A História do Petróleo

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  • 8/2/2019 A Histria do Petrleo

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    Petrleo - O Ouro Negro

    PLANETA TERRA - DEZENAS OU CENTENAS DE MILHES DE ANOS ATRS

    Organismos aquticos, vegetais e animais, proliferam nos mares, apresentando uma lenta pormconstante degradao bacteriolgica. Esta matria orgnica decomposta migra para camadassuperiores do subsolo e se concentra em rochas permeveis que atuam como um reservatrio. Oconjunto dos produtos provenientes desta degradao so hidrocarbonetos e gases que futuramente

    seriam conhecidos como petrleo, ou seja, o "leo de pedra" ou o "ouro negro" um produto quedaria um impulso extraordinrio ao desenvolvimento econmico da humanidade mas que, emcontrapartida, seria o pomo da discrdia que levaria muitos povos guerra.

    Conhea agora um pouco de sua histria, como tudo comeou e de que forma esta aventurahumana poder terminar.

    LOCALIDADE DE HIT, MESOPOTMIA, S MARGENS DO RIO EUFRATES, NO MUITODISTANTE DE BABILNIA (ONDE HOJE FICA BAGD) - 3000 a.C.A

    Uma substncia natural rica em carbono e hidrognio,lodosa, semi slida, chamada betume, tambm conhecida

    como asfalto, assoma superfcie atravs de fendas efissuras e largamente utilizada, acredita-se que desde5000 a.C., como argamassa nas construes de Babilniae at mesmo na muralha de Jeric.

    H registros de sua utilizao no Egito, at comocoadjuvante no processo de mumificao.

    O betume utilizado tambm como impermeabilizante ena pavimentao de estradas. Apesar de ser altamenteinflamvel pouco utilizado para a iluminao e, como

    ocorreria mais tarde nos Estados Unidos, muito usado como medicamento.

    Acredita-se que o betume serviria tambm como poderosa arma de guerra j que relatos de Homerona Ilada falam de ataques a embarcaes com bolas de fogo que no podiam ser apagadas. Relatosimilar tambm feito quando do ataque de Ciro, o rei da Prsia, cidade de Babilnia.

    CHINA - 200 a.C.

    Ao escavarem poos em busca de sal, os chinesesdescobrem leo e gs que devidamente canalizadosso usados na iluminao e como combustvel. Posteriormente, Marco Polofar referncia ao uso de "pedras negras que so queimadas como se

    fossem pedaos de madeira", ou seja, o uso do carvo mineral conhecido naChina desde o incio da era crist.

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    ARMNIA, FRONTEIRA COM A GERGIA - 1260 DE NOSSA ERA

    Marco Polo em sua viagem China, passa pela Armnia e na fronteiracom a Gergia observa e relata em seu Livro das Maravilhas uma grandefonte da qual "sai um licor semelhante ao leo, em tal abundncia quepodem carregar-se cem navios de uma s vez". O maior viajante detodos os tempos nota que o leo era utilizado para queima e servia

    tambm para untar os camelos protegendo-os de doenas.

    EUROPA - IDADE MDIA EM DIANTE

    Estranhamente, o conhecimento sobre o petrleo ficaria restrito ao Oriente e, com raras excees,no chegaria ao Ocidente. Tal fato talvez se explique porque as ocorrncias de betume ficavam almdas fronteiras do Imprio Romano, sendo relatadas apenas como curiosidade, no sendo transmitido

    s futuras naes ocidentais. Mas h relatos que do conta, a partir da Idade Mdia, da ocorrnciade petrleo em algumas localidades da Europa, sendo os poos cavados manualmente peloscamponeses. A tcnica do refino chegou Europa transmitida pelos rabes, mas o petrleo usadoapenas como uma panacia por antigos monges e mdicos.

    NOROESTE DA PENSILVNIA - ESTADOS UNIDOS - 1853 - UMAPRIMEIRA VISO DO FUTURO

    George Bissell era um professor e advogado em Nova York, umverdadeiro "self made man", que se auto sustentava desde os dozeanos. Ele falava muitas lnguas mas tambm tinha um faroexcepcional para negcios.

    Em !853, de volta a sua terra natal, Bissell, quando ia visitar suame, passa pelo oeste do Estado da Pensilvnia e v, pela primeiravez, naquela regio isolada dos Estados Unidos, o "leo de pedra"borbulhando nos mananciais ou vazando nas minas de sal dasflorestas da regio. Alguns poucos barris eram obtidos por mtodosbem primitivos, escumando o leo que ficava na superfcie dosmananciais e dos crregos ou embebendo-o em trapos e cobertores.Era conhecido como "leo de Sneca" em homenagem aos ndios dalocalidade, que transmitiram aos brancos o conhecimento de suautilidade como remdio tanto para os homens como para os animais.

    HANOVER, ESTADO DE NEW HAMPSHIRE - ESTADOS UNIDOS - MESMOANO DE 1853 - UMA SEGUNDA VISO DO FUTURO

    Mais tarde George Bissell, aps visitar sua me, vai rever sua antigafaculdade o Dartmouth College e eis que uma garrafa colocada em cima deum armrio na sala de um professor,chama-lhe a ateno. Na garrafa h uma amostra daquele mesmo leo depedra da Pensilvnia, muito utilizado como remdio. Ele sabia que aquelelquido negro e viscoso era inflamvel e, num lampejo, concebeu a idia deque o leo poderia ser utilizado no como remdio mas sim comoiluminante.

    Aqui h necessidade de se abrir um parntese: Naquela poca o mundo e especialmente os EstadosUnidos viviam uma grande crise relacionada com a iluminao. A exploso populacional e aRevoluo Industrial aumentaram sobremaneira a necessidade de um iluminante que at ento sebaseava no uso de um simples pavio impregnado de alguma gordura animal ou leo vegetal. Os

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    mais abastados usavam o leo de baleia, de melhor qualidademas de preo mais alto. Mas os cachalotes do Atlntico jestavam em processo de dizimao e os preos com isso seelevavam muito.

    Havia outros produtos como o canfeno, um derivado daterebintina que soltava muita fumaa e as vezes costumavaexplodir na casa das pessoas. As ruas e algumas casas eram

    iluminadas pelo chamado gs urbano, destilado do carvo queera colocado nos lampies. Mas o gs era caro e pouco confivele em 1854 o canadense Abraham Gesner desenvolveu umprocesso para extrair leo do carvo ou do asfalto. Chamou oproduto de "querosene" de "keros" e "elaion", palavras gregasque significam "cera" e "leo". Mas o problema principal ainda

    persistia, ou seja, o custo era muito elevado e a quantidade produzida insuficiente.

    Bissell sabia que sua idia s vingaria se ele conseguisse resolver estes dois problemas: um leoiluminante que pudesse existir em grande quantidade e que pudesse ser fabricado a baixo custo.Mas ele levou sua idia adiante e tratou de conseguir investidores, convencendo-os de que estavamdiante de uma grande e rendosa descoberta. Seu entusiasmo era tanto que conseguiu arrecadar o

    suficiente para contratar um renomado professor de qumica da Universidade de Yale que faria umapesquisa na regio e analisaria detalhadamente o produto. Os resultados foram amplamentefavorveis. O leo podia ser levado a vrios nveis de ebulio e com isto ser refinado, obtendocomo subproduto um leo iluminante de altssima qualidade. Logo porm surgiu a primeira dvidapara os participantes da recm fundada Pennsylvania Rock Oil Company de Bissell: Haveria bastanteleo disposio ou, como muitos diziam, eram apenas um gotejamento das fendas subterrneasdo carvo?

    NOVA YORK - UM DIA QUENTE DE 1856 - A TERCEIRA E DEFINITIVA VISO DO FUTUROBissell que j tivera dois lampejos anteriores teria, numa tarde quente do vero novaiorquino, umterceira viso que seria definitiva para a implantao da indstria do petrleo. Bissell, ao se refugiardo calor, procura abrigo no toldo de uma farmcia e v ento numa vitrine a propaganda de um

    remdio feito a base de petrleo. O cartaz mostrava vrias torres de perfurao das que eramusadas nos poos de sal, onde o petrleo acabava aparecendo como uma espcie de subproduto. Atcnica de perfurao de poos de sal havia sido desenvolvida pelos chineses h mais de um sculoe meio, alcanando quase 1000 metros de profundidade. Da China a tcnica foi importada pelaEuropa e de l chegou aos Estados Unidos. O olhar arguto de Bissell logo vislumbrou umapossibilidade nova: Porque no utilizar a mesma tcnica de perfurao do sal para o petrleo?

    E assim foi feito. Mas inmeras dificuldades surgiriam num processo interminvel de erros e acertoscom todos achando que Bissell e seus companheiros eram loucos. Quando o processo j estavaquase sendo abortado, em 27 de agosto de 1859, a broca ao atingir 21 metros de profundidadedeslizou mais alguns centmetros e fez jorrar petrleo no poo, dando incio a uma agitao similar acorrida do ouro da Califrnia. Estava nascendo a "Luz da Era", uma iluminao forte, brilhante e

    barata.Bissell, naturalmente ficou rico mas fez inmeras obras filantrpicas doando inclusive dinheiro paraa construo de um ginsio no Dartmouth College onde ele havia visto a garrafa de leo de pedraque lhe permitiu uma viso do futuro.

    Alm da querosene outros usos do petrleo foram sendo incorporados como a vaselina e a parafinae, principalmente, como lubrificante, essencial para o bom funcionamento das mquinas danascente atividade industrial.

    Em 1882, outro americano, Thomas Alva Edison, abriu as portas para o surgimento de uma "novaluz": a eltrica.

    Que futuro teria ento o petrleo? O que a Standard Oil, j ento a maior empresa do mundo,fundada por John D. Rockefeller, faria com os milhes de dlares investidos na produo, refino,armazenamento, distribuio e transporte do petrleo que estava quase que totalmente voltadopara a iluminao?

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    Se uma nova descoberta revolucionria ameaava oimprio do petrleo, podendo fechar as portas do lucro,outra descoberta, tambm revolucionria, viria a ocorrer"salvando" o petrleo e abrindo caminho para uma unio queperdura at nossos dias: a " carruagem sem cavalo", nossovelho conhecido automvel.O resto da histria sobejamente conhecido. Os campos depetrleo se espalharam pelo mundo numa empreitada de

    guerras, invases, ganncia, dinheiro e poder. O petrleo passaa ser a principal fonte de energia mundial, transformando apaisagem contempornea e o modo de vida moderno. Seussubprodutos passam a ser fundamentais para a agricultura,como fertilizantes, para a indstria qumica, de plsticos e tantasoutras mais, tornando-o indispensvel para os novos tempos. Ostrustes, o poder econmico, podem agora construir ou destruirnaes, correndo muito sangue em nome daquele que um diahavia sido saldado como o exterminador da escurido.A ERA DO PETRLEO - AT QUANDO?

    Ainda vivemos a "era do petrleo" mas dois fatos levam-nos a questionar sua durabilidade. Oprimeiro deles diz respeito a possibilidade cada vez mais presente das fontes naturais se esgotarembrevemente. O segundo se relaciona com o uso indiscriminado e desregrado do petrleo,ocasionando gravssimos problemas ambientais, com uma poluio crescente que ameaa toda ahumanidade.

    Nosso Planeta prescinde de uma fonte energtica que seja renovvel, economicamente eficiente eambientalmente benigna. A energia solar, por atender todos estes requisitos talvez seja a soluo,mas at l espera-se que a humanidade tenha aprendido a utilizar melhor e mais equilibradamenteas ddivas que a natureza lhe oferece.

    Fonte: Joo Aranha - USP - Escola de Engenharia de So Carlos