18
ARTIGO A GESTÃO DO CONHECIMENTO E A INOVAÇÃO TECNOLÓGICA1 Carlos Demantova NET02 Rose MaryJuliano LONG03 "Não se compra a tecnologia mais barata ou a mais moderna, mas sim a que mais convém para resolver o problema de quem compra" Sábato (1972). RESUMO Nessa quarta "Onda ", a do Conhecimento, sabemos que entre os grandes desafios que devemos enfrentar para a construção de uma sociedade mais moderna, rica ejusta, estão, como ressalta o Relatório para o Desenvolvimento Mundial "Conhecimento para o Desenvolvimento - 1998/1999" 4, preparado pelo Banco Mundial, os da diminuição das "lacunas de conhecimento" e o da eliminação dos problemas defluxo e de acesso às infor- mações. "Embora seja impossível eliminar por completo as deficiências de informação, reconhecê-Ias e enfrentá-Ias é crucial para obter mercados eficientes e, em conseqüência, fundamental para um crescimento rápído, eqüitativo e sustentado ".5 Se o problema das "lacunas de conhecimento" tem conexão estreita com as deficiências de informação, en- tão, nada mais natural que, ao buscar equacionar àquelas, procuremos soluções para cor- rigir estas. Eliminar as "lacunas de conhecimento", talvez seja uma tarefa quase impossível para os países em desenvolvimento. Minimizá-las, no entanto, é uma possibili- dade concreta. Com foco nesse objetivo, a questão central para a qual procuraremos uma resposta ao longo deste trabalho será: Como utilizar de maneira mais eficiente, e com re- sultados mais eficazes, o estoque de conhecimento tecnológico disponível num país? Na procura de uma reposta para essa questão, analisaremos, de maneira sucinta, alguns de- talhes que tipificam o ambiente onde se processa a geração, a comercialização, a transfe- rência e a transformação do conhecimento em inovação, quando, então, ele se transforma em riqueza e produz bem-estar. Conhecidas as particularidades e as peculiaridades desse tipo de mercado, conhecidas as características dos agentes que atuam nesse processo, en- tendemos que será possível, pela análise dos dados e das informações disponíveis e pela melhor compreensão dos problemas hoje existentes, sugerir caminhos capazes de acelerar e potencializar os beneficios econômicos e sociais advindos da transformação do conheci- mento em inovação. I. Este trabalho, em sua essência, foi apresentado, pelo autor Carlos Demantova Neto (em nome da ANATEL), em set/2000, como uma proposta brasileira para incentivar o comércio e a transferência de tecnologia, no âmbito da UIT-D, em Genebra, sob o titulo "Comércio e Transferência de Tecnologia no Século XXI- Uma contribuição ao desenvolvimento econômico e social". Também foi apresentado, numa concepção resumida, à Comissão Julgadora do Premio TELEXPO 2000, sendo escolhido como primeiro co- locado, na categoria de trabalhos não-técnicos, recebendo o Premio Ministro Sergio Motta de Telecomunicações, em março de 2000. 2. Gerente da Gerência do Conhecimento do CPqD. 3. Professora Titular da Pós-Graduação em Biblioteconomia e Ciência da Informação da PUC-Campinas. 4. "Knowledge for Development 1998/1999". World Development Report. Oxford University Press, set./1998. Esse Relatório enfoca de maneira muito apropriada a importância do conhecimento e de sua disseminação no contexto dos países em desenvolvi- mento. Será referenciado várias vezes neste trabalho. 5. "Conhecimento para o Desenvolvimento - 1998/1999", Revista de Inteligência Empresarial I(I), p. 20, out. 1999. Transinformação, v. 13, n° 2, p. 93-1 10, julho/dezembro, 2001

A gestão do conhecimento e a inovação tecnológica

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Artigo científico sobre o tema gestão do conhecimento

Citation preview

  • ARTIGO

    A GESTO DO CONHECIMENTO E A INOVAO TECNOLGICA1CarlosDemantovaNET02RoseMaryJulianoLONG03

    "Nosecompraatecnologiamaisbarataouamaismoderna,massimaquemaisconvmpararesolveroproblemadequemcompra"Sbato(1972).

    RESUMO

    Nessaquarta "Onda", a do Conhecimento,sabemosqueentreosgrandesdesafiosquedevemosenfrentarpara a construodeumasociedademaismoderna,ricaejusta,esto,comoressaltao Relatriopara o DesenvolvimentoMundial "Conhecimentopara oDesenvolvimento - 1998/1999" 4,preparado pelo Banco Mundial, os da diminuio das"lacunasdeconhecimento"eodaeliminaodosproblemasdefluxo edeacessosinfor-maes."Emborasejaimpossveleliminarpor completoasdeficinciasdeinformao,reconhec-Iaseenfrent-Iascrucialparaobtermercadoseficientese,emconseqncia,fundamentalpara umcrescimentorpdo,eqitativoesustentado".5Seoproblemadas"lacunasdeconhecimento"temconexoestreitacomasdeficinciasdeinformao,en-to,nadamaisnaturalque,aobuscarequacionarquelas,procuremossoluesparacor-rigir estas.Eliminar as "lacunasde conhecimento",talvezseja uma tarefa quaseimpossvelpara ospasesemdesenvolvimento.Minimiz-las,noentanto,umapossibili-dadeconcreta.Comfoco nesseobjetivo,aquestocentralparaa qualprocuraremosumarespostaaolongodestetrabalhoser:Comoutilizardemaneiramaiseficiente,ecomre-sultadosmaiseficazes,o estoquedeconhecimentotecnolgicodisponvelnumpas? Naprocuradeumarepostapara essaquesto,analisaremos,demaneirasucinta,algunsde-talhesquetipificamoambienteondeseprocessaagerao,a comercializao,atransfe-rnciaea transformaodoconhecimentoeminovao,quando,ento,elesetransformaemriquezaeproduzbem-estar.Conhecidasasparticularidadeseaspeculiaridadesdessetipodemercado,conhecidasascaractersticasdosagentesqueatuamnesseprocesso,en-tendemosqueserpossvel,pelaanlisedosdadosedasinformaesdisponveisepelamelhorcompreensodosproblemashojeexistentes,sugerircaminhoscapazesdeacelerarepotencializarosbeneficioseconmicosesociaisadvindosdatransformaodoconheci-mentoeminovao.

    I. Estetrabalho,emsuaessncia,foi apresentado,peloautorCarlosDemantovaNeto(emnomeda ANATEL), emset/2000,como

    umapropostabrasileiraparaincentivaro comrcioea transfernciadetecnologia,nombitodaUIT-D, emGenebra,sobo titulo

    "ComrcioeTransfernciadeTecnologianoSculoXXI- Umacontribuioaodesenvolvimentoeconmicoesocial".Tambm

    foi apresentado,numaconceporesumida,ComissoJulgadoradoPremioTELEXPO 2000,sendoescolhidocomoprimeiroco-

    locado,nacategoriadetrabalhosno-tcnicos,recebendooPremioMinistroSergioMottadeTelecomunicaes,emmarode2000.2. GerentedaGernciadoConhecimentodo CPqD.

    3. ProfessoraTitulardaPs-GraduaoemBiblioteconomiae CinciadaInformaodaPUC-Campinas.

    4. "Knowledgefor Development1998/1999".World DevelopmentReport.OxfordUniversityPress,set./1998.EsseRelatrio

    enfocademaneiramuitoapropriadaaimportnciadoconhecimentoedesuadisseminaonocontextodospasesemdesenvolvi-mento.Serreferenciadovriasvezesnestetrabalho.

    5."Conhecimentopara o Desenvolvimento- 1998/1999",RevistadeIntelignciaEmpresarialI (I), p.20,out.1999.

    Transinformao,v. 13,n2,p. 93-110,julho/dezembro,2001

  • 94 C. D. NETO e R. M. J. LONGO

    Assim,o objetivofinal destetrabalhoapresentarumapropostaque,aolanarmodosavanosdaTecnologiadaInformaoedasfacilidadesoferecidaspelasRedesdeTelecomunicaes(comseuscustosdecrescentesecapilaridademundial),possibilite,pelareduodosproblemasdeinformao.diminuiras "lacunasdeconhecimento"e,comisso,maximizarosganhosdasociedade.pelarevela-oepelaapropriaomaiseficientedoconhecimentoj existente,edisponvelpara intercambio,comrcioetransferncia.

    Palavraschave:gestodoconhecimento;inovaotecnolgica;transfernciadetecnologia.

    ABSTRACT

    In thisfourth "wave",theoneofknowledge,it isknownthat,amongthegreatchallengesweshallfacefor theconstructionofamoremodern,wealthy,andfairsociety,arethoseofdiminishingthe"gapsofknowledge"andthatofeliminatingproblemswiththejlow andtheaccesstoinformation,asit isemp-hasizedin theReportfor WorldDevelopment"KnowledgeforDevelopment-199811999".preparedbytheWorldBank.Iftheproblemofthe "gapsofknoledge"isstronglyconnectedtothedeficienciesofinformaion,thenit is naturalthatin tryingtosolvethose,weshouldlookfor solutionsin ordertocorrecthtese.Toeliminatethe"gapsofknowledge"mayben almostimpossibletaskfordevelopingcountries.Todiminishthesegapsispossible.Foccusingthispurpose,thecentralquestiontowhichwewilllookfor ananswer,in thispaper,will be:How touse,ina mostefficientway,andwithpositiveresults.thestockoftechnologicalknowledgeavailableina country?Searchingforananswertothisquestionwewill analyse,briejly,someaspectsof thetypicalenvironmentwhereit isprocessedthegeneration,thecommecialization,thetransferandthetransformationofknowledgeintoinnovation.Whem.then,it is transformedintorichnessanditproduceswellbeing.Whenweknowthepeculiari-tiesof thistypeofmarket,andthecharacteristicsoftheagentsthatactinthisprocessoweunderstandthatit will bepossible(havingdataand theavailableinformationanalysedand havinga betterunderstandingoftheexistingproblemsof thepresenttimes)tosuggestwayscapableofacceleratingeconomicandsocialbenefitsderivedfromthetransformationofknowledgeintoinnovation.Thus,thefinal aimofthispaperistopresentaproposalthatenableustoshortenthe"gapsofknowledge"and,thus,reduceinformationproblemsandmaximizingsocietygains,byrevealingand,efficiently,appro-priatingtheexistingknowledgeandmakingitavailablefor interchange,commerceandtransference.

    Key words:knowledgemanagement;technologyinnovation;technologytransfer.

    INTRODUO

    Como objetivodetraarmosumquadroque

    nosforneaumavisopanormicadoambientepara

    o qualenderearemosanossaproposta,iniciaremosestetrabalhodiscorrendo,muitobrevemente,sobre

    algumascaractersticasquetipificamos processos

    decomercializao,transfernciaeinovaoligadas

    tecnologia.Antes,porm,paraummelhorentendi-

    mentodavisoqueadianteserdelineada,apresen-

    taremosquatroconceitosbsicosrecorrentessdis-

    cussesemtomodoconhecimentotecnolgico.

    Todos sabemosquedefiniese conceitos,

    por seremrepresentaeselaboradaspor pessoas,

    refletemseuspensamentos,julgamentos,opiniesouavaliaes.Emassimsendo,muitonaturalquetenhamosdisposiovriasediferentesdefiniesparaumamesmaidentidade.Provavelmentenohaverumamelhoroumaiscertadoqueaoutra.Oquerealmenteimportaaclarezadoentendimentoea sustentao argumentaoquea definionosforneanocontextoemquevieraserempregada.

    Nessesentido,eparaosfinsdestetrabalho,vamosadotarosconceitosaseguirrelacionadosquenosparecemsuficientementeabrangentese obje-tivosparaospropsitosdessadiscussoqueinicia-remosnocaptuloseguinte.

    Transinformao,v. 13,nO2, p. 93-110,julho/dezembro,2001

  • A GESTO DO CONHECIMENTO E A INOVAO TECNOLGlCA

    Tecnologia:

    SegundoSbato,

    "tecnologia um conjuntoorganizadode

    conhecimentos,utilizado na produo ecomercializaode bense servios,e que

    constitudonosomentepor conhecimentos

    cientficos,mastambmpor conhecimentos,. ,,6

    empmcos.

    Transfernciade tecnologia:

    SegundoBarbieri,aTransfernciadeTecno-

    logia

    "pode ser entendida como o processo pelo

    qual umaempresapassa a dominar o conjun-

    to de conhecimentosqueconstitui umatecno-

    logia queela noproduziu. Para issoneces-

    . srio queessatecnologiaseja completamente

    assimiladapela empresareceptora,,7.

    Capacitaotecnolgica:

    Deummodogeral,pode-sedizerquecapaci-taotecnolgica umaqualidade,desenvolvidaatravsdeconhecimentose habilidades,queumainstituioouempresapossuiparagerarouaplicarumatecnologia.

    Inovaotecnolgica:

    Emprimeirolugar, precisonoconfundirinovaocominveno.Enquantoesta"umaidiaoumodeloquerepresentaoudescreveumprodutoouprocessonovooudiferentedosquejexistem,,8,aquelarepresentaaintroduodainvenonoSiste-maprodutivo.

    95

    Assim,todaa invenointroduzidanoSiste-

    maprodutivogeraumainovao,masnemtodaa

    inovao resultantedeumainveno.Rick Browncaracterizaa inovaocomo:

    "um novoproduto, processoou Sistemaquetempotencialparacriarummercadointeira-mentenovo,oumudarummercadoexistente,detal maneiraa criar padres decompetitivi-

    dadeoudecomportamentodo consumidor".9

    Comosev,a inovaoumfatoeconmico

    e,aomesmotempo,tcnico.

    Gesto do conhecimento:

    A gestodoconhecimentoimplicanaadoo

    deprticasgerenciaiscompatveiscomosprocessosdecriaoedoaprendizadoindividualquefacilitamosmodosdeconversodoconhecimentotcitoem

    conhecimentoexplcito,conformepropostoporNo-

    nakaeTakeuchi10.Estasprticaspodemserdividasemsetedimenses:

    1.o papeldaaltaadministraonadefinio

    doscamposdoconhecimento;2. o desenvolvimentodeumaculturaorgani-

    zacionalvoltada inovao,experimenta-

    oeaoaprendizadocontnuo;

    3.novasestruturasorganizacionaiseprticas

    deorganizaodotrabalho;

    4.prticasepolticasdeadministraodere-

    cursoshumanosassociadas aquisiodeconhecimentosexternose internos em-

    presa;5.avanosnainformtica,nastecnologiasde

    comunicaoe nos sistemasde informa-

    o;

    6.esforosrecentesnamensuraoderesulta-

    dos;e

    6. SBATO,JorgeA. "EI ComrciodeTecnoIogia".Washington:SecretariaGeraldaOEA,marode1972.p.V.7. BARBIERl,JosCarlos."ProduoeTransfernciadeTecnoIogia".I. ed.SoPaulo:Editoratica,1990,p.42.8. BARBIERI, JosCarlos.op.cit.,p. 131.9. BROWN,Rick."ManagingTechnologicaIInnovation",TechnologyStrategies,abr.lI993.p.1310.NONAKA, I & TAKEUCHI, H.Criaodeconhecimentonaempresa.5.ed.RiodeJaneiro:Campus,1997.

    Transinformao,v. 13,nO2,p. 93-110,julho/dezembro,200I

  • 96 C. D. NETO e R. M. J. LONGO

    7)acrescentenecessidadedeasempresasen-

    gajarem-seemprocessosde aprendizadocomo ambientee atravsdealianascom

    1ioutrasempresas.

    COMRCIO EA TRANSFERNCIA

    DA TECNOLOGIA PARA A INOVAO

    Comosesabe,o comrcio,atransfernciade

    tecnologiae a inovaotecnolgicaso,porsuaspeculiaridadesprprias,etapasdistintasde ummesmoprocesso,maisabrangentee complexo,quese iniciapelafasedepesquisabsica/aplicadaeconclui-sequandoa inovao realizada.Porisso,podemosdizerqueessasetapasrepresentamfatoseconmicosdistintos,inter-relacionados,masquenoseconfundem.Assim,tantopodemostercomr-ciodeTecnologiasemtransferncia,comotransfe-rnciadeTecnologiasemcomrcio.

    OprimeirocasoocorrequandoovendedordaTecnologia,emtrocadeumadeterminadaremu-nerao,repassaaocompradorapenasinstruesescritas(umareceita),notransferindoo conheci-mentoutilizadoparadesenvolv-Ias,ounecessrioparaampli-Ias.O receptor,nessecaso,apenasmanipulainstruessemsabercomoforamobtidas.ComodestacaLongo,essasinstrues

    "soexpressesmateriaise incompletasda

    tecnologiae,portanto,noseconfundemcom

    aprpria tecnologia,pois o domniodesta

    que permite a elaboraode tais instru-

    es".12

    Seo receptornoabsorvero conhecimento-

    somenteaprendera usaras instruesrecebidas-

    pode-sedizerqueocorreuapenasumadifusoenoumatransferncia.

    O segundocaso,a transfernciasemcomr-

    cio,ocorrequandoatransfernciafeita,masnoh

    uma comercializaoexplcitaou umamoedade

    troca, pelo menosaparente.Quase sempre,elaocorre reveliado detentordo conhecimento,e

    resultadaanlisededocumentao,cpia,contra-

    taodetcnicos,contrataodeconsultoria,espio-

    nagem,etc.

    Almdisso,paraquehajaumaefetivatransfe-

    rnciadetecnologiaprecisoque,pelomenos,duas

    condiesbsicassejamsatisfeitas:

    a)queovendedortenhainteresseemtransfe-rir oconhecimentoe

    b)queocompradortenhacondiesdeabsor-ver o conhecimentotransferido(estruturaorganizacionalecapacitao).

    Por isso,paraqueumaempresapossaabsor-

    verumadadatecnologianecessrioqueelapossua

    uma certacapacitaotecnolgica.Os conheci-

    mentose habilidadesnecessriosparaabsorvere

    inovartecnologicamentevariamemfunodotipo

    deinovaoaserrealizada.S d F 13h, ~. b'. degun o reeman a trestipos aSlCOSe

    inovao:

    a)Revolucionrias- sointensivasemcinciaetmamploimpactosobreoSistemaprodu-tivo,podendotomarobsoleta,totalouparci-almente,abasetecnolgicaexistente;

    b)Radicais- tmimpactosobrecertosmerca-dos,podendomodificarradicalmenteadi-nmicadecompetioe,

    c) Incrementais- soresultadosdeesforoscotidianosparaaperfeioarprodutosepro-cessosexistentes,visandoobtermaiorqua-lidadeemaiorprodutividade.

    E o quehdecomumnosdiferentestiposde

    inovao?Qualquerquesejaotipodeinovaoprodu-

    zida,semprevamosencontrarportrsdelasoconheci-

    li. GESTO Estratgicadoconhecimento.MariaTerezaLemeFleuryeMoacir deMirandaOliveiraJr. (Org.)SoPaulo:Atlas,2000.

    12. LONGO, WaldimirPirr e."TecnologiaeTransfernciadeTecnologia".SoPaulo:EscolaPolitcnicadaUniversidadedeSo

    Paulo,CursoAvanadodeAprimoramentoEmpresarial,USPIFDTE, 1989.

    13. FREEMAN, Cristopher."La Teoria EconmicadeIa InnovacinIndustrial". Madri: AlianzaUniversidad,1975.

    Transinformao,v. 13,nO2, p.93-110,julho/dezembro,2001

  • A GESTO DO CONHECIMENTO E A INOVAO TECNOLGICA

    mentotecnolgico- a tecnologia.Sbatonosensina

    queaTecnologia

    " umadasprincipaismanifestaesdacapacidadecriadorado homem.Porm,comotambmalgoqueseproduzedistribui,

    secomprae vende,se importae exporta,noSistemaeconmico a Tecnologia uma

    mercadoria,uma autntica"commodityof,,14commerce

    AcontecequeaTecnologianoumamerca-

    doriaqualquer.Comoelapodeserusadacomoumfator de dominaodo mercado,sua comerciali-

    zaoreveste-sedecaractersticasmuitopeculiares.

    Abaixo,relacionamosalgumasdascaractersticasda

    tecnologiaedeseucomrcio,comodestacadasnos

    trabalhosdeLongol5eBarbieril6:

    Comporta-secomoumamercadoria,por-tanto,tempreoepropriedade;

    Temvalordeusoevalordetroca; Por serconhecimento, intangvel; Seuvalor,e seupreo,porserumbem

    nicoeintangvel,difcildecalcular;

    Comoumprodutocomercializvel,suasinformaestmcirculaorestrita;

    No exaurvelpelouso; Exigeaplicaorpidae intensa; Torna-seobsoletacomotempo; Podeserimplcita(incorporadaembense

    servios) ou explcita (acumuladaempessoasoudocumentos);

    um comrciomonopolista.Num pri-meiroinstante,quemdesenvolveuatecno-logiaseunicodetentor;

    O SistemadePatentesconfereaoprodutorumaexclusividadesobreoprivilgio;

    14. Sbato,JorgeA. op.cit.,p.1

    15. LONGO, WaldimirPirr e.op.cit.

    16. BARBIERl, Jos CarIos.op.cit.

    97

    Paraovendedorocustomarginaldatecno-logiapodeserbaixssimo;

    Paraocomprador,aopopelodesenvol-vimentoprprioapresentariscoecustoele-vado;

    O compradorcompraoquenoconhece; O comprador,pornodispordetodasas

    informaes,tembaixacapacidadedenegociaoftenteaovendedor;

    O comprador,paraminimizaro risco,preferecomprar"pacotesfechados";

    Os contratospodemapresentarclusulasrestritivas;

    O fornecedorpodemantero compradordependente,sejadatecnologiaoudaassis-tnciatcnica;

    Pelaanlisedessascaractersticas,possvel

    perceberqueomercadodetecnologiaummercado

    imperfeito.Deumladotemosumvendedoragressi-vo, cominformaesquaseperfeitas,bemtreinado,

    com altacapacidadede negociaoe queprefere

    vender"pacotesfechados",objetivandomantero

    compradordependentedesuatecnologiaou desuaassistnciatcnica.Quasenuncaestinteressado,

    verdadeiramente,em transferira tecnologiaque

    detm.Preferevenderinstrues.Seupropsito

    obtero maiorganhopossvel,no menorespaode

    tempo,tirandodeseu"produtoexclusivo"(oconhe-

    cimento),o maiorrendimentoquepuder.Portanto,

    noumapreciadordaexclusividade.Suaposio

    negocials no absolutaporque obrigadoa

    convivercom pelo menostrs fatoresde insegu-

    rana,osqualssejam:

    a)necessidadederevelarpartedeseuconhe-cimentosigilosoparapodernegociar(odi-lemada"caixapreta");

    b)incertezaquantoaorecebimentointegraldovalor acordadopelo fornecimentode seuconhecimentoe,

    Transinformao,v. 13,nO2, p. 93-110,julho/dezembro,2001

  • 98 C. D. NETO e R. M. J. LONGO

    c)pressodotempoquecorrecontraseusinte-resses(Oconhecimentotecnolgicosetor-naobsoletoaolongodotempo).

    J dooutrolado,encontramosumcompradorque,freqentemente,negociaemposiofrgil.Suasinformaessoincompletase imprecisas.Temdificuldadeemavaliarovalordoqueestcom-prando,poiscompraoquenoconhece(seno,nocompraria).Suasalternativasnolhesofavorveis:ou notemtempo,ou recursos,parabuscarumdesenvolvimentoautnomo,oudesconheceoutrasfontesparao fornecimentodoconhecimentoquenecessita,ou,seasconhece,a elaspodenoteracesso.Almdisso,nogostadeconcorrnciae,paraseprotegerdessapossibilidade,buscagarantirexclusividade,sujeitando-se,assim,a condiescontratuaisrestritivas.Porfim,comonoconheceperfeitamenteosdetalhesdoqueestcomprandoe,portanto,dascompetnciasnecessriasadequadaimplementaodatecnologiaemaquisio,prefere,porinsegurana,comprar"pacotesfechados",oqueagravasuadependnciadofornecedor.

    Comosev,arelaoentrefornecedorecom-pradordetecnologia,parasedizeromnimo,umarelaodelicada.E tomaisdelicadasetornaquantomaioresforemos interessescomerciais,muitasvezesocultos,envolvidosnanegociao.

    Finalmente,comos secompratecnologiaporquesepretendeinovar,resta-nosainda,paracompletaressequadropanormicosobreo meioondeseprocessao ComrcioeaTransfernciadeTecnologia,examinaralgumasquestesrelacio-nadasaoprocessodainovaotecnolgica.

    De acordocomo conceitoaquiadotado,ainovaosomenteocorreemnvel da empresaprodutoradebenseservios,eresultadeconheci-

    mentosdesenvolvidosinternamenteouadquiridosde entidadesexternas.Alm dasconsideraeseconmicas,vriossoosmotivosquelevamumaempresaacomprartecnologias.Umdosprincipais,paraficarmosapenasno maiscomum, aqueleemquea compra feitapara"eliminaretapasdoprocessoinovativoe evitaraperdadetempoe derecursosparagerareorganizarconhecimentosquej. d. .' " 17estanamlSpOnIVels.

    interessantenotar,contudo,queasempresas

    nosoinovadorasporvocao."Inovarnoum

    objetivo,mastosomenteum meioutilizadopela

    empresaparaalcanarseusobjetivos".18Ora, se

    inovarnoumobjetvo,podemos,ento,dizerque

    seriaumaestratgiada empresa.Nessecaso,sob

    essepontodevista,a inovaoprecisariaserexami-

    nadasobo enfoqueorganizacional.Fleuryfaz-nosnotarque

    "nonveldasempresas,existerelaoentre

    estratgiae organizao.Esse argumento,

    quesenotabilizounoclssicolivrodeChand-

    ler. implicaquese umaempresadpriori-

    dade tecnologiaemsuaestratgiadedesen-

    volvimento,deverestruturarumconjuntode

    funesorganizacionaisespecificaspara. b'l ' .I ,,19Via I lza- as .

    Defato,Freeman20,estudandodiversasino-vaesimportantes,concluiuqueasempresasqueobtiveramsucessonessasinovaesapresentavam,entreoutras,asseguintescaractersticas:

    UmaintensaP&D profissionaldentrodaempresa;

    Realizaodepesquisabsicaouestreitaconexocomquemasrealiza;

    17. Ibid.,p. 132

    18. SOARES, Maria L R. T. "Poltica Cientficae TecnolgicanoContextodeumaComunidadeEconmicaEuropia".Revistada

    Administrao,SoPaulo25(3):61-68,jul./set.1990.

    19.FLEURY, Afonso."CapacitaoTecnolgicaeProcessodeTrabalho".RevistadeAdministraodeEmpresas30(4):23-30,p.24,out./dez1990.

    20.FREEMAN, Cristopher."La Teoria EconmicadeIa InnovacinIndustrial". Madri: AlianzaUniversidad,1975,pp. 173-4(cita-

    do porBARBIERl, Jos Carlos.op.cit.,p. 72).

    Transinformao, v. 13,nO2, p. 93-110, julho/dezembro, 2001

  • A GESTO DO CONHECIMENTO E A INOVAO TECNOLGICA

    USOdepatentesparaassegurarproteoepoderdebarganhacom asempresascon-correntes;

    Tamanhosuficientementegrandeparafi-nanciargastosbastantegrandesemP&D,durantelongosperodos;

    Prazosdedecisesmaiscurtosqueosdosconcorrentes;

    Inclinaoparaassumirriscos; Rpidae imaginativaidentificaodeum

    mercadopotencial;

    Cuidadosaatenoaomercadopotencialeesforosconsiderveisparacaptar,educareajudarosusurios;

    Esforoempresarialcomsuficienteefic-ciaparacoordenarP&D, aproduoeaco-mercializao;

    Boascomunicaescomomundoecomosclientes(pp.173-4).

    As constataesqueemergemdessapesquisa

    nodeixamdvidassobreaimportnciaeopapelda

    estruturaorganizacionaldasempresasno processo

    de inovao.Mas, apesardeestarclaroquea ino-vaoresultadeumaaoplanejadaedesenvolvida

    inteiramenteno mbitoda empresa, importante

    destacarquea inovaotecnolgicanopodeeno

    deveserolhadaapenascomoumdosfatoresdeter-

    minantesdoxitodeumaempresa(visomicroeco-

    nmica)e, portanto,deseuexclusivointeresse.Ovalorestratgicodainovao,comovetordodesen-

    volvimentosocioeconmico(viso macroecon-

    mica),extrapolaoslimitesdosinteressesimediatosdos empresriospara ocuparespaonas preocu-

    paesenasaesdelongoprazodoEstado.

    Mas,afinal,quemso,ecomoseposicionam

    nomercado,osagenteseconmicosenvolvidoscom

    aquestodainovao?

    Paracompletaro desenhodo cenriocomo

    qualnosocupamos,necessrioquetenhamosuma

    visodascaractersticasdostiposdeorganizaes

    quepraticamoComrciodeTecnologiaobjetivando

    ainovao,sejaestaresultadodeumaaodiretaouindireta.

    99

    Nessalinha,podemosidentificar,pelomenos,

    cincotiposbsicosdeorganizaes,osquaissejam:

    Organizaestipicamenteconsumidoras:normalmente,sopequenase mdiasem-presas.S compramtecnologia- quasesempreasmaisbaratas,j obsoletasouemincio de obsolescncia- de acordocom

    suasnecessidadesimediatas.No sepreo-cupam,necessariamente,comatransfern-ciadosconhecimentosqueasgerou.Com-pramumalistadeinstrues,umafrmula,umareceitaparaproduzirumdadoprodutoouprocessoinerentesualinhadenegci-os.Nopossuemequipeprpriaecapacita-daparaabsorverastecnologiasadquiridas,ou produzir novas tecnologias.Quandomuito,realizampequenasinovaesincre-mentais.Normalmentenorevendematec-

    nologiacomprada,sejaporquenohmaismercadoparaela,sejaporqueo seuvalorresidual muitobaixoou, ainda,porquenotmestruturacomercialparaessetipodenegcio;

    Organizaesinovadoras:so, normal-mente,empresasdemdioougrandeporte.Possuem,quasesempre,um ncleo depessoalcapacitadoaodesenvolvimentodastecnologiasutilizadasno seusegmentodenegcios.Compramtecnologiasqueaindanodominamcomo objetivodeaceleraroseu processode inovao.ApresentamestruturadeP&D prpria,comcapacitaoparaabsorvere alavancaro conhecimentoutilizadonageraodatecnologiaadqui-rida.Eventualmenterevendemtecnologiasque dominame que se tenhamtomadoultrapassadasparasualinhadeprodutos,masnoparaomercado.Soprotagonistasdeinovaesincrementaise/ouradicais;

    Organizaesinovadorasdominantes:empresasdemdioegrandeporte.Atuamemmercadosmuitoespecializados.Possuemncleosde P&D altamentecapacitadoseespecializadoscapazesdeatuarno"estadoda arte".Utilizam a tecnologiaendgenaparadominarossegmentosdemercadoemqueatuam.Dificilmenteadquiremtecnolo-gias de terceiros.Quandoo fazem,so

    Transinformao,v. 13,nO2,p. 93-110,julho/dezembro,2001

  • 100 C. D. NETO e R. M. 1.LONGO

    movidaspor interessesque objetivamodomnioou a manutenoestratgicademercados. Freqentemente,preferemnegociaro estabelecimentodealianasouparceriasestratgicasou,ainda,o licencia-mentocruzado.Eventualmente,se issonorepresentarriscosaosseusnegcios,comercializam suas tecnologias maisantigas.Socapazesderealizarinovaesincrementais,radicaiserevolucionrias;

    Organizaesgeradorascasuais:nessaca-tegoriavamosencontrar,emmaiorescala,as entidadeseducacionaisde nvel supe-rior, ou profissionalizantes,queno tmcomo objetivo principal desenvolvertecnologias,masque,comoresultadodeseustrabalhoscom pesquisabsicae/ouaplicada,acabam,por vezes,por gerarnovastecnologiaspassveisdecomerciali-zao.Encontramosaqui,tambm,asUni-versidadese/ou InstituiesAcadmicas,comseupoderdegerar,produziredifundiro conhecimento.Outrasvezes,emfunodareconhecidacompetnciaemdetermi-nadoscamposcientficos,podemsercon-tratadasparaconduzirpesquisasaplicadascomo objetivodesubsidiaro desenvolvi-mentodeumanovatecnologia.Pelanatu-rezade suasatividades,apresentamumacertafacilidadeparacriarnovastecnolo-gias,masacabam,quasesempre,encon-trandoalgumadificuldadeparadesenvol-v-Iasatopontodademonstraodavia-bilidadetcnica/comercial.Noproduzem,diretamente,inovaes;

    Organizaotipicamentegeradora:nessegrupo,podemosenquadraros CentroseInstitutosdeP&D. Desenvolvendopesqui-saaplicadaemvrioscamposdoconheci-mento,tmcomoobjetivoprincipaldesen-volvernovastecnologias.Quasequecomoregra,nodispemdeestruturafabrilcapazdetransformaremprodutosastecnologiasquedesenvolvem.Dessamaneira,seuprin-cipalnegciocomercializaretransferiraterceirosas tecnologiasdesenvolvidas,sejamestasfrutodesuainiciativaoudesen-volvidas sob encomenda.Como conse-

    qnciadesuaaltacapacitaotecnolgica

    edesuainfra-estruturainstalada,sofortesprestadoresde serviostecnolgicose deconsultorias, exceo dos softwaresdesenvolvidos,quej so,porsi s,inova-es,raramenteproduzemoutrostiposdeinovao,no contextoda definioqueaquiadotamos.

    De umamaneirageral,semmaiorespreocu-

    paescomodetalhamentoexaustivodasespecifici-

    dadesdessestiposdeorganizaes,podemosdizer

    queassimsecaracterizamasentidadesprodutorase

    consumidorasdoconhecimentotecnolgico.

    Comosepodeobservar,pelaleituradasparti-

    cularidadesacimalistadas,cadatipodeorganizao

    tem, suamaneira,umarelaobemdistintacom

    os processosdeproduo,comercializao,distri-

    buioeconsumodetecnologia.

    Porm,diferenasparte,tantoquemcompra,

    comoquemvende,tmque,necessariamente,viven-

    ciarasquestesinerentesaosprocessosdeComer-

    cializaoedeTransfernciadeTecnologia,mesmo

    queestasseapresentemdemaneiracondicionadas

    circunstnciasespeculiaridadesdecadaumdesses

    tipos de organizao.Nesse detalheparticular,encontramosum denominadorcomumentretodos

    osdiferentestiposdeorganizaes.E essedenomi-nadorcomumserumdosfatoresviabilizadoresda

    propostaqueapresentaremosaofinaldestetrabalho.

    Traado,finalmente,opanodefundodocen-rio ondesedesenrolao comrcioe a transferncia

    detecnologia,eondeseproduza inovao,cumpre

    reconhecer,agora,que h outrosproblemasque

    entravama apropriaoadequadados conheci-

    mentostecnolgicosdisponveis,queno aqueles

    diretamenterelacionadosa essesprocessosem si.

    Nessembito,podemosidentificar,entreoutros,a

    existnciadesrios"problemasdeinformao",no

    quedizrespeitodivulgaodoestoquenacionalde

    conhecimentostecnolgicos.Problemasqueafetam

    nosovendedorouocompradordoconhecimento

    tecnolgico,masque acabampor prejudicar,em

    ltimaanlise,osinteressesmaioresdopas.

    Transinformao,v. 13,nO2, p. 93-110,julho/dezembro,2001

  • A GESTO DO CONHECIMENTO E A INOVAO TECNOLGICA

    Vriossoosmotivosparaqueumacomuni-

    caodeficienteocorranesseambiente.No entanto,

    independentedequaissejamasrazesparaaexis-

    tnciadesseproblema,o queresultaevidenteque,

    porcontadessadeficincia,todasaspartesinteressa-

    dasacabamporserprejudicadas.De um modo muito sinttico,poderamos

    apontar,paracadauma daspartesenvolvidas,os

    seguintesprejuzos:

    Para o vendedordoconhecimento:

    prejudicaoretomodosinvestimentosreali-zados;

    opotencialeconmicodatecnologiasub-tilizado;

    limitaaexpansodosnegcios; dificultaaatraodenovosclientes; afetaa capacidadede competirglobal-

    mente;

    dificultaarealizaodenovosinvestimen-tosemP&D;

    reduzasinergiacriativadasequipesespe-cializadas;

    comprometea manutenode quadrosespecializados.

    Para o compradordoconhecimento:

    diminuiasopesdeescolhadatecnologiamaisapropriada;

    elevao custoda aquisiodatecnologia,porfaltadeopes;

    limitaaexpansodosnegcios;

    afetaaprodutividade; dificultaaaberturadenovosmercados; inibe o desenvolvimentoda capacitao

    tecnolgicaprpria;

    reduzaspossibilidadesdegerarinovaes; prejudicaosganhosdeescala; enfraquecea capacidadecompetitivano

    mercado;

    dificultaa inseropositivano mercadoglobal.

    101

    Para opas:

    aumentaa dependnciadatecnologiaex-terna;

    afetaainserodopasnocontextodasna-esdesenvolvidas;

    geraumdispndioadicionaledesnecess-rio dedivisas;

    comprometeo desenvolvimentodetecno-logiasendgenas;

    subordinao avanotecnolgicodomerca-donacionaladecisesexternas;

    exportaempregosdealtaqualificao; favorecea"fuga"deespecialistas; prejudicao desenvolvimentoeconmicoe

    social.

    CONTEXTO ATUAL

    o conhecimento o fatordeproduomaisimportantena economiada informaoe resideessencialmentenasmentesdostrabalhadores.Esta

    umamudanadramticana formadepensardamaioriadosmodeloseconmicos.

    Oconhecimentoemergiucomoelementofun-damentaldediferenciaodasorganizaesnestesltimosanos.Nasdcadasanteriores,asempresasapostavamnaseconomiasdeescala,proficinciaemvendasemarketingounosmovimentosda"quali-dade"e"foconocliente"paraaumentarsuacompe-titividade.Como adventodatecnologiaeo acessoemnveismaissofisticadosdeinformaoestrat-gica,aqualidadedeixadeserumfatordediferen-ciaoesetomaumacondiosine-qua-nonparaasobrevivnciadasorganizaesemtodososramosdeatividade.

    A ltimafronteiraparaadiferenciaocom-petitivaainovao.Defato,anicaformadeestarsempre frente inovarantesdoscompetidores.Assimasempresasdesenvolvemumsensosobresimesmas,suascompetnciase seusativosintelec-tuaisqueasdestacamdasdemais.Estasempresastma capacidadede"conhecer"quandoe como

    Transinformao,v. 13,n2,p. 93-110,julho/dezembro,2001

  • 102 C. D. NETO e R. M. J. LONGO

    devemfazerrapidamenteasmudanasnecessriasemmercadosdinmicos.Sabemtambmcomose

    manteremvigilantesparaaprendernovasformasdeenfrentaraconcorrncia,comumfluxoconstantede

    21novosprodutos .

    O gerenciamentodo conhecimento umaquestodebomsenso.Numapocaemqueainfor-maodigitalestcadavezmaisamplamentedispo-nvel,eaomesmotempopersonalizadaeporttil,oconhecimentorepresentaumrecursoquepodeserumimportanteativoouseumaiordesafio.Coma

    inovaotomando-seo nicofatorcapazdeatuarcomoverdadeirodiferencialcompetitivotomou-sepraticamenteimpossvelprotegero patrimniodeumaorganizaosemgerenciartambmo seuconhecimento.A informao,dentrodasempresas,passaaserconsideradacomoempreendimentoqueagregavaloreriqueza.

    Sabemosqueaglobalizaodosmercados,oavanoaceleradodatecnologiaeosfluxosdinmi-cosdo intercmbiointernacionalestomudando

    antigose introduzindonovosparadigmasparaodesenvolvimentodasnaes.A tecnologia,dehmuito, umadasprincipaisvariveisnadivisointernacionaldotrabalho,eumdosprincipaisfatoresdeorganizaodaproduo.A necessidadedainte-graocompetitivadopasnaeconomiainternacio-nal,nessecenrio,exigirdasempresasnacionaisgrandesesforosna reada inovao.Sobtaiscircunstncias,acapacidadedeproduzirinovaesradicaise/ourevolucionriasserumdosfatores

    determinantesparao sucessodasempresas,e dopas,nummercadoglobalizadoe extremamentecompetitivo.

    Atondenosdadoconhecer,novisvel,hoje,nomercado,a existnciadequalquermeca-nismoquerenaemsi,demaneiraabrangenteeinte-grada,adisponibilidadenacionaldeconhecimentostecnolgicos(tecnologiaseserviosrelacionados)eoconjuntodeinstrumentos,recursoseinformaesnormalmenteassociadosa essetipodecomrcioespecializado.

    O quesepodeobservar,deumlado,soalgu-

    mas aes isoladas,patrocinadaspor agnciasgovernamentaisourgosdeclasse,queprocuramdisponibilizarinformaesrelacionadasaoComr-

    cioeaTransfernciadeTecnologia,masquefocali-zamapenasdeterminadositensdoamplolequedein-

    formaesnecessriasconduodessesprocessos,

    taiscomo,por exemplo:financiamentopesquisa,

    informaessobrepatentese marcas,informaes

    mercadolgicas,serviosespecializados,jornal deofertas,etc.

    Por outrolado,na reaacadmica,tambm

    nosevem,dopontodevistadacomunicaocom

    omercado,aesexpressivasvoltadasaessetipodecomrcio- alias,sonotriaseconhecidasasdificul-

    dadesenfrentadaspelaacademiaparatirarmelhorproveitocomercialdas tecnologiasque eventual-

    menteproduzem,vistonoseresteseuobjetivoprin-cipal. Tampoucoos Centrose Institutosde P&D

    apresentaminterfacescomerciaspblicas,desenvol-

    vidasdemodoa favorecere facilitarastransaes

    emtomodeumdeseusprincipaisprodutos:oconhe-cimentotecnolgico.

    No setorprivado,as coisasno so muito

    diferentes.As informaesdisponibilizadaspara.o conhecimentopblico,quandoo so,focalizam

    apenascertasespecificaestcnicase/ouoperacio-

    naisdosprodutos vendae,namaioriadasvezes,

    nadamaisoferecemaosseuspotenciaisclientes,a

    ttulodeinformaescomplementares,anoserum

    endereoeletrnicoparacontato.

    Pelaanlisedocenrioatual,podemosconsta-tarqueamaioriadasaese iniciativasconhecidas

    nareadacomercializaodoconhecimentotecno-

    lgicoapresentaalcancelimitadoouusorestritoj

    que,portrataremapenasdequestespontuaisoude

    interessesisolados,no oferecemaos potenciaisclientesumpacotecompletocontendotodasasinfor-

    maesnecessriaseessenciaisconduodeneg-ciosdessanatureza.

    21.KOULOPOULOS,T.Aspeasdoquebra-cabeasdogerenciamentodoconhecimento.ln:SeminrioInternacionaldoGerencia-mentodoConhecimento.SoPaulo:CENADEM,1998.

    Transinformao,v. 13,n2, p. 93-110,julho/dezembro,2001

    -

  • A GESTO DO CONHECIMENTO E A INOVAO TECNOLGlCA

    Da ausnciademecanismosespecializadosqueseocupem,especificamente,dadisseminaodoconhecimentotecnolgiconacional,resulta,almdo aumento,efetivoou virtual,das"lacunasdeconhecimento",umareduoconsiderveldasoportunidadesdearticulaoentreosprodutoreseosconsumidoresdetecnologia.E quantomenor,oumaisineficiente,foressaarticulao,menorserasinergianecessriaaoaprimoramentoaceleradodoconhecimentoexistente.

    preciso,portanto,ofereceraosagentesdoprocessodeinovaoaoportunidadeeasferramen-tasadequadasparaqueoconhecimentotecnolgicodisponvele dispersoentreasinmerasentidadesprodutorassejafacilmenteidentificadoecolocadosuadisposio.Sdessamaneirao conhecimentopodercumprirplenamenteseupapelmacroemicroeconmico.

    Assim,o desafioquesecolocaaumasocie-dadeemdesenvolvimento,paraalavancaroseucres-cimentoeconmicoeo seubem-estarsocial,eparaobterumamelhorinseronaeconomiaglobal,nosodebuscarreduziras"lacunasdeconhecimento",

    pelo desenvolvimentoendgenoou pelaaquisio

    externa,mastambmo deprocurarusardemaneira

    maiseficienteoconhecimentoquej temdisponvel.Procedendodessamaneira,nosersurpresadesco-

    brirquemuitasdas"lacunasdeconhecimento"per-

    cebidassoapenasaparentes,Na realidadeoconhe-

    cimentoexistee dominado,Apenasnosesabia

    ondeeleestavaequemo detinha.Ora,senosdadoconhecerascaractersticas

    epeculiaridadesdosprocessosdedesenvolvimento,

    comercializaoe inovaotecnolgica,se conse-

    guimosentenderquequantomaisgilecompletofor

    o fluxo das informaessobre o conhecimento

    tecnolgicodisponvel,maioresseroaschancesdo

    estabelecimentode um relacionamentoprofcuo

    entreosagenteseconmicosenvolvidoscomopro-

    cessodeinovao,esecompreendemos,ainda,que

    quantomaisnegciosseconcretizarementreesses

    agentesmaiorsera sinergiado conhecimentoemaioresseroos benefcioseconmicose sociais

    103

    paraopas,snosresta,ento,desenvolveridiasepropormeiose mecanismosquecontribuamparaequacionarosproblemasqueimpedem,oudificul-tam,adifusoeaapropriaoadequadadacapaci-taotecnolgicanacional.

    luz detodasessasconsideraes,pare-ce-nospatenteanecessidadedesebuscarresolvercomurgncia,semprejuzoaosesforosparalelospelodesenvolvimentodenovosconhecimentos,os"problemasde informao"quedificultamummelhoraproveitamentodo conhecimentoquejtemosdisponvel.

    Comessesentimento,ecomointuitodecon-tribuirparaa reduodos"problemade infor-mao",nareadoconhecimentotecnolgico,apre-sentamosapropostaaseguir.

    A PROPOSTA

    Numa pocaondeotemposeaceleraeoespao

    serelativiza,ondecompetitividadee inovaoso,

    maisdoquenunca,palavrasdeordemdanovaeco-nomia,ondeas "lacunasde conhecimento"e os

    "problemasdeinformao"tornam-sefatorescrti-

    cos para o desenvolvimentosocioeconmicodos

    pasesemergentes,oportuno,senoimprescind-

    vel,queseapresentemequesediscutamabordagens

    inovadorase racionaisparatratarosproblemasqueprejudicamo fluxonormaldasinformaesentreos

    produtoreseosconsumidoresdoconhecimento.

    Osdesequilbrioseasineficinciasdomerca-

    do,queresultam,emgrandeparte,dasdeficincias

    deinformao,comobemressaltaoBancoMundial

    em seuj citadoRelatrio,precisamseratacados

    comprestezaedeterminao,sobpenadevermoso

    desenvolvimentosocial do pas condenadoa um

    crescimentoaqumdesuaspossibilidadesenecessi-dades.

    "A histriadarevoluoverdemostra

    como acriao, disseminaoeusodo conhe-

    cimentopode reduzir os desequilbrios.

    Tambmmostraqueo know-how apenas

    umapartedaquiloquedeterminaobem-estar

    Transinformao,v. 13,nO2,p. 93-110,julho/dezembro,2001

  • ---

    104 C. D. NETO e R. M. J. LONGO

    social.Problemasdeinformaolevamapro-

    blemasnomercadoe impedema eficinciaeo crescimento.O desenvolvimento.portanto,

    exigeumatransformaoinstitucionalque

    melhorea informaoeestimuleo esforo,a

    inovao,a poupanae o investimento;e

    aindafacilite progressivamenteas trocas

    complexasque se realizamno tempoe no..22

    espao.

    Sabemosqueos fluxosde infonnaeseconhecimentostornaram-semaisamplos,maissofisticadosemaiscomplexos,equeastecnologiasde infonnaomudamconstantemente maneirapelaqualoconhecimentodistribudo,processadoeutilizado.

    Sabemostambm,comoadverteo BancoMundial,"queas"lacunasdeconhecimento"e osproblemasde infonnaosotemasinterligados,quenopodemsertratadosisoladamente,,23.Portan-to,sedesejamosajudara resolvero problemadas"lacunasdeconhecimento"existentesnomercado,deumafonnarpidaeeficaz,precisamosprocurararespostaparaumaquestoprimordial:comofazercomqueo conhecimentotecnolgicodisponvelsereveledemaneiraampla,ecirculedemaneirafcilentreosqueoproduzemeosqueoconsomem,paraqueelepossacumprirplenamenteo seupapeleconmico?

    A soluoparaessainterrogaonosim-ples,maspassa,semdvida,peloequacionamentodosproblemasdeinfonnaohojeexistentes.A difi-culdadeque,nocaminhodessasoluo,humcon-juntodedesafioscrticosaseremvencidos.E essesdesafiosnosopoucos.A tecnologiarepresentaumpapelimportantenesseprocesso.Contudo, peri-gosoacharquea questodagestodosproblemasdas"lacunasdoconhecimento"edosproblemasdeinfonnao,ou seja,a gestodo conhecimento,

    propriamentedito,solucionadasomentepormeio

    datecnologia.O ladohumanodaequao funda-

    mentalparasoluesde longoprazo,e pelo valor

    agregadoquerepresentaparaasempresas.A tecno-logia da infonnao apenasumapeado que-

    bra-cabea,pois fornecea estruturaporm noforneceoconted024.

    precisosabercomoeondelocalizarasinfor-

    maescertas,comoannazen-Ias,trat-Ias,organi-

    z-Ias,disponibiliz-Iase faz-Iasfluir demaneira

    eficienteentreosagentesdoprocessodeinovao.

    precisooferecersuporteeferramentasqueajudemaagregarvalorinfonnaocoletada,facilitandosua

    transfonnaoem conhecimentoe favorecendoa

    realizaodenegcios. precisoconciliarofertas,

    demandas,custos,preoseprazos. precisoreduzirasdvidas,diminuirosreceios,eliminarasdescon-

    fianaseminimizarasdivergnciasdeinteresses.

    precisovalorizarosobjetivoscomuns,sublinharos

    pontosconvergentese destacaros beneficiosm- 'tuos. precisofazercrescernasempresasprivadasa

    percepodaimportnciadesuaatualizaotecno-

    lgicae dovalordo conhecimentocomoelemento

    essencial criaoe sustentaodacompetitivi-

    dadeempresarial.precisofazercomqueoconheci-

    mentocheguelinhadeproduo,ondeainovao

    geradaeariquezaproduzida.

    Comosepodeperceber,apropostaqueviera

    serfonnuladapararesolveraquestocolocadapar-

    grafosacima,nopoderdeixardelevaremcontaanecessidadede se equacionarsatisfatoriamente

    todosessesetantosoutroscomplexosdesafiosaquinorelacionados.

    Apesardoportedaempreitada,e dasdificul-

    dadesiniciaisj previsveis,quernosparecerque

    sejaesteumbommomentoparasedarincioauma

    aoamplae consistente,de carternacional,que

    objetive facilitar a circulaodo conhecimento

    tecnolgicoentretodosos agenteseconmicosda

    22. Ibid.pp.13-14.23. ConhecimentoparaoDesenvolvimento- 1998/1999,op.cit.,p.8.24. GESTOdoconhecimento,umnovocaminho.HSM Management,22(4):51-64,set./out.2000.

    Transinformao,v. 13,nO2, p. 93-110,julho/dezembro,2001

  • A GESTO DO CONHECIMENTO E A INOVAO TECNOLGICA

    sociedade,detal sorteque,comodecorrnciadaapropriaoadequadadesseconhecimento,sepossaalavancaro desenvolvimentosocioeconmicodo

    pas.Comfoconesseobjetivo,chegamosconclu-

    sodequeodesenvolvimentodeumSistemainfor-matizado,comafunobsicadeajudaramelhoraro fluxoe adisseminaodasinformaesrelacio-nadasaoconhecimentotecnolgiconacional,seriaumaresposta,parcialmente,adequadaparao pro-blemaquetemosemtela.Estamos,no entanto,conscientesdequeesta, apenas,umapartedaquestomaior.Se observarmoscom ateno,veremosquemuitasempresasquefracassamemsuasiniciativasde gestodo conhecimentonoreconhecemadiferenaentreinformaoeconheci-mento.A gestodoconhecimentocuidadeagregarvalorsinformaes,atravsdesuasprticas.Pormaprincipaldiferenaentreoconhecimentoeainfor-maooaspectohumano.Certamenteatecnologiadainformaoumfacilitador,masporsi snoconsegueextrairasinformaesdacabeadeumindivduo.

    A propsitodosfluxosdeinformao,comen-tamosredatoresdoRelatriodoBancoMundial:

    "A crescentecapacidadetecnolgica,aliadaaoscustosdecrescentesdaindstriade

    telecomunicaes,aumentadramaticamente

    opotencialpara a aquisioeaabsorodo

    conhecimento,criandonovasoportunidades

    para osfluxosde informaoemmodupla.Estratgiasdegovernoparareduziras "lacu-nasde conhecimento"somaiseficientesquandopropiciamo mximodesinergias.Masemsuaformulaoeimplementaoosgovernostambmprecisamcontemplaras..J,r, .- . ..J' ,.{; - ,,25uejlClenClaSue lnjormaao.Assimque,comaexpectativadecontribuir

    paraareduodas"lacunasdeconhecimento",pela

    25.Conhecimentoparaodesenvolvimento-1998/1999,op.Cit.,p.8

    105

    minimizaodosproblemasdeinformao,estamos

    propondoo desenvolvimentode um Sistemaque,utilizando-seda Tecnologiada Informaoe das

    redesdecomunicao,nospossibilitecoordenare

    articulardemaneiraintegrada,abrangente,uniforme

    eestruturada,asinformaessobreadisponibilidade

    nacionaldeconhecimentostecnolgicos,compreen-dendo:

    a)Tecnologias;

    b) ServiosTecnolgicos(certificao,testeseensaioslaboratoriais,etc.);

    c) Consultoria(avaliaes,anlises,parece-res,etc.);

    d)Treinamento(In loco,baseadoemcompu-tadorouOnline);etc.

    EsseSistemadeverserprojetadoedesenvol-

    vidoparafuncionarcomobasedeumgrandePortal

    do ConhecimentoTecnolgico(ecientfico?).Esse

    Portal, por suavez,deverreuniremsi, almdos

    conhecimentoseinformaestcnicas,comerciaise

    legaisconsideradasessenciaisaodesenvolvimentoe

    sustentaodasdiversasetapasdosprocessosde

    negociao,comercializaoetransfernciadetec-

    nologiase/oudeprestaodeserviostecnolgicos,

    outrasinformaesacessriasquepossamemprestar

    maioreficinciaetomarmaiseficazesasaesque

    sedesenvolvemnocontextodessesprocessos.

    AtravsdessePortal, seriadisponibilizado

    quelesquetrabalhamcomo conhecimentotecno-

    lgico (desenvolvendo,vendendo,comprandoou

    pesquisando)umlequedeinformaespertinentesaessetema,oriundasdediferentesreas,taiscomo:

    a)propriedadeIntelectual;

    b) tcnicasdeNegociao;

    c) incentivosfiscais;

    d)modelosdeContratoseAcordos;

    e)buscae recuperaodeinformaestcni-casecomerciais;

    f) notciasrelacionadas;

    Transinformao,v. 13,nO2,p. 93-110,julho/dezembro,2001

  • 106 C. D. NETO e R. M. J. LONGO

    g)repositriodeArtigosCientficoseTcni-cos;

    seriaconstitudoporumconjuntodedife-rentesbasesdedados,localizadasemml-tiplosservidorescentralizadosnoorganis-moGestor,oudistribudosemdiferenteslocalidadesgeogrficas,nasentidadespar-ticipantesou,ainda,ummistodisso;

    haveria,entreoutras,basesdedadoscon-tendoinformaessobre:modelosdecon-tratos/acordos,fontesde financiamentosgovernamentaiseprivadas(VentureCapi-tal),estatsticas,propriedadeintelectual,correspondnciaeletrnica,especialistasnacionais/internacionais,questesfre-qentementeperguntadas(FAQs), infor-maesmercadolgicas,tecnologias,ser-vios tecnolgicos,consultoria,treina-mentoon-line,ensinoadistncia,etc.;

    h) oportunidades& Negcios;

    i) normas& Regulamentos;

    j) frumdeDebates;

    k) conferncias& Eventos;

    1)fontesdeFinanciamento(governamentaisederisco);

    m) listaNacionaldeEspecialistas;

    n) linksrelacionados(HotLinks);etc.

    As informaese recursosoferecidospelo

    Sistemapoderoser acessadospor intermdiodecomputadoresconectadosInternet,atravsdeuma

    interfaceWebpadro,conformeesquematizadonafigura.

    Os principaisusuriosdesseSistemasero

    todosaquelesorganismosou indivduosenvolvidos

    comaquestodainovaotecnolgica,taiscomo:CentroseInstitutosdeP&D; Indstrias;Universida-

    des;IncubadorasdeTecnologia;ParquesTecnolgi-

    cos; Pesquisadoresacadmicosou independentes;AssociaesdeClasse;rgosdoGoverno,etc.

    Abaixo,algumaspossveiscaractersticasdo

    Sistemaproposto:

    paraos ofertantes(vendedores)doconhe-cimentotecnolgico,oSistemafuncionariaporadeso.Essaadesopoderiaserespon-tneaouoGestoridentificariaecontataria,gradativamente,todosospotenciaisvende-,doresconhecidos(CentrosdeP&D, Insti-tutosdeP&D, Universidadese empresasreconhecidascomoatuantesno comrcio

    de tecnologia)convidando-osa aderiremaoSistemaatravsdeumTermoGeralde

    Adeso,porelepreparado;

    Acesso Contribuio

    t

    t tF==4

    .

    .

    ... R

    .

    ...L...) ~

    Transinformao,v. 13,n2, p. 93-110,julho/dezembro,200I

  • A GESTO DO CONHECIMENTO E A INOVAO TECNOLGlCA

    aadesoeousodoSistemaseriagratuito; certosserviosespecializados,oferecidos

    peloSistemacomosuporteadicionalsuautilizao,poderiamsercobradosdequemosrequisitassem;

    asentidadesprodutoras/vendedorasdetec-nologia,umavezassociadasaoSistema,poderiamofertarsuatecnologiae/ouseusserviostecnolgicos,segundoumforma-to padrodedivulgaodeinformaes,definidopeloGestor;

    asinformaesconsolidadasdecadainsti-tuioassociadapoderiamsercarregadasdiretamentenasbasesdoSistema,utilizan-do-sesenhasdeacesso,pelosresponsveisemcadainstituio,ouo prprioSistemapoderiafazerumavarreduraperidicanasbasesdosassociados,capturandoasinfor-maesdisponibilizadas;

    o Gestoridentificariae estabeleceriacon-vnioscompossveisfontesdefinancia-mento,governamentaisouprivadas,parainvestimentoemtecnologia,eorientariaosinteressadossobrecomoacessareutilizarosrecursosdisponibilizados;

    o Gestoridentificariae divulgariainfor-maessobremecanismosgovernamentaisemvigorvoltadosaoincentivopesquisaeaodesenvolvimentotecnolgico,epresta-ria a orientaonecessriaaosinteressa-dos;

    o Gestoridentificariae firmariacon-tratos/convnioscomBancosde Dados,nacionaise estrangeiros,e comentidadesestataiseprivadas(INPI, Itamarati,MCT,CNPq,CNI, FIESP, etc.)paraacessarerecuperarinformaesdeinteressedeseususuriossobre,porexemplo,propriedadeintelectual,demandasmercadolgicasna-cionaiseinternacionais,matriastcnicas,cientficas,comerciais,regulatrias,etc.;

    parafinsdepesquisae/oudeplanejamentooSistemaconteriaosrecursosnecessriosgeraoderelatrioscomdadoseinfor-maesestatsticassobreseucontedo,usoebeneficiosporeleproduzido;

    107

    o Sistemadeveriaserintegradoa outrosSistemasdeinformaocientficosetecno-lgicos;

    o Sistemaincorporariaos mecanismosnecessriosparaqueo Gestorpudesseacompanharosprocessosiniciadosporseuintermdioafimdeavaliar/aprimorarasuaeficcia;

    oGestorseriaresponsvelpelaelaboraodemodelosreferenciais,entreoutros,dosseguintescontratos/acordos:LicenadeExploraodePatentes;LicenadeUsodeMarca, Fornecimentode TecnologiaIndustrial(know-how);prestaodeServi-osTecnolgicos(consultoriae servioslaboratoriais);TreinamentoeRevelaodeInformaesConfidenciais.Taismodelos,nosseusitensbsicos,seriamajustadoseacatadosportodososusuriosdoSistema;

    umavezdisponibilizadoo Sistema,qual-querinteressadona aquisiodetecnolo-gias,treinamentoseserviostecnolgicospoderiaacessaroPortal,fazerasconsultasquedesejassee,encontrandoo queprocu-rasse,estabeleceriaumcontatodiretocoma(s)entidade(s)queoferecesse(m)oprodu-todeseuinteresse,semnenhumainterfe-rnciadoGestor,anoserquehajaumarequisioespecficaparaisso;

    a gestodoSistemaseriaconfiadaa umaequipe,constitudaportcnicoseadminis-tradores,capazde,autonomamente,man-t-Io,dopontodevistatcnicoefilosfico,edeconduzirtodasasarticulaespolti-cas,tcnicase comerciaisnecessriasaoadequadofuncionamentodoSistema.

    CONCLUSES

    o ambientepolticoe econmico,a globali-zaodocomrcioe dosfluxosdeinformaes,acriaodeblocoscomerciaiseosavanosdasTec-nologiasdaInformao,caracterizamummomentopropcioaodesenvolvimentoe implementaodemecanismose de Sistemasautomatizadosque,beneficiando-sedacapilaridadeedosbaixoscustosdasredesdecomunicaes,possamcontribuirde

    Transinformao,v. 13,nO2, p. 93-110,julho/dezembro,2001

  • 108 C. D. NETO e R. M. J. LONGO

    maneiramaisefetivaparaaminimizaodosproble-masdeinformaonomercadodetecnologia.

    Hoje,umaparcelasignificativadasorgani-zaesenvolvidascomageraodetecnologia,criaemantmseusconhecimentostecnolgicosemSis-temasque.comfreqncia,nosoadequadamentedivulgadosoudisponibilizadosparaconsulta.Poressarazo,paraosquenosabemdetaisSistemas,ounoospodemacessar,osconhecimentosaliman-tidossovirtualmenteinvisveise,portanto,inaces-sveis.As informaestecnolgicasestodispersasemSistemasisolados.Poucossabemoqueexisteou,sesabem,ondeseencontra.A opoparaquemprecisadessesconhecimentos consumirtempo,edesperdiardinheiro,procurando-os,tentandorecri-Iosoufazendoseutrabalhosemeles.

    Essa"invisibilidade"concorre,tambm,paraaconsolidaodeumaoutracaractersticanegativadomodeloatualdegeraodetecnologia:areduzidaarticulaoentreosagentesdasociedadeenvolvidoscoma inovao.Emboranosepossacaracterizarcomprecisoaextensodesseproblema,porinsufi-cinciadedadosestatsticosconfiveis,possvelperceberqueasarticulaeseparcerias,entreospro-dutorese consumidoresdoconhecimentotecnol-

    gico,ficammuitoaqumdoqueseriadesejvel.Comoresultadodessabaixainterao,a sinergianecessriaaodesenvolvimentomaisaceleradodo

    conhecimentotecnolgiconacionalfica prejudi-cada,comprometendoseriamenteosesforosparaopreenchimentodas"lacunasdo conhecimento",einibindoosurgimentodainovao.Enfim,desdehmuito,o atualmodelonoatendeplenamenteasexpectativasdasociedadequantoaosbeneficiosqueeledeveriaproduzirparaopas.

    OSistema,cujaidiadedesenvolvimento,emlinhasgerais,orapropomos,porsuaformulaoepeloseualcanceecapacidadedepenetraojuntoaomercado,ajudar,certamente,a reduzirpartedosproblemasdeinformaoapontados,o queircon-tribuirparaa reduodas"lacunasde conheci-mento".

    Suadisponibilizaoeusofacilitaroaimple-mentaodeestratgiasdeocupaodeespaoseco-nmicos,contribuirparadiminuiro descompassoentreaproduodoconhecimentoeaproduodebense serviose,principalmente,permitir,pelomelhoraproveitamentodoestoquedeconhecimen-to,maximizara sinergiae o inter-relacionamentovitalentrecrescimentoedesenvolvimentosocial.Os

    seususuriospoderomaximizarseusganhos,aumentarsuaprodutividade,reduzirseuscustos,agilizaremelhorarsuasdecisese fazerusomaiseficazdeseusrecursosedeseutempo.Easociedade,comoumtodo,poderseapropriarintegralmentedessesbeneficios.

    Alm dascaractersticasacimaapontadas,tambmpossvelesperarquehaja,peloaumentodasrelaesentreasinstituiesparticipantesepeloincrementodosnegciosrealizadosnessecontexto,o surgimentodenovasemelhorescondiesparaa .formaodecapitalhumanomaisqualificado.

    Emresumo,nosascondiespolticasetecnolgicastomamo momentopropcioformu-laoeimplementaodeumSistemadeAdminis-traoIntegradade ConhecimentoTecnolgico,comooprprioprocessodeglobalizaodosmerca-dosedosfluxosdeinformaotomaprementeumatomadadeposionessesentido,sobpenadevermosampliadasas"lacunasdeconhecimento"entreospasesemdesenvolvimento,comoo nosso,e ospasesindustrializados,comobemargumentaoBancoMundial:

    "Para ospasesemdesenvolvimento,

    portanto,a explosoglobaldoconhecimento

    contmtantoameaasquantooportunidades.Seas 'lacunasdeconhecimento'se amplia-rem,o mundovai sedividiraindamais,no

    apenaspelasdisparidadesdecapitaleoutros

    recursos,maspela disparidadedo conheci-

    mento.Cadavezmaisocapitaleoutrosrecur-

    sosjluiroparaospasescombasesdeconhe-

    cimentomais slidas, aprofundando-seas

    desigualdades.H tambmo perigo de

    Transinformao,v. 13,nO2, p.93-110,julho/dezembro,2001

  • A GESTO DO CONHECIMENTO E A INOVAO TECNOLGlCA

    aumentarosdesequilbriosdentrodospases,

    particularmentenaquelesemdesenvolvimen-

    to,ondealgunspoucosafortunadosnavegamnaInternetenquantooutroscontinuamanal-

    fabetos.Mas ameaae oportunidadesoos

    ladosopostosdamesmamoeda.Sepudermosreduzir as "lacunas de conhecimento"e

    enfrentarosproblemasdeinformao,talvez

    aplicandoassugestesdesteRelatrio,pode

    ser quesejapossvelmelhorara rendae o

    padrodevidanumritmomuitomaisvelozdo. . d 26 "queo Imagznao .

    No seimaginequeesteSistemaserapenas

    maisuma"vitrina"detecnologia.O Sistema,como

    proposto,foi idealizadoparaserumapoderosaferra-mentadefomentoaodesenvolvimentodoconheci-

    mentotecnolgiconacionale desuporteaosneg-

    ciosqueserealizamnessarea.Osbeneficiosqueele

    trarparaasociedade,emmdioprazo,conformese

    podeantever,seroaltamentesignificativos.Porseu

    intermdiopoderoserconduzidasaesemsinto-

    niacomo quesepassaatualmentenosfluxosdin-micosdocomrciomundial.

    Espera-se,tambm,queaofacilitaraidentifi-

    caoe a disseminaodo estoquenacionalde

    conhecimentojunto sociedade,comoumtodo,e

    entreos elementosenvolvidoscoma inovao,em

    particular,elesejacapazdeatuarcomoagentecatali-

    sadore multiplicadordos interessesem tomo do

    conhecimento,favorecendo,assim,o surgimentoda

    sinergianecessriaao seuaprimoramento.Afinal,

    comosesabe,conhecimento fluxo,noestoque.

    Comosev,pelaleituradestetrabalho,aidia

    aquiapresentadaconstituiapenasumasntesegen-

    ricadoquepoderiaserfeitoparaajudarareduziros

    problemasdeinformaoqueafetamociclo:desen-

    vo1vimento-comercializao-transferncia- ino-

    vaotecnolgica.A anlisedessaproposta,suaexplorao,detalhamentoe adequaodever

    26.Ibid.,p. 26.

    109IIII

    I

    envolveroconjuntodosatorespotencialmenteinte-ressadosnesseprocesso,taiscomo:organismoseinstituiesgovernamentais,entidadesrepresenta-tivasdeclasses,entidadesdeensino,instituiesecentrosdeP&D,universidades,etc.

    Porltimo,masnomenosimportante,gosta-ramosderessaltarqueoSistemaapenasumaparte,talvezamaisvisvel,deumapropostamaisamplae complexaqueenvolvea gerao,o desenvolvi-mento,a difusoe a aplicaodoconhecimento.Tambm precisotersempreemmentequeasTecnologiasdeInformaonocriamsabernempromovemo conhecimento.Elas simplesmenteorganizamefacilitamasuatroca.Porisso,fazparteintegrantedenossapropostaa especialatenocoma dimensohumana.Paraconstruirligaese conexesentreindivduose instituies,para

    fomentarepromovero conhecimento,sonecess-riaspessoas.A elas,emltimaanlise,caberaresponsabilidadepor tomarestapropostatil eproveitosaparaasociedade.

    Sabemosque,quantoapropostaaquiformu-lada,muitasquestesnecessitamsermelhordiscu-tidas,equeoutrostantospontosprecisamsermaisbemdefinidos,mastambmsabemosqueaidiaoraapresentadanoencontra,deumlado,restriesnemimpedimentosdeordemtcnicaparao seudesenvolvimentoeimplementaoe,deoutro,queaindanoexistenenhummecanismosimilarno

    mercado- pelomenosnenhumdenaturezaneutra,querenaemumnicoespaotodososelementosnecessriosaoprocessodedivulgao,negociaoetransfernciadetecnologia,equeintegre,indistin-tamente,todososatores,pblicoseprivados,produ-toreseconsumidoresdoconhecimentoedetecnolo-

    gia.Assim,quernosparecerqueomaiordesafioquesepodeesperarparaodesenvolvimentoeoperacio-nalizaodeumSistemacomoestequeestamos

    propondo,serapenasdeordempoltica.

    Transinformao,v. 13,nO2,p. 93-110,julho/dezembro,2001

  • 110 C. D. NETO e R. M. J. LONGO

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    BARBIERI,JosCarlos."ProduoeTransfernciadeTecnologia".SoPaulo:Editoratica,1990.

    CONHECIMENTO para o Desenvolvimento-1998/1999",RevistadeIntelignciaEmpresarial1(1):20,out.1999.

    BROWN,Rick."ManagingTechnologicalInnovation",TechnologyStrategies,abr./1993.FLEURY, Afonso."CapacitaoTecnolgicaeProcessodeTrabalho".Re-vistade Administraode Empresas30(4):23-30,out./dez1990.

    FREEMAN, Cristopher."La TeoriaEconmicadeIaInnovacinIndustrial".Madri:AlianzaUniversidad,1975.

    GESTO do conhecimento,umnovocaminho.HSMManagement,22(4):51-64,set./out.2000.

    GESTO Estratgicado conhecimento.MariaTerezaLemeFleuryeMoacirdeMirandaOliveiraJr. (Org.)SoPaulo:Atlas,2000.

    KNOWLEDGEforDevelopment1998/1999.WorldDe-velopmentReport.Oxford:UniversityPress,set./1998.

    KOULOPOULOS,T.Aspeasdoquebra-cabeasdoge-renciamentodoconhecimento.In:SeminrioInternaci-onaldoGerenciamentodoConhecimento.SoPaulo:CENADEM,1998.

    LONGO,WaldimirPirre."Tecno10giaeTransfern-cia deTecnologia".SoPaulo,EscolaPolitcnicadaUniversidadedeSoPaulo,CursoAvanadodeAprimo-ramentoEmpresarial,USP/FDTE,1989.

    NONAKA, I & TAKEUCHI, H. Criaodeconheci-mentonaempresa.5.ed.RiodeJaneiro:Campus,1997.

    SBATO,JorgeA. "El ComrciodeTecnologia".Was-hington:SecretariaGeraldaOEA,marode1972.

    SOARES,Maria1.R.T."PolticaCientficaeTecnolgi-canoContextodeumaComunidadeEconmicaEuro-

    pia". Revista da Administrao, So Paulo25(3):61-68,jul./set.1990.

    Transinformao,v. 13,n2,p. 93-110,julho/dezembro,2001

    ---