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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO COPPEAD DE ADMINISTRAÇÃO
NATÁLIA HENRIQUE DIAS
A HEURÍSTICA DA REPRESENTATIVIDADE E O VIÉS DO
EXCESSO DE CONFIANÇA EM EMPREENDEDORES E
GESTORES
Rio de Janeiro
2016
NATÁLIA HENRIQUE DIAS
A HEURÍSTICA DA REPRESENTATIVIDADE E O VIÉS DO
EXCESSO DE CONFIANÇA EM EMPREENDEDORES E
GESTORES
Dissertação de Mestrado apresentada ao Instituto
COPPEAD de Administração, da Universidade Federal
do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos
necessários à obtenção do título de Mestre em
Administração.
ORIENTADOR: Marcos Gonçalves Avila, Ph.D.
Rio de Janeiro
2016
NATÁLIA HENRIQUE DIAS
A HEURÍSTICA DA REPRESENTATIVIDADE E O VIÉS DO EXCESSO DE
CONFIANÇA EM EMPREENDEDORES E GESTORES
Dissertação de Mestrado apresentada ao Instituto
COPPEAD de Administração, da Universidade Federal
do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos
necessários à obtenção do título de Mestre em
Administração.
Aprovada por:
______________________________________________
Prof. Marcos Gonçalves Avila, Ph.D. – Orientador
(Instituto COPPEAD de Administração - UFRJ)
________________________________________________
Prof. Carlos Heitor Campani, Ph.D.
(Instituto COPPEAD de Administração - UFRJ)
_______________________________________________
Prof. Moacir Sancovschi, Ph.D.
(Faculdade de Administração e Ciências Contábeis - UFRJ)
Rio de Janeiro
2016
AGRADECIMENTOS
Agradeço a todos os professores e funcionários do Instituto COPPEAD de
Administração por proporcionarem o excelente ensino que recebi nos anos de
Mestrado. Aos professores Carlos Heitor Campani e Moacir Sancovschi pela
disponibilidade e interesse em avaliar a minha dissertação. Ao professor Marcos Avila
pela orientação e pelos ensinamentos na construção desse trabalho. Aos
empreendedores e gestores que se dispuseram a participar desse estudo, sem eles
isso não seria possível. Aos meus familiares e amigos por todo apoio e carinho.
RESUMO
DIAS, Natália Henrique. A heurística da Representatividade e o viés do Excesso
de Confiança em empreendedores e gestores. 2016. 75f. Dissertação (Mestrado
em Administração) - Instituto COPPEAD de Administração, Universidade Federal do
Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2016.
O objetivo desse trabalho é investigar a existência de eventuais diferenças no uso da
heurística da Representatividade e na manifestação do Excesso de Confiança entre
gestores de grandes empresas e empreendedores. As diferenças no uso da
Representatividade e na manifestação do Excesso de Confiança entre esses dois
grupos são mensuradas a partir de um mesmo questionário, respondido por 62
empreendedores e 63 gestores. Os resultados da pesquisa são que tanto gestores de
grandes empresas quanto empreendedores participantes do estudo manifestam
Representatividade e Excesso de Confiança em seus processos de julgamento e
tomada de decisão. Ao mesmo tempo, não foram identificadas diferenças
significativas em relação ao uso da heurística e à manifestação do viés entre os dois
grupos. Os resultados deste trabalho suscitam reflexões sobre o uso de heurísticas e
vieses no processo de julgamento e tomada de decisão referentes a criação e gestão
de pequenos negócios.
Palavras-chave: Empreendedor; Gestor; Representatividade; Excesso de Confiança; Heurísticas; Vieses.
ABSTRACT
DIAS, Natália Henrique. The heuristic of Representativeness and the bias of
Overconfidence on entrepreneurs and managers. 2016. 75f. Dissertação
(Mestrado em Administração) - Instituto COPPEAD de Administração, Universidade
Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2016.
The objective of this study is to investigate the existence of any differences on the use
of heuristic of Representativeness and the manifestation of Overconfidence between
managers of large companies and entrepreneurs. Differences in the use of
Representativeness and the manifestation of Overconfidence between these two
groups are measured from the same questionnaire answered by 62 entrepreneurs and
63 managers. The results of the research are both managers of large companies as
entrepreneurs in the study expressed Representativeness and Overconfidence in their
judgment processes and decision making. At the same time, no significant differences
were identified in relation to the use of heuristics and the manifestation of bias between
the two groups. The results of this study raise reflections on the use of heuristics and
biases in the judgment processes and decision making regarding small business
creation and management.
Keywords: Entrepreneur; Manager; Representativeness; Overconfidence; Heuristics; Biases.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Curva de Confiança de Empreendedores e Gestores (intervalos de 10%) ........... 36
Figura 2: Curva de Confiança de Empreendedores e Gestores (intervalos de 5%).............. 37
Figura 3: Árvore de Probabilidades ........................................................................................ 44
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Testes Associados ao Viés do Excesso de Confiança ......................................... 35
Tabela 2: Testes Associados à Heurística da Representatividade ....................................... 38
Tabela 3: Amostra de Justificativas ao Problema 1 do Questionário..................................... 63
Tabela 4: Amostra de Justificativas ao Problema 2 do Questionário..................................... 64
Tabela 5: Teste de Normalidade dos Dados de Confiança dos Empreendedores................ 66
Tabela 6: Teste de Normalidade dos Dados de Confiança dos Gestores ............................ 68
Tabela 7: Teste F dos Dados de Confiança dos Empreendedores e Gestores ................... 70
Tabela 8: Teste de Normalidade dos Dados de Representatividade dos Empreendedores 71
Tabela 9: Teste de Normalidade dos Dados de Representatividade dos Gestores ............. 73
LISTA DE ABREVIATURAS
EUA: Estados Unidos da América
GEM: Global Entrepreneurship Monitor
H&V: Heurísticas e Vieses
IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IBQP: Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade
MPE: Micro e Pequena Empresa
P&D: Pesquisa e Desenvolvimento
PIB: Produto Interno Bruto
RH: Recursos Humanos
SEBRAE: Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
SENAC: Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial
SENAI: Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO: CONTEXTO E OBJETIVO.......................................................................... 12
2 RELEVÂNCIA ........................................................................................................................ 15
3 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................................. 17
3.1 Heurísticas e Vieses no Julgamento e Tomada de Decisão ......................................... 17
3.1.1 O Conceito de Racionalidade Limitada ....................................................................... 17
3.1.2 Heurísticas e Vieses .................................................................................................... 18
3.1.2.1 Heurística da Representatividade ............................................................................ 19
3.1.2.2 Viés do Excesso de Confiança ................................................................................. 22
3.1.3 Representatividade e Excesso de Confiança em Empreendedores e Gestores ....... 23
4 HIPÓTESES E METODOLOGIA .......................................................................................... 28
4.1 Hipóteses ........................................................................................................................ 28
4.2 Método de Coleta dos Dados, Definição do Universo e da Amostra ............................ 29
4.3 Tratamento dos Dados ................................................................................................... 33
5 RESULTADOS ...................................................................................................................... 34
5.1 Testes Associados ao Viés do Excesso de Confiança .................................................. 34
5.2 Testes Associados à Heurística da Representatividade ............................................... 38
5.3 Outros Resultados .......................................................................................................... 38
5.3.1 Tempo de Existência da Própria Empresa ................................................................. 39
5.3.2 Idade (Geração) ........................................................................................................... 39
6 DISCUSSÃO.......................................................................................................................... 41
6.1 Excesso de Confiança .................................................................................................... 41
6.2 Representatividade e a Insensibilidade a Base-rates .................................................... 43
7 LIMITAÇÕES ......................................................................................................................... 46
8 CONCLUSÃO E SUGESTÃO PARA PESQUISAS FUTURAS ........................................... 47
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................... 49
ANEXO 1 - QUESTIONÁRIO PARA OS PARTICIPANTES ................................................... 51
ANEXO 2 - AMOSTRAS DE JUSTIFICATIVAS DE RESPOSTAS CODIFICADAS DA PARTE
2 DO QUESTIONÁRIO............................................................................................................. 63
ANEXO 3 - TESTES DE NORMALIDADE DOS DADOS ........................................................ 66
12
1 INTRODUÇÃO: CONTEXTO E OBJETIVO
Observações informais sugerem que indivíduos que abrem seus próprios
negócios apresentam um perfil psicológico de certa forma diferente daqueles que
decidem trabalhar em grandes organizações. Empreendedores tendem a ser descritos
como mais otimistas e mais propensos ao risco. Kahneman (2012, p. 319), por
exemplo, toma como base os resultados do estudo de Busenitz e Barney (1997) e
avança a visão de que “fundadores de pequenos negócios tendem a ser mais otimistas
sobre a vida, de forma geral, do que empresários de firmas intermediárias”.
A pergunta básica de pesquisa deste trabalho se refere a diferenças entre
gestores que trabalham em grandes empresas e empreendedores, no que se refere a
processos de julgamento e tomada de decisão. A proposta é investigar a existência
de eventuais diferenças entre os dois grupos, sob a ótica do paradigma de pesquisa
conhecido como Heurísticas e Vieses (H&V) em julgamento e tomada de decisão
(TVERSKY e KAHNEMAN, 1974; KAHNEMAN, 2012). De forma mais específica,
investigar a heurística da Representatividade e os vieses que a acompanham, assim
como o denominado viés do Excesso de Confiança, ocupam o centro de atenção do
trabalho.
Representatividade, isto é, a tendência a emitir julgamento de natureza
probabilística (por exemplo, chances de um novo negócio ter êxito) baseado em um
conjunto limitado (e não conclusivo) de informações específicas sobre o ´objeto de
julgamento´ (no caso, o novo negócio) é talvez a heurística de julgamento mais
estudada e testada na literatura de tomada de decisão. As áreas de choque entre a
lógica de funcionamento da heurística e a lógica que governa a teoria de probabilidade
(articulada em livros-texto básicos de Estatística) têm sido exaustivamente
examinadas e mapeadas na literatura acadêmica. Representatividade se constitui,
conforme será argumentado adiante, em uma estratégia básica de julgamento e
tomada de decisão de empreendedores, e é de se esperar que alguns vieses básicos
decorrentes do uso dessa heurística se manifestem no julgamento. Um viés em
particular será objeto de interesse nesse trabalho: o viés da insensibilidade a base-
rates, isto é, insensibilidade a probabilidades de ocorrência de determinado evento
(probabilidades não condicionais às evidências específicas do caso em questão).
Em relação ao Excesso de Confiança, diversos autores posicionam esse viés
como o “principal viés de tomada de decisão” (KAHNEMAN, 2002, 2007, 2012).
13
Bazerman e Moore (2013, p.14) chegam a descrever o fenômeno como “a mãe de
todos os vieses”. Kahneman (2007, p.1) associa o viés diretamente ao
comportamento de empreendedores: “O otimismo natural do ser humano – e talvez
exagerado no empreendedor – e sua inclinação em confiar demais nas próprias
habilidades são um obstáculo na hora de calcular as probabilidades de êxito de um
novo empreendimento”.
Além de discutir os conceitos de heurísticas e vieses associados a
empreendedores, a presente dissertação descreve os resultados de um experimento
de campo desenvolvido para testar um conjunto de hipóteses de pesquisa. Nesse
sentido, o trabalho toma como referência e replica, com ajustes para o cenário
brasileiro, a investigação feita por Busenitz e Barney (1997) nos Estados Unidos. As
seguintes hipóteses são testadas: (a) ambos, gestores de grandes empresas e
empreendedores, tendem a usar a heurística da Representatividade e incorrer no viés
da insensibilidade à probabilidade prévia (base-rates); (b) ambos, gestores de grandes
empresas e empreendedores, tendem a manifestar o viés do Excesso de Confiança
em tomada de decisão e (c) empreendedores tendem a incorrer em tais vieses de
forma mais extensiva do que gestores de grandes empresas. Os resultados do
experimento confirmam as hipóteses (a) e (b). Não houve, entretanto, evidência
empírica significativa para dar suporte à hipótese de pesquisa associada a diferenças
significativas de comportamento decisório entre os grupos de empreendedores e de
gestores.
Por empreendedor entender-se-á nesse trabalho o indivíduo que possui o seu
próprio negócio, geralmente uma micro ou pequena empresa (MPE) (empresas,
conforme o SEBRAE, com faturamento de até R$3,6 milhões anuais). Embora o
experimento de campo que será descrito nas seções à frente colete informações sobre
gestores em grandes empresas e empreendedores, essa dissertação assume um
‘viés’ na apresentação dos conceitos e na discussão dos resultados: um interesse
especial no processo decisório de empreendedores. Nesse sentido, a inclusão do
grupo de gestores de grandes empresas no presente estudo funcionou de certa forma
como um grupo de controle para se avaliar as características de julgamento dos
empreendedores. Dada a importância que a atividade de empreendedorismo
apresenta para a criação de emprego e geração de renda no Brasil, esse viés parece
justificável.
14
As seções que se seguem a esta seção introdutória, foram estruturadas da
seguinte forma: a Seção 2 apresenta a relevância da pesquisa; a Seção 3 apresenta
a revisão da literatura relevante ao trabalho e a Seção 4 descreve a metodologia que
foi utilizada para o trabalho de campo; a Seção 5 apresenta os resultados encontrados
na pesquisa de campo; a Seção 6 descreve as limitações de pesquisa e a Seção 7
discute os resultados encontrados. Por fim, a Seção 8 conclui o trabalho e apresenta
sugestões para pesquisas futuras.
15
2 RELEVÂNCIA
Existem no Brasil, segundo dados do SEBRAE (2014, 2015), 9,5 milhões de
MPEs, que são, conforme indicado na Seção 1 desse trabalho, organizações com
faturamento anual de até R$ 3,6 milhões. Essas empresas respondem por 27% do
PIB e empregam 52% da mão de obra formal de trabalho.
O Global Entrepreneurship Monitor (GEM) publica anualmente a ´taxa de
empreendedorismo´ de cada país, em um universo de quase 100 países. O cálculo
da taxa de empreendedorismo da pesquisa do GEM (2015) foi feito a partir do
levantamento de dados em entrevistas com questionário direcionado à população
adulta entre 18 e 64 anos de cada país. Conforme afirma o GEM: “os dados são
coletados anualmente e os resultados obtidos fornecem, principalmente, as
informações quantitativas sobre a parcela da população envolvida com o
empreendedorismo no ano da coleta” (GEM, 2015, p.7). Os resultados da pesquisa,
ou seja, a quantidade de empreendedores identificados na coleta de dados, são
representados na forma de uma taxa que indica a parcela da população adulta do país
que é considerada empreendedora. O questionário utilizado no estudo é padronizado
em todos os países pesquisados pelo GEM.
No Brasil, a pesquisa é conduzida pelo SEBRAE e pelo Instituto Brasileiro de
Qualidade e Produtividade (IBQP), em parceria com a London Business School (Reino
Unido) e o Babson College (EUA). Esse levantamento sobre o empreendedorismo é
feito desde 1999 e em 2015 atingiu 70% da população global, com 83% do Produto
Interno Bruto (PIB) mundial, considerando os países participantes. No Brasil, foram
entrevistadas 10 mil pessoas de 18 a 64 anos das cinco regiões do país. A publicação
do GEM de 2015 coloca o Brasil entre as cinco maiores taxas de empreendedorismo
dentre os países pesquisados. No caso brasileiro, em 2015, essa taxa foi de 39,3% e
indica que quase 40% da população brasileira adulta entre 18 e 64 anos, ou seja,
aproximadamente 5,2 milhões de brasileiros, estão “envolvidos na criação ou
manutenção de algum negócio, na condição de empreendedor em estágio inicial ou
estabelecido” (GEM, 2015, p.9).
A Revista Exame (2015) registra a importância do empreendedorismo brasileiro
ao divulgar o estudo do GEM sobre a taxa total de empreendedorismo. A taxa em
alguns outros países apresentados na reportagem são: China (26,7%), Estados
Unidos (20%), Reino Unido (17%), Japão (10,5%), Índia (10,2%), África do Sul (9,6%),
16
Rússia (8,6%) e França (8,1%). Em 2014 a taxa total de empreendedorismo do Brasil,
calculada pelo GEM, era de 34,4%.
Um dado sobre o empreendedorismo no Brasil, que chama a atenção,
entretanto, se refere ao índice de mortalidade de novas empresas: “Após quatro anos
de entrada no mercado, mais da metade das empresas entrantes não sobreviveram”
(IBGE, 2015, p.38). Segundo o IBGE (2015), a taxa de mortalidade das empresas no
Brasil nos primeiros quatro anos de vida é de 52,5%. De acordo com SEBRAE (2013),
se considerarmos apenas os dois primeiros anos de vida, as empresas no Brasil
apresentam taxa de mortalidade de 24,4%. Esse é, na verdade, um problema que
segundo o SEBRAE (2013), parece atingir o empreendedorismo em muitos países:
Canadá (26,2%), Áustria (29,4%), Espanha (30,7%), Itália (32,1%), Nova Zelândia
(43,5%) e Holanda (50,3%).
Nesse quadro, estudos que auxiliem na maior compreensão das decisões e
julgamentos associados ao empreendedorismo podem ser úteis para aumentar a
qualidade das decisões tomadas e, eventualmente, contribuir para a redução dos
índices de mortalidade de novos negócios. Existe significativa evidência empírica,
conforme será mostrada adiante, para a proposta de que o uso da heurística da
Representatividade com o viés da insensibilidade a base-rates e o viés do Excesso
de Confiança são fenômenos que caracterizam o comportamento decisório dos
agentes econômicos. Em consequência, parece razoável supor que essa heurística e
o viés que a acompanha estejam associados ao comportamento de empreendedores
e possam contribuir para a própria taxa de mortalidade das MPEs. Cabe acrescentar
que, no caso do Brasil, poucos estudos publicados que documentem o uso da
heurística da Representatividade e a ocorrência do viés do Excesso de Confiança
foram encontrados no contexto específico do comportamento de empreendedores.
Dessa forma, o presente trabalho contribui para o desenvolvimento da literatura
acadêmica associada à tomada de decisão no contexto de negócios, com potencial
para gerar um ambiente empreendedor mais saudável.
17
3 REVISÃO DE LITERATURA
3.1 Heurísticas e Vieses no Julgamento e Tomada de Decisão
Heurísticas de julgamento são estratégias de simplificação cognitiva que as
pessoas utilizam ao enfrentar cenários complexos no processo de tomada de decisão,
e os vieses são os erros de julgamento e decisão ocasionados pelo uso dessas
heurísticas. Para um maior entendimento sobre heurísticas e vieses, a seção seguinte
faz uma breve referência a estudos precursores de suas definições.
3.1.1 O Conceito de Racionalidade Limitada
O modelo de decisão racional assume que o tomador de decisão possui um
sistema de preferências bem organizado, sendo capaz de calcular e escolher, dentre
as alternativas disponíveis, a ação que oferece o ponto mais alto de satisfação em
sua escala de preferências. Isto é, no processo de tomada de decisão, os agentes
seriam capazes de maximizar ‘satisfação’ em suas escolhas, considerando todas as
alternativas existentes. Kahneman (2012), afirma que, até os anos 70, o pressuposto
básico existente no campo de Ciências Sociais era de que racionalidade definia o
comportamento decisório dos agentes econômicos:
Os cientistas sociais da década de 1970 aceitavam amplamente duas ideias sobre a natureza humana. Primeiro, as pessoas são, no geral, racionais, e suas opiniões normalmente são sólidas. Segundo, emoções como medo, afeição e ódio explicam a maioria das ocasiões em que as pessoas se afastam da racionalidade. (KAHNEMAN, 2012, p.8).
Herbert Simon, Prêmio Nobel em Economia em 1978, questiona a existência
dessas condições nas pessoas e afirma: “Assumo que o conceito do ‘homem
econômico’ [...] necessita de revisão bastante drástica, e determinarei algumas
sugestões para a direção que a revisão pode tomar.” (SIMON, 1955, p.99, tradução
nossa).
Simon (1955) apresentou, em contraponto ao modelo de decisão racional, o
conceito de racionalidade limitada, isto é, a ideia de que os agentes econômicos da
sociedade, por limitações cognitivas e de tempo, constroem modelos mentais
simplificados para lidar com problemas complexos. Desse modo, o autor sugeriu a
substituição do conceito de racionalidade do “homem econômico” por um tipo de
comportamento que fosse mais compatível com o acesso à informação e a capacidade
cognitiva que os indivíduos realmente possuem. O conceito de racionalidade limitada
18
sugerido por Simon (1955) lançou as bases para que outros estudos pudessem
identificar como as pessoas julgavam e decidiam no mundo real.
O paradoxo desaparece, e os contornos da teoria começam a surgir, quando substituímos o ‘homem econômico’ [...] por um organismo tomador de decisão com capacidade e conhecimentos limitados. Simplificações do mundo real para o processo de escolha apresentam discrepâncias entre o modelo simplificado e a realidade; essas discrepâncias, por sua vez, servem para explicar muitos dos fenômenos de comportamento organizacional. (SIMON, 1955, p.114, tradução nossa).
Os estudos que deram sequência ao trabalho de Herbert Simon adotaram como
base o conceito de racionalidade limitada, conforme testemunha Daniel Kahneman,
Prêmio Nobel de Economia em 2002:
Nós [em referência a Amos Tversky] exploramos a psicologia das crenças intuitivas e escolhas, e examinamos sua racionalidade limitada. Esse artigo apresenta uma perspectiva atual sobre os três principais temas de nosso trabalho em conjunto: heurísticas de julgamento, escolhas arriscadas e efeitos de enquadramento. Em todos os três domínios, estudamos intuições - pensamentos e preferências que vêm à mente de forma rápida e sem muita reflexão. (KAHNEMAN, 2002, p.449, tradução nossa).
O desenvolvimento do conceito de racionalidade limitada pode ser visto,
portanto, como um precursor da conceituação de heurísticas e vieses.
3.1.2 Heurísticas e Vieses
A continuidade ao trabalho de Simon foi liderada por dois psicólogos, Amos
Tversky e Daniel Kahneman. A partir do conceito de racionalidade limitada, eles
buscaram identificar as estratégias de simplificação cognitiva que as pessoas tendem
a usar para lidar com cenários complexos no processo de tomada de decisão. As
noções básicas associadas ao que ficou conhecido como o paradigma das
´Heurísticas e Vieses de Julgamento´ foram sumarizadas por Tversky e Kahneman,
em 1974, com o trabalho Judgment Under Uncertainty: Heuristics and Biases. O
parágrafo inicial do texto deixa claro o objetivo da pesquisa:
Muitas decisões são baseadas em crenças sobre a probabilidade de eventos incertos, como o resultado de uma eleição, a culpa de um réu, ou o valor futuro do dólar. [...] O que determina essas crenças? Como as pessoas avaliam a probabilidade de um evento incerto ou o valor de uma quantidade incerta? Este artigo mostra que as pessoas confiam em um número limitado de princípios heurísticos que reduzem as tarefas complexas de avaliar probabilidades e prever valores. (TVERSKY e KAHNEMAN, 1974, p.1124, tradução nossa).
A resposta básica à indagação formulada foi de que as pessoas tendem a
confiar em um conjunto de heurísticas, que funcionam bem em geral, segundo os
19
autores, mas apresentam vieses sistemáticos e difíceis de eliminar. Tversky e
Kahneman (1974) concentraram atenção na descrição e investigação quanto à
validade empírica de três heurísticas de julgamento probabilístico: (i)
Representatividade; (ii) Disponibilidade; e (iii) Ancoragem. Dado o objetivo do
presente trabalho, a heurística da Representatividade será a única heurística
examinada no restante do texto.
3.1.2.1 Heurística da Representatividade
Kahneman e Frederick (2002) descrevem o conceito de heurísticas de
julgamento a partir do conceito de ‘avaliações naturais’ que tendemos a fazer de forma
rotineira, contínua e automática. Uma avaliação natural se refere a um atributo que
nosso sistema perceptivo produz, sem intenção e esforço, a partir de qualquer
estímulo recebido do ambiente. Uma avaliação de ‘bom ou mau’ associada a um
determinado estímulo recebido é um exemplo de uma avaliação natural (KAHNEMAN,
2003). Uma avaliação do grau de similaridade entre nossos estereótipos sobre
categorias profissionais e a maneira de alguém se vestir e falar é outro exemplo de
uma avaliação natural (TVERSKY e KAHNEMAN, 1983). Conforme os autores,
quando confrontados com uma pergunta difícil as pessoas com frequência respondem
a uma pergunta mais simples ao invés, usualmente sem ter consciência da
substituição. Essa pergunta mais simples é uma avaliação natural (KAHNEMAN e
FREDERICK, 2002). Por exemplo, um professor que acaba de assistir a uma
apresentação oral de um candidato a uma posição de professor na escola e agora
considera a questão “qual é a probabilidade de que esse candidato possa vir a ser
docente em nosso departamento?” (KAHNEMAN e FREDERICK, 2002, p.53, tradução
nossa) pode vir a responder a uma pergunta muito mais fácil: “como impressionante
foi a conversa?” (KAHNEMAN e FREDERICK, 2002, p.53, tradução nossa). Esse
exemplo em particular ilustra a heurística da Representatividade.
Tversky e Kahneman (1974) afirmam que, em julgamentos probabilísticos, a
heurística da Representatividade é invocada em questões de julgamento do tipo
“probabilidade de um determinado objeto A se enquadrar em uma categoria B”
(TVERSKY e KAHNEMAN,1974, p.1124, tradução nossa). O objeto pode ser, por
exemplo, uma pessoa ou uma empresa. A categoria pode se referir a uma categoria
profissional à qual a pessoa pertença, ou a categoria de resultado na qual a empresa
possa ser enquadrada (sucesso ou fracasso).
20
Tversky e Kahneman (1974) afirmam, com base principalmente em evidências
obtidas em experimentos, que, dado que a heurística da Representatividade
apresenta uma lógica própria de julgamento (similaridade entre as características
observadas no objeto ou evento e as características da classe ou processo ao qual
supostamente pertence), haverá propensão à ocorrência de erros sempre que essa
lógica heurística entrar em choque com a lógica do cálculo correto da probabilidade
(determinado por princípios estatísticos comprovados).
Tversky e Kahneman (1974) elencaram seis vieses relacionados à heurística
da Representatividade: (i) insensibilidade à probabilidade prévia (base-rates) dos
resultados; (ii) insensibilidade ao tamanho da amostra; (iii) equívocos sobre chances;
(iv) insensibilidade à previsibilidade; (v) ilusão de validade; e (vi) equívocos sobre
regressão. Como o objetivo da dissertação é analisar o uso da heurística relacionada
ao viés de insensibilidade a base-rates, esse conceito em particular será explorado de
forma mais extensiva nos parágrafos e seções seguintes.
O experimento clássico em que a heurística da Representatividade e o viés de
insensibilidade a base-rates são associados foi conduzido no início da década de 70
(TVERSKY e KAHNEMAN, 1973). Participaram do experimento alunos de psicologia
de três grandes universidades norte americanas, divididos em três grupos: o ‘grupo
da Representatividade’, o ‘grupo da probabilidade’ e um ‘grupo de controle’. O primeiro
grupo, o da Representatividade, tinha como tarefa avaliar o grau em que a descrição
de uma pessoa fictícia, de nome Tom W., (ver no parágrafo a seguir a descrição de
Tom W.) era similar a um aluno típico em cada uma de nove áreas de especialização
em uma escola de graduação. O ‘grupo da probabilidade’ recebeu a descrição de Tom
W. e membros foram incumbidos de ranquear as nove áreas de especialização de
acordo com a probabilidade de que Tom W. fosse, naquele momento, um aluno de
graduação daquela área. As nove áreas eram: Administração; Biblioteconomia;
Ciência da Computação; Ciências Físicas e Biológicas; Ciência Social e Assistência
Social; Direito; Engenharia; Humanidades e Educação; Medicina. A descrição de Tom
W. incluiu características que tinham a intenção de fazê-lo se encaixar no estereótipo
das áreas com menos alunos (Biblioteconomia e Ciência da Computação). O terceiro
grupo (grupo de controle) recebeu uma lista com as nove áreas de especialização e
tinha que indicar a proporção que o conjunto de alunos de cada especialidade
representava do total de alunos da escola. As respostas dos participantes do grupo
21
de controle indicaram que havia pleno conhecimento por parte do corpo estudantil das
base-rates associadas às diversas áreas de especialização.
Tom W. é de grande inteligência, embora carente de criatividade. Ele tem necessidade por ordem e clareza, e por sistemas limpos e organizados nos quais cada detalhe encontra seu lugar apropriado. Sua escrita é monótona e mecânica, ocasionalmente animada por trocadilhos um pouco piegas e por lampejos de imaginação do tipo ficção científica. Ele tem um forte direcionamento por competência. Ele parece ter pouca sensibilidade e pouca simpatia por outras pessoas e não gosta de interagir com os outros. Egocêntrico, no entanto, ele tem um senso moral profundo. (TVERSKY e KAHNEMAN, 1973, p.238, tradução nossa).
A hipótese de pesquisa foi de que as pessoas emitiriam julgamento quanto à
probabilidade de Tom W. pertencer a cada área com base na heurística da
Representatividade. Em outras palavras os participantes do segundo grupo, o grupo
da probabilidade, concentraram seus julgamentos na avaliação de similaridade entre
a descrição apresentada de Tom W. e o estereótipo existente relacionado a cada área
de especialização, ignorando as base-rates como fonte relevante de informação. Os
resultados deram suporte à hipótese de pesquisa: “As classificações das nove áreas
por probabilidade não diferiram de categorizações por similaridade com o estereótipo”
(KAHNEMAN, 2012, p.154). Informações sobre base-rates foram ignoradas pelos
participantes da pesquisa. A especialidade com menor número de alunos – ciência da
computação – na escola foi considerada a mais provável de ter Tom W. como aluno.
O experimento forneceu, portanto, evidência empírica para suportar a proposta
referente à heurística da Representatividade e à existência do viés associado à
negligência a informações de base-rates (KAHNEMAN e FREDERICK, 2002). O uso
de Representatividade em tomada de decisão com a ocorrência do viés da
insensibilidade a base-rates tem sido sistematicamente comprovado na literatura de
tomada de decisão (KAHNEMAN, 2012; CHERNOFF et al., 2016; IRSHAD et al.,
2016).
Outro exemplo de insensibilidade a base-rates: Considere a pergunta “existem
mais mortes causadas por cascavéis ou abelhas?”. Para responder, um entrevistado
pode consultar impressões de periculosidade de uma cobra ou abelha, incorrendo na
aplicação da Representatividade (KAHNEMAN e FREDERICK, 2002). Nesse caso, a
pessoa pode errar o julgamento ao considerar a periculosidade e desconsiderar outros
fatos, como a quantidade de acidentes com os dois animais, na medida em que a
pergunta exige uma abordagem quantitativa, considerando o animal que causa mais
mortes. Se a pessoa desconhece a informação sobre quantidade de acidentes e, para
22
responder à pergunta, recorre às suas impressões de periculosidade – isto é, acredita
que a cobra é mais perigosa que a abelha – pode cometer erro de julgamento, ao
achar que a cascavel causa mais mortes, mesmo conhecendo poucos casos de
acidentes com cobras.
No julgamento intuitivo de probabilidade, a existência dos vieses ocorre,
conforme indicado, em função de um choque de lógica entre a estratégia natural,
intuitiva, de uso de Representatividade (que se baseia na avaliação de similaridade
entre informações pontuais e resultados possíveis de julgamento) e os princípios da
teoria da probabilidade. Informações que não ajudam na avaliação de similaridade
deixam de ser devidamente consideradas na análise e, em consequência, erros são
cometidos.
3.1.2.2 Viés do Excesso de Confiança
O viés do Excesso de Confiança foi inicialmente descrito por Oskamp (1965).
Fischhoff et al. (1977) deu continuidade ao debate no tema e se constitui no artigo
básico de referência sobre a manifestação do viés. Os autores desenvolveram um
experimento que tinha o objetivo de investigar “quão frequente as pessoas estão
erradas quando elas dizem ter certeza quanto a resposta correta a uma pergunta”
(FISCHHOFF et al., 1977, p.552, tradução nossa). Os autores realizaram um
experimento com 120 voluntários recrutados por um anúncio no jornal estudantil da
Universidade de Oregon. Os participantes receberam um questionário de múltipla
escolha com 75 perguntas e duas alternativas de respostas sobre conhecimentos
gerais, incluindo História, Música, Geografia, Natureza e Literatura. A tarefa do
participante era marcar a alternativa que ele julgava ser a correta e expressar a
probabilidade (entre 50% e 100%) que ele julgava descrever o grau de certeza quanto
à resposta dada ser a resposta correta. No total, os autores receberam 9.000
respostas (120 x 75) e examinaram apenas as respostas extremas, isto é, aquelas em
que os voluntários indicaram 100% de certeza de que a alternativa escolhida era a
alternativa certa. Os autores observaram que as respostas assinaladas com 100% de
certeza estavam certas apenas entre 20% e 30% das vezes (FISCHHOFF et al.,
1977).
Em um outro experimento sobre Excesso de Confiança, baseado em 1.000
respostas (100 participantes x 10 perguntas), realizado por Alpert e Raiffa (1982), foi
solicitado aos participantes que posicionassem suas respostas sobre questões de
23
estimativas de quantidade dentro de um intervalo de confiança de 90%. Porém, 42,6%
das respostas apresentaram-se fora do intervalo de confiança solicitado. Segundo os
autores, esse resultado refletiu o Excesso de Confiança de quase metade dos
participantes do experimento.
Bazerman e Moore (2009), autores que escreveram sobre o experimento
realizado por Alpert e Raiffa (1982) assim como sobre outros trabalhos de suporte
empírico à evidência do viés, sugerem que o Excesso de Confiança provavelmente
oferece a coragem para que as pessoas se esforcem e levem a frente iniciativas que
vão além de suas habilidades. Os autores assinalam, entretanto, que mesmo que
confiança injustificada possa realmente ser benéfica em algumas situações, o
Excesso de Confiança pode acarretar potenciais efeitos adversos, constituindo uma
barreira para o eficaz processo de tomada de decisão profissional. As pessoas se
tornam insensíveis a novas evidências ou alternativas quanto mais se sentem seguras
de que sabem a resposta certa. E, importante, excesso de confiança tende a ocorrer
automaticamente, sem que tenhamos consciência de que está influenciando o
julgamento (BAZERMAN e MOORE, 2009).
Para identificar as diferenças no uso de heurísticas e vieses entre
empreendedores e gestores, a próxima seção conceitua e caracteriza esses
indivíduos, além de apresentar o artigo de Busenitz e Barney (1997), que explorou as
diferenças no uso da heurística da Representatividade e da ocorrência do Excesso de
Confiança entre esses dois grupos.
3.1.3 Representatividade e Excesso de Confiança em Empreendedores e
Gestores
O relatório do GEM de 2015 analisou as motivações dos empreendedores e a
mentalidade empreendedora da população brasileira. Entre as razões para
empreender no Brasil, destaca-se o motivo da oportunidade, ou seja, empreendedores
fundaram suas empresas motivados pelas oportunidades que enxergaram no
ambiente de atuação. Aproximadamente 56,5% dos empreendedores entrevistados
na pesquisa afirmaram ser essa a razão para terem iniciado seu próprio
empreendimento (relatórios do GEM relativos a períodos anteriores – 2012 e 2014 –
indicaram que 70% dos empreendedores entrevistados destacaram o motivo da
oportunidade na época).
24
O GEM (2015) também buscou a obtenção de uma melhor compreensão sobre
a mentalidade empreendedora da população brasileira entre 18 e 64 anos, por meio
de entrevistas com perguntas sobre: a percepção de boas oportunidades nos seis
meses seguintes para iniciar um negócio; o conhecimento pessoal para se começar
um novo negócio; e o medo do fracasso de um próprio negócio. Dos 10 mil brasileiros
entrevistados, todos entre 18 e 64 anos, 42,4% responderam perceber boas
oportunidades nos seis meses seguintes para iniciar um novo negócio, 58,3%
afirmaram possuir conhecimento, habilidade e experiência necessários para começar
um novo negócio, e 50,5% das pessoas entrevistadas não sentiriam medo de
fracassar ao se envolver na criação de um novo negócio.
A pesquisa do GEM (2015) também procurou saber sobre a parcela do total de
empreendedores que busca apoio junto a órgãos públicos ou privados, como SENAC,
SEBRAE, SENAI, entre outros. Os depoimentos das entrevistas recolhidas pelo GEM
(2015) indicam que a grande maioria, isto é, 85,9% dos empreendedores, não
procurou o auxílio.
Os resultados das entrevistas da pesquisa do GEM (2015) parecem mostrar
que os brasileiros entrevistados se sentem confiantes quanto a boas oportunidades
para um novo negócio, com a percepção de que possuem conhecimentos e
habilidades para iniciá-lo e sem ter o medo de fracassar. Além disso, os
empreendedores entrevistados julgaram, aparentemente, desnecessário buscar apoio
para seus negócios junto a órgãos públicos ou privados, sentindo-se autossuficientes.
Kahneman (2007) acredita que empresários, de uma maneira geral, calculam
mal as probabilidades de sucesso ao tomar decisões, e a principal razão disso está
na falta de rigor no processo decisório. Kahneman acrescenta que os executivos
assumem riscos significativos não por manterem uma atitude consciente de
propensão ao risco, mas por desconhecerem o risco associado às decisões que
tomam:
A maioria dos executivos não têm consciência dos riscos que assumem ao tomar uma decisão. O otimismo natural do ser humano – e talvez exagerado no empreendedor – e sua inclinação a confiar demais nas próprias habilidades são um obstáculo na hora de calcular as probabilidades de êxito de um novo empreendimento. Por isso, ao desenhar cenários para seus negócios, esses profissionais tendem, invariavelmente, a subestimar os perigos (KAHNEMAN, 2007, p.1).
Kahneman (2012) e Bazerman e Moore (2009) defendem a visão de que ser
otimista é algo com um lado positivo inequívoco: mantém as pessoas saudáveis,
25
flexíveis, ousadas e prontas para seguir em frente com seus projetos. O otimismo (e
o excesso de otimismo) tem o poder de impulsionar o capitalismo, afirma Kahneman
(2012). Mas o fato é que apenas um pequeno contingente de empreendedores terá
sucesso. A maioria acabará por ter que lidar com o fracasso.
No Brasil, Minello et al. (2013), em estudo intitulado “Fatores que Levam ao
Insucesso Empresarial: Uma Perspectiva de Empreendedores que Vivenciaram o
Fracasso”, publicado na Revista BASE, fizeram uma pesquisa com o objetivo de
analisar quais fatores contribuiriam para o fracasso empresarial, a partir da percepção
do empreendedor. No estudo, foram realizadas entrevistas com empreendedores que
vivenciaram o insucesso corporativo e tiveram os seus negócios descontinuados. O
trabalho de Minello et al. (2013) de natureza qualitativa, do tipo exploratório, buscou
compreender um fenômeno social, sem ênfase em sua medição. Segundo os autores,
a abordagem qualitativa do tipo exploratório pareceu ser coerente com o estudo, por
acreditarem que o insucesso empresarial é pouco explorado em pesquisa na área de
administração.
Os autores entrevistaram sete empreendedores que vivenciaram o insucesso
empresarial, com o objetivo de captar a percepção dos participantes sobre as causas
para o fracasso que poderiam estar associadas a características comportamentais.
Dentre as características comportamentais, os autores descrevem que, pelo próprio
relato dos entrevistados, arrogância seria causa de maior destaque. A arrogância foi
apontada pelos empreendedores como um comportamento que contribuiu para o
insucesso empresarial e a descontinuidade de seus negócios, pois, segundo os
entrevistados, esse “comportamento parece inibir a capacidade de visualização tanto
do mercado, quanto dos aspectos internos da organização e, principalmente, de seus
próprios erros.” (MINELLO et al., 2013, p.27):
A arrogância gerada pelo Excesso de Confiança influencia e pode determinar ações ardilosas e impulsivas adotadas pelos empreendedores, não levando em consideração possíveis consequências de tais ações. Essas consequências parecem influenciar a percepção de riscos e perigos, o que se reflete no comportamento organizacional, culminando no sucesso ou insucesso do empreendimento (MINELLO et al., 2013, p.24).
É da natureza humana que a maioria das pessoas sejam altamente otimistas
na maior parte do tempo (KAHNEMAN, 2012). Por exemplo, pesquisas sobre a
cognição humana registram uma tendência das pessoas em exagerar os próprios
talentos, acreditando que estão acima da média em relação a características e
26
habilidades positivas. No exemplo citado por Kahneman (2007), em uma pesquisa
feita com um milhão de universitários aos quais foi pedido que se avaliassem em
relação aos colegas. Resultado: 70% disseram que estavam acima da média em
capacidade de liderança, enquanto apenas 2% se julgaram abaixo da média. As
pessoas atribuem uma probabilidade muito mais alta à veracidade de suas opiniões
do que se pode comprovar (KAHNEMAN, 2007) o que caracteriza o Excesso de
Confiança.
Em um estudo de cartas aos acionistas nos relatórios anuais sobre vieses no
comportamento gerencial, Kahneman (2007) constatou que os executivos de maneira
geral tendem a atribuir os resultados positivos a fatores sob o seu controle e os
resultados negativos a fatores externos incontroláveis. Os executivos parecem
acreditar que têm mais controle sobre os fatos do que realmente têm (KAHNEMAN,
2007).
Sobre os fracassos de tentativas empresariais, Kahneman (2007) afirma que
há evidências do que os psicólogos chamam de ‘falácia de planejamento’, isto é,
decisões baseadas em otimismo ilusório e não em uma avaliação racional das
probabilidades. Segundo o autor, existe uma complexa mistura de três fatores
principais para os fracassos: i) uma forte propensão de se assumir riscos; ii) a
qualidade da tomada de decisões; iii) e as condições predominantes da economia.
Busenitz e Barney (1997) exploraram as diferenças entre gestores de grandes
organizações e empreendedores por meio de uma hipótese básica de pesquisa:
empreendedores são mais suscetíveis ao uso de heurísticas e ocorrência de vieses
do que gestores em grandes organizações. A heurística e o viés investigados foram,
respectivamente, Representatividade e Excesso de Confiança. Os empreendedores
foram identificados como aqueles que fundaram suas próprias empresas e os
gestores como pessoas com um nível médio para alto de responsabilidades de
supervisão em grandes empresas.
O estudo de Busenitz e Barney (1997) (um experimento de campo) envolveu
respostas a um questionário por parte de 124 empreendedores com tempo médio de
condução da empresa de 1,7 anos. Um total de 95 gestores de grandes empresas
participou do estudo. Cada gestor tinha que supervisionar pelo menos duas áreas
funcionais (a média foi de 4,5 áreas por gestor). O segmento do questionário aplicado
na pesquisa que mediu Excesso de Confiança teve uma estrutura similar ao
questionário que será adotado nesse trabalho (a ser descrito adiante). O segmento do
27
questionário que mediu Representatividade seguiu a proposta de design de Fong et
al. (1986) e Fong e Nisbett (1991): duas questões gerenciais eram colocadas aos
participantes, sendo que cada questão requeria uma escolha entre duas alternativas:
uma das alternativas apresentava como suporte informacional dados estatísticos; a
outra alternativa tinha como base, informações de cunho heurístico. Por exemplo: a
primeira questão envolvia uma decisão de compra de determinado equipamento. Os
participantes receberam dois tipos de informações. O primeiro tipo: ‘toda vez que
compro uma máquina fabricada por um fabricante estrangeiro ela quebra no primeiro
mês de uso’ essa informação era de cunho heurístico, isto é, baseada em uma
percepção pessoal que revela uma visão provavelmente decorrente de um
estereótipo, de um modelo mental do tomador de decisão (provavelmente de fato
baseado em sua experiência pessoal), em que informações quantitativas não fazem
parte do argumento. O segundo tipo: ‘um relatório industrial recente que fornece um
ranking desses equipamentos coloca a máquina B em uma posição superior à
máquina A. Esse relatório se baseou em testes extensivos, bem como feedback de
dezenas de usuários’.
Os procedimentos usados para codificar a informação coletada em relação à
variável dependente do experimento são similares aos procedimentos usados no
presente trabalho e serão descritos adiante, na Seção 4. Os resultados da pesquisa
deram suporte às hipóteses formuladas. Os empreendedores se comportaram de
forma diferente dos gestores (na direção prevista pela hipótese de pesquisa).
28
4 HIPÓTESES E METODOLOGIA
4.1 Hipóteses
A literatura associada à tomada de decisão (TVERSKY e KAHNEMAN, 1974;
KAHNEMAN e FREDERICK, 2002; BAZERMAN e MOORE, 2009; FISCHHOFF et al.,
1977) afirma e fornece evidência empírica de que, em cenários de incerteza e
complexidade, as pessoas recorrem a heurísticas na solução de problemas. Busenitz
e Barney (1997) evidenciaram a presença da heurística da Representatividade
(acompanhada de insensibilidade a base-rates) e do viés do Excesso de Confiança
em julgamentos e decisões de gestores em grandes organizações e empreendedores.
Em consequência, como hipóteses nula e de pesquisa desse trabalho, temos:
H01: Gestores em grandes empresas e empreendedores não manifestam o
viés do Excesso de Confiança;
H11: Gestores em grandes empresas e empreendedores manifestam o viés do
Excesso de Confiança;
H02: Não há diferença na manifestação de Excesso de Confiança entre
gestores em grandes empresas e empreendedores;
H12: Empreendedores manifestam mais Excesso de Confiança do que os
gestores em grandes empresas;
H03: Gestores em grandes empresas e empreendedores não usam a heurística
da Representatividade em tomada de decisão e não demonstram
insensibilidade a base-rates;
H13: Gestores em grandes empresas e empreendedores usam a heurística da
Representatividade em tomada de decisão e demonstram insensibilidade a
base-rates;
H04: Não há diferença no uso de Representatividade entre gestores em
grandes empresas e empreendedores;
H14: Empreendedores recorrem a Representatividade de forma mais extensiva
do que os gestores em grandes empresas.
As hipóteses H02, H12, H04 e H14 foram desenvolvidas a partir do estudo de
Busenitz e Barney (1997) que identificaram existir diferenças no uso de heurísticas e
vieses entre grupos de gestores em grandes empresas e empreendedores.
29
4.2 Método de Coleta dos Dados, Definição do Universo e da Amostra
O presente trabalho realizou um experimento de campo, em que um
questionário foi aplicado a cada participante da pesquisa O universo de participantes
do estudo foi composto pelos gestores de grandes empresas e empreendedores no
Brasil que se encaixavam nos seguintes pré-requisitos:
Empreendedor: o pré-requisito para um empreendedor participar do estudo foi ser
o fundador da empresa em que atua;
Gestor: os pré-requisitos para o gestor participar eram ter algum nível de
supervisão na empresa de atuação, sendo responsável por pelo menos duas áreas
(como marketing, finanças, RH, P&D, operações), e trabalhar em empresas com
mais de 10 mil funcionários, considerada como grande empresa.
No total, 125 pessoas participaram do estudo e responderam a um mesmo
questionário, sendo 62 empreendedores e 63 gestores. O questionário (ver ANEXO
1) foi desenvolvido em duas versões exatamente iguais – em papel e digital – e
continha duas partes designadas a mensurar, respectivamente, Excesso de Confiança
e Representatividade. Ao final do questionário perguntas destinadas a obtenção de
dados demográficos foram respondidas por todos os participantes. Vale aqui ressaltar
que, além da aplicação do questionário, durante as entrevistas foi feita a seguinte
pergunta especificamente para o grupo de empreendedores: “o quanto você se sentia
confiante com o sucesso da sua empresa ao fundá-la?”. Esta pergunta foi feita de
forma presencial e respondida por 16% da amostra dos empreendedores
participantes.
O questionário em papel foi apresentado de forma presencial pela autora desta
dissertação e respondido por 11% da amostra de participantes da pesquisa. O
restante, isto é, 89% dos empreendedores e gestores que se voluntariaram a participar
do estudo, preencheu a versão digital, enviada através de um link, pela internet, que
dava acesso ao questionário construído pela autora, com o auxílio da ferramenta
digital Google Forms. As instruções de preenchimento da versão digital do
questionário foram explicadas por telefone ou por e-mail, e a autora ficou à disposição
para esclarecer eventuais dúvidas dos participantes. A escolha pela construção de um
questionário digital ocorreu para agilizar e facilitar a obtenção de respostas ao
questionário. No geral, a abordagem a todos os participantes e a coleta dos dados
respondidos ocorreram entre os meses de jun/15 e dez/15.
30
Abaixo segue a descrição das duas partes do questionário designadas a
mensurar Excesso de Confiança e Representatividade.
Parte 1 do questionário
Foi composta por cinco questões sobre conhecimentos gerais (ver ANEXO 1).
Em cada questão, o entrevistado deveria escolher uma dentre duas alternativas que
eram apresentadas e, em seguida, indicar o grau de confiança depositado na resposta
dada. O julgamento quanto ao grau de confiança era dado pela escolha em uma
escala de 50% a 100%. O extremo esquerdo da escala, o valor de 50%, refletia um
julgamento no qual o respondente manifestava ausência absoluta de confiança na
resposta dada (aleatoriedade na resposta; como se jogasse uma moeda para o alto e
o resultado do lançamento definisse a reposta). O extremo direito da escala, valor de
100%, refletia confiança total e absoluta na resposta dada. Existia uma resposta
correta para cada uma das cinco questões. As cinco perguntas que compõem a Parte
1 do questionário foram selecionadas a partir de teste piloto com estudantes e
profissionais da área de gestão. A ideia era identificar se as perguntas propostas
nesse teste piloto poderiam ser utilizadas no experimento. As perguntas não poderiam
ser nem muito fáceis nem muito difíceis.
O padrão de respostas de cada participante do experimento permitiu uma
avaliação do índice de confiança de cada entrevistado e a consistência desse índice
com o percentual de acertos. Por exemplo, se um entrevistado indicasse um grau de
confiança médio de 80% nas cinco questões, mas acertasse apenas três das cinco
perguntas, isto é, 60% de sucesso (a probabilidade objetiva), ele estaria incorrendo
em ´20% de Excesso de Confiança (80% - 60%)´. Em outras palavras, para cada
respondente, a mensuração do Excesso de Confiança (uma das variáveis
dependentes do estudo) foi feita a partir da diferença entre o grau de confiança médio
exibido e o percentual de respostas certas. Uma diferença positiva (negativa)
caracterizaria excesso de (falta) de confiança. Esse mesmo modelo de mensuração
do índice de confiança foi utilizado por Busenitz e Barney (1997) na verificação do
Excesso de Confiança de gestores e empreendedores nos Estados Unidos.
Parte 2 do questionário
Essa seção do questionário contemplou a tentativa de identificação do uso da
heurística da Representatividade. Para medir Representatividade foi utilizado o
mesmo procedimento adotado por Fong et al. (1986) e Fong e Nisbett (1991), que
31
também foi adotado no estudo de Busenitz e Barney (1997). Duas questões decisórias
foram apresentadas aos participantes (ver Problema 1 e Problema 2 no ANEXO 1).
Essas questões buscaram representar tipos de decisões usuais no ambiente
gerencial, e envolviam duas opções de escolha: uma das alternativas tinha como
referência (informação de suporte) informação quantitativa, de caráter estatístico,
enquanto a outra alternativa tinha como referência informação típica do raciocínio
heurístico.
A primeira questão decisória envolvia a compra de um equipamento. A
informação associada ao raciocínio heurístico se caracterizava pela descrição da
percepção pessoal do tomador de decisão, ao passo que a informação estatística
(base-rate) era apresentada em termos de dados de um relatório industrial sobre o
desempenho de cada opção de equipamento. A segunda questão envolvia também
uma decisão de aquisição de equipamento, e dados estatísticos para dar suporte à
decisão eram fornecidos. Ao mesmo tempo, informações mais particulares e
subjetivas (características do raciocínio heurístico) eram igualmente apresentadas.
Cada participante foi convidado a fazer uma escolha em cada questão e
justificar sua resposta. A avaliação do uso da heurística da Representatividade foi
realizada por meio da análise das justificativas das respostas de cada grupo, que
foram codificadas com a indicação do uso ou não uso da heurística da
Representatividade na justificativa apresentada. Esse tipo de codificação foi realizado
de forma similar à que foi adotada por Fong et al. (1986), Fong e Nisbett (1991) e
Busenitz e Barney (1997), isto é, a partir de uma codificação em que um entrevistado
poderia receber um código (a variável dependente) representado por um dentre três
valores possíveis : 0 (se não usou o raciocínio heurístico em nenhum dos dois
problemas respondidos no questionário); 1 (se usou o raciocínio heurístico em apenas
um dos problemas); e 2 (se usou o raciocínio heurístico nos dois problemas).
De forma consistente com Fong et al. (1986), Fong e Nisbett (1991) e Busenitz
e Barney (1997), inicialmente e após a coleta dos dados de todos os participantes, a
cada participante foi atribuída uma numeração única de maneira que o respondente
pudesse ser identificado apenas por essa numeração sem que fosse possível para o
pesquisador identificar o grupo ao qual o participante pertencia (gestor de grande
empresa ou empreendedor). Criada essa anonimidade em relação aos participantes,
a alocação de um código 0 (não) ou 1 (sim), para cada justificativa apresentada em
cada uma das duas questões (os dois problemas decisórios), foi então realizada pelo
32
pesquisador (com o auxílio do orientador do trabalho). Essa alocação de código para
cada reposta ocorreu, cabe reiterar, sem a identificação do grupo (empreendedor ou
gestor) ao qual o participante pertencia; apenas o texto da justificativa da resposta aos
problemas 1 e 2 foi considerado para a decisão sobre que código atribuir à resposta.
O ANEXO 2 apresenta amostras de justificativas de respostas dos participantes aos
problemas 1 e 2 do questionário e suas respectivas codificações entre 0 (não usou a
heurística da Representatividade) e 1 (usou a heurística da Representatividade):
Na Parte 1 do questionário foram obtidas 625 observações, considerando 125
pessoas e cinco perguntas. A Parte 2 contemplou 250 observações, considerando 125
pessoas e dois problemas.
No estudo, a abordagem aos empreendedores foi feita a partir de contatos
pessoais e indicações de amigos, além do auxílio da Incubadora de Empresas da
COPPE/UFRJ, que intermediou a comunicação com algumas empresas incubadas,
cujos empreendedores se dispuseram a responder ao questionário. Durante a
pesquisa, no total, foram abordados 142 empreendedores, dos quais, 62 preenchiam
os pré-requisitos e responderam ao questionário.
Foram abordados 152 gestores, dos quais 63 aceitaram participar e
correspondiam aos pré-requisitos. Para realizar as abordagens aos gestores houve,
primeiramente, uma busca de apoio junto ao RH de algumas grandes empresas, no
sentido de que houvesse uma intermediação do contato com os gestores da
organização. Inicialmente, dez empresas foram abordadas dessa forma e, embora
tenha sido explicado o objetivo e potenciais benefícios da pesquisa, essa iniciativa
não foi bem-sucedida. As empresas não mostraram interesse em participar do estudo.
Dessa forma, como alternativa, buscou-se contato com os gestores por meio da
plataforma Coppead Connect, disponível no site da Alumni COPPEAD (Associação
de ex-alunos do Instituto COPPEAD de Administração). Esse recurso funciona como
base de comunicação entre alunos e ex-alunos da Instituição, havendo um perfil com
a descrição de cada membro e com informações profissionais, como empresa de
atuação e cargo. A partir dessa plataforma, foi possível identificar os gestores que
poderiam ser entrevistados por meio de uma busca com aplicação de filtros de
pesquisa sobre o cargo e a empresa de atuação. Apenas empresas com mais de 10
mil funcionários foram consideradas.
33
4.3 Tratamento dos Dados
Para testar as quatro hipóteses desse trabalho, os dados obtidos por meio das
respostas dos participantes do estudo foram tratados com a utilização dos softwares
Microsoft Excel, SPSS, StatTools e GRETL. Os seguintes procedimentos estatísticos
foram feitos:
i) Verificação da normalidade dos dados por meio do teste de Kolmogorov-
Smirnov (com o uso software Microsoft Excel) (ver ANEXO 3);
ii) No caso de normalidade dos dados, indicação para a utilização de testes
paramétricos. No caso de não normalidade dos dados, indicação para a
utilização de testes não-paramétricos;
iii) Observação da significância estatística dos resultados de Representatividade
e de Excesso de Confiança por meio do teste de Wilcoxon (com o uso do
software StatsTools) e do teste t para uma amostra (com o uso do software
SPSS), para dados não normais e para dados normais, respectivamente;
iv) Para dados normais, realização do Teste F (com o uso do software Microsoft
Excel), a fim de verificar a existência de igualdade das variâncias dos dados
entre os grupos, identificando se o teste ANOVA poderia ser utilizado para a
comparação de resultados entre os grupos;
v) Para dados não normais, realização do teste de Mann-Whitney (com o uso do
software GRETL) para a comparação de resultados entre os grupos, não
havendo a necessidade de verificar se havia igualdade das variâncias, pois
esse teste não possui esse fator como pré-requisito para sua utilização.
34
5 RESULTADOS
A normalidade dos dados (ver ANEXO 3, Tabelas 5, 6, 8 e 9) foi avaliada pelo
teste Kolmogorov-Smirnov. No caso dos dados obtidos para quantificar o Excesso de
Confiança dos grupos de empreendedores e de gestores, a normalidade dos dados
foi satisfeita. Já no caso dos dados obtidos para identificar o uso da heurística da
Representatividade dos dois grupos, a normalidade dos dados não foi satisfeita.
Assim, para realizar o teste de significância estatística dos dados coletados com o
questionário respondido pelos empreendedores e gestores, utilizou-se o teste t de
uma amostra em cada grupo (para os dados normais de Excesso de Confiança) e o
teste de Wilcoxon (para os dados não normais de Representatividade).
Sobre os dados de Excesso de Confiança, por meio de um Teste F, não
rejeitou-se a hipótese de que havia igualdade das variâncias dos dados. Em
consequência, o teste ANOVA – teste paramétrico – foi utilizado para comparar os
resultados do grupo dos empreendedores com os resultados do grupo de gestores.
Sobre os dados de Representatividade, o teste de Mann-Whitney – teste não-
paramétrico – foi utilizado para testar as hipóteses, não havendo a necessidade de
verificar se havia igualdade das variâncias, em razão desse teste não possuir esse
fator como pré-requisito para sua utilização.
Os resultados a seguir serão apresentados na ordem em que os assuntos
apareceram no questionário aos participantes do presente estudo: primeiro os testes
sobre o Excesso de Confiança e depois os testes sobre a heurística da
Representatividade com insensibilidade a base-rates.
5.1 Testes Associados ao Viés do Excesso de Confiança
A confiança dos participantes foi mensurada a partir da diferença entre a
confiança média de cada um e o percentual de respostas certas. Uma diferença
positiva (negativa) indica excesso (falta) de confiança. A Tabela 1 descreve os
resultados. Observa-se que, tanto a amostra de 62 empreendedores quanto a amostra
de 63 gestores tiveram média do resultado de confiança (23,8% e 18,2%
respectivamente) significativamente diferente de zero (p-valor = 0%). Esse resultado
caracteriza o viés do Excesso de Confiança nos participantes. Assim, rejeita-se a
primeira hipótese nula (H01) a favor da primeira hipótese de pesquisa (H11).
35
Tabela 1: Testes Associados ao Viés do Excesso de Confiança.
Quanto à diferença quanto ao grau do Excesso de Confiança entre os dois
grupos, os resultados descritos na Tabela 1 mostram que não houve diferença
estatisticamente significativa entre empreendedores e gestores (p-valor=12%). Os
dois grupos apresentaram resultados de confiança diferentes (na direção prevista da
hipótese de pesquisa), mas não significativos o suficiente (para um alpha de 10%)
para dar suporte à segunda hipótese de pesquisa (H12). Dessa forma, não é possível
rejeitar a segunda hipótese nula (H02). O resultado registra indícios de que
empreendedores manifestam mais Excesso de Confiança do que os gestores em
grandes empresas e sugere que pesquisas futuras nessa linha de investigação se
mostram potencialmente promissoras.
A Figura 1 abaixo plota os resultados da parte 1 do questionário, referente ao
Excesso de Confiança. Para a confecção do gráfico, o percentual de confiança médio
que cada participante manifestou ao responder às cinco questões, foi agrupado em
um percentual representativo de um intervalo de valores, isto é: quem teve confiança
média entre 50% e 59% foi alocado no grupo da confiança de 50%; quem teve
confiança média entre 60% e 69% foi alocado no grupo da confiança de 60%; quem
teve confiança média entre 70% e 79% foi alocado no grupo da confiança de 70%, e
assim por diante até 100%. Esses grupos foram colocados no eixo horizontal do
gráfico. Para cada um dos grupos de confiança identificados pelas nomeações de
50%, 60%, 70%, 80%, 90% e 100%, foi calculado o percentual médio de acertos.
Esses resultados foram alocados no eixo vertical do gráfico. A curva de calibração
perfeita (resultados equilibrados entre confiança e acerto) também está presente na
Figura 1 e é representada pelos pontos em que não há nem excesso de confiança e
nem falta de confiança (valores de percentual de confiança são os mesmos de
percentual de acerto). Logo a parte do gráfico superior a essa curva representa a
região de falta de confiança (em qualquer ponto o percentual de acerto é maior que o
percentual de confiança) e a parte inferior a essa curva representa a região de excesso
Informação Valor
Tamanho da amostra - Empreendedor 62
Média do resultado de confiança - Empreendedor 23,8%
P-valor do teste t do resultado de confiança - Empreendedor 0,0%
Tamanho da amostra - Gestor 63
Média do resultado de confiança - Gestor 18,2%
P-valor do teste t do resultado de confiança - Gestor 0,0%
P-valor do teste ANOVA da comparação de confiança entre Empreendedor e Gestor 12%
36
de confiança (em qualquer ponto o percentual de confiança é maior que o percentual
de acerto). Na Figura 1, percebe-se que em nenhum momento as curvas de confiança
de empreendedores e gestores ultrapassaram a curva de calibração perfeita, ou seja,
as duas curvas ficaram na região de Excesso de Confiança. Entretanto, a curva de
confiança dos gestores ficou mais próxima da curva de calibração perfeita, indicando
diferenças menores entre percentual de confiança e percentual de acerto do que a
curva de confiança dos empreendedores que se afastou mais da curva de calibração
perfeita.
Figura 1: Curva de Confiança de Empreendedores e Gestores (intervalos de 10%).
Assim como a Figura 1, a Figura 2 abaixo também plota os resultados de
confiança dos participantes. Entretanto, enquanto a Figura 1 demonstra a confiança
dos participantes agrupada de 10% em 10%, a Figura 2 demonstra a confiança dos
participantes agrupada de 5% em 5%. Para a confecção da Figura 2, quem teve
confiança média entre 50% e 54% foi alocado no grupo da confiança de 50%; quem
teve confiança média entre 55% e 59% foi alocado no grupo da confiança de 55%;
quem teve confiança média entre 60% e 64% foi alocado no grupo da confiança de
60%; quem teve confiança média entre 65% e 69% foi alocado no grupo da confiança
de 65%, e assim por diante até 100%. Esses grupos foram colocados no eixo
horizontal do gráfico. Para cada um dos grupos de confiança identificados pelas
nomeações de 50%, 55%, 60%, 65%, 70%, 75%, 80%, 85%, 90% 95% e 100%, foi
calculado o percentual médio de acertos. Esses resultados foram alocados no eixo
50%; 40% 60%; 39%
70%; 57%80%; 62%
90%; 58%
100%; 70%
60%; 55% 70%; 56% 80%; 57%
90%; 71%
100%; 100%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
50% 60% 70% 80% 90% 100%
Ace
rto
Confiança
Empreendedor Calibração perfeita Gestor
37
vertical do gráfico. Da mesma forma que ocorre na Figura 1, na Figura 2 a curva de
confiança dos gestores aproxima-se mais da curva de calibração perfeita que a curva
de confiança dos empreendedores, com exceção de duas observações (75%;50% e
85%;51%).
Figura 2: Curva de Confiança de Empreendedores e Gestores (intervalos de 5%).
Muitas vezes o empreendedor acredita em um setor, e tem certeza que poderá
prosperar neste, baseado em certezas pessoais muitas vezes questionáveis e pouco
correlacionadas à probabilidade real de sucesso. Como ilustração coloco abaixo
exemplos de respostas dadas por empreendedores à pergunta: o quanto você se
sentia confiante com o sucesso da sua empresa ao fundá-la?
“Na abertura da empresa, eu me sentia 100% confiante com o sucesso dela porque
a minha formação me permitia avaliar tecnicamente o produto. Por outro lado a
minha vivência me permitia analisar e julgar que era uma demanda que o mercado
iria gostar. Além disso, existe uma demanda crescente em uma área semelhante
e um produto novo com características diferentes seria muito bem-vindo. Em
terceiro lugar, porque a bagagem que eu trazia (trago) é razoável.”
“Na época, eu estava 85% confiante no sucesso e progresso da empresa. Hoje
estou mais confiante, hoje a gente tem mais resultado, estou 90% confiante.”
55%; 40%60%; 35%
65%; 42%
70%; 54%
75%; 60%
80%; 58%
85%; 73%
90%; 57%95%; 60%
100%; 70%
60%; 53%65%; 57%
70%; 60%
75%; 50%
80%; 63%
85%; 51%
90%; 67%
95%; 90%
100%; 100%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
50% 55% 60% 65% 70% 75% 80% 85% 90% 95% 100%
Ace
rto
Confiança
Empreendedor Calibração perfeita Gestor
38
O nível de confiança dos empreendedores participantes do estudo pôde ser
observado nos resultados dos testes sobre as respostas dadas às perguntas da parte
1 do questionário. Em suas respostas, os empreendedores demonstraram ter uma
confiança maior nas suas respostas do que os seus acertos demonstraram, isto é,
uma confiança injustificável, um Excesso de Confiança.
5.2 Testes Associados à Heurística da Representatividade
O uso da heurística da Representatividade foi mensurado, conforme indicado,
a partir de uma codificação em que um entrevistado poderia receber um dos três
resultados finais: 0 (se não usou o raciocínio heurístico em nenhum dos dois
problemas respondidos no questionário); 1 (se usou o raciocínio heurístico em apenas
um dos problemas); e 2 (se usou o raciocínio heurístico nos dois problemas).
A Tabela 2 apresenta as médias das respostas em cada um dos dois grupos
investigados. Os empreendedores e os gestores tiveram média de Representatividade
de 0,726 e 0,619, respectivamente. A aplicação do teste de Wilcoxon aos dois grupos
mostra que essas médias são significativamente maiores que zero (p-valor < 5%) e,
em consequência, rejeita-se a terceira hipótese nula (H03), a favor da terceira hipótese
de pesquisa (H13), isto é, tanto empreendedores quanto gestores usaram a heurística
da Representatividade com insensibilidade as informações de base-rates.
Sobre o teste da quarta a hipótese nula (H04), na Tabela 2 o p-valor de 41%
indica que os dois grupos não apresentaram resultados de Representatividade
diferentes e significativos estatisticamente. Dessa forma, não é possível rejeitar H04,
de que empreendedores não manifestam Representatividade de forma mais extensa
na tomada de decisão do que os gestores em grandes empresas.
Tabela 2: Testes Associados à Heurística da Representatividade.
5.3 Outros Resultados
As respostas coletadas nos questionários respondidos pelos empreendedores
permitiram algumas análises complementares em relação aos dados da amostra de
Informação Valor
Tamanho da amostra - Empreendedor 62
Média do resultado de representatividade - Empreendedor 0,726
P-valor do teste de Wilcoxon do resultado de representatividade - Empreendedor 0,0%
Tamanho da amostra - Gestor 63
Média do resultado de representatividade - Gestor 0,619
P-valor do teste de Wilcoxon do resultado de representatividade - Gestor 0,0%
P-valor do teste Mann-Whitney da comparação de representatividade entre Empreendedor e Gestor 41%
39
empreendedores. Apenas esse grupo foi selecionado nessa seção em virtude do foco
do presente trabalho.
5.3.1 Tempo de Existência da Própria Empresa
Em primeiro lugar, até que ponto o uso de heurísticas e a ocorrência de vieses
permanecem estáveis ao longo da ‘vida decisória’ dos empreendedores? Para tentar
obter algum insight em relação a essa questão, a amostra total de 62 empreendedores
foi dividida em dois grupos, conforme o tempo de existência da empresa. A amostra
compreendeu 33 empreendedores com empresas de até três anos de fundação e 29
com empresas com mais de três anos de fundação. Os testes estatísticos não
mostraram diferenças significativas entre os resultados no uso da Representatividade
desses dois grupos de empreendedores (teste Mann-Whitney, p-valor=18%). Cabe
assinalar que a média do resultado da Representatividade para os empreendedores
de empresas com mais de três anos de fundação (0,862) foi maior do que a média do
resultado da Representatividade dos empreendedores de empresas com até três anos
de fundação (0,606). Ou seja, quanto maior a experiência maior o uso da heurística
(embora, novamente, os resultados não tenham se mostrado estatisticamente
significantes).
No que se refere ao Excesso de Confiança igualmente não houve diferença
estatística entre os dois grupos de empreendedores (p-valor=74%). Mas parece
oportuno observar que ocorreu algo semelhante aos resultados de
Representatividade: a média do resultado de Excesso de Confiança dos
empreendedores proprietários de empresas com mais de três anos de fundação
(24,8%) se mostrou maior que a média do resultado de Excesso de Confiança dos
empreendedores com empresas com até três anos de fundação (23,0%). Pesquisas
futuras parecem se justificar no sentido de investigar se empreendedores donos de
empresas com mais tempo de existência utilizam mais a Representatividade e
sentem-se mais confiantes em suas decisões. O inverso desse resultado, sugerimos,
representaria um aprendizado na direção adequada com a experiência: confiar menos
na intuição e adquirir maior consciência do grau de incerteza que acompanha
decisões de investimento em novos negócios.
5.3.2 Idade (Geração)
Os 62 empreendedores da amostra também foram divididos entre grupos
segundo as suas idades, relacionadas a Gerações. A divisão ficou da seguinte forma:
40
9 empreendedores incluídos na Geração Baby Boomers (nascidos entre 1946 e 1964);
13 pertencentes a Geração X (nascidos entre 1965 e 1979); e 40 pertencentes a
Geração Y (nascidos entre 1980 e 1990).
Em virtude de os dados da Representatividade não demonstrarem uma
distribuição normal, a análise desses resultados foi realizada por meio do teste de
Mann-Whitney, o qual não permite, por meio do GRETL, realizar o teste para comparar
os resultados das três Gerações ao mesmo tempo. Portanto, foram realizados três
testes comparando: Baby Boomers com a Geração X; Geração X com a Geração Y;
e Baby Boomers com Geração Y. Os p-valores encontrados nas comparações dos
resultados do uso da Representatividade entre Baby Boomers e Geração X, Geração
X e Geração Y, e Baby Boomers e Geração Y foram de 59%, 73% e 73%,
respectivamente. Esses valores mostram que não houve diferença estatística
significativa entre os resultados da Representatividade dos empreendedores divididos
entre Gerações. Entretanto, registra-se que a média dos resultados para o uso da
Representatividade dos empreendedores Baby Boomers (0,778) foi a maior, seguida
pelos empreendedores da Geração Y (0,725) e os empreendedores da Geração X
(0,692).
O p-valor de 68% do teste ANOVA indica que não houve diferença estatística
significativa entre os resultados do Excesso de Confiança dos empreendedores
divididos pelas três Gerações. Entretanto, a média do resultado de confiança dos
empreendedores pertencentes à Geração Baby Boomers (29,6%) foi a maior, seguida
por Geração Y (22,9%) e Geração X (22,6%). A ordem dos resultados de Excesso de
Confiança foi semelhante ao que ocorreu com os resultados de Representatividade.
41
6 DISCUSSÃO
Conforme indicado na Seção 1, o interesse principal desse trabalho está na
compreensão dos processos decisórios e vieses de empreendedores. Os resultados
da pesquisa evidenciaram que os empreendedores pesquisados (a) usaram a
heurística da Representatividade como estratégia básica de julgamento (b)
incorreram, em função da heurística adotada, com insensibilidade a base-rates, e (c)
incorreram no viés de Excesso de Confiança. No que se refere ao contraste entre o
comportamento decisório do grupo de empreendedores e o do grupo de gestores (que
funcionou como um grupo de controle) o estudo não identificou diferenças
estatisticamente significativas.
6.1 Excesso de Confiança
Como colocam Busenitz e Barney (1997), “Excesso de Confiança faz com que
um empreendedor prossiga com uma ideia antes que todos os passos associados
àquela iniciativa específica se tornem inteiramente conhecidos” (BUSENITZ e
BARNEY, 1997, p.15, tradução nossa). Mesmo em um ambiente de significativas
incertezas (condições gerais da economia, competição, tecnologia, etc..), o Excesso
de Confiança encoraja o empreendedor a seguir em frente antes que se torne claro
que a iniciativa demonstre, de fato, fazer sentido (BUSENITZ e BARNEY, 1997). Além
disso, a confiança que depositam no sucesso futuro do empreendimento sustenta um
humor positivo a respeito do projeto que os ajuda a obter recursos de outros, melhora
o moral do pessoal envolvido e de fato aumenta as chances de sucesso. Em outras
palavras e como afirma Kahneman (2012, p.256), “quando a ação é necessária,
otimismo, mesmo na sua variação levemente delusória, pode ser algo positivo”. Ou
seja, o otimismo e o Excesso de Confiança podem de fato encorajar persistência na
presença de obstáculos e alterar as probabilidades de sucesso.
Mas persistência pode ter um alto preço. Conforme assinalado na Seção 2
desse trabalho, as chances de um novo negócio sobreviver mais de quatro anos não
parecem ser maiores do que as chances de se obter cara no lançamento de uma
moeda. Como reforça Kahneman (2012), em relação aos aspectos positivos de alguns
vieses, “o otimismo e o Excesso de Confiança de empreendedores certamente
contribuem para o dinamismo econômico da sociedade capitalista mesmo quando a
maioria dos tomadores de risco acabe desapontada” (KAHNEMAN, 2012, p. 259).
Define-se, portanto, um certo paradoxo: o Excesso de Confiança parece uma
42
condição necessária para o dinamismo do capitalismo, mas leva a consequências que
se caracterizam por um significativo contingente de empreendedores destinados ao
fracasso. Dada a característica desse tipo de empreendedorismo (geração de
pequenos negócios), esse fracasso leva a perdas financeiras de impacto significativo
na vida econômica dos tomadores de risco.
Empreendedores são, com frequência, descritos como tomadores de decisão
com maior propensão ao risco do que outras categorias de profissionais envolvidos
em gestão. Mas até que ponto esse comportamento de exposição franca a situações
de risco (que parece ser real dado o alto índice de mortalidade de novos negócios)
reflete uma postura pessoal de genuína propensão ao risco?
Em muitos (talvez a maioria dos) casos, o que parece ser uma característica
pessoal de aceitação de riscos revela na verdade, segundo vários pesquisadores,
uma ausência de consciência dos riscos sendo enfrentados (KAHNEMAN, 2007,
2012; BUSENITZ e BARNEY, 1997; BAZERMAN e MOORE, 2013). Kahneman (2007,
p.1) afirma: “A maioria dos executivos não tem consciência dos riscos que assumem
ao tomar uma decisão e tendem, em consequência, a subestimar a incerteza
associada ao eventual sucesso ou fracasso dos investimentos que realizam”.
Em relação às causas do excesso de confiança, Kahneman (2007) sugere,
conforme já discutido na Seção 3, que o otimismo é característico da natureza
humana. Uma das razões para isso seria, segundo o autor, “a tendência das pessoas
exagerarem seus próprios talentos” (KAHNEMAN, 2007, p.1). Uma outra razão está
associada à tendência geral das pessoas em perceber mal as causas dos eventos: “O
padrão típico desses ‘erros de atribuição’, como nós psicólogos os chamamos, é as
pessoas assumirem o crédito pelos resultados positivos e atribuírem os resultados
negativos a fatores externos, não importando qual seja a causa verdadeira.”
(KAHNEMAN, 2007, p.2).
A consequência de tais tendências é de que empreendedores, e executivos em
geral, acabem acreditando que tem mais controle sobre o futuro do que realmente
têm. March e Zapira (1987) realizaram ampla pesquisa de campo com executivos
americanos e europeus e relatam que de forma geral os executivos entrevistados
veem risco como um desafio a ser enfrentado. Os executivos não se enxergavam
como ‘jogadores’ mas sim como agentes prudentes e com capacidade de controle
sobre os eventos. Problemas e ‘riscos’ na execução de projetos eram descritos como
questões a serem gerenciadas.
43
6.2 Representatividade e a Insensibilidade a Base-rates
O uso de heurísticas em julgamento e tomada de decisão pode contribuir para
o excesso de confiança. O uso da heurística da Representatividade especificamente
traduz, conforme já discutido, uma lógica de julgamento onde o grau de similaridade
entre o input para o julgamento e cada um dos resultados possíveis da decisão é a
base para a conclusão a que se chega. Se um empreendedor usa como input para a
decisão de abrir um novo negócio ou investir em uma startup as suas percepções
pessoais sobre o novo negócio (que tende a ter um viés otimista) o resultado
considerado mais provável tenderá a ser aquele que mostra melhor “match” com esse
input (ou seja, sucesso) e a tendência ao excesso de confiança se exacerba.
Em outras palavras, a lógica da Representatividade tende a, naturalmente,
negligenciar informações que não ajudem na avaliação de similaridade. Se a
informação pontual, específica sobre o caso em questão não é conclusiva,
informações adicionais (base-rates) se tornam relevantes e deveriam ser
consideradas. A falha em permitir a possibilidade de que evidências estatísticas
podem ser críticas no processo decisório acaba por levar a uma autoconfiança no
julgamento que talvez não se justifique.
Se mostrar sensível e consciente da importância de base-rates é, sem dúvida,
difícil. Requer um pensamento e análise fortemente contra intuitivos. O exemplo a
seguir ilustra essa dificuldade. Vamos imaginar que determinado investidor em
startups demonstre um (altíssimo) índice de sucesso de 90% em suas previsões de
sucesso versus fracasso de novos investimentos. Imaginemos esse investidor
envolvido com um segmento de startups onde o índice de mortalidade de novos
empreendimentos seja extremamente alto, digamos, 90%. Vamos imaginar,
finalmente, que, no momento, o investidor está avaliando um novo investimento nesse
setor e que o investidor acredite, com base em sua experiência, que a startup será um
sucesso (ele tem quase certeza!).
Com os dados desse exemplo, as chances reais do empreendimento ‘vingar’
são de 50%, isto é, chances similares a obtermos ‘cara’ ao lançarmos uma moeda
para o alto (ver cálculos na Figura 3 abaixo). Esse resultado não é, sugerimos,
intuitivo. O grau de incredulidade que o investidor talvez mostrasse se recebesse um
relatório do tipo “embora você acerte a maioria das suas previsões e afirme que o
investimento em questão neste momento é bom, as chances desse novo negócio
efetivamente dar certo não são, provavelmente, maiores do que 50%” não seria
44
desprezível. Esse relatório teria, sugerimos, grandes chances de ser simplesmente
desconsiderado. O investidor confia no julgamento dele e isso seria provavelmente o
que seria levado em consideração no julgamento.
Figura 3: Árvore de Probabilidades.
É possível neutralizar o viés do excesso de confiança no comportamento
decisório? Kahneman (2012) afirma não ser otimista a respeito: “Tem havido muitas
tentativas de se treinar as pessoas em estabelecer intervalos de confiança que reflitam
a imprecisão de suas opiniões com pouquíssimos relatos de sucesso” (KAHNEMAN,
2012, p.330). Kahneman continua: “as organizações talvez estejam mais aptas a
domar o otimismo e os indivíduos do que os indivíduos estão” KAHNEMAN, 2012,
p.330). Nesse sentido, o autor sugere alguns procedimentos organizacionais que
podem ser usados e que têm demonstrado significativo sucesso em ambientes
organizacionais para se lidar com o viés (KAHNEMAN, 2012, capítulo 24). Talvez a
criação de ambientes de discussão em instituições representativas da classe de
empreendedores possa fazer o papel que organizações de maior porte desempenham
no ambiente corporativo e possa ser efetivo no contexto de empreendedorismo.
Mas uma questão que se mostra ambígua (e paradoxal) nesse debate se refere
a evidências de que otimismo e propensão ao risco no ambiente de
empreendedorismo contribuem tanto para o dinamismo econômico de uma sociedade
45
capitalista quanto para um índice de falhas e perdas financeiras bastante
significativas.
Minello et al. (2013) afirmam com base em estudo junto a empreendedores que
faliram que, segundo os próprios empreendedores, a arrogância e a onipotência foram
os fatores de maior peso no fracasso empresarial, capazes de tornar míope a
capacidade de visualização dos empreendedores quanto aos seus próprios erros, aos
aspectos internos da organização e ao ambiente de mercado. A questão parece mais
complexa, entretanto. O excesso de confiança parece se constituir em um viés
fortemente conectado a estratégias básicas e naturais de julgamento da maioria das
pessoas, na maioria das situações decisórias que enfrentam no dia a dia.
Marta Coelho da London Business School (COELHO, 2012), traz para o debate
questões políticas: “Embora implicações políticas e de bem-estar social de um
fenômeno de tamanha amplitude sejam vastos, eles têm sido amplamente
negligenciados pelo governo e outras lideranças que lideram processos políticos”
(COELHO, 2012, p.1, tradução nossa). Segundo a autora, Kahneman sugere que
essas não são questões de fácil equacionamento: “A questão de se e como o governo
deve apoiar pequenos negócios não tem uma resposta igualmente satisfatória”
(COELHO, 2012, p.323, tradução nossa).
46
7 LIMITAÇÕES
Algumas questões sobre a forma como a pesquisa foi conduzida podem limitar
a confiabilidade de seus resultados. Tais limitações dizem respeito à caracterização
da amostra, problemas de validade interna e ao design dos levantamentos de campo.
A caracterização da amostra está relacionada a como os entrevistados
participantes desse estudo foram acessados. A escolha da amostra oferece
restrições, pois essa foi composta por conveniência e não representa a população ou
uma amostra aleatória e cientificamente planejada.
Os problemas de validade interna se referem à possibilidade de que as
conclusões geradas pelos resultados do estudo podem não refletir com precisão o que
se passou no estudo (BABBIE, 1989, p.221). No caso da presente pesquisa de campo,
a limitação provocada pelo problema de validade interna ocorre, pois as perguntas
feitas aos empreendedores e gestores nos questionários não têm a ver
especificamente como os seus negócios ou atividades, não significando que eles se
comportariam necessariamente da mesma forma no mundo real. Mesmo que os
problemas propostos aos participantes procurassem se aproximar de uma decisão no
mundo real, o experimento é realizado em um ambiente artificial, existindo a
possibilidade da decisão tomada pelo participante não ser representativa das decisões
de mesma natureza que ele tomaria em uma situação real.
Outra limitação reside no design do experimento. A codificação das
justificativas de respostas dos participantes para a Parte 2 do questionário sobre
Representatividade foi realizada pela autora sem identificar a que grupo
(empreendedor ou gestor) pertencia o participante. Entretanto, mesmo sem considerar
o grupo do participante ao codificar sua resposta, o julgamento subjetivo dessas
respostas, realizado no trabalho de pesquisa, pode refletir vieses pessoais da autora.
Finalmente, cabe registrar o limitado tamanho da amostra estudada. Amostras
maiores de gestores de grandes empresas e de empreendedores podem levar a
resultados mais robustos e com maior poder de generalização de resultados.
47
8 CONCLUSÃO E SUGESTÃO PARA PESQUISAS FUTURAS
O objetivo deste trabalho foi em primeiro lugar verificar o uso de heurísticas e
vieses pelos participantes do estudo. Em segundo lugar observou-se as diferenças
nas características do processo de julgamento e tomada de decisão entre gestores
que trabalham em grandes empresas e empreendedores, observando a heurística da
Representatividade e o viés do Excesso de Confiança, mensurados e testados a partir
de um mesmo questionário aplicado aos dois grupos. A importância da análise sobre
as heurísticas e os vieses reside no fato de suas manifestações serem capazes de
gerar erros de julgamento em momentos de decisão. Conforme sugerido na primeira
Seção deste trabalho, o foco de atenção está no comportamento decisórios de
empreendedores. Esse destaque parece justificado, dada a expressiva fatia da
economia que é representada por empreendedores que possuem (pequenos)
negócios próprios.
Ambos os grupos – gestores de grandes empresas e empreendedores –
demonstraram fazer uso da heurística da Representatividade e manifestar o viés do
Excesso de Confiança. Os resultados não permitem concluir, entretanto, que os
empreendedores e os gestores participantes da pesquisa diferem de forma
estatisticamente significativa no uso de Representatividade e na manifestação do
Excesso de Confiança, embora empreendedores tenham demonstrado valores
maiores nesse sentido.
Resultados complementares e mais especificamente associados ao grupo de
empreendedores permitiram comparar o uso da Representatividade e a manifestação
do Excesso de Confiança dos empreendedores agrupados segundo suas
características relacionadas ao tempo de existência da própria empresa e à idade.
Sobre tempo de existência da empresa própria, os empreendedores donos de
empresas com mais tempo de existência pareceram se utilizar mais de
Representatividade e demonstraram maior confiança em seus processos decisórios.
Essas diferenças, entretanto, não foram estatisticamente significativas. Em relação à
idade, não foi identificada qualquer diferença estatisticamente significativa entre
empreendedores em variadas faixas de idade.
Os resultados deste experimento podem suscitar nos empreendedores uma
maior reflexão sobre o processo decisório que tende a acompanhar as ações de
geração de novos negócios. Dado o alto grau de mortalidade de pequenos negócios
48
ainda nos anos iniciais da iniciativa, tal reflexão parece justificada. Uma possível forma
de reduzir o uso da Representatividade e da manifestação do Excesso de Confiança
pelos empreendedores é haver oferecimento de ações, cursos e treinamentos
específicos, desenvolvidos por órgãos e instituições relacionados ao
empreendedorismo, capazes de tornar empreendedores cientes da existência de
heurísticas e vieses e também sobre como não incorrer em erros gerados pelas suas
manifestações, em momentos de julgamento e tomada de decisão. Daniel Kahneman,
Prêmio Nobel de Economia em 2002, não parece otimista quanto ao resultado de
ações voltadas para empreendedores como indivíduos e sugere ações de cunho mais
organizacional, conforme discutido na Seção 6 desse trabalho.
A contribuição desse estudo deve ser ponderada pelas limitações existentes,
relacionadas à caracterização da amostra, aos problemas de validade interna e ao
design do estudo de campo. Nesse sentido, é possível que, em virtude de o tamanho
da amostra ser pequeno, os resultados dos testes estatísticos de diferenças entre os
grupos do experimento de campo não tenham sido obtidos na direção prevista pelas
hipóteses de pesquisa. Assim, são válidas tentativas de pesquisas futuras que
consigam lidar com essas limitações e desenvolvam o tema sobre o processo de
julgamento e tomada de decisão de empreendedores e gestores, considerando a
Representatividade e o Excesso de Confiança. Além disso, mostra-se relevante
investigar a existência de diferenças significativas sobre o uso da Representatividade
e a manifestação do Excesso de Confiança de empreendedores com variados tempos
de fundação de empresas e idades (Gerações), a partir dos indícios encontrados
nesse estudo.
49
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50
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51
ANEXO 1 - QUESTIONÁRIO PARA OS PARTICIPANTES
O questionário foi desenvolvido em duas versões: em papel e digital.
Versão em papel
Dissertação de Mestrado
T2014
Aluna: Natália Dias
Orientador: Prof. Marcos Ávila
Seja bem-vindo(a)!
Esta é uma pesquisa acadêmica sobre como as pessoas decidem. A sua participação é
importante. Peço gentilmente que você responda, na sequência apresentada, todas as perguntas,
considerando apenas as informações deste questionário e a sua opinião. Se tiver alguma dúvida,
é só perguntar.
Este questionário leva em torno de 10 minutos para ser respondido.
Obrigada por participar!
PARTE 1
1) Escolha em cada uma das 5 questões abaixo, no item A, a alternativa, dentre as duas
apresentadas, que você julga ser a resposta correta. Em seguida, no item B, indique o grau de
confiança que você deposita na resposta dada no item A. Esse grau de confiança vai de 50%
(nenhuma confiança, isto é, 5 chances em 10 da resposta estar correta) até 100% (confiança
total, isto é, você tem certeza de que a sua reposta é a correta). Valores intermediários entre 50%
e 100% representam algum grau de confiança (entre confiança nenhuma e certeza). Por exemplo,
se você marcar 70%, você estará indicando que acha que a chance da sua resposta ser a correta
é de 7 em 10, se marcar 80%, a chance é de 8 em 10, e assim por diante.
1.1) A) Qual o segundo estado mais populoso da região Nordeste?
a) Pernambuco.
b) Ceará.
B) Marque um X na escala abaixo para indicar o seu grau de confiança na resposta dada no
item A:
50% 60% 70% 80% 90% 100%
52
1.2) A) Qual o segundo estado mais populoso do Brasil?
a) Minas Gerais.
b) Rio de Janeiro.
B) Marque um X na escala abaixo para indicar o seu grau de confiança na resposta dada no
item A:
50% 60% 70% 80% 90% 100%
1.3) A) Qual estado possui o menor PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil?
a) Acre.
b) Roraima.
B) Marque um X na escala abaixo para indicar o seu grau de confiança na resposta dada no
item A:
50% 60% 70% 80% 90% 100%
1.4) A) Qual das duas doenças abaixo causa mais mortes no Brasil?
a) Infarto.
b) Acidente Vascular Cerebral (AVC).
B) Marque um X na escala abaixo para indicar o seu grau de confiança na resposta dada no
item A:
50% 60% 70% 80% 90% 100%
1.5) A) Há mais homens do que mulheres no Brasil. Essa afirmação é:
a) Verdadeira.
b) Falsa.
B) Marque um X na escala abaixo para indicar o seu grau de confiança na resposta dada no
item A:
53
50% 60% 70% 80% 90% 100%
PARTE 2
2) Em cada um dos dois problemas a seguir, você deverá escolher uma dentre duas alternativas.
Escolha a alternativa que você acredita ser a melhor e, em seguida, explique a razão para a sua
escolha. Ao escolher, utilize apenas as informações apresentadas.
Problema 1: Sr. Santos irá investir em uma nova máquina e tem duas opções de compra: Máquina A,
que é feita no Brasil, ou Máquina B, que é feita no estrangeiro. As duas máquinas são igualmente
capazes de desempenhar uma mesma função.
Sobre essa decisão, o Sr. Santos comentou com um amigo: “a minha percepção é que toda vez que
eu compro um equipamento produzido por um fabricante estrangeiro, ele quebra no primeiro mês de
uso.”
Depois de conversarem um pouco mais, o amigo lembrou de um recente relatório industrial que confere
uma classificação mais elevada para a Máquina B, feita no estrangeiro, do que para a Máquina A, feita
no Brasil. Esse relatório baseia as recomendações em testes extensivos assim como em comentários
dos usuários.
Se você estivesse na posição do Sr. Santos, qual das máquinas você tenderia a comprar (Máquina A
ou Máquina B)? Por quê?
Resposta:
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
Problema 2: o Presidente de uma empresa está pedindo ao Conselho dos Diretores para aceitar a
compra de uma máquina de última geração que, ele acredita, pode melhorar de forma muito significativa
as operações da empresa. Na reunião, depois de descrever a capacidade da máquina, o Presidente
menciona um recente estudo, realizado em todo o país, que examinou 120 empresas que
automatizaram a produção com o uso da máquina. Os resultados do estudo indicaram que em pelo
menos 85% dos negócios houve um aumento considerável na produtividade. O estudo comparou ainda
o desempenho dessas 120 empresas com outro conjunto de empresas que não usavam a máquina.
54
Neste segundo grupo, o aumento de produtividade, no mesmo período, ocorreu em cerca de 40% das
empresas. Com base nesse estudo, o Presidente conclui que a máquina precisa ser comprada.
Após a fala do Presidente, um dos Diretores toma a palavra e apresenta duas razões pelas quais a
máquina de última geração não consiste na real razão para o aumento de produtividade. Segundo o
Diretor, em primeiro lugar, os gerentes de empresas que fazem mudanças desse tipo são,
provavelmente, mais agressivos e ousados e criam, portanto, ambientes propícios a desempenhos
superiores de produtividade. Em segundo lugar, mudanças em geral levam provavelmente a um
aumento de produtividade, devido a um crescimento no interesse e comprometimento por parte do
corpo gerencial.
Se você estivesse participando de tal decisão, qual linha de raciocínio (Presidente ou Diretor) você
seria mais propenso a aceitar? Por quê?
Resposta:
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
PARTE 3
1) Você considera o seu perfil profissional mais:
A) Empreendedor (com o próprio negócio).
B) Gestor (em uma grande empresa).
2) Se você pudesse escolher, qual seria a sua preferência de atuação profissional?
A) Próprio negócio.
B) Grande empresa.
C) Pequena empresa.
3) Por favor, preencha os dados abaixo (separados por cada grupo de entrevistados):
Empreendedores
3.1) Idade:___________________________________________________________________
3.2) Última formação (Ensino Médio, Graduação, Mestrado, Doutorado, etc):_______________
3.3) Curso:___________________________________________________________________
55
3.4) Data da primeira venda da empresa (mês/ano):___________________________________
3.5) Setor de atuação:__________________________________________________________
Gestores
3.1) Anos de experiência profissional:______________________________________________
3.2) Última formação (Ensino Médio, Graduação, Mestrado, Doutorado, etc):_______________
3.3) Curso:___________________________________________________________________
3.4) Cargo atual: ______________________________________________________________
3.5) Áreas sob gestão:__________________________________________________________
3.6) Idade: ___________________________________________________________________
Obrigada por participar!
Gabarito para PARTE 1 (letra A) e respectiva fonte de informação (Gabarito não fornecido no questionário do estudo de campo):
1.1) Pernambuco (IBGE, 2013); 1.2) Minas Gerais (IBGE, 2013); 1.3) Roraima (IBGE, 2013); 1.4) Acidente Vascular Cerebral (AVC) (Revista Exame, Ministério da Saúde, 2015); 1.5) Falsa (IBGE, 2013).
63
ANEXO 2 - AMOSTRAS DE JUSTIFICATIVAS DE RESPOSTAS CODIFICADAS
DA PARTE 2 DO QUESTIONÁRIO
Para ilustrar as justificativas das respostas dos empreendedores e gestores aos
problemas 1 e 2, nas Tabelas 3 e 4 há uma relação com amostras da classificação da
codificação dessas respostas entre codificação 0 (não usou a heurística da
Representatividade) e codificação 1 (usou a heurística da Representatividade):
Tabela 3: Amostra de Justificativas de Respostas ao Problema 1 do Questionário
Problema 1
Justificativas de respostas de empreendedores e gestores Codificação
Máquina B. Confiaria mais em testes extensivos do que em percepções. 0
A máquina estrangeira. Por mais que estes relatórios técnicos não sejam 100% confiáveis, são um elemento importante de mensuração de desempenho.
0
Máquina B. Visto que houve um estudo estatístico sobre o funcionamento das máquinas, tendo a acreditar na probabilidade e confiar no estudo (após leitura do mesmo para saber das condições de contorno dos testes).
0
A máquina B, devido aos estudos indicarem maior qualidade em relação à máquina nacional. Mesmo o Sr. Santos tendo uma experiência ruim com a máquina estrangeira, não significa que ela é inferior.
0
Compraria a Máquina B. Porque minha percepção não tem fundamento estatístico algum, foi ‘sorte’. Aparentemente, a chance da Máquina B quebrar é menor do que da Máquina A, independentemente das minhas experiências passadas (ou seja, os eventos são independentes).
0
Maquina B. Por que foi extensivamente testado por usuários. 0
Máquina B. Porque existe um relatório baseado em testes que atesta a melhor qualidade da máquina B.
0
Máquina B, pois a minha percepção pode estar errada e baseada em estudos de especialistas e opiniões diversas de mercado tenderia escolher a máquina B.
0
B, pois me basearia no teste extensivo presente no relatório. 0
Compraria a B. A percepção do Sr. Santos é baseada em sua experiência que pode estar calcada em uma amostra pequena e não necessariamente referente à máquina em questão. Já o relatório industrial se refere à máquina em questão e leva em consideração opiniões de usuários.
0
Tentaria a máquina A feita no Brasil. Como já houve percepção anterior da qualidade da máquina estrangeira, acredito que tentar uma brasileira seria mais adequado.
1
Compraria a Máquina A. Se a percepção dele é que ‘toda vez’ que ele compra a máquina B ela quebra, então eu confiaria mais na minha experiência do que em um relatório externo, que pode ser comprado e é menos confiável do que a minha própria experiência.
1
Máquina A. Devido à experiência anterior cuja escolha de equipamentos estrangeiros sempre resulta em ineficiência do equipamento no primeiro mês de uso.
1
Maquina A porque na experiência do próprio interessado na aquisição as máquinas estrangeiras apresentam problemas mais rapidamente do que as nacionais.
1
Maquina A por causa das minhas experiências passadas. 1
Máquina A - devido à percepção de que as máquinas importadas quebram logo. 1
Maquina A (nacional). A minha percepção tende a ser melhor que o resultado de uma pesquisa.
1
64
Máquina A. Se as condições são as mesmas, e a percepção pessoal é a de que máquinas compradas no estrangeiro quebram mais facilmente, provavelmente o relatório não será suficiente para mudar a percepção.
1
Máquina A, devido à percepção (experiência) negativa com outros equipamentos estrangeiros.
1
A. Considerando que são equiparáveis quanto a desempenho e custo, associado à minha experiência própria, que as máquinas nacionais são mais robustas, ainda prefiro a nacional, mesmo diante da informação do amigo, um tanto vaga da forma que foi relatada.
1
Tabela 4: Amostra de Justificativas de Respostas ao Problema 2 do Questionário
Problema 2
Justificativas de respostas de empreendedores e gestores Codificação
Do presidente, pois ele apresentou estudos comprovando a eficácia da máquina no aumento da produtividade.
0
Eu concordo com o Diretor, mas eu aprovaria a compra da máquina. O resultado do estudo que compara os dois grupos de empresas apresentou melhor resultado para as empresas que possuíam a máquina.
0
Presidente. Sua defesa é baseada em fatos (pesquisas). O Diretor me parece usar argumentos subjetivos.
0
A do presidente porque ele apresentou dados e estudo. O diretor apresentou um aspecto que pode ser real, mas não apresentou dados que corroborem sua explicação.
0
Presidente - a posição do Diretor é baseada numa percepção e não numa análise mais profunda. Obviamente a posição do Diretor não levaria, antes da tomada de decisão, para uma melhor análise do real impacto da compra do equipamento.
0
Eu seria mais propenso a aceitar a linha de raciocínio do presidente. Se os gerentes mais agressivos e ousados criam ambientes propícios a melhores produtividades, isso significa que, antes de automatizar a produção, as empresas destes gerentes já deveriam ter uma produtividade superior. E, mesmo assim, o estudo nas 120 empresas mostra que, após a automatização, a produtividade continuou aumentando.
0
Presidente - porque existe um grupo ‘controle’ que sugere ganho de produtividade e tem fatos mais tangíveis.
0
Concordo com o Presidente, porque, apesar do Diretor ter razão, pelo enunciado, a máquina de última geração que automatiza e otimiza a operação gera um aumento de produtividade de 85%, bem acima dos 40% das que não automatizaram.
0
Do presidente, pois existe fundamento analítico mais relevante, o diretor se baseia em suposições.
0
Aceito a linha do Presidente, pois apresentou relatórios e números comparativos. O Diretor está muito ligado a suposições.
0
Diretor. No momento em que houve aumento de produtividade em empresas que não compraram a máquina, evidencia que o equipamento pode contribuir, mas não é o fator essencial.
1
Concordo com o Diretor, pois acredito que mudança de postura e incentivo alteram o resultado final. Além de economizar a compra da máquina e talvez preservar alguns empregos que poderiam ser perdidos com a automatização da produção.
1
Vou mais na visão do diretor. Embora saiba que uma nova tecnologia pode sim contribuir com o aumento da produtividade, acredito piamente que o capital humano é quem fará toda a diferença nos resultados.
1
Aceitaria como mais concreta a escolha do Diretor, uma vez que acredito que qualquer mudança positiva no ambiente de trabalho pode contribuir significativamente para um aumento de produção, o que não assegura seu crescimento constante.
1
65
Temos 45% das empresas (85% - 40%) em que o aumento de produtividade poderia ser atribuído a usar a máquina. Ao analisar o impacto financeiro da compra da máquina, poderia ser interessante comprá-la, mesmo que o impacto de produtividade não fosse de 85%. Porém, respondendo sucintamente, para escolher um dos dois: Diretor. Acredito que ambientes de trabalho mais desafiadores e estímulos corretos produzem resultados mais consistentes que máquinas mais caras.
1
Diretor, pelo simples fato de que tecnologia por si só não garanta aumento de produtividade, a menos que haja engajamento das pessoas, aliada à alteração dos processos vigentes.
1
Diretor. Não há relação de causalidade entre o aumento da produtividade e a compra da máquina.
1
A do diretor. Porque não vemos nenhuma relação direta entre os ganhos de produtividade com o desempenho da máquina.
1
Escolho a linha de raciocínio do diretor. Entendo que a máquina contribua para uma melhor produtividade, mas não é o fator principal, uma vez que em 40% das empresas houve melhora na produtividade sem a aquisição da máquina.
1
A linha de raciocínio do Diretor, pois a incidência de empresas que investiram no equipamento, e não tiveram ganho de produtividade, é alta. O investimento tem um alto risco de insucesso. É provável que o aumento de produtividade se deva ao comportamento mais agressivo das empresas dispostas a investir.
1
66
ANEXO 3 - TESTES DE NORMALIDADE DOS DADOS
Viés do Excesso de Confiança
A mensuração do Excesso de Confiança dos 62 empreendedores participantes
do estudo foi feita a partir do cálculo da diferença entre a média do intervalo de
confiança que cada um se atribuiu ao responder as questões da primeira parte do
questionário e o percentual de respostas certas. Na Tabela 5 abaixo, verifica-se que
houve resultado negativo (falta de confiança) em nove observações referentes aos
empreendedores, isto é, 15% da amostra. Além disso, em uma observação houve
equilíbrio, ou seja, o percentual de confiança atribuído na certeza das respostas foi
condizente com o percentual de acerto nas questões, e, assim, o resultado da
confiança foi zero (equilíbrio). Dessa forma, considerando toda a amostra de
empreendedores, 84% do total, isto é, 52 observações demonstraram resultado
positivo (Excesso de Confiança), que ocorreu quando a confiança atribuída na certeza
das respostas foi maior que o percentual de acerto.
A Tabela 5 exibe os resultados da confiança dos empreendedores e o teste de
normalidade Kolmogorov-Smirnov para esses dados.
Tabela 5: Teste de Normalidade dos Dados de Confiança dos Empreendedores.
n Resultado da
Confiança
Fn(x)
empírica F(x) teórica
1 -0,24 0,016129 0,010778 0,005351 0,010778
2 -0,16 0,032258 0,027840 0,004418 0,011711
3 -0,12 0,048387 0,042603 0,005784 0,010345
4 -0,12 0,064516 0,042603 0,021913 0,005784
5 -0,10 0,080645 0,052070 0,028575 0,012446
6 -0,10 0,096774 0,052070 0,044704 0,028575
7 -0,08 0,112903 0,063137 0,049767 0,033638
8 -0,04 0,129032 0,090663 0,038369 0,022240
9 -0,02 0,145161 0,107388 0,037773 0,021644
10 0,00 0,161290 0,126230 0,035061 0,018932
11 0,04 0,177419 0,170520 0,006900 0,009229
12 0,04 0,193548 0,170520 0,023029 0,006900
13 0,06 0,209677 0,196007 0,013671 0,002458
14 0,08 0,225806 0,223678 0,002128 0,014001
15 0,08 0,241935 0,223678 0,018257 0,002128
16 0,10 0,258065 0,253445 0,004620 0,011509
17 0,10 0,274194 0,253445 0,020749 0,004620
18 0,12 0,290323 0,285171 0,005151 0,010978
19 0,16 0,306452 0,353732 0,047281 0,063410
|𝐹(𝑥(𝑖)− 𝐹𝑛(𝑥(𝑖)
)| |𝐹(𝑥(𝑖)− 𝐹𝑛(𝑥(𝑖 − 1)
)|
67
20 0,16 0,322581 0,353732 0,031152 0,047281
21 0,16 0,338710 0,353732 0,015023 0,031152
22 0,16 0,354839 0,353732 0,001106 0,015023
23 0,16 0,370968 0,353732 0,017235 0,001106
24 0,18 0,387097 0,390076 0,002979 0,019108
25 0,18 0,403226 0,390076 0,013150 0,002979
26 0,22 0,419355 0,465400 0,046045 0,062174
27 0,22 0,435484 0,465400 0,029916 0,046045
28 0,22 0,451613 0,465400 0,013787 0,029916
29 0,24 0,467742 0,503712 0,035970 0,052099
30 0,24 0,483871 0,503712 0,019841 0,035970
31 0,24 0,500000 0,503712 0,003712 0,019841
32 0,24 0,516129 0,503712 0,012417 0,003712
33 0,26 0,532258 0,541989 0,009731 0,025860
34 0,28 0,548387 0,579880 0,031493 0,047622
35 0,28 0,564516 0,579880 0,015364 0,031493
36 0,30 0,580645 0,617045 0,036400 0,052529
37 0,30 0,596774 0,617045 0,020271 0,036400
38 0,32 0,612903 0,653162 0,040259 0,056388
39 0,32 0,629032 0,653162 0,024130 0,040259
40 0,32 0,645161 0,653162 0,008001 0,024130
41 0,34 0,661290 0,687938 0,026647 0,042776
42 0,34 0,677419 0,687938 0,010518 0,026647
43 0,34 0,693548 0,687938 0,005611 0,010518
44 0,36 0,709677 0,721114 0,011437 0,027566
45 0,36 0,725806 0,721114 0,004692 0,011437
46 0,36 0,741935 0,721114 0,020821 0,004692
47 0,40 0,758065 0,781845 0,023780 0,039909
48 0,40 0,774194 0,781845 0,007651 0,023780
49 0,40 0,790323 0,781845 0,008478 0,007651
50 0,42 0,806452 0,809099 0,002647 0,018776
51 0,42 0,822581 0,809099 0,013482 0,002647
52 0,46 0,838710 0,856983 0,018274 0,034403
53 0,46 0,854839 0,856983 0,002145 0,018274
54 0,48 0,870968 0,877586 0,006619 0,022748
55 0,48 0,887097 0,877586 0,009510 0,006619
56 0,52 0,903226 0,912337 0,009111 0,025240
57 0,52 0,919355 0,912337 0,007018 0,009111
58 0,54 0,935484 0,926670 0,008814 0,007315
59 0,56 0,951613 0,939137 0,012476 0,003653
60 0,58 0,967742 0,949882 0,017860 0,001731
61 0,60 0,983871 0,959058 0,024813 0,008684
62 0,62 1,000000 0,966821 0,033179 0,017050
68
Os resultados do teste de normalidade para as observações de confiança dos
empreendedores foram:
Média: 0,238;
Desvio Padrão: 0,208;
D teste: 0,063 (o maior resultado contido nas colunas |F(x(i)-Fn(x(i))| e |F(x(i)-
Fn(x(i-1))|)
D crítico (para n>50; α=5%): 0,173 (que é resultado da fórmula 1,36/√62; 1,36 é o
numerador padrão do teste Kolmogorov-Smirnov para n maior que 50 e α requerido
de 5%);
Conclusão: Hipótese nula (H0) do teste não é rejeitada; a distribuição é normal,
pois o D teste é menor que o D crítico.
O mesmo teste Kolmogorov-Smirnov foi aplicado para as 63 observações de
confiança do grupo dos gestores. A Tabela 6 a seguir resume o resultado do teste de
normalidade. Nela observa-se que houve resultado negativo (falta de confiança) em
10 observações, isto é, 16% da amostra. Além disso, em duas observações houve
equilíbrio, na medida em que o percentual de confiança atribuído na certeza das
respostas foi condizente com o percentual de acerto nas questões, e o resultado da
confiança foi zero. Assim, considerando o grupo amostral de gestores, 81%, isto é, 51
observações tiveram resultado positivo (Excesso de Confiança).
Tabela 6: Teste de Normalidade dos Dados de Confiança dos Gestores.
n Resultado da
Confiança
Fn(x)
empírica F(x) teórica
1 -0,28 0,015873 0,009529 0,006344 0,009529
2 -0,18 0,031746 0,033141 0,001395 0,017268
3 -0,16 0,047619 0,041377 0,006242 0,009631
4 -0,16 0,063492 0,041377 0,022115 0,006242
5 -0,14 0,079365 0,051198 0,028167 0,012294
6 -0,12 0,095238 0,062790 0,032448 0,016575
7 -0,08 0,111111 0,091989 0,019122 0,003249
8 -0,06 0,126984 0,109907 0,017077 0,001204
9 -0,04 0,142857 0,130200 0,012657 0,003216
10 -0,02 0,158730 0,152950 0,005780 0,010093
11 0,00 0,174603 0,178190 0,003587 0,019460
12 0,00 0,190476 0,178190 0,012286 0,003587
13 0,02 0,206349 0,205908 0,000442 0,015431
14 0,02 0,222222 0,205908 0,016315 0,000442
15 0,02 0,238095 0,205908 0,032188 0,016315
|𝐹(𝑥(𝑖)− 𝐹𝑛(𝑥(𝑖)
)| |𝐹(𝑥(𝑖)
− 𝐹𝑛(𝑥(𝑖 − 1))|
69
16 0,06 0,253968 0,268438 0,014470 0,030343
17 0,06 0,269841 0,268438 0,001403 0,014470
18 0,06 0,285714 0,268438 0,017276 0,001403
19 0,10 0,301587 0,339297 0,037710 0,053583
20 0,10 0,317460 0,339297 0,021837 0,037710
21 0,10 0,333333 0,339297 0,005964 0,021837
22 0,10 0,349206 0,339297 0,009909 0,005964
23 0,10 0,365079 0,339297 0,025782 0,009909
24 0,10 0,380952 0,339297 0,041655 0,025782
25 0,12 0,396825 0,377215 0,019610 0,003737
26 0,12 0,412698 0,377215 0,035483 0,019610
27 0,14 0,428571 0,416357 0,012215 0,003658
28 0,14 0,444444 0,416357 0,028088 0,012215
29 0,14 0,460317 0,416357 0,043961 0,028088
30 0,16 0,476190 0,456347 0,019844 0,003971
31 0,16 0,492063 0,456347 0,035717 0,019844
32 0,16 0,507937 0,456347 0,051590 0,035717
33 0,18 0,523810 0,496784 0,027026 0,011153
34 0,20 0,539683 0,537254 0,002428 0,013445
35 0,20 0,555556 0,537254 0,018301 0,002428
36 0,22 0,571429 0,577342 0,005914 0,021787
37 0,22 0,587302 0,577342 0,009960 0,005914
38 0,24 0,603175 0,616644 0,013469 0,029342
39 0,24 0,619048 0,616644 0,002404 0,013469
40 0,26 0,634921 0,654780 0,019860 0,035733
41 0,28 0,650794 0,691406 0,040612 0,056485
42 0,28 0,666667 0,691406 0,024739 0,040612
43 0,28 0,682540 0,691406 0,008866 0,024739
44 0,28 0,698413 0,691406 0,007007 0,008866
45 0,30 0,714286 0,726220 0,011934 0,027807
46 0,32 0,730159 0,758972 0,028813 0,044686
47 0,32 0,746032 0,758972 0,012940 0,028813
48 0,32 0,761905 0,758972 0,002933 0,012940
49 0,34 0,777778 0,789469 0,011691 0,027564
50 0,34 0,793651 0,789469 0,004182 0,011691
51 0,36 0,809524 0,817574 0,008051 0,023924
52 0,38 0,825397 0,843210 0,017814 0,033687
53 0,38 0,841270 0,843210 0,001941 0,017814
54 0,42 0,857143 0,887033 0,029890 0,045763
55 0,44 0,873016 0,905321 0,032305 0,048178
56 0,44 0,888889 0,905321 0,016432 0,032305
57 0,46 0,904762 0,921328 0,016566 0,032439
58 0,46 0,920635 0,921328 0,000693 0,016566
70
59 0,46 0,936508 0,921328 0,015180 0,000693
60 0,48 0,952381 0,935195 0,017186 0,001313
61 0,50 0,968254 0,947085 0,021169 0,005296
62 0,54 0,984127 0,965650 0,018477 0,002604
63 0,56 1,000000 0,972695 0,027305 0,011432
Os resultados do teste de normalidade para as observações de confiança dos
gestores foram:
Média: 0,182;
Desvio Padrão: 0,197;
D teste: 0,056 (o maior resultado contido nas colunas |F(x(i)-Fn(x(i))| e |F(x(i)-
Fn(x(i-1))|)
D crítico (para n>50; α=5%): 0,171 (que é resultado da fórmula 1,36/√63; 1,36 é o
numerador padrão do teste Kolmogorov-Smirnov para n maior que 50 e α requerido
de 5%);
Conclusão: Hipótese nula (H0) do teste não é rejeitada; a distribuição é normal,
pois o D teste é menor que o D crítico.
Na medida em que há uma distribuição normal entre os dados, o teste ANOVA
pode ser utilizado se houver igualdade das variâncias dos resultados dos dois grupos.
A Tabela 7 abaixo demonstra o resultado do Teste F utilizado para verificar a
igualdade estatística das variâncias. O Teste F foi feito com o uso do software
Microsoft Excel.
Tabela 7: Teste F dos Dados de Confiança dos Empreendedores e Gestores
A hipótese nula do Teste F é a de igualdade das variâncias, sendo que há
rejeição da hipótese nula se F teste for maior que o F crítico, ou se o p (F teste < F
crítico) for menor que α=5%. Como o resultado do F teste (1,116) foi menor do que o
F Crítico (1,526), isso indica que não há rejeição da hipótese nula e as variâncias são
Informação Valor
Amostra - Empreendedor 62
Média - Confiança Empreendedor 0,238
Amostra - Gestor 63
Média - Confiança Gestor 0,182
F teste 1,116
F crítico 1,526
P (F teste < F crítico) 33%
71
iguais. Portanto, o teste ANOVA pode ser utilizado para comparar as médias entre os
resultados dos grupos dos empreendedores e gestores.
Heurística da Representatividade
A verificação do uso da heurística da Representatividade dos 62
empreendedores participantes do estudo foi feita a partir da codificação das respostas
dadas aos dois problemas contidos na Parte 2 do questionário. Na Tabela 11 abaixo,
verifica-se que houve resultado igual a zero em 24 observações referentes aos
empreendedores, isto é, 39% da amostra. Dessa forma, considerando toda a amostra
de empreendedores, 61% do total, isto é, 38 observações demonstraram o uso da
heurística da Representatividade em pelo menos umas das respostas. Em 31
observações, isso ocorreu em apenas uma das respostas (resultado igual a um) e em
sete observações o uso da heurística da Representatividade ocorreu nas respostas
aos dois problemas (resultado igual a dois).
A Tabela 8 exibe os resultados do uso da heurística da Representatividade e o
teste de normalidade Kolmogorov-Smirnov para esses dados.
Tabela 8: Teste de Normalidade dos Dados de Representatividade dos Empreendedores.
n Resultado da
Representatividade
Fn(x)
empírica
F(x)
teórica
1 0 0,016129 0,134676 0,118547 0,134676
2 0 0,032258 0,134676 0,102418 0,118547
3 0 0,048387 0,134676 0,086288 0,102418
4 0 0,064516 0,134676 0,070159 0,086288
5 0 0,080645 0,134676 0,054030 0,070159
6 0 0,096774 0,134676 0,037901 0,054030
7 0 0,112903 0,134676 0,021772 0,037901
8 0 0,129032 0,134676 0,005643 0,021772
9 0 0,145161 0,134676 0,010486 0,005643
10 0 0,161290 0,134676 0,026615 0,010486
11 0 0,177419 0,134676 0,042744 0,026615
12 0 0,193548 0,134676 0,058873 0,042744
13 0 0,209677 0,134676 0,075002 0,058873
14 0 0,225806 0,134676 0,091131 0,075002
15 0 0,241935 0,134676 0,107260 0,091131
16 0 0,258065 0,134676 0,123389 0,107260
17 0 0,274194 0,134676 0,139518 0,123389
|𝐹(𝑥(𝑖)− 𝐹𝑛(𝑥(𝑖 − 1)
)| |𝐹(𝑥(𝑖)− 𝐹𝑛(𝑥(𝑖)
)|
72
18 0 0,290323 0,134676 0,155647 0,139518
19 0 0,306452 0,134676 0,171776 0,155647
20 0 0,322581 0,134676 0,187905 0,171776
21 0 0,338710 0,134676 0,204034 0,187905
22 0 0,354839 0,134676 0,220163 0,204034
23 0 0,370968 0,134676 0,236292 0,220163
24 0 0,387097 0,134676 0,252421 0,236292
25 1 0,403226 0,661762 0,258536 0,274665
26 1 0,419355 0,661762 0,242407 0,258536
27 1 0,435484 0,661762 0,226278 0,242407
28 1 0,451613 0,661762 0,210149 0,226278
29 1 0,467742 0,661762 0,194020 0,210149
30 1 0,483871 0,661762 0,177891 0,194020
31 1 0,500000 0,661762 0,161762 0,177891
32 1 0,516129 0,661762 0,145633 0,161762
33 1 0,532258 0,661762 0,129504 0,145633
34 1 0,548387 0,661762 0,113375 0,129504
35 1 0,564516 0,661762 0,097246 0,113375
36 1 0,580645 0,661762 0,081117 0,097246
37 1 0,596774 0,661762 0,064988 0,081117
38 1 0,612903 0,661762 0,048859 0,064988
39 1 0,629032 0,661762 0,032730 0,048859
40 1 0,645161 0,661762 0,016601 0,032730
41 1 0,661290 0,661762 0,000472 0,016601
42 1 0,677419 0,661762 0,015657 0,000472
43 1 0,693548 0,661762 0,031786 0,015657
44 1 0,709677 0,661762 0,047915 0,031786
45 1 0,725806 0,661762 0,064044 0,047915
46 1 0,741935 0,661762 0,080173 0,064044
47 1 0,758065 0,661762 0,096302 0,080173
48 1 0,774194 0,661762 0,112431 0,096302
49 1 0,790323 0,661762 0,128560 0,112431
50 1 0,806452 0,661762 0,144689 0,128560
51 1 0,822581 0,661762 0,160818 0,144689
52 1 0,838710 0,661762 0,176947 0,160818
53 1 0,854839 0,661762 0,193076 0,176947
54 1 0,870968 0,661762 0,209205 0,193076
55 1 0,887097 0,661762 0,225335 0,209205
56 2 0,903226 0,973756 0,070530 0,086659
73
57 2 0,919355 0,973756 0,054401 0,070530
58 2 0,935484 0,973756 0,038272 0,054401
59 2 0,951613 0,973756 0,022143 0,038272
60 2 0,967742 0,973756 0,006014 0,022143
61 2 0,983871 0,973756 0,010115 0,006014
62 2 1,000000 0,973756 0,026244 0,010115
Os resultados do teste de normalidade para as observações de Representatividade
dos empreendedores foram:
Média: 0,726;
Desvio Padrão: 0,657;
D teste: 0,275 (o maior resultado contido nas colunas |F(x(i)-Fn(x(i))| e |F(x(i)-
Fn(x(i-1))|)
D crítico (para n>50; α=5%): 0,173 (que é resultado da fórmula 1,36/√62; 1,36 é o
numerador padrão do teste Kolmogorov-Smirnov para n maior que 50 e α
(coeficiente de erro) requerido de 5%);
Conclusão: Hipótese nula (H0) do teste é rejeitada; a distribuição não é normal,
pois o D teste é maior que o D crítico.
O mesmo teste Kolmogorov-Smirnov foi aplicado para as 63 observações de
Representatividade do grupo dos gestores. A Tabela 9 a seguir demonstra o resultado
do teste de normalidade. Observa-se que, em 29 observações referentes aos
gestores, isto é, 46% da amostra, houve resultado igual a zero. Assim, considerando
toda a amostra de gestores, 54% do total, isto é, 34 observações demonstraram o uso
da heurística da Representatividade em pelo menos umas das respostas. Em 29
observações, isso ocorreu em apenas uma das respostas (resultado igual a um) e em
cinco observações o uso da heurística da Representatividade ocorreu nas respostas
aos dois problemas (resultado igual a dois).
Tabela 9: Teste de Normalidade dos Dados de Representatividade dos Gestores
n Resultado da
Representatividade
Fn(x)
empírica
F(x)
teórica
1 0 0,015873 0,164118 0,148245 0,164118
2 0 0,031746 0,164118 0,132372 0,148245
3 0 0,047619 0,164118 0,116499 0,132372
4 0 0,063492 0,164118 0,100626 0,116499
5 0 0,079365 0,164118 0,084753 0,100626
|𝐹(𝑥(𝑖)− 𝐹𝑛(𝑥(𝑖)
)| |𝐹(𝑥(𝑖)− 𝐹𝑛(𝑥(𝑖 − 1)
)|
74
6 0 0,095238 0,164118 0,068880 0,084753
7 0 0,111111 0,164118 0,053007 0,068880
8 0 0,126984 0,164118 0,037134 0,053007
9 0 0,142857 0,164118 0,021261 0,037134
10 0 0,158730 0,164118 0,005388 0,021261
11 0 0,174603 0,164118 0,010486 0,005388
12 0 0,190476 0,164118 0,026359 0,010486
13 0 0,206349 0,164118 0,042232 0,026359
14 0 0,222222 0,164118 0,058105 0,042232
15 0 0,238095 0,164118 0,073978 0,058105
16 0 0,253968 0,164118 0,089851 0,073978
17 0 0,269841 0,164118 0,105724 0,089851
18 0 0,285714 0,164118 0,121597 0,105724
19 0 0,301587 0,164118 0,137470 0,121597
20 0 0,317460 0,164118 0,153343 0,137470
21 0 0,333333 0,164118 0,169216 0,153343
22 0 0,349206 0,164118 0,185089 0,169216
23 0 0,365079 0,164118 0,200962 0,185089
24 0 0,380952 0,164118 0,216835 0,200962
25 0 0,396825 0,164118 0,232708 0,216835
26 0 0,412698 0,164118 0,248581 0,232708
27 0 0,428571 0,164118 0,264454 0,248581
28 0 0,444444 0,164118 0,280327 0,264454
29 0 0,460317 0,164118 0,296200 0,280327
30 1 0,476190 0,726295 0,250105 0,265978
31 1 0,492063 0,726295 0,234232 0,250105
32 1 0,507937 0,726295 0,218359 0,234232
33 1 0,523810 0,726295 0,202486 0,218359
34 1 0,539683 0,726295 0,186613 0,202486
35 1 0,555556 0,726295 0,170739 0,186613
36 1 0,571429 0,726295 0,154866 0,170739
37 1 0,587302 0,726295 0,138993 0,154866
38 1 0,603175 0,726295 0,123120 0,138993
39 1 0,619048 0,726295 0,107247 0,123120
40 1 0,634921 0,726295 0,091374 0,107247
41 1 0,650794 0,726295 0,075501 0,091374
42 1 0,666667 0,726295 0,059628 0,075501
43 1 0,682540 0,726295 0,043755 0,059628
44 1 0,698413 0,726295 0,027882 0,043755
75
45 1 0,714286 0,726295 0,012009 0,027882
46 1 0,730159 0,726295 0,003864 0,012009
47 1 0,746032 0,726295 0,019737 0,003864
48 1 0,761905 0,726295 0,035610 0,019737
49 1 0,777778 0,726295 0,051483 0,035610
50 1 0,793651 0,726295 0,067356 0,051483
51 1 0,809524 0,726295 0,083229 0,067356
52 1 0,825397 0,726295 0,099102 0,083229
53 1 0,841270 0,726295 0,114975 0,099102
54 1 0,857143 0,726295 0,130848 0,114975
55 1 0,873016 0,726295 0,146721 0,130848
56 1 0,888889 0,726295 0,162594 0,146721
57 1 0,904762 0,726295 0,178467 0,162594
58 1 0,920635 0,726295 0,194340 0,178467
59 2 0,936508 0,985407 0,048899 0,064772
60 2 0,952381 0,985407 0,033026 0,048899
61 2 0,968254 0,985407 0,017153 0,033026
62 2 0,984127 0,985407 0,001280 0,017153
63 2 1,000000 0,985407 0,014593 0,001280
Os resultados do teste de normalidade para as observações de
Representatividade dos gestores foram:
Média: 0,619;
Desvio Padrão: 0,633;
D teste: 0,296 (o maior resultado contido nas colunas |F(x(i)-Fn(x(i))| e |F(x(i)-
Fn(x(i-1))|)
D crítico (para n>50; α=5%): 0,171 (que é resultado da fórmula 1,36/√63; 1,36 é o
numerador padrão do teste Kolmogorov-Smirnov para n maior que 50 e α
(coeficiente de erro) requerido de 5%);
Conclusão: Hipótese nula (H0) do teste é rejeitada; a distribuição não é normal,
pois o D teste é maior que o D crítico.