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GRANDE CONCERTO DE APOIO A ESTUDANTES SÍRIOS Pedro Burmester Mário Laginha 4 Fev 2018 18:00 Sala Suggia Astor Piazzolla O Grande Tango (1982; c.10min) Mário Laginha Concerto para dois pianos n.º 1 (2009/2016; c.25min) 1. Allegro mas nem sempre 2. Quase sempre Andante 3. Sempre Presto Claude Debussy Prélude a l’après midi d’un faune (1894/1895; c.9min) Maurice Ravel La Valse, poema coreográfico (1920; c.12min) Este concerto é uma iniciativa solidária com o programa de emergência de acolhimento de estudantes sírios, causa patrocinada pelo Dr. Jorge Sampaio através da Global Platform for Syrian Students.

A ESTUDANTES SÍRIOS Pedro Burmester Mário Laginha · Nuevo Tango. O Grande Tango (ou Le Grand Tango, no seu título original) foi escrito por Piazzolla em 1982 para o violoncelista

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GRANDE CONCERTO DE APOIOA ESTUDANTES SÍRIOS

Pedro Burmester Mário Laginha

4 Fev 201818:00 Sala Suggia

Astor PiazzollaO Grande Tango (1982; c.10min)

Mário LaginhaConcerto para dois pianos n.º 1 (2009/2016; c.25min)

1. Allegro mas nem sempre2. Quase sempre Andante3. Sempre Presto

Claude DebussyPrélude a l’après midi d’un faune (1894/1895; c.9min)

Maurice RavelLa Valse, poema coreográfico (1920; c.12min)

Este concerto é uma iniciativa solidária com o programa de emergência de acolhimento de estudantes sírios, causa patrocinada pelo Dr. Jorge Sampaio através da Global Platform for Syrian Students.

A CASA DA MÚSICA É MEMBRO DE

O conflito na Síria começou em 2011, vai para sete anos. Isto significa que todas as crianças sírias com menos de oito anos nasceram, viveram e cres-ceram num cenário de guerra, ruína e morte, que todos os adolescentes de hoje passaram a sua infância numa atmosfera de medo e violência, que os jovens adultos viram as suas vidas interrompidas e os seus sonhos adia-dos, que as gerações mais velhas assistiram à destruição das famílias que haviam construído e ao desmoronar do seu país.

E, no entanto, a capacidade de resiliência do povo sírio tem sido admi-rável. Felizmente muitos dos seus jovens não desistiram, não abriram mão da procura de caminhos que lhes permitam continuar a lutar para que, um dia, possam participar activamente na reconstrução do seu país e ajudar a construir um futuro melhor.

É este, pelo menos, o sonho de quase todos os estudantes sírios que a Plataforma Global para os Estudantes Sírios (APGES) tem apoiado em Portugal, através do seu programa de bolsas de estudo de emergência, o qual resulta dos esforços conjugados das Universidades e Politécnicos e do contributo de um leque diversificado de empresas, fundações, organi-zações várias e particulares.

Quero, a este respeito, ressaltar esta generosa iniciativa que a Fundação Casa da Música promoveu, ao organizar, pelo segundo ano consecutivo, um concerto de beneficência em prol da nossa causa. Quero outrossim deixar aqui uma calorosa e grata saudação ao Pedro Burmester e ao Mário Lagi-nha, e, naturalmente, agradecer também a todas e a todos os que decidi-ram marcar presença esta tarde e manifestar a sua solidariedade para com esta causa. Bem hajam!

Jorge Sampaio

A Global Platform for Syrian Students é uma iniciativa humanitária destinada a prestar assistência académica de emergência a estudantes sírios impedidos pela guerra de prosseguir a sua formação superior. A Plataforma apoia cerca de 150 estudantes em 10 países, estando perto de uma centena em Portugal.

A Plataforma foi lançada em 2013 pelo Dr. Jorge Sampaio, antigo Presidente da República Portuguesa (1996-2006) e Alto Representante das Nações Unidas para a Aliança das Civilizações (2007-2013), em conjunto com várias organizações internacionais e individualidades, contando com o apoio de um Consórcio Académico constituído por universidades, institutos politécnicos e escolas de ensino superior que acolhem os estudantes bolseiros. A Universidade do Porto, a Business School do Porto, o Instituto Politécnico do Porto, a Universidade Cató-lica Portuguesa/Porto, a Universidade Lusófona do Porto e a CESPU são parceiros académicos da Plataforma. No total, tem assegurado o acolhi-mento de 24 estudantes sírios residentes no Porto.

“Apoie um estudante, salve uma vida.”

"Quando soube que vinha estudar para Portugal, nem queria acreditar, foi como um sonho. De repente, para mim e para a minha família inteira, foi como se uma luz ao fundo do túnel tivesse começado a brilhar. E aos poucos começámos a acreditar de novo no nosso futuro."

ESTUDANTE SÍRIA

Donativos para:Associação Plataforma Global Para Estudantes Sírios (APGES)NIF: 510888011

NIB: 0018.0003.4008.6563.020.61IBAN: PT50.0018.0003.4008.6563.020.61BIC/SWIFT: TOTAPTPL

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A colaboração entre Pedro Burmester e Mário Laginha iniciou -se no início dos anos 1990 e teve, como evento simbólico, a edição em 1994 do álbum Duetos, na sequência de um concerto no Centro Cultural de Belém em Dezembro do ano anterior. Foi este o ponto de partida do projecto artístico conjunto de dois dos mais celebrados e respeitados pianistas portugueses.

O primeiro então bem lançado numa brilhante carreira como solista, aluno de Helena Sá e Costa e de Sequeira Costa, entre outros, e premiado em vários concursos internacionais, destacou -se ao longo dos anos pelas suas inter-pretações do repertório romântico. Mais tarde, esteve também envolvido no projecto da Casa da Música, da qual foi Director Artístico e de Educação. O segundo, não obstante a formação clássica, estabelecido já na altura como figura incontornável da cena jazzística nacional, com participações em agrupamentos como o Quin-teto Maria João, o Sexteto de Jazz de Lisboa

ou Cem Caminhos. De certa forma, o ano de 1994 é marcante para Laginha pela edição do disco com Burmester, mas também pelo início da colaboração discográfica com a cantora Maria João e ainda pelo lançamento de Hoje, o seu primeiro disco em nome próprio.

Alguns anos depois, o duo Burmester/Lagi-nha fundiu -se com outro projecto de Laginha, desta feita o duo jazz que havia formado em 1999 com Bernardo Sassetti. Sob impulso da Incubadora d’Artes, criou -se assim, em 2004, o projecto 3 Pianos (Burmester/Laginha/Sasse-tti), a meio caminho entre a música clássica e o jazz, que desde logo obteve enorme sucesso.

Após o fim repentino e inesperado desta colaboração a três, o duo Burmester/Lagi-nha ganhou novo fôlego. No recital desta tarde predomina o género da dança – de origens e períodos diferentes – e será apresentada uma nova obra da autoria de Mário Laginha.

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Astor PiazzollaMAR DEL PLATA, 11 DE MARÇO DE 1921

BUENOS AIRES, 4 DE JULHO DE 1992

O Grande Tango

Astor Piazzolla, que foi aluno da lendária Nadia Boulanger (1887 -1979), é conhecido por ter revolucionado o género do tango e, de certa forma, também de o ter feito entrar nas salas de concerto de todo o mundo. As inovações que imprimiu na tradicional dança argentina, incorporando -lhe influências oriundas do jazz e da música erudita ocidental, tanto no que toca ao material musical (ritmo, harmonia) como à instrumentação, deu origem ao denominado Nuevo Tango.

O Grande Tango (ou Le Grand Tango, no seu título original) foi escrito por Piazzolla em 1982 para o violoncelista Mstislav Rostropovitch, que só viria a estreá -lo em 1990, em Nova Orleães. A versão original da obra é para violoncelo e piano e foi publicada em Paris. Será apresen-tada, hoje, num arranjo para dois pianos. A peça é composta por um só andamento subdividido em três secções, a primeira e a última ritmica-mente marcadas e de ambiente que alterna entre o ímpeto e a ternura, num caracterís-tico chiaroscuro; a secção central introduz um lirismo e uma sensualidade mais acentuados.

Mário LaginhaLISBOA, 25 DE ABRIL DE 1960

Concerto para dois pianos n.º 1

Intimamente ligado ao Concerto para piano e orquestra, escrito por Mário Laginha para o Festival Internacional de Música do Algarve em 2009, o Concerto para dois pianos tem origem num pedido para que o compositor efectuasse uma redução da parte de orquestra. O trabalho de redução rapidamente se transformou numa verdadeira adaptação da obra, já que Laginha introduz várias alterações nas duas partes e na relação entre elas – a parte solista alterna entre os dois pianos, por exemplo. Citando o compo-sitor: “Quando estava a meio do primeiro anda-mento [da redução], comecei a achar que com algumas adaptações do ponto de vista pianís-tico poderia fazer uma versão genuína para dois pianos e isso começou a atrair -me muito mais do que uma comum redução de orques-tra.” O novo Concerto foi terminado em Dezem-bro de 2016 e foi oferecido como presente de Natal a Pedro Burmester. A estreia pública da nova obra ocorreu na Fundação Calouste Gulbenkian a 14 de Janeiro deste ano.

Dividido nos clássicos três andamentos, o Concerto para dois pianos é exemplo palpável das variadíssimas influências que Mário Lagi-nha tem coleccionado ao longo da sua carreira. Nota -se uma preocupação do compositor em integrar, de forma coesa, estas várias lingua-gens e, sobretudo, os elementos mais jazzísticos do material musical. Os ouvintes mais familiari-zados com o percurso e a obra de Mário Laginha não deixarão, todavia, de reconhecer a “marca” ou linguagem própria do pianista, quer no trata-mento rítmico, quer no desenvolvimento temá-tico de várias secções do Concerto.

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Claude DebussySAINT ‑GERMAN ‑EN ‑LAYE, 22 DE AGOSTO DE 1862

PARIS, 25 DE MARÇO DE 1918

Prélude à l’après ‑midi d’un faune

Inspirado no poema de Stéphane Mallarmé (1842 -1898) cujo nome guardou, o poema sinfónico Prélude à l’après ‑midi d’un faune de Claude Debussy é muitas vezes referen-ciado como a obra que inaugura a música moderna. Escrito entre 1892 e 1894 na sua versão para orquestra, é hoje apresentado na versão para dois pianos (1895) da autoria do próprio Debussy. Se é natural que o colo-rido orquestral e a riqueza tímbrica da versão original para orquestra não constem no arranjo para dois pianos, o ambiente idílico e sonha-dor, assim como toda a riqueza e ambiguidade harmónica e melódica que caracterizam a peça e a tornaram famosa, mantêm -se intactos. A melodia inicial, deliciosamente cromática (um lânguido e exótico solo de flauta na versão origi-nal), remete -nos para um bucolismo sonhador que tanto a peça como o poema que a inspira evocam. Este ambiente etéreo de final de tarde de Verão mantém -se ao longo do discurso musical, sempre marcado pela melodia inicial do fauno que se vai transfigurando e ganhando novas cores e ambientes.

Quando da sua estreia, a 22 de Dezembro de 1894, a obra teve de ser repetida tal foi o entusiasmo do público. Não obstante a crítica da época não ter sido tão efusiva, bem pelo contrário, o Prélude tornou -se uma das compo-sições mais famosas e celebradas de Debussy.

Maurice RavelCIBOURE, 7 DE MARÇO DE 1875

PARIS, 28 DE DEZEMBRO DE 1937

La Valse

Embora seja na sua versão para orquestra que La Valse é mais conhecida e interpretada, a peça foi inicialmente escrita para piano solo. As versões para dois pianos e para orquestra vieram depois, entre 1919 e 1920. O facto de escrever versões diferentes de uma mesma obra não era pouco habitual para Maurice Ravel – o mesmo se verifica com Daphnis et Chloé ou Valses nobles et sentimentales, por exemplo. Além do objectivo evidente de ajudar à difu-são das obras em causa, esta pluralidade de versões de uma dada peça é um testemunho, e uma consequência, do processo cuidado e da atenção ao detalhe característico do composi-tor, que o levava a rever e retrabalhar o mate-rial inicial.

Sobre La Valse, Ravel escreveria o seguinte: “Concebi esta obra como uma espécie de apoteose da valsa vienense, à qual se vem juntar, no meu espírito, a impressão de um turbilhão fantástico e fatal. Situo esta valsa no contexto de um palácio imperial, à volta de 1855.” A obra era destinada a ser dançada, daí o subtítulo poema coreográfico, e foi escrita para os celebérrimos Ballets Russes, embora Diaghilev a tenha rejeitado.

A versão para dois pianos foi estreada pelo compositor com Alfredo Casella, em Viena, a 23 de Outubro de 1920. Peça muito exigente para os intérpretes, começa com uns murmú-rios misteriosos no registo grave de onde vai surgindo o ritmo a três tempos da valsa. Progressivamente, os fragmentos de dança vão -se transformando numa resplandecente

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e grandiosa valsa vienense, interrompida por secções mais calmas e sonhadoras. À medida que a peça se desenvolve, assiste -se a um crescendo de intensidade que culmina numa apoteose arrebatadora.

FRANCISCO SASSETTI

Notas ao programa gentilmente cedidas

pela Fundação Calouste Gulbenkian

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Pedro Burmester piano

Pedro Burmester nasceu no Porto. Foi aluno de Helena Sá e Costa durante dez anos, tendo terminado o Curso Superior de Piano do Conservatório do Porto com 20 valo-res, em 1981. Nos Estados Unidos, trabalhou com Sequeira Costa, Leon Fleisher e Dmitry Paperno entre 1983 e 1987. Ainda muito novo foi premiado em diversos concursos: Prémio Moreira de Sá, 2º Prémio no Concurso Vianna da Motta, prémio especial do júri no Concurso Van Cliburn nos Estados Unidos, entre outros.

Começou a apresentar -se em concertos e recitais aos 10 anos de idade e, desde então, já realizou mais de 1.000 concertos a solo, com orquestra e em diversas formações de música de câmara, em Portugal e no estrangeiro. São de realçar apresentações em La Roque d’An-théron, na Salle Gaveau, no Festival da Flandres, na Frick Collection e no 92nd Y em Nova Iorque, na Philharmonie de Colónia, na Gewand haus de Leipzig, na Casa Beethoven em Bona e no Concertgebouw em Amesterdão. Mantém um duo com Mário Laginha e actuou com os violi-nistas Gerardo Ribeiro e Thomas Zehetmair, com os violoncelistas Anner Bylsma e Paulo Gaio Lima e com o clarinetista António Saiote.

Gravou uma dezena de álbuns, incluindo obras para piano a solo de Bach, Schumann, Schubert e Chopin, e discos com a Orques-tra Metropolitana de Lisboa, com o violinista Gerardo Ribeiro e com os pianistas Bernardo Sassetti e Mário Laginha.

Foi Director Artístico e de Educação na Casa da Música, projecto que ajudou a criar e a implementar. Actualmente, para além da sua actividade artística, é professor na Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo (ESMAE) no Porto.

Mário Laginha piano

Com uma carreira que leva já mais de três déca-das, Mário Laginha é habitualmente conotado com o mundo do jazz. Mas o universo musi-cal que construiu com a cantora Maria João é um tributo às músicas que sempre o tocaram, a começar pelo jazz e passando pelas sono-ridades brasileiras, indianas e africanas, pela pop e pelo rock, sem esquecer as bases clássi-cas que presidiram à sua formação académica.

Mário Laginha tem articulado uma forte personalidade musical com a vontade de parti-lhar a sua arte com outros músicos e criadores. Desde logo, com Maria João, de que resultou um dos projectos mais consistentes e originais da música portuguesa. No início da década de 90 iniciou uma colaboração, que se mantém até hoje, com o pianista Pedro Burmester. Esta seria alargada a Bernardo Sassetti, em 2007, no projecto 3 Pianos, com fortíssima repercussão na crítica e no público.

Mário Laginha escreveu para formações muito variadas, tais como: Big Band da Rádio de Hamburgo, Big Band de Frankfurt, Orquestra Filarmónica de Hanôver, Orquestra Metropoli-tana de Lisboa, Remix Ensemble, Drumming GP e Sinfónica Casa da Música. Tem tocado com músicos excepcionais como Wolfgang Muth-spiel, Trilok Gurtu, Tcheka, Gilberto Gil, Lenine, Armando Marçal, Ralph Towner, Manu Katché, Dino Saluzzi, Kai Eckhardt, Julian Argüelles, Steve Argüelles, Howard Johnson ou Django Bates. Compõe também para cinema e teatro.

Para além da discografia com Maria João e em trio com Bernardo Moreira e Alexandre Frazão, editou um disco em duo com o pianista brasileiro André Mehmari e ainda Terra Seca com o Novo Trio (Laginha, Miguel Amaral e Bernardo Moreira).

MECENAS PRINCIPAL CASA DA MÚSICA

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