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CEAD – CENTRO DE ENSINO À DISTÂNCIA UNB - UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA - DF MINISTÉRIO DOS ESPORTES A FORMAÇÃO DE ATLETAS NO BRASIL: O PAPEL DA ESCOLA E DOS CLUBES NA FORMAÇÃO DE ATLETAS ANTONIO RAFAEL DOS SANTOS Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do título de especialista em Esportes Escolar, pelo Centro de Ensino a Distância da Universidade de Brasília sob a Orientação do Prof° Dr. Ronaldo Rodrigues da Silva PhD. Brasília - 2007

A FORMAÇÃO DE ATLETAS NO BRASIL: O PAPEL DA … · 73) IV. Antonio Rafael dos Santos . ... que o Brasil evoluiu muito nas mais diversas modalidades esportivas, ... “ginga” que

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CEAD – CENTRO DE ENSINO À DISTÂNCIA UNB - UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA - DF MINISTÉRIO DOS ESPORTES

A FORMAÇÃO DE ATLETAS NO BRASIL: O PAPEL DA ESCOLA E DOS CLUBES NA FORMAÇÃO DE ATLETAS

ANTONIO RAFAEL DOS SANTOS

Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do título de especialista em Esportes Escolar, pelo Centro de Ensino a Distância da Universidade de Brasília sob a Orientação do Prof° Dr. Ronaldo Rodrigues da Silva PhD.

Brasília - 2007

AGRADECIMENTOS

Agradeço do fundo do meu coração, aos meus pais pela oportunidade de viver

e aprender, pelo carinho e dedicação e, principalmente pela doação.

Á minha esposa e filhos, pela compreensão, incentivo e pela ajuda sempre

bem vinda, para que pudesse “inventar” tempo para estudar.

Aos meus colegas de trabalho, por permitir estudar durante o expediente e,

pela flexibilização do horário, permitindo estudar.

Aos colegas do grupo de estudos do Centro de Ensino Fundamental 7, pelas

idéias compartilhadas e dicas sempre bem-vindas.

Aos professores Pedro Emílio, Eniomar, Sena, Valtinho e Maris Rosa, pelas

entrevistas e pela sinceridade. Boa sorte em seus projetos!

Aos presidentes Paulo Roberto de Freitas (Bebeto de Freitas) do Botafogo e

Márcio Baurel Braga (Márcio Braga) do Flamengo, pela paciência e boa vontade em

colaborar com as entrevistas.

Ao pessoal da Globo.com, pela cessão de materiais diversos, que

enriqueceram bastante o material de estudo.

Aos meus alunos, por compartilharem experiências.

Ao meu amigo e diretor Abel, pela lembrança.

O meu muito sincero, obrigado a todos!

II

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus filhos, para que compreendam o sentido e a

importância do estudo.

III

EPÍGRAFE

Então, disse um professor: Fala-nos do ensinar. E ele disse:

- Ninguém pode vos revelar nada, a não ser o que jaz meio adormecido no âmago do vosso conhecimento.

O professor que caminha na sombra do templo, junto a seus discípulos, não oferece seu conhecimento, mas sua fé e seu amor. Se ele for realmente sábio, não vos convida a entrar na casa de sua sabedoria, mas vos guia até o limiar da vossa própria mente.

O Profeta – Khalil Gibran (2001, p. 73)

IV

Antonio Rafael dos Santos

Monografia realizada como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Esporte Escolar, pelo Centro de Ensino a Distância, da Universidade de Brasília – Unb, pela comissão formada pelos professores: ________________________________________ Presidente: LUCILA SOUTO MAYOR RONDON DE ANDRADE - MESTRE EM EDUCAÇÃO ________________________________________ Membro 1: PROFº JORGE SERIQUE – MESTRE EM EDUCAÇÃO _________________________________________________________ MEMBRO 2 DR. RONALDO RODRIGUES DA SILVA – PhD.

Brasília (DF), ____ De ______ De 2007.

V

RESUMO Este trabalho visou fazer uma reflexão acerca da questão da formação de atletas no Brasil. O intuito foi debater porque o país não possui uma política específica para este fim, descobrir se a escola já foi ou ainda é um grande pólo de formação de atletas e, debater as conseqüências da falta de investimentos na vida esportiva para o país. Para compreendermos esta situação, foi realizada uma contextualização histórica, abordando a realidade escolar até a atualidade. A seguir, através de um instrumento de pesquisa (entrevista), algumas personalidades falarão a respeito da formação de atletas dentro e fora do contexto escolar. Por último, uma análise, visando aprofundar a questão da formação dos atletas e, um debate sobre a criação das chamadas “clínicas” de ginástica, natação e voleibol. Seria esta uma saída para o Brasil? Para compreender como o Brasil tem tratado a questão da formação de atletas, foi realizada entrevistas com professores e com Presidentes de clubes, além de recolhimento de informações, através de programas como Globo Esporte, Sportvrepórter, Dossiê Sportv e A Caminho do Pan. O grande objetivo deste estudo foi entender os rumos do esporte, desde funções sociais, como a inclusão social e a melhoria de vida, como pelo fato de propiciar melhoria na qualidade de vida. Neste período de estudo, procurei entender as perspectivas e as expectativas do Brasil com relação ao pan-americano a ser realizado no Rio de Janeiro. O estudo mostrou que o Brasil evoluiu muito nas mais diversas modalidades esportivas, graças ao trabalho de muita gente competente que hoje dirigem o COB. Porém, apesar das iniciativas do governo federal, o país ainda carece de uma política de formação de atletas, a criação destas clínicas esportivas, a provação da lei de incentivo ao esporte, podem ser um bom começo; mas não são ainda solução. PALAVRAS CHAVE: - Formação De Atletas, Contexto Escolar e Fora Do Contexto Escolar

VI

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 01 PROBLEMATIZAÇÃO 04 JUSTIFICATIVA 05 OBJETIVOS 08 GERAL 08 ESPECÍFICOS 08 CONTEXTUALIZAÇÃO 09 A FORMAÇÃO DE ATLETAS NO BRASIL 12 A FORMAÇÃO DE ATLETAS NASESCOLAS 14 A FORMAÇÃO DE ATLETAS NOS CLUBES ESPORTIVOS O APARECIMENTO DAS “CLÍNICAS DE ESPORTES”

17

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 19 APRESENTAÇÃO DOS DADOS E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 20 CONCLUSÃO E SUGESTÕES 51 BIBLIOGRAFIA 54 ANEXOS 57

VII

1 - INTRODUÇÃO:

Panathon Internacional é uma associação dos clubes Panathon, entidades

fundamentadas essencialmente em trabalho voluntário de seus sócios e com

finalidade ética e cultural que se propõe a aprofundar, divulgar e defender valores do

esporte como instrumento de formação e valorização da pessoa como veículo de

solidariedade entre os homens e os povos.

Esta associação, lançada em Genebra em 1988, traz a carta dos direitos da

criança no esporte, com onze itens, a saber: 1- Direito de praticar esporte; 2- Direito

de diversão; 3- Benefício de ambiente sadio; 4 – Tratamento com dignidade; 5 –

Treinamento por pessoas qualificadas; 6 – Igualdade nas possibilidades; 7 –

Competições adequadas; 8 – Direito ao repouso; 10 – Direito de não ser campeão;

11 – Direito a brincadeiras.

Esta instituição não considera a escola como possibilidade pedagógica do

esporte. Estes direitos podem se tornar inexpressivos e sem utilidade, caso não

ocorra uma efetiva manifestação sobre eles. Contudo, não se pode confundir o

esporte educacional com o esporte de alto rendimento; devendo este ser praticado

fora do âmbito escolar.

No campo do esporte de alto rendimento, o Brasil tem experimentado avanços

consideráveis, como inclusão do esporte pela primeira vez numa Constituição

(1988), criação de um ministério próprio para os esportes e, mais recentemente a lei

de incentivo ao esporte, aprovada no dia 21 de dezembro. Além disso, vários

projetos foram criados com o intuito de aproximar o Brasil da realidade apesar de ser

de iniciativa do Governo Federal, tem atuado dentro das escolas públicas do país,

extraindo uma concepção própria e dentro das características brasileiras, tem

contribuído para Inclusão Social. Esta iniciativa busca garantir o direito à prática

esportiva às crianças e adolescentes. Este estudo busca o incentivar o crescimento

e desenvolvimento pessoal.

1

São inegáveis os benefícios destes projetos, bem como a criação do Ministério

dos Esportes; porém, o país ainda está longe de encontrar uma política ideal tanto

para garantir o acesso de todos à prática esportiva ou às políticas sociais, que

garantam às crianças, escolas de qualidade ou o direito de escolher como vão se

relacionar com o esporte. Quando o país conseguir definir uma política que englobe

a prática esportiva e o direito à escola, conseguirá diminuir as diferenças sociais. E,

quem sabe poderemos investir na formação de atletas.

Outro problema enfrentado em nosso país é o grande número de pessoas não

qualificadas à frente de projetos. É necessário se definir o papel de ex-atletas, que

deveriam cuidar de projetos ligados aos clubes esportivos e destinados à formação

de atletas de alto rendimento e, o professor de educação física ficar encarregado de

dirigir projetos ligados às escolas e, destinados a trabalhar aspectos sociais das

crianças envolvidas.

Em todo o Brasil, existem milhares de pessoas, tentando praticar alguma

modalidade esportiva. São milhares de garotos e garotas que estão correndo atrás

do sonho de se tornar um atleta profissional. Em todo o Brasil, existem projetos

destinados à formação de atletas. As maiorias destes projetos constituem iniciativas

individuais, que convivem com eternas dificuldades, sem o apoio ou mesmo

reconhecimento por parte do governo.

A formação de atletas de alto nível, não é importante apenas somente no que

diz respeito à melhoria do desempenho do país em competições internacionais. A

questão mais importante talvez seja a questão do exemplo. O atleta é quase sempre

uma excelente influência, sob todos os aspectos. A formação de caráter, os bons

exemplos, a perseverança e muito mais. O atleta é antes de tudo um ídolo e como

tal, ele se torna uma fonte de inspiração para milhares de crianças.

Contrariando a idéia de que o Brasil não forma atletas em outras modalidades,

além do futebol e do voleibol, no salto triplo, atualmente apenas dez atletas no

mundo possuem marcas superiores aos dezessete metros. Destes, três são

brasileiros. Aliás, o Brasil sempre teve tradição nesta prova. Campeões como

Ademar da Silva, João do Pulo, que estabeleceram recordes mundiais nesta

2

modalidade. E, atualmente possui três atletas entre os dez que saltam mais de

dezessete metros.

O que poucas pessoas sabem é que as três estratégias de salto que são

utilizadas no salto triplo, foram desenvolvidas por brasileiros. Este fator mostra que o

brasileiro, não improvisa apenas no futebol. Ele é capaz de pensar o jogo, buscando

melhores maneiras de vencer obstáculos; ou seja, o brasileiro é talhado para a

prática esportiva.

Sempre que discutimos a respeito da formação de atletas, comentamos o

modelo cubano, que é baseado na formação atlética associada à escola; ou o

modelo norte-americano, que é baseado na formação atlética, voltada para uma

formação profissional nas universidades, ou ainda o modelo adotado pelos Estados

totalitários, onde a formação de atletas é voltada para propaganda política.

Quando iniciei esta pesquisa, não tinha e não tenho como objetivo sugerir

qualquer destes modelos para que o Brasil possa formar atletas. Acredito que o

Brasil possa elaborar uma política de formação de atletas, na qual também esteja

incluída a formação didática. Talentos, o Brasil já mostrou que tem de sobra.

Para Bracht (1997), num sentido geral, toda prática esportiva é educativa.

Resta saber quais são os valores e atitudes que determinado esporte defende e

pratica.

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2 - PROBLEMATIZAÇÃO:

O Brasil não possui uma política definida, quando o assunto é a formação de

atletas de ponta em qualquer modalidade esportiva.

O Brasil ficou marcado como país do futebol, devido ao sucesso alcançado

neste esporte. E, também por causa da grande quantidade de atletas de ponta que

praticam este esporte.

Na última década, outro esporte coletivo, o voleibol, ganhou destaque, graças

a um trabalho muito bem feito e à profissionalização dos atletas.

Ultimamente, o Brasil tem alcançado resultados expressivos na natação, na

ginástica e no boxe, graças à implantação das chamadas “clínicas de esportes”, que

consistem na implantação de centros de treinamentos específicos das modalidades,

onde são reunidos os melhores técnicos e os melhores atletas do país, para juntos

aperfeiçoarem técnicas e poderem executar treinamentos específicos. Também, o

segredo para o sucesso destas clínicas, é o intercâmbio com técnicos internacionais,

como no caso da ginástica do ucraniano Oleg Staphenko e sua esposa, que foram

responsáveis pelo sucesso da Romênia na ginástica e pelo aparecimento da ginasta

Nádia Komanetti; no boxe, o Brasil importou cinco treinadores cubanos para

desenvolver o projeto para a disputa do pan-americano do Rio de janeiro.

Afinal, estas clínicas podem se constituir em uma política de formação de

atletas? Qual o papel das escolas públicas na formação destes atletas? Qual a

relação dos atletas brasileiros com os clubes esportivos?

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3 - JUSTIFICATIVA:

A visão que as pessoas tinham de que o atleta é feito na escola ou nos clubes

esportivos, está cada vez mais longe da realidade esportiva do nosso país, pois a

escola deve ser entendida como lugar para a prática do esporte escolar e os clubes

esportivos brasileiros estão enfrentando sérias dificuldades econômicas. Não que o

nosso país não tenha potencial para revelar grandes atletas; ao contrário, o Brasil é

muito rico em recursos humanos e, conhecido pela “ginga” do seu povo. E, é essa

“ginga” que faz o diferencial do atleta brasileiro.

Ao contrário do que se pensam, estes talentos estão presentes em todos os

esportes, não somente no futebol. Acontece que o futebol se tornou um verdadeiro

fenômeno social e, a partir da década de 70, começou a se profissionalizar. Ainda

que não seja um exemplo de organização, podemos dizer que a formação de atletas

no futebol brasileiro é constante; é comum encontrarmos jogadores de futebol

brasileiro em toda a parte do mundo. Este talento nato do brasileiro para o futebol, já

rendeu à nossa seleção de futebol o pentacampeonato do mundo.

Porém, se compararmos a realidade do futebol brasileiro em matéria de

estrutura e organização com outros, como por exemplo, na Europa, veremos que

ainda temos muito a evoluir. No Brasil, apesar de tantos talentos, temos

campeonatos pobres, com grandes clubes endividados e jogadores indo embora

cada vez mais cedo.

Além do futebol, o voleibol brasileiro experimentou um crescimento

surpreendente nas últimas décadas, tornando-se o segundo esporte mais praticado

e mais popular do país. O crescimento do voleibol deveu-se ao trabalho de pessoas

como Carlos Artur Nuzman, ex-presidente da CBV e hoje presidente do COB; Ari

Graça Mello, atual presidente da CBV; Bebeto de Freitas, ex-atleta e atual

presidente de seleções de voleibol brasileiras; Bernardinho e José Roberto

Guimarães, ex-atletas e atuais treinadores das seleções masculina e feminina do

Brasil.

O Brasil é heptacampeão mundial de voleibol masculino, foi vice no feminino e

domina completamente o voleibol de areia. Além disso, o país possui os melhores

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jogadores do mundo. O problema vivido pelo voleibol é semelhante ao futebol; ou

seja, nossos melhores jogadores atuam fora do Brasil. Os clubes brasileiros revelam

grandes jogadores, mas não consegue segurá-los devido aos altos salários

recebidos.

Após viver uma fase de afirmação, o basquetebol brasileiro vive hoje uma fase

bem conturbada. Com as equipes principais passando por reformulações, os

grandes jogadores atuando fora do país, brigas entre os dirigentes da CBB e, os

grandes clubes fora da liga adulta. Com tantos problemas, dá para prever tempos

difíceis para o nosso basquetebol.

Nas artes marciais, o Brasil sempre conta com alguns atletas de ponta no judô,

Karatê, Jiu jitso e Tae Ken dô. A maioria dos atletas, formados em milhares de

academias espalhadas pelo Brasil.

No atletismo, contamos com o surgimento esporádico de atletas, como Ademar

da Silva, João do Pulo Aida dos Santos, Robson Caetano, Carmen de Oliveira e,

atualmente Lenilson dos Santos.

O presidente do COB, Carlos Nuzman, lançou as chamadas “Clínicas de

Esportes”, projeto que conta com investimentos do COB e do governo federal,

através de patrocínios das empresas estatais. Na ginástica, por exemplo, foi criado

um centro de treinamento e aperfeiçoamento em Curitiba, onde além de reunir os

principais atletas da ginástica, conta ainda com uma comissão técnica permanente

e, com o casal Stephanenko, que realizaram um excelente trabalho frente à seleção

romena.

No Rio de Janeiro, foi criada a “Clínica de Natação” e, os primeiros grandes

resultados já estão aparecendo. O boxe também ganhou uma clínica e, foram

trazidos treinadores cubanos; como resultado, o Brasil já deve entrar nos jogos pan-

americanos para brigar por medalhas.

Acredita-se que as respostas para todas estas perguntas estão longe de

acontecer. O que precisa acontecer com urgência no país é definir uma política

esportiva, que contemple escolas e clubes esportivos, que mostre qual o caminho

6

que o país seguirá na formação dos seus futuros atletas e, que permita cuidar

melhor de nossos ex-atletas.

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4 - OBJETIVOS: 4.1 – GERAL:

Entender como um país com uma diversidade racial tão grande, tão rico

culturalmente, com um povo tão cheio de “ginga” e ávido para a prática esportiva,

não consegue revelar grandes atletas em esportes como o atletismo, a natação, o

boxe e outros, ficando preso ao futebol.

4.2 – ESPECÍFICOS: 4.2.1 – Identificar as mudanças sofridas na escola pública na década de 70

4.2.2 – Enumerar as diversas mudanças ocorridas nos clubes esportivos, com a

saída dos sócios e com a profissionalização do futebol, relacionando estes

acontecimentos com a falta de investimentos em formação de atletas em outras

modalidades;

4.2.3 – Entender o funcionamento das “Clínicas de Esportes” e, descobrir se elas

podem vir a se constituir numa política para a revelação de grandes atletas.

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5 - DESENVOLVIMENTO

“A formação de atletas no Brasil: O papel da escola e dos clubes esportivos na formação de atletas”.

Segundo a Constituição Brasileira de 1988, o esporte é uma política social

para todo o cidadão. Portanto, cabe ao Estado propiciar ao cidadão o direito da

prática do esporte.

No Brasil, o esporte sempre foi uma política para poucos. As classes

dominantes apenas legitimavam as práticas esportivas quando seus interesses

internacionais poderiam promover a nação, vendendo-a segundo os princípios

mercadológicos. Assim, construiu-se uma concepção de que a política do esporte

deveria ser massificada segundo os interesses do fomento ao esporte olímpico. Para

compreender o que é uma política de esporte, é necessário entender o que é uma

política social.

A política social é geralmente entendida como um conjunto de planos,

programas e normas, nas quais o Estado estabelece suas diretrizes, fixando ordens

de governo e concebendo alguns mecanismos de reprodução social. O esporte

insere-se na luta de classes, pois se articulam perspectivas antagônicas em seu

campo de atuação.

“Um exame fundamentado no método materialista histórico e dialético pode

revelar a política social como parte da estratégia da classe dominante, mais

adequadamente da burguesia. Pode dar a conhecer a política social como estratégia

capaz de conservar a desigualdade social, colaborando no funcionamento do

capitalismo” (Vieira, 1977, p. 30).

Segundo a dialética de Marx e Angels, “o homem é um ser social,

concretamente determinado pela história” (Marx & Angels, 1982, p. 123), sendo

determinante uma série de acontecimentos, que devem determinar a história de uma

sociedade. Como as políticas sociais, podemos dividir a política do esporte no Brasil,

em períodos distintos; o primeiro indo da Era Vargas ao populismo nacionalista. O

segundo da época da ditadura militar de 1964 até a constituinte de 1988. O terceiro

momento pode ser representado pelo período pós-88, com a inclusão do esporte na

Constituição. A inclusão do esporte na Constituição pela primeira vez na história

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brasileira e a recente criação do Ministério dos esportes, não conseguiu minimizar o

atraso que o país está submetido, pelos anos de ausência do Estado.

Segundo Betti (1991), entre 1964 e 1979, o Brasil observou a ascensão do

esporte à razão do Estado; com as competições esportivas sendo usadas como

propaganda da ditadura militar.

O esporte no interior da escola tem canais próprios para uma aposta na

melhoria social, apesar da escola pública ter sido afetada diretamente pela crise

mundial crescendo a falta de recursos e a falta de motivação que em geral toma

conta dos profissionais que trabalham diretamente com educação em nosso país.

Como unir prática esportiva e o ensino? Esta tem sido a grande pergunta feita

ao longo dos anos pelas pessoas que pensam o esporte como fenômeno social.

É possível na realidade brasileira, a busca de um ensino direcionado para a

formação esportiva? É necessário se pesar bem as vantagens e as desvantagens

desta política esportiva e, principalmente quais os efeitos dela na nossa sociedade.

“O envolver da ordem burguesa, ao longo de todo o século 20, não informou

nenhuma das tendências estruturais de desenvolvimento que Marx nela descobriu.

Ao contrário, comprovou-as largamente, pois aí estão: - A concentração e a

centralização do Capital; - O caráter anárquico da produção capitalista; - A

reiteração das crises periódicas; - As dificuldades crescentes das taxas de lucro; - A

contínua reprodução da pobreza relativa e crescente emersões de pobreza absoluta;

- Os processos alienantes e reificantes” (Netto, 1993, p.36-37). Tais situações

acentuam o caráter de provisoriedade das políticas sociais nos marcos da ordem

burguesa e, o esporte pode, quando muito, apenas contribuir no esforço de

promoção de maior qualidade nas políticas desenvolvidas, nos serviços prestados

serão sempre provisórias se não forem edificadas como estratégias dos

trabalhadores.

Das manifestações esportivas capazes de influenciar a conjuntura política,

certamente temos as grandes competições de esporte de rendimento, como a Copa

do Mundo de Futebol, as Olimpíadas, os Jogos Pan-Americanos. A simbologia da

vitória é explorada pelos organizadores do marketing esportivo, para potencializar

suas vendas; as torcidas atuam como elemento passivo diante do fenômeno do

espetáculo esportivo. Este estranhamento é reforçado pela mídia televisiva, pelas

falas dos apresentadores que ora valorizam, ora destroem a imagem de atletas.

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Todos procuram a vitória, que pode ser conseguida de forma lícita ou ilícita. Estas

práticas são reforçadas pelo sistema capitalista, acaba gerando problemas como a

desonestidade, a violência, o vencer a todo custo.

Dentro desta concepção, surge ainda a contradição, da supervalorização pelo

esporte, principalmente em países onde a desigualdade social é flagrante e o

esporte é um meio de crescimento social. No que se refere ao esporte, a dura

realidade do país não é projetada para os milhões de brasileiros. O que mais temos

são espetáculos de esporte de alto nível que se pautam pelo individualismo e

hipercompetitividade, não o esporte como jogo, lazer, educação, etc.

Para o filósofo Theodor Adorno, a educação escolar é determinada e não

determinante. Na sociedade administrada vários fatores determinam a educação

escolar, entre eles, as políticas educacionais, nas quais o esporte deve ser incluído

como forma de possibilitar o trabalho de questões sociais, como a cooperação e a

noção de que todo indivíduo depende do seu semelhante.

Normalmente, o esporte de rendimento privilegia o individualismo e a hiper-

competitividade. Estes princípios do esporte de rendimento devem ser combatidos

no esporte escolar. Os professores de educação física devem conhecer tais

princípios, para evitá-los na formação inicial das crianças.

Para Bracht (1992, p.65), defensor dos princípios da pedagogia crítica, “Os

professores de educação física precisam superar a visão positivista de que o

movimento é predominantemente um comportamento motor. O movimento é

humano e, o homem é um ser fundamentalmente social”. Os profissionais de

educação física precisam ter consciência de que além de não trabalhar com os

movimentos estereotipados, deve ficara atento para p fato de que trabalha com

pessoas; portanto, precisa respeitar a bagagem de cada aluno.

Ao superar uma série de condicionamentos pertinentes à formação tecnicista

em educação física, os professores precisam entender que o esporte educacional e

escolar deve ser o esporte da escola e não o esporte na escola. O esporte escolar é

próprio de cada manifestação individual e coletiva, por ser próprio de cada

localidade e principalmente, por carregar a perspectiva da autonomia. O esporte na

escola é o esporte de rendimento, olímpico e de treinamento, injetado na escola por

determinação de uma dada cultura dominante, televisiva e mercadológica.

A atual estrutura do Ministério do Esporte está baseada na Constituição

brasileira de 1988, que prevê a existência de três secretarias (educacional, de

11

desenvolvimento, participação e lazer e de rendimento). Esta divisão leva em conta

as mudanças processadas na sociedade brasileira nos últimos trinta anos, bem

como as mudanças internas na área de educação física.

Infelizmente alguns educadores, ainda compreendem o esporte escolar como

base para o esporte de rendimento. Isto distancia a prática do esporte da

perspectiva educacional, gerando exclusão nas práticas escolares e desigualdade

de oportunidades, pois é um processo que já se inicia sendo oferecido a poucos.

O esporte escolar deve reforçar a cooperação, trabalhar o ensino da ética, da

estética, o respeito à bagagem do aluno e à criatividade do professor.

O esporte escolar deve reforçar o coletivismo ensinando que dependemos dos

outros. O esporte escolar deve encaminhar as crianças para a prática prazerosa;

Sendo que o prazer pode se aliar à disciplina e ao estudo rigoroso de determinada

atividade, dependendo da prática educacional.

O esporte escolar, além destas exigências pedagógicas, necessita de espaço

adequado para a sua prática. No Brasil, escolas sem condições para promover o

ensino de educação física, dificultam a promoção de um ensino adequado, leva

professores a se acomodarem no sistema e, consequentemente, escolas cada vez

mais longe de cumprirem com o seu dever de formar cidadãos.

Para Libâneo (1989, p.35), para ensinar qualquer conteúdo, não basta ser um

especialista ou ter um conhecimento muito aprofundado sobre este determinado

conteúdo. É necessário que a ação de quem ensina seja pedagógica. No ensino do

esporte, acontece o mesmo. Portanto, não basta o conhecimento aprofundado do

esporte que será ensinado, é necessário ter pedagogia. Assim, o ensino do esporte

por ex-atletas sem qualquer conhecimento pedagógico, normalmente traz sérios

problemas na formação destes futuros atletas.

Para Bento (1991), os professores que atuam no ensino do esporte, não

podem se deixar levar pelo papel de meros reprodutores do modelo de esporte de

alto rendimento é necessário ficar atento ao esporte como prática ideológica, para

não reprimir a autonomia dos jovens.

Libâneo (1994) lembra que a pedagogia do esporte deve se assumir

definitivamente como a área responsável por organizar conscientemente e de forma

comprometida com todo o processo de ensino e aprendizagem dos esportes quer

num ambiente de educação formal, quer num não-formal. Portanto, o ensinar tanto

12

em educação física como no esporte específico, não pode se caracterizar numa

intervenção simples de transmissão de conhecimentos, colocando o aluno como

receptor passivo. É necessário levar em conta o contexto do aluno, valorizando sua

bagagem cultural.

O mestre Paulo Freire (1996) destaca responsabilidades, obrigações e

princípios, que devem estar presentes no ato de ensinar; responsabilidade com a

formação do cidadão, com sua criatividade, sua autonomia e a sua liberdade de

expressão. Ao ensinar o aluno a pensar criticamente o esporte, leva-se o aluno a

manifestar o seu aprendizado, fazendo o seu jogo e não apenas reproduzindo

performances esportivas. Sendo assim, o ensino do esporte deve abranger além dos

seus fundamentos, a aquisição de condutas motoras e o entendimento do esporte

como um fator cultural.

É necessário, no interior da escola que o esporte seja ensinado a todos. O

educador não pode mais se ocupar apenas dos “talentos”. É necessário possibilitar

todos os alunos, desenvolverem uma cultura esportiva. Portanto, o ensino e o

aprendizado se dão de forma satisfatória, não importando se o cidadão se torne um

especialista ou espectador, ele terá condições de assumir uma posição autônoma e

crítica diante do fenômeno esportivo. No esporte escolar, o professor deve explorar

materiais diversos como reportagens divulgadas pela mídia e situações ocorridas em

competições de alto nível.

O ensinar além do esporte, imposto aos educadores, leva o professor a se

ocupar com o aspecto social, não se prendendo ao ensino técnico.

A questão do preconceito em educação física é agravada, pois além da

exclusão social, o tratamento diferenciado dado à mulher, leva a um preconceito

histórico, contra as mulheres. No passado, a mulher era impedida de participar de

competições internacionais como as olimpíadas.

A chegada da criança na escola é para ela ao mesmo tempo, um grande

choque, como o início da socialização e o de várias descobertas. Os jogos nesta

fase da vida são de extrema importância. Nas sociedades onde os regimes

totalitários imperam, as crianças são encaminhadas nesta fase para a prática de

algum esporte. Nestas sociedades, além da preocupação social que é natural no

13

esporte, a integração entre esporte e educação, o esporte é praticado com o objetivo

de produzir resultados.

No Brasil, o jogo só é praticado quando conduzem a objetivos pré-

determinados: disciplina, regras e educação. Porém, não se pode esquecer que o

jogo é um fenômeno que produz transformações. Não cabe, portanto ao educador

reprimir as manifestações do jogo.

Para Huizinga (1999, p.34),

“é necessário se fazer uma diferenciação clara do jogo, brincadeira e esporte. O jogo, ainda que nos pareça estranho, pode ser visto em várias atividades rotineiras, como um bate papo descontraído com os amigos, as conversas; enfim tudo que envolve descontração. A brincadeira pode ser entendida como uma manifestação própria de uma comunidade, com a qual entramos em contato desde a nossa infância. O esporte aparece normalmente na vida do indivíduo na parte mais adulta. As escolas devem estar atentas às várias fases da criança, para trabalhar cada um destes itens”.

Sabemos que todo indivíduo possui uma história de vida; ou seja, todos os

indivíduos ao chegarem à escola, não importando sua classe social, nem o local

onde nasceu, trazem consigo uma vivência própria, com certa bagagem, fruto de

sua convivência em comunidade e família. Acontece que a escola de hoje, não leva

em conta esta bagagem que o aluno traz consigo. As escolas estão cada vez mais

perdendo espaço físico e material. As escolas devem estar atentas à questão da

inclusão social, onde ela deve exercer papel importante. O esporte da escola deve

contemplar todos os alunos, procurando respeitar suas experiências anteriores.

Segundo Callois (1990), tanto o jogo como o esporte, são atividades criadas e

desenvolvidas pelo homem. Nas civilizações onde o jogo é encontrado, ele evolui de

atividade essencialmente lúdica para lúdica competitiva, hoje entendida como

esporte. A motivação do jogo deve ser sempre o lúdico competitivo, não apenas o

vencer.

Na sociedade romana, por exemplo, os jogos eram realizados como ocupação

para os nobres, para o descanso da guerra. As mulheres não podiam participar

dessas atividades, nem mesmo presenciar os jogos.

14

Podemos afirmar que os jogos de atividades atléticas e combativas, deram

origem aos jogos olímpicos. Na verdade, estes jogos têm como objetivos a

dominação de uma casta sobre a outra.

Sabemos que no Brasil, as desigualdades sociais se refletem também nos

esportes; enquanto que nas regiões sul e sudeste encontraram traços de um esporte

organizado; nas regiões norte e nordeste tomam forma de eventos esporádicos.

No Brasil as experiências bem sucedidas no esporte, têm se resumido às

experiências de governos municipais.

Sabemos que vários programas elaborados na esfera escolar, com o apoio de

prefeituras e administrações, visam integrar a educação com o esporte. O Programa

Segundo Tempo, visa propiciar a inclusão social, o bem estar físico, a promoção da

saúde e do desenvolvimento intelectual de crianças e adolescentes.

Tomando como base, as idéias dos professores Libâneo (1989), Paulo Freire

(1996) e Gaudêncio (2004), podemos afirmar que o ensino público foi referência

(mesmo dentro da concepção da escola tecnicista), até os anos 70; período em que

o ensino brasileiro sofreu uma reforma, comandada por técnicos norte-americanos,

onde o ensino público começou a declinar em detrimento do crescimento do ensino

particular.

O modo capitalista transformou o lúdico em mercadoria, trazendo todas as

conseqüências do jogo de competitividade: - a violência, o uso de drogas, a

necessidade de se ganhar a todo custo, a busca por recordes, os grandes

patrocínios e os altos salários dos atletas de elite. A escola deve ter a

responsabilidade de explicar como o jogo prazeroso é transformado em guerra.

Os clubes esportivos também perderam muito espaço como formadores de

atletas. Os grandes clubes brasileiros perderam ao longo do tempo a sua função

social; isto porque as pessoas que freqüentavam o dia-a-dia dos clubes passaram a

procurar outros espaços para praticar as diversas modalidades esportivas

(academias, condomínios, etc.). Tentando recuperar o espaço perdido, os clubes

passaram a investir nas escolinhas (futebol, voleibol, natação e basquetebol).

15

O espaço ocupado pelo futebol dentro dos grandes clubes esportivos

atrapalhou a formação de atletas de outras modalidades; pois os clubes passaram a

investir quase que exclusivamente no futebol, pois este esporte ganhou o “status” de

fenômeno sócio-cultural, contando com o apoio de investidores, que por sua vez,

queriam o retorno imediato para a imagem do seu produto.

O Brasil é conhecido como país de apenas três esportes: - Futebol, voleibol e

basquetebol. Quando a escola trabalha o esporte com o intuito de selecionar os

melhores, ela legitima os esportes de alto rendimento. A área de educação física

sempre aceitou a teoria da pirâmide, priorizando a formação de uma longa base de

atletas, visando chegar ao ápice com uma numerosa elite de desportistas de alto

nível. Este modelo, no entanto, leva à exclusão de talentos.

A exclusão social se dá pela expropriação dos serviços e infra-estruturas, a

falta de emprego, as chances à escolaridade, de profissionalização, expondo o

indivíduo à violência, à discriminação racial e à inacessibilidade ao lazer.

A perspectiva sobre a inclusão social deve ser analisada sobre o ponto de vista

em relação com o poder e também do conhecimento tanto na escola como na

sociedade. Vale destacar o papel dos jogos e dos esportes na inclusão social, sem

esquecer as diversidades humanas.

A luta pela inclusão social em nossa sociedade é cada vez maior. Tanto as

escolas públicas como os clubes esportivos são partes importantes neste processo

de inclusão social. Acontece, que a imitação do modo capitalista tanto no ensino

público como no esporte, tem levado à exclusão social.

Um exemplo claro de uma iniciativa clara em direção à inclusão social foi à

criação dos Jogos Para-Olímpicos. Estes jogos foram criados, para fazer com que

atletas portadores de deficiência física, pudessem ter a chance de participar de

atividades físicas (inclusão social). Com a valorização destes jogos pela mídia e com

o aparecimento de grandes patrocinadores, estes jogos também passaram a

valorizar a competitividade.

Um exemplo clássico de como o ensino de algumas modalidades na escola ou fora

dela são encaradas de forma diferenciada, é a ginástica; na escola ela tem que se

16

tornar agradável e praticada como satisfação pessoal, sem compromisso com a

produtividade.

Acontece que a ginástica sempre foi desprestigiada nas escolas de ensino

básico, em virtude de ter assumido ao longo do tempo uma atividade mecanizada e

estafante.

A ginástica compreende atividades das habilidades naturais do homem como

corrida, saltos, lançamentos, etc.

Apesar de estar fora da escola, à ginástica é disseminada nas ruas, nas

praças, nos clubes e em academias.

Roberto Damatta (1882), afirma que cada sociedade tem o futebol que

merece, pois deposita nele uma série de questões e demandas que lhes são

relevantes. Assim, o futebol brasileiro não é apenas uma modalidade esportiva com

regras próprias, é uma forma que a sociedade brasileira encontrou de se expressar.

Quem pensa a educação no Brasil, precisa ter a consciência de que o esporte

faz parte da construção da própria história do homem, estando presente nas várias

atividades corriqueiras do dia-a-dia. Na antiguidade fazia parte das atividades como

à caça (Caillois, 1990).

Outro caso que precisa ser comentado, é o do atletismo; apesar de ser

considerado um conteúdo clássico da educação física, é pouco difundido nas

escolas. Os alunos não entram em contato com as diversas modalidades do

atletismo.

O campo de abrangência do atletismo é muito grande e sua prática exige

aprimoramento das capacidades físicas. O salto é a atividade de atletismo preferida

pelas crianças, o que pode ser explorado pelos professores.

O voleibol, talvez seja o esporte que mais tenha crescido no Brasil nos últimos

anos. O ensino do voleibol, bem como o ensino da ação do jogo, pode ser feito em

qualquer idade; tanto na iniciação como na especialização.

17

A aprendizagem de modalidades esportivas no interior da escola deve

oportunizar a construção da cidadania, com os alunos sendo o sujeito principal do

processo de aprendizagem. É importante aprender jogando e jogar para aprender de

forma incidental, prazerosa, rica e variada.

Nas últimas décadas, experimentamos um crescimento grande do voleibol,

baseado no trabalho de pessoas como Carlos Artur Nuzman, Ari Graça Mello,

Bernardinho, José Roberto Guimarães e Bebeto de Freitas. Acontece que o voleibol

brasileiro, tem seguido os passos do futebol, após a sua profissionalização nos anos

70.

18

6 - PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS:

5.1 – POPULAÇÃO: - Professores da rede pública de ensino do Distrito

Federal que trabalham com projetos que visam à formação de atletas; - Presidentes

de Grandes clubes esportivos que realizam trabalho de formação de atletas;

5.2 – PLANO DE AMOSTRAGEM: 5.2.1 – Unidade de Amostragem: - Professores da rede pública de ensino do

Distrito Federal que desenvolvem projetos com formação de atletas;

- Presidentes de clubes esportivos que realizam trabalho de formação de

atletas;

5.2.2 – Seleção: Pesquisa qualitativa 5.2.3 – Tamanho da amostra: - n= 08 entrevistados divididos em 06 (seis)

professores da rede pública e 02 (dois) presidentes de clubes esportivos

entrevistados;

5.3 – INSTRUMENTO: 5.3.1 – Entrevista com professores da rede pública de ensino; 5.3.2 – Entrevista com Presidentes de clubes esportivos. 5.4 – PROCEDIMENTO: Foi realizada uma série de entrevistas com professores ou ex-professores da

rede pública de ensino do Distrito Federal, pertencentes à regionais de ensino

diferentes e com projetos voltados para diversas áreas do esporte; além das

entrevistas com o Presidente do Botafogo Bebeto de Freitas e do Flamengo Márcio

Braga, buscando entender o papel dos clubes esportivos na formação de atletas.

19

6 - APRESENTAÇÃO DOS DADOS E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Entrevistas com Márcio Braga, Presidente do Flamengo e Bebeto de Freitas

do Botafogo, dois grandes clubes esportivos que desenvolvem trabalhos voltados

para a formação de atletas olímpicos.

A analise das respostas formuladas a professores e presidentes de clubes,

através das respostas fornecidas no instrumento de pesquisa para estabelecer

subsídios que permitam realizar o objetivo deste trabalho: “Entender como um país

tão rico culturalmente como o Brasil, não consegue formar atletas de elite em outros

esportes, além do futebol e do voleibol”.

Abaixo, os questionários que foram direcionados a cada um dos professores e

dirigentes, com suas respostas transcritas na íntegra. Cabe informar que se

procurou conservar as respostas com as falas dos mesmos; sendo que apresento o

documento original de respostas, na parte destinada ao anexo desta monografia.

Por se tratar de entrevistas, as perguntas foram direcionadas, no sentido de

colher informações sobre o que cada um dos entrevistados tem feito no sentido da

formação de atletas; além da opinião de cada um sobre o papel das escolas públicas

e dos clubes esportivos no processo de formação de atletas de ponta no Brasil.

O presente instrumento é acompanhado pelas respostas dados por cada um

dos entrevistados. Após a apresentação de cada entrevista, segue uma análise. E,

quando possível um reforço, através de comentários de autores conhecidos.

20

1 - ENTREVISTA PERGUNTAS: 01) QUAL A SUA FORMAÇÃO PROFISSIONAL? 02) VOCÊ ATUA EM ESCOLA PÚBLICA? 03) QUAL O PROJETO DESENVOLVIDO POR VOCÊ? 04) O QUE TE LEVOU A DESENVOLVER ESTE PROJETO? 05) HÁ QUANTO TEMPO, VOCÊ DESENVOLVE ESTE PROJETO? 06) COMO VOCÊ COMEÇOU ESTE PROJETO? 07) O SEU PROJETO PODE FORMAR ATLETAS DE ELITE? 08) QUAL A PRINCIPAL CONTRIBUIÇÃO DO SEU PROJETO PARA OS SEUS ALUNOS? 09) VOCÊ CONSIDERA O SEU PROJETO BEM SUCEDIDO? 10) QUAL O OBJETIVO DO SEU PROJETO? 11) QUAIS OS MATERIAIS QUE VOCÊ UTILIZA? 12) QUEM FORNECE ESTES MATERIAIS? 13) VOCÊ ACHA POSSÍVEL O SEU PROJETO SER APLICADO NA ESCOLA? 14) VOCÊ ACREDITA QUE AS ESCOLAS PÚBLICAS POSSAM SER FORMADORAS DE ATLETAS? 15) O QUE VOCÊ ACHA QUE FALTA PARA QUE ISTO ACONTEÇA?

RESPOSTAS: Pedro Emílio de Souza mora em Formosa (GO) e trabalha em Planaltina-DF

no Centro de Ensino Fundamental nº 05; é professor da rede pública de ensino há

12 anos.

1) Sou professor concursado pela Fundação Educacional há 12 anos na área de matemática. 2) Atuo atualmente no Centro de Ensino Fundamental 05 de Planaltina. 3) Eu trabalho o ensino do voleibol com as crianças, procurando trabalhar os fundamentos do jogo com fins de recreação. 4) Primeiro a minha ligação com o voleibol; sempre fui apaixonado por este esporte. E, com o tempo percebi que poderia desenvolver este esporte com os meus alunos. 5) Eu comecei no Centro de Ensino Fundamental 03 há 8 anos. 6) Foi brincando. Jogava vôlei na escola e como o número de professores que praticavam este esporte era pequeno, acabava misturando com alunos. 7) Acredito que não. Já vi muitos alunos bons praticando o voleibol comigo; porém, é só por diversão. 8) Acho que o ato de levar os alunos a praticarem um esporte, eleva sua auto estima, ajuda na socialização, além de tirá-los da rua. 9) Dentro do que pretendo para o projeto, considero bem acima das minhas expectativas. 10) Propiciar lazer aos alunos. 11) Rede, quadra e às vezes caixa de areia e bola.

21

12) Eu mesmo e a escola. 13) O meu projeto é desenvolvido unicamente na escola, uma vez que não tem intenção de competição. Quando ela acontece, é entre alunos da própria escola. 14) Com atual realidade das escolas públicas, acredito ser muito difícil. A gente vê muitos talentos serem desperdiçados pelo sistema. 15) Eu acredito que só com uma mudança radical; uma redefinição do papel da escola na nossa sociedade. ANÁLISE E DISCUSSÃO – Este tipo de projeto desenvolvido pelo professor Pedro

Emílio é muito comum nas escolas públicas brasileiras, como também é muito

comum, assistirmos professores de outras áreas que não a Educação Física,

trabalharem as mais diversas modalidades esportivas; este trabalho contempla

somente alunos da própria escolar.

Outro detalhe importante neste tipo de trabalho, é que ele é normalmente

voltado para as modalidades esportivas que estão em evidência na mídia, como o

futebol, o voleibol e o basquetebol. São raros os alunos entrarem em contato com

outras modalidades, pois quase sempre estes projetos são elaborados para

satisfazer a vontade dos alunos. A grande importância de trabalhos como estes, é

que eles trabalham a questão da inclusão, uma vez que normalmente participam

destes projetos todos os alunos, independente de altura, idade, cor, tipo físico. Outro

aspecto muito importante trabalhado por este projeto é a questão da socialização

dos alunos, uma vez que o gosto pela mesma modalidade, faz nascer amizades.

O professor Kunz (1994) em seus estudos de doutorado, afirma que haveria

uma transformação didática do esporte na prática do professor de educação física.

“É uma irresponsabilidade pedagógica trabalhar o esporte na escola que tem por

conseqüência provocar vivências de sucesso para uma minoria e vivência de

insucesso par a maioria”.

Desta forma, o desenvolvimento do esporte escolar seria conduzido pela

contra mão do processo de exclusão da maioria; isto é, os professores teriam que

promover o esporte, ensinando-o a todos. Seria necessário não apenas transmitir e

ensinar técnicas dos esportes com vista a competições; mas transforma-lo

didaticamente.

Hoje em dia é impossível imaginar o esporte sem o componente rendimento.

Por isso mesmo, é importante que os alunos tenham acesso a informações sobre a

mercantilização do esporte, de como ocorre à troca e venda de imagem, produtos,

atletas e tantas outras mercadorias no esporte e através do esporte.

22

Para Bento (1991), para salvaguardar os valores educativos do esporte, há a

necessidade de se lançar uma ofensiva pedagógica que requer ainda que técnicos e

professores não se deixem cair no papel de meros animadores ou reprodutores do

modela do esporte de alto rendimento, que os praticantes e os espectadores não se

sintam apenas fregueses e consumidores passivos, que os dirigentes não vejam no

esporte uma mercadoria que se compra ou se vende a qualquer preço.

Professor Eniomar : 01) Eu percebi que um dos grandes problemas para o aprendizado da

matemática e também do português era a questão da concentração. Percebi também que o xadrez poderia ajudar a resolvê-lo.

02) Fazer com que alunos com problemas de falta de concentração, possam através do aprendizado do xadrez, desenvolver o aprendizado da matemática.

03) Este projeto é totalmente voltado para o pedagógico. Ele é desenvolvido em parceria com os professores de matemática e de português.

04) Apesar de ser um projeto de cunho pedagógico, já tivemos alguns alunos que se sobressaíram no jogo de xadrez. e como somos filiados à Federação Brasiliense de Xadrez, teve o Heitor que foi campeão brasiliense e brasileiro de xadrez e mais recentemente, a Èrica que foi campeã brasiliense juvenil. Acredito que se este projeto for moldado para este fim, pode perfeitamente revelar grandes enxadristas.

05) Eu posso me considerar realizado; acredito que este deva ser um dos melhores projetos da rede pública de ensino.

06) Este projeto já é desenvolvido há doze anos, sempre no Centro de Ensino Fundamental 3 de Planaltina e, foi o primeiro projeto de xadrez reconhecido e registrado na Secretaria de Educação do Distrito Federal.

07) O projeto de xadrez é desenvolvido dentro da escola e, a “escola de xadrez” funciona como uma sala de aula ambiente.

08) Para o projeto de xadrez, é necessário uma sala de aula, com carteiras, cadeiras, quadro-negro, relógios e jogos de xadrez (tabuleiro e peças).

09) Os primeiros materiais foram adquiridos pela direção da escola; hoje, vendemos camisetas do projeto, para ajudar nos custos de reposição de materiais e ampliação do projeto.

10) Com a estrutura que existe hoje em dia, eu não acho possível. 11) Falta a criação de uma estrutura voltada para isso. Projetos como o de xadrez

é fácil de acontecer; porém, quando pensamos em atletismo ou a ginástica, a coisa se complica.

ANÁLISE– Projetos como este do professor Eniomar é um exemplo claro de projeto

essencialmente pedagógico. Ele procura corrigir um problema que se manifesta no

âmbito escolar com freqüência, que é a questão da falta de concentração. Por este

motivo, acaba agregando outros professores, principalmente de matemática.

23

Este projeto foi o primeiro a ser reconhecido pela Secretaria de Educação do

Distrito Federal, pela sua importância no auxílio da aprendizagem da matemática. O

sucesso deste projeto deu início a uma verdadeira febre do ensino do xadrez nas

escolas públicas, sendo inclusive objeto de estudo para a implantação desta

modalidade nas aulas de educação física da rede pública de ensino.

Apesar de ser um projeto com fins exclusivamente pedagógicos, este projeto

pode revelar grandes enxadristas a um preço irrisório, uma vez que existem espaços

mal utilizados em quase todas as escolas públicas do país. Além disso, o ensino do

xadrez eleva a auto-estima dos alunos e, pode representar uma ascensão social

para aqueles que resolverem levar este aprendizado adiante.

Segundo Vygotsky (1988), o educador deve se preocupar com o aspecto

social, não pode se prender no ensino de técnicas deve levar em conta a história de

vida dos alunos.

O jogo é realmente um fenômeno de difícil compreensão. Na verdade, mesmo

para os estudiosos, é difícil definir ou ter uma visão clara do que seja o jogo. Os

jogos de tabuleiros, podem se constituir num importante aliado para a compreensão

de conteúdos pedagógicos.

Grande parte do nosso aprendizado se dá através do jogo. Às vezes, nem nos

damos conta de o quanto aprendemos com o jogo. As atividades lúdicas como

tantas outras que experimentamos durante nossa vida, fazem parte do nosso

conhecimento. O jogo ainda auxilia a não esquecer o que foi aprendido, serve para

manter o que foi aprendido, serve para aperfeiçoar o que foi aprendido e serve para

preparar p indivíduo para novos desafios.

Antes de estabelecer qualquer relação entre jogo e educação, o professor

deve conversar com seus alunos sobre jogo e cultura. Para Freire (2003), tanto o

jogo influencia a cultura, quanto é influenciado por ela.

RESPOSTAS Valter Miro dos Reis trabalha com um projeto de atletismo no COER (Centro

de Orientação Educacional e Reabilitação) em Sobradinho II e, foi responsável pela

formação da corredora Lucélia Peres, campeã da volta da Pampulha e uma das

atletas de ponta do atletismo brasileiro na atualidade.

24

01) Sou professor de educação física da rede pública.

02) Desde que o projeto ganhou corpo, larguei a sala de aula.

03) Comecei este projeto porque sempre gostei do atletismo e, senti que dentro da

escola não teria como trabalha-lo.

04) Este projeto visa oferecer a prática do atletismo aos alunos da rede pública em

horário contrário às aulas.

05) Este projeto atende aos alunos da rede pública de ensino com o intuito de

propiciar a eles a prática do atletismo em horário contrário às aulas.

06) Pelos resultados alcançados, acredito que sim. O exemplo mais recente é o da

Lucélia Peres, que hoje é treinada pelo Edilberto dos Santos Barros.

07) Eu considero este projeto antes de tudo uma realização pessoal.

08) Eu trabalho com o atletismo há mais de 15 anos.

09) Neste projeto, utilizamos uma variedade muito grande de materiais.

10) Os materiais utilizados neste projeto são fornecidos pela administração regional

de Sobradinho II, pela Secretaria de Educação e pelo grupo beneficente Bezerra de

Menezes, que é o proprietário do espaço COER.

11) Com a atual realidade das escolas públicas, não.

12) Para as escolas formarem atletas, é necessário uma verdadeira revolução na

educação brasileira. Para começar, é necessário se redefinir o papel da escola.

ANÁLISE - O projeto desenvolvido pelo professor Valtinho, pode num primeiro

momento se parecer com o trabalho desenvolvido pelo professor Sena; afinal, os

dois trabalham com o atletismo. Porém, a semelhança entre eles, pára por aí. O

projeto do professor Sena contempla todas as modalidades do atletismo, enquanto a

do professor Valtinho trabalha mais a modalidade de corrida.

O projeto do professor Valtinho nasceu ligado ao CIEF (Centro Integrado de

Educação Física), que recebem apoio da Secretaria de Educação e das

Administrações regionais. O professor Valtinho trabalha apenas com alunos da rede

pública de Sobradinho II e Paranoá. Os alunos que se destacam e que querem dar

continuidade aos treinamentos são encaminhados a algum técnico, como o que

ocorreu com a corredora Lucélia Peres.

25

Para transmissão do conhecimento do atletismo aos seus alunos, o professor

deve aproveitar filmes sobre o assunto, reportagens, competições sem se esquecer

do conhecimento trazido pelo próprio aluno.

As habilidades motoras desenvolvidas pelas crianças em suas brincadeiras,

como correr, saltar, arremessar, vão ser usadas para desenvolver as habilidades do

atletismo, porém de forma diferenciada.

Qualquer que seja a modalidade de corrida é importantes cuidados para que

não se cometa excessos; mais uma vez, o professor tem que tomar todo o cuidado

em introduzir o aluno aos poucos.

A marcha atlética é uma das provas que provocam mais entusiasmo nos

alunos. Apesar de se tratar de uma prova de fundo, o professor pode começar com

atividades de curtas distâncias até chegar aos movimentos específicos da marcha

atlética.

Para modificar a atual realidade, o professor de educação física deve procurar

trabalhar as habilidades motoras, próprias das crianças e, através delas desenvolver

o atletismo.

RESPOSTAS João Heron da Silva Sena trabalhou em escolas de Sobradinho, como o

Centro Educacional nº 02 e há mais de 18 anos desenvolve um projeto voltado para

o atletismo no Estádio Augustinho Lima. Foi o responsável pela revelação de

Carmen de Oliveira, uma das maiores fundistas brasileiras.

01) Fui professor da rede pública durante 25 anos. Sou formado em Educação Física.

02) O meu espaço de trabalho é o Estádio Augustinho Lima, apesar de atender as diversas escolas, não estou vinculado a nenhuma.

03) O projeto que desenvolvo é o de “Atletismo para Todos”, vinculado à Administração Regional e à Secretaria de Educação.

04) Eu resolvi elaborar este projeto, porque na época em que trabalhava em escolas da rede pública, percebi que surgem muitos talentos na área de atletismo que não eram aproveitados porque as escolas não tinham espaços adequados para esta prática.

05) Este projeto visa dar noções básicas de atletismo aos alunos da rede pública e, também visa encaminhar os talentos surgidos para as competições de elite.

06) Este projeto tem como um dos seus objetivos, ainda que secundário a formação de atletas de elite.

26

07) A relação deste projeto com as escolas, é que a nossa clientela é formada quase toda por alunos da rede pública; atendemos também alunos da rede privada de ensino e a comunidade em geral.

08) Pelo tempo que o projeto existe e pelos resultados alcançados, acredito que o projeto já cumpriu e bem o seu objetivo. Se analisarmos pelo fato de oferecer condições da prática do atletismo às crianças da rede pública em horário contrário ao ensino regular, penso que um projeto como este, não tem preço.

09) Pode-se dizer que há 21 anos, já que o projeto começou no Centro Educacional nº 02 de Sobradinho, quando ainda era professor de educação física.

10) Este projeto envolve uma gama muito grande e diversificada de materiais, pois no Estádio é praticado todas as modalidades do atletismo.

11) Os materiais são fornecidos pela Administração Regional e pela Secretaria de Educação.

12) Quer seja pela importância alcançada por este projeto ou pelo número de pessoas atendidas por ele, não vejo como poderia ser inserido no contexto escolar.

13) Não vejo como a escola pública da atualidade, possa formar atletas de alto nível, uma vez que não conta com investimentos necessários e nem espaço físico para tanto.

14) Acredito que mesmo que seja elaborada uma política esportiva, que contemple a formação de atletas, a escola pode se tornar fornecedora de mão-de-obra; porém, a formação dentro do espaço escolar é impossível.

ANÁLISE– Este projeto do professor Sena é talvez o mais antigo e conhecido no

Distrito Federal na área do atletismo. Talvez seja também o mais completo, uma vez

que ele contempla todas as modalidades do atletismo. A área do estádio Augustinho

Lima oferece condições (ainda que não sejam as ideais), para a prática de todas as

modalidades do atletismo.

O professor Sena é conhecido em Sobradinho pelo sucesso do seu projeto. No

estádio Augustinho Lima, ele oferece todas as modalidades de atletismo aos alunos

da rede pública e particular de ensino. Ele também coordena as competições de

atletismo dos Jogos Estudantis de Sobradinho (JEBs).

Além disso, ele trabalha com os talentos revelados no projeto, dando

seqüência ao trabalho. Foi assim, que surgiu a Carmen de Oliveira.

Apesar de ser considerado um conteúdo clássico da educação física, o

atletismo é pouco difundido nas escolas. Os alunos não entram em contato com as

diversas modalidades do atletismo. Mesmo aqueles que entram em contato com o

atletismo no decorrer da sua vida escolar, o seu conhecimento é muito restrito.

Infelizmente, o atletismo ainda está longe de ser visto nas aulas de educação

física. As escolas, normalmente não oferecem condições para o ensino do atletismo;

27

a maioria dos professores de educação física não tem conhecimentos sobre todas

as modalidades do atletismo. Além disso, o atletismo não é tão difundido em nosso

país, como os esportes coletivos, o que acaba levando os alunos que possuem o

biótipo para sua prática, a sequer conhecer o atletismo.

Para Metthiensen (2004), o professor não pode se prender a receitas

previamente elaboradas; ele deve levar em conta o espaço físico, a turma, os

objetivos da sua realidade de trabalho; para criar seus próprios exercícios.

O campo de abrangência do atletismo é muito grande e sua prática exige um

aprimoramento das capacidades físicas como: velocidade, resistência, força e

agilidade.

RESPOSTAS Estela Maris Azevedo, trabalha com um projeto de ginástica no ginásio de

esportes de Sobradinho.

01) Sou professora da área de educação física. 02) Atualmente não. Desde que fiz o projeto para o CIEF e fui aceita, deixei a sala de aula e hoje me dedico exclusivamente ao ensino da ginástica. 03) “Ginástica para alunos da rede” (ensino de ginástica para alunos da rede pública de ensino). 04) Na minha época de estudante, entrei em contato com a ginástica e me apaixonei por esta modalidade. Formei-me em educação física, pensando em levar o ensino da ginástica para a sala de aula. Infelizmente, a realidade da escola não permitiu este sonho. 05) Levar até meus alunos a ginástica. 06) Este projeto é totalmente voltado para os alunos da rede pública. 07) Não é este o objetivo deste projeto, mesmo porque não há uma continuação, extremamente necessária para a formação de atletas. 08) Acredito que tudo o que é feito em prol da educação é um ato de amor. È assim que vejo o meu projeto. 09) Há quatro anos. 10) Eu acredito que os alunos que entram em contato com a ginástica, passam a ter uma idéia mais crítica em relação à beleza e a plástica. 11) Bolas coloridas, bastões, bambolês, arcos, fitas, etc. 12) A administração regional de Sobradinho e a Secretaria de Educação. 13) A realidade das escolas não permite o funcionamento de projetos como este. 14) Eu sou totalmente cética quanto à formação de atletas no Brasil, pois a realidade das nossas escolas não permite sonhar com isto. 15) Eu acredito que para podermos ver atletas sendo formados nas escolas públicas, somente com uma total reestruturação do sistema educacional brasileiro.

28

ANÁLISE - O projeto da professora Estela Maris é mais um exemplo de projeto

essencialmente pedagógico. Ela também desenvolveu este projeto para o CIEF e foi

aceita, recebendo apoio da Secretaria de Educação e da Administração regional de

Sobradinho. Sinceramente eu não conhecia nenhum projeto que trabalhasse com a

ginástica na rede pública.

Quando participava de solenidades como “O dia da pátria”, “Desfile de

aniversário de Sobradinho” ou mesmo da “Abertura dos Jogos Estudantis” e via

aquelas meninas fazendo acrobacias, me perguntava sempre, em que escolas

teriam aprendido tais movimentos, uma vez que a ginástica está fora da escola há

bastante tempo. Além de único, acredito que o trabalho realizado por ela seja de

grande importância para o resgate da ginástica na escola.

A ginástica pode ser compreendida como uma forma sistematizada de

atividade corporal expressiva, contribuindo para o desenvolvimento pessoal e social.

Para Ayoub (2003), mesmo com toda transformação sofrida pela educação

física brasileira, o seu conteúdo é o esporte federado; assim, a ginástica e a corrida

são praticados visando “a parte principal da aula”.

Ao mesmo tempo em que a ginástica é desprezada na escola, ela é

disseminada nas praças, nos clubes, em academias, influenciada pelo modismo e

sofrendo a intervenção da indústria cultural. O que torna a ginástica secundária na

escola é a falta de conhecimento.

Segundo Bonorino (1931), a ginástica sempre esteve presente na vida do

homem. Na antiguidade, ela estava ligada à sobrevivência, já os gregos concebiam

a ginástica como meio de formação integral do indivíduo.

Para Soares (1998), o primeiro nome dado à educação física foi “ginástica” que

se originou culturalmente das festas populares de rua, destacando-se o circo.

PERGUNTAS: Entrevista com o professor Ronaldo Marques Oliveira do Centro de Ensino

Fundamental Lago Oeste

01) Fale um pouco a seu respeito. 02) O nome da instituição de ensino em que trabalha. 03) Qual Projeto desenvolve na escola? 04) O que te levou a desenvolver este projeto? 05) Quais os objetivos deste Projeto?

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06) Qual a importância do seu projeto para a comunidade escolar onde atua? 07) O seu projeto pode formar atletas de elite? 08) Há quanto tempo, você desenvolve este projeto? 09) Quais os materiais que você utiliza no seu projeto? 10) Você considera este projeto bem sucedido? 11) O que você considera necessário para que um projeto seja bem sucedido? 12) Quais outros projetos que você conhece? 13) Como você entrou em contato com o Projeto Segundo Tempo? 14) Qual a importância do Projeto Segundo Tempo para a escola? 15) Você já trabalhou com formação de atletas? 16) Você acredita que a escola possa vir a ser formadora de atletas? 17) Qual a associação que você faria entre Escola-Atleta? 18) No seu ponto de vista, qual o papel da escola na formação de atletas? 19) Faça uma relação entre: Escola - Projetos Esportivos da Escola – Esporte

na Escola – Formação de atletas.

RESPOSTAS

01) Sou professor de educação física há 24 anos. Sempre atuei como professor; 4 anos em escolas privadas e o restante na rede pública de ensino do DF. Atuei na Secretaria de Educação como instrutor da EAPE por 3 anos. Fiz vários cursos na área de educação, pedagogia, filosofia e educação física.

02) Trabalho na Secretaria de Educação, atualmente estou trabalhando como professor no C.E.F Lago Oeste.

03) Estou desenvolvendo um projeto de atividades esportivas voltadas para os alunos da escola durante os fins de semana. Atividades como o Jiu-Jitsu, Capoeira, Voleibol e basquetebol. Este projeto envolve outros 3 professores da escola.

04/05Foi o interesse em realizar algumas pesquisas que estou realizando atualmente. Estou fazendo observações e levantamentos de dados para elaboração de alguns artigos que desejo ver publicados. Além disso, estou visando também o interesse dos alunos. Jovens de localidades como o Lago Oeste não têm opções de lazer e prática desportiva.

06)A importância do projeto para a comunidade escolar está centrada na oportunidade da prática desportiva prazerosa. Está mais em oferecer aos jovens uma opção de atividades durante os finais de semana. As competições ocorrem entre os próprios praticantes dos esportes ligados aos projetos desenvolvidos. Não há interesse por parte dos professores pela formação de talentos esportivos.

07) Nosso projeto até pode vir a descobrir algum talento em um ou outro esporte. Todavia, o objetivo do projeto está voltado para a atividade física prazerosa. A descoberta do talento é hoje uma atividade com objetivo bem específico e voltada para os interesses mais econômicos do que educacionais. 08)Realizamos no Lago Oeste este projeto a pelo menos 3 anos. Muito embora eu já realizo projeto de fins de semana nas escolas desde 2001.

30

09) O material utilizado no projeto é o equipamento básico para determinadas atividades desportivas: bolas, quadra poli-esportiva, redes, tatame. 10) Não Envolvemos muitos alunos em nossos projetos. Há fatores limitantes como aquisição de materiais desportivos e tempo. Todavia, ele é bem sucedido, pois os alunos que participam aproveitam bem o tempo. Durante as atividades, aprendem e se divertindo. Não temos parceria, o que nos deixa à vontade para realizar o melhor para eles, dentro das nossas limitações de espaço, material e tempo. 11) O necessário para que um projeto seja bem sucedido é ter os recursos necessários para desenvolve-lo. Recursos de espaço, tempo e materiais específicos, além dos recursos humanos. Contudo, estes recursos não podem criar barreiras burocráticas. (12/13 e 14) Conheço bem o Projeto Segundo Tempo, participo dele há algum tempo. A minha escola cede alguns alunos para o projeto. O grande problema do Projeto segundo Tempo é a contratação de práticos em determinadas áreas. Acredito que a grande importância deste projeto na minha escola é a socialização dos alunos. 15) Nunca tive interesse em trabalhar na formação de atletas. O objetivo da

educação física é pedagógico. A formação do atleta não visa à formação educacional do atleta, apenas sua capacidade técnica e tática.

16) Não acredito que seja esse o papel da escola, formara atletas, muito embora aqui e ali possam despontar um ou outro atleta egresso de alguma escola. Se a escola conseguir o básico na formação do homem, já terá avançado muito.

(17/18) A associação entre o atleta e a escola é apenas de caráter econômico, como tem acontecido em algumas instituições privadas. O atleta é bancado pela escola e por sua vez, projeta o nome da mesma. O objetivo da educação física escolar é formar o homem através dos postulados pedagógicos. A atividade esportiva é um instrumento a serviço da educação física e não ao contrário.

19)As atividades da escola devem privilegiar os aspectos cognitivos, afetivos, sociais, motores, políticos, ou seja, a escola visa a formação globalizada do aluno. Portanto, projetos esportivos, atividades esportivas na escola, são atividades que funcionam como instrumentos na formação integralizada do homem. Já a formação do atleta especificamente, visa a formar alguém para uma competição de alto nível para atender objetivos de grupos seletivos que visam interesses diferentes daqueles almejados pela escola.

ANÁLISE.

O projeto do professor Ronaldo, é baseado totalmente nos princípios

da Sociedade Panathon. O professor Ronaldo é o coordenador do Projeto

Segundo Tempo em sua escola e, conta com a colaboração de outros 3

professores, visando promover atividades físicas aos alunos da comunidade

do Lago Oeste durante os finais de semana.

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Entrevista com o Presidente do Botafogo de Futebol e Regatas, Bebeto de Freitas.

Questionário:

1) Fale um pouco sobre o senhor. 2) Qual o papel dos clubes esportivos na revelação de atletas? 3) Em quais modalidades, consideradas amadoras, o Botafogo tem se

destacado? 4) Qual o seu planejamento em relação aos esportes amadores para sua

gestão? 5) Quais as principais dificuldades encontradas pelos clubes de futebol em

relação à manutenção das modalidades amadoras? 6) Qual a estrutura mantida pelo Botafogo em relação ao Pólo aquático e ao

Voleibol? 7) O que precisa ser feito, para que os clubes esportivos possam voltar a revelar

atletas nos esportes amadores? 8) Qual a relação do Botafogo com o atletismo? 9) Qual a expectativa do Botafogo em relação aos jogos Pan-americanos no

Rio de Janeiro em 2007 e, como este evento pode influenciar os esportes amadores do clube?

10) O Senhor acredita ser possível a escola pública brasileiras voltarem a formar atletas?

11) O que o Senhor acha ser necessário mudar na atual estrutura esportiva brasileira, para que o país possa ter atletas de alto nível em outros esportes além do voleibol e do futebol?

Entrevista com Bebeto de Freitas:

1) O meu nome completo é PAULO ROBERTO DE FREITAS, nasci aqui no bairro de Botafogo, sou formado em administração, sempre trabalhei com atividades ligadas ao esporte. Exerço atualmente a função de Presidente da seleção brasileira de voleibol, bicampeã mundial no Japão. Minha ligação com o Botafogo de Futebol e Regatas, começou ainda na minha infância, pois levado pelo meu pai, costumava freqüentar a sede social do clube. Toda a minha família tem raízes botafoguenses. Pelo lado do meu pai, sou sobrinho de Heleno de Freitas, um dos maiores ídolos da história do clube. Pelo lado da minha mãe, sou sobrinho do grande João Saldanha, famoso jornalista e treinador responsável pela formação da seleção brasileira tricampeã mundial no México. A minha formação esportiva sempre foi ligada ao voleibol; fui atleta e técnico do Botafogo, fiz parte da equipe campeã olímpica e vice mundial como jogador pela seleção brasileira, fui treinador da seleção italiana campeã mundial. Assumi a presidência do Botafogo em 2003, com o objetivo de tirar a equipe de futebol da 2ª divisão. Procurei fazer um trabalho no sentido de melhorar toda a estrutura do clube, visando modernizar todos os departamentos do clube. Acredito que assim, o Botafogo crescerá não só como clube de futebol, mas em todos os

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seus departamentos, incluindo os esportes amadores; muitos estavam praticamente abolidos do clube. Nestes anos à frente do Botafogo, o clube voltou à primeira divisão do campeonato brasileiro de futebol, disputamos a Copa sul americana este ano; fomos campeões cariocas e também nos classificamos para a copa sul americana do ano que vem. O mais importante disto tudo foi à recuperação da dignidade do clube, da auto-estima dos torcedores e a recuperação da confiança dos investidores no clube. 2) Os clubes esportivos sempre desenvolveram um importante papel na formação tanto do cidadão como de atletas. Ao longo do tempo, podemos perceber que os grandes clubes brasileiros sempre formaram atletas, pois são clubes centenários e ligados diretamente às variadas práticas esportivas no Brasil. No Rio de Janeiro, todos os quatro grandes clubes estão ligados a um determinado bairro. Durante muitos anos, estes clubes eram as melhores opções das pessoas que moravam nestes bairros e queriam praticar algum esporte. Com o passar do tempo, os clubes passaram a investir pesado no futebol, deixando de lado as outras modalidades esportivas. As cidades cresceram, quase todas de forma desorganizada, o que levou à redução do espaço físico dos clubes. Ao mesmo tempo, por razões principalmente de segurança, as pessoas procuraram alternativas para a prática do seu esporte, principalmente as academias. Com isso, o quadro social dos grandes clubes diminuiu drasticamente; as rendas de bilheterias com os jogos de futebol passaram a ser receitas secundárias para os clubes, que passaram a viver da venda de jogadores formados no clube, direito de transmissão dos jogos, venda de espaço para propaganda nas camisas (patrocínio) e venda de produtos ligados ao clube. Neste contexto, é fácil perceber que as outras modalidades esportivas foram perdendo espaço dentro dos clubes. Para preservar algumas modalidades, os clubes passaram a trabalhar com as chamadas escolinha, que se destinam mais à fornecer lazer às pessoas da classe média do que formar atletas. Isto levou ao afastamento das pessoas de menor poder aquisitivo dos clubes, diminuindo o material humano disponível e consequentemente, reduzindo o número de atletas de elite formados nos grandes clubes. Os clubes sociais que deveriam funcionar como entidades de inclusão social, com esta prática, passaram a excluir. Todos sabem que a maioria dos nossos atletas é advinda das classes menos favorecidas. Então, com raríssimas exceções, estes atletas cada dia estão menos ligadas aos clubes. 3) O Botafogo tem procurado resgatar as diversas modalidades esportivas. Claro que como todos os outros grandes clubes, o carro chefe do Botafogo continua sendo o futebol. Neste processo de resgate das outras modalidades, nós temos procurado manter equipes de voleibol feminino e masculino de quadra e de areia; atualmente o clube é campeão infantil e juvenil masculino de basquetebol; campeão juvenil feminino e masculino de voleibol; somos campeões estaduais de remo e, estamos investindo na formação de duplas de vôlei de praia. Aliás, com relação ao vôlei de praia, o meu filho Ricardo de Freitas está disputando o circuito Banco do Brasil de vôlei de praia com o Emanoel, representando o Botafogo. No basquetebol, além dos resultados conseguidos sob o comando do Paulo “Borracha”, teve o caso da menina Luciana, ex-moradora de rua que passou a

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praticar basquetebol no clube, resgatando o papel de inclusão social, tão esquecido nos dias atuais. No remo, revelamos vários atletas ao longo do ano, dentre eles, o Marx, que tem deficiência auditiva, o que não o impediu de ganhar quase todas as provas que disputou. Ano que vem, vamos contar com barcos chineses de última geração. Somos campeões estaduais de pólo aquático, contado com jogadoras que devem disputar o pan do ano que vem com a seleção brasileira. 4) O ano que vem vai ser especial em relação aos esportes considerados amadores, pois 2007 vai ser o ano do pan no Rio de Janeiro e, espero que este evento possa despertar o interesse de futuros parceiros para estas modalidades. Para 2007, vamos trabalhar com uma receita menor para o futebol e ao mesmo tempo, esperamos arrecadar mais com o departamento de marketing. Isto posta vai destinar mais dinheiro para o departamento de esportes amadores. Além disso, temos três atletas com índice olímpico. Estou trabalhando pessoalmente no projeto de vôlei de praia, onde esperamos voltar a contar com equipes adultas no voleibol de quadra e no basquetebol. Temos um projeto com a UERJ, para a formação de atletas no atletismo; para o ano que vem, esperamos aumentar o orçamento deste projeto. Na natação, revelamos recentemente um atleta que ficou conhecido no Brasil por ter conseguido índice nos 200 m e, por ter se destacado na copa do mundo de natação nos Estados Unidos; recebendo inclusive convite para ir treinar lá, em troca de uma bolsa de estudos. O Bernardinho, técnico campeão mundial de voleibol, vai começar a trabalhar em um projeto no clube, visando formar atletas de alto nível. Recentemente, convidamos a Hortência para que ela desenvolva no ano que vem um projeto visando formar atletas para o basquetebol feminino do clube em todas as categorias, fazendo com que estas atletas cheguem ao basquetebol adulto; uma vez que no masculino somos campeões juvenil e infantis. Pretendemos ainda, abrir as portas do clube para projetos sociais, que possam beneficiar alguns jovens de rua. Hoje, o clube procura dar toda a assistência para os atletas, com nutricionistas e psicólogos para dar toda a assistência aos nossos atletas em todas as fases da vida. 5) No Brasil, consideramos como modalidades amadoras, o atletismo, a natação, o basquetebol, o voleibol, a ginástica, o handebol, o pólo aquático e o remo. Destas, o Botafogo não trabalha apenas com a ginástica e o handebol. Gostaria de chamar a atenção para a realidade atual destas modalidades. Hoje, os clubes mantêm apenas a modalidade de futebol como departamento profissional; porém, a maioria dos dirigentes esportivos dos clubes, não é remunerada; ou seja, são amadores. Outro problema enfrentado pelos clubes, é que para manter estas modalidades, o clube tem que gastar muito com as instalações e com a manutenção das diversas categorias de cada modalidade. Normalmente, os clubes contratam ex-atletas para dirigir os projetos voltados para estas modalidades. A maioria destes ex-atletas atua como técnicos; ou seja, os clubes aproveitam a vivência deles no esporte. O ideal seria oferecer a estes ex-atletas uma especialização para que além da experiência no esporte, pudessem oferecer aos futuros atletas conhecimentos pedagógicos, formando atletas num todo.

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Hoje o investimento feito pelos grandes clubes na formação destes atletas não traz retorno, pois quando se destacam não permanecem no clube. Os grandes nadadores acabam se transferindo para os Estados Unidos em busca de aperfeiçoamento e estudo. No basquetebol, quando não conseguem testes na NBA, acabam defendendo alguma equipe com patrocínio no campeonato nacional. No voleibol, ocorre a mesma coisa. No atletismo é ainda pior. Os clubes simplesmente não conseguem manter o atleta, uma vez que quando alcançam destaque, é que aparecem os patrocinadores. É preocupante, ver clubes investindo em atletas consagrados para representar estes clubes em competições oficiais. Isto é uma inversão de valores. 6) O Botafogo hoje mantém toda uma estrutura relacionada ao voleibol; mantemos escolinhas de vôlei de quadra e, somos o único dos grandes clubes a manter escolinha de vôlei de praia. Hoje, o Botafogo procura dar assistência médica, dentária, nutricional e psicológica para os seus atletas desde o mirim. O Clube cobra também de seus atletas que estejam em dia com os estudos; aqueles que não estudam, são encaminhados à escola. Com relação ao pólo aquático, trata-se de uma modalidade esportiva bem peculiar e com poucos praticantes. Até a formação de uma seleção brasileira é complicada. O interessante é que o campeonato estadual, do qual somos os atuais campeões, é considerado de alto nível. Isso ocorre, porque os atletas que são formados pelos clubes, vão embora, principalmente para a Europa e, como as competições de pólo são curtas, estes atletas e até alguns estrangeiros voltam para participar do nosso campeonato. 7) Os clubes esportivos no Brasil cresceram em torno do futebol; as receitas, as parcerias, os produtos e os investimentos dos grandes clubes brasileiros giram em torno do futebol. Esta relação acabou afastando os clubes do seu papel social que desempenhavam, dando oportunidades as pessoas carente de praticar esporte e, crescer socialmente através desta prática. A relação das pessoas com os clubes passou a ser de apenas torcida pelas equipes de futebol, mantidas por estes clubes. Acontece que isso levou a uma diminuição considerável de atletas de alto nível representando o Brasil, o que explica em parte o desempenho pífio do país em competições internacionais. No Brasil, os clubes não conseguem patrocínios para investirem na formação de atletas; o uso do dinheiro do patrocínio do futebol para este fim, é muito complicado. As grandes empresas e até as empresas estatais só investem nos atletas de elite, como forma de mostrar sua marca. Os clubes somente voltarão a formar atletas e nós somente voltaremos a ver os grandes atletas vestindo a camisa dos clubes e criando identidade com eles, com uma mudança radical na mentalidade brasileira; ou seja, os clubes precisam elaborar projetos para a formação de atletas e, estes projetos precisam ser encampados pelas grandes empresas e pelo governo. O nosso país precisa de uma política esportiva que englobe escolas e clubes e possa proporcionar aos nossos atletas um crescimento pedagógico e cultural, tornando-se cidadãos críticos e capazes de formar opinião.

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8) O Botafogo assinou um convênio com a UERJ no ano passado, visando a formação de atletas nas diversas modalidades do atletismo. Nós tomamos esta atitude porque os clubes não possuem nem espaços físicos, nem profissionais capacitados para o desenvolvimento deste projeto. O ensino do atletismo exige profissionais especializados para cada área, além do conhecimento técnico, precisa ter certa bagagem pedagógica. Acreditamos que com este convênio vamos conseguir superar estas expectativas. A UERJ entra com os profissionais, que ao mesmo tempo podem acompanhar os resultados do seu trabalho. O Botafogo entra com os materiais, os uniformes, assistência psicológica e médica. No mês de outubro, durante o campeonato de atletismo colegial do Rio de Janeiro, o Botafogo participou em três modalidades: 100 m infantil, salto em altura e 200 m juvenil, todos no masculino. Acabamos a competição em 6º lugar. Confesso que fiquei emocionado. Espero que esta aliança nos dê muitos frutos. 9) Nós no Botafogo já estamos investindo, pensando no sucesso dos Jogos Pan-americanos. Espero sinceramente que as autoridades competentes consigam fazer destes jogos, um marco para que o Brasil possa sediar competições internacionais. Eu pessoalmente confio no trabalho do Carlos Nuzman, responsável direto pelo sucesso alcançado pelo voleibol brasileiro e atualmente presidente do COB. Os jogos Pan-americanos vão influenciar diretamente a questão de investimentos nas categorias amadoras dos clubes. Espero que com os jogos, o governo possa começar a definir uma política que contemple o esporte; criando condições para que as grandes empresas possam investir nos esportes amadores. Além disso, é necessário conscientizar empresários da necessidade de investir na formação dos atletas na base, que neste caso são os clubes. Espero que com os jogos, o governo olhe para os clubes como formadores de atletas. Espero que o sucesso deste evento possa cumprir um papel social importante. Isto acontecendo, acredito que não só os clubes serão beneficiados, mas toda a população do Rio de Janeiro e do Brasil. O Botafogo tem muitos projetos envolvendo modalidades olímpicas para 2007. Claro que os jogos pan-americanos deverão trazer investidores para estes projetos. 10) A formação de atletas no Brasil depende claramente da criação de uma política esportiva. Primeiro, o país precisa definir claramente o que são políticas sociais. Aqui no Brasil quando se fala em política social, se pensa logo em medidas para tentar reduzir a pobreza. O governo acabou criando uma saída “política”, que não atinge o cerne do problema. São anos de desigualdade social, exploração, falta de oportunidade. As pessoas que dirigem nosso país têm que entender que programas como bolsa família, bolsa escola e tantos outros, não são solução, pois são iniciativas passageiras, pois criam dependência e não resolvem o problema da oportunidade de crescimento social das pessoas participantes. O Brasil precisa de políticas sociais que envolvam a educação e o esporte, pois está provado que a integração entre esporte e educação consegue criar estas condições para melhoria da qualidade de vida, promovem o bem estar social e levam ao crescimento do indivíduo, do cidadão. Nós sabemos que a realidade das escolas públicas brasileiras é de total abandono. É difícil imaginar esses espaços como formadores de consciência. Precisamos mudar a nossa mentalidade em relação à honestidade, à corrupção, à

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violência; pode não parecer, mais todas essas situações levam à formação de pessoas conscientes, críticas, com elevada responsabilidade social. O atleta tem que ser antes de qualquer coisa, um cidadão e quando começarmos a formar cidadãos, conseguirá mudar a realidade brasileira. Eu entendo que a educação é o caminho e que o esporte deve ser a base destas mudanças. 11) Não podemos negar que nos últimos anos, o Brasil experimentou um crescimento de esportes como o basquete, o handebol e principalmente a ginástica. Quem apostaria na seleção feminina de basquete? Quem poderia imaginar o Brasil no pódio nas copas mundiais de ginástica? A verdade é que resultados como estes, foram alcançados graças ao trabalho de pessoas como Carlos Nuzman, o Ari Graça, que fizeram do vôlei brasileiro o melhor do mundo. O trabalho realizado pelo Nuzman à frente do COB, com as chamadas “clínicas de esportes”, tem levado o país a revelar atletas na ginástica como a Daiane dos Santos, a Daniele Hipólito, a Laís Souza, o Diego Hipólito, o Moziah Araújo. Recentemente, um centro como este foi inaugurado no Rio de Janeiro, na natação e já começou a dar bons resultados. É necessário que iniciativas como estas, sirvam de base para a elaboração de uma política esportiva para o país. É necessário lembrar, que estas clínicas não são direcionadas para a revelação de valores esportivos e sim dar condições para que atletas de alto nível possam alcançar resultados expressivos. É inegável, que a colocação pela primeira vez do esporte na Constituição, bem como a criação pelo governo Lula de um ministério destinado ao esporte, são iniciativas que nos fazem sonhar com um futuro melhor para o esporte. ANÁLISE – O ponto de vista do presidente Bebeto de Freitas, revela que ele é uma

pessoa altamente entendida de esporte, com uma formação voltada para o

desenvolvimento do esporte como fator de socialização, como política social capaz

de gerar bem estar social.

A relação de dirigentes como Bebeto de Freitas com o futebol se torna

complicada, justamente devido a esta formação. Bebeto de Freitas vem de um

esporte que é exemplo de organização, que é o voleibol. Por não conseguir

implantar no clube toda sua experiência como dirigente vencedor do voleibol e, por

se deparar com toda a desorganização que impera no futebol que é o “carro chefe”!

do clube, ele não só como dirigente máximo do clube, mas principalmente como

torcedor, se vê diante da sua paixão pelo clube e a vontade de fazer com que o

Botafogo se torne um dos principais clubes do mundo e, se depara com a realidade

encontrada e vivida pela maioria dos grandes clubes brasileiros: - dívidas herdadas

de gestões anteriores, salários altos e atrasados, compra de resultados, a falta de

ética, a pressão da torcida por resultados imediatos. Assim, ele não vê perspectivas

para implantar seus métodos de trabalho.

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Segundo Napoleão (2000), o sucesso do futebol brasileiro levou os clubes a

negligenciarem a administração de outros esportes, que sempre foram

desenvolvidos nos clubes e, consequentemente, se distanciaram do seu grande

compromisso que é a formação do cidadão.

Para Roberto Porto (2005), os clubes esportivos sempre cumpriram um papel

importante na sociedade brasileira. Se formos comparar a história dos principais

clubes com a história brasileira, perceberemos que estes clubes fazem parte nossa

história. Ainda segundo o autor, nenhuma grande empresa ou instituição, conseguiu

sobreviver a tantos percalços como os clubes esportivos. Isto ocorreu somente

porque os clubes são centenários e são alimentados pela paixão e fidelidade que

envolve o futebol.

È importante salientar, que a visão do dirigente em relação à realização do

pan-americano no Rio de Janeiro, revela que através deste evento os esportes

amadores dos clubes deverão crescer bastante, talvez trazendo o Botafogo de novo

ao cenário nacional, como na época de Aída dos Santos no atletismo, ou do voleibol

da própria geração de Bebeto de Freitas ou Tande.

Entrevista com o Presidente do Clube de Regatas Flamengo. Questionário:

01) Fale um pouco sobre o senhor. 02) Qual o papel dos clubes esportivos na revelação de atletas? 03) Em quais modalidades, consideradas amadoras, o Flamengo tem se

destacado? 04) Qual o seu planejamento em relação aos esportes amadores para sua nova

gestão? 05) Quais as principais dificuldades encontradas pelos clubes de futebol em

relação à manutenção das modalidades amadoras? 06) Qual a estrutura mantida pelo Flamengo em relação à ginástica e a natação? 07) O que precisa ser feito, para que os clubes esportivos possam voltar a revelar

atletas nos esportes amadores? 08) Qual a relação do Flamengo com o atletismo? 09) Qual a expectativa do Flamengo em relação aos jogos Pan-americanos no

Rio de Janeiro em 2007 e, como este evento pode influenciar os esportes amadores do clube?

10) O Senhor acredita ser possível a escola pública brasileiras voltarem a formar atletas?

11) O que o Senhor acha ser necessário mudar na atual estrutura esportiva brasileira, para que as escolas e os clubes possam formar atletas?

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Entrevista com o presidente do Clube de Regatas Flamengo. 2

Sou Márcio Baroukel de Souza Braga, natural do Rio de Janeiro, tenho como profissão principal advogado; porém, não exerço esta profissão há algum tempo, devido aos negócios (empresas da família) e, também para realizar o meu grande sonho que era presidir o Clube de Regatas Flamengo. Este é o meu sexto mandato à frente do Flamengo; neste período, conquistei 4 (quatro) campeonatos carioca (78,79,91 e 2004), 3 (três) campeonatos brasileiros (80,87 e 92) e a Copa do Brasil deste ano, que classificou o Flamengo para a Copa Libertadores do 2007. 2) Os clubes esportivos já foram celeiros de formação de grandes atletas em todas as modalidades esportivas. Num passado não muito distante, era comum você ter uma série de atletas ligados aos grandes clubes. A realidade hoje é bem diferente, os clubes passaram a dar atenção especial ao futebol, pois é o esporte que dá retorno imediato ao clube, com o futebol o clube fica exposto à mídia, conseguindo atrair parceiros para tocar os projetos relativos ao futebol. Os clubes hoje já não são freqüentados como antigamente. Para se ter uma idéia, nestas eleições no Flamengo, que é maior clube do Brasil, detentor de uma torcida imensa, talvez a maior do mundo, apenas 1.346 sócios estavam aptos para votar. A ligação da maioria das pessoas com os clubes é apenas com relação ao futebol, são torcedores da equipe de futebol. A maioria dos torcedores desconhece as outras modalidades geridas pelo clube. 3) O Flamengo mantém algumas modalidades esportivas, além do futebol. Nós possuímos departamento de ginástica, voleibol, basquetebol, remo, pólo aquático e natação. Destes, o Flamengo sempre se destacou na remo, onde normalmente disputamos finais de campeonato com o Vasco e o Botafogo. No voleibol, mantemos equipes femininas e masculinas no infantil, infanto e juvenil. No basquetebol, temos equipe masculina disputando o campeonato brasileiro. Agora, as meninas dos nossos olhos, são a ginástica e a natação. Na natação já revelou campeões mundiais como Ricardo Prado e Fernando Sherer, o Xuxa. Na ginástica, nenhum clube realiza um trabalho como o Flamengo. Hoje, temos atletas formados no próprio clube como o Diego Hipólito e a Daniela Hipólito; além da própria técnica e coordenadora da clínica de ginástica brasileira também ter sido atleta e técnica no clube. 4) Olha o nosso pensamento é sempre manter o Flamengo como um clube de ponta em todos os esportes, acho que o Flamengo pela sua grandeza e tradição, tem a obrigação de ganhar tudo o que disputa. Pensando nisso, tenho plano para o lançamento de um projeto olímpico para o clube, para que o Flamengo possa ter atletas de ponta defendendo o clube em outras modalidades além do futebol. 5) O futebol exige do clube cada vez mais investimentos. Os grandes clubes de futebol necessitam manter sempre equipes capazes de disputar títulos, pois só assim se consegue patrocínios que garantam a manutenção destas equipes.

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Grandes jogadores exigem altos salários e todo time de futebol de ponta, necessita de pelo menos cinco grandes jogadores, para atrair público e, consequentemente atrair grandes patrocinadores. O problema das modalidades esportivas consideradas amadoras é que não se consegue patrocinadores específicos para estas modalidades e, quando se destina uma parte considerável para sustentar estas modalidades, enfrentam-se protestos dos próprios patrocinadores, que querem ver seu produto terem um retorno rápido e, da torcida que se interessa apenas pelo futebol. 6) Como disse antes, a ginástica e a natação são as meninas dos olhos do Flamengo. Engraçado, que estas modalidades são as que mais recebem incentivos financeiros por parte do clube e, isto ocorre justamente porque atletas de ponta como Fernando Sherer, Patrícia Amorim, Daniele Hipólito e Diego Hipólito continuam vinculados ao clube. Esta relação atrai investidores para estas modalidades. Na natação, o Flamengo é o clube carioca que possui as melhores instalações do Rio de Janeiro. Nossa estrutura conta com piscinas olímpicas, semi-olímpicas, além de plataforma para salto. Além disso, contamos com profissionais de alto gabarito na formação de atletas. Na ginástica, o trabalho realizado pelo Flamengo é ímpar entre os clubes esportivos brasileiros; além de contarmos com atletas de ponta como a Daniele, Diego Hipólito e a Carolina Gomide; integrantes da comissão técnica brasileira trabalham no Flamengo. 7) O governo federal precisa entender que os clubes esportivos, são entidades sociais e, por isso precisam cumprir com o seu papel. Para que estes clubes tenham condições de revelar atletas para o país, precisam antes de qualquer coisa, voltarem a ser tratados como entidades sociais. É inadmissível, que os clubes que prestam um serviço tão grande à nação, continuem arcando com tantos tributos e não recebem qualquer incentivo por parte do governo federal. 8) O Flamengo infelizmente, atualmente não possui um departamento voltado para o atletismo. O atletismo é uma modalidade muito complexa, pois envolve várias outras modalidades, exigindo dos clubes um investimento muito grande na criação dês estruturas como: construção e manutenção de vila olímpica, contratação de profissionais especializados nas diversas modalidades que compõem o atletismo. 9) Os jogos Pan-americanos de 2007 serão muito importantes não só para o Flamengo, mas para todo o Brasil. É uma chance de ouro para o país mostrar ao mundo que tem condições de organizar competições internacionais. Acredito que um sucesso no Pan, atrairá maiores investimentos para o país. Espero que o governo brasileiro faça uma grande organização dos jogos e que parte do que for arrecado, seja repassado aos clubes para que possam investir na formação de atletas. 10) Olha a gestão das escolas públicas no Brasil, precisa ser revista com certa urgência. O governo federal precisa definir uma política para o esporte, que contemple as escolas públicas e que defina o papel destas escolas dentro desta política esportiva. As escolas como estão hoje, não têm condições de formar atletas. È necessário um reaparelhamento destas escolas para transformá-las em unidades de formação de atletas.

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11) Veja bem, no caso das escolas acredito que devem ser repensadas dentro de uma política federal voltada para a formação desses atletas e, definir qual a relação destes com a escola (aluno, atleta ou aluno-atleta); quanto aos clubes, é necessário se resgatar o papel social destes clubes. O governo tem que repensar sua relação com os clubes esportivos, principalmente os maiores, para que eles possam realmente oferecer serviços à comunidade a que pertencem.

ANÁLISE– As resposta dadas pelo presidente Márcio Braga, revelam a posição de

um dirigente totalmente comprometido com o futebol. Por ter dirigido o clube em

outras oportunidades, o dirigente conhece bem a realidade que cerca o futebol

brasileiro e está atento à realidade dos grandes clubes brasileiros. Um clube da

grandeza do Flamengo, com uma torcida maior do que a população de muitos

países, com os recursos que hoje o futebol gera, deveria também ser o clube de

maior investimento, não só no futebol, como também em outras modalidades, que

são desenvolvidas no clube. Além disso, o Flamengo não deveria apresentar

problemas como atraso de salários ou endividamento a que o clube tem se

envolvido.

Para Roberto Damatta (1982), o futebol é uma forma que a sociedade

brasileira encontrou para se expressar. È uma maneira de o homem nacional

extravasar características emocionais profundas, tais como a paixão, o ódio, a

felicidade, a tristeza, o prazer, a dor, a fidelidade, a resignação, a coragem, a

fraqueza e muitas outras. Assim, são perfeitamente explicáveis as contradições que

marcam o futebol brasileiro, tornando-o uma forma de cidadania.

Para Sérgio (2000), os clubes brasileiros chegaram à situação atual

(endividamento, quase falência), mais pela falta de reconhecimento do Estado, que

não se preocupou em criar mecanismos que socorressem estes clubes, do que

pelas más administrações e más gestões dos recursos pelos dirigentes. Segundo o

autor, no Brasil nunca se deu a devida importância ao papel do esporte na

sociedade. Para ele, as más administrações que comprovadamente levaram os

grandes clubes ao endividamento, também foram geradas por essa ausência do

Estado no esporte. Segundo ainda o autor, o esporte por ser uma manifestação

social, deveria ter o mesmo tratamento dispensado à cultura, por exemplo.

Para Gaudêncio, Frigotto & Ciavatto (2004), o problema dos grandes clubes

brasileiros é que seus dirigentes não se preocuparam em criar uma relação de

trabalho que permitisse a eles futuramente construir modelos empresariais sólidos,

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para gerir os recursos gerados pelo futebol e, criar mecanismos que possibilitassem

a exploração da marca dos grandes clubes.

CONCLUSÂO E SUGESTÔES

É importante que a educação esportiva seja realizada com qualidade, o que

implica em uma bagagem ampliada do professor/educador e do aluno. Para que

possamos ter uma idéia de como realçar e aumentar o número de participantes de

esportes, temos que ter a coragem de aceitar as inovações metodológicas do ensino

e desenvolvimento em esportes. Para isto, precisamos entender que a prática de

jogos e esportes não é necessariamente baseada na reprodução de movimentos e

sim na capacidade de se envolver no jogo.

As mudanças que precisamos para o Brasil são inúmeras. No caso do esporte,

a mudança deve ser clara: uma pedagogia de qualidade social para todos. O papel

do educador é fundamental neste processo e, portanto, necessita ser qualificado. Se

o professor de esporte no Brasil tiver a coragem de encarar as mudanças mundiais

que já ocorrem em pequenas comunidades de nosso país, nós teremos em médio

prazo um país com mais praticantes que participam ativamente de atividades em

suas comunidades e não somente consomem esportes através da tv.

Ainda temos um país que não oferece chance de prática esportiva em sua

plenitude. Podemos argumentar que isso só é possível com a transformação da

sociedade e do modelo de preocupação. É evidente que no horizonte das mudanças

sociais existe uma preocupação central que é uma transformação específica da

didática do esporte, do conteúdo e método do ensino do esporte.

Um país com mais de cento e setenta milhões de habitantes, com um território

continental, com uma diversidade ética e cultural muito rica, com uma população

alegre, dinâmica e pré-disposta à prática das várias modalidades esportiva, sem,

sem grandes catástrofes naturais; como um país como o Brasil tem tanta dificuldade

na formação de atletas?

Na verdade, acredito que o conteúdo de pesquisa que apresento, representa

uma parcela pequena no universo a ser pesquisado.

Para tentar desvendar este mistério, juntei o conhecimento que tenho de 17

anos de magistério, sempre dedicado às escolas públicas, procurei entrevistar

42

professores conhecidos meus, que desenvolvem trabalhos que vão desde os

chamados projetos da escola, ou seja, de fundo totalmente pedagógico, até projetos

que envolvam a comunidade escolar, mas com ambições bem maiores. Também fui

atrás de conhecer a realidade dos clubes brasileiros e, para isto contei com a ajuda

do presidente do Botafogo, Bebeto de Freitas, que além de me conceder uma

entrevista, respondendo atenciosamente, me propiciou uma entrevista com o

presidente do Flamengo Márcio Braga.

No âmbito da formação de atletas, pude perceber que o Brasil evoluiu bastante

nas últimas décadas, em relação ao que existia antigamente. Porém, vale ressaltar

que função das escolas públicas brasileiras, é a de formara atletas; e sim a de

formara cidadãos

Com relação aos clubes esportivos brasileiros, que hoje são conhecidos quase

que exclusivamente pelas equipes de futebol, acredito que além de todos os fatores

levantados pelos presidentes Bebeto de Freitas e Márcio Braga, é inegável que

foram vítimas de péssimas administrações. Os clubes brasileiros são inegavelmente,

formadores de grandes atletas, porém, o que ocorre hoje em dia é que não

conseguem manter estes atletas, pois apesar do nome de esportes olímpicos,

modalidades como futsal, vôlei, basquete, natação, handebol, ginástica e o atletismo

alcançaram profissionalização para os atletas que se destacam nestas modalidades.

Acredito que os clubes brasileiros, se não quiserem acabar de vez com todas as

outras modalidades esportivas e se dedicarem apenas ao futebol, terão que se

enquadrar a esta nova realidade mundial.

É inegável que iniciativas como a Constituição de 1988, a criação do Ministério

dos Esportes, a aprovação recente de lei de incentivo á cultura e ao esporte, trazem

avanços inimagináveis ao desporto brasileiro.

Acredito que somente com a elaboração de uma política voltada ao esporte,

que contemple os clubes esportivos, poderemos contemplar um futuro melhor no

sentido de formação e continuidade esportiva brasileira. Chamo a atenção também

para a necessidade da criação de uma lei de responsabilidade para dirigentes

esportivos, para que os mesmos possam ser responsabilizados pelo mal uso de

dinheiro público e de patrocínios, como forma de garantir o destino de verbas, como

a que vem por aí em 2007, a “Timemania”, evitando o seu mau uso.

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REFERÊNCIAS

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www.sportv/sportvrepórter (01.01.2007)

www.spnbrasil/acaminhodopan (03.01.2007)

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ANEXOS:

ANEXO 1

MODELO DO TERMO DE CONSENTIMENTO PARA AMOSTRA

FORMULÁRIO DE CONSENTIMENTO

1. O (a) Senhor (a) _________________________________________________, Voluntário para participação em minha pesquisa. 2. Fui informado que o objetivo deste estudo centra-se em: 3. Compreendo que minha participação gratuita nesta pesquisa poderá contribuir para que em um futuro próximo possa ser oferecida aos indivíduos idosos atividade física orientada para os motivos por min sugestionados. 4. Tenho ciência de que os resultados da pesquisa poderão ser publicados, porém meu nome ou identificação, nem tampouco o nome do estabelecimento no qual atuo serão revelados. 5. Eu li as informações acima, recebi explicações sobre a natureza, demanda e benefícios da pesquisa. Assumo conscientemente o compromisso de responder de forma idônea aos questionamentos propostos. RG Nº___________________ EXPEDIDA EM:______________ LOCAL:_______ VOLUNTÁRIO______________________________________________________ 6. Certifico que expliquei ao indivíduo acima a natureza, o propósito e os benefícios potenciais da participação nesta pesquisa, bem como respondi a todos os questionamentos que me foram feitos. 7. Estes elementos de consentimento estão de acordo com a garantia dada pela Arizona State University ao departamento de saúde e serviços humanos para proteger os direitos dos sujeitos humanos, proposto por Thomas e Nelson (2002). ASSINATURA PESQUISADOR: Profº DR. Ronaldo Rodrigues da Silva PhD

Brasília - 2006

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ANEXO 2

MODELO DO TERMO DE CONSENTIMENTO PARA INSTITUIÇÃO

NOME DA INSTITUIÇÃO PESQUISADA

FORMULÁRIO DE CONSENTIMENTO

1. O (a) Senhor (a) Diretor ou Coordenador da Instituição: ___________________ Autorizou o desenvolvimento da pesquisa pelo aluno da _______________________________________portador da carteira de identidade Nº ________ e do CPF Nº__________ e coletar dados inerente ao seu estudo, no comprometimento de seus resultados serem usados por esta instituição para melhoria da qualidade de vida dos indivíduos idosos participantes do estudo. 2. Fui informado que o objetivo deste estudo tem como objetivo em _______________________. 3. Compreendo que a participação gratuita da Instituição nesta pesquisa poderá contribuir para que em um futuro próximo possa ser oferecida aos indivíduos idosos uma melhoria no desenvolvimento de planejamento e projetos oferecidos a essa clientela. 4. Tenho ciência de que os resultados da pesquisa poderão ser publicados. 5. Eu li as informações acima, recebi explicações sobre a natureza, demanda e benefícios da pesquisa e seguindo as normas da Instituição, (SIM) AUTORIZO (NÃO) AUTORIZO, a divulgar no artigo o nome da instituição. ASSINATURA DO RESPONSÁVEL PELA INSTITUIÇÃO INVESTIGADA ______________________________________ 6. Certifico que expliquei ao responsável pela instituição acima a natureza, o propósito e os benefícios potenciais da participação nesta pesquisa, bem como respondi a todos os questionamentos que me foram feitos ASSINATURA DO PESQUISADOR ________________________________________

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Brasília - 2006

Entrevista com o Presidente do Botafogo de Futebol e Regatas, Bebeto de Freitas. Questionário:

1. Fale um pouco sobre o senhor. 2. Qual o papel dos clubes esportivos na revelação de atletas? 3. Em quais modalidades, consideradas amadoras, o Botafogo tem se

destacado? 4. Qual o seu planejamento em relação aos esportes amadores para sua

gestão? 5. Quais as principais dificuldades encontradas pelos clubes de futebol

em relação à manutenção das modalidades amadoras? 6. Qual a estrutura mantida pelo Botafogo em relação ao Pólo aquático e

ao Voleibol? 7. O que precisa ser feito, para que os clubes esportivos possam voltar a

revelar atletas nos esportes amadores? 8. Qual a relação do Botafogo com o atletismo? 9. Qual a expectativa do Botafogo em relação aos jogos Pan-americanos

no Rio de Janeiro em 2007 e, como este evento pode influenciar os esportes amadores do clube?

10. O Senhor acredita ser possível as escolas públicas brasileiras voltarem a formar atletas?

11. O que o Senhor acha ser necessário mudar na atual estrutura esportiva brasileira, para que o país possa ter atletas de alto nível em outros esportes além do voleibol e do futebol?

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Entrevista com o Presidente do Clube de Regatas Flamengo. Questionário:

1. Fale um pouco sobre o senhor. 2. Qual o papel dos clubes esportivos na revelação de atletas? 3. Em quais modalidades, consideradas amadoras, o Flamengo tem se

destacado? 4. Qual o seu planejamento em relação aos esportes amadores para sua

nova gestão? 5. Quais as principais dificuldades encontradas pelos clubes de futebol em

relação à manutenção das modalidades amadoras? 6. Qual a estrutura mantida pelo Flamengo em relação à ginástica e a

natação? 7. O que precisa ser feito, para que os clubes esportivos possam voltar a

revelar atletas nos esportes amadores? 8. Qual a relação do Flamengo com o atletismo? 9. Qual a expectativa do Flamengo em relação aos jogos Pan-americanos no

Rio de Janeiro em 2007 e, como este evento pode influenciar os esportes amadores do clube?

10. O Senhor acredita ser possível as escolas públicas brasileiras voltarem a formar atletas?

11. O que o Senhor acha ser necessário mudar na atual estrutura esportiva brasileira, para que as escolas e os clubes possam formar atletas?

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ENTREVISTA

1. QUAL A SUA FORMAÇÃO PROFISSIONAL? 2. VOCÊ ATUA EM ESCOLA PÚBLICA? 3. QUAL O PROJETO DESENVOLVIDO POR VOCÊ? 4. O QUE TE LEVOU A DESENVOLVER ESTE PROJETO? 5. QUAL O OBJETIVO DO SEU PROJETO? 6. QUAL A RELAÇÃO DO SEU PROJETO COM A ESCOLA ONDE VOCÊ

ATUA? 7. O SEU PROJETO PODE FORMAR ATLETAS DE ELITE? 8. VOCÊ CONSIDERA O SEU PROJETO BEM SUCEDIDO? 9. HÁ QUANTO TEMPO VOCÊ DESENVOLVE ESTE PROJETO? 10. O SEU PROJETO PODE SER DESENVOLVIDO NA ESCOLA? 11. QUAIS OS MATERIAIS QUE VOCÊ UTILIZA? 12. QUEM FORNECE ESTES MATERIAIS? 13. VOCÊ ACREDITA QUE AS ESCOLAS PÚBLICAS POSSAM SER

FORMADORAS DE ATLETAS? 14. O QUE VOCÊ ACHA QUE FALTA PARA QUE ISTO ACONTEÇA?

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