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robert-garcia-toledo
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A FIGUEIRA – EUGÉNIO DE ANDRADE
Este poema começa no verão,os ramos da figueira a rasara terra convidavam a estender-meà sua sombra. Nelame refugiava como num rio.A mãe ralhava: A sombrada figueira é maligna, dizia.Eu não acreditava, sabia bemcomo cintilavam maduros e abertosseus frutos aos dentes matinais.Ali esperei por essas coisasreservadas aos sonhos. Uma flautalongínqua tocava numa éclogaapenas lida. A poesia roçava--me o corpo desperto até ao osso,procurava-me com tal evidênciaque eu sofria por não poder dar-lhefigura: pernas, braços, olhos, boca.Mas naquele céu verde de Agostoapenas me roçava, e partia.