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A História dos Dez Touros A História dos Dez Touros é, na tradição do zen-budismo, uma série de poemas curtos e xilogravuras de acompanhamento que se destinam a ilustrar as fases de progressão de um praticante budista em relação à iluminação, bem como a sua posterior perfeição da sabedoria.

A História Dos Dez Touros

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a História Dos Dez Touros

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A História dos Dez Touros

A História dos Dez Touros é, na tradição do zen-budismo, uma série de poemas curtos e xilogravuras de acompanhamento que se destinam a ilustrar as fases de progressão de um praticante budista em relação à iluminação, bem como a sua posterior perfeição da sabedoria.

As imagens apareceram pela primeira vez na sua forma actual, tal como foram redigidas pelo mestre Kuòān Shīyuǎn no século 12 e representa uma interpretação Zen Budista dos dez estágios integrantes do caminho da perfeição , do Caminho de Casa noutra perpectiva . Cada imagem é acompanhada por comentários em prosa e verso. As imagens e os textos acredita-se serem baseados no trabalho de um antigo sábio taoísta que se tornou amplamente conhecida no Ocidente após a sua inclusão no livro , Zen Flesh, Zen Bones: A Collection of Zen and Pre-Zen Writings, por Paul Reps e Senzaki Nyogen. As imagens, poemas e pequenas peças de prosa servem de indicação sobre os empreendimentos do Caminhante em sua busca do "Touro" (ou "Boi", uma metáfora comum para a iluminação, ou o Eu verdadeiro ) , e como seus esforços são infrutíferos em primeiro lugar. Determinado, ele fica procurando e finalmente encontra pegadas junto a um rio. Quando ele vê o touro pela primeira vez, ele está encantado com o esplendor de suas características . No entanto, o caminhante ainda não tinha domesticado o touro e deve trabalhar duro para trazê-la sob controle. Eventualmente, ele atinge os mais altos estágios do Caminho e retorna para o mundo e 'todo aquele que eu olhar se ilumina ". Vamos então começar com as etapas do caminho dos Dez Touros com os seguintes titulos: 1-Em busca do Touro (sem objetivo na pesquisa, apenas o som das cigarras) 2-Descoberta das pegadas (um caminho a seguir) 3-Vislumbrando o Touro (mas apenas a sua parte traseira, e não a cabeça) 4-Agarrar o Touro (uma grande luta, o touro escapa repetidamente, disciplina necessária) 5-Domar o Touro (menos vaguear, menos disciplina, o touro torna-se gentil e obediente) 6-Cavalgar o Touro (alegria). 7-O Touro transcendido ( quando em casa , o touro é esquecido, chicote da disciplina é esquecido , quietude) 8-Touro e Eu ambos transcendidos (todos esquecidos e vazios) 9-Alcançando a Fonte (despreocupação com ou sem, o som das cigarras) 10-Regresso ao Mercado, á Sociedade ( mercado cheio , espalhando iluminação misturando-se com a humanidade) .

I. Procurando o Boi POEMA O fato é que o Boi jamais se havia perdido, porque é que então se deveria procurá-lo ? Tendo virado suas costas à Verdadeira-Natureza, não pode por isso enxergá-lo. Por causa de suas contaminações , não pode vê-lo.

PROSA Repentinamente ele se depara com um emaranhado confuso de encruzilhadas. Cobiça de ganho mundano, medo de perda, se erguem como labaredas enormes, ideias de certo e de errado surgem como punhais. Desolado caminhando pelos arbustos, e temeroso das selvas,eis que ele busca o Boi, não o encontrando. Para cima e para baixo, em rios sombrios desconhecidos e ameaçadores,nos bosques das montanhas profundas, ele percorre muitas trilhas. Muito cansado, com o coraçao exaurido, ele prossegue em sua busca por este algo que ainda não consegue localizar. De noite ele ouve o som das cigarras, chilreando nas arvores. EXPLICAÇÃO Este texto trata da busca do Si mesmo. Aqui, o Boi é o verdadeiro Eu mesmo. No primeiro desenho, vemos o rapaz que parte a procura do Boi, o que quer dizer que ele busca a si mesmo. Na frente do templo de Delfos pode ser lida a inscrição,"Conhece-te a Ti mesmo". Quando ficamos sabendo da morte de alguém, esta novidade não nos preocupa muito. Todos os dias, não sómente em Portugal mas tambem no mudo inteiro, vemos na televisão imagens das guerras e seus mortos, da fome, a miséria das crianças, os assassinatos...Nesse momento, isto nos atinge, mas como as imagens continuarn a desfilar e nos falam de coisas completamente diferentes , do desporto, da economia, etc.,nos esquecemos muito rapidamente das imagens precedentes. Entretanto, ao ver estas imagens , algumas pessoas , inconscientemente, sentem subitamente um desconforto e começam uma busca. Busca do quê? Não sabemos o que estamos buscando, mas buscamos. É um pouco como quando estamos num nevoeiro: nao sabemos de onde estamos vindo e para onde estamos indo. Se algumas pessoas sentem um desconforto, é porque, para elas, todas as coisas perdem o valor, tudo se desmorona, tudo fica sem sentido.

Até então, o mundo que nos cercava tinha um sentido: ter uma familia, uma casa, um carro, dinheiro, tudo isto estava perfeito, mas algo se passou que nos fez perder este sentido de seguranca. Cada um de nós está consciente que falecerá, mas que não sabemos quando. Podemos morrer hoje, ou amanha, a morte nos surpreenderá então quando ainda temos tantas coisas a fazer! Quando acontece a morte de alguém proximo a nós, uma pessoa talvez vá beber vinho até ficar bêbado para esquecer seu medo, enquanto que um outro vai talvez ficar muito sério e se perguntar o que fazer de sua vida. Se um de nossos parentes - pai, mãe, marido ou esposa - falecerem, sofremos muito, mas como não se trata de nossa própria morte, este sofrimento, se bem que profundo, se esvai com a acção do tempo. Quando se trata de um amigo, ou do amigo de um amigo, dizemos: "Ah sim! Ele faleceu, ele era tao novo!" e rapidamente nos esquecemos. Entretanto, para nós tambem, o tempo está ali,estamos condenados a morrer. Mestre Dogen diz que o mais importante é a qualidade do despertar face à morte. Certas pessoas parecem ser pessoas despertas, elas acham que estão despertas,mas nao estão. Num outro capitulo do Shobogenzo, Mestre Dogen especifica: É necessario despertar, mas uma só vez não basta, é preciso despertar muitas vezes, constantemente. Se isto nao acontecer, este estado de despertar do corpo e mente que chamamos bodaishin se parece ao olho de um peixe que apodrece rapidamente ao sair da água. A fim de dar a este bodaishin as qualidades de uma pérola, é preciso poli-la constantemente. Se cedermos à preguiça, este estado imediatamente desaparece. Existem numerosas razões que nos impelem a buscar o despertar mas Mestre Dogen insiste sobre a tomada de consciencia da Impermanência. Se bem que saibamos o que é a Impermanência deste mundo, não compreendemos realmente o principio da Impermanência. Perdemos tempo com coisas futeis, não praticamos frequentemente , não estudamos, porque as cidades são grandes e existem muitas oportunidades para nos divertir e passear por aí. Mas o fato é que a pratica ás vezes lembra-se de nós.... Na realidade, este boi nunca se extraviou, nós nunca o haviamos perdido, simplesmente o tinhamos Esquecido.

No momento que comecamos a procurar o boi, o Diabo aparece e colocamo-nos em marcha à procura de algo no exterior de nós mesmos e assim nos distanciamos de nós mesmos. Um exemplo: eu estou aqui. Se fico aqui , estou comigo mesmo, mas se eu começo a procurar, vou procurar fora de mim mesmo. Esta viagem em direcçao ao externo, este longo caminho para em seguida voltar a si mesmo, isto é o Diabo. O fato de procurar tem por consequencia instalar uma distância em relação a si mesmo, de onde provem esta pergunta: já que desde a origem não perdemos nada, porquê procurar ? Este "porquê" é o grande problema. Quando entramos num mosteiro, existem muitas coisas a serem estudadas. Certas pessoas obedecem a regras sem jamais duvidar, enquanto que outras colocam perguntas: Por que fazer uma tal coisa? Por que fazer desta forma? Prefiro fazer de outra forma. Porquê? Porquê? Entre os monges que treinam no mosteiro, alguns nao pensam, somente praticam. Tal atitude nao é boa. Com efeito, ao fim de um ano, a pessoa acaba dominando todos os rituais, sabemos perfeitamente como utilizar o oryoki (as tigelas), como usar o kesa,como fazer as cerimonias, como bater o sino, o gongo... não é preciso se preocupar com alojamento e com despesas ou questoes de dinheiro, é simples e confortivel, que consiste em fazer aquilo que é esperado de você sem que haja uma motivação verdadeira ou uma inspiracao de sua parte. mas é perigoso porque isto vira uma rotina.É uma atitude perigosa. Como entao encontrar uma atitude justa? Mestre Eckhart dizia que quem é virgem sempre segue a ovelha, não importa para onde esta vai, para coisas dificeis ou para coisas faceis. Quando tudo está facil, todos ficam felizes e vão atrás das circunstâncias, mas quando subitamente tudo fica dificil, então não é tão fácil. É como no zen: quando a prática fica dificil, nos encontramos diante de uma porta estreita que temos que ultrapassar. Esta passagem não é acessivel a todos: o frio fica marcante, o medo se instala, atingimos as alturas,"alturas" querendo dizer estar profundamente instalado no coração de sua propria solidão onde não podemos contar com nada excepto nós mesmos.

Entretanto, este momento é muito importante, e é preciso continuar a avançar em frente. A constância do praticante zen é parecida àquele que é virgem e que simplesmente segue as ovelhas. Este rapaz do primeiro desenho ainda nao encontrou o boi e está completamente perdido; não sabendo quem ele é, ele ignora o que é aquilo que ele busca, nao sabe sequer para onde se dirigir, ele está realmente completamente perdido."Estar perdido" não é um problema que possamos arrumar de forma intelectual, é uma sensação que invade o corpo e o espirito. Nesse momento, é muito dificil encontrar alguém que possa nos auxiliar a despertar o Eu , mas apesar de tudo, é preciso continuar a buscar, infatigavelmente, não importa em que condições. Mais uma vez, de onde vem esta vontade de busca? As teorias budistas dizem que é a natureza de Buda que desperta. Desde a origem você jamais esteve perdido, mas quando busca, a natureza de buda desperta e quer te ver. A natureza de buda deseja que você seja realizado neste mundo, com este corpo e esta mente.

II- ACHANDO PISTAS PROSA Através do estudo dos sutras e de ensinamentos, ele encontra pistas do paradeiro do Boi. Mas é ainda incapaz de distinguir o bem do mal, a verdade da falsidade. Não entrou realmente ainda o portal, mas vê tentativamente as pistas do Boi. POEMA Inumeras pegadas ele observou, Nas florestas e pela margem da agua. Não é um pouco de capim amassado que ele vê acolá? Mesmo as grutas mais profundas das montanhas mais inacessiveis Não podem ocultar o nariz deste Boi que se eleva até aos céus. INTRODUÇÃO Na realidade o boi não aparece senão em quatro desenhos dentre os dez desenhos. Nos dois primeiros ele nao aparece, aparece nos desenhos 3, 4, 5, 6 e o rapaz tampouco está sempre presente. Este processo de treinamento começa pela busca do boi, e observamos que neste segundo desenho, pistas são encontradas.

Neste estado, começamos talvez a consultar livros sobre religiões ,sobre o zen ou sobre o budismo, ou entao a nos encontrar com mestres e este contato irá alterar radicalmente a nossa vida, com a condiçao deste encontro com um livro ou com um mestre ser de intensidade suficiente. Este encontro com o mestre é muito importante porque graças a ele, você se encontra com você mesmo, podemos dizer que o si mesmo encontra o si mesmo. Para Mestre Dogen, existem duas etapas importantes: primeiramente, o despertar de seu corpo e mente e em seguida o encontro com o mestre correcto . 0 que vem a ser um bom mestre? Mestre Dogen sublinha que nao é a idade que determina a qualidade do mestre,nem seu conhecimento das teorias religiosas-espirituias ,budistas ou de cerimonias. Tampouco seria sua facilidade de falar sobre multiplos assuntos, tudo isso que nao é senão uma cascata de palavras, tem pouca importancia,o que importa é a transmissao correta do Ensinamento por um mestre autentico. Entretanto, se bem que esta seja a base, nem sempre é suficiente: o mestre tem que ter uma energia fora do comum, que podemos descrever como "uma energia vital podendo atingir os ceus". É assim que podemos reconhecer um mestre correto. Quando encontramos com o Ensinamento verdadeiro atraves de um autentico mestre, nossa vida muda por completo bem como nossa mente. A mente desperta (bodaishin) para encontrar o caminho supremo. A partir do encontro com os livros, com o mestre, o caminho árduo em busca de Si proprio começa. Pode-se perguntar : Onde vamos encontrar esse tal Mestre ? Como diria Mestre Eckhart ''talvez em nós próprios'' e nas oportunidades da vida que nos passam á porta e que tal como o carteiro 'não batem duas vezes'.

III . PRIMEIRA VISÃO DO BOI PROSA Se ele somente ouvir atentamente os sons quotidianos, ele chegará naquele momento a uma realização da Fonte mesma. Os seis sentidos não são em nada diferentes desta verdadeira Fonte. Em toda atividade a Fonte está manifestamente presente. Isto é parecido com o sal na agua, ou a cola na tinta. Quando a visão interna estiver adequadamente focalizada, a pessoa percebe aquilo que é visto como sendo identico à verdadeira Fonte.

POEMA Um rouxinol canta num galho, 0 sol brilha sobre os chorões ondulantes. Ali se encontra o Boi, onde mais poderia ele ter-se escondido? Aquela esplendida cabeça, aqueles chifres majestosos, Que artista os poderia adequadamente desenhar ? COMENTÁRIO Esta Parte 3 é uma das fases mais criticas do Caminho em busca do Boi . Na Parte 2 existiu uma motivação da pessoa para ler, estudar, ‘’procurar as pistas do Boi ‘’. Será que quem leu, estudou arduamente, procurou Mestres, será que consegue como consequencia e sem sombra de duvida, entrar na Parte 3 e ver a ‘cauda do Boi ‘? A resposta é Não, muitos intelectuais e estudiosos das ciencias do espirito podem até morrer sem sequer ter a noção que Deus existe e está dentro deles . O que se passa então para se alcançar esta fase 3 ? Muitos mestres falam na noção da Graça, no conceito de Dom , que pode significar isto? Em momentos das nossas vidas existem fases onde , devido a factores externos como acidentes e doenças graves ou internos do foro psiquico,as pessoas como que ‘param ‘ na sua rotina diaria e conseguem por breves momentos ‘olhar para dentro de si ‘ , alguns falam num ‘click ‘ , outros numa ‘ inspiração interior ‘. Nesses momentos a pessoa como que abalada pelos acontecimentos ‘cai em si ‘, sente ‘a pequenez do ser humano ‘, sente –se profundamente ‘na fossa‘, por vezes ‘sem esperança à vista ‘ e sem se aperceber ‘abre-se a Deus ‘ que lhe mostra, em função do seu mérito, um vislumbre da ‘cauda do Boi ‘ . Nalgumas práticas Zen os discipulos são iniciados com vibrações sonoras, Mestre Mumon atingiu uma grande iluminação, logo que ouviu o forte "boom" de um grande tambor. Ao som da "pancada" a ilusão em que ele tinha estado envolvido até aquele momento, foi desfeita e ele atingiu o verdadeiro Eu. E assim existem muitos exemplos de tais ‘ Iluminações’ na sequência de sons de vários tipos.

A pessoa nesse momento, parece que se lhe abriu uma porta que, apesar de sempre lá ter estado, estava por assim dizer ‘despercebida‘. Para lá dessa ‘porta ‘ a pessoa consegue ver , por tempo proporcional á sua preparação anterior, a ‘cauda do Boi ‘ . A partir daí, podemos estar seguros que ‘é sempre para a frente ‘? Claro que não, essa porta fecha-se tão rápido como se abriu e é preciso persistir na busca até conhecer as ‘outras partes do Boi ‘ caso contrario perdeu-se o ganho agora conseguido e quem não persistir,pode ,como diz o povo , tirar o ‘cavalinho da chuva ‘ que daí nada mais virá de evolutivo no seu caminho . É de facto um momento chave para quem o aproveitar ....e vir nesta ‘cauda’ apenas o começo de um árduo e longo caminho de busca incessante, de altos e baixos, de abandono do si proprio e da mentalidade puramente material perante algo mais duradouro e benefico para o Homem , uma ‘outra visão ‘ de ver e encarar a nossa vida. Agora vislumbrámos só a cauda mas ‘sabemos', se tivermos o ‘coração puro’, que é ‘todo o Boi ‘ que queremos atingir , dominar e controlar . Ficamos com o 'cheiro' de Deus que não se esquece. Aquele 'cheiro' que pode ser um guia valioso para quem continuar para diante.

IV . SEGURAR O BOI PROSA Hoje ele encontrou o Boi, que por muito tempo esteve pastando nos campos selvagens e realmente desta feita ele o segurou. Durante muito tempo ele vagueou nestas paragens e quebrar seus velhos habitos agora não vai ser fácil. Continua a querer capim verdejante, ainda é teimoso e selvagem. Querendo-o domar completamente, deve-se utilizar o chicote. POEMA Ele deve agarrar a corda firmemente e não a largar, Pois o Boi tem têndencias que não são as mais saudaveis. Agora ele corre para os planaltos . Mais adiante vagabundeia por uma ravina nublada. COMENTÁRIO O combate consigo mesmo começou. 0 rapaz e o boi puxam a corda cada um de seu lado. É um momento muito dificil do caminho. Na Parte 3 foi avistada a cauda do Boi. Se se afrouxar o esforço, pensando que esta já é a maior realização, o Boi logo desaparece da vista novamente.

O estado resultante é aquele em que tudo o que resta é a lembrança de ter visto a cauda do Boi. Assim é de vital importância continuar a prática cada vez mais vigorosamente para tornar esse Boi que foi apenas vislumbrado cada vez mais ‘presente’ , mais completo e mais controlado . No entanto, o mundo material onde nos acostumaram a viver durante tanto tempo é um mundo muito confortável para se viver. O Boi ainda tenta vaguear e pastar sem controle como antes,assim somos nós,ainda temos as ‘tentações ‘ do mundo a surgir-nos na mente a todo o momento para nos distrair daquilo que sabemos Agora ser o nosso ‘destino‘, o caminho da nossa Casa. A luta é árdua, há-que segurar bem a corda para manter o Boi sob controle, assim são as nosssas resistências a ver o mundo sem o significado que antes lhe davamos e a tomar como Meta um outro mundo, aquele que existe dentro de nós e onde temos um Pai à nossa espera. Como diria um Mestre Zen : É a passagem pelas trevas. Não se trata de trevas por dúvidas mentais pois todo o corpo vira uma massa de dúvida. Não é uma dúvida entre outras é a Dúvida. Se voce conseguir resolver esta dúvida, tem resolvido todos seus problemas. Durante este periodo "a corda" entre o mestre e o discipulo fica muito tensa,como no desenho do rapaz que luta por segurar o boi. Neste momento voce pode se dar conta se o despertar de sua mente está correto ou não. Com efeito, tendo já atras de si alguns anos de estudos e praticas, voce poderia ficar tentado de se largar e de simplesmente viver continuando a fazer o que fazia, estudar , pesquisar ou lendo livros sobre o budismo. Mas desde que esta agulha, esta dúvida, entra profundamente em seu espirito, não é mais possivel ignorá-la. Na Biblia está dito: "Vomito os mornos": se você não for nem quente nem frio, pode ser que nunca venha a resolver seus problemas. Desde a origem você tem asas que lhe permitem voar e mesmo assim está sentado como um imbecil ! Nao será desta forma que vai resolver seus problemas.

Esta fase pode ser comparada com a imagem de acender um fogo : nos tempos antigos, para acender um fogo, era necessário esfregar a madeira até que ela se aquecesse e quando aparecia uma fumaça, não se devia parar de esfregar. Dizer que é inutil buscar o despertar porque desde a origem somos já despertos pode nos levar a pensar que é suficiente sentar,com o perigo que isso vire uma rotina. A verdadeira atitude consiste na realizacão de si mesmo a cada momento e é por isso que necessita de muita energia. Você não é nem peixe nem carne, quem é você? Aqui o ponto chave é que este tipo de prática mole não pode jamais resolver problemas e daí ser fundamental o 'segurar fortemente a corda ' . Quem for persistente e conseguir pela prática constante resistir ás ‘tentações‘ e assim aceitar a Nova vida também consegue controlar o Boi e levá-lo pelo bom caminho .

V. DOMANDO 0 BOI

PROSA A corda e o chicote são necessários . De outro modo o Boi podia desviar-se do caminho . Sendo bem treinado ele torna-se dócil e sem mais obedece ao seu mestre. POEMA EIe deve segurar a corda da argola do nariz tenazmente e não permitir que o Boi saia por aí , para que nao se perca em lugares contaminados e fantasmagoricos. Adequadamente tratado, eis que ele se torna limpo e tranquilo. Sem cabresto, ele segue seu dono por vontade propria. COMENTÁRIO Esta fase é de alerta permanente, o rapaz conduz o Boi com a corda mas tem na outra mão o chicote caso seja preciso, pois apesar de termos já o Boi debaixo de algum controle ainda somos submersos por constantes pensamentos-ideias que nos tendem a desviar do nosso objectivo que é domar o Boi e não o deixar extraviar. É necessário um enfoque total em afastar os pensamentos fúteis que apenas nos desviam do nosso caminho e puxar pelo chicote para acalmar esses ‘desvios ‘ do Boi . Se o Boi começa a comer a erva da 'ilusão' temos de lhe dizer com firmeza 'Não e Não', nunca hesitando e preserverando na árdua prática diaria até ao fim.

Ao fim de prática continua e persistente o seu treinamento torna-se mais harmonioso e a corda não está tão tensa. O Boi segue o rapaz naturalmente e já nem é preciso usar nem a corda nem o chicote . Voce pratica cada dia, mas se bem que seu treinamento tenha se tornado bastante bom, é insuficiente e é por isto que temos que passar para o desenho seguinte .

VI . CAVALGANDO O BOI PARA CASA PROSA A luta terminou, `ganho" e "perda" não mais o atingem. Ele assobia a canção rustica dos lenhadores e montanheses, e toca as singelas cantigas das crianças da aldeia. Cavalgando o Boi, ele serenamente olha para as nuvens acima. Sua cabeça não mais se volta (na direcção das tentações). Mesmo que tentem com todas as forças, não mais o moverão . POEMA Cavalgando livremente como o ar, ele alegremente se dirige para casa, através das névoas do entardecer, usando um grande chapéu de palha e uma capa. Onde quer que vá, surge uma brisa fresca, Enquanto que em seu coração uma profunda tranquilidade prevalece. O Boi nem sequer precisa de mais capim. COMENTÁRIO Neste estado, não há mais rapaz no dorso do boi, nem boi que leve o rapaz. É a harmonia completa, não é mais necessario conduzir o boi, ele se conduz a si mesmo. É um estado maravilhoso mas tem alguns perigos ainda, existe ainda um Boi que caminha sem olhar para trás ,o que é bom, mas existe também um Eu que olha para o Boi (Eu verdadeiro) e que se acha num estado de paz tal que pode ter 'vaidade' ou 'orgulho' nesse estado e é preciso dizer continuamente que ' ainda vamos a meio do caminho e é preciso continuar e preservar na prática diaria '. Queremos voltar a casa, estamos no caminho certo mas ainda não chegámos lá. É uma fase onde se alcança uma percepção dos fenomenos sem nos prendermos a eles com Desprendimento total para com sonhos, ilusões , reflexões , ideias conceptuais.

A existencia ciclica deixa de ter significado e a Perfeição deixa de ser uma meta. Deixam de existir metas , ausencia de angustia , serenidade interior. Noções de ‘Eu’ , de ‘Outros’ deixam de existir assim como concepções de existencia e não-existência .

VII. BOI TRANSCENDIDO, APENAS O EU

PROSA

Nesta fase do Caminho não existem dualidades. 0 Boi é seu Eu verdadeiro ou Eu Original: isto foi o que ele agora constatou. Uma armadilha não se torna mais necessária uma vez que o coelho tenha sido agarrado,uma rede é inutil quando o peixe está aprisionado. POEMA Usando o Boi, ele foi capaz de atingir sua Casa, Mas eis que agora o Boi desapareceu e sózinho e sereno ele repousa. O sol, vermelho como um tição, percorre o céu. Enquanto que ele sonha placidamente debaixo do telhado de colmo. Agora não são precisos nem o chicote nem o cabresto do Boi. COMENTÁRIO Após práticas continuas e persistentes eis que nos encontramos na Parte 7 ‘Esquecendo o Boi ‘, mas o que significa ‘esquecer o Boi ‘ ? Durante o processo até aqui houve várias provas e conhecemos a alegria de passar por cada uma delas ou a angustia de não conseguir ultrapassar alguma. No inicio da nossa procura do Boi ( Eu Verdadeiro ) começámos por ter consciencia apenas do nosso Eu e na Parte 6 foi dito: "Você monta o boi e quer fazer o seu caminho lentamente para casa." A palavra "quer" transmite o significado que você tenta ir para casa, mas não pode. E porquê ? Porque ainda há um Eu que está olhando para o Boi. Quando se acaba com esse Eu que está olhando ,vamos realmente entender que chegámos a casa e se dá inicio à parte 7 . É importante ter tido a experiência de por uma vez se ter esquecido completamente o Eu durante a parte 6 . Então o Boi desaparece e a pessoa não tem mais nada a fazer. Na parte 6 quem procurou ( O Eu = rapaz) funde-se no Boi – Eu verdadeiro e pode dizer-se que deixa de haver uma consciência dualista e passa a existir na Parte 7 uma especie de ‘vazio’ nessa ‘ transparência ’ unificante .

A sublimidade deste vazio está para além da expressão verbal. É um mundo que só pode ser saboreado por experiência real. Na parte 7 as práticas usadas no caminho são agora inúteis tal como quando se extraiu ouro da rocha as ferramentas deixam de ter utilidade . Porém neste vazio fica uma especie de auto-consciência que alguns autores traduzem como ‘a pessoa permanece’, ou seja existe um vazio de dualidade mas ao mesmo tempo Uma ‘presença’ . Mestre Roshi manifestou a sua própria experiência, da seguinte forma: "Em termos de minha própria experiência, durante cerca de uma semana depois da minha Unificação, parecia que todo o meu corpo tremia. È como colocar um peixe na água para nadar, eu era capaz de viver sem qualquer impedimento. Eu me senti muito livre e feliz ,contudo isso não continou por muito tempo. Cerca de 10 dias ou um mês depois o Eu apareceu novamente. Não era tanto a consciência do Eu egoísta, possessiva, mas sim a consciência de si mesmo. Ficamos conscientes do Eu , isso permanece ainda por algum tempo”. Ainda não chegámos ao Fim ultimo. Não pode haver desleixo de esforço pois permanece ainda aquela auto consciência do Eu que ‘ não mais precisa de treinar ou domar o Boi’ .

VIII. AMBOS, O BOI E O EU DESAPARECEM PROSA Todos os sentimentos ilusórios, bem como ideias de santidade desapareceram de sua mente. Ele não mais permanece no estado de "Eu agora sou Buda," e ele passa rapidamente para o estado de "E agora eu me livrei do orgulhoso sentimento de "Eu nao sou Buda". Se centenas de pássaros agora espalhassem flores pelo seu quarto, em louvor,ele apenas se sentiria envergonhado de tal. POEMA Chicote, corda, Boi e homem, todos pertencem ao Vazio. Tão vasto e infinito é o céu azul, que nao existe qualquer conceito que o possa descrever. Por sobre um fogão chamejante, um floco de neve não pode subsistir. Quando este estado mental é alcançado, Chega finalmente a compreensão do Espirito dos velhos patriarcas. Nota : Esta Historia tem origem em 8 desenhos Taoistas que mais tarde foram acrescentados por mais 2 desenhos por um mestre Budista, assim a história original acabaria nesta parte 8 . A diferença dos 2 desenhos extra ver-se-á mais tarde mas tem a ver com a maneira de encarar a União com Deus , ou em Contemplação Eterna ou num Regresso ao mundo numa perspectiva diferente .

COMENTÁRIO Nesta parte tudo desaparece. A dualidade desaparece. 0 sagrado desaparece. E onde há Buda não deve ficar ,onde não há, há que passar depressa sem olhar para trás. Na parte 7 é dito que permanecia ainda um Eu consciente ,esse Eu estava no ‘plano dos Budas ‘, logo que se consegue sair desse plano entra-se na parte 8 onde nada existe mas tudo é claro e evidente. Afinal quer o rapaz (Eu) que procurava o Boi ( Eu verdadeiro) não existem mesmo,era tudo uma ilusão. Esquecemo-nos de nós , dos outros, de tudo, apenas um circulo permanece. Este desenho 8 é a experiencia do zen. Sem esta experiência, o treinamento continua, claro, mas nada mais a do que um simples treinamento. Com esta experiencia do desenho 8, surge um mestre. Este desenho do circulo quer dizer: abandone corpo e mente e tudo desaparece. Na realidade, esta vacuidade é o verdadeiro Eu Mesmo . Sem a vacuidade, existem sempre eu e o outro, a pessoa permanece na dualidade. O circulo representa o Eu, e tambem o verdadeiro Si Mesmo, a saber nem corpo nem mente. Quero insistir sobre o fato que não é o treinamento corn o boi, tal como descrito dos desenhos 1 a 7 que é importante. Durante este periodo, passando por todos estes estados, voce pode treinar não importa onde, até num mosteiro, sem todavia aceder a este estado 8. Este estagio 8 sómente pode tomar lugar num campo de batalha, é uma questao de vida e morte. Nao se trata de um estudo sistemático, mas de ter a experiencia do sofrimento, do desespero mais profundo, de ultrapassar os limites de seu corpo e mente. É preciso sofrer a impermanência do mundo para despertar seu corpo e mente e isto leva tempo. Se muitos peixinhos mordem o anzol,os grandes peixes não aparecerão senão ocasionalmente.

Ora, precisamos de um grande peixe! Este "grande peixe" pode ser considerado como "um general zen" que nao tem necessidade de se cercar de numerosos soldados ou oficiais de elite, um ou dois generais são o suficiente. Existia na China antiga um Mestre chamado Gozo Hoyu ( 594-657) que era um homem de grande virtude e respeitado por todos , até os passaros recolhiam flores e lhe as traziam. Após a sua Iluminação , os passaros deixaram de lhe trazer flores. Porquê ? Se a pessoa inspira sentimentos de grande pessoa , de pessoa de alta virtude , então não é real. Uma pessoa que atingiu a Realização não parece grande de todo, por isso os pássaros deixaram de o ver, pois ele tornou-se invisivel para eles e se tornou em alguém que está em todo o lado e não está em lado nenhum, na imagem do circulo. Por sobre um fogão chamejante, um floco de neve não pode subsistir. Isto significa que tal como o floco de neve não deixa rasto e depressa se evapora , assim é esta pessoa Iluminada, não existe lugar para pensamentos discriminatórios ou juizos de valor . Sem atingir esta parte 8 não há sentido em toda a pratica anterior, só aqui se resolve a questão sobre o sentido da existencia, do ciclo vida-morte e se obtém a verdadeira Paz interior.

IX . VOLTANDO À FONTE PROSA Ele observa o ir e vir da vida do mundo, enquanto que fica calmamente num estado de inabalável serenidade. Este ir e vir não é uma ilusão ou uma fantasia (mas uma manifestação da Fonte). Porque então existiria qualquer necessidade de se lutar por obter qualquer coisa? As águas são azuis, as montanhas verdes. A sós consigo mesmo, ele observa como as coisas mudam infinitamente. POEMA EIe voltou à Origem, tendo retornado à Fonte, Mas seus passos foram dados em vão. É como se ele fosse agora surdo e mudo. Sentado em sua cabana, ele não mais procura por coisas no exterior. Os rios fluem naturalmente , Enquanto que as flores vermelhas, vermelhas são.

COMENTÁRIO Como se disse antes estas 2 ultimas partes foram acresecentadas por fontes budistas aos 8 desenhos originais taoistas. Quem fica na parte 8 pode dizer que fez o caminho para Casa completo ? Aqui existem versões diferentes pois alguns misticos ,nomeadamente da escola ocidental cristã, consideram a parte 8 como a fase ultima do Caminho e uma fase de eterna Contemplação e União ao nosso Pai original pois regressámos ao Paraiso donde saimos pela Queda e é tudo , nada mais é necessário . Mas na mistica do Oriente considera-se que ‘é dever ‘ do homem Iluminado de contribuir para a salvação do mundo e dos outros homens com uma derradeira ‘missão ‘ que será explicada na parte 10. Chegámos à parte 9 após tanto esforço desde a parte 1 e estamos a chegar à conclusão que afinal onde chegámos é o mesmo lugar donde partimos. Poder-se-á perguntar ‘ Porquê tanto esforço para afinal regressarmos ao ponto de partida ‘ ? A resposta é que agora o Ponto de partida já não é o mesmo que quando começámos, não fisicamente, mas na nossa nova perpectiva de ver as coisas e aí reside toda a diferença e sim, o esforço Era necessário para nos ‘abrir os olhos ‘ e nos ‘desgrudar’ deste mundo material que nos prendia a ilusões . Antes havia dualidade, um objecto observado e um sujeito que observava, agora apenas existe o que realmente existe, o vazio, a ausencia de dualidade , não há ser e não-ser , nem objecto e sujeito . Daí as flores vermelhas ,vermelhas são e os rios fluem naturalmente . Vê-se o mundo noutra perpectiva sem Envolvência, sem nos prendermos a ele, daí sermos tipo surdo-mudos. Um discipulo visitou Mestre Kempo e perguntou : Porque é que uma pessoa dentro da ermida não vê o que está fora dela ? Mestre Kempo soltou uma gargalhada e disse : Porque lá fora não há nada!!! Mais uma vez se evidencia que nesta fase não existe nem objecto (fora da ermida) nem sujeito (dentro dela ),tudo está Uno . E agora ? Ficamos por aqui, sem nada para fazer ? Esta é a grande questão que se coloca na proxima e última parte .

X. REGRESSO AO MERCADO PREPARADO PARA AUXILIAR OS OUTROS PROSA 0 portão de sua cabana está fechado, e até o mais sábio não mais consegue descobrir seu paradeiro. Seu panorama mental finalmente se esvaiu.

Ele segue seu proprio caminho, não fazendo qualquer tentativa de seguir nos passos dos velhos sábios. Carregando uma tigela, ele passeia na praça do mercado;apoiado em seu bastão , retorna para casa. Conduz peixeiros e açougueiros ao Caminho de Buda. POEMA De peito nu, descalço, ele entra na praça do mercado. Sujo de lama e poeira, que amplo é seu sorriso! Sem recorrer a poderes misticos, Faz com que arvores murchas rapidamente se revitalizem , reflorescendo. COMENTÁRIO Repito de novo que a parte 8 onde o rapaz e o boi desaparecem é o estagio mais importante. Nós dissemos que os estágios de 1 a 7 representavam o processo de treinamento do Eu Próprio. ~ Se bem que tais etapas sejam importantes, se não chegarmos ao estágio 8, as fases precedentes não representam práticamente nada. Se no nivel 10 o Mestre se encontrar com um rapaz no mercado ele nao tem necessidade de lhe dizer: ‘Sou um Mestre’, nem de lhe falar do Caminho, porque o simples contato com este Mestre poderá mudar a vida daquele rapaz e fazer com que ele decida começar a praticar. Se um simples contato é suficiente, é porque se trata de um grande Mestre. Sem que o Mestre tenha necessidade de dar explicaçoes sobre o Caminho , o rapaz irá pesquisar sozinho os estágios 1, 2, 3, 4, etc., ele irá começar sua luta com o Boi. 0 simples fato de fazer surgir este tipo de motivação demonstra a capacidade, a qualidade dos grandes Mestres. Este grande Mestre pode ser você mesmo. Neste estágio de União suprema surgem entao o amor, a compaixao, o desejo de ajudar os outros, ao mesmo tempo que compreendendo que ajudar os outros é ajudar a si mesmo.

Normalmente é facil de se compreender si mesmo e é dificil de compreender os outros, mas neste estado de União, você compreende o outro como se ele fosse você mesmo, você realiza que somos todos parecidos: temos os mesmos problemas, nos deparamos com as mesmas dificuldades, provamos os mesmos apegos... Compreender-se a si mesmo é esquecer-se a si mesmo e deixar-se preencher pelo Pai. Esquecer a si mesmo é estar desperto para todos os seres. Estar desperto para todos os seres é abandonar seu proprio corpo e sua propria mente bem como o corpo e mente de outros. Neste nível 10 atinge-se este esquecimento . Segundo a teoria budista a parte 8 é particularmente importante. Mas se ficarmos neste nivel sem acessarmos as experiencias nos desenhos 9 e 10, todo este treinamento não terá servido para nada. O momento da experiencia verdadeira do vazio , ‘ a grande morte ‘ na parte 8 é seguido do renascimento na 9 e do retorno à origem na 10 . Pela mesma teoria quem chega ao nivel 10 pode decidir pura e simplesmente permanecer na Contemplação junto do Pai ou regressar à Terra com uma simples mochila na mão e com um amplo sorriso nos lábios para simplesmente ajudar os outros, regressar ao Mercado para criar novos Caminhantes que se deixam ‘contagiar ‘ pela sua natural empatia que como que irradia essa necessidade do Homem em evoluir como ente espiritual criado à semelhança de Deus e cujo destino final é o regresso a Casa do Pai e o reencontro sereno consigo próprio . E consegue isto sem nenhuns poderes sobrenaturais , apenas com a sua naturalidade , calma serena e União com o Pai. Emana destes Mestres uma espécie de ‘Luz’ que contagia os outros seres e os induz a procurar o Caminho de Casa e a percorrer as suas 10 etapas .