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http://livrosgospel.net http://livrosevangelicos.org Livros gospel e estudos bíblicos grátis, livros de utilidades gerais e produtos diversos A História do Pinda história verídica Estava olhando fixamente para os verdes ramos de uma árvore que fica ao lado do quintal onde moro. Na verdade, estava acompanhando os movimentos de uma bela rolinha macho com sua companheira. Sorri, porém os meus olhos estavam rasos de lágrimas... Senti uma grande dor no peito, meu coração explodia de saudades; Saudades do Pinda. Pinda? Mas de quem se trata? Neste momento as duas rolinhas alegremente foram para outra árvore e desapareceram de vista... Foi quando

A história do pinda

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gerais e produtos diversos

A História do Pindahistória verídica

Estava olhando fixamente para os verdesramos de uma árvore que fica ao lado do quintalonde moro. Na verdade, estava acompanhando osmovimentos de uma bela rolinha macho com suacompanheira. Sorri, porém os meus olhos estavamrasos de lágrimas... Senti uma grande dor no peito,meu coração explodia de saudades; Saudades doPinda. Pinda? Mas de quem se trata? Nestemomento as duas rolinhas alegremente foram paraoutra árvore e desapareceram de vista... Foi quando

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eu senti a inspiração para quem sabe descrever "Asaudade".

Sentada, com o papel e a caneta sobre a mesa,em minha mente se desenrola toda trajetória deuma vida bem curta: A história do Pinda. Comcerteza, você meu amado leitor, que por simplescuriosidade pôs-se a ler esta veraz narrativa, estejaansioso por saber qual o meu objetivo emrelatar-lhe esta história.

Dia 28 de fevereiro de 2003, estando em minhacasa com minhas duas filhas e meu filho, ocupadosem nossos afazeres... ouvimos batidas fortes emnosso portão. Fui atender e deparei com minhasobrinha, trazendo consigo um pote que logopassou para minhas mãos dizendo:

— Tia, a minha mãe pediu se a senhora podecuidar deste filhotinho de pássaro, pois as criançaso pegaram do ninho, e o estavam maltratandomuito... — Ela se despediu, deixando em minhasmãos o pequeno recipiente, fechei o portão olhandofixamente para dentro do pote e para minhasurpresa ele continha uma pequena rolinhasemimorta...

Caminhei de volta a minha casa. Logo meusfilhos vieram ao meu encontro para saber do que setratava.

Eu mostrei-lhes o pote e contei-lhes o ocorrido.Nos entreolhamos com uma interrogativa: O quefazer?

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Minha filha mais nova foi quem quebrou osilêncio, pegou a pequena rolinha e disse: Vou darágua e comida para ela. Mas, a pequena estavabastante machucada...

No dia seguinte, pela manhã, enquanto eulutava para dar-lhe algo que comer, ela morreu emminhas mãos. Chamei meu filho e a enterramos nojardim.

Durante aquela manhã, eu fiquei a recordarfatos que ocorreram em minha infância, comoquando eu chorava com minha irmã para que nossamãe abrigasse em casa todos os cães e gatosabandonados e feridos da redondeza, quando eladizia: Não e ponto final... Bom, eu também nãogostava nadinha da carrocinha de cachorro daminha época, pois diziam que iriam transformar ospobres cachorrinhos em sabão. Hoje eu sei comcerteza que minha mãe tinha toda razão. Talvezessas lembranças vieram devido à chegada darolinha e de sua trágica partida.

A tarde chegou, e já havia me esquecido doocorrido, quando novamente batem ao portão.

Desta feita, foi meu filho quem atendeu. Fuiaté a porta para ver quem chegava e, novamente,me deparei com minha sobrinha...

Ela vinha apressadamente com suas mãosunidas, como que trazendo algo. Acompanhada demeu filho que curiosamente desejava saber o quecontinha em suas mãos.

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Lembro-me que minha filha mais nova estavasentada no sofá da sala e todos nós ficamosestatelados quando minha sobrinha entrou ecolocou no colo dela outra rolinha macho! Logo quea pequena ave se sentiu livre, levantou a asinha emsinal de defesa. Todos nós rimos muito da atitudedaquela avezinha que, cuidadosamente, foicolocada no chão por minha filha. Sentindo-se nochão, ela percorreu toda a sala como um patinho debrinquedo, pois não sabia voar.

Minha sobrinha relatou, antes de voltar paracasa, que esta rolinha era da mesma ninhada daque havia morrido; porém, esta, apesar dos maustratos, estava com saúde. Ficamos observando arolinha correndo de lá para cá. Enquanto minhafilha, com algumas folhas de jornal, preparava umninho coberto por um pano quentinho paracolocá-la. Notamos que o filhote sentia fome,porém não sabíamos o que lhe dar para comer:Arroz? Pão? Alpiste?

Minha filha passava horas com o ninho sobre amesa quebrando caroços de arroz, descascandoalpiste para alimentá-la... O que ele comia, eramuito pouco, porém a tentativa durava o dia todo.

Nessa época, minhas duas filhas estavamterminando o ensino médio, enterradas nos livros eainda ajudavam-me nos afazeres domésticos, masmesmo assim, a dedicação à rolinha era muitogrande.

Eu, meu esposo e meus filhos servimos aoSenhor Jesus e, com a permissão de Deus,moramos no quintal da igreja em que somos

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membros. Tínhamos bastante responsabilidade nãosomente com a limpeza do templo, mas tambémcom a ministração do louvor onde meus filhosfazem parte. Porém, o amor e a dedicação para comaquela avezinha foram indispensáveis.

Certo dia, minha filha disse:

— Mãe, eu faço de tudo para ela comer, mas...

Realmente, ela descascava o alpiste e comtodo cuidado abria o bico do pequeno Pinda paraalimentá-lo; de dez tentativas, uma ele engolia.

Depois dessa conversa, ela resolveu orar. Naverdade era tão difícil alimentá-lo que, pela manhã,quando minhas filhas iam para escola diziam:

— Mãe, dá comida ao Pinda...

O que pra mim era uma tarefacomplicadíssima!

(O nome Pinda foi escolhido pela família, masnós também colocávamos vários apelidos nele:"Pindinha Gostosão" "Pindoca" "Lindo").

Todos os dias, minha filha colocava um panode prato sobre a pequena mesa da copa, umacolher com água, um punhado de alpistedescascado, colocava o Pinda e com o dedoensinava-lhe a comer.

Que grande alegria quando Deus honrou nossafé, e o fez comer sozinho os primeiros grãos dealpiste!!!

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Pinda já estava grandinho, havia trocado suaspenas de filhote, por belas penas marronsavermelhada; os pés e os olhos rosados.Minha filha e meu filho tiveram que fazer para eleum poleirinho, pois Pinda já não aceitava o seuantigo ninho.

De dia o poleiro ficava atrás da porta, de noiteatrás do sofá da sala com uma folha de jornal paranão sujar o chão.

Pinda ficou tão bagunceiro que não ficava maissozinho de jeito nenhum, era só colocá-lo nopoleirinho e sairmos todos do quarto, que lá estavao Pinda atrás de nós... Então gritávamos:

— Cuidado para não pisar nele!

Quando minhas filhas sentavam-se no chãopara estudar, lá estava ele no colo delasaconchegado, hora dormindo cá, hora dormindo lá.Pinda passava tempos empoleirado no ombro detodos de nossa família, mas de pessoas que nãoeram de nossa casa ele estranhava.

Quando meu filho ia fazer alguma pesquisa nainternet, lá estava o Pinda em seu ombro como seestivesse querendo aprender. Tambémcostumávamos dizer que o Pinda estava por dentrode todas as notícias.

À noite, minha filha o alimentava e o colocavaem seu poleiro no cantinho do meu quarto, apagavaa luz e começava a cantar para ele dormir. Ela, comsua belíssima voz, sempre louvava ao Senhor naigreja, e o Pinda gostava de dormir ao som de sua

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voz, também.Talvez seja por isso, que, às vezes,éramos surpreendidos com o Pinda desabrochandoum lindo canto, demonstrando que ele tambémseria um louvador.

Nas manhãs quentes de verão do Rio deJaneiro, enquanto o calor do sol entrava pela janelado quarto, minha filha aconchegava Pinda em suasmãos e o aproximava da torneira, lentamente,Pinda ia se molhando e se sacudindo, após todoesse conforto, era levado para o sol, onde,regozijante, levantava suas asinhas. Quando elapassava grande período da tarde estudando asapostilas para a prova e cansada, jogava-se nacama para descansar, lá estava o Pindaaconchegado em seu braço. Então eu dizia:

— Cuidado para não dormir, e machucá-lo! —Dez minutos após, lá estavam os dois dormindo,então eu com todo carinho, pegava o Pinda ecolocava-o em seu poleirinho.

De fevereiro para maio de 2003, três meses jáhaviam se passado. Pinda já estava adulto, e paraele ficar no poleiro durante o dia, era impossível!Com isso, enquanto eu passava pano no chão, eleia escorregando para lá e para cá.

Quando eu percebi que ele já era crescido, faleipara meus filhos:

— É hora de deixarmos o Pinda partir; ele já éadulto, e precisa construir sua família! Deus criouos pássaros para serem livres. Todos se opuseram:

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— Mas, ele está livre mamãe, ele gosta de nós,e se nós o soltarmos, ele irá morrer! Onde eleencontrará comida?

No quintal havia um pé de mamão de doismetros de altura, a seis metros da porta da sala.Peguei o Pinda e o empoleirei no ramo da folha domamão, eu aparentava estar bem segura, mas meucoração estava em pedaços, além do mais, todosreprovavam minha atitude.

Ele ficou muito tempo pousado na rama domamão. Quando meu esposo passou, Pinda nãoperdeu tempo; com um pequeno vôo, pousou emseu ombro e, com essa atitude, lá estava ele devolta...

Todos se alegraram. No entanto, chegaram àconclusão de que ele realmente precisava terliberdade.

O próprio Pinda nos considerava sua família.Quando algum passarinho se aproximava do seugalho, ele levantava sua asinha em sinal de defesa.

Todavia, eu continuei colocando-o no mamoeiro,para que ele pudesse conhecer a natureza.

Sentava-me um pouco distante paraobservá-lo. Daí a pouco ele pousava em meuombro. Assim eu lhe dizia:

— Pinda, você precisa ter liberdade, e aprendera conviver com outras aves de sua espécie.

Todos os dias eu fazia assim. Às vezes, quandoeu entrava em minha casa, ele chegava primeiro

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que eu, e pousava sobre o sofá. Então eu ochamava, ele voava em minha direção e pousavaem minhas mãos. Eu, com todo carinho, o colocavasobre a mesa, dava-lhe água e alpiste; ele própriojá conhecia a sua latinha de comida e sua colher.

Certa manhã, após colocá-lo no ramo domamão, estava distraída com meus afazeres; meusfilhos estavam na escola; meu esposo havia saído.De repente, olhei para o mamoeiro e...

— Cadê o Pinda?

Não estava mais ali! Procurei toda casa e não oencontrei, meus filhos chegaram, e o Pinda nada deaparecer!

Quando já estava quase anoitecendo quementra pela porta? O Pinda! Todos nós ficamosalegres, pois pensáramos o pior a respeito dele.

Desse dia em diante, quando eu o colocava nomamoeiro, ele voava para o pé de goiaba, para o péde amora, depois para mais distante, mas semprevoltava para dormir em seu poleirinho que ficavaatrás do sofá.

Até que no final de maio de 2003, Pinda nãoquis voltar para casa. Lembro-me que, nestamesma noite, caiu um forte temporal, e eu tenteiesconder a minha tristeza, para amenizar a demeus filhos.

À noite, enquanto a chuva caia forte, não pudeconter as lágrimas, olhava para o poleiro vazio...

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Eu me recordo que nessa noite, o rádio estavaligado bem baixinho, e tocava um louvor que dizia:Viajante solitário, enfrentando os perigos da noite...

Eu, sinceramente, tinha o Pinda por morto,afinal ele sempre voltava à noite.

Ao amanhecer minhas filhas, meu filho e meuesposo saíram. Somente eu fiquei em casa, lavandoroupa, e, de vez em quando, dava uma parada paraolhar as árvores, quem sabe ele estava vivo?

Foi quando, para minha surpresa, às 9:00hs,Pinda pousou em meu ombro... estavacompletamente faminto...

Que alegria! Enquanto ele comia e saciava suasede, fiquei conversando com ele:

— Onde você andou, Pinda? Porque você nãoveio ontem?

Parecia que ele compreendia tudo que euestava falando, fazia um som como serespondendo: hu, hu, hu...

O interessante é que ele queria ir embora,estava apressado. Eu queria segurá-lo para quemeus filhos o vissem, mais foi impossível! Eleestava com certeza apaixonado!

Mais tarde, enquanto eu contava a aparição doPinda, ele voltou. Todos fizeram aquela festa!Novamente ele se alimentou e foi embora.

Ficamos curiosos para saber que princesa haviaconquistado o coração do Pinda. E não foi difícil

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para descobrir, pois ele nunca se distanciava denossa casa, sempre estava por perto. Quando nós ovíamos, batíamos as mãos e dizíamos: — Vem,Pindinha! Ele, quase que imediatamente, vinha epousava em nosso ombro. Todos que viam, ficavamencantados...

Quando estávamos na sala conversando, elevinha e pousava no mármore da janela; então, erasó levantar uma das mãos e Pinda pousava sobreela. Só nos restava colocá-lo sobre a mesa, paraque ele pudesse alimentar-se. Surpresos, todosperguntavam: e agora o que ele vai fazer? Nósrespondíamos: Ele vai comer, e vai embora.

Certa vez, ele trouxe sua amada esposa parauma árvore bem perto de nossa casa, uma rolinhalinda; bem mais clara que ele. Eles estavamchocando, por esse motivo, Pinda comia bastantealpiste para que pudesse alimentá-la. Vendo isso,nós pegávamos alpiste e água e colocávamos sobrea cadeira em frente à janela e nos escondíamos.

Para nossa surpresa, vimos ambos sobre amesa alimentando-se... Quando nos aproximamos,ela fugiu amedrontada. Desse dia em diante elacomeçou a aproximar-se bastante, porem, só oPinda entrava.

Na época em que nasciam os filhotes, ele vinhamuitas vezes ao dia para buscar alimento.

Certa feita, Pinda pousou em frente à porta dasala, e, quando eu o chamei, ele não atendeu. Meuesposo notou que ele chamava alguém, pois batiaas asinhas, pensamos que se tratava da fêmea, no

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entanto, era seu filhote que ele fazia questão denos apresentar. Quando o filhote pousou junto aele, ele voou para dentro de nossa casa, fazendocom que o filhote o acompanhasse... Porém nomomento em que o filhote nos viu, assustou-se ecaiu no chão da cozinha e eu pude pegá-lo e levá-lopara o quintal, onde voou alegremente. Ficamosfelizes em conhecer a família do Pinda.

Todos que conheceram o Pinda: pai, mãe,irmãos, sogra, sobrinhos e conhecidos, pediam parasegurá-lo.

Quando ele chegava para comer, e encontravapessoas desconhecidas em nossa casa, relutava umpouco para entrar. Lembro-me do sorriso de meupai de 85 anos, que segurou em suas mãos o Pinda.Ele disse:

— Com essa idade, nunca vi nada igual, obichinho vai e volta... É incrível!

Minhas filhas são explicadoras, e seus alunosficavam perplexos quando o Pinda ia visitá-las,enquanto davam aulas no segundo andar de nossacasa. Minha filha aproveitava a ocasião e, com oPinda empoleirado em sua mão, dizia-lhes que osanimais afastam-se do homem por terem medo deserem maltratados...

Lembro-me que, em uma tarde bem fria, euestava sozinha; meus filhos haviam ido à formaturae meu esposo não estava. Pinda chegou,coloquei-o, como de costume, sobre a mesa, e,após ele comer, levei-o até a porta, para que elepudesse voar, mas ele não quis! Do contrário,

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aconchegou-se em minhas mãos e ali ficou... Insistiem dizer:

— Vai Pinda!

Então ele pulou das minhas mãos para o meuombro como se quisesse fazer-me companhia, eassim ficou comigo durante muito tempo. À noite jáestava chegando, quando ele resolveu ir.

Pela manhã bem cedo, antes mesmo delevantarmos, Pinda pousava em uma árvore bempróxima de nossa casa e punha-se a cantar; todosnós sabíamos que o Pinda estava nos chamando,pois ele queria que alguém abrisse a porta para queele pudesse entrar e se alimentar.

Onde eu moro é tudo cercado por verdesárvores e que, como cenário, tinha a linda presençado Pinda, e de seu belíssimo canto... Ele tantolouvava a Deus quanto nos alegrava.

Pinda lutou para que sua companheiraaceitasse construir o seu ninho em uma árvore bemem frente à porta de nossa sala, pois ele sempregostou de ficar pertinho de nós. Ele tentou váriasvezes, porém tudo foi em vão.Eu gostava de sempre acompanhá-lo em suaspersistências. Eu me recordo que ele a trazia,mostrava-lhe um lugarzinho aqui e ali, porém elademonstrava pouco interesse e voava para outraárvore, sendo rapidamente por ele seguida.

Dentre tantas lembranças, muitas delasserviram como exemplo de vida. Fico imaginando

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como Deus, o Senhor, coloca dentro do coração desuas criaturinhas tão pequeninas, tamanho afeto...

Um exemplo que ficou marcado em minhalembrança, deu-se em uma dessas trajetórias, emque o Pinda e sua companheira passavam todo diaescolhendo palha para construir o seu ninho. O localpreferido por ele era em um quintal que ficava aolado de nossa casa, ali sim, ele encontrava materialde qualidade para construir seu ninho. Durante tododia, ele ia ao chão e retornava com um raminho emseu bico. Imaginei que o ninho já estivesse pronto,pois não via mais a fêmea, somente ele.

Havia chovido e ventado bastante a semanainteira, com certeza o ninho havia caído. Chameimeus filhos e meu esposo para ver o que jamaisesquecerei: em um galhinho de uma árvore, estavao Pinda e sua companheira tão juntinhos de formaque sua asinha a cobria como se a quisesseconsolar, a chuva fininha ainda caia sobre eles...Esta cena ficou gravada em minha mente.

Quando o Pinda não estava com filhote, elegostava de ficar mais conosco. Quando minha filhao alimentava, e o levava até a porta para que elevoasse, ele deitava em suas mãos, fechava osolhinhos e dormia. Ele se sentia seguro em nossasmãos.

Quando nós estávamos no quarto, escrevendoou coisa parecida, ele pousava no sofá da sala,voava para o chão e ia direto para o nosso quarto...Ele conhecia a casa inteira.

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Quando víamos o Pinda chegando, caíamos narisada, dizendo: — "Chegou o Gostosão!".

As vezes em que minha mãe vinha em minhacasa, ela dizia:

— Deixa-me pegar ele um pouquinho?

Apesar do Pinda reclamar um pouco: Hu...hu... hu..., eu o colocava nas mãos dela, que todacontente dizia:

— Hoje ele não me estranhou.

Ah! Que saudade desses tempos...

No início, eu disse: vou tentar descrever asaudade, mas como descrevê-la? Será que passarpara o papel a trajetória de alguém que jamaistornaremos a ver, amenizará a dor?

A lembrança nos faz recordar momentostristes, porém também nos lembram momentos defelicidades que nos fazem sorrir, então dareicontinuidade a esta história totalmente veraz.

Em agosto de 2003, quando terminaram asférias e os alunos de minhas filhas retornaram àescola, tiveram bastante tempo para acompanharos movimentos do Pinda. Várias vezes eles viram oPinda chegar e pousar em nosso ombro, entãointerrogavam:

— Porque ele volta? O que ele come? Eu queriater um assim...

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Minhas filhas respondiam:

— Ele volta porque é feliz e não está emcativeiro...

Na passagem de 2003 para 2004 ficamosmuito preocupados com o Pinda, pois a queima defogos foi ensurdecedora, entretanto, no primeiro diado ano, quem veio nos ver? O Pinda! Afinal decontas, ele nunca deixou de nos ver, o mínimo queele vinha era duas vezes ao dia. Mas, quandoestava com filhotes ele vinha mais vezes.

Dia 04 de abril foi um dia festivo para nós, diado batismo da minha filha. O ônibus estava paradoem frente à igreja, os irmãos estavam chegando,todos estavam felizes.

Neste dia Pinda não se aproximou, com certezaestava temeroso, mas é certo que estavaobservando tudo, como sempre, das árvores maispróximas.

Retornamos depois de uma manhã de bênçãos,nos despedimos dos irmãos, e ao entrarmos noquintal, quem estava em frente a porta da sala? Erao Pinda. Ele não perdeu tempo, voou em nossadireção e pousou nas mãos de meu filho, quesorrindo foi alimentá-lo. Ele estava bem faminto.

1º de maio de 2004, estávamos todos felizes,pois se aproximava o dia das mães, nemimaginávamos que estava chegando o dia dapartida daquele que tanto amávamos. Estávamosprogramando para o dia 09 um almoço, pois meuspais e minha sogra viriam almoçar conosco. Neste

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domingo haveria escola dominical e não poderíamosfaltar. Nossa mente estava muito ocupada complanos e tarefas.

Finalmente chegou sábado, dia nove de maiode 2004. Levantei-me bem cedo, coloquei o frangono forno, enquanto minhas filhas colocavam o cd deOséias de Paula homenageando as mamães.A manhã foi de total correria, porém de muitaalegria. Às 11 horas o almoço estava pronto.Aguardamos então a chegada dos convidados, quenão demoraram muito; colocamos uma mesa extrana sala para os adultos e na copa estavam asmeninas com uma colega convidada.

Em meio a tanta alegria e louvores, quemchega? O Pinda! Ele pousou com sua companheiraem frente a janela da sala, todos olharam para elese quase que em coro, dissemos:

— Vem, Pindinha! Eu, que estava mais próximaà janela, estendi minhas mãos e o chamei, e ele,mais que prontamente, atendeu. Coloquei-o sobre amesa da copa e minha filha levantou-se paraservi-lo. Enquanto ela o alimentava, Deus falouprofundamente ao seu coração:

— Despede-se dele.

Aliás, durante a semana, o Senhor já haviafalado ao seu coração, porém ela decidiu não darimportância, acreditando ser um pensamento semsentido. Na verdade, essa foi a última vez que ovimos. Notei com clareza que ele havia morrido.

No dia seguinte, domingo pela manhã, quandochegamos da igreja, estava próxima à janela da

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sala, a fêmea, como que procurando algo.Interroguei meus filhos:

— O Pinda esta dentro de casa?

Eles responderam:

— Não!

Logo percebi que algo havia acontecido comnosso Pindinha.

Meu filho foi até o segundo andar, e, com osolhos, percorreu todo terreno vazio ao lado denossa casa, onde o Pinda costumava recolherpalhas, porém tudo foi em vão.

Onde procurá-lo?

O que aconteceu com nosso Pinda?

Infelizmente, não sabíamos. Talvez um gato ouuma pedrada tivesse tirado sua vida.Todos nós choramos muito...

À noite, no meado da semana, após termos acerteza de que não o veríamos mais, entrei noquarto dos meus filhos, todos três estavamdeitados, porém acordados; sentei-me na cadeira ecomecei a falar sobre as travessuras do Pinda.

Despertei-me do meu raciocínio e cessei denarrá-los, quando minha filha desatou num choroque me fez entender que ainda era cedo paracomentar sobre ele, pois esse assunto doía muito.Durante o decorrer da semana, joguei alpiste paraalimentar a fêmea, que sempre vinha na esperançade encontrar o seu companheiro.

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Após duas semanas se passarem, notei que afêmea estava muito triste e doente. Notei tambémque, ao lado dela, estava um de seus filhotes, quetambém era filho do Pinda, como que a consolandoda perda que tivera.

Isso durou quase três semanas. A cada vez queeu a via, mais doente e triste ela estava. A últimavez que eu a vi, foi em um galho onde muitas vezesmeus olhos a contemplaram juntamente com oPinda. Mas desta feita, ela estava encorujada, comum dos filhotes ao seu lado, cutucando-a com obico como querendo alegrá-la. Essa foi a última vezque eu a vi.

Poderá passar dias, meses e até anos, porémjamais esqueceremos do Pinda, essa avezinha tãoquerida que nos trouxe tantas alegrias.

Hoje, tento descrever a saudade que sinto...

Embora pareça simples, esta pequena históriaé um verdadeiro exemplo de vida para todo equalquer ser humano...

A nossa vida é um conto ligeiro, somos comouma flor, que hoje está bela, mas amanhã murchae cai.

O Pinda estava feliz, ele não esperava queaquele fosse o seu último dia de vida. E você, meuamado leitor, está feliz? Está com saúde? Muitobem! Isso é muito importante! Porém, o maisimportante de tudo é termos o Senhor Jesus Cristoem nosso coração.

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O Pinda era uma simples avezinha, mas você éuma pessoa inteligente que tem um espírito.

O Pinda teve uma vida bastante curta, e anossa? Quanto tempo durará?

Certo é, que existe um juiz, que possui, emseu livro, o nome de todos quanto pertencem a ele.E o seu nome já está escrito nesse livro? Pensenisso hoje! Não deixe para amanhã! Pois o amanhãnão nos pertence... Hoje é o dia, agora é a hora.Não importa se você está sozinho, basta tãosomente você crer em Jesus, creia e receba-o comoSenhor e Salvador de sua vida!

Visite uma igreja evangélica mais próxima desua casa e sirva a Jesus com alegria, para que umdia possamos nos encontrar lá no céu.

Jesus te Ama!

OBS: Todos acontecimentos relatados nestahistória são verídicos.

E-mail para contatos: [email protected]