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A REVOLUÇÃO TECNOLÓGICA "ATINGE-NOS" TODOS OS DIAS A evolução esperada nas telecomunicações As inovações constantes na área das telecomunicações, com a crescente penetração da fibra óptica, o aparecimento da TDT e novas soluções wireless definitivamente têm vindo a constituir uma revolução na forma como lidamos com a informação e a conectividade no nosso dia-a-dia. Por: Justino Lourenço* 52 MOBILE Tecnologia

A evolução esperada das telecomunicações

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A revolução tecnológicA "Atinge-nos" todos os diAs

A evolução esperada nas telecomunicaçõesAs inovações constantes na área das telecomunicações, com a crescente penetração da fibra óptica, o aparecimento da TDT e novas soluções wireless definitivamente têm vindo a constituir uma revolução na forma como lidamos com a informação e a conectividade no nosso dia-a-dia.

Por: Justino Lourenço*

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sinais de TV e rádio, as seguintes vantagens: maior eficiência espectral, possibilidade de compressão dos dados, capacidade de detec-ção e correcção de erros resultantes da trans-missão do sinal e a possibilidade de interface directo, por exemplo, com o nosso PC. Os operadores de TV e rádio terão o papel de ge-radores de conteúdos, a maior parte das vezes assíncronos, isto é, o espectador pretende ver uma série quando chega a casa, não na hora muitas vezes que ela é difundida. As estações de TV serão um portal de disponibilização de conteúdos, onde num modelo “pay-per-view” adaptado, os utilizadores terão acesso aos con-teúdos quando mais lhe for conveniente, com a excepção de determinados programas, como eventos desportivos ou programas informati-vos onde terá o interesse de os ver em directo. Não sei se a ideia de Bill Gates se irá concre-tizar na íntegra, ao vaticinar que iria ocorrer a fusão da nossa TV com um computador. Contudo, o nosso equipamento de TV irá evoluir para um modelo mais sofisticado, in-tegrando mais serviços. Assim, soluções como a criação dum portal de informações, serviços interactivos, controlo e administração inte-grada de soluções de domótica e navegação web vão vulgarizar-se, à semelhança do que já acontece nalguns países nórdicos.

Na Finlândia e Suécia, que acabam por ser-vir como modelo de referência na futura TV, a Spotify anunciou recentemente um serviço de música na plataforma de TV. À custa du-ma parceria com a TeliaSonera, irá disponibi-lizar aos clientes da plataforma de TV digital uma aplicação para a difusão de música (via streaming). Existem igualmente aplicações que fornecem informações aos munícipes de carácter geral e apoiam o turismo. A área do eHealth também tem vindo a ser utilizada, apoiada na plataforma da TV digital.

Relativamente à área do rádio, a solução DAB (Digital Audio Broacast), que resul-tou dum trabalho iniciado pelo Institut für Rundfunktechnik (IRT) para a difusão do rádio no formato digital, que evoluiu poste-riormente para o DAB+, tem sido adoptada

duma história que começou com uma rede analógica de voz, que por passos foi sendo digitalizada “end-to-end” e que chegou até à solução RDIS, parece finalmente ter atingi-do o seu limite evolutivo. A possibilidade de utilizar a rede de dados IP para transportar directamente a voz será a solução; se as nossas casas e empresas têm acesso a uma rede IP, a utilização dum cabo extra para fazer chegar o telefone fixo perde o sentido. O VoIP tem vindo a evoluir e, à medida que a Internet evo-lui e se consegue com mais eficiência definir prioridades no tráfego e consequentemente garantir uma maior qualidade no serviço de voz, o VoIP ganha competitividade. Como já foi previamente referido, é economicamente mais interessante, mais fácil de gerir e efectuar manutenção a uma única rede (IP), em vez da solução alternativa de ter de gerir várias redes em função do serviço procurado.

Na área da televisão será de esperar igual-mente uma (r)evolução! O modelo de TV (do ponto de vista tecnológico e funcional) que hoje conhecemos irá progressivamente desa-parecer. A utilização de sistemas analógicos de transmissão irá ser desactivada (switch-off) em 2012. Os sistemas analógicos de transmis-são, que nos garantiram os primeiros sistemas de comunicação humana, que foram usadas durante décadas na rádio e TV apresentam uma série de desvantagens, tais como: elevado consumo de banda espectral, elevada suscep-tibilidade a ruído e interferências e a impos-sibilidade de recuperar de situações de erro (se um sinal FM é corrompido o nosso rádio simplesmente reproduz ruído). A abordagem dos sistemas de comunicação digital que nos rodeiam permitem, no caso da transmissão de

Em zonas EmErgEnTEs, como a Àfrica, a

TEcnoLogia quE TErá mais impacTo E usabiLiDaDE sErá

a Wimax.

as redes de telecomunicações têm vindo a assumir um papel cada vez mais cru-cial na vida das pessoas e das empre-

sas. Ao longo das últimas décadas, a necessi-dade de comunicação tem vindo a tornar-se essencial. O crescente fluxo de informação, resultante da massificação da utilização de ferramentas como o e-mail, de comunicação (Messenger, Skype), redes sociais e download de conteúdos multimédia tem vindo a criar uma dependência (produtiva) pela Internet.

A indústria das telecomunicações, tem vin-do igualmente a demonstrar uma forte ca-pacidade de inovação, com provas dadas tais como a massificação da Internet, a constante evolução das redes WLAN e o crescimento das redes celulares.

O consumidor está cada vez mais exigente, procurando sempre maior largura de banda, conectividade total (no PC, na consola de jo-gos, no smartphone, etc.) mostrando-se ávido de novos serviços, nas áreas do entretenimen-to, utilidades, ensino e trabalho.

A tendência de fusão das redes, que se tem vindo a acentuar, sendo cada vez mais comum a convergência de várias redes e vários serviços numa única rede, com as vantagens óbvias pa-ra o fornecedor de serviço e para o utilizador.

O entrave do custo no “last mile” na pene-tração da fibra óptica parece estar a ser diluído pela necessidade crescente de entrega de novos serviços, que cada vez exige maior largura de banda e menor latência. Definitivamente, a solução dominante na entrega duma ligação de elevado débito e qualidade nos meios urba-nos será a fibra óptica. Em zonas emergentes, como África, a tecnologia dominante será o WiMAX.

A evolução esperada Assim, ao nível do telefone fixo, o caminho

será a migração dos vários utilizadores para outras plataformas apoiadas na Internet. A solução VoIP integrada num PC, PDA ou smartphone apresenta cada vez mais custos de comunicação competitivos, levando a crer que será a evolução do actual telefone fixo. Depois

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globalmente duma forma lenta, o que leva a questionar fortemente a sua massificação. Por outro lado, a utilização da Internet como ca-nal de difusão rádio tem vindo a crescer a um elevado ritmo, sendo mesmo vulgar pequenas estações difundirem neste canal, garantindo assim uma cobertura geográfica mais forte da rádio, algo que era impossível recorrendo ao espectro radioeléctrico. A difusão de rádio no formato digital (em especial recorrendo à In-ternet) permite a implementação duma série de novos serviços. A estação de rádio trans-forma-se num portal de informação e passa a dispor de ferramentas que permitem que haja interactividade com os ouvintes.

Futuro sem fios A nível da comunicação wireless de curto

alcance, tem aparecido uma série de inova-ções interessantes. Inicialmente, a aposta dos fabricantes de electrónica do consumo parecia ir na direcção da utilização do WLAN, para garantir a transferência de dados, por exem-plo, entre uma máquina fotográfica e uma impressora. Contudo, têm surgido uma série de soluções sem fios para curtas distâncias que apresentam a vantagem imediata de con-seguirem uma taxa de transferência superior à garantida pelo WLAN. A solução UWB (Ultra-Wide Band) que utiliza potências de sinal baixas numa largura de banda larga para comunicações de curto alcance, é uma tecno-logia com elevado potencial. Esta tecnologia é apontada por vários especialistas como uma das tecnologias com potencial para ter sucesso na implementação de soluções no âmbito das WPAN (Wireless Personal Area Network) e das WBAN (Wireless Body Area Network).

A tecnologia FTTH/B será a chave do sucesso para a criação duma rede de eleva-do débito, tendo no entanto apresentado um crescimento moderado, em parte provocado pelo constrangimento do custo do acesso ao “last mile”.

De acordo com um relatório do FTTH Council Europe, o número de subscritores da tecnologia FTTH/B cresceu cerca de 19% para um valor de cerca de 3,5 milhões, sen-do que o número de casas e edifícios com a tecnologia disponibilizada já atinge a marca dos 25 milhões. O estudo foi efectuado em 36 países da Europa. No entanto, verifica-se que a maioria dos utilizadores (77%) se encontra concentrado (ainda) em apenas sete países: Suécia, Itália, França, Lituânia, Noruega, Holanda e Dinamarca.

O que esperar no futuro próximo? A crescente massificação da fibra óptica, e

o crescimento do FTTH/B (Fiber-to-the-Home/Building) irá trazer uma disponibili-dade de largura de banda infindável. A dispo-nibilidade de largura de banda irá permitir a implementação de novos serviços apoiados em streaming de conteúdos multimédia, interac-tividade em tempo real, domótica e enrique-cer a experiência dos jogos online (no último

trimestre as vendas de jogos para consolas decresceram, enquanto as vendas da Nexon America, que tem uma plataforma de jogos online, cresceram 26%).

A expectativa de crescimento da largu-ra de banda disponibilizada irá igualmente condicionar a indústria da optoelectrónica. A necessidade de efectuar conversões óptico-eléctricas e electro-ópticas no trajecto e na pe-

riferia dos sistemas de comunicação por fibra óptica (amplificação, regeneração, filtragem, etc.) condiciona a velocidade de comunicação. À medida que todo o processamento se con-centra no domínio óptico, saindo do domínio da electrónica (que apresenta limitações cada vez mais notórias em termos de velocidade) teremos ainda melhores performances.

A massificação do IPv6 será o próximo pas-so da evolução do IP tal como o conhecemos. Contudo, o modelo e arquitectura da Internet terá que evoluir para uma solução nova, de forma a poder acompanhar os requisitos cres-centes de serviços, resiliência, escalabilidade e taxa de comunicação crescente. Já existem diversos projectos de I&D que estudam qual o modelo e arquitectura mais adequado para acompanhar à esperada evolução, sendo de es-perar que surjam propostas interessantes para o que será e como será a futuro da Internet.

Ao nível das redes sem fios, a comodidade que garantem será essencialmente o suporte preferencial de comunicação em mobilidade, mas também a solução preferível para aplica-ções como a domótica. A tendência, tal como foi apontado ao longo deste artigo, irá levar à distinção entre comunicações de curto alcan-ce (entre dispositivos de domótica, entre duas consolas de jogos, etc.) que ocorrerá a mais elevados débitos e à comunicação sem fios sem constrangimentos de distância.

A taxa de adopção das tecnologias asso-ciadas ao Cloud Computing irá igualmente pressionar a disponibilidade de largura de banda, ao desviar o peso do processamento da informação do equipamento do utilizador para a nuvem.

Definitivamente, e duma forma cada vez mais intensa, as telecomunicações serão a chave do sucesso para o enriquecimento da experiência de utilização da Internet, a nível pessoal e empresarial, abrindo as portas para a generalização de utilização de soluções de domótica, mCRM, eHealth, eCommerce/MCommerce e eLearning.

*Professor e investigador do instituto superior

Politécnico gaya. consultor na área das

telecomunicações.

contacto: [email protected]

a Difusão DE ráDio no formaTo DigiTaL pErmiTE a impLEmEnTação DE uma sériE DE novos sErviços.

o nosso EquipamEnTo DE Tv irá EvoLuir para um

moDELo mais sofisTicaDo, inTEgranDo mais sErviços.

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