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Prof. Bruno Cesar www.bruno- cesar.com

A hermenêutica na idade média 8

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• Durante a Idade Média, muitos, até mesmo do clero, viviam

em profunda ignorância quanto à Bíblia. E o que conheciam

era devido apenas à tradução da Vulgata e aos escritos dos

Pais da Igreja. A Bíblia era, geralmente, considerada como

um livro cheio de mistérios, os quais só poderiam ser

entendidos de uma forma mística. Nesse período, o sentido

quádruplo da Escritura (literal, moral, alegórico e

escatológico) era geralmente aceito, e o princípio de que a

interpretação da Bíblia tinha de se adaptar à tradição e à

doutrina da Igreja tornou-se estabelecido. Reproduzir os

ensinos dos Pais da Igreja e descobrir os ensinos da Igreja

na Bíblia eram considerados o ápice da sabedoria.

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• A regra de São Benedito foi sabiamente aplicada nos

monastérios, e decretado que as Escrituras deveriam ser

lidas e, com elas, como explicação final, a exposição dos

Pais da Igreja.

• Hugo de São Vítor chegou a dizer: “Aprenda primeiro as

coisas em que você deve crer e, então vá à Bíblia para

encontrá-las lá”. Nos casos em que as interpretações

dos Pais da Igreja diferiam, como frequentemente

acontecia, o intérprete tinha o dever de escolher. Nem

um único princípio hermenêutico foi desenvolvido nessa

época, e a exegese estava de mãos e pés atados pela

tradição oral e pela autoridade da Igreja.

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• Enquanto o sentido quádruplo da Escritura era

geralmente aceito nessa época (literal, moral, alegórico e

escatológico), pelo menos alguns começaram a ver a

incongruência de tal visão. Até mesmo Tomás de Aquino

parece tê-la sentido vagamente. É verdade que ele

constantemente alegorizava mas, também, pelo menos

em teoria, considerava o sentido literal como uma base

necessária para toda a exposição da Escritura. Foi,

porém, Nicolau de Lyra quem quebrou os grilhões dessa

era. Não abandonou de modo ostensivo a opinião

vigente, mesmo na aceitação do sentido quádruplo mas,

na realidade, admitiu só dois sentidos, o literal e o

místico, e até mesmo apoiava o último exclusivamente

no primeiro.

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• Argumentou quanto à necessidade de se referir ao

original, lamentou sobre o fato de se permitir que “o

sentido místico sufocasse o literal”, e requereu que o

último só fosse usado na doutrina experimental. Sua

obra influenciou profundamente Lutero e,

consequentemente a Reforma.

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• Acredita-se que o método de interpretação denominado

de “quadriga” tenha sido desenvolvido por João

Cassiano (séc. V). Cria-se que a Escritura tinha quatro

sentidos:

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• Histórico ou literal – o sentido evidente e óbvio do texto.

• Alegórico ou cristológico – o sentido mais profundo,

geralmente apontando para Cristo.

• Tropológico ou moral - o sentido que determinava as

obrigações do cristão e a sua conduta.

• Anagógico ou escatológico – o sentido que apontava

para as coisas vindouras que o cristão deveria esperar.

• A perspectiva de que as Escrituras têm três ou quatro

níveis de sentidos, conforme expressa a quadriga,

dominou a interpretação bíblica no período da Idade

Média. Alguns, como Bonaventura, teólogo católico

franciscano do século 13, chegaram até a defender que

havia sete níveis de sentido em cada passagem.

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• A falta de leitura da Bíblia produz todo tipo de misticismoe erro. Esse foi o principal motivo pelo qual ainterpretação bíblica “sofreu” muito nessa era. Isto é, opovo não tinha a Bíblia em mãos e consequentementenão sabia interpretá-la. Até mesmo os estudiosos nãosabia como ler a Palavra de Deus, e consequentementenão sabiam aplicá-la.

• As circunstâncias clamavam por um movimento quepusesse a Bíblia nas mãos do povo e o ajudasse ainterpretá-la e vivê-la. E foi isso o que a ReformaProtestante fez.