A Iluminação Do Ponto de Vista Do Surrealismo

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A Iluminação Do Ponto de Vista Do Surrealismo

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  • UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ,QVWLWXWRGH$UWHV

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    0DWpULD7ySLFRV(VSHFLDLVHP'DQoD,OXPLQDomRProfessor: Valmir Perez

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  • Titulo: 26XUUHDOLVPRHDGDQoDFRQWHPSRUkQHDPor: Karina Campos de Almeida, Paula Andrade e Rosely Conz.

    No contexto do ps-guerra (1919), em Paris, um grupo de jovens artistas engajados no Dadasmo comeam a perceber o desgaste desse movimento.

    Espantar os burgueses, propsito de Dad, pode-se tornar desgastante; com o passar do tempo, perde-se a espontaneidade, e a agresso, de ambos os lados, fica pasteurizada1.

    Em 1924, essa insatisfao culmina na publicao, por Andr Breton, do Manifesto Surrealista. Lanava, assim, as bases de um novo movimento artstico cujos integrantes foram, incialmente, o prprio Breton, Louis Aragon, Philippe Soupault e alguns outros animadores.

    A Aventura Surrealista, como auto-denominou-se o movimento, consistia na crtica realidade e razo opondo-se s convenes sociais e a moral, que, segundo os surrealistas, eram fatores massificantes, que descategorizavam o homem como ser criador e pleno de possibilidades.

    Para liberar-se, ento, dessas amarras, os artistas desenvolveram mecanismos psquicos de acesso ao inconsciente. Estes foram: a escrita automtica, o fluxo de conscincia, os sonos hipnticos e os jogos feitos pelo prprio grupo, visando sempre transcender a realidade, buscando a Surrealidade. O que o Surrealismo seno a realidade absoluta: fuso do real e do imaginrio?2

    A aplicao dos procedimentos de criao surrealistas na linguagem das artes do corpo, mais especificamente a dana, tornou-se uma tendncia expressa, por exemplo, na prtica da improvisao no s como um processo criativo, mas tambm como um resultado cnico. O acaso objetivo dos surrealistas e a evocao do inconsciente tm, nesse procedimento (improvisao), uma evidente aproximao das propostas contemporneas de dana.

    Marta Soares, bailarina e coregrafa da atualidade, levou essa aproximao (dana e arte surrealista) s ltimas conseqncias. No espetculo O Homem de Jasmim, baseado no livro homnimo da escritora Unica Zurn (1916/1969), Marta buscou transportar para

    1 REBOUAS, Marilda de Vasconcellos. Surrealismo, p.09

    2 Ibid.,p.23

  • linguagem cnica alguns dos procedimentos recorrentes na obra da escritora, tais como a escrita automtica, os poemas anagramticos, o acaso e as questes relacionadas s sua crises mentais.

    Abordando tambm a questo da mulher , tema de particular importncia para os surrealistas, a coregrafa citada inspirou-se na obra $ERQHFD de Hans Bellmer3. Trata-se de uma srie de pinturas e esculturas que trazem o corpo feminino fragmentado e erotizado, rompendo a censura do consciente para atingir o inconsciente. No decorrer da apresentao, a bailarina expressa essa descontinuidade atravs de imagens em vdeo e da sonoplastia composta por textos, barulhos e rudos organizados de maneira no-linear.

    A iluminao contribui para criar um ambiente surreal, onrico, valorizando as sombras e a impreciso que no tem forma ou definio. O corpo apresenta-se destitudo de contornos remetendo imagens do inconsciente, do sonho. Percebe-se, ento, que, como acreditavam os surrealistas, quanto mais as relaes das duas realidades forem remotas e justas, tanto mais forte ser a imagem maior sua potncia emotiva e realidade potica... 4 criada partir da aproximao dessas duas realidades. Assim, constata-se que a dana, ao aproximar-se de uma realidade aparentemente distante , abre mltiplas possibilidades de criao, suprindo a demanda do cenrio contemporneo, por si mesmo amplo e complexo.

    3 Hans Bellmer nasceu em Katowice, Polnia, em 1902. Com 36 anos mudou-se para Paris e passou a fazer

    parte do grupo de pintores surrealistas. Seu tema favorito era o corpo feminino e o artista o desenvolvia com erotismo na maioria das vezes. 4 BRETON, Andr. Manifestes, p. 31 in REBOUAS, Marilda de Vasconcellos. Surrealismo, p.60.

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    ADES, Dawn. Dad e o Surrealismo. Lisboa, Ed.Labor do Brasil, 1976. REBOUAS, Marilda de Vasconcellos. Surrealismo. So Paulo, Ed. tica, 1986. Rumos da dana - Ita Cultural srie de vdeos. Fita 9 O Homem de Jasmim de Marta Soares.