz distinção entre despesas ereceitas de longo prazo e de curto prazo.

Desse modo, na tentativa (bem sucedida) de iso-lar o efeito dessa diferença para a determinação do

FCO, calcula-se o FCOCA e o FCOPA (o procedi-mento para o cálculo dessas medidas está apresen-tado na seção anterior). Com isso, a nova compara-ção não é afetada pela diferença das despesas ereceitas financeiras, já que essas medidas “ajusta-das” não contemplam o resultado financeiro. Asdistorções obtidas são apresentadas no gráfico 2,que demonstra uma sensível melhora em relação aográfico anterior, evidenciando que, das 70 empresasanalisadas, o FCOCA se aproxima do FCOPA em 47casos (67% do total). O segundo nível de diferenças(entre -30% e -10% e entre +10% e +30%) capta 12empresas (17% do total) e apenas 11 casos apre-sentam estimativas ruins do FCOPA.

Sem dúvida, essa segunda comparação eviden-cia que, considerando as despesas financeiras clas-sificadas nas atividades de financiamento e as re-ceitas financeiras, nas de investimento, a estimativado FCO a partir dos ajustes contábeis extraídos dasdemonstrações financeiras se torna uma poderosaferramenta para quem não dispõe da DFC publicada.

Mas, as empresas que apresentam grandes dife-renças ainda causam um certo desconforto. Afinal,quais são os motivos dessas distorções? Para res-ponder a tal questão, o FCOPA das 11 empresas queapresentam diferenças abaixo de -30% ou maioresdo que +30% foi comparado ao respectivo FCOCA eas ocorrências principais se encontram nas varia-ções dos ativos e passivos operacionais. O motivodeterminante da diferença em tais variações foi obaixo grau de evidenciação das informaçõescontábeis prestadas pelas empresas. Em algunscasos, por exemplo, a DFC apresentada pela em-presa não demonstra as variações analíticas dos ati-vos e passivos operacionais, evidenciando-as demaneira agrupada, o que obviamente dificulta a iden-tificação dos problemas. Em outros casos, a abertu-ra das contas dos ativos e passivos dada pela em-presa no balanço patrimonial não é suficiente paraque a separação entre contas operacionais e nãooperacionais seja feita adequadamente, o que podeinfluenciar, significativamente, a precisão do cálculodo FCO. Por exemplo, a dificuldade relacionada àidentificação da composição do saldo de “fornece-dores”, já citada ao longo deste trabalho, pode trazerimprecisões significativas ao cálculo do FCO deempresas que utilizam essa conta para registrar tran-sações operacionais e não operacionais mas não

1

47

72 1 43 5

01020304050

-100

% ou

men

os

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00%

a -5

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de -5

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-30%

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0% a

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%

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detalham esse procedimento e a composição do sal-do em notas explicativas.

O mais importante é perceber que as distorçõesapresentadas no cálculo do FCO não ocorrem porproblemas de inadequação do método desse cálcu-lo. O resultado apresentado pela maioria das empre-sas inclusive prova tal adequação. As dificuldadesexistentes estão na qualidade e no detalhamento dainformação contábil prestada pelas companhias.

7.5. Testes Estatísticos Realizados

A análise dos histogramas que representam oresultado da pesquisa realizada com as empresasdo mercado brasileiro sinaliza fortemente para a acei-tação da hipótese nula relacionada ao cálculo do FCOderivado de ajustes contábeis (mediante adoção dopadrão determinado pelo IASB). Porém, essa sinali-zação deve ser testada estatisticamente para que aavaliação da significância das diferenças seja efetu-ada de uma maneira mais objetiva.

Assim, o teste de diferença de médias para da-dos emparelhados (do tipo paramétrico) é cogitadopara ser utilizado. Porém, esse teste pressupõe queas diferenças tenham uma distribuição normal. Por-tanto, para que tal ferramental possa ser utilizado,são realizados os testes Qui-Quadrado eKolmogorov-Smirnov com o objetivo de averiguar anormalidade das diferenças. Os resultados obtidosrejeitam a hipótese de tal normalidade e, com isso, oteste paramétrico não pode ser utilizado.

A partir desse resultado, são cogitados os testesnão paramétricos, os quais não exigem pressupos-tos quanto à distribuição das variáveis testadas. Oteste que mais se adapta ao problema dessa pes-quisa é o teste dos sinais por postos de Wilcoxon,uma vez que esse teste analisa os dados pareadose leva em consideração a magnitude da diferença.Além disso, seu único pressuposto exige que a vari-ável estudada seja contínua, o que, obviamente, écumprido pelas diferenças estudadas.

O teste dos sinais por postos é amplamente des-crito por Stevenson (1981, p. 311-15) e consiste ba-sicamente em apurar as diferenças de cada par deobservações e posteriormente separá-las em aumen-tos e decréscimos. Então, as diferenças são dispos-tas em postos, sem considerar os sinais e eliminan-do as diferenças nulas.

Como demonstra Stevenson (Ibid., p. 314):Se a hipótese nula é verdadeira, é de esperar que

os postos se repartam igualmente entre os valores +e – e que as duas somas sejam aproximadamenteiguais. O que devemos determinar, então, é se asoma de postos escolhida difere demais da somaesperada para ser apenas atribuível ao acaso.

A soma total de postos, quando se dispõem Nobjetos consecutivamente em postos, começandocom 1 e terminando com N, é [ N ( N +1) ] / 2.

Se H0 é verdadeira, a soma U

t, seja dos –’s ou

dos +’s, deve ser igual à metade do total.

Ut = 1 N(N + 1) = N(N + 1)

2 2 4

Supondo H0 verdadeira, a diferença entre U

t e o re-

sultado observado para amostras de oito ou mais é apro-ximadamente normal, com desvio padrão σt dado por:

Se H0 verdadeira, a estatística teste z será aproxi-

madamente normal com média 0 e desvio padrão 1,0.

Z = T - Ut

σtZ = (observado – esperado) / desvio padrão.

A idéia desse teste é que, se as diferenças não sãosignificativas, elas estão distribuídas homogeneamentenos postos + e -. Para atestar se isso realmente acon-tece, basta calcular U

t (que representa o valor espera-

do da soma de um dos postos) e a estatística T (ovalor real da soma de um dos postos).

Para que os valores da distribuição normal pa-drão possam ser utilizados, é necessário, ainda, “nor-malizar” a comparação entre o valor observado e oesperado. Para isso, basta dividir essa diferença pelodesvio padrão σ

t de acordo com a fórmula descrita.

Uma vez calculada a estatística z (resultante dadivisão indicada acima), esta deve ser comparada aum valor denominado “z crítico”, que representa, nadistribuição normal, os limites da região de aceita-ção da hipótese nula, ou seja, se a estatística z cal-culada estiver entre - z crítico e + z crítico (região deaceitação), então a hipótese nula deve ser aceita.Caso contrário, a hipótese nula é rejeitada e se pas-sa, então, a aceitar a hipótese alternativa.

σt =N(N + 1) (2N + 1)

24

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Os testes são realizados tanto para os valores no-minais quanto para os percentuais das diferenças. Onível de significância determinado é de 5% e a tabela, a

seguir, demonstra o resumo desses testes, indicando aestatística z calculada (a partir do posto +), o valor de zcrítico e o resultado (aceitação ou rejeição de H

0).

Tabela 2 - Resultados do Teste dos Sinais por Postos de Wilcoxon

Diferença Testada Estatística z z crítico Resultado

Diferença FCOP x FCOC ($ mil) -5,37 1,96 Rejeita H0Diferença FCOP x FCOC (%) -4,05 1,96 Rejeita H0Diferença FCOPA x FCOCA ($ mil) -0,05 1,96 Aceita H0Diferença FCOPA x FCOCA (%) 0,74 1,96 Aceita H0

Para a elaboração dessas tabelas, as diferen-ças foram, inicialmente, ordenadas e dispostasno seu respectivo posto (positivo ou negativo). Asdiferenças iguais a zero foram desprezadas e asdemais foram numeradas de acordo com a ordemobtida. A soma de cada posto foi indicada como TObservado e, além disso, foram calculados o TEsperado e o desvio padrão de T (de acordo comas fórmulas de Ut e de σt descritas por Stevenson).A estatística Z foi obtida da diferença entre o TObservado e o T Esperado dividida pelo DesvioPadrão de T.

O valor de “z crítico” de 1,96 refere-se ao limiteinferior e superior da região de aceitação da hipó-tese nula relacionado ao nível de significância de5%, ou seja, se a estatística Z encontra-se entre-1,96 e +1,96, então se aceita a hipótese nula. Casocontrário, aceita-se a hipótese alternativa. Em ou-tras palavras, se a estatística Z encontra-se entre-1,96 e +1,96, então se conclui que, ao nível designificância de 5%, não há diferença significativaentre as duas medidas comparadas. Porém, se aestatística Z for menor do que -1,96 ou maior doque +1,96, então, conclui-se: existe, de fato, dife-rença significativa entre as medidas.

Os resultados dos testes estatísticos confir-mam a sinalização deixada pelos histogramasapresentados anteriormente. Dessa maneira, apartir da pesquisa empírica realizada com as 70empresas brasileiras, a hipótese nula de que oFCO publicado é igual ao FCO calculado é aceitasomente se esse fluxo operacional for obtido semo efeito das despesas e receitas financeiras (pa-drão permitido pelas normas do IASB).

8. CONSIDERAÇÕES FINAISEste trabalho objetiva, primordialmente, a valida-

ção do FCO derivado de ajustes contábeis como umamedida alternativa para estimar o FCO extraído daDFC. Para tal, a partir de argumentação lógica e deuma pesquisa empírica, a hipótese nula de que oFCO Publicado é igual ao FCO derivado de ajustescontábeis foi testada.

A comparação da conclusão obtida no capítu-lo teórico com os resultados da pesquisa empíricaimplica que a tarefa de estimar o FCO, de acordocom as normas do FASB, por meio de ajustescontábeis obtidos das demais demonstraçõescontábeis pode levar o usuário de tais estimati-vas a enganos substantivos.

Já o FCO permitido pelas normas do IASB, queaceita a totalidade das despesas e receitas financei-ras nas atividades de financiamento e investimento,respectivamente, pode, por meio do método de cál-culo apresentado neste estudo, ser estimado comsignificativa precisão.

Ressalte-se que a precisão desse cálculo estádiretamente relacionada ao nível da qualidade edo detalhamento das informações prestadas pe-las empresas.

Uma outra constatação importante desse es-tudo é a verificação de que, nas publicações deDFCs no Brasil, ainda não existe um padrão, umavez que são identificadas 11 das 70 empresas emque o FCOP sofre algum tipo de ajuste por estarem desacordo com um mesmo padrão. Essesajustes são realizados para que haja uma padro-nização do FCO, necessária à viabilidade da com-paração realizada.

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Essa realidade brasileira pode estar relacionada a,preponderantemente, duas questões: em primeiro lu-gar, em função da DFC ser recente (e ainda não obri-gatória) no ambiente brasileiro, o conhecimento dasnormas para a elaboração e divulgação dessa demons-tração ainda não está totalmente disseminado; alémdisso, a confusão existente na redação da NPC-20 doIBRACON acaba por sustentar diferentes padrões e,dessa forma, todos ficam suportados pela norma bra-sileira. A iminente inclusão da DFC como uma demons-tração obrigatória no conjunto das demais informaçõescontábeis justifica um aperfeiçoamento da NPC-20 paraque o usuário possa utilizar uma informação correta eútil para as suas finalidades.

É importante ressaltar que o fator de sucesso fun-damental para que o FCO derivado de ajustescontábeis possa ser aceito como uma medida queestima, com uma considerável razoabilidade, o FCOextraído da DFC é a leitura e a análise de cada umadas demonstrações contábeis utilizada neste estu-do. Se os ativos e passivos não são, cuidadosamen-te, classificados de acordo com a sua natureza (fi-nanceira, operacional e não operacional), as varia-ções calculadas no FCO podem ser seriamente de-turpadas e, com isso, o resultado, por certo, invalidao cálculo do FCO derivado de ajustes contábeis(como outros trabalhos científicos já o fizeram12).

Percebe-se, dessa forma, que, acima do conhe-cimento do método utilizado para o cálculo do FCOextraído das demais demonstrações contábeis,

está a Ciência Contábil e suas normas gerais eespecíficas. Sem o domínio desse arcabouço teó-rico e prático, a tarefa de estimar o FCO torna-sequase impossível.

Portanto, o resultado desta pesquisa prova que,a partir das demais demonstrações contábeis (Ba-lanço Patrimonial, Demonstração de Resultados eDemonstração das Origens e Aplicações de Re-cursos) e, ainda, dispondo de um nível adequadode evidenciação das informações necessárias, épossível estimar o FCO extraído da DFC com ra-zoável precisão.

Os resultados obtidos neste trabalho não devemser interpretados como desestimulantes à divulgaçãoda DFC. O processo de estimação do FCO requermuito tempo e conhecimento para quem necessitadessa informação. Além disso, está sujeito a falhas,dependendo do nível da evidenciação das informaçõescontábeis. Não obstante, a DFC não é composta ape-nas pelo fluxo das atividades operacionais. Existem,também, os fluxos das atividades de investimento ede financiamento, os quais, sem dúvida, também têmgrande utilidade para os usuários da Contabilidade.Desse modo, o fato de abordar, conceitualmente, aelaboração e divulgação da DFC e de evidenciar tan-tas dificuldades no processo de estimação do FCOtraz ao estudo um elevado grau de colaboração paraque a Contabilidade seja mais bem desenvolvida epossa, desse modo, cada vez mais, fornecer informa-ções úteis e confiáveis.

12 Veja, por exemplo, Bahnson, Miller e Budge (1996).

BAHNSON, Paul R.; MILLER, Paul B. W.; BUDGE, Bruce P.Nonarticulation in Cash Flow Statements and Implications forEducation, Research and Practice. Accounting Horizons,December, v.10, n.4, 1996.

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A ESTIMATIVA DO FLUXO DE CAIXA DAS OPERACÕES REPRESENTA O REAL FLUXO DE CAIXA DAS OPERAÇÕES?21

Revista Contabilidade & Finanças - USP, São Paulo, n. 35, p. 7 - 21, maio/agosto 2004

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