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A História de Jerusalém   A História de Jerusalém  Mahdi Abdul Hagi Mahdi Abdul Hagi é Professor Doutor em História e Ciências Políticas e autor de vários estudos sobre a Palestina. Vive em Jerusalém e fundou o Fórum do Pensamento  Árabe em 1977.  Antes, foi Secretário Geral do Conselho para Educação Superior na Cisjordânia.  Atualmente, é presidente da Sociedade  Acadêmica Palestina para o Estudo dos Negócios Estrangeiros.  Jerusalém, al-Quds al-Sharif (a nobre cidade santa) tem uma longa e rica história acentuada por seu significado http://www.alfredo-braga.pro.br/discussoes/jerusalem.html (1 of 23)15/5/2004 09:57:52

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A História de Jerusalém

 A História de Jerusalém

 

Mahdi Abdul Hagi

Mahdi AbdulHagi éProfessor Doutor emHistória eCiências

Políticas eautor deváriosestudossobre aPalestina.Vive emJerusalém efundou oFórum doPensamento Árabe em1977. Antes, foiSecretário

Geral doConselhoparaEducaçãoSuperior naCisjordânia. Atualmente,é presidentedaSociedade AcadêmicaPalestinapara oEstudo dosNegócios

Estrangeiros.

 

Jerusalém, al-Quds al-Sharif (a nobre cidade santa) tem

uma longa e rica história acentuada por seu significado

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religioso, simbólico e estratégico. Ela permanece como

testemunha da vida e das culturas dos numerosos

povos que ali reinaram. A longa historia, sua importância

central e o imaginário espiritual da cidade deram origem

a uma vasta literatura sobre o passado de Jerusalém. E

graças à emoção que a cidade suscita, poucos autores

foram capazes de resistir a colorir seus trabalhos com

análises seletivas visando mostrar que grupos de

pessoas tem mais direito sobre a cidade. O resultado é

que agora se pode achar diversas fontes de apoio a

qualquer argumento, e que há pouco consenso acerca

dos longos períodos da história da cidade. Na verdade

há, provavelmente, poucos assuntos que tenham gerado

tantas pesquisas e análises mutuamente contraditórias.

Portanto, uma revisão geral da História de Jerusalém

não deveria se deter sobre detalhes mas, ao contrário,

tentaria detectar as linhas gerais que se combinam para

formar o legado de Jerusalém. A diversidade e a

santidade da cidade, bem como o seu potencial como

um centro de convergência de diversas civilizações e

intelectuais, são a grandeza de Jerusalém. É este

legado que nós, que lidamos com Jerusalém

presentemente, devemos lutar para proteger.

 

 A terra, o seu povo e a sua história

 

Há mais de 5.000 anos, depois de um período de seca

que assolou a Península Arábica, os cananeus, tribos

dos árabes semitas, vieram se estabelecer nos

territórios a leste do Mar Mediterrâneo que formam hoje,

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a Síria, o Líbano, a Jordânia e a Palestina. Os Jebusitas,

um sub-grupo cananeu, fundaram Jebus (Jerusalém) no

lugar onde hoje está localizada e edificaram o primeiro

muro ao seu redor, dotado de 30 torres e sete portões.

 Aproximadamente 2.000 anos mais tarde, os filisteus,

vindos de Creta, chegaram na terra de Canaã.Misturaram-se com as tribos cananéias e viveram na

área sudoeste da moderna Palestina, sobre a costa do

Mar Mediterrâneo na área que agora se estende na

Faixa de Gaza até Ashdod e Ashkelon. Os cananeus

deram aos territórios que eles habitaram o nome bíblico

de "A Terra de Canaã", enquanto os filisteus deram-lhe

o nome de Filistina (Philistina) ou, Palestina.Os cananeus descobriram que estavam numa

localização estratégica e cercada por poderosos

impérios originários do Egito a sudoeste, através do Mar 

Mediterrâneo a oeste, e Mesapotâmia e Ásia a nordeste.

Mais de um milênio antes do nascimento de Cristo,

egípcios, assírios, babilônios, persas, mongóis, gregos e

romanos cresceram ao redor da terra dos cananeus efilisteus e a governaram por variados períodos de

tempo. A posição geográfica da área significava que ela

servia tanto como uma ponte entre os vários impérios

regionais, como uma arena para lutas e conflitos entre

eles. Em conseqüência, os cananeus nunca puderam

estabelecer um estado forte e unificado, e suas

organizações políticas tomaram a forma de cidadesindependentes dotadas de governos ligados por 

relações federativas. Entre as cidades costeiras mais

proeminentes dos filisteus, cananeus e fenícios que

habitaram a área da atual Palestina estavam Beirute

(Bairtuyus) Sidon, Tiro, Acre, Ashkelon e Gaza. As

cidades cananéias do interior incluíam Jericó, Nablus

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(Shikim) e Jerusalém (Jebus). A religião dessas

primeiras civilizações da Palestina era centrada na

natureza: o céu era o Deus Pai e a terra era a Mãe

Terra. Esses povos semitas de Canaã formaram a base

do tronco do qual descendem os palestinos de hoje.

Em termos de geografia, demografia, sociedade,economia e vida cultural, Jerusalém tem sido o centro

da Palestina e o grande ponto de encontro de

importantes corredores leste-oeste, norte-sul. De fato,

desde os tempos das civilizações mais primitivas da

Palestina, Jerusalém tem sido a parte mais importante e

inseparável da Palestina. Assim, quem quer que

controle Jerusalém fica numa posição de dominaçãosobre a Palestina. Nela localiza-se a raiz da turbulenta e

conflituosa história da cidade de Jerusalém.

 

Por volta do século XVIII a.C., Abraão veio de Ur, no sul

da Mesopotâmia, para a terra de Canaã. Ele se

estabeleceu nas cercanias do Vale do Jordão. Visto quenem o velho e nem o Novo Testamento não haviam sido

revelados durante sua vida, Abraão não era nem judeu

nem cristão, mas um crente na unicidade de Deus. Ele é

descrito no Gênese como tendo adorado "o mais alto

Deus". O Corão menciona que ele era um "muçulmano",

não na acepção moderna de alguém que segue as leis

reveladas no Corão, mas sim no sentido de Ter entregue "sua submissão à vontade de Deus". Assim,

cristãos, muçulmanos e judeus ainda rogam por ele em

todas as suas preces, como acreditam que Deus lhes

exortou a fazerem. Agar, a concubina de Abraão, lhe

gerou seu filho Ismael, de quem os atuais muçulmanos

traçam sua descendência; entrementes, sua mulher 

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Sara gerou-lhe o filho Isaac, do qual os atuais judeus

traçam sua linhagem. Abraão se mudou para um lugar 

perto de Hebron (al-Khalil), onde viveu pregando o

monoteísmo. Quando morreu, Ismael e Isaac

sepultaram-no na mesma cova onde sua mulher Sara foi

sepultada. Seu filho Isaac gerou Jacó (Israel) que viveu

na região de Harran (Aram).

Por volta de 1.300 a.C., os doze filhos de Jacó (Israel)

partiram para o Egito. Eles se integraram aos egípcios e

José, o mais jovem dos filhos de Jacó, casou com a filha

do sumo sacerdote. Originalmente um pequeno grupo

de pessoas, eles se multiplicara, e ganharam força

durante várias centenas de anos no Egito, tornando-seos israelitas. Foi no Egito que Moisés, o fundador do

 judaísmo e o mais eminente legislador e também profeta

para as três religiões reveladas, nasceu e estudou

filosofia egípcia, tornando-se letrado em todas as

ciências dos egípcios. Moisés, juntamente com seu povo

(B'nei Israel) deixaram o Egito por volta do século XIII a.

C.. Vagaram durante quarenta anos no Sinai, e durante

esse tempo ele recebeu a lei divina judaica no monte

Sinai (Tur).

 Após a morte de Moisés, Josué assumiu a liderança dos

israelitas e os conduziu para o oeste pelo rio Jordão até

Canaã. A primeira cidade cananéia que Josué

conquistou foi Jericó, destruindo-a juntamente com seus

habitantes. Depois, ele assumiu o controle de Yashuu(Bayt Ele) Likhish e Hebron, embora os filisteus tenham

bloqueado o avanço do povo de Moisés rumo à costa,

na área entre Gaza e Jafa, enquanto os cananeus

impediram-nos de conquistar Jerusalém. Quando

chegaram a Canaã, foram influenciados pelos cananeus

e imitaram seus ritos religiosos, especialmente na

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apresentação de ofertas sacrificiais ao Deus Baal.

Nos cento e cinqüenta anos seguintes, os israelitas,

filisteus e cananeus controlaram, alternadamente,

porções da área da moderna Palestina, com os

cananeus (jabusitas) controlando Jerusalém. Mas

nenhum grupo foi capaz de consolidar o controle sobretoda a área. Houve numerosas lutas entre grupos,

sendo que cada um mantinha sua própria cultura e sua

própria independência.

Por volta de 1.000 a.C., o rei dos israelitas, Davi, pôde

subjugar os pequenos estados de Edom, Moab e Amon.

Durante sete anos ele fez de Hebron sua capital, mas

depois transferiu o centro do poder para Jerusalémpelos últimos trinta e cinco anos de seu reinado. Depois

dele, o poder passou para o seu filho Salomão, que é

famoso por ter erguido o lugar de adoração conhecido

como o Templo de Salomão. Para os judeus, esse

templo tornou-se o centro da vida religiosa e o símbolo

básico de sua unidade. Tornou-se ainda um ponto de

peregrinação emocional para o povo judeu.Com a morte de Salomão, seu reino foi dividido em dois:

o Reino de Israel, ao norte, composto por dez tribos,

com Samaria (Sabastia) como sua capital, e o Reino da

Judéia, ao sul, composto por duas tribos, com

Jerusalém como sua capital. Lutas crônicas entre os

dois estados e batalhas colocando-os contra os

cananeus e os filisteus, caracterizaram esse período dahistória do Oriente Próximo.

Por volta de 720 a.C. os assírios, sob o rei Sargão,

destruíram o reino israelita ao norte. Em 600 a.C. os

babilônios, sob o comando de Nabucodonozor,

conquistaram o reino israelita a sudeste, destruindo o

templo de Salomão em aproximadamente 586 a.C.. Em

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ambos os casos, a maioria da população foi levada para

a Assíria e a Babilônia, na Mesopotâmia, como

escravos. Quanto a Jerusalém, tornou-se colônia

babilônica.

Por volta de 838 a.C., Ciro, rei dos persas, foi capaz de

conquistar o império babilônico (Mesopotâmia) eprosseguiu em suas conquistas até que ocupou a Síria e

depois a Palestina, incluindo Jerusalém, permitindo que

os escravos de Nabucodonozor retornassem à

Palestina, e o Segundo Templo foi concluído em 515 a.

C.

Quando o império grego floresceu (eles ainda

governaram Jerusalém durante sete anos) a Palestinacaiu sob o domínio do Egito (322-200 a.C.) e depois por 

um certo período sob o governo dos selêucidas da Síria

de 200 a 142 a.C.. Nesse ano, o rei Antióquio IV, que

tinha danificado o Templo de Salomão forçou os judeus

a renunciarem ao judaísmo e a abraçarem o paganismo

grego. Por volta de 63 a.C., depois que os romanos

subjugaram os seldjúcidas na Síria, o general romanoPompeu assumiu o controle sobre Jerusalém. Com a

ajuda dos romanos, Herodes se tornou rei da Judéia no

ano 40 a.C. e seu reinado durou até à sua morte no ano

4 A.D. Durante esse tempo, o Templo de Salomão foi

reconstruído em Jerusalém e houve a perseguição, o

processo de crucificação de Jesus Cristo, depois do

que, sobreveio a propagação da fé cristã.Na era de Tito, cerca de 70 A.D., os romanos infligiram

aos judeus uma derrota devastadora. Tomaram

Jerusalém e queimaram o templo judeu de uma vez por 

todas. Sob Adriano, várias décadas depois, os

remanescentes finais da população judaica foram

subjugados e expulsos da Palestina.

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Os romanos ergueram uma nova cidade sobre as ruínas

de Jerusalém, a qual eles denominaram de Aelia

Capitolina, com referência ao imperador Aelius

 Adrianus. Cerca de 395 A.D., Jerusalém tornou-se uma

cidade bizantina e cristã. Mas embora a Palestina e

seus habitantes se tornassem uma parte do impériobizantino política e religiosamente, a vida e a cultura dos

cananeus locais permaneceram voltadas para

Jerusalém.

 Após um breve período de controle pela Pérsia, no

começo do século VII A.D. a Palestina e o resto da Síria

saíram do jugo dos romanos e caíram na esfera do

império árabe-islâmico. Jerusalém tornou-se a primeira

direção das preces dos muçulmanos (qibla) – "o primeiro

dos dois qiblas" – e a Palestina "os recintos que Deus

abençoou".

Em 638 A.D., o segundo califa, Omar ibn al-Khattab,

chegou a Jerusalém. É importante notar que

aproximadamente por mil e trezentos anos, desde a

chegada da civilização árabe-muçulmana à Palestina,

até ao século em curso, Jerusalém permaneceu árabe,

do ponto de vista da língua, da cultura e da demografia.

Omar acreditava que Alá ordenara respeito à santidade

da cidade de Jerusalém e o respeito por Ahl al-Kitab (O

povo do livro). De acordo com o Islã, a liberdade de

culto a Ahl al-Kitab em Jerusalém é uma dádiva de Deuse, por isso, não pode ser subtraída por mãos humanas.

 Assim, Omar não tomou a cidade pela força, mas pelo

contrário, instituiu a Convenção de Omar, um acordo

que determinava o controle muçulmano sobre a cidade

mas reconhecia o direito inalienável à liberdade de

expressão para judeus e cristãos em Jerusalém.

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Omar confiou a duas famílias árabes muçulmanas em

Jerusalém as chaves da Igreja do Santo Sepulcro. Ele

agiu assim a fim de mandar uma mensagem aos

muçulmanos de que a igreja era um templo sagrado que

não deveria ser danificado, desrespeitado ou violado de

nenhum modo, e como uma resolução para rixas entre

várias seitas cristãs sobre quem deveria controlar a

igreja. Das famílias árabes residentes na cidade,

algumas se converteram ao islã imediatamente,

enquanto outras mantém até hoje sua fé cristã. Entre

essas famílias árabes cristãs e muçulmanas da velha

Jerusalém estão os Khalidis, os Alamis, os Nuseibehs,

os Judahs, os Nassars e os Haddads.

 A lei muçulmana vigorou em Jerusalém e na Palestina

desde o século VII A.D. até ao começo do século XX,

excetuando o período das Cruzadas. Os cruzados

capturaram a cidade em 1099 A.D., viram-na libertada

pelos aiúbidas sob Saladino em 1187 A.D., e depois

recapturaram-na em 1229 A.D. Cerca de 15 anos mais

tarde, os muçulmanos outra vez ali restabeleceram seu

governo, e a cidade não saiu mais do seu controle até a

ocupação britânica na I Guerra Mundial, em 1917.

 As dinastias islâmicas, como os omíadas, abássidas,

fatimidas, seldjúcidas, aiúbidas, mamelucos, otomanos e

hashimitas, respeitaram o status qüo instituído na

Convenção de Omar ibn al-Khattab. Todos eles

participaram da reconstrução de Jerusalém,preservando a santidade de sua herança e

desenvolvendo seu legado islâmico e árabe. Essas

dinastias se esforçaram para reconstruir as mesquitas

da Abóbada da Rocha e de al-Aqsa, referenciadas no

primeiro verso da Sura XVII do Qur'na. Finalmente, os

governantes árabes estavam ansiosos para dar a

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Jerusalém um status especial; o primeiro califa omíada,

Muaawiyah uniu sua identidade pessoal com Jerusalém,

denominando-se o califa de Bait al-Maqdis. O califa Abd

al-Malik ergueu, em 691, a magnífica abóbada (Qubbat

al-Sakhra) sobre a Rocha Santa de onde Maomé

ascendeu para falar com Alá e onde Abraão quase

sacrificou Ismael. Também ergueu a Mesquita de al-

 Aqsa na parte sudeste da área de al-Haram, al-Sharif,

para substituir a construção em madeira da velha

mesquita. Estas duas última mesquitas foram

restauradas e embelezadas pelos governantes árabes

subseqüentes, mais recentemente pelo rei Fahd, da

 Arábia Saudita, e o rei Hussein, da Jordânia.

 

 A história moderna de Jerusalém: a judaização

 

 A onda de nacionalismo que varreu a Europa no século

XIX chamou a atenção dos judeus e resultou no

surgimento do movimento sionista na Europa.

 A judaização de Jerusalém e da Palestina tem sido o

tema principal do pensamento, da política e das práticas

 judaicos e sionistas desde a origem do sionismo até ao

presente. O tema judaização pode ser tomado comoreferência aos programas ou processos para deslocar 

 judeus para áreas predominantemente habitadas por 

palestinos. Isto foi realizado num processo em duas

etapas: primeiro, imigrantes judeus chegam à Palestina;

depois são integrados em colônias especiais.

Entretanto, tal política não pode ter êxito sem um

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programa de despalestinização. O movimento sionista

tentou realizar isso primeiramente por meio (a) de um

controle sobre a terra, o trabalho, os recursos naturais, o

governo e a soberania palestinos, e (b) a desenraização

e expulsão dos palestinos da Palestina.

Os conceitos israelenses, sionistas e judaicos comrelação a Jerusalém e à Palestina, bem como suas

políticas e práticas se centraram nessas idéias, e as

implementaram em várias etapa:

s  Como um parceiro ativo nosesquemas europeus demanipulação do mundo árabe;

s  Como um elo, sob o Sistema deCapitulações, entre a Europa eseus interesses no mundo árabe;

s  Como um movimento político natradição dos movimentoscolonialistas;

s  Como um movimento políticoalinhado com os regimes coloniaistradicionais;

s  Como a manifestação de umpoder que rivaliza e serve comoum sucedâneo para as potênciasimperialistas.

Um breve olhar sobre acontecimentos dos últimos

séculos ilustrará essas afirmativas.

 

 A manipulação européia

 

Durante centenas de anos na Espanha e em Portugal,

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os judeus prosperaram e formaram uma ponte cultural

entre o islã e a cristandade. E enquanto a civilização

árabe-islâmica dominou o Oriente Médio naquele tempo,

Jerusalém e a Palestina eram, amiúde, a encruzilhada e

o lugar de encontro de peregrinos religiosos e

intelectuais das três grandes religiões monoteístas.Mas o surgimento do colonialismo como força motriz na

política internacional durante o século XVII afetou os

interesses e as posições dos judeus. Personalidades

 judaicas influentes cooperaram com os esquemas

imperialistas no mundo árabe das potências européias

onde viviam. Foi isso exatamente o que aconteceu, por 

exemplo, durante a campanha de Napoleão contra ooriente árabe em 1798, quando Napoleão pediu aos

 judeus para ajudá-lo nas conquistas, em troca de

retorno deles Jerusalém e da reconstrução do Templo

de Salomão. Os judeus o apoiaram e entusiasticamente

secundaram sua campanha, embora quando ele

fracassou em sua tentativa de reconquista da Palestina

e marchou em retirada de Acre, eles o tenhamacompanhado, permanecendo árabe a Palestina.

 

O sistema de Capitulações

 

No fim do século XVIII, o aumento do interesse dos

europeus no Oriente Próximo e o correspondente

declínio do império otomano levaram ao Sistema de

Capitulações, no qual as potências européias puderam

obter privilégios e pontos de apoio no Oriente Médio em

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troca de propinas e favores ao sultão. Através da

proteção e orientação de consulados estrangeiros

(britânicos, franceses, austríacos e russos) grande

número de judeus e instituições judaicas (Moisés

Montefiori, a família Rotschild, a Allince Française)

puderam construir assentamentos judeus fora dos

muros de Jerusalém. Esses assentamentos se

tornaram, mais tarde, o embrião da parte judaica da

cidade. Incluíam o Assentamento Montefiori, construído

em 1859 a oeste do Portão de Jafa; Mishkanot

Shaananim, construído em 1860 em frente ao Portão de

Jafa; e Nahlat Shivva, também de 1860, na estrada de

Jafa. Entre os anos 1875 e 1878 surgiram Mea She'arim

e Ivan Israel. Em 1882 a comunidade judaica (Yishuv)

na Palestina residiu em quatro áreas urbanas, quais

sejam, Jerusalém, Hebron, Tibérias e Safa, e constituía

seis por cento da população palestina. Ela estava

reunida dentro de seis colônias cuja área total era de

25.000 dunums (um dunum = 0.618 acres). A população

 judaica era composta basicamente de imigrantes russos

e romenos que chegaram depois dos eventos de 1881-

82 na Rússia.

Um dos colonos judeus expressou a natureza do

pensamento judeu durante esse período, dizendo: "a

meta final é realmente obter o controle da Palestina e

devolver ao povo judeu a independência política da qual 

está privado há 2.000 anos".

Continuando a trabalhar sob orientação e proteção

estrangeiras, e inspirado em projetos comerciais e

financeiros europeus, Theodor Herzl (1860-1904) em

seu opúsculo O Estado Judeu (1896) defendeu um

movimento político copiando os movimentos

colonialistas europeus. Herzl queria que o movimento

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sionista fosse um novo modelo para os movimentos

colonialistas, e ele o descreveu como sendo "uma parte

da trincheira européia contra a Ásia, um posto avançado

da civilização contra a barbárie". Ele descreveu seu

plano e os meios que precisaria empregar para colonizar 

a Palestina com estas palavras:

"Que nos seja dada soberania sobre um pedaço de

terra... e cuidaremos do resto... o plano é simples em

sua forma, embora complicado em sua execução... duas

organizações ficarão com o controle da execução do

 plano: a Sociedade Judaica e a Companhia Judaica."

Em seu diário, Herzl registrou a necessidade de se

expropriar terra na Palestina e "encorajar " a populaçãoao longo das fronteiras. Ele também acrescentou:

"Se algum dia capturarmos

Jerusalém, e ainda estivermos

vivos e capazes de fazer qualquer 

coisa, então destruiremos tudo que

não for sagrado para os judeus ali ."

O pensamento político nacionalista judeu durante esse

período foi encorpado nos anúncios políticos do

movimento sionista, cristalizados no Primeiro Congresso

Sionista da Basiléia, em 1897. Outros desenvolvimentos

institucionais dentro do sionismo se seguiram logo

depois. Mas tais planos com vistas a estabelecer um

estado exclusivamente sionista judaico na Palestina

árabe e controlar Jerusalém falharam no essencial,mesmo após o término da Primeira Guerra Mundial,

quando funcionários coloniais britânicos patrocinaram a

primeira fase do movimento colonial sionista. De fato,

durante a primeira fase da atividade sionista, entre os

anos 1878 e 1918, a área de terra sobre a qual os

 judeus ganharam controle na Palestina correspondia a

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2,48% do total do país. Em 1918 o número de judeus na

Palestina não excedia 55.000, enquanto os palestinos

somavam 700.000, isto é, 8% da população era judia e

92% era palestina.

 

 A judaização durante a ocupação britânica

s  Em decorrência da revoltapalestina de 1929 foi proposta adivisão da Palestina em cantõesárabes e judeus.

s  Em decorrência da revoltapalestina de 1936, a ComissãoReal Britânica Peel propôs adivisão da Palestina em doisestados, árabe e judeu, etornando Jerusalém um corpusseparatum, não vinculado anenhum dos dois estados.

s  Seguindo-se à Conferência St.James em 1920, a Grã-Bretanha

emitiu o Papel Branco, que impôsrestrições à imigração judaica eprometia uma terra independentepalestina em dez anos.

s  Em 1941 o plano Morrison-Gradyestabelecia uma curadoriabritânica sobre a federação deduas províncias autônomas, umaárabe e uma judia, bem como a leibritânica diretamente sobre osdistritos de Jerusalém e Neveg.

s  Em 1947 Ernest Bevin, entãoSecretário de Relações Exterioresbritânico, propôs um estadounificado sob administraçãobritânica temporária com cantõesautônomos judeus e árabes.

s  Em fevereiro de 1947, a Grã-Bretanha anunciou que nãoestava preparada para continuar 

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A História de Jerusalém

administrando a Palestina e pediuuma solução para as recém-criadas Nações Unidas. Ospalestinos e os cinco estadosárabes pediram o fim do mandatoe a independência da Palestina,mas a Assembléia Geral recusou-se a incluir esse pedido em suaagenda e ao invés disso, nomeouem maio de 1947 um comitêespecial (UNSCOP - ComitêEspecial das Nações Unidas paraa Palestina) para estudar aquestão palestina.

 

UNSCOP apresentou dois conjuntos de

recomendações. O relatório maior revivia a idéia de

partilha e recomendava a divisão da Palestina em (1)um estado judeu; (2) um estado árabe; e (3) um corpus

separatum sob administração internacional para as

cidades de Jerusalém, Belém e adjacências. O relatório

menor pedia uma união federal entre as regiões

autônomas árabes e judias, com Jerusalém como a

capital, mas com duas municipalidades separadas e

independentes, uma árabe e outra judia. O relatóriomaior, com algumas modificações, foi adotado pelo

Comitê ad hoc sobre a Questão Palestina, o qual fora

criado para estudar as recomendações do UNSCOP. O

relatório foi aprovado por dois terços de maioria na

 Assembléia Geral da ONU como a resolução 181, de 29

de novembro de 1947. Os palestinos recusaram a

resolução da partilha por considerá-la injusta. A partilhaconferia ao proposto estado judeu 56% da área

Palestina, enquanto os judeus constituíam apenas 33%

da população e detinha apenas 6% da área não urbana.

Em 14 de maio de 1948, o mandato expirou e os

britânicos se retiraram da Palestina naquele mesmo dia.

Líderes sionistas aproveitaram a oportunidade para

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declarar unilateralmente o nascimento do estado de

Israel em 14 de maio de 1948.

 A resolução da partilha de 1947, da ONU, que incluía a

internacionalização de Jerusalém, nunca foi

implementada. Muitos fatores contribuíram para isso. O

fator mais óbvio é que os palestinos recusaram-naporque ela os prejudicava em benefício dos judeus. Era

importante, também, o fato de que o mundo árabe não

estava preparado para aceitar o plano, nem unificado e

forte o bastante para enfrentar efetivamente o

emergente estado judeu. Finalmente, a resolução da

partilha nunca foi implementada também por motivo do

sionismo, e, mais tarde, da política de Israel. Elesusaram a rejeição árabe ao plano como uma desculpa

para impulsionar seus planos de ocupação e judaização

de Jerusalém e da Palestina.

Bem-Gurion revela esse aspecto do sionismo ao

declarar:

" A questão de Jerusalém não é

uma questão de rearranjos ou de políticas. É, primeiro e acima de

tudo, uma questão de capacidade

militar:

"Teremos a força militar (a) para

ocupar a área da Cidade Velha; (b)

 para ocupar um corredor largo

daqui (Telaviv) até Jerusalém, nãoapenas para atravessá-lo, mas

 para nele formar uma faixa

colonizada que ligue Jerusalém ao

resto dos territórios do estado

 judeu; e (c) destruir a Legião Árabe

na área triangular. Sem isso, não

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se pode dizer que Jerusalém foi 

ibertada".

 Assim, os israelenses puseram em prática uma "teoria

de transferência", que significava desenraizar os

palestinos, quer matando-os, aterrorizando-os ou ainda

forçando-os a deixarem suas casas. Em 9 de abril de1948, por exemplo, o Irgun Zvai Leumi de Menachen

Begin massacrou os palestinos da aldeia de Deir Yassin,

localizada nos arredores orientais de Jerusalém,

matando 250 pessoas, a maioria, idosos, mulheres e

crianças. Em 28 de outubro de 1948, o 89º batalhão de

Moshe Dayan massacrou os palestinos de Dawaymeth,

uma vila no caminho entre Jerusalém e Ramallah,deixando 580 mortos. Begin considerou o massacre de

Deir Yassin tão crucial para os sionistas que ele

declarou: "não haveria Israel sem (o que ele chamou de)

a vitória de Deir Yassin. Em julho de 1948, o exército

israelense tentou ocupar toda Jerusalém, mas fracassou

graças à resistência das forças árabes. Em setembro de

1948, como o ministro da defesa, Bem-Gurion sugeriu oempreendimento de uma operação militar para ocupar 

Latrun a fim de garantir uma "Jerusalém judaica". Em

1952, ele planejou ocupar toda Jerusalém e Hebron.

Porém outra vez os esforços palestinos e árabes

levaram ao fracasso as tentativas israelenses, com isso

preservando o caráter árabe de Jerusalém e da

Cisjordânia.

O entendimento do armistício de 1949 firmado entre

Israel e os Estados árabes declarava que "as linhas do

armistício não devem ser interpretadas em qualquer 

sentido como uma barreira política ou territorial". Não

obstante isso, Israel não somente ultrapassou as

barreiras propostas no plano de partilha de 1947 da

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ONU, mas também a linha do armistício em 1950 para

conseguir o controle sobre 77% das terras palestinas.

Em Jerusalém, Israel se apossou de 84,23% da

superfície municipal, deixando 11,48% nas mãos dos

palestinos. Os 4,39% restantes, se tornaram "uma terra

de ninguém" sob supervisão da ONU. Israel cercou os

assentamentos palestinos em Jerusalém Ocidental,

como Abu Tur, Baqah, a Colônia Alemã, e Katamon, e

trocou seus nomes para nomes hebreus: Abu tur se

tornou Giv'at; at Hannah; Baqah se tornou Ge'ulem; a

Colônia Alemã se tornou Rafa'im; e Katamon se tornou

Gonim. Novos assentamentos judeus foram montados

no meio e atrás dos mencionados assentamentos

palestinos: Talpiot, Nova Baqah, Nova Katamon,

 Assentamento de Rasqo e Giv'at Mordechai. Vinte e

nove vilas palestinas ao redor de Jerusalém forem

destruídas, suas terras confiscadas, e seus habitantes

forçados a partir.

Quanto aos eventos demográficos que se seguiram ao

armistício de 1949, Israel abriu as portas para nova

imigração ao baixar a "Lei do Retorno" em 1950, a qual

concedia a qualquer judeu, onde quer que estivesse, o

direito de emigrar para Israel, de ali se estabelecer, e de

adquirir cidadania israelense. Assim, o número de

 judeus em Jerusalém cresceu de 84.000 em 1948 para

103.000 em 1949, para 167.400 em 1961 e para

196.000 em 1967. Israel proibiu e evitou que refugiados

palestinos retornassem a seus lares, apesar da

resolução 194 da Assembléia Geral da ONU, que

proclamava (1) o direito dos refugiados palestinos ao

retorno a seus lares, (2) a devolução de suas

propriedades, e (3) compensação para aqueles que não

quiserem retornar a seus lares. Havia aproximadamente

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A História de Jerusalém

700.000 refugiados palestinos vivendo fora da Palestina,

em decorrência dos entendimentos do armistício. Israel

chamou os palestinos vivendo em Jerusalém e na

Palestina ocupada como "árabes israelenses", ao invés

de "palestinos".

Para preparar um modo de se apossar das propriedadespalestinas e suprimi-las na Jerusalém ocupada em

1948, Israel baixou uma série de leis administrativas e

legislativas. São exemplos as Leis de Emergência com

respeito a "propriedades abandonadas", Suplemento B,

Número 10, de 23 de junho de 1948; as Leis de

Emergência relativas ao cultivo de terras ermas e ao uso

dos recursos hídricos (1948); as Leis de Emergência(Zona de Segurança) de 1949; e a Lei de Propriedade

dos Absentistas de 1950. Estas "leis" permitiram aos

israelenses confiscarem tanto bens palestinos móveis

como imóveis. Estima-se que chegaram a 80% os bens

privados palestinos usurpados por Israel .

Completando a política de transformar Jerusalém numa

cidade judia, em 11 de dezembro de 1949 Israeldeclarou Jerusalém sua capital e mudou a sede do

governo para ali. O histórico cemitério Mamilah foi

destruído e convertido em um parque. Foi construído um

novo cemitério para políticos israelenses, em

homenagem a Theodor Herzl, bem como construíram

ainda um novo museu e um novo campus para a

universidade Hebraica. Israel proibiu a menção àpalavra "Palestina" ou à história árabe-islâmica nos

currículos escolares, e restringiu a admissão de

palestinos às universidades. Foram impostos também

aos palestinos restrições no que tange a trabalho,

residência e deslocamento.

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A História de Jerusalém

 

Israel como uma potência colonial

 A judaização desde 1967

 

Depois da guerra de junho de 1967, Israel se apressou a

executar a Segunda etapa do seu plano de ocupação e

 judaização do resto de Jerusalém e de toda a palestina.

Esse processo se deu com notável rapidez, e em todos

os campos: militar, administrativo, legislativo,demográfico, geográfico, religioso e histórico-

arqueológico. Seu fim último era a completa

desenraização e destruição da Palestina.

 A despeito das políticas e medidas para judaizar e

despalestinizar Jerusalém desde 1948, 160.000

palestinos ainda vivem em Jerusalém, com instituições e

organizações palestinas tratando de todos os aspectosde suas vidas. Seis milhões e quinhentos mil palestinos

resistem à ocupação israelense, rejeitam suas "leis" e

"políticas", e defendem com firmeza seus direitos.

Consideram Jerusalém uma parte inseparável da

questão palestina e um elemento fundamental do

conflito palestino/israelense que não pode ser ignorado,

e nem colocado em qualquer agenda palestina.

 

Conclusão

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A História de Jerusalém

 

Na busca de uma solução política para o conflito

palestino-israelense, a questão Jerusalém pode ser um

fórum aberto e a melhor via para uma saída. A primeira

lição que aprendemos da história de Jerusalém desde

os tempos antigos até ao presente é que mais de umgrupo tem reivindicações importantes e laços estreitos

com Jerusalém. A outra lição é que enquanto o conflito

sempre representou uma praga para a cidade, a

coexistência e a tolerância tem precedentes

significativos: desde que os israelenses começaram a

partilhar da cidade com os jebusitas sob o rei Davi, até

quando Omar reconheceu os direitos dos cristãos nacidade. De fato, embora a cidade esteja atualmente

dividida, muitos jerusalemitas de diferentes religiões

interagem construtivamente. Esta coexistência pode

evoluir rumo à paz e à estabilidade em Jerusalém e

realmente em toda a Palestina, desde que haja

compreensão e respeito mútuos e simultâneos entre

palestinos e israelenses baseados na tolerância e na justiça.

O problema de Jerusalém não será resolvido a menos

que todos os direitos de ambos os povos – israelenses e

palestinos – sejam reconhecidos no espírito da longa e

variada história dessa cidade santa. Reconhecer os

direitos coletivos de apenas uma população, os

israelenses, constitui uma justiça indefensável. Tentar expulsar a presença árabe que dominou Jerusalém por 

1.300 anos é uma afronta aos palestinos, à humanidade

e ao legado de Jerusalém, contra os israelenses, árabes

e a comunidade internacional devem resistir com

firmeza. Todas as partes devem reconhecer que não há

 justificativa legítima para um governo exclusivo sobre

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toda a cidade. Isto tem de ser reconhecido substituindo-

se o modelo atual por outro baseado na partilha da

cidade: duas capitais, duas soberanias, duas

municipalidades e dois povos vivendo de modo

independente e próximo, numa cidade aberta e livre.

Devemos "separar e partilhar".

 

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