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Anais do V Simpósio Internacional Lutas Sociais na América Latina “Revoluções nas Américas: passado, presente e futuro” ISSN 2177-9503 10 a 13/09/2013 GT 2. Estado, ideologias e meios de comunicação 54 GT 2. Estado, ideologias e meios de comunicação A função política e ideológica do programa do voluntariado empresarial do Instituto Ethos no contexto da reestruturação produtiva Luana M. de Andrade 1 Resumo: Pretende-se discutir no contexto da reestruturação produtiva a Responsabilidade Social Empresarial por intermédio do Programa de Voluntariado Empresarial-PVE do Instituto Ethos. Este foi concebido como uma resposta do empresariado aos efeitos da reestruturação produtiva, sob o modelo toyotista, em que exige enquanto pré-requisito o envolvimento do trabalhador na empresa. O PVE, por uma via diferente, mas com a mesma finalidade, busca a participação ativa e engajada dos trabalhadores na política da empresa, configurando-se em novas estratégias de obtenção do consenso. A idéia principal consiste em abordar o voluntariado empresarial no contexto da reestruturação produtiva, uma vez que é neste marco histórico em que é engendrada uma nova atuação do empresariado ante as seqüelas das questões sociais difundindo, para isso, noções de parcerias, voluntariado, colaboração entre as classes e conclamando todos à atuação nos problemas sociais. Palavras-chave: Responsabilidade Social; Toyotismo; Voluntariado. Introdução Com o intuito de explicitar a função política e ideológica do Programa do Voluntariado Empresarial no contexto da reestruturação produtiva, sob a lógica do toyotismo, a análise inicialmente procurará apreender do fordismo-taylorismo sucintamente, seu tipo próprio de subjetividade para, depois, apreender no assim chamado toyotismo a produção de uma nova subjetividade da classe trabalhadora e de que maneira o Programa do Voluntariado Empresarial elaborado por um dos organismos mais 1 UNESP, Ciências Sociais. Contato: [email protected]

A função política e ideológica do programa do voluntariado ... · máquinas, de tal modo que não possa operar em outra, o operário pode chamar seu colega de trabalho para ajudá-lo,

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Anais do V Simpósio Internacional Lutas Sociais na América Latina “Revoluções nas Américas: passado, presente e futuro”

ISSN 2177-9503 10 a 13/09/2013

GT 2. Estado, ideologias e meios de comunicação 54

GT 2. Estado, ideologias e meios de comunicação

A função política e ideológica do programa do voluntariado empresarial do Instituto Ethos no contexto da reestruturação produtiva

Luana M. de Andrade1

Resumo: Pretende-se discutir no contexto da reestruturação produtiva a Responsabilidade Social Empresarial por intermédio do Programa de Voluntariado Empresarial-PVE do Instituto Ethos. Este foi concebido como uma resposta do empresariado aos efeitos da reestruturação produtiva, sob o modelo toyotista, em que exige enquanto pré-requisito o envolvimento do trabalhador na empresa. O PVE, por uma via diferente, mas com a mesma finalidade, busca a participação ativa e engajada dos trabalhadores na política da empresa, configurando-se em novas estratégias de obtenção do consenso. A idéia principal consiste em abordar o voluntariado empresarial no contexto da reestruturação produtiva, uma vez que é neste marco histórico em que é engendrada uma nova atuação do empresariado ante as seqüelas das questões sociais difundindo, para isso, noções de parcerias, voluntariado, colaboração entre as classes e conclamando todos à atuação nos problemas sociais. Palavras-chave: Responsabilidade Social; Toyotismo; Voluntariado.

Introdução

Com o intuito de explicitar a função política e ideológica do Programa do

Voluntariado Empresarial no contexto da reestruturação produtiva, sob a lógica do

toyotismo, a análise inicialmente procurará apreender do fordismo-taylorismo

sucintamente, seu tipo próprio de subjetividade para, depois, apreender no assim chamado

toyotismo a produção de uma nova subjetividade da classe trabalhadora e de que maneira o

Programa do Voluntariado Empresarial – elaborado por um dos organismos mais

1 UNESP, Ciências Sociais. Contato: [email protected]

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importantes da burguesia - Instituto Ethos – tem contribuído para a adesão da classe

trabalhadora à lógica do capital, reforçando, assim, os princípios do toyotismo.

Do taylorismo/fordista ao toyotismo e o Programa do Voluntariado Empresarial do

Instituto Ethos.

Como é sabido, o taylorismo pode ser considerado um processo de

racionalização na organização industrial com o propósito de controlar e determinar os

métodos de trabalho. Os referidos métodos se apóiam na ciência, por esta razão é

designado também de organização científica do trabalho. Segundo Simone Weil (1979), a

ciência em seus primórdios se ocupava com o estudo das leis da natureza. Em seguida

passou a ser usada na produção e por fim na força de trabalho. Em outras palavras, ainda

segundo Weil (1979), a primeira Revolução Industrial significou a apropriação científica

da matéria inerte, a segunda Revolução Industrial foi a apropriação cientifica da matéria

viva, isto é, dos homens. Portanto, o taylorismo/fordista é a utilização científica do

trabalho vivo.

O sistema taylorista, com o intuito de controlar o tempo de trabalho, estabeleceu

uma especialização de todas as atividades e funções, ou seja, subdividindo “ao extremo

diferentes atividades em tarefas tão simples quanto esboços de gestos, passando então

medir a duração de cada movimento com um cronômetro, resultando na determinação do

tempo "real" gasto para se realizar cada operação” (PINTO, 2007, p. 22)

A organização do trabalho industrial ficou marcada, assim, pela especialização de

uma única atividade simples e pela separação entre concepção e execução em virtude da

apropriação do saber-fazer do operário.

Concomitantemente ao sistema taylorista, desenvolveu-se o fordismo, que se

destaca pela criação da produção e consumo em massa de produto padronizado. A

produção em massa, com a introdução da linha de montagem em série, foi possível em

virtude da divisão técnica e minuciosa das funções e atividades entre vários agentes,

conforme fora desenvolvido pelo taylorismo (PINTO, 2007). O fordismo buscou atender a

um potencial consumo de massa. Para tanto, tornou-se necessário regular o trabalho de

cada um, como também, entre os diferentes trabalhos através da linha de esteira rolante.

Com a linha, fixa uma cadência regular de trabalho, desenvolvendo no trabalhador posturas

maquinais mínimas e automáticas, eliminando o antigo senso psicofísico do trabalho

profissional qualificado, que demandava uma participação ativa da inteligência, da

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fantasia, da iniciativa do trabalhador, e reduzir as operações produtivas ao aspecto físico

maquinal” (GRAMSCI, p.2008).

Assim, a emergente organização2 do espaço fabril exigiu uma nova sociabilidade,

isto é, um novo tipo de homem com o modo de agir, sentir e estar adequado às novas

necessidades da indústria fordizada. Segundo Gramsci, "a vida na indústria demanda um

tirocínio generalizado, um processo de adaptação psicofísico a determinadas condições de

trabalho, de nutrição, de habitação, de hábitos, que não é inato, mas que deve ser

adquirido” (2008, p. 47).

Por esta razão, de acordo com o referido autor, Henri Ford se interessou pela vida

de seus trabalhadores fora da fábrica controlando-a em diversos âmbitos, desde a

sexualidade, de maneira a torná-la também racionalizada, até a proibição do uso de bebidas

alcoólicas, que ficou conhecido proibicionismo.3

Para obter este novo trabalhador e homem, em conformidade com as exigências do

mundo do trabalho, tal como ocorreu, posteriormente, na década de 70 do século XX, só

que sem os altos salários e benefícios sociais, foi segundo Gramsci (2008) necessário

derrotar as lutas dos trabalhadores e de suas organizações, combinando habilmente a força

- destruição dos sindicatos mais combativos e com a persuação- altos salários, benefícios

sociais e propaganda ideológica.

O sistema taylorista/fordista desenvolveu-se durante o século XX a partir do

período pós-guerra. Todavia, este sistema se manteve intacto até 1973. Na década de 1970

o referido sistema econômico entrou em crise devido à crise de superprodução do

capitalismo, fato que desencadeou uma longa e profunda recessão, agravada pelo advento

da crise energética, provocando a retração do mercado em nível global e forçando as

economias a se adaptarem a um novo padrão de concorrência (PIRES, 2006). Em virtude

da crise estrutural caracterizada pelo débil crescimento da demanda, as empresas adotaram

estratégias para um mercado cada vez mais restrito e sujeito a grandes flutuações,

terminando assim, o longo crescimento econômico entre 1945 e 1973 denominado por Eric

Hobsbawm (1995) de era de ouro do capitalismo.

A reestruturação produtiva surge enquanto resposta à crise do capitalismo por meio

do modelo toyotista, visto que este novo método de produção atende à dinâmica do

2 Este modelo de organização foi uma forma de preservar o mecanismo de acumulação do capital,

ou seja, uma estratégia para obstacularizar a queda da taxa de lucro. (GRAMSCI, 2008). 3 Referência à proibição do consumo de bebidas alcoólicas nos EUA (1919-1933).

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capitalismo, das novas condições de concorrência e de valorização do capital surgidas a

partir da crise dos anos 1970 (ALVES, 2000).

De acordo com um dos principais ideólogos do toyotismo, Benjamin Coriat (1993),

o Japão passou por um processo de inovação nas áreas relacionadas à organização do

trabalho e à gestão da produção adaptadas às condições contemporâneas de competição

entre empresas em que a diferenciação e a qualidade assumem importância vital.

A via japonesa configurou-se pela desespecialização dos trabalhadores qualificados

por meio da polivalência e da plurifuncionalidade dos homens e máquinas. O processo de

racionalização, sob o toyotismo, seguiu uma lógica diferente da fordista/taylorista ao

buscar o envolvimento integral dos trabalhadores enquanto exigência deste modelo, que se

estabeleceu nas décadas de 1980 e 1990 (CORIAT, 1993).

A finalidade da nova organização do trabalho é, para obter ganhos de

produtividade, o que fazer para aumentar a produtividade quando as quantidades não

aumentam. Ou, nos termos de Alves (2000), sob uma perspectiva crítica, quando o capital

está em crise de superprodução. Deste modo, instaurou-se a substituição da produção em

série e escala por um modelo mais enxuto em que a racionalidade do trabalho se apóia

sobre a flexibilidade e variedade (CORIAT, 1993).

Nesse sentido, o toyotismo está baseado numa forma de organização da produção

com vistas a atender imediatamente às variações da demanda, provocando a flexibilidade

da organização da produção. Esta é alavancada pela demanda e, enquanto o crescimento,

pelo fluxo, em outras palavras, a empresa produz aquilo que pode ser vendido, por um

lado, e, por outro, o consumo condiciona a organização da produção. Este regime de

produção foi chamado de just-in-time ou no tempo certo, que significa produzir apenas o

necessário, na quantidade necessária e no momento necessário evitando a formação de

estoques (GOUNET, 1999).

Esta forma de produção tornou-se possível por outro mecanismo designado kanban,

que consiste em passar informações de um posto posterior ao anterior de maneira que este

último produza a quantidade de peças necessárias para os postos subseqüentes, como

também, caixas passam a circular em um fluxo produtivo de sentido normal- posto anterior

ao posterior- contento as peças solicitadas por cada um dos postos envolvidos na produção

de uma dada mercadoria (GOUNET, 1999).

A linha de produção neste modelo é substituída pelo trabalho em equipe. Há uma

mudança no espaço da fábrica pela celularização. Os postos de trabalho passam a ser

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organizados em grandes conjuntos abertos para que possa ficar concentrado numa etapa

definida de todo o processo produtivo. A relação um homem/uma máquina é rompida

estabelecendo um trabalhador para mais de uma máquina, caso esteja ocupado com outras

máquinas, de tal modo que não possa operar em outra, o operário pode chamar seu colega

de trabalho para ajudá-lo, por isso trabalho em equipe e não mais individualizado como

fora o sistema taylorista. Em virtude disso, o trabalhador torna-se polivalente porque deve

operar várias máquinas diferentes ao mesmo tempo e também é encarregado de outras

funções que antes, no taylorismo, estava restrito ao departamento no espaço da fábrica tais

como programação de máquinas, planejamento e a coordenação da produção, manutenção

do aparato produtivo e controle de qualidade dos produtos. (PINTO, 2007).

As conseqüências para os trabalhadores foram a intensificação dos ritmos de

trabalho e de seu controle. Além disso, em cada célula, em que são organizadas por

equipes de trabalhadores, é estabelecido pela gerência metas. Como se trata de um trabalho

em equipe, os trabalhadores são responsáveis pelo cumprimento de tais metas e o controle

da produtividade, deste modo, passam a se auto-controlar, descartando, a figura do

cronometrista. Outro fato que agrava ainda a auto-exploração é a avaliação patronal que

não é pautada em critérios individuais, mas sim coletivos. Caso algum membro da equipe

manifeste desinteresse, fadiga, ou simplesmente se revolte, pode gerar desconforto ou

ameaça aos demais membros do grupo devido ao medo da perda do emprego, o que os leva

a coagir o trabalhador que não corresponda aos interesses da equipe, ou melhor, da

empresa. Gerando uma supervisão intensa, mas feita pelos próprios operários (PINTO,

2007).

A reorganização da produção engendrada a partir dos protocolos organizacionais e

institucionais do toyotismo, segundo Alves (1999), estão voltados para a produção de uma

nova subjetividade da classe operária. Os novos métodos de trabalho como just-in-time,

kanban, CCQ’s dentre outros surgem como uma via original de racionalização do trabalho.

O taylorismo/fordista articula-se com o toyotismo segundo a lógica da continuidade

e descontinuidade, pois tanto um quanto o outro visam obter o controle subjetivo da classe

operária. Embora as duas vias de racionalização possuam a mesma lógica, com o

toyotismo inaugura-se uma nova forma de controle subjetivo, ou, uma nova subsunção real

do trabalho ao capital revelando a descontinuidade, visto que exige um novo envolvimento

do trabalho na produção capitalista, isto é, proporciona um envolvimento mais incisivo nas

empresas por meio da ideologia da participação, que se traduze nos protocolos

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organizacionais do toyotismo (ALVES, 1999). Dito de outro modo, as estratégias do

capital consistem na busca pela participação ativa da inteligência, da iniciativa e da

fantasia dos trabalhadores, diferentemente do observado no taylorismo.

O toyotismo tende a incentivar a participação crescente dos trabalhadores

nos projetos dos produtos e processos de produção, pelo incentivo às suas

sugestões para o aperfeiçoamento dos mesmos. O que não deixa de ser

um novo patamar de apropriação gratuita das forças naturais do trabalho

social, sem nenhum custo para o capital (ALVES, 1999, P.)

Assim, segundo o mesmo autor, o elemento principal do toyotismo é a manipulação

do consentimento operário, que significa a captura integral da sua subjetividade.

Tendo em vista as continuidades e descontinuidades anteriormente mencionadas, a

via taylorismo/fordista, segundo Alves (1999), se constituiu em uma racionalização

inconclusa por não ter conseguido incorporar a dimensão psicológica do operário possível

pelos mecanismos de envolvimento do toyotismo.

O envolvimento se dá pela responsabilidade da manutenção dos equipamentos, pela

limpeza no local de trabalho, o controle da qualidade do trabalho e por meio de reuniões

constantes para propor à administração da empresa mudanças que possam elevar a sua

própria produtividade (PINTO, 2007). Desse modo, no toyotismo produz uma nova

subjetividade da classe trabalhadora, integrando suas iniciativas afetivo-intelectuais nos

objetivos da produção de mercadorias.

É neste contexto de reestruturação produtiva que a política do voluntariado se torna

funcional. Primeiro, porque reforça os princípios do toyotismo, ou seja, do envolvimento

engajado dos trabalhadores e, segundo, porque está em consonância ao projeto neoliberal

no que se refere aos ataques dos direitos sociais e trabalhistas na medida em que busca

tornar a força de trabalho flexível. Nestes termos, modelo toyotista viabiliza a

implementação do Programa do Voluntário Empresarial devido à sua própria lógica de

incentivo à participação ativa dos trabalhadores ou colaboradores (designação usada pelo

Instituto Ethos) na política da empresa. O programa de Voluntario Empresarial é parte

integrante da Responsabilidade Social Empresarial sendo difundido pelo Instituto Ethos.

Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social dissemina entre as

empresas a assim chamada Responsabilidade Social Empresarial para ser incorporada em

suas práticas de gestão. A atuação das empresas sob a égide da responsabilidade social se

realiza a partir da própria empresa até atingir as assim chamadas comunidades. Com isso,

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amplia seu escopo de atuação, passando pelos fornecedores, acionistas, consumidores,

governo, funcionários até a comunidade

Este organismo empresarial surge no final da década de 1990 inaugurando uma

nova atuação política da burguesia. A novidade refere-se ao modo pelo qual irá articular a

unicidade entre os empresários, particularmente, no enfrentamento da “questão social”.

Subjacente a essa nova postura está a idéia de que todos, independente do lugar ocupado

nas relações de produção capitalista, podem unir esforços para a construção, nos termos do

Ethos, de um mundo mais justo e solidário.

Desse modo, a Responsabilidade Empresarial Social tem um papel fundamental

para a obtenção do consenso ativo e/ou passivo dos trabalhadores, na medida em que, ao

difundir noções de parceria, ajuda, ajuda - mútua, solidariedade, colaboração, harmonia

social, bem comum e voluntariado pretende estabelecer a ideologia do fim dos

antagonismos e dos interesses de classe.

Com a finalidade de desenvolver suas ações sociais dentro e fora das empresas, o

referido Instituto tem como uma das frentes de atuação o trabalho voluntário, que se

materializou com a criação do manual designado de Como as empresas podem

implementar Programas de Voluntariado. Nele encontram-se formas de implantação do

programa, experiências bem-sucedidas, projetos, maneiras de incentivar os funcionários a

participar e permanecer no programa.

O manual surge através de uma parceria entre o então Programa Voluntários do

Conselho da Comunidade Solidária e o Ethos, no momento em que foi estabelecido o ano

Internacional do Voluntariado capitaneado pela ONU, em 2001, cuja finalidade é a

implementação do Programa Voluntário Empresarial para fortalecer e mobilizar a

sociedade civil e fomentar a cultura voluntariado no Brasil.

O Programa Voluntariado Empresarial (PVE) é um conjunto de ações realizadas

pelas empresas para incentivar e apoiar o envolvimento dos seus funcionários em

atividades voluntárias na comunidade. Os agentes, além dos trabalhadores da própria

empresa, podem ser também os familiares dos funcionários, ou ex-funcionário e

aposentados. O programa de voluntariado se constitui pelo tripé empresa, funcionários e

comunidade.

O Instituto discorrendo sobre as vantagens ou benefícios da prática do voluntariado

considera a empresa onde os funcionários passam a maior parte do tempo juntos o lugar

propicio a aprendizagem, dessa maneira, o programa do voluntariado se constitui enquanto

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instrumento adequado para envolver e educar os funcionários na política da empresa.

Constituindo-se também como importante mecanismo político para demonstrar o

compromisso das empresas frente à comunidade onde desenvolvem algum tipo de projeto

ou programa social.

A missão no sentido mais amplo do Instituto é propagar a nova postura das

empresas, a chamada consciência empresarial cidadã, frente aos problemas sociais, que

inclui os próprios trabalhadores, já que segundo o discurso empresarial, um programa de

voluntariado que busque êxito deve começar dentro da empresa observando se há alguma

injustiça, autoritarismo e distanciamento dos superiores ou, numa linguagem menos

asséptica, dos patrões em relação aos trabalhadores.

De acordo com a ideologia da responsabilidade social empresarial, a atuação

empresarial deve ser para além da caridade, do amor ao próximo e da solidariedade, deve

atuar na perspectiva da cidadania e da participação social transformadora, portanto, não

mais pela via assistencialista, pautadas em ações episódicas e fragmentadas, que até então

se constituía como prática entre os empresários. Enfim, segundo o Instituto, as empresas

estão "vivenciando o despertar para seu papel social". (ETHOS, 2001).

O propósito da empresa com isso é formar indivíduos a partir da Educação

Corporativa que significa a aprendizagem do trabalho em grupo para que o trabalhador-

voluntário atue em alguma ação social de maneira que possa trazer para o cotidiano da

empresa aquilo que foi aprendido, adequando os trabalhadores às necessidades da empresa.

No manual há exemplos de empresas bem-sucedidas no que se refere à execução do

programa do voluntariado. Uma delas que ganhou destaque é a C&A Modas. Num estudo

realizado pela empresa para averiguar qual foi o impacto que o Programa do Voluntário

teve para o conjunto dos trabalhadores, constatou-se que aqueles que participaram da

iniciativa tiveram suas competências ampliadas, obtiveram mais integração e passaram a

ter mais satisfação pessoal no trabalho. Segundo o estudo, os trabalhadores envolvidos na

ação voluntária adquiriram um comportamento positivo como alegria, tolerância,

compreensão, como também, criaram uma identidade com a empresa.

Percebe-se, então, que a partir dos princípios que norteiam o PV e das empresas que

passam a adotar tal iniciativa, a busca pelo envolvimento ativo dos trabalhadores. Os

trabalhadores envolvidos no PVE passam a incorporar os valores e as missões da empresa

criando um ambiente em que todos- eles e os empresários- estão engajados na luta pela

transformação social, mascarando assim, os interesses antagônicos de classe.

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Além deste fato, leva as assim chamadas comunidades onde atuam a visão de

mundo do empresariado, visto que estão em nome da empresa nas comunidades. Nessa

direção, segundo o manual “a proximidade entre empresa e a comunidade onde seu

programa de voluntariado empresarial ganha a prática permite o estreitamento de laços, a

construção de uma aliança benéfica entre as partes”. (ETHOS, 2001, p.63)

De acordo com Martins e Tomaz (S/A, p.9) "além de se tornarem reféns dos

projetos sociais privados, as comunidades recebem também uma carga de informações e

referências que tendem a instruir os novos parâmetros de sociabilidade”. Em decorrência

disso, segundo os mesmos autores, o PVE tende a contribuir para amenizar as tensões

sociais em diversos níveis com o intuito de colocar “empresários e empresas como

lideranças envolvidas com o ‘bem comum”.

Assim, as empresas ao atuarem nas seqüelas da “questão social”, intensificam a

condição de subalternidade dos trabalhadores ou daqueles que são o público-alvo. Isto é,

fragmenta ainda mais as classes subalternas, já que são pela sua própria condição social

necessariamente, como afirma Gramsci, “desagregadas e episódicas”.

Em termos mais claros, significa que as políticas sociais ou a ação social realizadas

pelas empresas tem como efeito a desarticulação das classes subalternas, à medida que as

impedem, por diversos mecanismos envolvidos de cunho político e ideológico na execução

dessas políticas sociais, a elevação de sua consciência de classe, ou nos termos

gramscianos, ao momento Ético-Político, limitando-as, quando muito, ao nível de

consciência econômico-corporativa.

Como assinalou Simionatto (2003), a fragmentação destrói as possibilidades do

estabelecimento de uma vontade coletiva, assim, a nova hegemonia reduz, fragmenta tanto

no nível econômico quanto no nível político-cultural ao obstaculizar severamente o

questionamento das relações sociais vigentes. Portanto, as novas estratégias de dominação,

materializadas na ideologia da responsabilidade social, buscam difundir a concepção de

mundo burguês como universal, na medida em que as empresas passam a ser vistas como a

principal referência na resolução dos problemas sociais. Não é à toa que são agora

adjetivadas como cidadãs, já que estão, segundo o lema do Ethos, preocupadas em atuar

sob a perspectiva da cidadania e da participação social transformadora.

Uma interessante análise que os citados autores acima fazem a respeito do

fenômeno do voluntariado empresarial é que a empresa "se converte em um aparelho de

formação de intelectuais de novo tipo, sem perder sua característica básica - geração de

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lucros, ampliando sua função, projetando para fora a hegemonia que nasce em seu

interior". (S/A, p. 9). Assim, ainda segundo os mesmos autores, os trabalhadores tornam-se

intelectuais da burguesia ao difundir a concepção de mundo dela para além dos “muros”

das empresas.

A principal finalidade, tal como no toyotismo, é o envolvimento ideológico

dos trabalhadores de tal modo que interiorizem os objetivos da empresa como se fossem

seus. Assim, por uma via diferente, exige o engajamento dos trabalhadores na política da

empresa por meio do programa do voluntariado intensificando a sua adesão à lógica do

capital.

Os trabalhadores são engajados também a defender a participação solidária nos

problemas sociais. O PVE, que é parte integrante do RSE, difunde o ideário neoliberal de

que o Estado é ineficiente e ineficaz quanto à atuação nos problemas sociais, reforçando

assim a atuação da iniciativa privada nas seqüelas da questão social. Participação solidária

aqui se referindo ao estudo de Almeida (2006), que concluiu, tal como Montaño (2006),

que existe um novo enquadramento da questão social. Em outros termos, segundo

Montaño, trata-se de novas formas, sob a égide do neoliberalismo, de lidar com a questão

social, ou seja, um novo padrão de respostas aos problemas sociais, antes de

responsabilidade exclusiva do Estado, agora sob a responsabilidade de organizações

sociais a partir de valores de solidariedade local, auto-ajuda, ajuda – mútua e

responsabilidade social.

Outro aspecto não menos importante reforçado pelo Programa do Voluntariado

refere-se ao trabalho em equipe. Assim, tal como no modelo toyotista, no sentido do

controle dos trabalhadores através do seu envolvimento político e ideológico na empresa,

os objetivos esperados do comportamento do trabalhador por meio do programa é

justamente o envolvimento com os demais colegas de trabalho de maneira participativa de

tal modo que melhore seu desempenho na função ocupada na empresa. O espírito de

trabalho deve ser destituído de qualquer contradição e antagonismo de classe, o espírito é a

colaboração, ou na máxima toyotista de “a empresa é a nossa família". Deste modo, o que

se espera do trabalhador é "o prazer gerado com a participação e o sentimento de pertencer

a um grupo possibilita que os voluntários criem laços fortes de identidade organizacional e

tendam a ser cooperativos nas situações cotidianas ou em situação de crise". (ETHOS,

2001).

Nesta perspectiva a idéia é selecionar os candidatos ao emprego que relevem

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iniciativa, pró-atividade e resistência à frustração. Dessa maneira, os Recursos Humanos,

atualmente denominados de Gestão de Pessoas, buscam obter o conhecimento e

inteligência humana acoplada ao trabalho e a qualidade nas relações humanas, posto que

ocorrem mudanças no mundo de trabalho, movidos pelas humanização das relações.

(ETHOS, 2001). Cria-se, assim, sob o toyotismo, uma subjetividade voltada para a

colaboração e o trabalhador não é reconhecido apenas segundo suas capacidades físicas,

como também, pela sua inteligência, habilidade organizacional e criatividade, procurando,

deste modo, “envolver mais e intensamente a subjetividade operária” (Antunes e Alves,

2004). Em virtude da reestruturação produtiva, segundo Graciolli, surge o trabalhador

voluntário.

O programa do voluntariado empresarial difundido pelo Instituto Ethos visa

adaptar os trabalhadores às novas mudanças na organização do trabalho, marcadas pela

insegurança e instabilidade provocadas pelo desemprego estrutural, por isso seria

insuficiente entender as transformações apenas na órbita da reorganização do trabalho,

visto que não deve ser ignorada a produção de uma nova subjetividade. Considerando isso,

Gramsci (2008) afirmou que os novos métodos de trabalho são indissolúveis de um

determinado modo de viver, de pensar e de sentir a vida.

Exatamente por esta razão que Gramsci (2008) aponta para o surgimento dos

aparelhos privados de hegemonia tais como Rotary Club, Lyons Club, Associação Cristã

de Moços, Maçonaria, dentre outros, com o fito de adaptar a força de trabalho em

consonância com a moderna indústria que emergia.

Ou seja, a dominação burguesa não ocorre apenas nas relações de produção, mas

em diversos níveis “desde a produção do mais-valor até o Estado, passando pela cultura,

pelas formas de estar no e de sentir o mundo e pelas modalidades de participação política”.

(FONTES, 2010, p.218).

Nesse sentido, Gramsci conclui (2008), não é possível obter sucesso num campo

sem obter resultados tangíveis no outro. Dito de outro modo, deve-se levar em

consideração as mudanças no mundo do trabalho sob diversos prismas, não apenas no

plano objetivo, mas também no plano subjetivo, ou se quiser ainda, na unidade dialética

entre estrutura e superestrutura. Assim, novas práticas e políticas sociais surgem como o

voluntariado enquanto expressão das relações sociais capitalistas sob o paradigma toyotista

que se originam nas fábricas e se espraiam em toda a sociedade por meio dos organismos

privados de hegemonia da burguesia bem como da atuação do Estado (stricto sensu).

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ISSN 2177-9503 10 a 13/09/2013

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Conclusão

Buscamos neste breve artigo estabelecer os nexos entre o Programa do

Voluntariado Empresarial e o toyotismo para apreender as novas formas de obtenção do

consenso ou de dominação da classe trabalhadora. Desta maneira, tentou expor a função

política e ideológica do Programa do Voluntariado Empresarial para a conformação de um

novo tipo de homem e trabalhador em função das determinações econômicas e sociais

engendradas no final do século XX e início do XXI. Com isso, tentamos demonstrar que a

formação do trabalhador – toyotista não está relacionada estritamente à esfera produtiva,

relacionando-se as outras dimensões como a ideológica.

O programa, além disso, tornou-se possível também em função da Reforma do Estado,

que teve como desdobramento uma nova relação entre governo e as organizações sociais,

isto é, por meio da Reforma foram engendradas um conjunto de medidas catalisadas pelo

Programa Comunidade Solidária, entre elas a lei do voluntariado, que produziu

significativas mudanças não apenas no modo pelo qual a “questão social” foi tratada ao

estabelecer parcerias ou transferir parte da execução das políticas sociais às organizações

tidas como públicas não-estatais ou da iniciativa privada, mas com fins públicos, como

também produziu a ideologia da solidariedade em que todos deveriam lutar, sob figura do

voluntariado, para um mundo mais justa e solidário. Com isso, no caso do voluntariado

empresarial os trabalhadores são inseridos nesses programas como executores e

divulgadores da empresa e são atribuído a eles funções antes exclusivas do Estado.

Para finalizar, este artigo possui um limite importante a ser ressaltado. Como não se

trata de uma pesquisa de campo não foi possível fazer uma análise a respeito do

envolvimento dos trabalhadores nos programas. Desse modo, torna-se importante a

observância no sentido de verificar se há resistências ou não. Se elas existem, como se

dão? Além de outros aspectos para se apreender o fenômeno do voluntariado empresarial e

as conseqüências para os trabalhadores.

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