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Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti A Evolução da Agricultura em Portugal Curso de Formação Complementar Percursos da História e Geografia de Portugal – Domínio da Geografia Inês Isabel Morais Santos Moreira

A Evolucao Da Agricultura Em Portugal

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Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti

A Evolução da Agricultura em Portugal

Curso de Formação Complementar

Percursos da História e Geografia de Portugal – Domínio da Geografia

Inês Isabel Morais Santos Moreira

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Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti

A Evolução da Agricultura em Portugal

Curso de Formação Complementar

Percursos da História e Geografia de Portugal – Domínio da Geografia

Orientado por: Professor Doutor Armando Nogueira

Aluna: Inês Isabel Morais Santos Moreira

Apresentado e debatido em 25 de Setembro de 2009

Entregue em: 19 de Outubro de 2009

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Vale da Vilariça

Fonte: Miguel Afonso, 2005

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Dedicatória

Este trabalho é dedicado às crianças com quem estou diariamente no CATL…

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Agradecimentos

Gostaria de agradecer aos meus pais, em primeiro lugar, por todo o apoio que

me deram ao longo da minha vida, em especial neste últimos anos de formação

académica; agradeço a todos os docentes que me acompanharam no meu percurso

académico; gostaria de agradecer às minhas primas, Mané e Náná, pela preciosa

ajuda na realização do trabalho, sem os conhecimentos delas nesta área não teria

sido tão fácil e prazeroso realizá-lo; agradeço à minha colega de formação Filipa

Madeira pela preciosíssima ajuda técnica na realização quer do Power Point, quer da

parte de formatação deste trabalho; agradeço também à Rita Pereira, minha colega de

carteira, pela ajuda nas aulas, em especial para me colocar ao corrente nos dias em

que chegava atrasada; por último gostaria de agradecer ao Prof. Doutor Armando

Nogueira por toda a disponibilidade demonstrada no acompanhamento da realização

deste trabalho e em especial por todo o material e bibliografia fornecido, sem ele teria

conseguido tanta informação.

V

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Índice

Página

Introdução………………………………………………………………………………………1

A Agricultura……………………………………………………………………………………2

A Agricultura antes do 25 de Abril……………………………………………………………4

A Agricultura após o 25 de Abril………………………………………………………………6

Factores Condicionantes da Agricultura..……………………………………………………7

Vale da Vilariça…………………………………………………………………………………9

Diferentes Tipos de Ocupação do Solo.……………………………………………………11

Agricultura Moderna VS Agricultura Biológica.……………………………………………12

Êxodo Rural e Urbano.………………………………………………………………………14

Turismo no Espaço Rural - TER……………………………………………………………15

Conclusão..……………………………………………………………………………………17

Sitografia/Bibliografia…………………………………………………………………………18

VI

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Introdução

A Agricultura em Portugal é uma temática que cada vez mais tem vindo a ser

novamente debatida. Durante muito tempo foi um assunto totalmente colocado de

parte, com pouca atenção, e aparentemente davam-lhe pouca importância. Hoje em

dia é cada vez mais uma temática que deve suscitar a nossa atenção.

Desta forma o presente trabalho aborda a Evolução da Agricultura em Portugal.

Ao longo do trabalho encontra-se uma contextualização da agricultura no antes e após

o 25 de Abril, contém também as grandes diferenças dos sistemas de agricultura e

aparece a agricultura biológica de uma forma mais aprofundada. Após a parte mais

vocacionada para a agricultura enquanto produção, podemos encontrar algumas das

medidas que são oferecidas, hoje em dia, à população para estar mais em contacto

com a Natureza, como é o caso do Turismo no Espaço Rural, que no fundo acaba por

aparecer como resposta às necessidades das pessoas de se afastarem das grandes

cidades.

Após várias pesquisas consegui enriquecer o meu trabalho, e a mim mesma

em relação a este tema.

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A Agricultura

A Agricultura é um tipo de actividade desenvolvida pelo Homem e que o

relaciona com a Terra de uma forma metódica e sistemática, tendo como objectivo a

produção de alimentos. É comum incluir também na agricultura a criação de gado

(pecuária). A agricultura é, portanto, uma forma de artificialização do meio natural e

que vai desde a preparação do solo e sementeira, até à colheita e armazenamento,

passando pela conservação e irrigação das culturas, combate a pragas e a diversos

outros tipos de condicionalismos naturais e ainda as actividades de melhoria das

espécies vegetais e animais. Estas actividades podem ser efectuadas de uma forma

mais tradicional, utilizando predominantemente o trabalho manual e o auxílio da força

animal, ou de uma forma mais moderna, com um elevado grau de mecanização e

recorrendo a tecnologias avançadas.

Actividades como a produção de vegetais, a criação de gado e a produção

florestal estão incluídas na Agricultura.

Figura 1: Actividades da Agricultura

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O agricultor é aquele que cultiva o campo. O termo produtor aplica-se ao

proprietário de terras rurais onde, normalmente, é praticada a agricultura, a pecuária

ou ambos.

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A Agricultura antes do 25 de Abril

Duas décadas antes do 25 de Abril, Portugal começou a abrir a economia ao

estrangeiro e permitiu a entrada regulada de capitais estrangeiros, desenvolvendo

muito a nossa economia e as infra-estruturas, principalmente pontes, estradas e

barragens. Apesar deste grande crescimento, a economia portuguesa continuava a ser

predominantemente rural e a ser altamente supervisionada pelo regime, continuava a

ser atrasada em relação às grandes economias da Europa.

Portugal era até ao 25 de Abril um dos países com um rendimento per capita

mais baixo da Europa, significando que possuía uma mão-de-obra barata e que muita

gente vivia da agricultura de subsistência, que não é geradora de rendimentos,

embora tal não signifique que existisse desemprego real, ou que não houvesse

produção abundante de alimentos. Havia contudo fortes desequilíbrios regionais em

Portugal, com as cidades (principalmente as que ficam junto ao litoral) a expandir-se e

a beneficiarem do crescimento económico, e as zonas rurais a continuarem a não se

desenvolver ao mesmo ritmo, apesar do crescente número de vias de comunicação e

outras infra-estruturas (rede eléctrica, etc.) que nelas iam sendo construídas. O atraso

no desenvolvimento das zonas rurais, aliado ao súbito aumento da população a

chegar à idade adulta (provocado pela melhoria das condições de saúde e pela

diminuição da mortalidade infantil), fez com que se verificasse um excesso

populacional e uma certa aversão ao atraso que se vivia nos campos, o que levou

quase 2 milhões de pessoas, na grande maioria delas oriundas das zonas rurais, a

migrar para as cidades que estavam a crescer, ou a emigrar para o estrangeiro,

principalmente França, Estados Unidos da América, Canadá e Alemanha.

Existiam diferenças muito reais das zonas rurais para as zonas do litoral, mas

também se podiam ver essas diferenças do Norte para o Sul do país.

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No Norte do país predominavam as quintas com casas solarengas e as casas

do caseiro. Aqui trabalhavam-se as terras de uma forma que permitia o pagamento

das rendas ao senhorio com esses produtos. Mas por vezes as alterações climáticas

profundas afectavam o rendimento normal e assim não conseguiam retirar da terra o

necessário para pagar aos senhorios.

No Sul do país predominavam as grandes explorações (latifúndios) com

dimensões exageradas à escala do país que suscitavam todo um conjunto de

problema

Figura 2: Antes do 25 de Abril

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A Agricultura após o 25 de Abril

Após o 25 de Abril a agricultura foi sofrendo significativas alterações.

Desapareceram centenas de milhar de explorações, acentuou-se o envelhecimento

dos agricultores, diminuiu drasticamente a população activa agrícola, cresceu a

desertificação em amplas regiões do País e milhares de hectares têm vindo a ser

devastados pelo fogo e deu-se uma diminuição gradual da área semeada.

Apesar de tudo isto houve um crescimento da produtividade e da produção,

ainda que em níveis muito distantes das agriculturas mais desenvolvidas. Este

aumento da produtividade da terra deveu-se às mobilizações do solo mais profundas e

mais frequentes, que só foi possível devido ao aperfeiçoamento dos mecanismos. As

partes de madeira dos mecanismos foram substituídas pelo ferro e a utilização do

cavalo como animal de tracção, fomentando a procura do metal para as ferraduras.

Com o crescimento da produtividade da terra, o rendimento ficou mais disponibilizado

para a procura de têxteis (de lã e de algodão).

Actualmente temos uma agricultura mais moderna, quanto à maquinaria

agrícola, às aplicações da química (adubos e pesticidas) e à melhoria dos transportes.

O desenvolvimento ao nível da informática também foi decisivo na criação da

agricultura moderna. Esta é caracterizada pela maior regularização das safras e o

aumento da produção agrícola devido à utilização de tractores, colheitadeiras,

semeadeiras e alguns novos implementos agrícolas.

A implementação das reformas agrárias foi extremamente importante fazendo

evoluir a agricultura, contudo também levou a população a abandonar o campo e a

procurar as grandes urbanizações, os portugueses optaram por ir trabalhar por

períodos sazonais para a Europa, onde ganhavam mais, do que ficar em Portugal.

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Factores Condicionantes da Agricultura

Existem factores que influenciam a agricultura em Portugal. Alguns desses

factores são naturais, outros são humanos.

O clima, os recursos hídricos, a fertilidade do solo e o relevo são os principais

factores naturais que condicionam a nossa agricultura.

O clima é talvez o factor natural que mais condiciona a nossa produção

agrícola, devido às temperaturas, mas principalmente pela irregularidade da

precipitação. A existência de recursos hídricos é fundamental, o que torna mais

abundante a produção agrícola em zona onde a precipitação é maior e mais regular, já

nas áreas de menor precipitação há a necessidade de recorrer a sistemas de rega

artificial. Outro factor que influencia a produção agrícola é a fertilidade do solo, sendo

ela natural (dependendo das características geológicas, do relevo e do clima), ou

criada pelo Homem (fertilização e correcção dos solos). Este factor influencia

directamente a produção quer na quantidade quer na qualidade. No nosso país

predominam os solos de fertilidade natural média ou baixa, o que condiciona bastante

a agricultura. Quanto ao relevo podemos dizer que quando predomina o relevo plano

a fertilidade dos solos e a possibilidade de modernização das explorações é maior,

mas se o relevo do solo é mais acidentado a fertilidade torna-se menor e há maior

limitação no uso da tecnologia agrícola e no aproveitamento e organização do espaço.

Figura 3: Socalcos do Douro Figura 4: Fertilidade do Solo

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Figura 5: Temperaturas médias anuais Figura 6: Valores de precipitação anuais

O passado histórico, o objectivo da produção, as tecnologias e práticas

utilizadas e as políticas agrícolas são os factores humanos.

O passado histórico é um dos factores que permitem compreender a actual

ocupação e organização do solo em aspectos como a maior ou menor densidade

populacional e acontecimentos históricos. Tudo isto se reflecte ainda hoje nas

estruturas fundiárias (dimensão e formas das propriedades rurais), por exemplo, no

Norte a fragmentação da propriedade e no Sul o predomínio de grandes propriedades.

Outro dos factores que influencia a ocupação do solo é o objectivo da produção.

Quando a produção agrícola se destina ao auto-consumo, as explorações são de

pequena dimensão e utilizam técnicas artesanais. Quando a produção se destina ao

mercado, as explorações apresentam-se com uma maior dimensão e são mais

especializadas em determinados produtos, recorrendo a tecnologia moderna o que

contribui para uma maior produtividade do trabalho e do solo. As políticas agrícolas

influenciam as opções dos agricultores relativamente aos produtos cultivados,

regulamentam práticas agrícolas, como a utilização de fertilizantes, apoiam a

modernização das explorações.

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Vale da Vilariça

O Vale da Vilariça tem uma área aproximada de 34.000 hectares, constituindo

uma pequena planície aluvionar de 5000 hectares, da ribeira que lhe dá o nome, e que

nasce a cerca de 25 kms na Serra de Bornes.

O Vale corresponde a uma mega fractura activa, que atravessa o distrito de

Bragança no sentido N/S, provinda da Galiza e que se prolonga pelo distrito da

Guarda. Esta falha alargou-se no curso inferior do rio Sabor e na ribeira da Vilariça.

O Vale da Vilariça é uma área privilegiada pelas suas condições climatéricas,

de recursos hídricos, fertilidade do solo, relevo, é uma área que poderia ser fonte de

produção para exportação, contudo o Homem não tem sabido gerir da melhor maneira

esta brilhante localidade. A comprovar isso mesmo apresento de seguida um artigo do

jornal O Informativo que nos relata uma série de situações.

Um vale rico sem água

“O Vale da Vilariça abrange os concelhos de Alfândega da Fé, Torre de Moncorvo e

Vila Flor e estende-se desde o sopé da Serra de Bornes até ao rio Douro. A sua capacidade

produtiva está acima da média do país, com um micro-clima que permite que algumas culturas

produzam duas vezes por ano. Para além do vinho, do azeite e da amêndoa, destacam-se as

hortícolas, a fruta e, em tempos, até tabaco ali era produzido.

Mas o elevado potencial agrícola nunca obteve dos sucessivos governos portugueses a

celeridade necessária à conclusão de um plano de regadio iniciado na década de 60 do século

passado: das seis barragens previstas, apenas quatro estão concluídas e destas só funcionam

três, já que a de Santa Justa que só na semana passada teve autorização para começar a

encher.

Esta última barragem tem um paredão com cerca de 40 metros de altura e capacidade para

armazenar perto de três milhões e oitocentos mil metros cúbicos de água.

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Fica completo o designado Bloco Norte do regadio da Vilariça, que já dispõe das

barragens da Burga e do Salgueiro. Ambas com muito pouca água devido ao esforço de

regadio a que foram sujeitas no último verão. Para completar o velhinho plano de regadio falta

ainda completar o Bloco Sul do vale com a construção das barragens da Ribeira Grande e do

Arco. Segundo as previsões da Direcção Regional de Agricultura de Trás-os-Montes e Alto

Douro, aquela última deverá estar concluída no próximo ano. Rui Tadeu duvida dos prazos.

A demora na implementação deste plano de regadio, desenhado por Camilo de

Mendonça no século passado, poderá ter já dado uma machada no desenvolvimento agrícola

da região: A escassez de água, sobretudo, a que se somam as grandes distâncias aos centros

de comércio e a concorrência espanhola, tem “convidado” muitos dos jovens a abandonar a

terra e procurar outros destinos.

“Quando o velhos morrerem não vai cá ficar ninguém”, sentencia Camilo Augusto.”

Noticia de Março de 2006 d’ O Informativo

Figura 7: Vale da Vilariça

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Diferentes Tipos de Ocupação do Solo

Em Portugal predominam dois tipos de sistemas de cultura, a Intensiva e a

Extensiva.

Nos Sistemas Intensivos, o solo é total e continuamente ocupado, é comum a

policultura (mistura de culturas no mesmo campo). São sistemas utilizados em áreas

de solos férteis, de água e de mão-de-obra agrícola numerosa. Predominam as

culturas de regadio (precisam de rega regular). Podemos ver estes sistemas nas

seguintes áreas: Norte de Coimbra (Milho, vinho, gado bovino), Vale do Rio Douro

(Vinha), Algarve (Frutas), Açores (Gado leiteiro, ananás, chá, vinho), Centro da Beira

Alta (Vinho e frutas), Madeira (Frutos tropicais, vinho e flores), Ribatejo e Oeste

(Frutas, vinho e produtos hortícolas).

Nos Sistemas Extensivos não existe ocupação permanente e contínua do solo.

Este sistema é praticado em áreas de solos mais pobres e secos no Verão,

associando-se à monocultura (cultivo de uma só cultura no mesmo campo) e às

culturas de sequeiro. Actualmente estes sistemas associam-se a uma agricultura

mecanizada e voltada para o mercado, sobretudo no Alentejo. Podemos encontrar

Sistemas Extensivos em Trás-os-Montes e Beira Interior (Cereais, azeite e gado ovino)

e Alentejo (Cereais, azeite, cortiça, gado bovino, ovino e suíno).

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Agricultura Moderna VS Agricultura Biológica

A Politica Agrícola Comum (PAC) tem vindo a promover práticas agrícolas

amigas do ambiente e Portugal como ainda não tem uma agricultura tão intensiva e

poluente como a maior parte dos países da UE pode encarar este facto como uma

vantagem. Assim Portugal tem menos erros a corrigir e mais facilmente transitará para

uma prática agrícola que tenha em conta a preservação ambiental – Agricultura

Biológica – que passa pela recuperação de métodos tradicionais, muitos deles ainda

em uso em Portugal apoiados por novos métodos tecnológicos. O número de

produtores que aderiram a este modo de produção tem vindo a aumentar no nosso

país, assim como a variedade de produtos (exportamos para o Japão e os EUA). Uma

vez que a Europa é deficitária neste tipo de produtos, a produção biológica pode

constituir uma forma de aumentar a competitividade da agricultura portuguesa.

A Agricultura Biológica rejeita a utilização de todo o tipo de produtos

químicos de modo a eliminar a poluição agrícola. O objectivo principal é manter a

fertilidade do solo ao mesmo tempo que aumenta o valor nutritivo dos alimentos. Este

tipo de agricultura associa de novo a policultura à criação de gado, a rotação e a

diversidade das culturas, utilizando fertilizantes naturais como por exemplo, o estrume,

em vez de adubos químicos. O fertilizante natural favorece a vida microbiana,

impedindo o ataque de certos parasitas, e defendendo as plantas de determinadas

doenças. Permite-se igualmente que certas espécies de insectos combatam outras

espécies (luta biológica). A prática de uma agricultura biológica evidencia algumas

vantagens como o equilíbrio dos ecossistemas, redução da poluição, acabando por

combater os aspectos negativos da Agricultura Moderna, como por exemplo,

problemas de contaminação dos solos, esgotamento dos solos, contaminação das

águas superficiais e subterrâneas. A prática da agricultura biológica integra-se na

perspectiva de produzir com mais qualidade, preservando os recursos e protegendo o

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Agricultura Moderna Agricultura Biológica

Formas de trabalhar o

solo

Lavouras profundas que alteram

completamente a microflora e a estrutura do

solo.

Preocupação em respeitar e favorecer a microflora do

solo. As lavouras são superficiais e existe

incorporação de matéria orgânica numa camada

superficial de poucos centímetros de espessura.

Rotação de culturas Existe procura de rentabilidade imediata,

pelo que a rotação, se existir, é curta e

pouco diversificada.

Rotação bem equilibrada e estudada, de longa duração.

Fertilização Produtos químicos. Adubos minerais de

síntese.

Adubos orgânicos: são microrganismos do solo que

elaboram e fornecem todos os elementos nutritivos

necessários.

Luta contra os

inimigos das culturas

Utilização de produtos químicos (mais ou

menos prejudiciais) que deixam resíduos

tóxicos nos produtos alimentares e nos

solos.

A existência dos insectos destruidores das culturas é

limitada pela diversidade destas (policultura).

São usadas bactérias e insectos auxiliares para o

combate de pragas e doenças.

Resultados Com melhor aspecto, mas sem sabor e com

produtos que podem provocar várias

doenças. Poluição dos solos e das águas

subterrâneas.

Esgotamento dos solos.

Melhor qualidade nutritiva dos produtos alimentares,

mais sabor, mais saudáveis.

Melhoria da fertilidade dos solos a longo prazo, menos

poluição.

meio natural, ou seja, de forma sustentável.

Vejamos então as diferenças entre estas agriculturas no quadro apresentado

de seguida:

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O Êxodo Rural e Urbano

O Êxodo Rural designa o abandono do campo pelos seus habitantes, à

procura de melhores condições de vida. As pessoas deslocam-se das regiões

consideradas com menos condições de sustentabilidade para outras regiões.

Deslocam-se de áreas rurais para os centros urbanos.

Algumas das consequências do Êxodo Rural são: o facto de as cidades nem

sempre estão preparadas para receber um número de migrantes elevado; a oferta de

emprego nem sempre é suficiente; as habitações sem condições; as escolas com

excesso de alunos; e os hospitais superlotados;

O Êxodo Urbano designa a deslocação da população dos centros urbanos

para o meio rural. Algumas das causas que levam as pessoas a deslocarem-se são: o

facto de tentarem fugir da agitação das cidades, do ruído, da poluição, do stress, das

doenças respiratórias; a necessidade de espaços verdes; o gosto pelo cultivo; o

contacto com a fauna e com a flora; o tratamento de doenças; a tentativa de combater

a desigualdade demográfica; no fundo o seu grande objectivo é encontrar melhores

condições de vida.

Como uma grande parte da população não tem a possibilidade de abandonar

os seus empregos e mudar-se radicalmente para o meio rural, acabam por arranjar

uma solução paralela, que ainda que seja um pouco dispendiosa, é cada vez mais

uma realidade e uma procura como alternativa à fuga das grandes cidades. Essa

alternativa é a procura do turismo rural.

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Turismo no Espaço Rural (TER)

Turismo é a actividade de pessoas que se deslocam para lugares diferentes da

sua área de residência, por um período superior a 24 horas e inferior a um ano.

Turismo no Espaço Rural, ou TER, é o conjunto de actividades e serviços de

alojamento e animação em empreendimentos de natureza familiar, realizados e

prestados a turistas, mediante remuneração, no espaço rural. Tem como objectivo

principal oferecer aos turistas a oportunidade de conviver com as práticas, as tradições

e os valores da sociedade rural, valorizando as particularidades das regiões no que

elas têm de mais genuíno, desde a paisagem à gastronomia e aos costumes.

Oficialmente em Portugal o TER é composto pelas seguintes modalidades:

turismo de habitação, turismo rural, agroturismo, casas de campo e turismo de aldeia.

Contudo existem outras formas de turismo no espaço rural, como por exemplo o

turismo fluvial e o enoturismo.

O Turismo de Habitação desenvolve-se em solares, casas apalaçadas ou

residências de reconhecido valor arquitectónico, com dimensões adequadas,

mobiliário e decoração de qualidade. Caracteriza-se por um serviço de hospedagem

de natureza familiar e de elevada qualidade. Os rendimentos desta actividade

contribuem para o restauro, a conservação e a dinamização destas casas.

O Turismo Rural desenvolve-se em casas rústicas particulares, com

características arquitectónicas próprias do meio rural em que se inserem. O valor

etnográfico é mais importante do que o arquitectónico. Têm pequenas dimensões e

mobiliário simples. São utilizadas como habitação do proprietário, que dinamiza a

estadia dos visitantes.

O Agroturismo caracteriza-se por permitir que os hóspedes observem,

aprendam e participem nas actividades das explorações agrícolas, em tarefas como: a

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vindima, a apanha de fruta, a desfolhada, a ordenha e alimentação de animais, o

fabrico de queijo, vinho e mel.

As Casas de Campo são casas rurais e abrigos de montanha onde se presta

hospedagem, independentemente de o proprietário nelas residir. Integram-se na

arquitectura e ambiente característicos da região pela sua traça e pelos materiais de

construção.

O Turismo de Aldeia desenvolve-se em aldeias, com o mínimo de 5 casas

particulares, que mantêm as características arquitectónicas e paisagísticas tradicionais

da região. Esta modalidade envolve toda a aldeia e é uma das que melhor poderá

promover a conservação e valorização do património edificado. Também contribui para

melhorar a acessibilidade a aldeias que se encontravam quase isoladas e para a

criação de emprego na restauração, postos de turismo, comércio local e artesanato,

que poderá combater o despovoamento de certas áreas mais desfavorecidas.

Estão incluídas nesta forma de turismo as “aldeias históricas”, como por

exemplo a de Piódão.

Figura 8: Aldeia Histórica de Piódão

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Conclusão

A agricultura tem vindo a perder importância na ocupação da população activa

e na economia portuguesa. Apesar da modernização de alguns sistemas de produção,

sobretudo após a adesão à UE, a agricultura continua a enfrentar problemas que se

prendem, essencialmente, com as estruturas fundiárias, os níveis de rendimento e

produtividade, a qualificação profissional dos agricultores e a adequação dos usos do

solo às suas aptidões naturais. As áreas rurais ocupam uma vasta extensão do

território português e apresentam, no geral, fortes debilidades, a grande variedade de

recursos endógenos constitui uma das potencialidades a considerar para promover o

desenvolvimento rural, que deverá realizar-se de uma forma integrada e sustentável.

Como por exemplo o turismo em espaço rural (TER), que oferece vantagens não só

para os turistas como para as áreas onde se insere (novas actividades que geram

emprego, contribui para fixar população, etc )

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Sitografia / Bibliografia

http://cantinhodojorge.blogspot.com

http://olhares.aeiou.pt/vale_da_vilarica_foto145549.html

http://www.o-informativo.com/content/view/153/63/

http://www.omilitante.pcp.pt/index.php?

option=com_content&task=view&id=76&Itemid=32

http://www.knoow.net/ciencterravida/geografia/indicegeografia_a.htm

http://aimagemdapaisagem.nireblog.com/cat/por-montes-e-vales-16

http://pt.wikipedia.org

http://www.igeo.pt

http://www.flickr.com/photos

http://www.trasosmontes.com

http://static.blogstorage.hi-pi.com/photos/lenteoculta.fotosblogue.com/images/gd/

1199483793/Vale-da-Vilarica.jpg

http://www.arqueobeira.net/images/wallpapers/piodao800x600.jpg

Geografia A – 11º ano, Arinda Rodrigues, Isabel Barata, Joana Moreira, Revisão

Cientifica de José Manuel Simões, Texto Editores, 2008

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