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UNISALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilum Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em MBA em Gestão Empresarial Marcelo Pereira Gomes A IMAGEM DAS EMPRESAS SOCIALMENTE RESPONSÁVEIS LINS – SP 2008

A IMAGEM DAS EMPRESAS SOCIALMENTE RESPONSÁVEIS … · social como um diferencial competitivo, uma vez que o bom atendimento ao cliente, garantia de qualidade dos produtos e serviços,

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UNISALESIANO

Centro Universitário Católico Salesiano Auxilum

Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em MBA em Gestão

Empresarial

Marcelo Pereira Gomes

A IMAGEM DAS EMPRESAS SOCIALMENTE

RESPONSÁVEIS

LINS – SP

2008

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MARCELO PEREIRA GOMES

A IMAGEM DAS EMPRESAS SOCIALMENTE RESPONSÁVEIS

Monografia apresentada à Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, como requisito parcial para obtenção do título de especialista em MBA em Gestão Empresarial sob a orientação dos professores M.Sc. Máris de Cássia Ribeiro e M.Sc. Heloísa Helena Rovery da Silva.

LINS – SP

2008

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MARCELO PEREIRA GOMES

A IMAGEM DAS EMPRESAS SOCIALMENTE RESPONSÁVEIS

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium

para obtenção do título de especialista em MBA em Gestão Empresarial.

Aprovada em:____/____/_____

Banca Examinadora:

Profª M.Sc. Máris de Cássia Ribeiro

Mestre em Administração pela Universidade Metodista de Piracicaba

_______________________________________________________________

Profª M.Sc. Heloisa Helena Rovery da Silva

Mestre em Administração pela CNEC/FACECA – MG

_______________________________________________________________

Lins – SP

2008

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DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho aos meus pais,

que sempre me guiaram e me ensinaram

a caminhar em busca dos meus sonhos.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, por ter me concedido o dom da vida e por ter me

proporcionado momentos tão especiais.

À minha esposa Jaqueline, que em todos os momentos, esteve ao meu

lado me apoiando e me dando forças para conclusão dessa etapa de nossas

vidas.

À Profª. M.Sc. Máris pela paciência e compreensão durante a

elaboração desse trabalho.

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O caminho é longo, é preciso chegar ao fim.

O caminho é pedregoso... , é preciso desviar das pedras,

Quebras as rochas e seguir avante.

É preciso ter coragem, correr riscos, enfrentar o perigo, ser constante.

O caminho não está feito. É preciso ir construindo todos os dias;

Arrancando espinhos, derrubando barreiras, aterrando valas...

O caminho às vezes escurece. É preciso está prevenido.

Não deixando nunca a lâmpada sem azeite para tudo que acontece.

Às vezes chove, faz frio e o vento sibila furioso entre a selva.

É preciso um abrigo.

Às vezes o caminho é solitário. Às vezes é preciso um amigo...

O sol queima, a sede devora, é preciso uma sombra,

Uma fonte onde a gente revigora.

É preciso uma esperança que nunca desvanece.

A certeza de que não estamos sós nesta jornada caminha sempre.

Não importa que haja quedas. Importa sempre começar de novo.

Caminhando sempre, e mãos dada com a mesma coragem.

Conquistando o seu dia na certeza de vencer.

Autor Desconhecido

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“Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse

amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que tivesse

o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda

que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não

tivesse amor, nada seria. E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para

sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado,

e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria. O amor é sofredor, é benigno;

o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece.

Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não

suspeita mal.Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade.Tudo sofre,

tudo crê, tudo espera, tudo suporta.”

Apóstolo Paulo

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RESUMO

Durante anos as empresas pensaram somente em seus lucros, sem se importar com seus consumidores, pois acreditavam que seu dever era produzir e os clientes deviam consumir o que foi produzido. A partir de certo momento, algumas empresas passaram a utilizar o preço e garantia da qualidade como diferencial competitivo. Hoje, tais atributos não são mais considerados diferenciais, mas sim características obrigatórias em qualquer produto ou serviço. A prática da responsabilidade social passou a ser o grande diferencial, pois a partir de sua implantação, as empresas começaram a focar suas ações sociais a partir de seus funcionários diretos, familiares, parceiros e chegando aos membros da comunidade e sociedade (stakeholders). Sendo assim, a sociedade como um todo passou a cobrar um comportamento mais ético por parte das empresas, ou seja, um comportamento espontâneo não regido por leis morais, de forma que a comunidade também tivesse uma parcela dos ganhos da empresa, seja através de ações direta das empresas, ou simplesmente pela não sonegação de impostos. A manutenção da imagem passou a ser a grande preocupação das empresas, pois ela é o maior patrimônio que as empresas têm, e fazem de tudo para mantê-la ou melhorá-la. As que já estão em estágio mais avançado de implantação da responsabilidade social investem pesadamente em marketing para que suas ações sejam conhecidas pela sociedade e seus negócios estejam sempre em evidência. Já as que em estágios menos avançado, raramente divulgam suas ações, pois desconhecem o potencial que o marketing tem de transformar tais ações em benefícios para própria empresa.

Palavras-chave: Responsabilidade Social. Ética. Stakeholders.

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ABSTRACT

During years the companies only thought of its profits, without caring with its consumers, because they believed that its duty was to produce and the customers should consume what was produced. Starting from certain moment, some companies started to use the price and warranty of the quality as competitive differential. Today, such attributes are not considered you differentiate, but yes obligatory characteristics in any product or service. The practice of the social responsibility became the great differential, because starting from its implantation, the companies began its focus social actions starting from its direct, family employees, partners and arriving to the community's members and society (stakeholders) .Therefore a society as a whole started to collect a more ethical behavior on the part of the companies, that is to say, a spontaneous behavior not governed by moral laws, so that the community he/she also had a portion of the gains of the company, be through direct of the companies actions, or simply for the not defraudment of taxes. The maintenance of the image became the great concern of the companies, because she is the largest patrimony that the companies have, and they do to maintain it or to improve it of everything. The ones that are already in advanced apprenticeship of implantation of the social responsibility they invest heavily in marketing so that its actions are known by the society and its business are always in evidence. Already the ones that in less advanced apprenticeships, they rarely disclose its actions, because they ignore the potential that the marketing has to transform such actions in benefits for own company.

Keywords: Social Responsibility. Ethics. Stakeholders.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Estágios da responsabilidade social corporativa.........................

Figura 2: Áreas que as micro e pequenas empresas atuaram na

pesquisa......................................................................................................

Figura 3: Educação empreendedora – Bertin Castanhal/PA.......................

Figura 4: Petrobras – Educação para Crianças e Adolescentes da Maré...

Figura 5: Usina de Brucutu/MG...................................................................

40

42

45

49

50

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Parceiros das empresas e suas contribuições...........................

Quadro 2: Modelo de balanço social sugerido pelo Ibase...........................

Quadro 3: Características de empresa socialmente responsável...............

Quadro 4: Comparativo Filantropia X Responsabilidade Social..................

Quadro 5: Princípios do pacto global..........................................................

23

25

31

34

48

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas

ABIEC: Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne

CEPAA: Agência de Acreditação do Conselho de Prioridades Econômicas

COOFACEP: Cooperativa de Calçados do Estado do Pará

CREBIM: Centro de Reabilitação Eduardo Bicalho Magalhães

IBASE: Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas

ISO: International Organization for Standardization

MPE: Micro e Pequenas empresas

ONU: Organização das Nações Unidas

PDCA: em inglês,Plan, Do, Check e Act. Planejar, Fazer, Verificar e Atuar

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SEBRAE: Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

UNESP: Universidade Estadual Paulista

UNICEF: Fundo das Nações Unidas para Infância

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................. 14

CAPÍTULO I - RESPONSABILIDADE SOCIAL .............................................. 16

1 A RESPONSABILIDADE SOCIAL.................................................... 16

1.1 Definição............................................................................................ 16

1.2 Ética empresarial ............................................................................... 17

1.2.1 Questão ética do produto................................................................... 18

1.2.1.1 Segurança do produto....................................................................... 18

1.2.1.2 Embalagens ...................................................................................... 18

1.2.1.3 Obsolescência planejada .................................................................. 18

1.2.1.4 Produtos alimentícios ou de nutrição ................................................ 18

1.2.2 Questão ética do preço...................................................................... 18

1.2.2.1 Bait-and-swich................................................................................... 19

1.2.2.2 Fixação de preço............................................................................... 19

1.2.2.3 Preços desleais ................................................................................. 19

1.2.2.4 Discriminação de preços ................................................................... 19

1.2.3 Questão ética da comunicação.......................................................... 19

1.2.3.1 Propaganda enganosa ...................................................................... 19

1.2.3.2 Propaganda de bebidas e cigarro ..................................................... 20

1.3 Stakeholders ...................................................................................... 20

1.3.1 Público interno ................................................................................... 20

1.3.2 Comunidades..................................................................................... 21

1.3.3 Fornecedores..................................................................................... 21

1.3.4 Acionistas .......................................................................................... 22

1.3.5 Governo ............................................................................................. 22

1.3.6 Concorrentes ..................................................................................... 22

1.3.7 Clientes.............................................................................................. 22

1.3.8 Sociedade.......................................................................................... 23

1.4 Balanço social.................................................................................... 24

1.5 Normas técnicas ................................................................................ 27

13

1.5.1 NBR 16001 ........................................................................................ 28

1.5.2 SA 8000 ............................................................................................. 28

1.5.3 ISO 26000.......................................................................................... 29

1.6 Empresa socialmente responsável .................................................... 31

1.6.1 Filantropia X responsabilidade social................................................. 33

1.7 Meio ambiente ................................................................................... 34

CAPÍTULO II - A IMAGEM DA EMPRESA...................................................... 36

2 A RESPONSABILIDADE SOCIAL E A IMAGEM DA EMPRESA .... 36

2.1 Imagem corporativa ........................................................................... 36

2.2 Marketing social corporativo .............................................................. 38

CAPÍTULO III – EMPRESAS SOCIALMENTE RESPONSÁVEIS................... 40

3 EXEMPLIFICANDO EMPRESAS SOCIALMENTE

RESPONSÁVEIS.... ......................................................................................... 40

3.1 Primeiro estágio ................................................................................. 40

3.1.1 Micro e pequenas empresas.............................................................. 41

3.2 Segundo estágio ................................................................................ 43

3.2.1 Bertin ................................................................................................. 43

3.2.1.1 Ações de responsabilidade social ..................................................... 44

3.2.1.1.1 Ações sociais .................................................................................... 44

3.2.1.2 Ações Ambientais.............................................................................. 45

3.3 Terceiro estágio ................................................................................. 46

3.3.1 Petrobrás ........................................................................................... 47

3.3.2 Vale do Rio Doce ............................................................................... 49

CONCLUSÃO .................................................................................................. 53

REFERÊNCIAS ............................................................................................... 55

14

INTRODUÇÃO

Devido à alta competitividade entre as empresas e ao melhor

esclarecimento por parte dos clientes, surgiu a necessidade das empresas

manter, ou melhorar sua imagem junto à sociedade. Para isso, investem em

vários projetos, nas mais diversas áreas, para demonstrar que são socialmente

responsáveis.

As empresas socialmente responsáveis têm foco nos direitos humanos,

culturais e econômicos, envolvendo funcionários e seus familiares,

fornecedores, acionistas, clientes, parceiros, membros da comunidade e da

sociedade.

Com objetivo de partir para ações mais representativas junta à

sociedade, as empresas iniciam com ações que envolvem primeiramente seus

colaboradores, no âmbito interno da empresa.

Responsabilidade social é um processo dinâmico a ser conduzido com

vigilância permanente, de forma inovadora e de sustentabilidade.

Atualmente as empresas usam o investimento em responsabilidade

social como um diferencial competitivo, uma vez que o bom atendimento ao

cliente, garantia de qualidade dos produtos e serviços, preço, já não são mais

fatores de competitividade e sim características obrigatórias em qualquer

empresa que deseja se manter no mercado. Tais empresas usam uma lacuna

deixada pelos governos, que não cumprem na totalidade sua função social.

A população de uma forma geral vem a cada dia cobrando um

comportamento mais ético das empresas, que segundo Orchis; Yung; Morales

(2002), é um padrão moral, não governado por leis morais mas sim a definição

de valor qualificando a conduta do ponto de vista do bem ou do mal.

O objetivo do trabalho foi verificar se o investimento em responsabilidade

social influencia na imagem das organizações.

A pergunta problema que norteou o trabalho foi: o investimento em

responsabilidade social pode melhorar ou influenciar a imagem de uma

empresa junto à sociedade?

Para responder tal questão foi utilizado o método de revisão

bibliográfica, onde foram analisados diversos livros e artigos científicos.

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O trabalho está estruturado da seguinte forma:

Capítulo I – Conceitua responsabilidade social e os demais temas

relacionados.

Capítulo II – Descreve e exemplifica imagem e marketing corporativo.

Capítulo III – Apresenta exemplos de empresas que investem em

responsabilidade social.

Encerrando o trabalho tem-se a conclusão.

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CAPÍTULO I

RESPONSABILIDADE SOCIAL

1 A RESPONSABILIDADE SOCIAL

1.1 Definição

Entende-se responsabilidade social como o comprometimento

permanente das empresas em adotar um comportamento ético e contribuir

para o desenvolvimento econômico, melhorando, ao mesmo tempo, a

qualidade de vida de seus empregados, de sua família, da comunidade local e

da sociedade como um todo. Trata-se de uma série de ações concretas que

podem contribuir para a melhoria da qualidade dos relacionamentos da

empresa. É a expansão e evolução do conceito de empresa além de seu

ambiente interno. Na medida em que a empresa está inserida na sociedade,

observa-se uma relação de interdependência entre ambas. (ORCHIS; YUNG;

MORALES, 2002)

O mundo empresarial vê, na responsabilidade social, uma nova estratégia para aumentar seu lucro e potencializar seu desenvolvimento. Essa tendência decorre da maior conscientização do consumidor e conseqüente procura por produtos e práticas que gerem melhoria para o meio ambiente ou comunidade, valorizando os aspectos éticos ligados à cidadania. (ASHLEY, 2002, p.3)

Para Ashley (2002), uma grande parcela das empresas investe em

responsabilidade social, não pensando no bem que ela pode proporcionar, mas

sim no retorno financeiro que essas ações podem lhes proporcionar.

Responsabilidade social, segundo Ashley, (2002) é o compromisso que

uma organização de vê ter coma sociedade, expresso por meio de atos e

atitudes que afetam positivamente, de modo amplo, ou a alguma comunidade,

de modo específico, agindo pro ativamente e coerentemente no que tange a

seu papel específico na sociedade e a sua prestação de contas para com ela.

A organização, nesse sentido, assume obrigações de caráter moral,

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além das estabelecidas por lei, mesmo que não diretamente vinculadas às

suas atividades, mas que possam contribuir para o desenvolvimento

sustentável. Assim, numa visão mais ampla, responsabilidade social é toda e

qualquer prática que possa contribuir para melhoria de vida da sociedade.

1.2 Ética empresarial

É desejável que a prática do socialmente responsável por uma empresa

esteja inserida em sua filosofia, na sua perspectiva e em seus objetivos

empresariais. A adoção dessa prática pode ser despertada pela convicção

pessoal dos dirigentes ou por concepções empresariais estratégicas como

forma de atingir reais objetivos socialmente responsáveis ou seus objetivos

gerados pelos eventuais benefícios produzidos pela adoção da

responsabilidade social. (ORCHIS; YUNG; MORALES, 2002)

Segundo Orchis; Yung; Morales (2002), os investimentos em programas

de gestão ética nas organizações surgiram com base nas demandas da

sociedade, legislações, movimentos anticorrupção e de transparência

internacional, tornando-se questão estratégica e fator diferencial de

competitividade e de aumento da produtividade.

A ética é um padrão moral não governado por lei que focaliza as

conseqüências humanas das ações. Necessita de um comportamento mais alto

que os estabelecidos por lei. Ética trata de juízos de valor, qualificando a

conduta do ponto de vista do bem ou do mal, podendo ser relativa a uma

especifica sociedade, ou generalizando. (ORCHIS; YUNG; MORALES, 2002)

A ética empresarial envolve desde as práticas utilizadas pela empresa

na venda de produtos ao mercado, a fim de alcançar seus objetivos, até o

relacionamento com todos os stakeholders.

Para Semenik; Bamossy (apud MIRANDA, 2002) ética é o conjunto de

padrões e princípios morais segundo os quais se julga o comportamento e em

nível empresarial, pode-se identificar as seguintes questões éticas:

18

1.2.1 Questão ética do produto

1.2.1.1 Segurança do produto

Trata-se da segurança intrínseca do produto, ou seja, se o produto pode

causar dano a quem o manuseia ou o utiliza.

1.2.1.2 Embalagens

Refere-se às questões diversas, como, por exemplo, se as embalagens

são enganosas na relação tamanho da embalagem X quantidade de produto.

1.2.1.3 Obsolescência planejada

Pode ser obsolescência planejada de estilo (tentativa de influenciar a

percepção do consumidor quanto à aparência aceitável de uma categoria de

produto – por exemplo, roupa da moda) e obsolescência planejada e funcional

(deixar importantes melhorias de produto fora do mercado para que não afetem

a atratividade de atuais produtos de sucesso).

1.2.1.4 Produtos alimentícios ou de nutrição

Refere-se ao fato de que muitas vezes os rótulos dos produtos não

condizem com o valor nutricional ou sua especificidade.

1.2.2 Questão ética do preço

19

1.2.2.1 Bait-and-swich

Tática de anunciar um produto convidativo e, no ponto de venda,

oferecer um produto mais barato, alegando que o produto procurado já se

encontra esgotado.

1.2.2.2 Fixação de preço

Esse tópico faz alusão a empresas de um mesmo setor que entram em

conluio para fixar seus preços em um determinado nível.

1.2.2.3 Preços desleais

Prática de preços demasiadamente baixos com intuito de forçar a saída

de um concorrente do mercado e, após sua saída, aumentar os preços acima

do nível anterior.

1.2.2.4 Discriminação de preços

Refere-se à prática de vender a clientes empresariais similares produtos

iguais a preços diferentes.

1.2.3 Questão ética da comunicação

1.2.3.1 Propaganda enganosa

Essa questão é bastante delicada e dá margem à múltiplas

interpretações, por exemplo, comunicar que um produto tira manchas, quando

ele não as tira é considerado propaganda enganosa e está sujeito às penas da

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legislação. Por outro lado, dizer que ele é o melhor detergente é totalmente

aceitável, sendo denominado puffery (técnica de exaltar e exagerar a qualidade

do produto.

1.2.3.2 Propaganda de bebidas e cigarro

Em muitos países, a propaganda desses produtos é proibida e em

outras está sujeita a diversas restrições.

1.3 Stakeholders

São os grupos de interesse que se relacionam, afetam e são afetados

pela organização e suas atividades. O termo foi criado para diferenciar os

shareholders (acionistas) dos outros membros da sociedade que atuam como

pilares de sustentação da atividade empresarial.

Os valores e administração corporativa da organização, as

regulamentações, os controles, os investimentos em meio ambiente, os

impactos de seus produtos, serviços, operações e as questões relativas e

direitos humanos e as condições de trabalho, dentre outros, refletem as

expectativas de desempenho na relação empresa-stakeholders. (ORCHIS;

YUNG; MORALES, 2002)

De acordo com Orchis; Yung; Morales (2002) serão apresentados a

seguir os stakeholders e a responsabilidade da empresa com eles.

1.3.1 Público interno

As pessoas, como o diferencial de uma organização, devem ser

valorizadas e motivadas a fim de obter a coesão interna alinhada aos objetivos

da organização. O tratamento dos funcionários com dignidade,

responsabilidade e liberdade de iniciativa deve fazer parte da cultura da

empresa. A participação nos lucros e resultados é uma forma de

21

reconhecimento da contribuição dos funcionários para o desempenho da

empresa que motiva e aumenta seu envolvimento e comprometimento. A

empresa socialmente responsável deve oferecer oportunidades iguais

independente de sexo, raça, idade e origem, dentre outras, trazendo para o

ambiente de trabalho diferentes histórias de vida, habilidades e visões de

mercado. A responsabilidade social com seu público interno resulta em maior

produtividade, comprometimento e motivação, assim como em menor

rotatividade de mão-de-obra. Isso afeta de forma positiva a qualidade dos

produtos e serviços oferecidos.

1.3.2 Comunidades

O envolvimento e investimento na comunidade em que está situada,

provedora de infra-estrutura e mão-de-obra, é uma prioridade da administração

da empresa socialmente responsável, que precisa gerenciar o impacto da sua

atividade produtiva e manter bom relacionamento com as organizações

atuantes, devendo estar acompanhado de políticas e critérios bem definidos.

A responsabilidade social da empresa na comunidade deve ser

condizente apoio material e de serviços a projetos comunitários voltados à

crianças e atuar na comunidade é por meio da disponibilização de seus

funcionários em projetos, caracterizando-se o chamado trabalho voluntário. A

divulgação do estímulo ao voluntariado possibilita a valorização e disseminação

no meio empresarial de ações que ofereçam oportunidades para o exercício de

cidadania e da solidariedade dos funcionários, fortalecendo a imagem da

organização.

1.3.3 Fornecedores

A transmissão dos valores de conduta ética no cumprimento de

contratos e no relacionamento com os parceiros é fundamental para uma

atuação socialmente responsável na cadeia produtiva. Uma empresa

socialmente responsável deve considerar seu código de conduta no ato de

22

contratação dos fornecedores e exigir dos trabalhadores terceirizados atitudes

éticas semelhantes às de seus funcionários.

1.3.4 Acionistas

Uma empresa socialmente responsável deve utilizar seus princípios

éticos, distribuindo corretamente e com transparência os resultados para seus

acionistas, já que as práticas socialmente responsáveis só são concretizados

pelos investimentos por eles efetuados.

1.3.5 Governo

A empresa socialmente responsável deve atuar com transparência

política, estimulando a cidadania na sociedade, além de assumir um

compromisso contrário à oferta ou recebimento de propinas. A complexidade

dos problemas sociais demanda a parceria entre a iniciativa privada e o Estado

para que seja feito um trabalho mais integrado do caráter coletivo e os recursos

mobilizados sejam aplicados de modo a produzir resultados mais eficazes em

tempos mais curtos.

1.3.6 Concorrentes

A empresa deve evitar práticas monopolistas e oligopolistas, dumpings e

formação de trustes e cartéis, buscando sempre fortalecer a livre concorrência

de mercado. A empresa socialmente responsável não efetua espionagem

industrial ou outras ações ilícitas e imorais para obtenção de vantagem

competitiva, mantendo um relacionamento ético com os concorrentes.

1.3.7 Clientes

23

A responsabilidade social empresarial para com os clientes está

relacionada ao desenvolvimento de produtos e serviços confiáveis, que não

provoquem danos nem expectativas excessivas aos seus usuários e à

sociedade. Uma vez que os consumidores consideram cada vez mais

reputação da empresa nas decisões de compra, a responsabilidade social é

tida como questão estratégica para sobrevivência.

1.3.8 Sociedade

Como a sociedade engloba todos os stakeholders, é na sinergia dos

esforços entre a iniciativa privada, estado e sociedade que poderão ser

solucionados os problemas socioeconômicos dos países.

continua

PARCEIROS CONTRIBUIÇÕES DEMANDA BÁSICA

Acionistas Capital Lucros e Dividendos;

preservação do patrimônio

Empregados Mão-de-obra; idéias

criatividade

Salários justos; segurança no

emprego; realização pessoal;

condições de trabalho

Fornecedores Mercadorias Respeito aos contratos;

negociação leal

Clientes Dinheiro Segurança e boa qualidade dos

produtos; preço acessível;

propaganda honesta

Concorrentes Competição; referencial

de mercado

Lealdade na concorrência

Governo Suporte institucional,

jurídico e político

Obediência às leis; pagamento

de tributos

Grupos..e

Movimentos

Aportes socioculturais

diversos

Proteção ambiental; respeito

aos direitos de minorias;

respeito aos acordos salariais

24

continuação

Comunidade Infra-estrutura Respeito aos interesses

comunitários; contribuição à

melhoria da qualidade de vida

na comunidade; conservação

dos recursos naturais.

Fonte: (MIRANDA, 2002, p. 234)

Quadro 1: Parceiros das empresas e suas contribuições

1.4 Balanço social

O balanço social é um demonstrativo publicado anualmente pela

empresa reunindo um conjunto de informações sobre os projetos, benefícios e

ações sociais dirigidas aos empregados, investidores, analistas de mercado,

acionistas e à comunidade. É também um instrumento estratégico para avaliar

e multiplicar o exercício da responsabilidade social corporativa. (TORRES;

MANSUR, 2000)

Para Gonçalves (apud RIZZI, 2002), balanço social é um conjunto de

informações qualificadas, por meio das quais a empresa poderá acompanhar

de maneira objetiva o desenvolvimento de suas atividades, no campo dos

recursos humanos, bem como medir seu desempenho na implantação de

programas de caráter social.

No balanço social a empresa mostra o que faz por seus profissionais,

dependentes, colaboradores e comunidade, dando transparência às atividades

que buscam melhorar a qualidade de vida para todos. Ou seja, sua função

principal é tornar pública a responsabilidade social empresarial, construindo

maiores vínculos entre a empresa, a sociedade e o meio ambiente.

O balanço social é uma ferramenta que, quando construída por múltiplos

profissionais, tem a capacidade de explicitar e medir a preocupação da

empresa com as pessoas e a vida no planeta. (TORRES; MANSUR, 2007)

No Brasil a idéia começou a ser discutida na década de 70. Contudo,

apenas nos anos 80 surgiram os primeiros balanços sociais de empresas. A

25

partir da década de 90 corporações de diferentes setores passaram a publicar

balanço social anualmente.

Segundo Torres; Mansur (2007), a proposta, no entanto, só ganhou

visibilidade nacional quando o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, lançou,

em junho de 1997, uma campanha pela divulgação voluntária do balanço

social. Com o apoio e a participação de lideranças empresariais, a campanha

decolou e vem suscitando uma série de debates através da mídia, seminários e

fóruns. Hoje é possível contabilizar o sucesso desta iniciativa e afirmar que o

processo de construção de uma nova mentalidade e de novas práticas no meio

empresarial está em pleno curso.

Para Rizzi (2002), as informações contidas no balanço social devem ser

tanto quantitativos como qualitativos, integrando todas as ações sociais

existentes na empresa que envolvem o meio ambiente, as premiações e

certificações recebidas, as ações executadas pela fundação/instituto da

empresa, e as ações sociais externas realizadas diretamente pela empresa,

com o sem parceria com uma organização do terceiro setor. Dessa forma, o

balanço social proporciona à sociedade e aos investidores uma ferramenta

para avaliação das empresas. Além disso, pode constituir um instrumento

estratégico para a tomada de decisão.

O Ibase (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas) promove

divulgação de balanços sociais pelas empresas e possui um modelo que o

tornou referência nacional. Dessa forma, a sociedade toma conhecimento de

que a empresa possui informações de cunho social disponíveis, o que lhe

garante um crédito com a clientela.

Segue abaixo o modelo de balanço social sugerido pelo Ibase.

continua

INDICADORES ITENS INCLUIDOS

Receita líquida Receita bruta excluídas dos impostos e

contribuições, devoluções, abatimentos e

descontos comerciais.

Folha de pagamento bruta Valor total da folha de pagamento

26

continuação

Alimentação Restaurante, ticket-refeição, lanches, cestas

básicas e outros gastos com alimentação

dos empregados

Previdência privada Planos especiais de aposentados,

fundações previdenciárias,

complementações de benefícios aos

aposentados e seus dependentes

Saúde Plano de saúde, assistência médica,

programas de medicina preventiva,

programas de qualidade de vida e outros

gastos com saúde, inclusive dos

aposentados

Educação Treinamentos, programas de estágio,

reembolso de educação, bolsas,

assinaturas de revistas, gastos com

bibliotecas, outros gastos com educação e

treinamento de funcionários

Creche/auxílio creche Creche no local ou auxílio-creche aos

funcionários

Participação nos lucros ou

resultados

Participações que não caracterizam

complemento de salários

Outros benefícios Seguros (parcela paga pela empresa),

empréstimo, gastos com atividades

recreativas, transportes, moradias e outros

benefícios oferecidos aos empregados

Tributos (excluídos os

encargos sociais)

Impostos, contribuições e taxas federais,

estaduais e municipais

Contribuições para

sociedade/investimentos na

cidadania

Investimentos na comunidade

Relacionados com a operação

da empresa

Despoluição, gastos com a introdução de

métodos não-poluentes e outros gastos que

27

visem à maior qualidade ambiental na

operação da empresa

Em programas/projetos

externos

Despoluição, conservação de recursos

ambientais, campanhas ambientais e outros

Outras informações relevantes Espaço disponível para que a empresa

agregue outras informações que considere

reveladoras de sua ação social

Fonte: (RIZZI, 2002, p. 189)

Quadro 2: Modelo de balanço social sugerido pelo Ibase

Para Toldo (2002) balanço social mostra à sociedade o que realmente a

empresa valoriza quando se refere ao lado humano da empresa e da

comunidade. Apresenta o que a empresa fez por seus funcionários em relação

a salários, alimentação, educação, saúde, segurança no trabalho, transporte,

creches, previdência privada, bolsas de estudo, participação nos resultados.

Apresenta, ainda, seu faturamento bruto, lucro operacional, folha de

pagamento, encargos sociais, tributos pagos e outros, especificando cada um

deles. E como e quanto investiu na comunidade e no meio ambiente.

Assim, na comunidade, investimentos nas áreas de cultura, esporte,

habitação, saúde pública, saneamento, assistência social, segurança,

urbanização, defesa civil, educação, obras públicas, campanhas e outras.

No investimento no meio ambiente apresentará: programas de

reflorestamento; despoluição; gastos com introdução de métodos não-

poluentes e outros investimentos que visem à conservação, recuperação ou

melhoria do meio-ambiente.

Quando a empresa pratica a responsabilidade social, a divulgação dos

resultados torna-se importante, pois mostra por meios de números e objetivos

as ações realizadas para os seus públicos. Várias empresas brasileiras já

adotam o balanço social e outras estão descobrindo a vantagem de ser

reconhecida como uma empresa voltada para comunidade. (TOLDO, 2002)

1.5 Normas técnicas

28

Existe uma série de normas que têm como objetivo direcionar as ações

das organizações no que diz respeito à responsabilidade social, dentre as

quais podem citar as seguintes:

1.5.1 NBR 16001

A referida norma foi elaborada em uma comissão especial de

responsabilidade social na ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas).

Foi redigida de forma a aplicar-se a todos os tipos e portes de organizações

nas mais diferentes condições geográficas, culturais e sociais.

Esta Norma tem por objetivo prover às organizações os elementos de

um sistema da gestão da responsabilidade social eficaz, passível de integração

com outros requisitos da gestão, de forma a auxiliá-las a alcançar seus

objetivos relacionados com os aspectos da responsabilidade social.

A Norma não prescreve critérios específicos de desempenho da

responsabilidade social e se aplica a qualquer organização que deseje

implantar, manter e aprimorar um sistema de gestão de responsabilidade

social; assegurar-se de sua conformidade com a legislação aplicável e com sua

política da responsabilidade social e apoiar o engajamento efetivo das partes

interessadas.

Esta Norma tem semelhança às Normas ISO 9000 e ISO 14000, que

segue princípios de PDCA, termo em inglês que significa Plan, Do, Check e

Act, ou seja, Planejar, Fazer, Verificar e Atuar no sentido de melhorar, esta

norma, portanto, assume caráter de gestão.

1.5.2 SA 8000

A SA 8000 é a norma de Responsabilidade Social baseada em

convenções da Organização Internacional do Trabalho e em outras

convenções das Nações Unidas. Esta Norma foi desenvolvida pela CEPAA -

Agência de Acreditação do Conselho de Prioridades Econômicas, ligada a

29

ONU (Organização das Nações Unidas), reunindo Organizações não

gornamentais, empresas e sindicatos. (WIKIPÉDIA,2007)

SA8000 é uma norma internacional de avaliação da responsabilidade

social que existe para empresas fornecedoras e vendedoras. A norma SA8000

traz todos os requisitos e a metodologia de auditoria para uma correta

avaliação das condições do local de trabalho. (WIKIPÉDIA,2007)

Estas condições incluem trabalho infantil, trabalhos forçados, saúde e

segurança no trabalho, liberdade de associação, discriminação, práticas

disciplinares, carga horária, benefícios e as responsabilidades da gerência em

manter e melhorar as condições do trabalho. (WIKIPÉDIA, 2007)

A norma SA8000 foi criada em 1998 por um grupo internacional liderado

pelo CEPAA (Council for Economic Priorities Accreditation Agency –A norma

SA8000 é considerada como a norma mais propícia para aplicação global de

processos de auditoria de locais de trabalho, e pode ser implementada em

instalações de qualquer porte, região ou setor da indústria. (WIKIPÉDIA, 2007)

O CEPAA criou requisitos extremamente rigorosos para as organizações

responsáveis pela certificação e registro, justamente para assegurar que os

auditores sejam devidamente qualificados, que os procedimentos de

certificação sejam meticulosamente implementados e que haja grande

credibilidade junto ao público. (WIKIPÉDIA, 2007)

A norma SA8000 se assemelha em muitos aspectos à série de normas

ISO 9000, principalmente no que se refere a ações preventivas e corretivas,

revisão gerencial, planejamento e eficácia na implementação e avaliação,

controle de fornecedores, registros, além da necessidade de provas objetivas e

constatáveis. (WIKIPÉDIA, 2007)

1.5.3 ISO 26000

Trata-se de uma norma de diretrizes com todos os predicados para se

transformar em um dos principais guias para as organizações no tocante a

práticas de gestão social e ambientalmente responsável.

ISO é um prefixo grego que significa igual e é, também, a sigla da

International Organization for Standardization, uma organização não-

30

governamental internacional de padronização, formada por representantes de

mais de 150 países, que, atualmente, entre outras finalidades, tem como

objetivo estabelecer o padrão mundial para a implementação de diretrizes

direcionadas à responsabilidade socioambiental. (CREDIDIO, 2007)

A ISO 26000, prevista para ser publicada em 2008, será a terceira

geração de normas ISO, uma vez que já vigoram os sistemas de gestão da

qualidade (ISO 9000) e o de gestão ambiental (ISO 14000), adotadas por mais

de 600 mil organizações em todo o mundo.

Contudo, diferentemente destas, a ISO 26000 não será uma norma para

certificação, ou seja, ela servirá apenas como um guia de diretrizes e não como

base para obtenção de selos e certificados de responsabilidade

socioambiental pelas empresas e outras organizações.

A decisão da ISO foi elaborar uma norma de diretrizes em

responsabilidade social dirigida para todos os tipos de organização. Essa

determinação tem gerado um debate constante sobre o tratamento que será

dado às empresas, pois há um temor de que a formulação das diretrizes, por

se dirigir a organizações em geral, perca o significado concreto para a conduta

das corporações.

A norma trará orientações sobre o processo de incorporação da

responsabilidade social e ambiental às atividades de uma organização, além de

indicações sobre os principais instrumentos, sistemas e entidades que,

atualmente, tratam do tema, visando orientar as organizações de todos os tipos

e tamanhos sobre os cuidados e princípios que devem ser seguidos por quem,

um dia, desejar se tornar socialmente responsável. (CREDIDIO, 2007)

Nesse sentido, com a publicação da ISO 26000, espera-se que a tênue

linha que separa o discurso corporativo oficialmente responsável das

verdadeiras políticas e práticas empresariais ganhe contornos mais

acentuados, servindo as diretrizes como parâmetro para a sociedade medir a

verdadeira atuação socioambiental das empresas, uma vez que um dos

principais objetivos da norma será o de estabelecer um entendimento comum

sobre o que de fato significa responsabilidade social, a fim de que as iniciativas

duvidosas sobre o assunto possam ser claramente resolvidas. (CREDIDIO,

2007)

31

Segundo Credidio (2007), ISO 26000 abrangerá três tipos de princípios.

No primeiro, denominado Gerais, se aplicam todas as circunstâncias, como por

exemplo, respeito à lei, a convenções e a declarações reconhecidas

internacionalmente. Os princípios que fazem parte do segundo critério,

chamados Substantivos, são voltados a resultados e avanço de critérios

internacionalmente reconhecidos nas diversas áreas da responsabilidade

social. Por fim, os ditos Operacionais dizem respeito à natureza e qualidade do

processo, englobando inclusividade, transparência, materialidade e

responsabilidade, entre outros aspectos.

O processo envolve representantes dos mais variados países,

organizações da sociedade civil e grupos sociais. Um fator importante para

que o estado se mantenha é que, a cada dia, as normas se renovam e passam

a englobar outros conceitos, a exemplo da responsabilidade social. Por isso,

tudo leva a crer que a futura ISO 26000 dará novo impulso às políticas e

práticas de responsabilidade social no Brasil e no mundo, estimulando

processos de mudanças de comportamento em todos os níveis da sociedade e,

em especial, demonstrando às empresas que é possível aliar desenvolvimento

sustentável com a manutenção do lucro.

1.6 Empresa socialmente responsável

Para Melo Neto; Fróes (2001), as empresas socialmente responsáveis

destacam-se pelo seu padrão de comportamento social, econômico, cultural e

político. A integridade é a base da ética do comportamento da empresa

socialmente responsável. É a dimensão de maior amplitude. Envolve a ética

não somente aplicada aos negócios, mas também em todo ambiente

organizacional.

continua

Uma empresa é socialmente responsável se ela é...

Ecológica Usar papel reciclado em produtos e embalagens

Filantrópica Permite que os funcionários reservem parte do

32

continuação

horário de serviços para a prestação de trabalho

voluntário.

Flexível Deixa que os funcionários ajustem sua jornada de

trabalho às necessidades pessoais.

Interessada Faz pesquisas entre os funcionários para conhecer

seus problemas e tentar ajudá-los.

Saudável Dá incentivos financeiros para funcionários que

alcançam metas de saúde como redução de peso e

colesterol baixo.

Educativa Permite que os grupos de estudantes visitem as

suas dependências.

Comunitária Cede suas instalações esportivas para

campeonatos de escolas das redondezas.

Íntegra Não lança mão de propaganda, vendas casadas e

outras práticas de marketing desonesto.

Fonte: (MELO NETO; FRÓES, 2001, p. 34)

Quadro 3: Características de empresa socialmente responsável

Esses atributos são necessários, mas não suficientes. É preciso algo

mais. E as empresas, principalmente as de vanguarda, líderes em seus

segmentos, conhecedoras deste fato, preparam-se para adequar-se ao mais

novo paradigma empresarial deste início de século.

A empresa socialmente responsável torna-se cidadã porque dissemina

novos valores que restauram a solidariedade social, a coesão social e o

compromisso social com a equidade, a dignidade, a liberdade, a democracia e

a melhoria da qualidade de vida de todos que vivem na sociedade. (MELO

NETO; FRÓES, 2001)

A prática da responsabilidade social revela-se internamente na constituição de um ambiente de trabalho saudável e propício à realização profissional das pessoas. A empresa com isso aumenta sua capacidade de recrutar e manter seus talentos, fator-chave para seu sucesso numa época de criatividade e inteligência são recursos cada vez mais valiosos. (BACELLAR et al apud TOLDO, 2002, p.7)

33

A prática da responsabilidade social das empresas surgiu a partir do

momento em que alguns gestores de empresas perceberam a incapacidade do

governo de criar e manter políticas assistencialistas, principalmente pelo mau

uso do dinheiro público e pela sonegação dos impostos por muitas empresas

deixando muitas lacunas a serem explorados, a partir daí, as empresas

realmente sérias,começaram a investir nestas áreas, no princípio apenas como

filantropia, com o passar do tempo, verificou-se que a imagem das empresas

melhoravam e estas passaram a investir cada vez mais, surgindo outros

projetos, não só assistencialistas, mas projetos que passaram a envolver todos

que se relacionavam com a empresa.

1.6.1 Filantropia X responsabilidade social

A grande maioria das empresas confunde responsabilidade social com

filantropia. Filantropia significa amizade do homem para com o homem. Na

linguagem moderna filantropia significa apenas: ajuda.

Passando para esfera empresarial, temos o seguinte entendimento:

filantropia é o ato de a empresa distribuir uma parte de seu lucro a ocasionais

pedintes. Acontece de maneira eventual. É uma ajuda.

A filantropia baseia-se no assistencialismo no auxílio aos pobres, aos

desvalidos, desfavorecidos, miseráveis, excluídos e enfermos. Quando falamos

em responsabilidade social, falamos em estratégias pensadas para orientar

ações das empresas em consonância com as necessidades sociais, de modo

que a empresa garanta, além do lucro e da satisfação de seus clientes, o bem-

estar da sociedade. É um comprometimento. A responsabilidade social busca

estimular o desenvolvimento do cidadão e fomentar a cidadania individual e

coletiva. (MELO NETO; FRÓES, 2001)

A filantropia parte de uma ação individual e voluntária e tem muitos

méritos. Mas a responsabilidade social vai além de vontades individuais,

caminha para torna-se a soma das vontades que constitui um consenso, uma

obrigação moral e econômica a ligar o comportamento de todos os que

participam da vida em (MELO NETO; FRÓES, 2001)

34

Os resultados da atuação das empresas por origem de capital

apresentam o seguinte quadro: empresas públicas investem em arte e cultura,

ciência e tecnologia e defesa dos direitos; empresas multinacionais atuam em

áreas fundamentais como saúde e educação, já as empresas privadas

nacionais, ficam em posição intermediária entre as públicas e as

multinacionais.

FILANTROPIA RESPONSABILIDADE SOCIAL

Ação individual e voluntária. Ação coletiva.

Fomento da caridade. Fomento da cidadania.

Base assistencialista. Base estratégica.

Restrita a empresários filantrópicos e

abnegados.

Extensiva a todos.

Prescinde de gerenciamento Demanda gerenciamento

Decisão Individual Decisão consensual

Fonte: (MELO NETO; FRÓES, 2001, p. 28)

Quadro 4: Comparativo Filantropia X Responsabilidade Social

Há uma nova perspectiva entre as empresas, que pode ser entendido

como responsabilidade social, reafirmando que o conceito de empresa

ultrapassou a idéia de gerar lucros, criar empregos, produzir serviços e

produtos, destinar partes de seus dividendos à filantropia. A visão de que a

empresa deve interagir com a sociedade está se ampliando.

As empresas possuem mais do que dinheiro, detêm conhecimento

técnico, canais de comunicação recursos ociosos e pessoas com competências

e aspirações que têm famílias inseridas nessa mesma sociedade que buscam

atingir objetivos comuns: dias mais felizes para todos. (TOLDO, 2002)

1.7 Meio ambiente

Atualmente, é quase impossível se falar em responsabilidade social,

35

sem falar em meio ambiente. No Brasil, aproximadamente 90% das empresas

já adotam algum procedimento associado às questões ambientais nas suas

atividades, que variam de acordo com o porte delas. Enquanto grandes

empresas preocupam-se com a redução da emissão de gases na atmosfera,

nas pequenas, os procedimentos de maior incidência são os relacionados à

redução de custos operacionais por meio da reciclagem e do reaproveitamento

da matéria-prima por produto, que resulta em benefícios competitivos para

elas. (SAAD; CARVALHO; COSTA apud TOLDO 2002)

As soluções encontradas par as mudanças que envolvem problemas

ambientais são geralmente formuladas dentro das empresas e o apoio de

órgãos ambientais é mais significativo nas grandes e médias empresas. Essa

relação se estabelece em virtude da política social da empresa e do seu

processo de licenciamento e fiscalização. (SAAD; CARVALHO; COSTA apud

TOLDO, 2002)

Segundo o Instituto Ethos (2008), existem diversas ações que podem

ser executadas pelas empresas com objetivo de minimizar as ações do homem

sobre o meio ambiente:

a) a empresa deve estar inteiramente comprometida com as leis

vigentes, indo além do estabelecido sempre que possível. Deve ser

estabelecido uma política ambiental aberta, por meio da qual os

colaboradores, membros da comunidade e outros, possam ser

informados de qualquer impacto adverso ao meio ambiente;

b) as compras, sempre que possível, devem ser de produtos

ambientalmente corretos. Os fornecedores devem ser envolvidos de

forma a fornecer produtos ambientalmente corretos;

c) os colaboradores devem ser motivados através de recompensas a

buscar formas alternativas de evitar desperdícios e práticas

poluentes.

A preservação do meio ambiente, hoje não é mais uma tarefa exclusiva

dos governos, tornou-se uma obrigação de toda sociedade. As empresas,

independente do porte, tornaram-se peças essenciais nesse processo de

preservação. Cabe a cada um fazer a sua parte, para que possamos entregar

às novas gerações um planeta onde ainda se consiga viver.

36

CAPÍTULO II

A IMAGEM DA EMPRESA

2 A RESPONSABILIDADE SOCIAL E A IMAGEM DA EMPRESA

Nos primórdios do cristianismo, os cristãos não utilizam camisetas,

faixas ou cordões como técnica de identificação, apenas desenhavam um peixe

no chão com o dedo do pé. Esse era o símbolo que usavam e ainda hoje é a

identificação visual dos cristãos. Essa simbologia surgiu do fato de Jesus Cristo

chamar alguns pescadores a serem pescadores de homens. Este símbolo

perdura por mais de dois mil anos e ganha em popularidade até da Coca-Cola.

(BONILHA, 2006)

Algumas marcas evoluem, muitas desaparecem, outras congelam no tempo

e no espaço, mas sempre marcam. Com as empresas detentoras dessas

marcas ocorrem exatamente a mesma coisas. Elas fazem de tudo para manter

uma boa imagem e para tal se utilizam dos mais diversos artifícios para que

seus nomes sejam sempre lembrados positivamente. Com o advento da idéia

de responsabilidade social, as empresas passaram a utilizar essa ferramenta

como diferencial competitivo e com isso alcançar novos clientes e parceiros.

(BONILHA, 2006).

2.1 Imagem corporativa

Segundo Minguez (apud FASCIONI, 2003), imagem é o conjunto de

significados que uma pessoa associa a uma organização. Diz ainda que o

processo de formação da imagem é um processo sempre complexo, pois é o

resultado da abstração de cada indivíduo forma em sua mente a partir de

operações de simplificação com atributos mais ou menos representativos para

ele. Estes atributos são em sua maioria, provenientes de três fontes de

informações: os meios de comunicação em massa, as relações interpessoais e

a experiência pessoal. Resumindo, podemos dizer que, imagem corporativa é

37

constituída por retalhos do que a empresa é, o que a empresa faz e o que a

empresa diz.

As principais funções da imagem segundo Fascioni (2003) são:

a) destacar a identidade diferenciadora da empresa;

b) definir o sentido da cultura organizacional;

c) construir a personalidade e o estilo corporativo;

d) reforçar o “espírito corporativo” e orientar os líderes;

e) atrair os melhores especialistas;

f) motivar o mercado de capitais;

g) evitar situações críticas;

h) impulsionar novos produtos e serviços;

i) relançar a empresa;

j) gerar uma opinião pública favorável;

k) reduzir as mensagens involuntárias;

l) otimizar a comunicação;

m) acumular reputação e prestígio;

n) atrair clientes e fidelizá-los;

o) inventar o futuro.

A imagem da empresa é a representação mental, no imaginário coletivo,

de um conjunto de atributos e valores que funcionam como um estereótipo e

determinam a conduta e as opiniões desta coletividade. (COSTA apud

FASCIONI, 2003).

A imagem corporativa define como a empresa se parece, como ela é

percebida. É o conjunto de significados que uma pessoa associa a uma

organização. Uma analogia simples para entender esses conceitos é imaginar

que a imagem corporativa é como uma tela em branco que as pessoas

possuem em suas mentes em relação a uma determinada empresa com a qual

ainda não tiveram contato. A imagem é o preenchimento dessa tela, como se

fosse um quebra-cabeças. As pessoas vão construindo a imagem com peças

que a própria empresa fornece. Se a empresa não sabe muito bem como é a

tela original (a identidade), não consegue distribuir as peças corretas para

preencher a tela na cabeça das pessoas (a imagem). Isso faz com que se

forme uma imagem confusa, onde as peças não se encaixam. Assim, é difícil

38

confiar na empresa e formar uma opinião favorável, pois não há clareza e nem

coerência. (FASCIONI, 2003)

A imagem é o maior patrimônio que uma instituição pode possuir,

portanto, as empresas fazem tudo, para que essa imagem não seja danificada.

Para mantê-la ou melhorá-la, as empresas tem a cada dia investido na área

social, em projetos que abrangem desde as melhores condições de trabalho

dos funcionários até a implantação de projetos de sustentabilidade na

Amazônia.

2.2 Marketing social corporativo

Segundo Schiavo (2007), marketing social é a gestão estratégica do

processo de mudança social a partir da adoção de novos comportamentos,

atitudes e práticas, nos âmbitos individual e coletivo, orientadas por princípios

éticos, fundamentados nos direitos humanos e na eqüidade social. O termo é

empregado para descrever o uso sistemático dos princípios e métodos do

marketing orientados para promover a aceitação de uma causa ou idéia, que

levem um ou mais segmentos populacionais identificados como público-alvo a

mudanças comportamentais quanto à forma de sentir, perceber pensar e agir

sobre uma determinada questão, adotando a respeito novos conceitos e

atitudes.

Marketing social é o uso promocional de ações em benéficos de

comunidades carentes, com objetivo de difundir e enfatizar o interesse e o

empenho seja da empresa ou do governo na busca de soluções para os

problemas sociais do país ou em nível local e regional.

Para Melo Neto (1997), os projetos de marketing social, enfatizam a

melhoria da qualidade de vida da população, a oferta de oportunidades de

ascensão social através da melhoria e da extensão dos serviços de educação,

saúde, moradia, transporte, segurança e saneamento. Em sua grande maioria,

visam o desenvolvimento da comunidade.

Kotler; Kepler (2006), afirmam que o marketing social começou a ser

levado a sério a partir dos anos 80, quando a American Express chamou a

atenção do mundo sobre o duplo benefício desse tipo de marketing.

39

Contribuindo com um centavo em cada transação de crédito e um dólar para

cada emissão e cartão, a empresa acabou doando 1,7 milhões de dólares à

fundação responsável pela restauração. Durante a campanha, as transações

com os cartões da empresa subiram 30 por cento e a emissão de novos

cartões, 15 por cento.

Os mesmos autores relatam a parceria da British Airways com a

UNICEF (Fundo das Nações Unidas para Infância), que desenvolveram

juntamente a campanha de marketing chamada troco do bem. Os passageiros

são incentivados a depositar em envelopes, sobra de moedas estrangeiras,

que a empresa recolhe e envia a UNICEF. A divulgação é feita nos aeroportos

e nos próprios aviões da companhia aérea. Desde 1944, quase 40 milhões de

dólares foram levantados e distribuídos em todo mundo.

Se o programa de marketing social for bem conduzido poderá produzir

vários benefícios: melhorar o bom estar social; criar posicionamento da marca

diferenciado; criar fortes laços com o consumidor; aprimorar a imagem pública

da empresa entre as autoridades públicas e outros tomadores de decisões;

melhorar o clima interno; animar os funcionários e impulsionar as vendas. Com

a empresa mais humanizada, os consumidores são capazes de desenvolver

um vínculo forte e singular que ultrapassa as transações normais de mercado.

(KOTLER; KELLER, 2006)

40

CAPÍTULO III

EMPRESAS SOCIALMENTE RESPONSÁVEIS

3 EXEMPLIFICANDO EMPRESAS SOCIALMENTE RESPONSÁVEIS

Segundo Melo Neto; Fróes (2001), a responsabilidade social é um

processo dinâmico que deve ser conduzido sob vigilância permanente. A

função social da empresa deve ser objeto de ações gerencias permanentes

para fazer face ao enfrentamento das novas demandas sociais detectadas dia-

a-dia. Trata-se de um ato contínuo que pode ser dividido em três estágios de

responsabilidade, de acordo com o grau de envolvimento de cada empresa.

Fonte: (MELO NETO; FRÓES, 2001, p. 81)

Figura 1: Estágios da responsabilidade social corporativa

3.1 Primeiro estágio

41

O primeiro estágio tem como foco as atividades regulares da empresa,

saúde, e segurança dos funcionários e qualidade do meio ambiente. Em

algumas empresas foca-se também educação de funcionários assistência

social e outros benefícios diretos e indiretos extensivos aos familiares.

3.1.1 Micro e pequenas empresas

Segundo Vanessa Barbosa, responsável pelo programa de

responsabilidade social que une o Sebrae e o Ethos, o movimento é crescente

neste setor da economia e é de coração, pois não há a obrigatoriedade

corporativa que move os grandes. Falta somente disseminar conceitos de

gestão e contaminar que está mais longe dos epicentros econômicos. Mas já

estão sendo pressionadas a serem socialmente responsáveis, seja por

fornecedores, ou por consumidores que já têm a percepção do tema. (MELO

NETO; FRÓES, 2001)

A relação da pequena empresa com a comunidade tem mais conteúdo

do que da grande. Mais do que nos negócios gigantes, os consumidores são

responsáveis por fechar ou fazer prosperar o pequeno negócio.

A primeira responsabilidade social do pequeno empresário é fazer o

negócio dar certo, para tal qualquer iniciativa deve ser valorizada. Para Marília

Roca, diretora-geral do Instituto Empreender Endeavour, existe uma confusão

das micro e pequenas empresas entre as propostas de responsabilidade social

e projetos sociais.

Algumas empresas demitem indiscriminadamente seus funcionários,

mas mantêm patrocínios a projetos sociais, só para dizer que apóiam esse tipo

de iniciativa. Não levando em consideração os estágios da responsabilidade

social, segundo Melo Neto; Fróes (2001), que primeiro deve ser uma gestão

social interna e daí partindo para gestão externa e chegando finalmente na

gestão cidadã.

Em estudo realizado pelo Sebrae-SP, 74% das empresas pesquisadas

realizaram pelo menos uma ação social no ano da pesquisa. O estudo salienta

que predominam no exercício da responsabilidade social das pequenas e

microempresas paulistas ações de caráter filantrópico e caridade (38%), em

42

período regulares, de baixo valor financeiro, sem acompanhamento de

resultados e sem divulgação. Aparecem também algumas ações na aérea de

saúde (29%), Em menor proporção há diversos programas com idosos, jovens,

de prevenção e combate às drogas e ao álcool, participação em projetos

culturais, meio ambiente, educação, proteção de animais, segurança e

preservação do meio ambiente. Na grande maioria dos casos (67%) as ações

foram realizadas por meio de doações em dinheiro, os demais em doações de

produtos da empresa, doações de alimentos, trabalho voluntário dos

empresários e seus funcionários. (MELO NETO; FRÓES, 2001)

Fonte: (BEDÊ, 2005, p. 105)

Figura 2: Áreas que as micro e pequenas empresas atuaram na pesquisa

De acordo com a pesquisa realizada pelo Sebrae-SP, entre as ações

sociais praticadas pelas micro e pequenas empresas destacam-se a vontade

dos proprietários desses negócios de colaborar com a sociedade (78%) e a

resposta dada a solicitações por entidades sociais (55%). Em proporções

menores aparecem as motivações, como o desejo de melhorar a imagem da

empresa (7%), o uso dessas ações em campanhas publicitárias (3%) e ações

desencadeadas a partir de sugestões de colaboradores. A partir desses

números pode-se concluir que a grande maioria dos micro e pequenos

empresários realizam ações sociais espontâneas, demonstrando sensibilidade

43

às carências da sociedade e às solicitações das entidades assistenciais que

atuam no ramo. (BEDÊ, 2005)

No que diz respeito às relações com os empregados, metade das micro

e pequenas empresas que operam com empregados, realizaram ações sociais

espontâneas em favor de seus empregados. Entre tais ações destacaram-se:

alimentação, segurança do trabalho, saúde, educação,esportes, dependência

de drogas e álcool e cultura. Outras 33% citaram uma grande variedade de

ações, sem concentração evidente, tais como: empréstimo à funcionários,

seguro de vida, participações em festas e eventos, comissões financeiras e

bonificações . (BEDÊ, 2005)

3.2 Segundo estágio

No segundo estágio o foco é ampliado para ações sociais voltadas para

comunidade. É incorporado ações de preservação do meio ambiente e ações

de impacto sócio-econômico , cultural e político no âmbito da sociedade e

comunidade local.

3.2.1 Bertin

O Bertin é um grupo de capital 100% nacional, que atua nos segmentos

de agroindústria, infra-estrutura e energia. Sediado no Estado de São Paulo,

possui 30 unidades produtivas distribuídas pelo Brasil, onde operam 30 mil

colaboradores. Atende o mercado interno e mais de 80 países, nos cinco

continentes.

Seguindo a estratégia de verticalização, a empresa mantém um

conglomerado industrial focado em sete divisões de negócios: Agropecuária,

Alimentos, Couros, Equipamentos de Proteção Individual, Higiene e

Beleza, Produtos Pet e Sistemas de Higienização. Em infra-estrutura, a

companhia está estabelecida nas áreas de Construção Civil e concessões

de Rodovias e Saneamento Básico. Já no segmento de Energia, atua com

44

Pequenas Centrais Hidrelétricas e Usinas de Biodiesel e Álcool, contando

ainda com um Resort.

Todos os setores do Bertin compartilham uma visão comum no que se

refere a investimentos contínuos em qualidade, tecnologia, pesquisas,

capacitação das equipes de trabalho, logística, processos de gestão e

estratégia mercadológica. Acrescenta-se a esses comprometimentos, ações

sociais e ambientais nas localidades onde o Grupo está inserido. Sua missão é

agregar valor, fomentar o desenvolvimento e fortalecer a relação com os

diversos públicos – clientes, fornecedores, parceiros, investidores, imprensa,

órgãos públicos, colaboradores e comunidade.

O grupo Bertin promove diversas ações nas áreas sociais e ambientais,

demonstrando com isso que está se inserindo no grupo de empresas

socialmente responsáveis. Para tal, foi instituída uma Diretoria Corporativa de

Recursos Humanos e Responsabilidade Social, que tem como objetivo

direcionar todas as ações do grupo no que diz respeito à responsabilidade

social. Dentre os projetos desenvolvidos pela empresa podemos citar:

3.2.1.1 Ações de responsabilidade social

3.2.1.1.1 Ações sociais

Solidariedade sem fronteiras - Em conjunto com a ABIEC (Associação

Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne), o Bertin destinou 25

toneladas de carne enlatada às vítimas do tsunami que atingiu a Ásia no final

de 2004. O contêiner saiu do porto de Santos rumo à cidade de Medan, na

Indonésia, um dos locais mais prejudicados pelo maremoto. A doação foi

recebida pela coordenadora de ajuda humanitária do governo daquele país.

Combate ao desperdício - Unidades do Grupo Bertin participaram em

2005 do Cozinha Brasil - Alimentação Saudável, um projeto itinerante do

Conselho Nacional do Sesi, que conscientiza sobre a importância de evitar

perdas e aproveitar o máximo de cada alimento. Em uma cozinha

experimental, técnicos ensinaram colaboradores e membros da comunidade

45

como preparar refeições criativas, de baixo custo e alto valor nutritivo.

Resgate da cidadania - Com a finalidade de reintegrar detentos à

sociedade e inserí-los em um novo contexto de vida, o Grupo Bertin tem

desenvolvido iniciativas em presídios. A empresa fornece insumos e capacita

internos para o corte e pesponto de calçados de segurança.

Inclusão social - Um convênio assinado entre o Bertin e o Centro de

Reabilitação Eduardo Bicalho Magalhães (CREBIM) visa ajudar a entidade a

tornar-se auto-sustentável e uma referência na melhoria da qualidade de vida

dos portadores de deficiência. O Grupo, que já auxiliava a instituição com

doações, agora propõe sistemas de gestão de recursos que beneficiem o

Centro e ainda prevê a criação de postos de trabalho para os atendidos,

inclusive no Bertin.

Educação empreendedora - O Grupo Bertin engajou-se em uma ação da

Secretaria da Indústria, Comércio e Mineração do Estado do Pará, Sebrae-PA

e prefeitura de Castanhal, para geração de emprego e renda. A empresa cedeu

equipamentos para a Cooperativa de Calçados do Estado do Pará (Coofacep)

e treinou sua mão-de-obra. Todo o cabedal produzido tem sido adquirido pelo

Bertin, incentivando a atividade dos sapateiros e fomentando o pólo calçadista

na região.

Fonte: (BERTIN, 2008)

Figura 3: Educação empreendedora – Bertin Castanhal/PA

3.2.1.2 Ações Ambientais.

No ano de 2005, o Bertin fez o replantio de 11.330 milhões metros

quadrados de eucaliptos em áreas próximas as suas unidades produtivas, que

46

utilizam madeira para alimentar as caldeiras das indústrias. A medida, que

visou a preservação dos recursos naturais, acarretou aumento de créditos de

carbono e criação de 195 empregos indiretos durante a plantação.

O Grupo Bertin segue a cultura da coleta seletiva em suas plantas

industriais. Caçambas sinalizadas para cada tipo de resíduo permitem à

companhia reaproveitar mais de sete mil toneladas de materiais por ano. O lixo

recolhido diariamente é enviado para a Central de Reciclagem da organização,

que transforma plásticos em elementos extrusados; prensa e enfarda papéis e

papelões; e classifica metais para depois encaminhar as matérias-primas às

empresas que fabricarão novos produtos.

Com assessoria da UNESP (Universidade Estadual Paulista), o Bertin foi

pioneiro no Brasil ao instalar, em frigoríficos, biodigestores anaeróbicos para

tratamento de efluentes. O equipamento reduz a emissão de gás metano na

atmosfera, além de converter resíduos industriais em biogás, que pode ser

utilizado como fonte de energia. E já está em estudo o aproveitamento de parte

das águas tratadas nos biodigestores em sistemas de fertirrigação para

agricultura própria.

Conciliar a geração de energia com a conservação da flora, fauna e

respeito às comunidades envolvidas. Esta é a meta do Grupo Bertin, que

instituiu programas ambientais no Noroeste do Estado do Mato Grosso, onde

está montada a Pequena Central Hidrelétrica Sacre 2. A obra foi tecnicamente

projetada de forma a causar o menor impacto possível ao local e evitar o

assoreamento do Rio Sacre, permitindo a manutenção de seu nível atual.

3.3 Terceiro estágio

No terceiro é ultimo estágio, as ações abrangem o bem estar social. A

empresa desenvolve ações que ultrapassam o âmbito da comunidade e se

estende à sociedade como um todo. Nesse estágio, a empresa fomenta o

desenvolvimento local e regional, alavanca a economia através de incentivos e

geração de empregos e criação de novos negócios. Desenvolve ações de

sustentabilidade social, como criação de escolas, cursos técnicos, cursos

profissionalizantes.

47

3.3.1 Petrobrás

Criada em 1953, no Brasil, a Petrobras é hoje uma sociedade anônima

de capital aberto e atua de forma integrada e especializada no setor de óleo,

gás e energia, envolvendo em suas atividades pesquisa e desenvolvimento,

produção, refino, comércio, transporte e distribuição. Diretamente ou por meio

de suas subsidiárias no exterior, participa do comércio internacional de petróleo

e derivados, com atuação em importantes bolsas de valores mundiais. Entre as

principais marcas e produtos da Companhia, destacam-se os combustíveis da

linha Podium e os lubrificantes Lubrax.

Na cultura interna da Companhia, os valores englobam questões como

engajamento das partes interessadas, empreendedorismo e superação de

desafios, busca pela liderança, competitividade e competência tecnológica,

além de foco na obtenção de resultados de excelência. Os princípios abrangem

ética nos negócios, trabalho justo e cooperação, acompanhamento de

resultados e transparência. Estes princípios estão expressos no Código de

Ética da Companhia, o documento que ratifica o compromisso da Petrobras e

orienta seu público interno. Entre as políticas corporativas, estão as de Atuação

Corporativa, de Disciplina de Capital, de Desenvolvimento de Novos Negócios,

de Comunicação, de Recursos Humanos, de Segurança, Meio Ambiente e

Saúde e de Telecomunicações.

Tem como missão atuar de forma segura e rentável, com

responsabilidade social e ambiental, nas atividades da indústria de óleo, gás e

energia, nos mercados nacional e internacional, fornecendo produtos e

serviços adequados às necessidades dos seus clientes e contribuindo para o

desenvolvimento do Brasil e dos países onde atua. A principal força-motriz na

discussão e deliberação sobre as ações corporativas de responsabilidade

social e ambiental na Petrobras é o Comitê de Gestão de Responsabilidade

Social e Ambiental, criado em 2004 e formado por 12 gerentes executivos de

diferentes áreas da Companhia, além da Ouvidoria Geral, de um consultor da

Presidência e de diretores das subsidiárias (Petrobras Distribuidora, Petroquisa

e Transpetro).

A Petrobras é signatária desde 2003 do Pacto Global da Organização

das Nações Unidas (ONU), iniciativa que envolve diversas instituições na

48

promoção da responsabilidade social e ambiental corporativa. É baseado no

respeito aos direitos humanos, às questões trabalhistas, ao meio ambiente e à

transparência e no combate à corrupção. A Companhia é a primeira empresa

da América Latina a integrar o grupo.

PRINCÍPIOS DO PACTO GLOBAL

1 - Apoiar e respeitar a proteção de direitos humanos internacionalmente

proclamados;

2 - Certificar-se de que não são cúmplices em abusos de direitos;

3 -Apoiar a liberdade de associação e o efetivo reconhecimento do direito à

negociação coletiva;

4- Apoiar a eliminação de todas as formas de trabalho forçado ou

compulsório;

5 Apoiar a efetiva erradicação do trabalho infantil;

6 Apoiar a eliminação de discriminação relativa ao emprego e à ocupação;

7 Apoiar uma abordagem preventiva aos desafios ambientais;

8 Desenvolver iniciativas para promover maior responsabilidade ambiental;

9 Incentivar o desenvolvimento e a difusão de tecnologias ambientalmente

amigáveis;

10 Combater a corrupção em todas as suas formas, inclusive extorsão e

propina.

Fonte: (PACTO GLOBAL, 2008)

Quadro 5: Princípios do pacto global

Em seu compromisso com o desenvolvimento da sociedade, o

investimento em projetos sociais, ambientais, culturais e esportivos foi

significativo, totalizando mais de R$ 591 milhões. Dentro deste valor está o

repasse ao Fundo para a Infância e a Adolescência, no qual cerca de R$ 48

milhões serão aplicados, ao longo de 2007, em projetos de defesa de crianças

e adolescentes em situação de risco social ou pessoal.

A empresa está inserida totalmente nas comunidades onde tem

operações, mas atua também em diversos projetos nas mais diferentes áreas

em todo o país.

49

Fonte: (PETROBRAS, 2007)

Figura 4: Petrobras – Educação para Crianças e Adolescentes da Maré

Devido ao grande porte da empresa, à grande quantidade de unidades

produtoras, ao tipo de matéria-prima utilizada, tem-se visto alguns acidentes,

na sua grande maioria de caráter ambiental, mas quando isso ocorre, a

empresa se mobiliza rapidamente com objetivo de minimizar o impacto

ambiental causado pelo mesmo. Acidentes como esse pode denegrir a imagem

da empresa. Alguns especialistas dizem que os gastos com a reparação de

um acidente ambiental é maior do que se houvesse feito a prevenção. A

política existente hoje é de multa após os acidentes e não de prevenção como

é feito em países desenvolvidos. Pode-se verificar que pouco tempo depois de

tragédias ambientais a empresa veicula na mídia diversas ações sociais e em

prol do meio ambiente com objetivo de melhorar sua imagem junto à

sociedade. (IGEL, 2007)

3.3.2 Vale do Rio Doce

A Vale do Rio Doce é uma empresa que transforma recursos minerais

em ingredientes essenciais para o dia-a-dia das pessoas. Busca melhoria

continua e superação de padrões de excelência desses ingredientes.

É uma empresa global sediada no Brasil com mais de 100 mil

empregados, entre próprios e terceirizados. A missão de transformar recursos

minerais em riqueza e desenvolvimento sustentável orienta as ações no

relacionamento com stakeholders e na gestão dos impactos das atividades,

50

pois acredita ser co-responsáveis na busca do desenvolvimento sustentável. É

comprometida com o desenvolvimento dos empregados, que contribuem nas

constantes buscas por respostas e pela melhor forma de conduzir os

processos. Sua filosofia é pautada pelas ações socioambientais e no empenho

para que o crescimento da empresa pontecialize o desenvolvimento das

comunidades onde está presente.

A empresa produz e comercializa minério de ferro, pelotas, níquel,

concentrado de cobre, carvão, bauxita, alumina, alumínio, potássio, caulim,

manganês e ferroligas. Sempre com foco no crescimento e diversificação de

nossas atividades em mineração, investimos em pesquisa mineral e

tecnologias voltadas para a melhoria contínua de nossas atividades nos cinco

continentes.

Fonte: (O GLOBO, 2008)

Figura 5: Usina de Brucutu/MG

Todas as decisões são pautadas pelo diálogo com os diferentes públicos

com os quais se relaciona: empregados, acionistas, investidores, clientes,

fornecedores, setor público, sindicatos, organizações não-governamentais e

sociedade civil. A atuação socioambiental se baseia na geração de resultados

que se reflitam no desenvolvimento das comunidades. Para que isso se torne

realidade, analisa-se e procura-se entender os contextos onde atuam,

considerando as relações dinâmicas que se estabelecem neles. Existem

diversas maneiras de dimensionar a importância que é dada às questões

sociais na empresa. A principal delas é por meio da parceria entre a Fundação

51

Vale e organizações não-governamentais, setores do poder público e

sociedade civil, visando o desenvolvimento econômico, ambiental e social das

localidades onde atua. A empresa também investe na conservação do meio

ambiente e na reabilitação de espécies nativas dos ecossistemas da Mata

Atlântica, do Cerrado e da Amazônia.

O progresso das comunidades é um dos objetivos da Companhia,

implementado pela Fundação Vale do Rio Doce, que busca promover o

desenvolvimento dos municípios a partir da elaboração conjunta de estratégias

adequadas a cada realidade, que tomam corpo com os programas Vale Mais e

Rede que Vale. O Vale Mais, conduzido em parceria com a Agência 21, vem se

mostrando um poderoso agente de mudança nos municípios onde a

Companhia atua. O programa busca construir uma perspectiva de futuro

comum, implementando estratégias e ações de fomento ao desenvolvimento

local, que são elaboradas de modo participativo, com base na articulação entre

sociedade civil, poder público e iniciativa privada. Implantado em 14

municípios, o programa tem a participação de 3.200 representantes das

comunidades.

Segundo o Sr. Ricardo Young, presidente do Instituto Ethos de

Empresas e Responsabilidade Social, a Vale do Rio Doce tem sido uma firme

parceira do movimento de responsabilidade social empresarial, não só no

sentido de se engajar, mas também como irradiadora de ousadia e da coragem

necessárias nesse movimento. A área de mineração é muito polêmica e

administrar a responsabilidade social nesse contexto exige, sobretudo, uma

visão estratégica ousada.

De acordo com alguns especialistas, apesar de todos os esforços

financeiros que a Vale faz em prol do meio ambiente e da comunidade onde

está inserida, ainda está muito longe de conseguir acabar com o impacto

negativo que causa onde a mesma se instala.

Em todo o Brasil, existem diversas ações judiciais contra a empresa, que

vão desde o não pagamento de horas por deslocamento até o não pagamento

de repasses à comunidades indígenas, passando por muitas outras que ferem

os conceitos de empresa socialmente responsável.

Por ser uma mineradora, causa um impacto muito grande ao meio

ambiente e por isso os investimentos com objetivo de minimizá-los têm que ser

52

de valores realmente expressivos. Apesar de todos os problemas, a empresa

consegue passar uma boa imagem à sociedade através de suas ações sociais

e ambientais, com veiculação constante na mídia escrita e televisiva. (O

GLOBO, 2008)

53

CONCLUSÃO

A prática da responsabilidade social já é uma realidade em todos os

setores empresariais, que estão deixando as práticas assistencialistas e

substituindo-as por investimento social sério e com preocupações

metodológicas.

As empresas começaram a divulgar o balanço social, demonstrando

com isso, que estão dispostas a mostrar ao público, que realmente estão

fazendo investimentos nas áreas sociais.

Tais investimentos são feitos, devido a uma lacuna deixada pelos

governos, que mesmo com recordes de arrecadação não conseguem suprir

todas as necessidades da população, por causa da má administração do

dinheiro público e pela sonegação fiscal feita por muitas empresas não

comprometidas.

Tem aumentado grandemente a preocupação com a ética e com os

valores morais, devido à grande pressão que a sociedade organizada tem feito

sobre todos os setores empresarias independente do tamanho ou do ramo em

que a empresa atua.

Com esse estudo, foi possível comprovar que uma organização que

investe em responsabilidade social, consegue um diferencial competitivo que a

põe muito a frente das demais que não investem. E esse diferencial melhora

sua imagem perante a sociedade.

O consumidor de uma forma geral, já consegue perceber e identificar as

vantagens de se consumir bens e serviços de empresas socialmente

responsáveis, pois consegue ver o retorno de parte do dinheiro investido

naquele bem, retornando para comunidade em forma de creches, escolas,

programas assistenciais, reflorestamentos entre outros.

Comprovou-se também que as empresas que investem massivamente

em responsabilidade social, como a Vale e a Petrobrás, mesmo quando ocorre

algum fato que venha arranhar sua imagem, tal fato fica encoberto pelo grande

número de ações sociais que tais empresas fazem e divulgam na mídia.

A relação imagem corporativa versus responsabilidade social está ligado

diretamente ao trabalho de marketing que as empresas fazem. De acordo com

54

o nível de responsabilidade social de cada empresa, esse demonstrativo pode

chegar ao público consumidor ou não, e é este o grande diferencial das

empresas que estão no nível mais elevado de responsabilidade social, pois

conseguem atingir a grande massa ao veicularem suas ações na grande mídia.

Baseado no exposto, conclui-se que a médio e longo prazo, se as

organizações não atentarem para tal investimento, tendem a deixar de existir,

pois a preocupação com os consumidores e com o meio ambiente deve ser

prioridade sobre quaisquer outras, pois a partir daí que as organizações

começarão realmente a contabilizar seus lucros.

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