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A EVOLUÇÃO DA PROFISSÃO CONTÁBIL1
Kamila Vargas Medeiros2
Vando Knob Hartmann3
Bruno Siqueira Druzian4
Roberto Carlos Dalongaro5
RESUMO: Com a globalização, o avanço tecnológico e a posição de destaque do Brasil no
cenário econômico e social, a contabilidade ocupa papel de grande importância, exigindo
melhor preparação dos profissionais contábeis. Assim, este artigo tem o objetivo de
desenvolver um estudo bibliográfico da profissão contábil, desde as origens até as suas
conquistas atuais no contexto econômico, descrevendo a história da contabilidade e sua
evolução, assim como a evolução do profissional contábil, delineando o perfil deste
profissional e sua importância na economia brasileira, caracterizando a sua formação e seu
campo de atuação. Conclui-se, com os dados elencados neste artigo que a presença da
contabilidade já se fazia notar desde a antiguidade, passando por grandes transformações até
os dias atuais, exigindo do profissional contábil adequação frente aos novos desafios de um
mercado altamente competitivo, pelo advento do avanço tecnológico e a internacionalização
da economia.
PALAVRAS-CHAVE: Evolução; Contabilidade; Profissão; Avanço tecnológico; Economia.
1 INTRODUÇÃO
O Profissional Contábil tem hoje uma posição bem definida na economia global, um
campo de trabalho bastante amplo e diversificado, e objetivos bem claros de onde ele
pretende chegar. Esta estabilidade profissional, estes horizontes bem definidos têm uma longa
história que será descrita ao longo deste artigo.
1 GT 05: Cultura, Sustentabilidade e Desenvolvimento 2Acadêmica do curso de Ciências Contábeis da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e
das Missões URI São Luiz Gonzaga. Email: [email protected] 3Professor de Ciências Contábeis da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões
URI São Luiz Gonzaga, RS, Brasil. E-mail: [email protected] 4Acadêmico do curso de Ciências Contábeis da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e
das Missões URI São Luiz Gonzaga. Email: [email protected] 5Professor de Administração da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões URI
São Luiz Gonzaga, Brasil. Email: [email protected]
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A história da contabilidade é tão antiga quanto a própria história da civilização. Está
ligada às primeiras manifestações humanas da necessidade social de proteção à posse e de
perpetuação e interpretação dos fatos ocorridos com o objeto material de que o homem
sempre dispôs para alcançar os fins propostos. Deixando a caça, o homem voltou-se à
organização da agricultura e do pastoreio. A organização econômica acerca do direito do uso
do solo acarretou em superatividade, rompendo a vida comunitária, surgindo divisões e o
senso de propriedade. Assim, cada pessoa criava sua riqueza individual (ZANLUCA, 2016).
Ao morrer, o legado deixado por esta pessoa não era dissolvido, mas passado como
herança aos filhos ou parentes. A herança recebida dos pais, denominou-se patrimônio. O
termo passou a ser utilizado para quaisquer valores, mesmo que estes não tivessem sido
herdados.
A origem da Contabilidade está ligada a necessidade de registros do comércio. Há
indícios de que as primeiras cidades comerciais eram dos fenícios. A prática do comércio não
era exclusiva destes, sendo exercida nas principais cidades da Antiguidade.
A atividade de troca e venda dos comerciantes semíticos requeria o acompanhamento
das variações de seus bens quando cada transação era efetuada. As trocas de bens e serviços
eram seguidas de simples registros ou relatórios sobre o fato. Mas as cobranças de impostos,
na Babilônia já se faziam com escritas, embora rudimentares. Um escriba egípcio
contabilizou os negócios efetuados pelo governo de seu país no ano 2000 A.C. (ZANLUCA,
2016).
Segundo o autor à medida que o homem começava a possuir maior quantidade de
valores, preocupava lhe saber quanto poderiam render e qual a forma mais simples de
aumentar as suas posses; tais informações não eram de fácil memorização quando já em
maior volume, requerendo registros.
Foi o pensamento do "futuro" que levou o homem aos primeiros registros a fim de que
pudesse conhecer as suas reais possibilidades de uso, de consumo, de produção etc. Com o
surgimento das primeiras administrações particulares aparecia a necessidade de controle, que
não poderia ser feito sem o devido registro, a fim de que se pudesse prestar conta do que era
administrado (ZANLUCA, 2016).
É importante lembrarmos que naquele tempo não havia o crédito, ou seja, as compras,
vendas e trocas eram à vista. O desenvolvimento do papiro (papel) e do cálamo (pena de
3
escrever) no Egito antigo facilitou extraordinariamente o registro de informações sobre
negócios.
2 A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA CONTABILIDADE
2.1 Contabilidade do mundo antigo
No período medieval, diversas inovações na contabilidade foram introduzidas por
governos locais e pela igreja. Mas é somente na Itália que surge o termo Contabilitá.
Podemos resumir a evolução da ciência contábil da seguinte forma segundo Zanluca (2016):
Período que se inicia com as primeiras civilizações e vai até 1202 da Era
Cristã.
A contabilidade empírica, praticada pelo homem antigo, já tinha como objeto o
Patrimônio, representado pelos rebanhos e outros bens nos seus aspectos quantitativos. Os
primeiros registros processaram-se de forma rudimentar, na memória do homem. Como este é
um ser pensante, inteligente, logo encontrou formas mais eficientes de processar os seus
registros, utilizando gravações e outros métodos alternativos.
O inventário exercia um importante papel, pois a contagem era o método adotado para
o controle dos bens, que eram classificados segundo sua natureza: rebanhos, metais, escravos,
etc. A palavra "Conta" designa o agrupamento de itens da mesma espécie.
As primeiras escritas contábeis datam do término da Era da Pedra Polida, quando o
homem registrava os seus primeiros desenhos e gravações. Os primeiros controles eram
estabelecidos pelos templos, o que perdurou por vários séculos.
Os sumérios e babilônicos, assim como os assírios, faziam os seus registros em peças
de argila, retangulares ou ovais, ficando famosas as pequenas tábuas de Uruk, que mediam
aproximadamente 2,5 a 4,5 centímetros, tendo faces ligeiramente convexas.
Os registros combinavam o figurativo com o numérico. Gravava-se a cara do animal
cuja existência se queria controlar e o número correspondente às cabeças existentes. Embora
rudimentar, o registro, em sua forma, assemelhava-se ao que hoje se processa. O nome da
conta, "Matrizes", por exemplo, substituiu a figura gravada, enquanto o aspecto numérico se
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tornou mais qualificado, com o acréscimo do valor monetário ao quantitativo. Esta evolução
permitiu que, paralelamente à "Aplicação", se pudesse demonstrar, também, a sua "Origem".
Na cidade de Ur, na Caldeia, onde viveu Abraão, personagem bíblico citado no livro
Gênesis, encontram-se, em escavações, importantes documentos contábeis: tabela de escrita
cuneiforme, onde estão registradas contas referentes á mão de obra e materiais, ou seja,
Custos Diretos. Isto significa que, há 5.000 anos antes de Cristo, o homem já considerava
fundamental apurar os seus custos.
O Sistema Contábil é dinâmico e evoluiu com a duplicação de documentos e "Selos
de Sigilo". Os registros se tornaram diários e, posteriormente, foram sintetizados em papiros
ou tábuas, no final de determinados períodos. Sofreram nova sintetização, agrupando-se
vários períodos, o que lembra o diário, o balancete mensal e o balanço anual. Já se estabelecia
o confronto entre variações positivas e negativas, aplicando-se, empiricamente, o Princípio da
Competência. Reconhecia-se a receita, a qual era confrontada com a despesa.
Os egípcios legaram um riquíssimo acervo aos historiadores da Contabilidade, e seus
registros remontam a 6.000 anos antes de Cristo. A escrita no Egito era fiscalizada pelo Fisco
Real, o que tornava os escriturários zelosos e sérios em sua profissão. O inventário revestia-se
de tal importância, que a contagem do boi, divindade adorada pelos egípcios, marcava o
início do calendário adotado. Inscreviam-se bens móveis e imóveis, e já se estabeleciam, de
forma primitiva, controles administrativos e financeiros.
As "Partidas de Diário" assemelhavam-se ao processo moderno: o registro iniciava-se
com a data e o nome da conta, seguindo-se quantitativos unitários e totais, transporte, se
ocorresse, sempre em ordem cronológica de entradas e saídas. Pode-se citar, entre outras
contas: "Conta de Pagamento de Escravos", "Conta de Vendas Diárias", "Conta Sintética
Mensal dos Tributos Diversos", etc.
Tudo indica que foram os egípcios os primeiros povos a utilizar o valor monetário em
seus registros. Usavam como base, uma moeda, cunhada em ouro e prata, denominada
"Shat". Era a adoção, de maneira prática, do Princípio do Denominador Comum Monetário.
Os gregos, baseando-se em modelos egípcios, 2.000 anos antes de Cristo, já
escrituravam Contas de Custos e Receitas, procedendo, anualmente, a uma confrontação entre
elas, para apuração do saldo. Os gregos aperfeiçoaram o modelo egípcio, estendendo a
escrituração contábil às várias atividades, como administração pública, privada e bancária.
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2.2 Contabilidade do mundo medieval
Período que vai de 1202 da Era Cristã até 1494.
Ainda de acordo Zanluca (2016), estudavam-se, na época, técnicas matemáticas, pesos
e medidas, câmbio, etc., tornando o homem mais evoluído em conhecimentos comerciais e
financeiros. Se os sumério-babilônios plantaram a semente da Contabilidade e os egípcios a
regaram, foram os italianos que fizeram o cultivo e a colheita.
Foi um período importante na história do mundo, especialmente na história da
Contabilidade, denominado a "Era Técnica", devido às grandes invenções, como moinho de
vento, aperfeiçoamento da bússola, etc., que abriram novos horizontes aos navegadores,
como Marco Polo e outros.
A indústria artesanal proliferou com o surgimento de novas técnicas no sistema de
mineração e metalurgia. O comércio exterior incrementou-se por intermédio dos venezianos,
surgindo, como consequência das necessidades da época, o livro caixa, que recebia registros
de recebimentos e pagamentos em dinheiro. Já se utilizavam, de forma rudimentar, o débito e
o crédito, oriundos das relações entre direitos e obrigações, e referindo-se, inicialmente, a
pessoas.
O aperfeiçoamento e o crescimento da Contabilidade foram a consequência natural
das necessidades geradas pelo advento do capitalismo, nos séculos XII e XIII. O processo de
produção na sociedade capitalista gerou a acumulação de capital, alterando-se as relações de
trabalho. O trabalho escravo cedeu lugar ao trabalho assalariado, tornando os registros mais
complexos. No século X, apareceram as primeiras corporações na Itália, transformando e
fortalecendo a sociedade burguesa. No final do século XIII apareceu, pela primeira vez a
conta "Capital", representando o valor dos recursos injetados nas companhias pela família
proprietária.
O método das Partidas Dobradas teve sua origem na Itália, embora não se possa
precisar em que região. O seu aparecimento implicou a adoção de outros livros que tornassem
mais analítica a Contabilidade, surgindo, então, o Livro da Contabilidade de Custos.
No início do Século XIV, já se encontravam registros explicitados de custos
comerciais e industriais, nas suas diversas fases: custo de aquisição; custo de transporte e dos
tributos; juros sobre o capital, referente ao período transcorrido entre a aquisição, o transporte
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e o beneficiamento; mão de obra direta agregada; armazenamento; tingimento, etc., o que
representava uma apropriação bastante analítica para época. A escrita já se fazia nos moldes
de hoje, considerando, em separado, gastos com matérias-primas, mão de obra direta a ser
agregada e custos indiretos de fabricação. Os custos eram contabilizados por fases
separadamente, até que fossem transferidos ao exercício industrial.
2.3 Contabilidade do mundo moderno
Período que vai de 1494 até 1840.
Como mostra Zanluca (2016), o período moderno foi a fase da pré-ciência. Devem ser
citados três eventos importantes que ocorreram neste período:
Em 1453, os turcos tomam Constantinopla, o que fez com que grandes sábios
bizantinos emigrassem, principalmente para Itália;
Em 1492, é descoberta a América e, em 1500, o Brasil, o que representava um
enorme potencial de riquezas para alguns países europeus;
Em 1517, ocorreu a reforma religiosa; os protestantes, perseguidos na Europa,
emigram para as Américas, onde se radicaram e iniciaram nova vida.
A Contabilidade tornou-se uma necessidade para se estabelecer o controle das
inúmeras riquezas que o Novo Mundo representava. A introdução da técnica contábil nos
negócios privados foi uma contribuição de comerciantes italianos do séc. XIII. Os
empréstimos a empresas comerciais e os investimentos em dinheiro determinaram o
desenvolvimento de escritas especiais que refletissem os interesses dos credores e
investidores e, ao mesmo tempo, fossem úteis aos comerciantes, em suas relações com os
consumidores e os empregados.
O aparecimento da obra de Frei Luca Pacioli, contemporâneo de Leonardo da Vinci,
que viveu na Toscana, no século XV, marca o início da fase moderna da Contabilidade.
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2.4 Frei Luca Pacioli
Escreveu "Tratactus de Computis et Scripturis" (Contabilidade por Partidas
Dobradas), publicado em 1494, enfatizando que à teoria contábil do débito e do crédito
corresponde à teoria dos números positivos e negativos.
Pacioli foi matemático, teólogo, contabilista entre outras profissões. Deixou muitas
obras, destacando-se a "Summa de Aritmética, Geometria, Proportioni et Proporcionalitá",
impressa em Veneza, na qual está inserido o seu tratado sobre Contabilidade e Escrituração.
Pacioli, apesar de ser considerado o pai da Contabilidade, não foi o criador das
Partidas Dobradas. O método já era utilizado na Itália, principalmente na Toscana, desde o
Século XIV. O tratado destacava, inicialmente, o necessário ao bom comerciante. A seguir
conceituava inventário e como fazê-lo. Discorria sobre livros mercantis: memorial, diário e
razão, e sobre a autenticação deles; sobre registros de operações: aquisições, permutas,
sociedades, etc.; sobre contas em geral: como abrir e como encerrar; contas de
armazenamento; lucros e perdas, que na época, eram "Pro" e "Dano"; sobre correções de
erros; sobre arquivamento de contas e documentos, etc.
Sobre o Método das Partidas Dobradas, Frei Luca Pacioli expôs a terminologia
adaptada: "Per", mediante o qual se reconhece o devedor; "A ", pelo qual se reconhece o
credor. Acrescentou que, primeiro deve vir o devedor, e depois o credor, prática que se usa
até hoje.
A obra de Frei Luca Pacioli, contemporâneo de Leonardo da Vinci, que viveu na
Toscana, no século XV, marca o início da fase moderna da Contabilidade. A obra de Pacioli
não só sistematizou a Contabilidade, como também abriu precedente que para novas obras
pudessem ser escritas sobre o assunto. É compreensível que a formalização da Contabilidade
tenha ocorrido na Itália, afinal, neste período instaurou-se a mercantilização sendo as cidades
italianas os principais interpostos do comércio mundial.
Foi a Itália o primeiro país a fazer restrições à prática da Contabilidade por um
indivíduo qualquer. O governo passou a somente reconhecer como contadores pessoas
devidamente qualificadas para o exercício da profissão. A importância da matéria aumentou
com a intensificação do comércio internacional e com as guerras ocorridas nos séculos XVIII
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e XIX, que consagraram numerosas falências e a consequente necessidade de se proceder à
determinação das perdas e lucros entre credores e devedores.
2.5 Contabilidade do mundo científico
Período que se inicia em 1840 e continua até os dias de hoje.
Para Hendriksen et al (1999), o Período Científico apresenta, nos seus primórdios,
dois grandes autores consagrados: Francesco Villa, escritor milanês, contabilista público, que,
com sua obra "La Contabilità Applicatta alle administrazioni Private e Plubbliche", inicia a
nova fase; e Fábio Bésta, escritor veneziano.
Os estudos envolvendo a Contabilidade fizeram surgir três escolas do pensamento
contábil: a primeira, chefiada por Francisco Villa, foi a Escola Lombarda; a segunda, a
Escola Toscana, chefiada por Giusepe Cerboni; e a terceira, a Escola Veneziana, por Fábio
Bésta.
Embora o século XVII tivesse sido o berço da era científica e Pascal já tivesse
inventado a calculadora, a ciência da Contabilidade ainda se confundia com a ciência da
Administração, e o patrimônio se definia como um direito, segundo postulados jurídicos.
Nessa época, na Itália, a Contabilidade já chegara à universidade. A Contabilidade começou a
ser lecionada com a aula de comércio da corte, em 1809.
A obra de Francesco Villa foi escrita para participar de um concurso sobre
Contabilidade, promovido pelo governo da Áustria, que reconquistara a Lombarda, terra natal
do autor. Além do prêmio, Villa teve o cargo de Professor Universitário.
Francisco Villa extrapolou os conceitos tradicionais de Contabilidade, segundo os
quais escrituração e guarda livros poderiam ser feitas por qualquer pessoa inteligente. Para
ele, a Contabilidade implicava conhecer a natureza, os detalhes, as normas, as leis e as
práticas que regem a matéria administradas, ou seja, o patrimônio. Era o pensamento
patrimonialista, foi o inicio da fase científica da Contabilidade.
Fábio Bésta, seguidor de Francesco Villa, superou o mestre em seus ensinamentos.
Demonstrou o elemento fundamental da conta, o valor, e chegou, muito perto de definir
patrimônio como objeto da Contabilidade.Mas foi Vicenzo Mazi, seguidor de Fábio Bésta,
quem pela primeira vez, em 1923, definiu patrimônio como objeto da Contabilidade. O
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enquadramento da Contabilidade como elemento fundamental da equação aziendalista, teve,
sobretudo, o mérito incontestável de chamar atenção para o fato de que a Contabilidade é
muito mais do que mero registro, é um instrumento básico de gestão.
Entretanto a escola Europeia teve peso excessivo da teoria, sem demonstrações
práticas, sem pesquisas fundamentais: a exploração teórica das contas e o uso exagerado das
partidas dobradas, inviabilizando, em alguns casos, a flexibilidade necessária, principalmente,
na Contabilidade Gerencial, preocupando-se demais em demonstrar que a Contabilidade era
uma ciência ao invés de dar vazão à pesquisa séria de campo e de grupo.
2.6 Escola Norte-Americana
Iudicibus (2009), relata que enquanto declinavam as escolas europeias, floresciam as
escolas norte-americanas com suas teorias e práticas contábeis, favorecidas não apenas pelo
apoio de uma ampla estrutura econômica e política, mas também pela pesquisa e trabalho
sério dos órgãos associativos. O surgimento do American Institut of Certield Public
Accountants foi de extrema importância no desenvolvimento da Contabilidade e dos
princípios contábeis; várias associações empreenderam muitos esforços e grandes somas em
pesquisas nos Estados Unidos. Havia uma total integração entre acadêmicos e os já
profissionais da Contabilidade, o que não ocorreu com as escolas europeias, onde as
universidades foram decrescendo em nível e importância.
A criação de grandes empresas, como as multinacionais ou transnacionais, por
exemplo, que requerem grandes capitais, de muitos acionistas, foi a causa primeira do
estabelecimento das teorias e práticas contábeis, que permitissem correta interpretação das
informações, por qualquer acionista ou outro interessado, em qualquer parte do mundo.
No início do século atual, com o surgimento das gigantescas corporações, aliado ao
formidável desenvolvimento do mercado de capitais e ao extraordinário ritmo de
desenvolvimento que os Estados Unidos da América experimentou e ainda experimenta,
constitui um campo fértil para o avanço das teorias e práticas contábeis. Não é por acaso que
atualmente o mundo possui inúmeras obras contábeis de origem norte-americanas que tem
reflexos diretos na economia dos países.
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2.7 A contabilidade no Brasil
No Brasil, a vinda da Família Real Portuguesa incrementou a atividade colonial,
exigindo – devido ao aumento dos gastos públicos e também da renda nos Estados – um
melhor aparato fiscal. Para tanto, constituiu-se o Erário Régio ou o Tesouro Nacional e
Público, juntamente com o Banco do Brasil (1808). As Tesourarias de Fazenda nas
províncias eram compostas de um inspetor, um contador e um procurador fiscal, responsáveis
por toda a arrecadação, distribuição e administração financeira e fiscal (SILVA ET AL,
2011).
Hoje, as funções do contabilista não se restringem ao âmbito meramente fiscal,
tornando-se, num mercado de economia complexa, vital para empresas informações mais
precisas possíveis para tomada de decisões e para atrair investidores. O profissional vem
ganhando destaque no mercado em Auditoria, Controladoria e Atuarial.
Hoje diante da globalização e a internacionalização do nosso País, a contabilidade se
faz presente em todos os seguimentos de qualquer organização. Junta-se todos os pensadores
e idealizadores da economia, administração e contabilidade teremos reais necessidades de
qualquer empreendimento do começo ao fim. Então a contabilidade é hoje a mola mestra para
se obter resultados na geração de renda, organização financeira, estatística elaboração de
procedimentos para melhoria do relacionamento interpessoal numa empresa, etc. Esta visão
não é futurista, mas uma realidade presente em todas as organizações. Inclusive hoje a busca
por profissionais liberais em contabilidade mudou seu perfil. Se busca por líderes, com bom
relacionamento interpessoal, inglês fluente e capacidade de resolver situações inesperadas.
Em síntese, hoje o contador não é mais aquele que ficava numa sala escondida atrás de um
birô, mas um profissional atento ao desenvolvimento e apreciação de todos os fatos
decorrentes da empresa onde está inserido ou mesmo quando for de maneira externa em seu
escritório (SILVA ET AL, 2011).
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2.8 Perfil do profissional contábil
O bacharel em Ciências Contábeis é um profissional eclético. Todo e qualquer
patrimônio necessita de critérios de formatação e de avaliação, fato do cotidiano do
Profissional da Contabilidade (CRC, 2016).
A identificação, análise e, finalmente, determinação do impacto das transações no
patrimônio das entidades exige do profissional um amplo e variado leque de conhecimento. O
mundo passa por grandes transformações e requer versatilidade e abrangência nas
interpretações. O profissional contábil está capacitado, habilitado e possui o conhecimento
necessário sobre assuntos econômicos, financeiros, tributários, organizacionais e
comportamentais para direcionar as conclusões da lógica contábil, sempre respaldado por
princípios e normas técnicas dando espaço à propalada interpretação da condição, qualidade e
valor do patrimônio. Nenhuma decisão de negócio é tomada sem os dados contábeis e
somente este profissional dispõe de técnicas para disponibilizar o valor patrimonial e a
direção dos negócios (COSTA, 2011).
Nos dias de hoje, a realidade do mercado exige um profissional pronto para assumir
novas responsabilidades. Mais do que apenas registrar os atos e fatos dos gestores das
empresas, ele deve nortear os empreendimentos e ajudar a administração a manter o negócio
na rota prevista. Para desempenhar essas funções com a máxima competência, sua formação
deve conter noções sólidas de Finanças, Economia e Gestão e, também, de Ciências
Humanas, Ética e Responsabilidade Social.
Atualmente, a profissão vive um momento áureo. Onde há uma empresa, seja ela de pequeno,
médio ou grande porte, existe a figura do Profissional da Contabilidade (FORTES, 2009).
O Profissional da Contabilidade pode exercer múltiplas funções, podendo atuar como:
Autônomo; Empresário de Contabilidade; Auditor Independente; Auditor Interno; Consultor
Tributário; Auditor Fiscal; Perito Contábil; Membro de Conselho Fiscal e de Administração;
Árbitro em câmaras especializadas; Mestre Acadêmico; Membro de Comitês de Auditoria;
Membro de Entidade de Classe; Executivo (CRC, 2016).
O profissional contábil entra numa nova fase, mais atualizada, mais dinâmica, mais
inovadora e mais exigente. Cabe aos geradores e aos seus usuários a maximização da
utilidade da informação contábil. Passamos da fase em que a contabilidade nos apresentava
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apenas um retrato histórico da situação passada da entidade, para um novo momento em que
além dos importantes dados históricos, projetarmos o futuro das organizações.
Nessa nova vertente, a educação, como principal agente propulsor das mudanças da
sociedade, é a chave para valorização profissional e deve ser vista como um processo inserido
no contexto das relações e interesses entre as instituições, estudante e organizações usuárias
das informações. A Instituição de ensino mais do que nunca, deve atuar como responsável
pela definição dos novos currículos de modo a atender às novas exigências, devendo imprimir
políticas claras e conscientes diante das novas realidades da sociedade em que está inserida,
formando profissionais necessários e de efetiva utilidade para atuar neste contexto. O
estudante ou contabilista deverá ter consciência de sua responsabilidade no processo de
aprendizado, dispondo-se a participar como protagonista, na execução de tarefas, estudos,
pesquisas e mudanças de comportamento, visando o aprimoramento técnico e intelectual para
enfrentar de forma proativa essa nova realidade.
O contabilista deve ter Competências e Habilidades: entende-se por competências o
conhecimento técnico e por habilidades, a capacidade de transmissão e análise do conteúdo
técnico.
Para o CRC (2016), as competências para o desempenho da profissão contábil são:
competências gerais, comerciais, organizacionais e técnicas;
a) Competências gerais - envolvem conhecer e entender as correntes econômicas,
políticas, sociais e culturais de uma forma global;
b) Competências comerciais - referem-se ao conhecimento do segmento de mercado
em que esteja atuando;
c) Competências organizacionais - conhecimento do processo operacional da
organização em sua área de atuação, através do conhecimento e interação entre o mercado e o
grupo organizacional;
d) Competências técnicas - conhecimento das normas e princípios contábeis, ser capaz
de desenvolver, analisar e implantar sistemas de informações contábeis e de controle
gerencial.
De acordo o CRC (2016), as habilidades necessárias para o profissional contábil são:
habilidades de comunicação, habilidades intelectuais e habilidades interpessoais;
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a) Habilidades de comunicação - representam a capacidade de transmitir e receber
informações com facilidade. É a defesa de seu ponto de vista, formal e informal, verbal ou
escrita de modo a posicionar-se de forma segura e persuasiva perante qualquer pessoa de
posição hierárquica, superior ou inferior. O profissional contábil deve ser capaz de escutar
atentamente e entender pontos de vistas opostos;
b) Habilidades intelectuais - capacidade de utilizar-se de criatividade para solução de
problemas, capacidade de julgamento, discernir prioridades e saber trabalhar sob pressão;
c) Habilidades interpessoais - correspondem a habilidade em trabalhar com pessoas,
saber influenciá-las, organizar e delegar tarefas, motivar e desenvolver pessoas e resolver
conflitos.
Ética: O profissional da área contábil deve exercer com ética as atribuições e prerrogativas
que lhes são prescritas.
3 ASPECTOS METODOLÓGICOS
O desenvolvimento deste estudo fundamenta-se na revisão bibliográfica. Por meio da
abordagem qualitativa das referências pesquisadas, procurou-se desencadear fatos históricos,
relações e interpretações acerca da temática abordada.
Argumenta-se que pesquisa qualitativa e seus métodos de coleta e análise de dados
são apropriados para uma fase exploratória da pesquisa. A pesquisa qualitativa também é
apropriada para a avaliação formativa, quando se trata de melhorar a efetividade de um
programa, ou plano, e também quando se trata de relatar uma evolução histórica de
determinado tema e construir considerações críticas sobre o seu aspecto evolutivo (ROESCH,
2015).
A pesquisa bibliográfica foi realizada em livros, monografias, revistas científicas, e
sites especializados com a temática da contabilidade. Com os dados e informações obtidas
realizou-se as considerações críticas, buscando produzir sua adequada interpretação e
desdobramentos relacionados a evolução histórica da contabilidade.
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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do exposto podemos concluir que, o profissional da Contabilidade foi se
desenvolvendo desde a antiguidade, mesmo antes de ser considerada a profissão de contador.
O perfil dessa profissão foi moldado de acordo com as necessidades advindas da própria
sociedade e cresceu com a demanda oriunda da globalização. Pois as empresas estão casa vez
mais organizadas e competitivas o que valoriza ainda mais a posição deste profissional dentro
das organizações. O contador passou de um simples “Guarda-livros” que tinha como função
principal o registro e guarda das informações contábeis para ocupar uma posição de destaque
na tomada de decisões das empresas. A função do profissional da Contabilidade é, pois, a de
consultor sobre assuntos da riqueza das empresas. Um consultor deve ter cultura científica,
tecnológica, ética e geral, mas, precisa do apoio de instituições específicas que zelem por
tudo isto, pela imagem da classe, pela valorização constante do conhecimento. O valor de
uma classe depende do valor dos elementos que a constituem.
Por fim, com a tecnologia em alta, os novos requisitos e as novas oportunidades
nesses novos tempos, não podemos deixar que as mudanças nos imponham decisões
contrárias as novas vontades, em prejuízo do tempo perdido. Devemos sim, nos antecipar e
sermos proativos, agindo como atores principais nesse novo cenário, fazendo com que a
profissão contábil seja reposicionada em um patamar mais expressivo na nossa sociedade.
Esses novos tempos não dispensam os conhecimentos básicos convencionais que hoje
tem o profissional contábil, o que se pode observar é um acréscimo de requisitos adicionais, a
exemplo das necessidades de conhecimentos de planejamento estratégico, tributário,
aprofundamento no conhecimento de tecnologia da informação, formação de preços,
orçamentos, contabilidade gerencial e contabilidade internacional. Isso nos leva a dizer que o
profissional da contabilidade é uma das profissões mais importantes da atualidade, mas que
ainda falta reconhecimento e destaque no que diz respeito a relevância desta profissão no
mercado de trabalho.
15
REFERÊNCIAS
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2016. Disponível em:
http://www.crcsp.org.br/portal_novo/profissao_contabil/profissional.htm> Primeiro acesso
em 15 jun. 2016.
COSTA, Erival. A Contabilidade Atual. Parnamirim: 2011. Disponível em:
<http://www.webartigos.com/artigos/a-contabilidade-atual/61343/#ixzz4BZXJtY9r>
Primeiro acesso em 12 jun. 2016.
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Contábil. 2009. Disponível em: <http://www.classecontabil.com.br/artigos/desafios-e-
perspectivas-para-a-profissao-contabil> Primeiro acesso em 15 jun. 2016.
HENDRIKSEN, Eldon S. e VAN BREDA, Michael F. Teoria da Contabilidade. – 5. ed. –
São Paulo: Editora Atlas, 1999.
IUDICIBUS, Sergio de; MARION; Jose Carlos, FARIA, Ana Cristina de. Introdução a
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2009.
ROESCH, Sylvia Maria Azevedo. Projetos de estágio e de pesquisa em administração:
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