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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS Programa de Pós-Graduação em Letras
Sônia Cristina Tavares Vilela Chamone
A IMAGEM QUESTIONADA NA SABATINA POLÍTICA ELEITORAL:
uma análise discursiva da sabatina política e da interação popular mediada por
chat.
Belo Horizonte
2014
Sônia Cristina Tavares Vilela Chamone
A IMAGEM QUESTIONADA NA SABATINA POLÍTICA ELEITORAL:
uma análise discursiva da sabatina política e da interação popular mediada por
chat.
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Letras da Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais, como
requisito parcial para obtenção do título de
Mestre em Linguística e Língua Portuguesa.
Orientador: Dr. Hugo Mari
Belo Horizonte
2014
FICHA CATALOGRÁFICA
Elaborada pela Biblioteca da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
Chamone, Sônia Cristina Tavares Vilela
C448i A imagem questionada na sabatina política eleitoral: uma análise discursiva da
sabatina política e da interação popular mediada por chat / Sônia Cristina Tavares
Vilela Chamone. Belo Horizonte, 2014.
185.: il.
Orientador: Hugo Mari
Dissertação (Mestrado)- Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.
Programa de Pós-Graduação em Letras.
1. Discursos de campanha eleitoral. 2. Discussões e debates. 3. Internet Relay
Chat. 4. Instituto Ethos. I. Maria, Hugo. II. Pontifícia Universidade Católica de
Minas Gerais. Programa de Pós-Graduação em Letras. III. Título.
CDU: 82.085
Sônia Cristina Tavares Vilela Chamone
A IMAGEM QUESTIONADA NA SABATINA POLÍTICA ELEITORAL: uma análise
discursiva da sabatina política e da interação popular mediada por chat.
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Letras da Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais, como
requisito parcial para obtenção do título de
Mestre em Linguística e Língua Portuguesa.
_____________________________________________________
Dr. Hugo Mari (PUC Minas) - Orientador
_____________________________________________________
Dr. Cláudio Humberto Lessa (CEFET-MG)
_____________________________________________________
Dr. Juliana Alves Assis (PUC Minas)
Belo Horizonte, 07 de fevereiro de 2014
Saudade
Saudade é solidão acompanhada,
é quando o amor ainda não foi embora,
mas o amado já...
Saudade é amar um passado que ainda não passou,
é recusar um presente que nos machuca,
é não ver o futuro que nos convida...
Saudade é sentir que existe o que não existe mais...
Saudade é o inferno dos que perderam,
é a dor dos que ficaram para trás,
é o gosto de morte na boca dos que continuam...
Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade:
aquela que nunca amou.
E esse é o maior dos sofrimentos:
não ter por quem sentir saudades,
passar pela vida e não viver.
O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido.
(Pablo Neruda)
Ao meu Pai (in memorian).
AGRADECIMENTOS
A todos que contribuíram para a realização deste trabalho, deixo expressa
aqui a minha gratidão, especialmente:
Ao Prof. Dr. Hugo Mari por ter tido paciência com os meus limites, por ter me
orientado nesse longo percurso de escrita e, acima de tudo, por ter me mostrado que
ser professor vai além de possuir conhecimentos e didática.
Aos meus professores doutores Jane Quintiliano Guimarães Silva, Arabie
Bezri Hermont, Maria Ângela Paulino Teixeira Lopes, João Henrique Rettore Totaro,
Juliana Alves Assis, Josiane Andrade Militão, Marco Antônio de Oliveira, Sandra
Maria Silva Cavalcante e Milton do Nascimento por terem me ensinado perspectivas
diversas que formam a visão que tenho hoje da língua(gem) e por terem se
mostrado sempre disponíveis a reflexões teóricas. E ao professor Alexandre Veloso
de Abreu pelos apontamentos produtivos neste trabalho.
Ao Programa de Pós-Graduação em Letras da Pontifícia Universidade
Católica de Minas Gerais e a toda equipe administrativa que sempre serviu com
dedicação.
A CAPES, pela bolsa de estudos concedida.
A Deus, primeiramente. Depois a toda a minha família, em especial, a minha
querida mãe e minha irmã Helena.
Ao meu amado esposo Fabiano Chamone que, movido pelo desejo de ver o
meu sonho se realizar, não poupou esforços em ajudar-me nesta conquista.
Aos meus amigos e amigas que, direta ou indiretamente, torceram por mim.
De forma especial, agradeço ao meu amigo de mestrado, Romison Eduardo, pelo
apoio e amizade.
RESUMO
Este trabalho tem por objetivo verificar como os candidatos a prefeito de Belo
Horizonte, em uma situação de sabatina política-eleitoral, utilizam a linguagem para
criar uma imagem de si por meio da promessa, da crítica e do autoelogio; e como os
entrevistadores e internautas, em um processo enunciativo, veem tais candidatos,
isto é, projetam suas imagens, seus ethé. As sabatinas foram transmitidas pelo
Portal Uol e tiveram a participação via chat da instância cidadã. A partir da
descrição e análise do corpus, buscamos verificar as condições de produção do
discurso político-eleitoral, analisando a interação entre a instância midiática
(Folha/Uol), os candidatos à eleição (Patrus Ananias) e reeleição (Márcio Lacerda) e
a instância cidadã por meio de seus comentários no chat e pelas perguntas enviadas
pelo eleitorado nas redes sociais (Twitter e Facebook), sendo estas mediadas nas
sabatinas pelos entrevistadores. Partimos da hipótese de que os modos de
organização discursivo-enunciativos dos candidatos tendem a denunciar uma
orientação “argumentativa” propagandística na resposta às perguntas propostas pela
instância midiática e pelos internautas; essa orientação pode ser refletida no valor
ilocucional e perlocucional dos enunciados; por sua vez, os entrevistadores da
sabatina e internautas podem perceber esse direcionamento, corroborando ou
refutando tais proposições. Em síntese, dentre as especificações teórico-
metodológicas para análise desse objeto (sabatina política), concernentes ao
dispositivo contratual (gênero), instância locutora (EUc/EUe), instância alocutiva
(TUi/TUd), suporte e outras especificidades que influenciam a materialização desse
discurso, tomamos a linha de análise Semiolinguística proposta por Patrick
Charaudeau, no que concerne ao Ato de linguagem (contrato comunicacional).
Tomamos ainda a teoria dos Atos de Fala (TAF) para compreender a ação dos
sujeitos na produção e recepção desse discurso. E reportamo-nos também a
teóricos que problematizam a questão da argumentação para fundamentar as
reflexões que aqui se pretende, principalmente, a categoria ethos.
Palavras-Chave: Discurso. Política. Argumentação. Ethos. Atos de fala.
ABSTRACT
This study aims to determine how the political candidates for mayor of Belo
Horizonte, in political-electoral debates, use language to create an image of
themselves through the promise, the criticism and self-promotion, and how
interviewers and internet users in an enunciative process, see such candidates, i.e.
their images, their ethé. The debate was transmitted by Web Portal UOL and had the
participation, via chat, of voters. From the description and analysis of the corpus, we
seek to verify the conditions of political-electoral discourse production, analyzing the
interaction between the media (Folha/UOL), candidates for election (Patrus Ananias)
and re-election (Márcio Lacerda), citizens, through their comments in chat, and
questions sent by the electorate on social networks (Twitter and Facebook), which
were mediated by the interviewers in the debate. We hypothesized that the
candidates’ modes of discursive-enunciative organization tend to demonstrate a
propagandistic, "argumentative” orientation in response to questions posed by the
media and internet users; this orientation may be reflected on illocutionary value and
perlocutionary statements; in turn, interviewers of the debate and internet users can
realize this direction, corroborating or refuting such propositions. In summary, among
the theoretical and methodological specifications for the analysis of this object
(political debate), concerning the contractual arrangement (gender), speaker (EUc
/EUe), listener (TUi/TUd), support and other specifics that influence the
materialization of this discourse, we take the line of Semiolinguistic analysis
proposed by Patrick Charaudeau, regarding the Act language (communicational
contract). Further, we take the theory of Speech Acts (TSA) to understand the actions
of the subjects in the production and reception of this discourse. Additionally, we
reference theorists who problematize the issue of arguments in support of the
reflections that concern, mainly, the ethos category.
Keywords: Discourse. Politics. Argumentation. Ethos. Speech acts.
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Quadro enunciativo da teoria Semiolinguística.............................. 18
Quadro 2 Quadro enunciativo da teoria Semiolinguística: instâncias
empíricas e discursivas..................................................................
19
Quadro 3 Quadro enunciativo de uma entrevista jornalística........................ 23
Quadro 4 Quadro enunciativo de um debate................................................. 24
Quadro 5 Quadro enunciativo de uma sabatina política................................ 24
Quadro 6 Quadro enunciativo do chat........................................................... 26
Quadro 7 Possibilidades de realização de CCP dos pontos......................... 39
Quadro 8 Possibilidades de realização de CP dos pontos............................ 40
Quadro 9 Possibilidades de realização de CS dos pontos............................ 41
Quadro 10 Parâmetros: ato de fala pergunta.................................................. 42
Quadro 11 Quadro comparativo dos atos diretos e indiretos.......................... 47
Quadro 12 Quadro comparativo dos atos assertivos e comissivos................. 48
Quadro 13 Quadro enunciativo da sabatina no âmbito da pergunta............... 60
Quadro 14 Quadro enunciativo da sabatina no âmbito da resposta................ 61
Quadro 15 Cena enunciativa da sabatina – projeto de dala dos
integrantes.....................................................................................
63
Quadro 16 Cena enunciativa da sabatina – projeto de fala dos integrantes
diretos............................................................................................
65
Quadro 17 Cena enunciativa da sabatina – projeto de fala dos
internautas.....................................................................................
71
Quadro 18 Análise do comentário do internauta Marcelo Advogado –
projetos sociais..............................................................................
72
Quadro 19 Análise do comentário do internauta Observador – projetos
sociais............................................................................................
73
Quadro 20 Cena enunciativa da sabatina – projeto de fala dos integrantes
diretos............................................................................................
77
Quadro 21 Cena enunciativa da sabatina – projeto de fala dos
internautas.....................................................................................
96
Quadro 22 Quadro enunciativo do chat........................................................... 109
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO....................................................................................... 10 1 QUADRO TEÓRICO-METODOLÓGICO.............................................. 14 1.1 Teoria Semiolinguística: quadro enunciativo e contrato
comunicacional....................................................................................
15 1.1.2 Sobre o contrato de comunicação: a encenação do ato de
linguagem.............................................................................................
18
1.1.3 Análise descritiva do nível situacional da sabatina política..................................................................................................
21
1.1.4 O nível discursivo-comunicacional da sabatina política: os papeis enunciativos como possibilidades das “maneiras” de dizer.......................................................................................................
27 1.2 A Teoria dos Atos de Fala: o direcionamento ilocucional na
sabatina política na campanha eleitoral para prefeito de Belo Horizonte..............................................................................................
30 1.2.1 As direções de ajustamento e as forças ilocucionais: perguntas
e respostas...........................................................................................
35 1.3 Ethos: uma abordagem interdisciplinar............................................ 54
1.3.1 Um estudo discursivo das emoções.................................................. 56
2 ANÁLISE DESCRITIVA DOS DISCURSOS DE ELEIÇÃO NA SABATINA POLÍTICA: cruzamento teórico.......................................
59
2.1 O enquadramento da “mise en scène” e os atos de fala da sabatina política............................................................................................
59
2.1.1 Pergunta do jornalista e resposta do candidato............................... 63
2.1.2 Tema 1: Rompimento da aliança – candidato Patrus Ananias........ 64
2.1.3 Tema 1: Rompimento da aliança – candidato Márcio Lacerda........ 75
2.1.4 Tema 2: “Lulodependência” – candidato Patrus Ananias............... 80
2.1.5 Tema 2: “Aéciodependência” – candidato Márcio Lacerda............. 85
2.1.6 Tema 3: Mensalão – candidato Patrus Ananias................................ 87
2.1.7 Tema 3: Mensalão – candidato Márcio Lacerda................................ 93
2.2 Pergunta do internauta mediada pelo jornalista como projeção do ethos do candidato......
96
2.2.1 Pergunta do internauta editada pelo jornalista e direcionada a Márcio Lacerda.....................................................................................
97
2.2.2 Pergunta do internauta editada pelo jornalista e direcionada a Patrus Ananias.....................................................................................
105
2.3 A projeção do ethos da instância midiática a partir dos comentários dos internautas..............................................................
108
CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................. 117
REFERÊNCIAS .................................................................................... 123
ANEXOS
A Sabatina com Patrus Ananias – 1º bloco........................................... 127
B Sabatina com Patrus Ananias – 2º bloco........................................... 133
C Sabatina com Patrus Ananias – 3º bloco........................................... 140
D Sabatina com Márcio Lacerda – 1º bloco.......................................... 146
E Sabatina com Márcio Lacerda – 2º bloco.......................................... 152
F Sabatina com Márcio Lacerda – 3º bloco.......................................... 157
G Bate-papo da sabatina com Patrus Ananias..................................... 163
H Bate-papo da sabatina com Márcio Lacerda..................................... 169
10
INTRODUÇÃO
Através da linguagem, interagimos socialmente e orientamos nosso discurso
a fim de estabelecer relações, incitar reações e comportamentos desejados.
Utilizamo-la para provocar efeitos em nossos interlocutores e, em contrapartida,
tornamo-nos sujeitos às suas orientações argumentativas.
Segundo Koch (2001, p. 9), a língua vem sendo interpretada de formas
diferentes no decorrer da história, como: representação do mundo; como um meio
de comunicação e como ‘lugar’ de ação e interação. Sabe-se, porém, que a língua
não é somente um meio de representar o mundo, tampouco, é um mecanismo de
mera transmissão de informações. A língua é uma forma de ação orientada, pois:
“[...] quando se diz algo, alguém o diz de algum lugar da sociedade para outro
alguém também de algum lugar da sociedade e isso faz parte da significação”
(ORLANDI, 1987, p. 26). A língua(gem) é, portanto, o meio de interação pelo qual os
sujeitos estabelecem variados tipos de discursos e, a partir deles, constroem
relações sociais, políticas e ideológicas.
Se antes o sujeito do discurso era visto como um sujeito passivo, hoje ele é
visto como um ser ativo que, através de sua linguagem, age argumentativamente
sobre o outro por meios afetivos e/ou racionais. Mas, o que realmente significa
argumentar? Antônio Suarez Abreu, em sua obra intitulada A Arte de Argumentar
(2001, p. 25), orienta-nos que:
Argumentar é a arte de convencer e persuadir. Convencer é saber gerenciar informação, é falar à razão do outro, demonstrando, provando. Etimologicamente, significa VENCER JUNTO COM O OUTRO (com + vencer) e não contra o outro. Persuadir é saber gerenciar relação, é falar à emoção do outro. A origem dessa palavra está ligada à preposição PER, “por meio de” e SUADA, deusa romana da persuasão. Significa “fazer algo por meio do auxílio divino”. Mas em que CONVERCER se diferencia de PERSUADIR? Convencer é construir algo no campo das ideias. Quando convencemos alguém, esse alguém passa a pensar como nós. Persuadir é construir no terreno das emoções, é sensibilizar o outro para agir. Quando persuadimos alguém, esse alguém realiza algo que desejamos que ele realize.” (Destaques do autor)
A argumentação é um fator intrínseco à linguagem e é por meio dela que
buscamos alcançar nossos objetivos, gerando no outro os efeitos e reações que
desejamos desencadear. Por isso, conforme Citelli (2005), podemos afirmar que não
há neutralidade argumentativa no discurso, já que até mesmo sua negação direciona
11
para a intenção de se representar neutra. Desse modo, “a linguagem passa a ser
encarada como forma de ação sobre o mundo, dotada de intencionalidade,
veiculadora de ideologia, caracterizando-se, portanto, pela argumentatividade.”.
(KOCH, 2002, p. 10).
Daí advém o interesse de nosso estudo: verificar como a linguagem torna-se
instrumento para a ação no discurso e como os sujeitos se posicionam diante desse
discurso e dessa argumentação. Para isso, escolhemos como corpus de nosso
trabalho o discurso político-eleitoral, já que ele se enquadra explicitamente em um
perfil argumentativo, o qual podemos até mesmo chamar de contrato de
“propaganda” devido ao forte direcionamento argumentativo-discursivo dos
candidatos que buscam a conquista do voto do eleitorado.
Assim, escolhemos para análise duas sabatinas políticas realizadas no
período de campanha eleitoral para prefeito de Belo Horizonte no ano de 2012.
Essas duas situações de interação face a face tiveram como entrevistadores alguns
jornalistas da Agência Folha e do Portal Uol: Josias de Souza (colunista do Uol),
Paulo Peixoto (correspondente da Agência Folha em Belo Horizonte), Vera
Magalhães (editora do Painel da Folha) e Eduardo Scolese (coordenador da Agência
Folha). Os entrevistados/sabatinados foram os candidatos Patrus Ananias (PT) e
Márcio Lacerda (PSB).
As sabatinas foram realizadas em dias diferentes e transmitidas ao vivo pelo
Portal Uol, na internet. No primeiro dia, 27/08/12, o candidato sabatinado foi Patrus
Ananias e, no dia seguinte, 28/08, Márcio Lacerda. Em ambas, a instância cidadã
pode interagir com os entrevistadores e candidatos por meio de perguntas realizadas
nas redes sociais Facebook e Twitter e na sala de bate-papo do Portal Uol. O
material para análise (os discursos das sabatinas) foi coletado por meio de gravação
em vídeo e depois transcritas (em anexo), e o do chat, foi impresso.
A partir da descrição e análise desse corpus, buscaremos verificar as
condições de produção do discurso político-eleitoral, analisando a interação entre a
instância midiática, os candidatos à eleição e reeleição e a instância cidadã, por
meio de comentários no chat e pelas perguntas enviadas pelo eleitorado nas redes
sociais citadas acima e mediadas nas sabatinas pelos entrevistadores.
12
Desse modo, tem-se o objetivo de verificar como os candidatos utilizam a
linguagem para criar uma imagem de si por meio da promessa, da crítica e do
autoelogio; e como os entrevistadores e internautas, em um processo enunciativo,
veem tais candidatos, isto é, projetam suas imagens, seus ethé.
Partimos da hipótese de que os modos de organização discursivo-
enunciativos dos candidatos tendem a denunciar uma orientação “argumentativa”
propagandística na resposta às perguntas propostas pela instância midiática e pelos
internautas; essa orientação pode ser refletida no valor ilocucional e perlocucional
dos enunciados; por sua vez, os entrevistadores da sabatina e internautas podem
perceber esse direcionamento, corroborando ou refutando tais proposições.
Em síntese, dentre as especificações teórico-metodológicas para análise
desse objeto (sabatina política), concernentes ao dispositivo contratual (gênero),
instância locutora (EUc/EUe), instância alocutiva (TUi/TUd), suporte e outras
especificidades que influenciam a materialização desse discurso, tomamos a linha
de análise Semiolinguística proposta por Charaudeau (2009), no que concerne ao
Ato de linguagem (contrato comunicacional). Tomamos ainda, a Teoria dos Atos de
Fala (TAF), para compreender a ação dos sujeitos na produção e recepção desse
discurso. E reportamo-nos também a teóricos que problematizam a questão da
argumentação, para fundamentar as reflexões que aqui se pretende, principalmente,
a categoria ethos.
Separamos o trabalho em dois grandes capítulos: um destinado à descrição
das teorias em que nos apoiamos, inserindo nele breves descrições analíticas do
corpus como modo de exemplificação; outro destinado à análise, propriamente dita,
e, por último, as considerações finais.
No capítulo 1, destacamos o quadro teórico-metodológico. Descrevemos
assim o quadro enunciativo e o contrato comunicacional da sabatina política;
fazendo uma breve análise de seu nível situacional e discursivo-comunicacional.
Apresentamos a descrição da teoria dos Atos de Fala, verificando o direcionamento
ilocucional, as direções de ajustamento e as forças ilocucionais (perguntas e
respostas). Além dessas duas teorias, apontamos a categoria Ethos como uma
abordagem interdisciplinar. Inserimos também neste capítulo algumas informações
relevantes, tais como: o processo de levantamento de dados, a delimitação desse
13
corpus, a apresentação dos locutores e interlocutores deste corpus, a justificativa,
objetivos e hipóteses.
No capítulo 2, apresentamos uma análise contrastiva dos discursos
selecionados a partir de seu enquadramento na teoria Semiolinguística, Atos de Fala
e da categoria retórico-argumentativa Ethos. Separamos a análise dos dados da
seguinte forma: i) análise das perguntas dos jornalistas x respostas dos candidatos
em três temas mais recorrentes (rompimento da aliança,
lulodependência/aéciodependência e mensalão); ii) análise de perguntas dos
internautas e, por último, a projeção do ethos da instância midiática a partir dos
comentários dos internautas.
Por fim, na última parte do trabalho, apresentamos as considerações finais
analíticas deste estudo.
14
CAPÍTULO I: QUADRO TEÓRICO-METODOLÓGICO
Uma dificuldade na pesquisa linguístico-enunciativa é devida à complexidade
conceitual demandada ao definir instrumentos teórico-metodológicos que permitam
descrever e analisar, satisfatoriamente, as atividades discursivas. Aliás, ao se tratar
do discurso político, acreditamos que outro obstáculo enfrentado pelo analista na
descrição e análise desse discurso, grosso modo, seja pelo vasto número de
trabalhos desenvolvidos por diferentes áreas de estudo das Ciências Humanas que
se dedicam a estudar o modo de apresentação e organização desse universo
prático-discursivo e a sua repercussão a partir de diferentes lentes epistemológicas.
Não obstante, principalmente na Linguística, vêm se desenvolvendo inúmeras
abordagens apontando a multifacetada manifestação e adaptação dessa prática
discursiva. Há uma gama de possibilidades de abordagem analítica do discurso
político dentro dos estudos da Análise do Discurso e a dificuldade de se ater a uma
teoria que dê conta de explicar efetivamente essa atividade, implica avaliar como se
dá o processamento do sentido por um viés enunciativo-discursivo-pragmático. Um
dos motivos para análise do discurso político é pensar esse fenômeno no âmbito
midiático/virtual com a participação ativa de internautas.
A partir da escolha desse objeto de estudo, representado sob a forma da
Sabatina Política, buscamos, nesse primeiro momento, apresentar e discorrer sobre
algumas proposições teóricas que visam analisar esse discurso, captando aspectos
de sua constituição e organização.
Dentre as especificações metodológicas para análise desse objeto (Sabatina
Política), concernentes ao dispositivo contratual (gênero), instância locutora
(EUc/EUe), instância alocutiva (TUi/TUd), suporte e outras especificidades que
influenciam a materialização desse discurso, tomamos a linha de análise
Semiolinguística proposta por Charaudeau (2009), no que concerne ao Ato de
linguagem (contrato comunicacional). Optamos por tal teoria por acreditar que é a
que, dentre os estudos da Análise do Discurso, melhor atende as razões que
motivaram esta proposta. Tomamos ainda a teoria dos Atos de Fala (TAF) para
melhor compreender a ação dos sujeitos na produção e recepção desse discurso. E
reportamo-nos também a teóricos que problematizam a questão da argumentação
15
no discurso, na figura do Ethos, para fundamentar as reflexões que aqui se
pretende.
Enfim, na tentativa de integração das categorias dos modelos acima
mencionados, apresentaremos a seguir um breve panorama das considerações
teórico-metodológicas desenvolvidas por esses quadros, bem como breves análises
que evidenciam a nossa hipótese que é: os modos de organização discursivo-
enunciativos dos candidatos tendem a denunciar uma orientação “argumentativa”
propagandística na resposta às perguntas propostas pela instância midiática e pelos
internautas; essa orientação pode ser refletida no valor ilocucional e perlocucional
dos enunciados; por sua vez, os entrevistadores da sabatina e internautas podem
perceber esse direcionamento, corroborando ou refutando tais proposições.
1.1 Teoria Semiolinguística: quadro enunciativo e contrato comunicacional
A Teoria Semiolinguística1, modelo teórico contemplado nesta dissertação,
fundada por Charaudeau, apoia-se, entre outros aspectos, numa concepção de ato
de linguagem que considera a intencionalidade dos sujeitos falantes numa relação
de troca. Nessa perspectiva, o processamento enunciativo discursivo/linguístico é
dado sob o comando de um sujeito dotado de intencionalidade que, por sua vez,
elabora um projeto de fala com o objetivo de influenciar o outro em um dado tempo e
lugar enunciativo. Em consonância com a concepção de ato de linguagem,
considerada uma forma de ação dos sujeitos na sociedade, o contrato
comunicacional da teoria supracitada, um dos modelos teórico-metodológicos da
Análise do Discurso, oferece um referencial teórico produtivo para a análise dos
discursos institucionalizados que permeiam a sociedade justamente por levar em
consideração que o sentido é socialmente construído a partir dos processos
enunciativos engendrados na interação linguística.
1 Semiolinguística - “Sémio-, de ‘sémiosis’, lembrando que a construção do sentido e sua configuração são feitos através de uma relação forma-sentido (em diferentes sistemas semiológicos), sob a responsabilidade de um sujeito de intencionalidade, tomado no quadro de ação, movido por um projeto de influência social; ‘linguística’, enfatizando que a forma de ação pretendida neste projeto de influência está constituída principalmente de uma matéria linguageira – a das línguas naturais – que, pelo fato de sua dupla articulação, da particularidade combinatória de suas unidades (sintagmático-paradigmática, em vários níveis: palavra, frase, texto), impõe um procedimento de semiotização do mundo.”. CHARAUDEAU, P. Une analyse sémiolinguistique du Discours. In: Langages, nº 117, 1995, pp. 98).
16
Este modelo posiciona a realidade extralinguística como fator essencial para a
produção de sentido dos discursos, a qual, integrada aos componentes linguísticos,
possibilita uma análise do sentido implícito na linguagem, ou seja, de uma
significação que não se concebe apenas pelo sentido dos vocábulos de um
enunciado, mas especialmente por meio de sua relação com as circunstâncias de
enunciação. É assim que o autor situa a relação entre a dimensão externa e a
dimensão interna dos fenômenos discursivos.
Há, portanto, na proposta do referido autor, uma ancoragem de toda a
atividade discursiva que pode ser dividida em dois espaços: um espaço de
posicionamentos e condicionamentos relativos aos sistemas de valores que circulam
em uma sociedade e aos diferentes formatos de comunicação – denominado circuito
externo - e um espaço enunciativo/discursivo ligado às diferentes maneiras e
estratégias de falar em cada situação de comunicação – denominado circuito
interno.
A concepção do papel do sujeito nessa teoria é complexa, visto que o homem
é considerado um sujeito social, pertencente e condicionado pela cultura em que
vive, mas que possui também uma individualidade. Como reflexo disso, os
indivíduos, no desempenho efetivo de suas práticas comunicativas, estão
subordinados a contratos e convenções, mas espera-se, todavia, que os sujeitos
semiolinguísticos empreguem certo número de estratégias inseridas no contrato
comunicacional com seu eventual parceiro para alcançar assim o seu objetivo
discursivo.
Por isso, entende-se que nenhuma atividade discursiva é aleatória. De acordo
com Machado (2001, p. 46), o sujeito tanto constrói o discurso, como também é
construído pelos discursos que circulam em seu meio. Na opinião desta autora, “o
“eu” se constrói em colaboração. Mas tal colaboração pode ser impedida por forças
sociais” (MACHADO, 2001, p. 48), o que nos leva a compará-la a um “jogo
comunicativo, ou seja, o jogo que se estabelece entre a sociedade e suas produções
linguageiras” (MACHADO, 2001, p. 46). Nas palavras de Charaudeau (2011), o
homem é o:
lugar de produção da significação linguageira, para o qual esta significação retorna, a fim de constituí-lo. O sujeito não é pois nem um sujeito preciso, nem um ser coletivo particular: trata-se de uma abstração, sede da
17
produção/interpretação da significação, especificada de acordo com os lugares que ele ocupa no ato linguageiro.”. (p. 30)
Para efeito de leitura, o termo discurso, para o referido autor, “ultrapassa os
códigos de manifestação linguageira, na medida em que é o lugar da encenação da
significação, sendo que pode utilizar, conforme seus fins, um ou vários códigos
semiológicos” (2001, p. 25). Do mesmo modo, não deve ser confundido com o texto,
que é o objeto que representa a materialização da encenação da atividade
discursiva e, tampouco, como uma unidade transfrástica. Em ambos os casos, para
que se faça discurso é preciso que essa sequência de frases faça parte de um
processo particular de encenação linguageira, realizada por um sujeito específico em
relação a outro, em circunstâncias determinadas.
Por fim, não deve também ser entendido em termos da oposição discurso/
história. São, todavia, componentes do conjunto da encenação da significação:
discurso (enunciativo) e história (enuncivo).
Segundo Charaudeau (2001, p. 26), o termo discurso pode ser utilizado em
dois sentidos:
I. como encenação do ato de linguagem, que depende de um dispositivo que compreende dois circuitos: um externo (lugar do fazer psicossocial) e um interno (lugar da organização do dizer);
II. como conjunto de saberes (supostamente) partilhados, inconscientemente, pelos indivíduos de um grupo social..
Tais apontamentos fazem-se necessários ao se conceber a ação enunciativa
da sabatina como sendo um ato de linguagem2 específico. Charaudeau (2009)
argumenta que ao se estabelecer um tipo de discurso (quer seja político, publicitário,
religioso, educacional, jornalístico), um sujeito comunicante (EUc) tem a intenção de
interagir com o outro, um sujeito interpretante (TUi), por meio de um material
linguageiro (texto oral, escrito ou imagético), pelo qual são engendradas estratégias
para a realização de suas expectativas.
Com efeito, tem-se o ato de linguagem como resultante de um fenômeno que
combina o dizer e o fazer, isto é, se realiza num duplo espaço de significância, 2 O ato de linguagem não pode ser considerado somente como um ato de comunicação: tal ato não é apenas o resultado de uma única intenção do emissor e não é o resultado de um duplo processo simétrico entre Emissor e Receptor. Todo ato de linguagem resulta de um jogo entre o implícito e o explícito e, por isso: i) vai nascer de circunstâncias de discurso específicas; ii) vai se realizar no ponto de encontro dos processos de produção e de interpretação; iii) será encenado por duas entidades, desdobradas em sujeito de fala e sujeito agente (CHARAUDEAU, 2009, p. 52)
18
interno e externo à sua verbalização. O espaço interno (lugar da organização e
encenação do dizer) é chamado de instância discursiva, e o externo (lugar do fazer
psicossocial) de instância situacional, ambas indissociáveis uma da outra.
Partindo do objetivo de expor aqui as condições básicas de encenação do
discurso político em análise, entendemos o “discurso” como sendo a linguagem
posta em ação, em função da intersubjetividade dos interlocutores e das condições
históricas e sociais determinadas nas quais se insere.
Trata-se, portanto, de uma inter-relação entre um componente linguístico e
um componente situacional. É desse modo que se opera a significação, não apenas
no nível explícito do enunciado, mas em sua interação com um nível relacional que
opera-se entre dois espaços enunciativos: de produção (eu) e de interpretação (tu).
1.1.2 Sobre o contrato de comunicação: a encenação do ato de linguagem
O ato de linguagem constitui a mise en scène da significação, isto é, a
encenação da qual participam os parceiros da interação verbal subordinados a
contratos e convenções e possuindo, cada um deles, um projeto de fala. O ato de
linguagem é assim o resultado de duas práticas que se relacionam entre si: a de
produção e a de interpretação, ambas dependentes dos saberes partilhados que
circulam entre os parceiros de linguagem.
A fim de possibilitar a visualização do quadro analítico proposto por
Charaudeau, apresentamos a seguir a configuração sumária da proposta do
contrato comunicacional.
Quadro 1: Quadro enunciativo da teoria Semiolinguística
Fazer - Situacional
Circuito Interno - Dizer
EUc EUe TUd TUi
Circuito Externo – Fazer
Relação Contratual
19
O contrato de comunicação resulta, como se observa no esquema acima, da
articulação entre dois circuitos interativos, um situacional (dados externos) e um
“linguageiro” (dados internos). No circuito externo, encontram-se os parceiros
empíricos, seres psicossociais: o EUc (comunicante), considerado instância de
produção do ato e o TUi (interpretante), considerado instância de recepção, os quais
se reconhecem mutuamente dentro do jogo comunicativo. No circuito interno, esses
sujeitos tornam-se seres de fala, protagonistas da encenação do dizer e são
propriamente discursivos: o EUe, enunciador, e o TUd, destinatário.
Desse modo, quando o sujeito comunicante, ser empírico, promove o seu
discurso, ele o faz de acordo com a imagem que constrói do sujeito destinatário.
Para transmitir a sua mensagem, projeta um sujeito enunciador e um sujeito
destinatário imaginário, de forma que tanto o enunciador quanto o destinatário
constituem desdobramentos do próprio comunicante. Similarmente, o destinatário
elabora uma imagem do comunicante em função do enunciador instaurado no ato de
linguagem. É a partir das imagens criadas pelos sujeitos empíricos que a
comunicação se instaura no mundo das palavras, isto é, no universo discursivo.
Observe o seguinte esquema:
Quadro 2: Quadro enunciativo da teoria Semiolinguística: instâncias empíricas e discursivas
Ato de Linguagem
Dispositivo Contratual
EUc (instância empírica)
EUe (instância discursiva)
TUd (instância discursiva)
TUi (instância
interlocutiva empírica)
Circuito Interno (dizer)
Circuito Externo (fazer)
(Fazer-crer)
Quadro adaptado de Charaudeau (2009, p. 77)
Essa situação interacional dos parceiros de comunicação se estabelece por
meio de uma relação contratual e é organizada em função do espaço (externo) de
limitações e de um espaço (interno) de estratégias, a partir dos quais se obtém a sua
20
intencionalidade e sua significância. A relação contratual é, portanto, dependente de
três componentes do ato de linguagem, a saber: o nível situacional, o nível
comunicativo e o nível discursivo.
O nível situacional refere-se ao espaço externo do ato de linguagem, ou seja,
aos elementos da situação, constituindo o espaço das limitações do ato que
determina, por conseguinte, a estrutura do contrato de comunicação. É o lugar em
que os parceiros da atividade comunicacional se interagem em um dado campo de
prática social, levando em conta quatro condições de enunciação da produção
linguageira que possibilitam a produção/interpretação do ato de linguagem, a saber:
a sua finalidade (Para que dizer ou fazer?), a identidade dos parceiros (Quem fala a
quem?), o seu propósito, isto é, o seu domínio temático (Do que se trata?) e, por
fim, o dispositivo que descreve as circunstâncias materiais em que o ato de
linguagem se desenvolve, ou seja, o ambiente, o lugar físico e/ou o canal de
transmissão que é utilizado pelos parceiros engajados no ato comunicativo.
Já o nível comunicacional implica um espaço de cruzamento entre as
limitações do contrato e as estratégias discursivas que possibilitam as possíveis
‘maneiras de dizer’ ou de escrever, indicando também os papeis linguageiros que os
sujeitos comunicante e interpretante precisam assumir para terem o direito à palavra.
Na situação discursiva analisada, as duas principais estratégias são a de
credibilidade e a de captação.
A de credibilidade consiste em querer ‘fazer crer’, ou seja, querer levar o outro
a pensar que o que está sendo dito é verdadeiro (ou possivelmente verdadeiro). A
de captação baseia-se em ‘fazer sentir’, ou seja, provocar no outro um estado
emocional, atingindo seus universos de crenças e valores, usando para isso a
dramatização.
Por último, o nível discursivo diz respeito ao espaço de estratégias discursivas
realizadas pelo sujeito comunicante, tornado sujeito enunciador a partir de seu
projeto de fala colocado em discurso, considerando as restrições do nível situacional
e das possibilidades do nível comunicacional, satisfazendo também as condições de
credibilidade e de captação. Essas estratégias são realizadas a partir do
conhecimento que cada um dos parceiros possui sobre o outro, isto é, da construção
da imagem que cada um faz do outro, como também de si mesmo.
21
Desse modo, podemos então considerar que todo discurso realiza-se dentro
de um contrato de comunicação e configura-se na inter-relação dos três níveis acima
colocados.
1.1.3 Análise descritiva do nível situacional da sabatina política
Antes de iniciarmos uma análise descritiva do contrato comunicacional do
corpus deste trabalho que se delimita na forma da sabatina política-eleitoral,
pretende-se primeiramente verificar como se caracteriza esse gênero e, para isso, é
preciso considerá-lo em termos de um imbricamento de três contratos
comunicacionais, quais sejam: o discurso político-eleitoral, a entrevista jornalística e
o debate eleitoral.
O discurso político-eleitoral se enquadra num quadro denominado contrato de
“propaganda”, já que se faz necessária a construção de uma imagem positiva do
candidato que quer ser visto pela sociedade como um representante capaz de suprir
suas demandas. Analisando o nível situacional desse discurso, percebe-se que a
sua finalidade se fundamenta na apresentação de um programa de governo
proposta pelo candidato ao eleitorado e na demonstração de que esse programa é
passível de ser realizado, conquistando, desse modo, a preferência do eleitor e o
seu voto.
A temática desse discurso, isto é, o seu propósito, se articula em prol da
exposição das condições que possibilitam a realização desse programa, como
também do conhecimento que o candidato supõe possuir das necessidades da
população, considerando que o termo ‘necessidade’ deva aqui ser relativizado. O
discurso político pode utilizar, de acordo com os seus fins e o público que almeja
alcançar, diversos dispositivos para a veiculação de seu discurso, tais como a
televisão, o rádio, o jornal impresso, etc.
Já o debate eleitoral pode ser visto como uma extensão do discurso político-
eleitoral ou um desdobramento deste, isto é, um modo específico de sua realização.
Nele, os mediadores questionam os programas de campanha político-eleitoral
propostos pelos candidatos através de perguntas a eles dirigidas, como também os
próprios candidatos se dirigem diretamente uns aos outros e, indiretamente, à
população. A intenção dos candidatos ao se dirigirem aos seus adversários é a de
22
apontar que estes não são capazes de exercer o cargo e que lhes falta
conhecimento das demandas sociais, demonstrando, com efeito, a sua melhor
capacitação e domínio das necessidades da população. Tal como o discurso
político-eleitoral, o debate eleitoral pode também ser veiculado através de diversos
dispositivos (gêneros).
Quanto à entrevista, o candidato entrevistado tem a necessidade de
responder a perguntas que lhe são diretamente dirigidas por um jornalista
entrevistador que busca esclarecer questões, polêmicas ou não, referentes ao seu
programa de governo e às suas intenções, tendo em vista sempre um terceiro-
ouvinte, a instância cidadã, conforme nos diz Charaudeau (2006, p. 214):
“entrevistador e entrevistado são ouvidos por um terceiro-ausente, o ouvinte, num
dispositivo triangular.”.
O entrevistador tem o objetivo de levar ao conhecimento da população, ou
seja, à instância cidadã, o que o candidato entrevistado pretende realizar em posse,
como também de trazer à tona, através de suas perguntas, aquilo que o candidato
tenta, aparentemente, ocultar. Em resposta a esta disposição do jornalista
entrevistador, o candidato entrevistado busca por meio de seu discurso mostrar sua
capacidade de governar, representando o seu partido político e o seu modo
particular de ver o mundo, ao mesmo tempo que tenta descreditar o seu adversário
através das críticas. O ouvinte, por sua vez, busca construir uma opinião sobre o
candidato entrevistado, julgando o programa de governo que lhe é proposto,
observando o seu discurso, aceitando ou refutando-o como um possível político
mandante.
É importante destacar que certos contratos comunicacionais podem se
relacionar com outros a partir de suas semelhanças, gerando, em virtude disso,
algumas variantes. Todavia, apesar de suas semelhanças com outros contratos,
essas variantes apresentam certas particularidades que as definem. Em virtude
disso, como dissemos anteriormente, podemos caracterizar o gênero sabatina como
um imbricamento entre os gêneros entrevista e debate eleitoral (ambos parte do
todo: discurso político-eleitoral) devido as suas semelhanças, mas a sabatina possui
características que lhe são próprias. Vejamos a descrição do quadro enunciativo da
sabatina em comparação ao da entrevista:
23
Quadro 3: Quadro enunciativo de uma entrevista
Ato de Linguagem
Entrevista Individual
EUc (Empresa Midiática)
EUe (Entrevistador)
TUd (Entrevistado)
TUi (Leitores/
Expectadores) Circuito Interno (dizer)
Circuito Externo (fazer)
(Fazer-saber)
Quadro adaptado de Charaudeau (2009, p. 77)
Como podemos ver acima, no circuito externo de uma entrevista encontram-
se os sujeitos empíricos: o sujeito comunicante (EUc), empresa de mídia que veicula
e realiza a entrevista; e o sujeito interpretante (TUi), leitores e/ou expectadores. No
circuito interno, esses sujeitos tornam-se propriamente discursivos e projetam um
enunciador (EUe) e um destinatário (TUd) da mensagem transmitida. O enunciador
(EUe) exerce o papel de entrevistador, ou seja, aquele que por ter a prerrogativa da
palavra realiza perguntas ao seu destinatário (TUd), o entrevistado. A diferença que
vemos em relação à sabatina política é que o EUe da entrevista, normalmente, é um
único sujeito. Na sabatina, porém, esse papel é realizado por diferentes
interlocutores, como veremos mais adiante.
Vejamos agora o quadro enunciativo do debate:
24
Quadro 4: Quadro enunciativo de um debate
Ato de Linguagem Debate Político Eleitoral
EUc (Empresa midiática e internautas)
EUe (mediador)
↓
Candidatos
TUd (Candidato 1) (Candidato 2)
(Candidato 3...)
TUi (eleitores)
Circuito Interno (dizer) Fazer-saber/crer
Circuito Externo (Fazer-saber/fazer)
Quadro adaptado de Charaudeau (2009, p. 77)
No debate político, no circuito interno, o EUe é, como na sabatina, coletivo,
porém, formado por outras pessoas: o mediador do debate e os candidatos
opositores. A principal diferença entre esses dois gêneros (debate x sabatina) está
no sujeito destinatário (TUd) que é ocupado por diversos candidatos e ambos são
questionados pelo mediador do debate e candidatos adversários. Na sabatina,
diferentemente, o enunciador (que é coletivo) direciona suas perguntas a um só
candidato.
Quadro 5: Quadro enunciativo de uma sabatina política
Ato de Linguagem
Sabatina Política
EUc (Empresa midiática e internautas)
EUe (coordenador/ entrevistador)
↓
Conj.
entrevistadores
↓
Internautas
TUd (candidatos)
TUi (Candidatos/ Eleitores em
potencial)
Circuito Interno (dizer)
Circuito Externo (fazer)
(Fazer-saber)
25
Já na sabatina política, no circuito externo, o sujeito comunicante (EUc) é
representado pela empresa de mídia e pelos internautas que dela participam via
chat ou pelas perguntas enviadas pelo Facebook/Twitter para serem feitas ao
entrevistado; além deles há ainda o sujeito interpretante (TUi), os eleitores em
potencial e candidatos. Uma diferença entre a entrevista3 e a sabatina se encontra
no circuito interno: como sujeitos discursivos, o papel de enunciador (EUe) passa a
ser exercido pelo coordenador e pelo conjunto de entrevistadores que participam da
sabatina. Em outras palavras, um grupo de pessoas entrevista o candidato, ao invés
de apenas uma pessoa, como na entrevista. No corpus em análise, esse papel (de
fazer perguntas) também é exercido pelos internautas que enviam perguntas para
serem feitas ao candidato entrevistado através do coordenador ou jornalistas
entrevistadores da sabatina.
Em resumo, percebemos assim que a sabatina se aproxima ao gênero
entrevista por ambas possuírem um único sujeito destinatário (entrevistado) e ao
gênero Debate por possuírem um enunciador que se desdobra em vários papeis
(entrevistadores). Podemos então dizer que o gênero sabatina é, portanto, como
dissemos anteriormente, um cruzamento entre esses dois gêneros, partes de um
todo chamado discurso político-eleitoral.
As sabatinas escolhidas para análise neste trabalho são situações de
interação face a face em que os interlocutores – Josias de Souza (colunista do Uol),
Paulo Peixoto (correspondente da Agência Folha em Belo Horizonte), Vera
Magalhães (editora do Painel da Folha) e Eduardo Scolese (coordenador da Agência
Folha) se posicionam como jornalistas entrevistadores e os candidatos Patrus
Ananias e Márcio Lacerda (sabatinados em dias diferentes) como candidatos
sabatinados/entrevistados.
O material para análise foi coletado por meio de gravação em vídeo e por
transcrições das transmissões ao vivo ocorridas nos dias 27 e 28 de agosto de 2012,
através do Portal Uol. No primeiro dia, o candidato sabatinado foi Patrus Ananias e,
no dia seguinte, o candidato Márcio Lacerda. Em ambos os dias, a instância cidadã
3 A entrevista considerada aqui é a individual, feita por um jornalista a um único indivíduo.
26
pode interagir com os entrevistadores e candidatos por meio de perguntas realizadas
nas redes sociais Facebook e Twitter4 e na sala de bate-papo do Portal Uol.
Vejamos a seguir, a descrição deste último quadro enunciativo que se refere,
portanto, ao contrato de comunicação que se estabelece entre o chat e a sabatina.
Quadro 6: Quadro enunciativo do chat
Ato de Linguagem
Chat
EUc (Posição
ideológica de cada
participante)
EUe (internautas)
↓ Posição
ideológica
TUd (internautas)
↓ Integrantes da
sabatina
TUi (Integrantes
da Sabatina e visitantes da
sala) Circuito Interno (dizer)
Circuito Externo (fazer)
(Fazer-crer/sentir)
Quadro adaptado de Charaudeau (2009, p. 77)
No chat, o sujeito comunicante (EUc) são as pessoas que se posicionam
ideologicamente sobre política, as quais se projetam como enunciadores (EUe) das
perguntas que serão encaminhadas aos integrantes da sabatina, como também aos
internautas que estão no chat (TUd/ TUi).
Como se observa, a situação enunciativa do chat e da sabatina consiste na
tensão entre a opinião pública e o posicionamento do ator político. Os candidatos
respondem às perguntas tendo em vista a instância cidadã e o seu voto. E esta
constrói uma imagem desses candidatos, confrontando e questionando suas
opiniões em busca de um candidato ideal, passível de suprir as suas demandas.
Essa relação é, pois, um jogo de imagens que cada sujeito faz de si e do outro,
norteando assim o que deve ser dito e o como deve ser dito, de acordo com a
finalidade, a identidade dos parceiros, o propósito e o dispositivo da situação
4 Foram analisadas algumas perguntas de internautas que enviaram perguntas pelo Facebook ou Twitter (Ver seção 2.2). Essas perguntas foram repassadas aos candidatos pelos entrevistadores da sabatina. As perguntas do Chat foram analisadas na seção 2.3.
27
comunicacional. Vejamos a seguir, para finalizar a descrição do nível situacional,
como se comportam tais elementos em uma situação de sabatina.
i) Finalidade (Para que dizer?): o entrevistador deve buscar fazer-saber, a
qualquer preço, as intenções e/ou críticas político-administrativas do
candidato, de modo a esclarecer a população sobre as demandas do
município. O entrevistado, por seu turno, deve fazer-crer que o que ele diz é
verdade e que, de fato, o exercício de seu cargo será uma contribuição para o
desenvolvimento da capital mineira.
ii) A identidade dos parceiros (Quem se dirige a quem?): a sabatina política, tal
como a entrevista midiática, tem a finalidade de tornar públicas as opiniões
que suscitam o interesse dos telespectadores, por isso o entrevistador,
comumente, é representado por um indivíduo capacitado a interpelar
objetivamente o candidato. Por sua vez, os candidatos interpelados são
figuras públicas reconhecidas pelos eleitores e que buscam a eleição ou a
reeleição em 2012, como Patrus Ananias e Márcio Lacerda, respectivamente.
iii) O propósito/domínio do saber (Falar sobre o quê?): aos entrevistadores cabe
buscar temas pertinentes e que evidenciem a clareza e segurança dos
candidatos quanto aos temas escolhidos; e aos entrevistados cabe responder
sobre suas propostas políticas e eventuais acusações e/ou críticas.
iv) O dispositivo (Falar em que quadro de veiculação?): o meio comunicacional
utilizado para a transmissão desse discurso foi a internet, através do Portal
Uol e Folha. As sabatinas foram transmitidas ao vivo, juntamente com a
interação dos internautas que ocorreu em simultaneidade às sabatinas.
1.1.4 O nível discursivo-comunicacional da sabatina política: os papeis
enunciativos como possibilidades das ‘maneiras’ de dizer
Em continuidade à caracterização do processo enunciativo da sabatina,
propomos agora uma análise da configuração de seu ato de linguagem na dimensão
discursivo-comunicacional.
Como anteriormente exposto, sob a ótica da Semiolinguística, o discurso é
entendido como um jogo entre interlocutores que, envolvidos num contrato, se
28
reconhecem mutuamente como parceiros de comunicação e são movidos por
intenções. Mas, para que os parceiros envolvidos neste ato sejam reconhecidos é
necessário que lhes seja conferido o direito à palavra através da pertinência
intencional de seu projeto de fala.
Assim, para que uma relação contratual se estabeleça, é necessário haver
um reconhecimento mútuo entre os parceiros, o qual dependerá de um conjunto de
competências que deverão ser efetivadas no momento da interação. Nesta, a
identidade social dos sujeitos são ratificadas ou refutadas na caracterização do ato
de linguagem instaurado. Se os sujeitos se furtarem dos papeis que lhe são
atribuídos, estarão se negando enquanto parceiros da interação e, por conseguinte,
romperão o contrato. Em contrapartida, ao se reconhecerem como seres implicados
numa relação contratual, os sujeitos utilizarão diversas maneiras para exercer
eficientemente os seus papeis enunciativos.
Assim, Charaudeau aponta três condições que fundamentam o direito à
palavra:
i) Reconhecimento do saber: Representa certo conjunto de universos de
referência, em termos de sistemas de crenças e valores, que permitem que os
parceiros assumam as suas representações supostamente partilhadas sobre
o mundo;
ii) Reconhecimento do poder: Diz respeito à posição sócio-institucional ocupada
pelos parceiros do contrato de comunicação, articulada aos papeis
linguageiros que os sujeitos assumem no discurso em razão da realidade
psicossocial em que se dá o jogo enunciativo;
iii) Reconhecimento do saber fazer: Refere-se à capacidade do sujeito
comunicante, tornado enunciador, de confirmar as duas condições acima
citadas através da sua enunciação, ou seja, através da efetivação de seu
projeto de fala por meio do discurso, adequando o circuito interno (do dizer)
ao externo (do fazer).
Em síntese, a noção de contrato proposta pela Semiolinguística nos remete à
ideia de legitimidade e credibilidade, pressupostos inerentes a uma relação
contratual. A legitimação dos sujeitos se dá em função da posição que eles ocupam
29
na diferentes situações de interação, através da sua identidade social, cristalizada
historicamente. Já a sua credibilidade é constituída pela própria enunciação, ou seja,
pela capacidade que o sujeito possui de se instaurar como autoridade através do
seu discurso.
Para Charaudeau5, tais implicações (reconhecimento do saber e
reconhecimento do poder) são as responsáveis por instaurar a dimensão de
legitimidade do sujeito falante, conferida a ele em razão da posição que ele assume
nas diferentes práticas sociais. Por outro lado, o saber fazer é que confere
credibilidade ao sujeito falante. A credibilidade é conquistada e negociada no
desenvolvimento das práticas de linguagem e está diretamente associada ao
desempenho enunciativo apresentado pelo sujeito comunicante, tornado enunciador.
A habilidade de ‘jogar’ com os dois espaços – interno e externo – e seus
componentes é que levará o saber fazer do sujeito a ser julgado e que,
consequentemente, levará o sujeito a ter reconhecido o seu direito de fala. Sem a
credibilidade não é possível para o ator político realizar seu projeto de fala, mesmo
que possua legitimidade pelo Saber ou pelo Poder6.
Questionar a legitimidade, segundo Charaudeau (2011), é questionar o
próprio direito de dizer; questionar a credibilidade é questionar a pessoa, uma vez
que ela não apresenta provas de seu poder dizer ou fazer. Nesse sentido, a
legitimação do sujeito se dá em função da posição que ele ocupa nas diferentes
situações de interação; e a sua credibilidade é constituída pela própria enunciação:
pela eficiência discursiva do sujeito de se instaurar como autoridade no ato de
linguagem em função de um conjunto de manobras discursivo-linguísticas que
visam a produzir determinados efeitos sobre o interlocutor. Sendo assim, nas
sabatinas, devido a certa margem de manobra, como também ao fato de ser uma
interação oral e face a face, os sujeitos podem inverter os papeis, seja por uma
provocação polêmica em que o entrevistador provoca o entrevistado e este, no
exercício de sua resposta, responda a essa pergunta com outra pergunta,
interpelando-o.
5 CHARAUDEAU, P. Discurso das mídias. São Paulo: Contexto, 2006. 6 O esquema de Charaudeau é claro e bem articulado ao estabelecer duas categorias: legitimidade e credibilidade; importantes para a compreensão do contrato comunicacional, mas a credibilidade e legitimidade não decorrem apenas da habilidade do orador de costurar coerentemente o dizer ao fazer. Ou melhor, o sucesso do contrato não deriva apenas disso, visto que as ideologias dos auditórios serão sempre um contraponto a esse esquema.
30
1.2 A teoria dos Atos de fala: o direcionamento ilocucional na sabatina
política na campanha eleitoral para prefeito de Belo Horizonte
Esta parte do trabalho visa apresentar as contribuições da Teoria dos Atos de
Fala (TAF), cuja abordagem descreve as condições mínimas requeridas para a
constituição de determinados objetos discursivos. Uma vez que no centro de nossas
inquietações está o gênero sabatina-política em espaço digital e a participação de
internautas, recorremos à Teoria dos Atos de Fala para analisar a interação entre
estas partes, tendo em vista o objetivo de verificar como os candidatos utilizam a
linguagem para criar uma imagem de si por meio da promessa, da crítica e do
autoelogio; e como os entrevistadores e internautas, em um processo enunciativo,
veem tais candidatos, isto é, projetam suas imagens, seus ethé.
Uma vez que o processo linguístico se atualiza em discurso e tendo em vista
não apenas a materialidade linguística dos enunciados, mas também as condições
de sua produção que possibilitam entender os atos de fala como formas de
linguagem que conduzem à realização de ações, consideramos os atos de fala como
componentes que integram as diversas práticas linguageiras. Grosso modo, uma
das raízes da TAF é remetida à Teoria dos Jogos de Linguagem proposta pelo
filósofo Wittgenstein (MARI, 2001, p. 96). Apesar de este trabalho não assumir o
compromisso com o detalhamento do traçado histórico da Teoria dos Atos de Fala, é
interessante destacar aqui a ideia central desse autor.
Para esse teórico, cada domínio de práticas corresponde a uma multiplicidade
de cenários de comunicação, de Jogos de Linguagem, que apresentam um conjunto
de regras e/ou estratégias à medida que a validação dos enunciados engendra
comportamentos e ações em determinadas situações interlocutivas. Essa
associação entre rituais e conjuntos de regras é especificada, segundo Mari (2001),
através de uma tipologia de pontos e modos em decorrência de parâmetros que são
usados para definir cada um desses conceitos. Nesse sentido, destacar a
necessidade da fixação de condições que regulam a integração de interlocutores em
um ato e das condições sociais que traduzem a competência, socialmente
reconhecida, de interlocutores para proferir certos tipos de atos, parece-nos
relevante nos estudos linguístico-discursivos.
31
Desse modo, interessa-nos, mais de perto, alguns aspectos da teoria
apontados por alguns filósofos da linguagem: Austin (1990), ao abordar a
performatividade e o processamento de um ato de fala, e também as considerações
de Searle (2002) e Vanderveken (1985), identificando os parâmetros de sua
descrição, os componentes de uma força ilocucional e as condições preparatórias,
importantes na sustentação de um ato.
A proposição austiniana, ao estabelecer a diferença entre atos constatativos e
performativos7, preconiza que dizer não é somente veicular informações sobre o
objeto de que se fala, mas é também uma forma de agir sobre o interlocutor e o
mundo. Assim, além de comportar uma realidade de significação/referenciação, têm
a propriedade de realizar ações. Tais estudos, segundo Mari (2001, p. 102 – 104),
postulam que o processamento discursivo se dá pela implementação de três
dimensões dos atos, a saber: a) o Locucional: referente à apropriação da linguagem
por parte do locutor no âmbito fonético, gramatical e semântico; b) o ato Ilocucional:
referente à força que os enunciados assumem e c) o Perlocucional: que se relaciona
aos efeitos de sentido produzidos pela linguagem, relacionando-se assim à
enunciação (Austin, 1990). Decerto, ao considerar as três dimensões, é um equívoco
acreditar que o ato nasça apenas do resultado de uma série de palavras proferidas
por uma pessoa, é necessário levar em conta se o ato é proferido num tempo
adequado, em circunstâncias convenientes, e o estatuto assumido pelo locutor para
proferir X ou Y etc. Assim, o êxito dos atos de fala supõe o respeito a um certo
número de condições a que o teórico denominou de condições de felicidade
(satisfação).
A partir de fundamentos dos atos de fala apontados por Austin, outros
importantes autores também começaram a empreender um desenvolvimento
sistemático dessa teoria, buscando entender a relação entre linguagem e ação para
além dos performativos e das convenções, como Searle (2002) e Vanderveken
(1985) se propuseram ao estabelecer um conjunto de parâmetros que fazem parte
da constituição do ato de fala.
7 Austin (1990) supunha que poderíamos fazer proferimentos para ‘falar sobre as coisas’, isto é, para constatar fatos, enunciar estados de coisas, relatar ocorrências, descrever objetos, narrar acontecimentos, expor opiniões etc (Atos Constatativos), como também, para fazer proferimentos que realizam atos/ações através da utilização de certas palavras e verbos performativos, como prometer, avisar, advertir, jurar, assegurar, agradecer, mandar, ordenar, etc (Atos Performativos).
32
Estes autores partem do princípio que toda forma de linguagem está
relacionada a um tipo de ação e que a orientação entre a linguagem e ação pode ser
compreendida por dimensões de ajustamento em que a linguagem orienta a
construção de um estado de coisas ou que um estado de coisas orienta a
construção da linguagem. Desse modo, há circunstâncias em que a linguagem cria a
realidade e outras em que a ação determina formas de construção de linguagem.8
Apresentamos a seguir uma síntese desse direcionamento a partir das palavras de
Mari:
O conceito de ato de fala está associado à necessidade de mostrar como certas formas de linguagem se prestam à estruturação de ações. Assim, o conjunto das mais diversas ações que permeiam o nosso convívio social, ora são representadas, ora são desencadeadas por arranjos linguísticos, construídos em razão de algum alcance prático específico. Quando se deseja que certos fatos sejam realizados no futuro, dão-se ordens, fazem-se promessas, fazem-se pedidos, ou, simplesmente, manifesta-se uma intenção particular de sua efetivação. Muitas vezes, reportam-se certos estados de coisa já acontecidos, descrevendo e mostrando detalhes a eles associados. Outras vezes, usa-se da linguagem para instituir um novo estado de coisas, ou ainda para comprometer os integrantes de uma interlocução com o curso de ações futuras. (MARI, 1997, p 34)9
Como resultado, os atos ilocucionais são concebidos como formas naturais de
uso da linguagem; falar é agir sobre o outro e sobre o mundo, de modo que todo
indivíduo que utiliza um enunciado com uma intenção de comunicação tem sempre a
intenção de realizar um ato ilocucional no processo enunciativo. Dessa maneira, ao
dizer algo, o falante não somente reporta a fenômenos, seres ou atos, como também
a si mesmo. Como indivíduo detentor da palavra, propõe ações mediadas pela
linguagem: assevera, promete, abençoa, ameaça, avisa, pergunta, ordena, elogia
etc., fazendo com que ele mesmo e/ou o seu interlocutor desempenhe uma
determinada ação intelectual ou física a partir de seu proferimento, podendo, ainda,
proferir algo apenas para reportar um estado de coisas no mundo.
Tendo em vista o nosso corpus, o entrevistador, ao fazer uma pergunta ao
candidato sobre um determinado fato, pressupõe que esse fato seja do
conhecimento desse candidato e que este esteja apto a respondê-la, ampliando
8 Essa questão é importante ao considerarmos a dimensão dos atos de fala analisados na sabatina: a promessa e a pergunta, que se configuram a partir do ponto comissivo/diretivo (palavra-mundo), e a crítica, que se configura a partir do ponto assertivo (mundo-palavra). Retomaremos esta questão mais à frente, na parte destinada à análise das respostas dos candidatos. 9 MARI, Hugo. A promessa como ato de fala: suas implicações no discurso político. Geraes Revista de Comunicação Social, FAFICH/UFMG, Belo Horizonte, v. 1, n. jun/97, p. 34-41, 1997.
33
assim o ambiente intelectual dos interlocutores. Um objeto de linguagem como uma
promessa somente é proferida quando se pressupõe que o locutor tem uma intenção
de realizá-la, desde que ela seja benéfica ao alocutário, caso contrário, se for
maléfica, não teremos mais uma promessa e sim uma ameaça. A crítica, todavia,
deriva sempre de uma avaliação negativa do locutor sobre um fato.
Para Mari (1997, p. 35), um ato é, antes de tudo, um engajamento em graus
diferenciados, que leva um dos usuários ao desempenho de certos papeis ou à
responsabilidade por certos estados de coisas. Assim, a TAF, entendida como um
instrumento de explicação da relação linguagem e ação, possui pressupostos que nos
permitem identificar os efeitos práticos decorrentes da participação desses
interlocutores na atividade discursiva. Avaliar estes efeitos, seguramente, nos leva a
considerar a necessidade de se trabalhar com o formato estrutural da enunciação,
reconhecendo assim que um Ato de Linguagem impõe certas restrições ao locutor e
que este deve assumir certo papeis sociais, afetando também o alocutário, que pode
ou não ser cooperativo com a representação do locutor, isto é, com o seu ethos
construído no discurso.
Surge assim a necessidade de se considerar, na realização de alguns atos de
fala, a condição de sinceridade10 do falante como condição para que o proferimento
represente, de fato, uma condição para o sucesso de uma realização ilocucional.
Tomando como exemplo as práticas eleitorais, não podemos descrever as condições
de um proferimento em que uma pessoa faz uma promessa sem mencionar que seu
dizer, num contexto adequado e com as palavras apropriadas, deixa implícito ou
subentendido que se tem a intenção de fazer algo (mesmo que, de fato, não a tenha,
no caso de uma promessa insincera).
Isso significa que o ato realizado através de um proferimento é definido, não
por uma experiência subjetiva, mas por uma convenção invocada pelo sujeito
linguístico e social, que estabelece que o proferimento de tais palavras tenha a força
ou valor de tal ou qual ato, o que acarreta, por sua vez, certas consequências
(obrigações e sanções) de ordem social. Desse modo, mesmo que o candidato não
tenha a intenção de fazer o que promete, o fato de dizer “prometo,” em
10 Não é a sinceridade ou a existência de uma intenção subjetiva que constitui uma condição necessária para que haja o proferimento performativo, mas, sim, a implicação de sinceridade ou a pretensão de sua existência no ato.
34
circunstâncias apropriadas, tem a força do compromisso que normalmente
consideramos em uma promessa (MARI, 1997).
Apesar disso, são necessárias algumas ressalvas quanto à utilização dos
performativos, defendidas por Austin e por Mari (2001). A ideia de
performativo/constatativo depositava uma decisão muito grande sobre a forma verbal
– os verbos performativos, praticamente, tinham um destaque no processo de
assegurar a realização de uma força. Apesar de reconhecer a força dos
performativos, Mari argumenta que eles nunca foram a garantia para a realização de
um ato nesta ou naquela modalidade. O fato de o locutor usar “ordeno” não implica
diretamente que ele esteja produzindo uma ordem, já que tal objeto implica muitos
outros detalhes para a sua existência e não apenas o proferimento de um verbo. Ao
contrário do que afirma Austin, o ato perlocucional pode ser convencional (em
algumas situações pelo menos) na medida em que se subordina a determinadas
regras contextuais; e o ato constatativo pode também exercer efeitos performáticos e
perlocucionais sobre o interlocutor em determinadas situações contextuais.
Um enunciado como “Mas você lia jornal, pelo menos?”11 pode ser um ato
diretivo, com modo pedido de confirmação feito ao candidato Patrus Ananias pelo
entrevistador da sabatina, como também pode ser um ato assertivo com modo
“reprovação” de um suposto desconhecimento de um fato importante no cenário
político do país, amplamente divulgado pela mídia, no caso, o escândalo do
mensalão. Poderíamos ainda apontar os efeitos perlocucionais desse enunciado
como sendo de deboche, de descrédito, por Patrus ter afirmado, anteriormente, não
ter visto e ouvido nada a respeito desse fato.
Outro enunciado interessante é o discutido por Mari (2003, p. 111), “A porta
está aberta”. Em princípio, é um proferimento constatativo, pois aponta para um
estado de coisas que pode ser traduzido com esse enunciado; mas esse mesmo
enunciado, a depender da situação enunciativa, pode ter forças ilocucionais e
perlocucionais diversas. Pode ser um convite, “Entre, a porta está aberta”; uma
concessão, “Pode sair [...]” ou “Pode entrar, a porta está aberta”; um pedido, “Feche
a porta, pois a porta está aberta”; uma censura, “Eu já te avisei para fechar a porta.”.
Mas não será uma declaração para a prisão de um suspeito de homicídio, uma
promessa eleitoral, um pedido para que se feche a janela ou coisa similar. Isto é,
11 Pergunta de Josias de Souza a Patrus Ananias (PT) na sabatina.
35
segundo o autor, existem condições discursivas e enunciativas que estabilizam o
significado/sentido dos atos de fala; condições estas que nos fazem interpretá-los
com certos valores pragmáticos. Desse modo, a partir de um conjunto de fatores, o
número de interpretações possíveis se restringe.
Na verdade, o significado é uma condição para a ação, não se pode negar o
papel do material linguístico envolvido e suas relações ilocucionais, mas o
significado de tais sentenças passa por outros fatores que apontam para sua
dimensão perlocucional. Observaremos em nossa análise que o uso de estratégias
como a promessa, crítica ou autoelogio, na maioria das vezes, é justificado como
efeitos perlocucionais e não na dimensão performativa.
1.2.1 As direções de ajustamento e as forças ilocucionais: perguntas e
respostas
Certamente, a correspondência entre o dizer e o fazer não é aleatória, já que
todo dizer pressupõe uma intenção. Como vimos, a ação adequada, expressa por
um locutor mediante uma proposição em determinada situação, depende da
observação de um conjunto de regras. Estas, por sua vez, funcionam como
parâmetros de intercompreensão e padrões convencionais de análise do uso da
linguagem. Nessa perspectiva, competiria à Pragmática estudar essas condições de
proferimento dos enunciados, ou seja, sua ligação factual e real do ato ilocucional,
resultantes da posição social dos falantes e capazes de explicar, para além de seu
significado objetivo e invariante, sua capacidade de evocar as crenças, atitudes,
sentimentos e valores dos indivíduos que os utilizam. Assim, para Mari (1997), todo
ato de fala tem, como condição de existência, não só o estado da relação entre
falante e ouvinte, como também a relação entre o falante e os aspectos da
realidade, pois é a natureza deste estado de relação que pode determinar, por
exemplo, a diferença entre uma ordem e um pedido ou entre uma asserção e uma
emoção.
Outro ponto relevante para entendermos o modo de funcionamento dos
proferimentos na sabatina-política é a direção de ajuste entre a palavra e o mundo
e/ou mundo e a palavra. A orientação entre linguagem e ação pode ser
compreendida por dimensões de ajustamento em que a linguagem orienta a
36
construção de estado de coisas ou um estado de coisas orienta a construção da
linguagem. Em conformidade, Searle (2002) declara que alguns proferimentos têm,
como parte de seu propósito ilocucional, fazer as palavras (mais precisamente, seu
conteúdo proposicional) corresponder ao mundo, como os atos assertivos; outras,
fazer o mundo corresponder às palavras, como os atos diretivos e comissivos.
Na visão desse autor, a direção de ajuste é sempre uma consequência do
propósito ilocucional que, segundo Searle (2002, p. 4), é parte da força ilocucional,
mas não é o mesmo que ela. Assim, uma força ilocucional que se realiza, por
exemplo, no ponto assertivo tem como direção de ajustamento PALAVRA→MUNDO,
pois há uma correspondência entre o conteúdo proposicional a um estado de coisas.
Segundo o mesmo autor, os membros da classe assertiva são avaliáveis na
dimensão verdadeiro e falso. Observe o seguinte exemplo:
Exemplo 1 (SML, Bloco 1, E4)12: Repórter da Folha/Uol: Atual prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda tem 66 anos e nasceu na cidade de Leopoldina, região da Zona da Mata Mineira. Formado em Administração de Empresas em 1977, Lacerda entrou na vida pública apenas em 2003 quando aceitou o convite para ser Secretário Executivo do Ministério da Educação Nacional do Governo Lula, na gestão de Ciro Gomes. [...]
No trecho acima, o repórter faz uma breve apresentação do candidato Márcio
Lacerda. Vemos que há um ajustamento Palavra-Mundo, isto é, os atos assertivos
constatativos relatam a sua origem e trajetória política. Assim, não há uma ação a
ser desencadeada num tempo futuro à enunciação, apenas a constatação de um
estado de coisas do mundo.
Já os membros da classe diretiva e comissiva têm como direção de ajuste
MUNDO→PALAVRA, uma vez que uma alteração da realidade poderá acontecer,
em razão da enunciação do conteúdo proposicional de um ato. Se nos diretivos o
propósito ilocucional consiste no fato de que são tentativas do falante levar o
alocutário a fazer algo, por outro lado, os comissivos têm por propósito ilocucional
comprometer o falante com alguma ação futura em relação ao alocutário. Como
veremos abaixo:
12 Optamos por enumerar as perguntas e respostas por enunciados (E1, E2, E3...). Dessa forma, a 1ª pergunta (o enunciado E1) terá como resposta o E2 e assim sucessivamente. A enumeração por bloco foi feita de acordo com o intervalo da sabatina que também foi dividida em 3 blocos. Leia Sabatina com Patrus Ananias (SPA) e Sabatina com Márcio Lacerda (SML).
37
Exemplo 2 (SPA, Bloco 1, E9): Pergunta de Eduardo Scolese (Coordenador da Agência Folha): E o que manter da gestão? E10: Patrus Ananias/Candidato do PT: Nós vamos governar, é claro, para todos, mas teremos um foco muito especial entorno da criança e da juventude. Com relação ao atual Governo, todas as obras que estiverem sendo feitas, as obras viárias, as obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) com recursos do Governo Federal, as obras da Copa do Mundo, o BRT, todas as obras que estiverem sendo feitas serão implementadas, realizadas e nós procuraremos dar um pouco mais de agilidade para que a população não seja penalizada com a demora dessas obras.
No primeiro enunciado, feito pelo entrevistador Eduardo Scolese, não há uma
apresentação de um estado de coisas, ao contrário, há um direcionamento de ajuste
que leva à necessidade de uma ação futura a partir do ato diretivo, modo pergunta.
Espera-se assim que a instância alocutiva responda a este proferimento. Isso se
justifica através de elementos prosódicos representados pelo ponto de interrogação
e pelos elementos linguístico-discursivos recorrentes em perguntas, como ‘O que
[...]?’; ‘Como [...]?’; etc.
Já no segundo enunciado, na resposta de Patrus, não observamos a
apresentação de um estado de coisas, mas sim o desejo da realização desse
estado. Em outras palavras, o ato comissivo, modo promessa, só será realizado a
partir de uma ação futura feita pelo locutor em benefício do alocutário. Isso pode ser
depreendido a partir das locuções verbais “vamos governar”, “teremos”, “serão
implementadas”, “procuraremos dar” que apontam para um compromisso futuro
assumido pelo candidato caso seja eleito.
Outra classe de atos ilocucionais é a dos expressivos, neles não há direção
de ajuste (DIREÇÃO NULA). Searle (2002) declara que, ao realizar um ato
expressivo, o falante não está tentando fazer com que as palavras correspondam ao
mundo; ao contrário, a verdade da proposição é pressuposta.
Exemplo 3 (SPA, Bloco 1, E2): Patrus Ananias/ Candidato PT: “Bom dia, Eduardo; bom dia, Vera; bom dia, Paulo; bom dia, Josias; bom dia a todas as pessoas, amigos e amigas aqui presentes. É um prazer estar aqui conversando com vocês. 13
13 Saudação inicial feita pelo candidato Patrus Ananias (PT) no início da sabatina.
38
O proferimento acima não apresenta direção de ajuste, pois não tem um
compromisso com fatos do mundo e nem implica uma ação futura do locutor ou
alocutário. Seu conteúdo proposicional tematiza um ato protocolar de saudação,
apresentando um estado de satisfação do locutor que pode ser depreendido a partir
do seguinte enunciado “É um prazer estar aqui conversando com vocês.”
Por fim, a última classe é a dos declarativos. A característica definidora dessa
classe, segundo Searle, é que a realização bem-sucedida de um de seus membros
produz a correspondência entre o conteúdo proposicional e a realidade. Para
realização de duplo ajuste (MUNDO↔PALAVRA) dos atos declarativos, considera-
se não somente a forma linguística que realiza o ato, mas também um sistema de
regras constitutivas que envolvem uma realidade extralinguística que se
acrescentam às regras constitutivas da linguagem para que a declaração possa ser
realizada com sucesso, como veremos a seguir:
Exemplo 4 (SPA, Bloco 1, E64): Eduardo Scolese (Coordenador da Agência Folha): Nós vamos fazer agora o nosso primeiro intervalo. Voltamos já. Folha Uol – Eleições 2012.14
A partir deste proferimento, Scolese não apenas relata um estado de coisas
como realiza uma ação que é interromper a sabatina momentaneamente. Isto se
deve ao lugar que ele ocupa nesse evento como coordenador. Evidentemente, este
ato pode apresentar nuances de um ato assertivo por ser uma afirmação ou um
anúncio, mas é possível também reconhecer na leitura deste ato um forte aspecto
declarativo a partir da ação que é desencadeada pelo seu proferimento, a
interrupção do evento.
A partir das direções de ajustamento, a TAF propõe, em resumo, uma
interpretação elementar de cinco tipos de usos de enunciados linguísticos: assertivo,
diretivo, comissivo, declarativo e expressivo.
Nesse intento, podemos ainda situar os conceitos de ponto e modo; e situar
três condições para o sucesso de um ato de fala: condições de conteúdo
proposicional (CCP); condições preparatórias (CP); e condições de sinceridade (CS).
Sendo assim, para que se entenda, por exemplo, o ato “Feche a janela”, no ponto
diretivo, como sendo uma ordem (modo) e não um pedido (modo) é necessário que
14 O entrevistador Eduardo Scolese ‘declara’ uma pausa na sabatina.
39
tal proposição atenda às seguintes condições: CCP – que as formas linguísticas
sejam reconhecidas pelo interlocutor e que expressem, em relação ao momento de
enunciação, uma orientação para sua ação futura, evidenciado na desinência verbal
imperativa cujo aspecto é injuntivo; CP – que o sujeito falante tenha um estatuto que
lhe permita dar ordens ao alocutário, numa relação hierárquica superior a seu
alocutário, e que o alocutário também reconheça esse estatuto do locutor; e CS – é
o estatuto que aponta para um desejo de que a ação seja realmente desenvolvida
pelo alocutário e que esta não seja lesiva ao locutor.
Em resumo, para que um ato ilocucional se realize com sucesso, é necessário
que, no contexto de interação, o sujeito realize o ponto ilocucional de força (F) sobre
a proposição (P) e essa proposição satisfaça algumas condições de conteúdo
proposicional.
Assim, as CCP são um conjunto de fatos linguísticos (gramaticais ou
lexicais)15 que estão implicados na construção semântico/discursiva de uma
proposição e são fixadas em termos do tempo da realização verbal, implicado nas
ações decorrentes do proferimento de um ato. Considerando o nosso objeto de
estudo, ao analisarmos as perguntas feitas pelos entrevistadores, as respostas dos
candidatos e os comentários dos internautas, teremos, provavelmente, em seus
planos de conteúdo proposicional, a predominância das seguintes possibilidades:
Quadro 7: Possibilidades de realização de CCP dos pontos
Diretivo Possui verbo no presente, modo imperativo e/ou injuntivo; ação projetiva e conteúdo lexical lesivo e não lesivo ao Alocutário (por exemplo, pedido ou ordem).
Comissivo Apresenta uma ação projetiva; tempo verbal futuro / pressupõe ação não lesiva ao Locutor, nem ao Alocutário (no caso da promessa).
Assertivo Apresenta verbo no tempo presente e/ou passado; pressupõe a verdade e/ou factualidade de P. Excepcionalmente, verbos no futuro para formas gerais de predição.
15 É salutar dizer que o teor das propriedades de itens lexicais e das relações entre eles é determinante na percepção de um conteúdo lesivo ou não-lesivo ao alocutário no caso de uma ordem; mas será de percepção e de respondibilidade do alocutário, no caso de uma pergunta. Esses fatores podem ser determinantes também na percepção de factividade de uma promessa a ser realizada pelo locutor. Outro ponto é o teor locutivo e alocutivo das formas verbais que deve ser levado em conta. Provavelmente, muitos aspectos das propriedades lexicais podem ser resolvidos a partir das condições preparatórias.
40
Expressivo Não existe, a priori, uma condição geral de seu funcionamento proposicional (apesar de ser caracterizado muitas vezes por frases nominais).
Declarativo Apresenta verbo no presente; ação consecutiva ao proferimento, geralmente, ações formais, vinculadas a instâncias institucionais.
Além disso, outra condição consiste na pressuposição do locutor sobre as
proposições determinadas pelas condições preparatórias de (F) relativamente a (P)
nesse contexto. Assim, as CP são um conjunto de fatos e estados de coisas que
são imputados ao locutor e ao alocutário e que são pressupostos para a realização
de um ato.
Estas condições diferem das CCP por serem supostas tanto na dimensão do
locutor quanto na do alocutário (sem que haja um registro para elas em termos da
proposição), e, portanto, são condições representadas no plano do Ato de
Linguagem (enunciação) e não do enunciado, como fica evidenciado para as CCP.
Desse modo, teríamos, provavelmente, referente às condições preparatórias para
alguns atos de fala encenados, tanto na sabatina, quanto nos comentários dos
internautas, as possíveis condições preparatórias gerais:
Quadro 8: Possibilidades de realização de CP dos pontos
Diretivo O locutor (entrevistador) é hierarquicamente superior ao alocutário (entrevistado). O entrevistador tem a prerrogativa da pergunta e o entrevistado a ‘obrigatoriedade’ de responder.
Comissivo O locutor (candidato) está apto a prometer P ao alocutário (eleitores de Belo Horizonte).
Assertivo i. O locutor (entrevistador) está apto a avaliar e/ou criticar as proposições do alocutário (candidato). ii. O locutor (candidato) está apto a avaliar e/ou criticar as proposições do alocutário (adversário político) e/ou concordar ou refutar as proposições do entrevistador).
Expressivo O locutor (candidato) deseja elogiar e/ou criticar o alocutário (o adversário político) em relação à realização de P (obras públicas/governo).
Declarativo O locutor (entrevistador) faz parte de uma instituição (Folha e/ou Uol); O alocutário (entrevistado) passa a agir a partir da permissão do locutor = concessão da palavra pelo entrevistador.
É necessário, portanto, que o locutor exprima os estados mentais
determinados pelas condições de sinceridade. Grosso modo, a CS traduz a
41
compatibilidade que o locutor reflete entre o proferimento de um ato e o seu estado
mental (SEARLE, 2002). Dessa forma, pressupõe-se que todo ato precisa ser
compatível com o estado mental (EM) do locutor. Por exemplo, no momento de uma
saudação dos candidatos, pressupõe-se que ocorra um EM de satisfação; no caso
de uma promessa, exige-se o EM de desejo/ possibilidade de realização de P em
benefício do alocutário; já a pergunta pressupõe um EM de dúvida ou
questionamento em relação ao desconhecimento de P. Em suma, a CS precisa ser
compatível com EM do locutor. A seguir apresentamos um esquema ilustrativo do
que foi dito:
Quadro 9: Possibilidades de realização de CS dos pontos
Diretivo O locutor (entrevistador) deseja/ crê que o alocutário (candidato) possa responder P (às perguntas); pois P é importante para ‘ajudar’ na decisão do eleitor.
Comissivo O locutor (candidato) deseja realizar P (promessa). O locutor crê que P é benéfico ao eleitor.
Assertivo i. O locutor (candidato) crê/deseja que convencerá o eleitor a partir de P (informações); ii. O locutor (entrevistador) crê que o candidato possa responder P (perguntas); iii. O locutor (o entrevistador e o candidato) deseja/crê informar o público a partir de P (afirmações, constatações, explicações, etc.).
Expressivo i. O locutor (o candidato) crê que o alocutário (adversário político) não realizou P satisfatoriamente, logo deseja criticá-lo; ii. O locutor (o candidato) crê que realizou P satisfatoriamente, logo deseja se elogiar.
Declarativo O locutor tem consciência da autenticidade de sua ação; ele faz parte de uma instituição x, o que o torna apto a proferir P e P é um ato de linguagem e ação no mundo. Quando o entrevistador diz: “Nós vamos fazer agora um intervalo. Voltamos já [...].”, é tolhido o direito de continuação do evento, por exemplo, e seu proferimento ocasiona uma ação.
É importante deixar claro que os componentes que definem a estrutura de um
ato de fala pretende avaliar as direções de ajustamento, buscando caracterizar: a) os
tipos de ações que estão previstas na atividade discursiva e b) os tipos de ação que
essa atividade pode engendrar.
O ato de fala com força realizada no ponto diretivo, cujo modo de realização
se traduz na pergunta, por exemplo, pressupõe que o locutor deste ato efetive sua
enunciação com o objetivo de fazer com que o interlocutor realize uma ação futura
42
sob a forma de um ou vários outros atos de fala que constituirão a resposta,
efetivando, assim, a troca interativa. Nessa interação, o locutor estabelece para si o
direito de obter uma resposta do interlocutor e este, por conseguinte, o dever de
responder à pergunta.
O ponto diretivo tem uma direção de ajustamento MUNDO-PALAVRA, pois
implica a realização de uma ação representada no seu conteúdo proposicional a ser
desencadeada num tempo futuro da enunciação. No caso da pergunta, pode-se
dizer que é sempre um ato iniciativo que engendra (se tem expectativa de) um ato
reativo, seja ele, assertivo, comissivo, etc. Essa relação interdependente entre
pergunta e resposta diz respeito à “imposições/restrições” discursivas e ilocucionais
à resposta, dando-nos indicações do que pode ser uma resposta adequada ou não,
assim, as respostas nos indicarão se certas condições do Ato de Linguagem foram
satisfeitas ou não. Observe o esquema:
Quadro 10: Parâmetros: ato de fala pergunta
Ponto Diretivo (direção mundo-palavra) /ação futura
Modo Tentativa do locutor obter a informação do interlocutor, criando assim um dever para o interlocutor.
Condições de conteúdo proposicional
Qualquer conteúdo proposicional, pertinente à atividade política em discussão.
Condições preparatórias
O locutor não sabe a resposta e supõe que o interlocutor seja capaz de oferecê-la.
Condições de sinceridade
O locutor deseja obter uma resposta de seu interlocutor e assume a responsabilidade desse desejo ou intenção.
A título de exemplificação dos parâmetros definidores do ato de fala pergunta,
tomemos o seguinte exemplo:
Exemplo 5 (SPA, Bloco 1, E5): EDUARDO SCOLESE/COORDENADOR AGÊNCIA FOLHA: Candidato a primeira pergunta: Se o senhor for eleito, o que o senhor pretende mudar de imediato na administração da Prefeitura e quais ações do atual prefeito Márcio Lacerda que o senhor pretende manter?
43
(E6): PATRUS ANANIAS/ CANDIDATO PT: Belo Horizonte hoje tem cinco desafios fundamentais que serão prioridades do nosso governo. Claro que a prioridade não implica em exclusão. Mas a primeira grande prioridade é a Saúde. A Saúde não está bem em Belo Horizonte. Nós temos um projeto claro para enfrentar o desafio da Saúde em Belo Horizonte desde a melhoria no atendimento de base com Centros de Saúde, que nós queremos que funcionem aos fins de semana, os Centros de Saúde não funcionam nos fins de semana em Belo Horizonte. Consolidando também, ampliando as equipes de Saúde da Família. Depois, no nível intermediário implantando mais nove unidades de especialidades para atender a demanda; um centro para exames especializados: imagem, né, tomografia, ultrassonografia; concluir as obras do Hospital do Barreiro, integrar com a Rede Hospitalar Municipal, nós temos também o Hospital em [Ininteligível], fazer nossa parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais, o Hospital das Clínicas e também envolver a rede privada nesse atendimento. Um segundo desafio também fundamental em Belo Horizonte é o combate à violência. A questão da segurança pública cidadã. Um compromisso nosso, na Prefeitura de Belo Horizonte é assumir, como responsabilidade do prefeito, todas as questões que disserem respeito à população de Belo Horizonte, nenhum problema vai ser desconsiderado, “Ah, é responsabilidade do Governo do Estado, responsabilidade do Governo Federal...”. Não. O que for do Governo Municipal, vamos fazer.
A partir desse ato podemos, até certo ponto, falar da identidade e
intencionalidade desse sujeito engendrado no jogo pergunta/resposta. O exemplo
acima pode ser entendido como um diretivo sob a forma de pergunta, resultante do
conteúdo proposicional composto por itens lexicais significativos, como exemplo, os
pronomes interrogativos “o que” e “quais” que orientam o tema da resposta “o que
mudar e quais ações manter”, que, para se ajustar à pergunta, deve preencher esta
variável. Além disso, o entrevistador tematiza discursivamente que se trata de uma
primeira pergunta, “candidato a primeira pergunta”, validando assim uma condição
preparatória que o posiciona como aquele que faz perguntas.
Outra característica que podemos assinalar aqui, que distingue o ponto
diretivo de outros atos, é a alocutividade. Como dito em outros momentos neste
trabalho, o interlocutor é interpelado diretamente. A marca linguística dessa
alocutividade se traduz nesse ato pelo pronome de tratamento “senhor”, em outros
momentos da sabatina pelas formas recorrentes “candidato” e “Ministro”.
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Observemos também a entonação ascendente ao final do enunciado (detectada na
forma oral da pergunta), característica dos proferimentos interrogativos.
Outro aspecto diz respeito à ideia de uma ação futura a ser desempenhada
pelo interlocutor caso seja eleito: “o que pretende mudar de imediato” e “quais ações
[...] pretende manter”. Somam-se a isto as convenções de uso que regulam a
interação entrevistador/entrevistado, conferindo ao primeiro o valor hierárquico de
fazer com que o segundo realize esta ação linguageira, ou seja, responder à
pergunta. A pergunta impõe, assim, restrições de ordem ilocucional e discursiva à
resposta. Tais restrições, em função da situação de comunicação, nos fornecem
indícios sobre o que seria uma resposta apropriada e o que não seria. Por sua vez, a
resposta pode também nos mostrar se certas condições foram ou não satisfeitas em
relação à pergunta.
Vemos que o entrevistador apresenta um EM de crença na capacidade do
entrevistado responder a P, para isso delimita o tema que deverá aparecer na
resposta do alocutário que pode ser resumido como - “O que mudar e o que manter
da gestão municipal atual?”. A resposta do entrevistado, por sua vez, em forma de
assertivos e comissivos, parece não satisfazer a pergunta inicial, uma vez que o
interlocutor ‘peca’ pela evasão de sua resposta, aparentemente, não dando a
informação solicitada. Entretanto, como veremos adiante, outro entrevistador
interpela novamente o candidato “acusando-o” de fugir do tema desta primeira
pergunta. Vejamos:
Exemplo 6 (SPA, Bloco 1 – E11): VERA MAGALHÃES/EDITORA PAINEL FOLHA: E o que o senhor pretende mudar, o senhor não disse ainda, ministro, o que o senhor acha que está muito ruim e que precisa ser mudado? (E12): PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Eu já mencionei alguns pontos. A Saúde em Belo Horizonte está muito ruim. A mobilidade urbana, o trânsito, o transporte coletivo também[...].
Vemos, então, neste caso, que a orientação de relevância pragmática da
primeira pergunta não foi satisfeita plenamente pela resposta do candidato. Em
resposta à primeira pergunta, ele tematiza que “Belo Horizonte hoje tem cinco
desafios fundamentais que serão prioridades do nosso governo”, mas apresenta
apenas dois desafios “saúde e segurança pública”.
45
Evidentemente, os atores envolvidos na entrevista perceberam a evasão da
resposta do candidato, e assim, insistem no tópico da pergunta, constatando a falta
de uma resposta satisfatória. Por isso, é necessário sublinhar que, de fato, a quarta
pergunta possibilita um efeito perlocucional de censura ao candidato - “o senhor não
disse ainda”. Isto por que a condição preparatória do candidato supõe que ele seja
capaz de responder a tal questão, e a condição preparatória da entrevistadora supõe
que ela seja capaz de julgar se o candidato respondeu à pergunta satisfatoriamente
ou não. A retomada da pergunta, ou parte dela, demonstra uma estratégia de
objetivar as informações relevantes para se compreender o real posicionamento
político-administrativo do candidato.
Nesta perspectiva, a singularidade do ato de fala pergunta ao se configurar
como uma ação interpessoal, uma vez que prediz uma ação preferencialmente
linguística a ser desempenhada pelo alocutário, pode ainda suscitar variados efeitos
sobre ele e ser interpretada ora como um pedido de informação ou confirmação, ora
como um elemento polêmico na interação, suscitando uma crítica ou acusação.
Com efeito, salientamos que uma análise do discurso apenas em sua
dimensão enunciativa ilocucional não é suficiente para explicar as variáveis
intencionais envolvidas na enunciação (por exemplo, a dimensão perlocucional),
mas constitui uma condição necessária para qualquer abordagem discursiva, pois é
nessa instância que se define o valor de ação inerente a qualquer enunciado16. Sem
dúvida, existem certas condições que regem o sucesso e a satisfação de um ato de
fala, pressupondo que estas devem ser preenchidas na enunciação e que
possibilitam haver a reinterpretação desse ato.
Searle (2002) aponta que um mesmo enunciado pode acarretar duas ou mais
forças ilocucionais a depender da situação de comunicação em que o ato de fala é
atualizado. Esse tipo de ato é classificado como ato de fala indireto. O problema
levantado por Searle em relação aos atos indiretos é o de saber como é possível
para o falante dizer uma coisa, querer significá-la, mas também querer significar algo
mais.
A hipótese que desejo defender é simplesmente esta: em atos de fala indiretos, o falante comunica ao ouvinte mais do que realmente diz, contando com a informação de base, linguística e não linguística, que
16 Searle (2002) argumenta que cada tipo de ato ilocucional possui um conjunto de condições necessárias para a realização feliz e bem-sucedida do ato, mas essas condições são plásticas a depender da situação em que o ato é proferido.
46
compartilham, e também com as capacidades gerais de racionalidade e interferência que teria o ouvinte. (SEARLE, 2002, p.50)
Desse modo, é possível derivar dos atos indiretos valores ilocucionais e
perlocucionais. Isso tem origem nos compartilhamentos mútuos (valores
institucionais dos proferimentos e o lugar do locutor); e na capacidade de
racionalização e de inferenciação do alocutário. A proposta de Searle é mostrar que
a teoria dos Atos de Fala nos permite oferecer uma explicação do modo como um
enunciado diretivo, que tem uma força ilocucional como parte de seu significado
proposicional, pode ser usado para a realização de um ato com uma força
ilocucional diferente do instaurado no conteúdo proposicional. Evidentemente, esta é
uma questão ainda muito precária em razão das idiossincrasias de muitas formas
linguísticas. Todavia, tais considerações fazem-se necessárias, visto que a sabatina
política ancora-se em um propósito ilocucional da ordem de ajuste Mundo-Palavra,
na medida em que se observa por parte do locutor entrevistador uma ação diretiva
de pergunta e do locutor entrevistado uma ação assertiva/comissiva nas respostas,
como comentado em outras partes deste trabalho.
A dimensão indireta dos atos coloca em evidência a dependência de
compreensão do alocutário. Em outras palavras, a realização primária/direta de um
ato nem sempre se traduz por sua percepção imediata e os efeitos podem ser
dependentes das condições preparatórias dos alocutários e de suas inclinações
ideológicas. Provavelmente, em muitas situações, são as circunstâncias
enunciativas que acabam determinando certas possibilidades de interpretação de
um ato de fala. Vejamos as diferenças entre os atos diretos e indiretos através do
quadro a seguir:
47
Quadro 11: Quadro comparativo dos atos diretos e indiretos
Atos Diretos Atos Indiretos
P: É uma forma de restrição à realização de um ato.
↓ Sentido de P = Sentido do
Locutor
P: É uma forma de alusão à realização de um ato.
↓ Sentido do Loc. ≠ Sentido de
P
F: Está explicitada, relativamente, nos elementos da estrutura do ato e de suas
condições enunciativas. Assim, P representa alguma
orientação para a força.
F: Não está explicitada na estrutura do ato: a força
depende do aparatus inferencial dos interlocutores e das
condições enunciativas do ato.
F (P): Está submetida a um domínio de convenções linguísticas
(CCP) e não-linguísticas (CP e CS)
F (P): Depende de um domínio de intenções que altera o domínio
de convenções iniciais submetendo o ato a outras
convenções.
EP: Decorre da realização direta do ato e não deve coincidir
com aquilo que pode vir a ser a sua forma indireta.
EP: Decorre da realização indireta do ato e não deve equivaler
àquilo que seria sua realização direta.
Quadro adaptado de síntese de aula, Teoria dos Atos de Fala, Hugo Mari – 2012.
Nesta perspectiva, o funcionamento dos atos indiretos tem, necessariamente,
um apelo pragmático-cultural muito grande. Assim, existe sempre a possibilidade de
derivarmos efeitos perlocucionais de uma força realizada (direta ou indiretamente)
para qualquer tipo de ato. Entretanto, a questão é se devemos derivar um efeito
perlocucional diretamente do significado de uma proposição: um efeito é uma forma
de modalização do ilocucional ou, antes, é a forma de os interlocutores se
posicionarem diante de uma conduta que lhes é prescrita ou que foi realizada?
Assim, o critério que serve para distinguir força de efeito não deve ser pensado em
termos de uma classificação, como na presença/ausência explícita de certos
performativos, mas antes deve ser pensado como a forma que nos colocamos diante
de certas interações.
48
Desse modo, é possível que no contexto sabatina política eleitoral, os atores
políticos ao tematizarem suas respostas, variem suas respostas na dimensão
(assertivo > comissivo), e (comissivo > assertivo). Diferentemente da propaganda
política, visto que o locutor (entrevistador) escolhe temas pouco esclarecidos e/ou
polêmicos das campanhas, a entrevista é um evento com uma multiplicidade de atos
de fala, seja por parte dos entrevistadores, seja parte dos entrevistados.
Sendo assim, provavelmente, o locutor Patrus Ananias construirá uma
imagem negativa do governo municipal atual e outra positiva de seu projeto político
administrativo. Vejamos, como exemplo, o uso do ato assertivo - “a saúde não está
bem em Belo Horizonte”. Tal ato funciona como argumento (sustentação) para o ato
comissivo que se relaciona a um ato comissivo posterior: "Nós temos um projeto
claro para enfrentar o desafio da Saúde em Belo Horizonte”.
Logo, se a resposta de Patrus Ananias tematiza um ato assertivo, como o
exemplo acima, podemos depreender a seguinte estrutura argumentativa, pensando
no funcionamento dos atos assertivo e comissivo como exemplos de atos de fala
indiretos que exemplificam a proposta de Searle (2002):
a) Se a resposta tematiza um ato assertivo, então, indiretamente, é
tematizado um comissivo: promessa/desejo/compromisso;
b) Se a resposta tematiza um ato comissivo, então, indiretamente, é
tematizado um assertivo: constatação/crítica/reprovação.
Quadro 12: Quadro comparativo dos atos assertivos e comissivos
Assertivo > Comissivo Comissivo > Assertivo
“A saúde não está bem em Belo Horizonte”
"Nós temos um projeto claro para enfrentar o desafio da Saúde em Belo
Horizonte”.
Se L1 critica L2 por não realizar X satisfatoriamente, então L1 se
compromete em realizar X satisfatoriamente.
Se L1 promete Y, é porque L2 não realizou X satisfatoriamente, logo é
necessário Y para solução de X.
No caso de Márcio Lacerda, os atos buscam construir uma imagem discursiva
(ethos) sobre o governo municipal “atual” de competência e de preparo para dar
49
continuidade ao “bom” trabalho desenvolvido por seu governo numa perspectiva
sobre o mundo futuro. Logo, os assertivos quando dirigidos ao seu governo serão
sempre elogiosos e com pretensões futuras de desenvolvimento do governo
municipal. Nessa dimensão, não necessariamente, teríamos atos indiretos, senão
efeitos perlocucionais:
a) As respostas do candidato à reeleição, ao tematizarem atos assertivos
avaliativos, possivelmente, aventam um estado mental de satisfação, logo o
efeito perlocucional almejado é de um autoelogio;
b) Outra possibilidade é pensar que muitos desses atos assertivos são utilizados
com o modo comparativo do seu governo e de outros governos anteriores, e
assim, tematizam não só um estado de satisfação, mas também
de engajamento (desejo), cujo efeito perlocucional almejado, pode ser lido
como, crítica à instância adversária e defesa do avanço de suas políticas
públicas em um novo mandato.
A respeito dos objetos linguístico-discursivos que compõem nosso trabalho, e
os parâmetros definidores do ato direto e/ou indireto, seguiremos nossa
argumentação explicitando questões ligadas à performatividade e aos efeitos
perlocucionais. O desafio é observarmos não só a relação pergunta-resposta, como
também os efeitos que emergem na participação de um terceiro (os internautas) que
também compõem o movimento enunciativo em análise. Ao avaliar a relação entre
linguagem/ação, a partir de parâmetros que compõem um quadro geral de
desenvolvimento da teoria dos Atos de Fala, Mari (2001) destaca dois “fundamentos”
importantes dos estudos pragmáticos:
a) Considerar como unidade básica para o estudo do sentido das expressões
linguísticas, não o signo linguístico considerado abstratamente, mas o
proferimento desse signo para a realização de um ato de fala (com uma força
ilocucional), como por exemplo: Declarar, prometer, repudiar, atestar, batizar,
casar, pedir, etc.;
b) Considerar esse ato como um ato comunicativo, realizado no contexto de
uma situação social definida por normas, papeis e instituições; endereçado a
50
um interlocutor real ou virtual, e exigindo a “participação” deste para que o ato
seja efetivamente realizado.
A afirmação de que o sentido de uma expressão linguística (palavra ou frase)
não pode ser compreendido se não levamos em conta o ‘jogo-de-linguagem’ a que
ela pertence significa que é preciso levar em conta as circunstâncias do uso da
expressão e aquilo que as pessoas fazem quando empregam uma ou outra
expressão. Nesta perspectiva, entender as perguntas, as respostas e os
comentários como ações, com respectivas direções de ajustamento mundo-palavra
implica lentes ajustadas para descrever seu funcionamento pragmático. Afinal, os
atos estão organizados em redes ilocucionais complexas. Passemos para uma
exemplificação, a fim de explicitarmos melhor tal consideração:
Exemplo 7 (SML, Bloco 1, E5): EDUARDO SCOLESE/COORDENADOR AGÊNCIA FOLHA: Candidato, os adversários acusam o senhor de uso da máquina na campanha eleitoral. Como conciliar o cargo de prefeito com a campanha eleitoral? (E6): PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: Muito bem, eu tenho mantido a minha rotina de prefeito, deleguei algumas tarefas e também a campanha não é em tempo integral. Eu não sei em que se baseou alguma alegação de uso... de uso de máquina. Eu vi uma alegação sobre demissão de servidores, nós... Saíram da Prefeitura após a saída dos secretários, houve um realinhamento administrativo, saíram de fato 40 ou 50 pessoas e é preciso lembrar que nós temos hoje cerca de 1.100 pessoas em cargos de confiança que vêm desde a gestão do Pimentel. Inclusive, temos vários petistas em 1º escalão, em 2º escalão, então estão trabalhando normalmente. Uma outra alegação é o uso do brasão da Prefeitura nas placas de obra e nós não fizemos uma marca do Prefeito, uma marca da gestão, nós decidimos desde o primeiro momento em usar o brasão da cidade como marca da Prefeitura.
No excerto acima, a pergunta do jornalista incita a resposta do entrevistado,
ou seja, o faz agir por meio de palavras. Podemos verificar que esta pergunta impõe
restrições semânticas ao conteúdo proposicional da resposta fornecida. O ato
assertivo “os adversários acusam o senhor de uso da máquina na campanha
eleitoral” por parte do entrevistador justifica o ato diretivo “Como conciliar o cargo de
prefeito com a campanha eleitoral?” apontando um desejo de obter do entrevistado a
51
sua opinião a respeito de um estado de coisas. Este estado de coisas é interpretado
pelo entrevistado ML como referindo-se - “uma alegação sobre demissão de
servidores [...] Uma outra alegação é o uso do brasão da Prefeitura nas placas de
obra e nós não fizemos uma marca do Prefeito, uma marca da gestão”. No entanto,
este estado de coisas não se refere especificamente ao objeto tematizado no
sintagma “uso da máquina”, trata-se, pois, de uma outra acusação.
Exemplo 8 (SML, Bloco 1, E7): VERA MAGALHÃES/EDITORA PAINEL FOLHA: Tem algumas acusações mais específicas, prefeito, com relação a uma música que foi usada em propagandas da Prefeitura que está sendo replicada na sua propaganda de campanha e também pelo fato de o gasto com publicidade da Prefeitura ser alto e a principal agência aquinhoada ser a agência do seu marqueteiro de campanha, Cacá Moreno. (E8): PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: Muito bem, nós temos um gasto em publicidade, mais ou menos, na faixa de 04%, 05% da receita da Prefeitura. No Governo Patrus, o gasto com publicidade foi o dobro disso e isso ficou muito marcado na história de Belo Horizonte, porque quando assumiu o Dr. Célio de Castro, depois dele, anunciou que ia reduzir à metade e desde então, se analisarmos ano a ano, desde 97, os gastos em publicidade na Prefeitura têm ficado ali um pouco abaixo do 0,5% da receita da Prefeitura. E na Gestão Patrus foi em torno de 1%. Então, com relação à agência, a agência foi escolhida em processo de licitação e nós temos de fato uma pessoa trabalhando na nossa campanha, mas em outra agência que não tem nada a ver, os gastos são absolu... transparentes da nossa... da nossa campanha. (E9): VERA MAGALHÃES/EDITORA PAINEL FOLHA: E em relação a essa música que seria uma marca... (E10): PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: Olha, a música não é marca da Prefeitura. É uma melodia que está aí no mercado e a nossa campanha adquiriu direitos, pagou por isso para poder usar essa melodia nos nossos jingles. A Prefeitura não tem hino, não tem uma música da Prefeitura. (E11): PAULO PEIXOTO/REPÓRTER FOLHA (BH): Mas a Prefeitura também deve ter pago os mesmos direitos pra poder usar ou foi doação? (E12): PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: Não. Não. Até onde eu sei não houve pagamento. (E13): JOSIAS DE SOUZA/BLOGUEIRO DO UOL: O senhor não considera impróprio, pelo menos inusual que a mesma música
52
utilizada em peças publicitárias da Prefeitura sejam agora utilizadas na sua campanha? Não é... (E14): PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: Na realidade foi uma adaptação não é exatamente a mesma música, houve uma adaptação. E os nossos adversários reclamaram à Justiça Eleitoral e essa reclamação não foi acolhida.
Segundo o entrevistador (Vera Magalhaes), deixando de lado a estrutura
diretiva, tematiza o conteúdo proposicional de forma assertiva, demandando uma
resposta do entrevistado em forma de confirmação ou negação:
Tem algumas acusações mais específicas, prefeito, com relação a uma música que foi usada em propagandas da Prefeitura que está sendo replicada na sua propaganda de campanha e também pelo fato de o gasto com publicidade da Prefeitura ser alto e a principal agência aquinhoada ser a agência do seu marqueteiro de campanha, Cacá Moreno.
Tal estratégia decorre da tentativa do entrevistador de especificar melhor o
que vem a ser, naquele contexto, o uso da máquina pública. Vemos, então, que
subjaz, neste trecho, o pressuposto de que “acusações mais especificas” não foi
devidamente respondida. O entrevistado busca assim justificar suas ações
argumentando que o gasto do adversário, quando ainda era prefeito, foi o dobro
desembolsado por ele, Márcio Lacerda.
Desse modo, a argumentação que permeia o conteúdo proposicional da
resposta é a de que: se a gestão atual errou, então a gestão de Patrus errou ainda
mais – “Muito bem, nós temos um gasto em publicidade, mais ou menos, na faixa de
04%, 05% da receita da Prefeitura. No Governo Patrus, o gasto com publicidade foi
o dobro disso e isso ficou muito marcado na história de Belo Horizonte [...]”. Como
consequência disto, tendo em vista que, como condição de sinceridade, temos para
pergunta o desejo do locutor de obter uma resposta de seu interlocutor, na
sequência, o entrevistador tenta especificar ainda mais seu questionamento - “E em
relação a essa música que seria uma marca...” – vemos que a orientação ilocucional
da pergunta de caráter muito mais assertivo, do que diretivo, parece tematizar um
efeito perlocucional de reprovação da ação do prefeito. Isso é claramente tematizado
na pergunta de Josias de Souza – “O senhor não considera impróprio, pelo menos
inusual que a mesma música utilizada em peças publicitárias da Prefeitura sejam
53
agora utilizadas na sua campanha? Não é...”, isto é, a expressão “o senhor não
considera” aponta para o desejo, por parte do entrevistador, de obter do entrevistado
a sua opinião confirmativa ou negativa a respeito do tema proposto.
Nessa tentativa de reconstrução argumentativa, vemos um estado de coisas
sendo modificado também por parte do locutor, pois ele reconhece que precisa fazer
adaptações no encadeamento das perguntas, ora marcadamente diretivas, ora
altamente assertivas. Ao ver que não obteve a resposta total do alocutário, o
jornalista explicita, por meio de um diretivo, com efeito perlocucional de
reprovação/estranheza, o seu ponto de vista que traz o pressuposto de que tal ação
é duvidosa e oportunista. Por seu turno, o alocutário, mais uma vez, não se dobra a
essas estratégias, repudiando tais acusações - “Na realidade foi uma adaptação não
é exatamente a mesma música, houve uma adaptação. E os nossos adversários
reclamaram à Justiça Eleitoral e essa reclamação não foi acolhida”. Assim, o
entrevistador contesta os pressupostos da pergunta e informa que a acusação dos
adversários não se sustentou perante à Justiça Eleitoral.
Portanto, a breve análise visou demonstrar que o ato ilocucional de pergunta
aciona o processo enunciativo da entrevista, já que ele determina os papeis
enunciativos que engendram este jogo. Vale dizer: é preciso levar em conta o todo
das atividades linguísticas e extralinguísticas que formam o contexto de uso das
expressões.
Em acordo com Mari17:
No processo interlocutivo, as palavras representam mais do que os objetos que descrevem, do que aquilo que significam: elas servem para engendrar um conjunto de ações previstas nas circunstancias de seu uso. (2001, p.100)
Resumindo, para que um ato ilocucional se realize com sucesso, é necessário
que, na situação enunciativa, o locutor realize um ato de fala que satisfaça as
condições proposicionais do enunciado, que o locutor atenda a determinadas
17 A citação de Mari aponta para a complexidade ao se considerar o uso linguístico dos signos, na medida em que aquilo que é tomado em determinado momento como “intencional” se torna convencional pelo uso recorrente. As expressões idiomáticas é um exemplo claro disso. Outros exemplos, são atos ilocucionais com efeitos “indiretos”, na verdade o efeito indireto pode se tornar convencional, a partir de uma estrutura “intencional”, digamos assim. Enunciados como - “você fuma?”, “Sorria, você está sendo filmado”, “Meu marido é uma Brastemp.”, “Ladrão!”, “Cada macaco no seu galho”, etc. são uns exemplos disso.
54
condições preparatórias do contrato comunicacional compartilhado, e por fim, é
necessário que ele, o locutor, exprima igualmente certos estados mentais
determinados pelas condições de sinceridade à proposito do estado de coisas
representado pelo conteúdo proposicional dos enunciados.
Nessa perspectiva, o ato de fala, realizado no ponto diretivo, cujo modo de
realização se traduz na pergunta, pressupõe que o locutor/ entrevistador efetive sua
enunciação com o objetivo de fazer com que o interlocutor responda às questões
propostas pelo locutor. Desse modo o locutor estabelece para o alocutário o “desejo”
futuro de realização de (P), cuja direção de ajustamento é mundo-palavra. Ocorre
que na entrevista política, além do ponto diretivo aparece de modo recorrente o
ponto assertivo e comissivo, traduzido ora pelo modo crítica, ora como autoelogio;
ora como avaliação/descrição, ora como comentário, ora como promessa/ desejo.
Vemos, assim, que o ponto ilocucional nesse tipo de prática discursiva tem uma
direção de ajustamento mundo-palavra e palavra- mundo que oscila entre
comissivos e assertivos em virtude das respostas.
Parece-nos, portanto, que não há como escapar da dimensão perlocucional
para compreensão complementar do uso ilocucional dos atos de fala na sabatina
política. Evidentemente, as restrições advindas do contexto enunciativo da entrevista
e/ou dos comentários dos internautas, e da intencionalidade discursiva dos
locutores, advêm do ambiente complexo que representa o mundo virtual.
1.3 Ethos: uma abordagem interdisciplinar
Considerando a extensão das abordagens teóricas sobre o Ethos, tomaremos
como base o texto de Marcelo Dascal “O Ethos na argumentação: uma abordagem
pragma-retórica” e o texto de Ruth Amossy “O Ethos na intersecção das disciplinas:
retórica, pragmática, sociologia dos campos”, ambos publicados em 2011, na obra
Imagens de si no discurso: a construção do ethos.
O que seria o Ethos e o Pathos na intersecção da retórica e pragmática?
Essas duas disciplinas são divergentes entre si? Dascal propõe em seu texto que
tais categorias podem ser abordadas a partir de um ponto de vista
inferencial/cognitivo, cujos processos são semelhantes às estratégias pragmáticas
de produção e interpretação de discursos. Para se compreender discursos que
55
apresentam argumentos ethóticos, é preciso fazer inferências para a construção de
seus sentidos, ou seja, é preciso exercer papeis cognitivos. Vejamos o exemplo
dado pelo autor (DASCAL, 2011, p.61):
Se um locutor é percebido como alguém que prega uma certa doutrina, mas que não aplica seus princípios, a plausibilidade de seus argumentos diminui de forma geral, e não só a favor dessa doutrina, pois ele projeta um ethos de hipócrita. Ao contrário, se alguém, ao reconhecer as contradições de uma tese que havia proposto, abandona-a ou a modifica, sua credibilidade epistêmica aumenta.
Por meio desse exemplo, o ethos pode ser visto de duas formas: a)
tematizado ou explicitado no nível proposicional (logos) e b) não tematizado, não
explicitado no nível proposicional. Em outras palavras, o ethos tematizado seria
aquele que está dito, que está claro, explícito no enunciado; já o ethos não
tematizado seria aquele que passaria por certo tipo de experimentação através de
informações buscadas fora do enunciado. Tanto as propriedades explícitas relativas
ao caráter do orador, quanto as implícitas, podem afetar a credibilidade do mesmo,
como também a plausibilidade de seus argumentos.
O ethos não se define apenas por meio da imagem que o orador cria de si,
sua autoridade não advém puramente dessa imagem criada no discurso, mas sim de
um conjunto de fatores que englobam a enunciação desse discurso, tais como os
participantes envolvidos na interação, o objetivo da troca verbal e o cenário. Daí a
importância da pragmática aos estudos sobre o ethos.
Como vimos, Dascal propõe duas formas de reconstruir a imagem do
orador/locutor: a primeira, a proposicionalização, que consiste em tirar proposições
da informação sobre o caráter transmitido pelo comportamento do locutor e daqueles
que com ele interagem; e a segunda que seria a exploração do caráter não
proposicional da informação através de inferências mediadas pela interação dos
sujeitos e da enunciação.
Os argumentos ethóticos, vistos na perspectiva pragmática, para serem
validados na construção argumentativa, devem levar em consideração os papeis
discursivos, a doxa - que é o conjunto de crenças partilhadas pelos sujeitos
participantes do discurso -, os estereótipos desses sujeitos, o tempo e espaço
determinados. Dessa forma encontraremos o ethos na argumentação discursiva do
discurso político através da construção de uma imagem de si que leva em conta o
56
auditório, os interlocutores, a doxa compartilhada e os estereótipos criados no
discurso.
Assim salienta Ruth Amossy em seu artigo O Ethos na intersecção das
disciplinas: retórica, pragmática, sociologia dos campos (AMOSSY, 2011, p.125):
De fato, a ideia prévia que se faz do locutor e a imagem de si que ele constrói em seu discurso não podem ser totalmente singulares. Para serem reconhecidas pelo auditório, para parecerem legítimas, é preciso que sejam assumidas em uma doxa, isto é, que se indexem em representações partilhadas. (...) A estereotipagem, lembremos, é a operação que consiste em pensar o real por meio de uma representação cultural preexistente, um esquema coletivo cristalizado.
Vemos, dessa forma, que a construção de um ethos não se dá apenas pelo
enunciado, nem mesmo somente pela enunciação, mas numa interação contínua
entre o que o locutor diz em seu discurso e aquilo que é inferenciado pelo seu
interlocutor levando em consideração o seu ethos prévio que pode tanto ser
institucional (exterior), quanto interno ao discurso.
1.3.1 Um estudo discursivo das emoções - o Pathos
A construção de uma imagem de si, o ethos, responde à necessidade de um
sujeito falante de fazer-se reconhecido, legitimado a proferir um discurso. Mas, para
isso, ele precisa orientar o seu discurso para o parceiro de troca, procurando
mobilizar sua afetividade a fim de gerar nele o interesse pelo que se diz, eis aí o
pathos.
Patrick Charaudeau, em seu artigo “A Patemização na Televisão como
Estratégia de Autenticidade” (2010), propõe que o pathos seja analisado em uma
perspectiva discursiva, ou seja, em uma determinada situação de comunicação em
que os efeitos patêmicos do discurso estejam ancorados em três princípios
interdependentes, a saber: a intencionalidade, a ligação a sistemas de
valores/crenças e à problemática da representação.
As emoções são de ordem intencional à medida que o sujeito se direciona
racional e subjetivamente a um outro sujeito, sendo, portanto, de base cognitiva.
Elas compreendem, assim, uma “visada acional” marcada pela intenção do sujeito
de alcançar um objetivo desencadeado por um desejo. Essa “visada acional” e o
desejo vêm, a saber, de um conjunto de crenças fundadas em uma rede de valores
57
sócio-histórico-culturais que possibilita a avaliação/interpretação dos sujeitos.
Segundo o autor:
Qualquer indivíduo pode perceber um leão, reconhecer a morfologia, conhecer os hábitos, ter conhecimentos zoológicos profundos sobre esse animal, enquanto ele não avaliar o perigo que este pode representar para ele, na situação em que ele se encontra, ele não vivenciará nenhuma emoção de medo. (p. 28)
Desse modo, o desencadeamento das emoções resulta de processos
inferenciais, ou seja, da interpretação situacional e das crenças partilhadas.
Por último, as emoções se inscrevem em uma problemática da representação
no sentido de que elas se estruturam numa materialidade simbólica/semiológica, que
manifesta um conjunto de enunciados que circulam na comunidade criando uma
rede de intertextos.
As representações sociodiscursivas são como mini-narrativas que descrevem
seres e cenas de vida, fragmentos narrados (Barthes [1970] dizia “parcelas de
discursos”) do mundo que revelam sempre o ponto de vista de um sujeito. Esses
enunciados que circulam na comunidade social criando uma vasta rede de
intertextos se reagrupam constituindo aquilo que chamo de um “imaginário
sóciodiscursivo”. Eles são o sintoma desses universos de crenças compartilhadas
que contribuem para construir ao mesmo tempo um ele social e um eu individual (por
exemplo, o imaginário da falta, do pecado, do poder). (CHARAUDEAU, 2010, p.32).
Logo, a produção de efeitos patêmicos visados depende das inferências que
os parceiros do ato de comunicação podem fazer, e estas, consequentemente,
dependem do conhecimento que os parceiros têm da situação de enunciação.
Todavia, sem descartar a importância da enunciação para a produção de sentido
dos efeitos patêmicos, Charaudeau nos mostra que é também possível perceber a
emoção no enunciado pelo uso de palavras que nos remetem ao universo
emocional, bem como por enunciados em que essas palavras não são utilizadas.
Dessa forma, esses efeitos podem ser obtidos tanto por um discurso explícito e
direto, na medida em que as palavras dão esse direcionamento patêmico, quanto de
forma implícita e indireta.
Segundo o autor, há ainda outras formas de se buscar esses efeitos no
discurso como, por exemplo, pela descrição ou manifestação do estado emocional
58
no qual o locutor se encontra, pela descrição do estado emocional no qual o outro
deveria estar, ou ainda, pela narrativa de uma cena suscetível de produzir a emoção.
A partir dessa breve exposição, podemos concluir, portanto, que assim como
a construção do ethos, de uma imagem de si no discurso, faz parte da racionalidade
e intencionalidade de um sujeito, do mesmo modo o pathos se constitui racional e
subjetivamente, como uma tentativa do locutor de gerar efeitos emocionais em seu
interlocutor.
Veremos, adiante, no próximo capítulo, como os candidatos sabatinados
buscam construir imagens de si no discurso a fim de conquistar a aprovação e o voto
do eleitorado e como esse eleitorado reconstrói essa imagem proposta pelo
candidato. Vejamos.
59
CAPÍTULO 2: ANÁLISE DESCRITIVA DOS DISCURSOS DE ELEIÇÃO NA
SABATINA POLÍTICA: cruzamento teórico
Antes de iniciarmos a análise de nosso corpus, faz-se importante salientar a
validade do conceito de Ato de Linguagem para a reflexão das questões retórico-
argumentativas e para a compreensão dos atos de fala que analisaremos nos
discursos produzidos pelos candidatos a prefeito de Belo Horizonte na eleição do
ano de 2012, nas sabatinas políticas.
Como vimos na primeira parte desta dissertação, o ato de linguagem se
configura como uma forma de ação dos sujeitos na sociedade por meio da
linguagem. Dotados de intencionalidade, tais sujeitos, em circunstâncias
comunicativas, elaboram, cada um, um projeto de fala com a intenção de influenciar
o outro a agir de uma determinada maneira. Daí advém a pergunta que este trabalho
pretende responder: como os candidatos elaboram esse projeto de fala, isto é, como
constroem o seu discurso e a imagem que pretendem transmitir ao eleitor? Em
contrapartida, o eleitor aprova ou refuta esse discurso e essa imagem que lhe são
apresentados? Para buscarmos responder a tais questões, tomaremos como base
os fundamentos da Semiolinguística, as categorias Ethos e Pathos - retomados das
considerações da Retórica e da perspectiva de diferentes estudiosos da Análise do
Discurso - e a Teoria dos Atos de Fala.
2.1 O enquadramento da “mise en scène” e os atos de fala da sabatina
política
Nosso material de análise é composto por discursos produzidos em duas
situações de sabatina político-eleitoral realizadas com os candidatos a prefeito de
Belo Horizonte, Patrus Ananias (PT) e Márcio Lacerda (PSB). A primeira foi
realizada no dia 27/08/12 com o candidato do PT; e a outra no dia subsequente,
28/08/12, com Lacerda. As sabatinas foram transmitidas ao vivo pelo site da
Folha/Uol. Simultaneamente a essa transmissão, os internautas participaram das
sabatinas enviando perguntas aos integrantes desse evento pelo Facebook/Twitter e
também por meio de uma sala de bate-papo do Portal Uol, destinada a esse fim.
60
O gênero sabatina, como vimos anteriormente, apresenta-se como um
cruzamento entre os gêneros entrevista e debate e, desse modo, possui um sujeito
destinatário central - TUd (candidato entrevistado) - e um enunciador que se
desdobra em diversos papeis (vários entrevistadores, inclusive a instância cidadã
que envia perguntas pelo bate-papo, Facebook e Twitter).
Para uma melhor visualização, vejamos a seguir o quadro que representa o
contrato comunicacional da sabatina no âmbito da pergunta:
Quadro 13: Quadro enunciativo da sabatina no âmbito da pergunta
Ato de Linguagem
Sabatina Política
EUc (Empresa midiática e internautas)
EUe (coordenador/ entrevistador)
↓
Conj.
entrevistadores
↓
Internautas
TUd (Candidato
entrevistado)
TUi (candidato/
Eleitores em potencial)
Circuito Interno (dizer)
Circuito Externo (fazer)
(Fazer-saber)
Quadro adaptado de Charaudeau (2009, p. 77)
No circuito externo, temos o sujeito comunicante (EUc) que é representado
pela empresa de mídia (Folha/Uol) e pelos internautas que dela participam via chat e
redes sociais; e ainda o sujeito interpretante (TUi) que são os eleitores em potencial
e o candidato. No circuito interno: como sujeitos discursivos, o papel de enunciador
(EUe) é exercido pelo coordenador (Eduardo Scolese) e pelo conjunto de
entrevistadores (Josias de Souza, Paulo Peixoto e Vera Magalhães) que realizam
perguntas ao candidato – TUd. Como vimos, no corpus em análise, esse papel é
complexo, pois é também exercido pelos internautas que enviam perguntas para
serem feitas aos candidatos entrevistados através do coordenador ou
entrevistadores da sabatina.
61
No âmbito da resposta esse quadro se modifica, pois os lugares discursivos
se invertem, como veremos no quadro seguinte:
Quadro 14: Quadro enunciativo da sabatina no âmbito da resposta
Ato de Linguagem
Sabatina Política
EUc (Candidato
representante de um partido)
EUe (Candidato
entrevistado)
TUd ↓
Coordenador ↓
Jornalistas ↓
Internautas
TUi (Empresa de
Mídia/ Eleitores em
potencial)
Circuito Interno (dizer)
Circuito Externo (fazer)
(Fazer-saber)
Quadro adaptado de Charaudeau (2009, p. 77)
No circuito externo, temos o sujeito comunicante (EUc) que é representado
agora pelo candidato de um partido com um projeto de fala programático, decorrente
das condições político-ideológicas dos partidos representados, e que visa responder
diretamente às perguntas do sujeito interpretante (TUi), que ora é objetivamente
direcionada aos jornalistas e ora também aos eleitores. Em algumas respostas,
como veremos a seguir, é possível perceber um teor mais propagandístico do que
responsivo. Isso corrobora para a hipótese de que as respostas não possuem
apenas valor assertivo (avaliação, afirmação, crítica), mas também comissivo
(promessa/ desejo) e/ou expressivo (elogio e autoelogio).
Nesse sentido, o locutor deve buscar convencer o auditório por meio de
estratégias retórico-argumentativas que justifiquem a sua escolha como mandatário
municipal a partir da proposição de benefícios à sociedade que o elegeu. Para isso,
o discurso eleitoral apresenta uma plasticidade que reflete as intenções desse
orador na captação do público. Portanto, o conjunto dos atos de fala que ele
seleciona não representa o todo da situação de comunicação, mas é um dos
elementos essenciais que, combinado a outros componentes: a identidade dos
62
participantes, os propósitos temáticos e as circunstâncias que regulam as condições
materiais da comunicação – possibilita o contrato comunicacional ser bem sucedido.
Nesses termos, pode-se dizer que, em grande extensão, o objetivo do
sabatinador, corresponde à finalidade de solicitação de informação (por meio das
perguntas), já nas ações responsivas dos sabatinados corresponde não apenas à
finalidade de fazer-saber (por meio das respostas/esclarecimentos), mas também à
finalidade de “manipulação do outro” (o eleitorado) para fazê-lo agir (o voto) num
sentido que seja favorável ao sujeito falante (o candidato). Sob este prisma, é
característico nas ações do discurso político eleitoral, em última análise, um objetivo
de “fazer-fazer”, buscando angariar o voto dos eleitores, seja por meio de avaliações
(críticas aos adversários – elogios/autoelogios aos aliados), seja por promessas que
possam ser apresentadas como viáveis e realizáveis. Entretanto, esse objetivo,
‘fazer-fazer’, depende de um outro fundamental, o persuasivo, que corresponde à
finalidade de “fazer-crer”, podendo ser representado, por exemplo, pelos efeitos dos
atos assertivos-avaliativos e/ou comissivos. Tais atos são característicos do discurso
político, na medida em que o candidato deve convencer o eleitorado através da
enunciação de seu projeto de fala, expresso sob a forma específica de um programa
de governo e/ou demarcando um “lugar político-ideológico” que lhe permita
apresentar-se e singularizar-se perante o eleitor, construindo uma imagem positiva e
de não contradição relativa ao conteúdo proposicional de seu discurso.
A análise de um discurso não deve partir somente daquilo que é expresso no
enunciado, mas também daquilo que revela marcas de sua enunciação, sejam elas
relativas a aspectos intencionais e/ou ideológicos. Para isso, dedicamos este
momento à análise de algumas perguntas e respostas realizadas na sabatina
política eleitoral ocorrida em Belo Horizonte. Num primeiro momento, tais perguntas
serão analisadas na dinâmica pergunta do jornalista X resposta do candidato.
Posteriormente, analisaremos as perguntas dos internautas X respostas do
candidato e, por último, alguns comentários dos internautas em relação às respostas
destes candidatos.
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2.1.1 Pergunta do jornalista e resposta do candidato
Optamos por separar as perguntas das sabatinas por temas e, a partir daí,
selecionamos 3 temas polêmicos e mais discutidos pelos internautas, a saber: (a)
Rompimento da aliança; (b) Aéciodependência/Lula-dependência; (c) Mensalão.
Podemos supor, a partir do quadro enunciativo apontado, que a posição do
EUe encena um papel discursivo determinado pelo EUc que teria como função
pautar o papel dos enunciadores jornalistas (EUe). Para evidenciar esses fatos no
processo enunciativo, destacamos duas condições iniciais associadas ao lugar
enunciativo do EUc, na dimensão descrita anteriormente. Entendemos a CRENÇA
como uma primeira condição, responsável por pautar o discurso dos enunciadores a
partir de fatos, conteúdos e eventos, reais ou supostos, disseminados pelo senso
comum. Por DESEJO, entendemos um processo inferencial capaz de extrair, dos
elementos postos no âmbito das crenças, projeções, hipóteses que extrapolam os
dados conhecidos.
Quadro 15: Cena enunciativa da sabatina – projeto de fala dos integrantes
EUc CRENÇA de que determinados conteúdos, fatos devem ser
associados à participação do candidato na campanha eleitoral;
DESEJO de que a explicitação desses conteúdos, fatos pode
revelar algo sobre a posição político-ideológica do candidato;
EUe Problematiza conteúdos e fatos sob a forma de perguntas diretas
ou indiretas para os candidatos.
TUd → EUe Discorre sobre as perguntas em função do tema proposto, de sua
posição partidária e dos objetivos de uma campanha eleitoral.
TUi → EUe Na condição de internauta, interfere na relação EUe [jornalista] x
EUe [candidato], avaliando a natureza das perguntas/respostas.
64
2.1.2 Tema 1: Rompimento da aliança – candidato Patrus Ananias
Grosso modo, uma aliança política pode ser celebrada por aspectos de ordem
ideológicos ou também por interesses menos altruístas como o de conquistar mais
poder, notoriedade e influência, e/ou dinheiro, investimento e apoio, fato que ocorreu
em 2008 na medida em que dois partidos historicamente antagônicos (PT/PSDB) se
uniram em Minas para apoiar o candidato e atual prefeito Márcio Lacerda (PSB).
Entretanto, em virtude do pragmatismo político, em 2012, tal aliança foi desfeita
repentinamente, levando o PT a lançar um candidato próprio (Patrus); e o PSB (com
Márcio Lacerda) a continuar sua aliança com PSDB. Assim, a ruptura da aliança
estabelecida entre PT e PSB representou um tema polêmico nas eleições a prefeito
de BH em 2012, como podemos ver no exemplo a seguir:
Exemplo 9 (SPA, Bloco 1, E32)18: EDUARDO SCOLESE/COORDENADOR AGÊNCIA FOLHA: Quem foi responsável pelo rompimento dessa aliança, candidato? (E33): PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: O Atual prefeito que fez uma opção, ele fez a opção pelo outro lado, ele fez uma opção pelo PSDB. Nós continuamos na nossa linha, fiéis aos nossos compromissos históricos... (E34):VERA MAGALHÃES/EDITORA PAINEL FOLHA: O prefeito se queixa... (E35):PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Ao que nós fizemos por Belo Horizonte, fiéis ao projeto que nós implantamos no Brasil no governo do Presidente Lula e agora continuando com a presidenta Dilma, o nosso compromisso prioritário com os pobres, com a participação popular, com as políticas públicas sociais, essa nossa concepção integrada de desenvolvimento, desenvolvimento econômico, desenvolvimento social, desenvolvimento ambiental, foi feita uma outra escolha e nós continuamos o nosso caminho reafirmando para o povo de Belo Horizonte os nossos projetos e as nossas prioridades.
Para uma melhor visualização da análise desta pergunta, observe o seguinte
esquema:
18 Optamos por enumerar as perguntas e respostas por enunciados (E1, E2, E3...). Dessa forma, a 1ª pergunta (o enunciado E1) terá como resposta o E2 e assim sucessivamente. A enumeração por bloco foi feita de acordo com o intervalo da sabatina que também foi dividida em 3 blocos. Leia Sabatina com Patrus Ananias (SPA) e Sabatina com Márcio Lacerda (SML).
65
Quadro 16: Cena enunciativa da sabatina – projeto de fala dos integrantes
diretos
Análise do exemplo 9: Rompimento da aliança (aloc: Patrus Ananias)
EUc CRENÇA de que houve um rompimento da aliança entre PT/PSB;
DESEJO de que a explicitação desse rompimento precisa ser
assumida pelos partidos;
Eue EUe [ES] problematiza o conteúdo em questão pela necessidade
de se apontar um responsável.
TUd → Eue EUe [PA] aponta o PSB como responsável por adotar uma outra
orientação ideológico-partidária.
TUi → Eue (a ser avaliado mais à frente)19
Na pergunta inicial, o jornalista qualifica o tema em termos da
responsabilidade pelo rompimento da aliança entre PT/PSB. No bloco de respostas
acima, o candidato, ao responder ao questionamento de Scolese, apresenta como
responsável o PSB e afirma que, provavelmente, isso se deve a divergências e/ou
interesses político-ideológicos. O ato de fala subsequente “Nós continuamos na
nossa linha, fiéis aos nossos compromissos históricos [...].”, possui valor assertivo
modo crítica, visto que ao dizer que o PT continua fiel aos seus compromissos,
indiretamente acusa o PSB de não fazê-lo do mesmo modo, isto é, de ser infiel.
Além disso, possibilita a construção de um ethos de engajamento e coerência
política, gerando, desse modo, um efeito perlocucional de autoelogio. Para
Charaudeau (2011, p. 43) o discurso “é ao mesmo tempo, lugar de engajamento do
sujeito, de justificação de seu posicionamento e de influência do outro, cuja
encenação varia segundo as circunstâncias de comunicação20”.
19 A participação de TUi (internautas) será analisada na sessão Pergunta do internauta mediada pelo jornalista como projeção do ethos do candidato (2.2). O foco desta sessão será verificar a construção do ethos dos candidatos feita pelos internautas a partir de suas perguntas. Essa análise não estará necessariamente ligada ao(s) tema(s) estudados em 2.1.1: Rompimento da aliança, Lulodependência/Aéciodependência e Mensalão. 20 Não é, portanto, o discurso que é político, mas a situação de comunicação que assim o torna. Não é o conteúdo do discurso que assim o faz, mas é a situação que o politiza. (CHARAUDEAU, 2011, p. 40)
66
EC: Sabatina Política – Pergunta 1: Ruptura da Aliança (P)
EM: dúvida Loc: CRE (P) & DES saber (responsável) (P) & EXP (Aloc (CRE saber
(responsável) P)))
↓
Comentário: A partir do estado mental de dúvida, o entrevistador, sabendo do
rompimento entre PT/PSB, deseja conhecer o responsável pelo
rompimento, tendo a expectativa de que o alocutário conheça o
responsável pelo rompimento.
EM: certeza Loc: CRE (responsável x) (P) & DES
Comentário: O entrevistado, na posição de locutor, acusa o candidato
adversário (x) de incompatibilidade político-ideológica e também
apresenta argumentos a favor da construção de seu ethos: de
trabalho, fidelidade, compromisso, militância e de bom gestor.
Na continuação de sua resposta, mesmo considerando a intervenção de outro
EUe [VM], integrado na sabatina e que procura pautar o tema em termos de conflito,
o candidato ancora os avanços realizados em Belo Horizonte na avaliação positiva
das ações político-administrativas do ex-presidente Lula e da atual presidente Dilma.
O enunciador, ao utilizar verbos e pronomes com aspecto agentivo na primeira
pessoa do plural (fizemos, implantamos, nosso compromisso, nossa concepção,
continuamos, nossos projetos e nossas prioridades), busca construir um ethos
complexo que se orienta por trabalho, fidelidade, compromisso, militância e
competência, o que pode ser verificado na carga semântica e argumentativa dos
itens lexicais acima destacados e que aparecem recorrentemente na fala de Patrus.
Porém, as relações intersubjetivas inerentes à situação de fala pressupõem
uma responsividade dos interlocutores, podendo ser evidenciada na réplica da
jornalista questionando, de certa forma, as condições de sinceridade do
entrevistado. Observe o seguinte trecho com o intuito de elucidarmos melhor nossas
considerações:
Exemplo 10 (SPA, Bloco 1, E36): VERA MAGALHÃES/EDITORA PAINEL FOLHA: Em relação a esse rompimento, o Prefeito costuma dizer que o PT, ele criou problemas ali ao longo dos quatro anos de gestão dele com brigas, com questionamentos, apesar de ter uma
67
grande participação em cargos, principalmente cargos de confiança. O senhor acha que essa imagem de que o PT esteve na máquina, aparelhou a máquina durante a gestão Márcio Lacerda e, no entanto, saiu no final, pode comprometer a candidatura de alguma maneira? (E37): PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Olha, o nosso adversário, ele precisa resolver um problema, não é? É uma questão pessoal dele essa relação que ele tem com o PT. Agora ele quer acabar com o PT. Declarou recentemente que quer destruir o PT em Belo Horizonte [...]. Então ele precisa resolver esse problema que ele tem em relação ao Partido dos Trabalhadores. No passado ele já fez elogios ao PT, o PT teve uma participação no Governo, algumas áreas o PT esteve à frente e que teve um certo, um mínimo de suporte do Prefeito, nós conseguimos avanços, como por exemplo, no campo da Educação. Agora, é claro, que não obstante o empenho dos militantes do PT que são competentes e demonstraram competência quando eu fui prefeito. [...] o PT sabe fazer. Nós temos compromisso público, seriedade, competência... (E38): EDUARDO SCOLESE/COORDENADOR AGÊNCIA FOLHA: Candidato... (E39): PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Agora, é claro, eu insisto em dizer, se o líder, se o prefeito não prioriza, não disponibiliza recursos, aí as coisas realmente não acontecem por mais que os funcionários queiram e trabalhem.
No exemplo 10 – E36, a jornalista, em sua pergunta, por meio de uma
estrutura dicendi em que tematiza a fala do adversário de Patrus “[...] o Prefeito
costuma dizer que... [...]” confronta o candidato sobre a veracidade de sua resposta,
já que Lacerda responsabiliza o PT pela ruptura política PT/PSB. Vemos que o
conteúdo proposicional predominante da pergunta é estruturado sob a forma
assertiva, apresentando como motivo da ruptura a intransigência e insociabilidade
do partido do candidato (PT): “[...] ele criou problemas ali ao longo de quatro anos de
gestão dele com brigas, com questionamentos, apesar de ter uma grande
participação em cargos, principalmente cargos de confiança. [...]”. Evidentemente, a
articulação dessa pergunta busca provocar o interlocutor, pois a expressão
dubitativa “O senhor acha que [...]?” pede a avaliação do candidato. A pergunta
supõe que o aparelhamento administrativo causado pelo PT na prefeitura seja o
motivo da ruptura. Nesse sentido, tal ato pode suscitar um efeito de acusação,
colocando em dúvida a credibilidade da resposta anterior do candidato. Desse
68
modo, se o real motivo foi o aparelhamento, a acusação de Patrus ao dizer que o
culpado foi o partido de Lacerda (PSB) pode ser interpretada como um
ressentimento do candidato petista.
Na resposta de Patrus, E37, ele refuta a acusação da jornalista feita a partir
do discurso reportado, podendo ser evidenciado pela utilização do recurso fático “[...]
não é?”, expressão esta que pede a confirmação e também pode demonstrar a
indignação do candidato com o conteúdo proposicional da pergunta. Sua resposta
sugere algumas críticas a Lacerda:
i) Perseguição política: “Ele quer acabar com o PT[...], quer destruir o
PT[...]”;
ii) Inconstância de opinião: “No passado ele já fez elogios ao PT”.
iii) Incompetência: “Não obstante, o empenho dos militantes do PT que
são competentes e demonstraram competência quando eu fui prefeito[...].”
Podemos perceber que a utilização de unidades lexicais como: “Conseguimos
avanços[...]; [...]o empenho dos militantes do PT que são competentes e
demonstraram competência; [...]; [...]o PT sabe fazer; nós temos compromisso
público, seriedade, competência” são agenciadas com vista à construção positiva do
ethos do orador perante aqueles que não o conhecem o bastante para novamente o
eleger prefeito de Belo Horizonte e, indiretamente, constrói um ethos negativo do
seu adversário a partir das críticas apontadas no esquema acima.
Parece-nos relevante a posição assumida por Charaudeau:
Nossa posição é a de que para tratar do ethos é preciso considerar dois aspectos. De fato, o ethos, enquanto imagem que se liga àquele que fala, não é uma propriedade exclusiva dele; ele é antes de tudo a imagem de que se transveste o interlocutor a partir daquilo que diz. O ethos relaciona-se ao cruzamento de olhares: olhar do outro sobre aquele que fala, olhar daquele que fala sobre a maneira como ele pensa que o outro o vê. (CHARAUDEAU, 2011, p. 115)
Desse modo, o sujeito que enuncia – no caso, o político – deve, portanto,
tentar responder à seguinte questão: como fazer para ser aceito pelo auditório? Para
isso, ele deve fabricar uma imagem que corresponda às qualidades almejadas a fim
de agir sobre o auditório.
69
O candidato Patrus, no exemplo 10 – E39, sintetiza que a afirmação contida
na pergunta (E36) não se sustenta ao estabelecer que os problemas enfrentados e o
suposto aparelhamento da máquina é fruto de uma inabilidade e incompetência do
atual prefeito: “Eu insisto em dizer, se o líder, se o prefeito não prioriza, não
disponibiliza recursos, aí as coisas realmente não acontecem por mais que os
funcionários queiram e trabalhem.”. O ato assertivo modo acusação descredibiliza o
seu adversário político e busca ganhar seu alocutário como parceiro nesse diálogo.
No entanto, parece que o jornalista ironiza a condição de sinceridade do
candidato, observe o exemplo 11:
Exemplo 11 (SPA, Bloco 1, E40): EDUARDO SCOLESE/COORDENADOR AGÊNCIA FOLHA: Candidato, agora como convencer o eleitor disso? Olhar para o eleitor e falar, “Olha, realmente eu apoiei esse candidato na última eleição, fizemos parte da gestão e agora é meu adversário”, como que passa esse recado para o eleitor?
Com o uso do advérbio “agora”, cujo valor semântico não é temporal, mas sim
adversativo, o jornalista contrapõe os argumentos do alocutário dizendo que
provavelmente será muito difícil convencer o eleitor, apresentando-se com a imagem
de um ethos contraditório e encenando ainda uma suposta resposta do candidato:
“Olha, realmente eu apoiei esse candidato na última eleição, fizemos parte da
gestão e agora é meu adversário”. O ato encenado com valor ilocucional assertivo,
modo: confissão (mas com um apelo inicial de diretivo – Olha) tem como intenção
gerar o efeito perlocucional de provocação sobre o candidato. Nesse exemplo, o
formato enunciativo da pergunta polemiza as teses apresentadas por Patrus em sua
resposta, podendo ser refletida na seguinte forma silogística: SE Márcio Lacerda foi
incompetente em sua gestão política, ENTÃO por que apoiá-lo naquele momento e
agora tê-lo como adversário? O jornalista aponta uma provável incoerência na fala
do candidato e projeta, a partir do discurso reportado, um provável efeito patêmico
sobre o eleitor: estranhamento e/ou desconfiança.
O jogo de imagens construído pelas instâncias discursivas é fundamental
para que os argumentos sejam bem sucedidos, porém não é garantia de sua
eficácia. A instância midiática explora exatamente as prováveis “incoerências” da
instância política.
70
O bom andamento da troca discursiva exige que o locutor (candidato) consiga
construir e transmitir uma imagem positiva de si; e que o interlocutor (eleitor ou
entrevistador) não refute essa imagem. Porém, nem sempre essa relação é possível,
muitas vezes, a imagem criada pelo candidato é confrontada negativamente pelo
eleitorado ou pela mídia (o que veremos mais adiante na seção destinada a este
fim).
Percebemos que na fala de Patrus é recorrente a ancoragem na figura de
Lula e Dilma, utilizada como estratégia de influenciar grande parte do eleitorado
belo-horizontino, forjando um ethos positivo:
Exemplo 12 (SPA, Bloco 1, E41): PATRUS ANANIAS/ PT: [...] E Belo Horizonte sabe que nós temos no Brasil hoje e isso reflete em Belo Horizonte, dois projetos: um projeto liderado pelo PT, um projeto democrático, popular, um projeto que pensa em todos, né, é o “Brasil para Todos” do presidente Lula, é “o país rico e sem miséria” como quer a presidenta Dilma, nós governamos para todos, temos um projeto de nação a partir das nossas cidades e regiões, mas com atenção especial para os mais pobres, para a classe social... para as novas classes médias emergentes, para os trabalhadores [...].
Sabemos que na atualização dessa sabatina política, busca-se discutir temas
importantes para a gestão do espaço público, bem como esclarecer questões
divergentes que circulam na mídia e no meio político. Desse modo, a organização,
no que concerne ao circuito interno, o EUe [PA] tem, claramente, o objetivo de se
colocar discursivamente como benfeitor: “[...] projeto democrático, popular, [...] que
pensa em todos, [...] atenção especial para os mais pobres... para as novas classes
médias emergentes [...]”; e de posicionar o seu interlocutor indireto, o eleitor, como
beneficiário das ações empreendidas pelo partido petista. No entanto, esses
posicionamentos político-administrativos, como também as avaliações dos eleitores
sobre os mesmos, dependem e variam de acordo com as crenças e valores
assumidos por esses interlocutores. Por exemplo, a questão das políticas sociais
assistencialistas representa uma pauta importante para o governo petista,
funcionando quase sempre como argumento em prol da eficácia de seu governo,
podendo gerar admiração e identificação das instâncias alocutivas. Porém, esse
mesmo objeto pode ser visto de outra maneira, como algo perverso, de alienação
das massas e de fomentação da dependência das classes populares.
71
Para avaliar, de forma mais apropriada a participação dos internautas na
sabatina, é importante determinar as condições enunciativas sob as quais eles
interferem no processo a partir do chat disponibilizado para acompanhá-la. O
Quadro 17 foi derivado do Quadro 6 (Quadro enunciativo do chat), quando
propusemos a conversão do TUi para um virtual EUe, no interior do chat.
Quadro 17: Cena enunciativa da sabatina - projeto de fala dos internautas
EUc [afeições
político-
ideológicas do
internauta]21
CRENÇA de que a ideologia do partido de sua preferência é a
mais adequada;
DESEJO de que o candidato de seu partido prevaleça sobre os
adversários;
TUi → Eue Problematizar/contestar conteúdos e fatos relatados pelo
candidato sem afinidade com seu perfil partidário;
Elogiar/apoiar conteúdos e fatos relatados pelo candidato com
afinidade com o seu perfil partidário.
TUd → Eue Discorre sobre opiniões de outros internautas, podendo
posicionar-se contra ou a favor.
TUi Acompanha o processo enunciativo da cena, sem, entretanto,
interferir.
Essas condições enunciativas podem ser observadas a partir da análise dos
seguintes comentários dos internautas:
Exemplo 13 (SPA, BP, E32)22: Marcelo Advogado fala para todos: A CIDADE ESTÁ SENDO GERIDA COMO UMA EMPRESA, SEM QUE AS PERIFERIAS, EM SUMA AS PESSOAS DE BAIXA RENDA ESTEJAM INSERIDAS NAS SUAS DECISÕES... A PERIFERIA ESTÁ ESQUECIDA NA ADM MÁRCIO TÁ-LERDA... [...] O LADO SOCIAL ESTÁ ENGESSADO DEPOIS QUE O PT DEIXOU A SUA ADMINISTRAÇÃO... [...] A VOZ DA COMUNIDADE PAROU DE SER OUVIDA PELA PREFEITURA.
21 Pode-se admitir algum internauta que não tenha preferência por nenhum dos candidatos integrantes da sabatina e, por essa razão, possa manter um nível de intervenção neutro. 22 Enunciado do Bate Papo (BP) da sabatina com Patrus Ananias (SPA).
72
O exemplo acima pode comportar, inicialmente, o seguinte arranjo
enunciativo:
Quadro 18: Análise do comentário do internauta Marcelo Advogado – projetos
sociais
EUc [afeição
político-ideológica
com PT]
CRENÇA de que a administração do candidato à reeleição é
ruim;
DESEJO de que o seu candidato, se eleito, recupere uma
ênfase para o social;
EUe EUe [internauta] problematiza a administração do atual
prefeito, candidato à reeleição, sobretudo pela sua
indiferença com o social.
TUd → EUe A fala do EUe pode propiciar um movimento enunciativo de
TUd, fazendo dele um novo EUe que poderá refutar ou
corroborar o ato do primeiro EUe.
TUi
Podemos constatar que os atos de fala do internauta apresentam uma crítica
à gestão do atual prefeito Márcio Lacerda. “A cidade está sendo gerida como
empresa [...]” aponta indiretamente para a formação empresarial do candidato e
denuncia a sua não formação política, amplamente difundida pela mídia e pela
sociedade. A expressão acima tematiza aspectos negativos relacionados à gestão
desse político que, segundo a avaliação do internauta, parece não contemplar a
dimensão popular. Isso pode ser flagrado no enunciado “[...] A periferia está
esquecida na adm Márcio Tá-lerda [...]”, cujo efeito perlocucional é de deboche à
figura de Lacerda e de elogio a Patrus. Os atos subsequentes reforçam que um dos
atributos do governo petista era de buscar e propiciar a participação efetiva das
comunidades populares. “O lado social está engessado depois que o PT deixou sua
administração... [...] A voz da comunidade parou de ser ouvida pela prefeitura.”, ou
seja, o internauta avalia positivamente o posicionamento político-ideológico
assumido por Patrus ao priorizar a dimensão social da gestão pública e, por outro
73
lado, condena o posicionamento político-ideológico assumido por Lacerda por
priorizar uma gestão elitizada23.
Todavia, o discurso excessivamente populista pode acarretar outras
significações. Tal ênfase pode levar o eleitorado a duvidar das condições de
sinceridade do candidato, levando-o a crer que o objetivo desse discurso não é o de
apenas amparar os mais pobres, mas sim de criar uma relação de dependência, já
que não fornece subsídios para uma autonomia social e econômica, ou seja, na
visão desses interlocutores (internautas), esse discurso poderá ser interpretado
como demagógico, como se vê no comentário abaixo do internauta:
Exemplo 14 (SPA, BP, E42): Observador fala para todos: Mas, nem
só de social vive o governo.
Quadro 19: Análise do comentário do internauta Observador – projetos sociais
EUc [afeição
político-ideológica
contra o PT]
CRENÇA de que a administração do candidato à reeleição
tratou de outros problemas, além do social;
DESEJO de que o seu candidato (ML), se reeleito, possa
continuar sua proposta;
EUe EUe [internauta] problematiza a administração do atual
prefeito, candidato à reeleição, sobretudo pela sua
indiferença com o social.
TUd → EUe A fala do EUe pode propiciar um movimento enunciativo de
TUd, fazendo dele um novo EUe que poderá refutar ou
corroborar o ato do primeiro EUe.
TUi
A análise de um ato como este ele evoca uma estrutura similar ao discurso
bíblico “Mas nem só de pão viverá o homem”. O enunciador faz um trocadilho com o
provérbio citado, trocando os itens lexicais pão por social e homem por governo. O
23 Acreditamos que a política social seja própria das formações econômico-sociais contemporâneas, de ação e controle sobre as necessidades sociais básicas das pessoas. Grosso modo, são ações destinadas à mediar as necessidades de valorização e acumulação do capital e a manutenção das necessidades básicas da população carente.
74
argumento é de que o social não representa o todo de uma gestão pública, sendo
assim uma crítica à dimensão assistencialista que vem sendo enfatizada nos
governos petistas. O ato acima, assertivo modo contraposição, é uma resposta ao
enunciado do internauta Marcelo Advogado. A responsividade assumida pelo TUi →
EUe [internauta Observador], apresenta uma crítica às práticas político-
administrativas assumidas pelo candidato Patrus Ananias. Isso demonstra que toda
a estratégia assumida discursivamente pode ser compreendida de um modo
diferente da intenção do enunciador ao dizer x. Tal proferimento pode ser refutado,
questionado, criticado ou mesmo apoiado, dependendo das inclinações político-
partidárias do interlocutor que se apresenta neste evento, neste suporte, de modo
heterogêneo.
Sendo assim, podemos destacar para essas duas situações discursivas
(comentários dos internautas) um contraste evidente, embora ambas representem
uma forma de comentário da cena central (sabatina política), apresentando lugares
ideológicos diferentes:
i) O primeiro defende a legitimidade e credibilidade das ações político
administrativas de Patrus e problematiza as de Lacerda.
ii) No segundo, apesar de não haver um posicionamento de defesa direta
a Lacerda, o enunciador questiona a eficácia desses projetos
assistencialistas e, consequentemente, duvida da credibilidade do
candidato petista.
O discurso eleitoral é especialmente representativo dessa relação dialética
entre a legitimidade e a credibilidade, ou seja, entre espaço externo e o espaço
interno das práticas de linguagem, no sentido de que esse tipo de discurso se
caracteriza exatamente pelo fato de o locutor buscar se legitimar através da
construção de sua credibilidade. Porém, a legitimidade vem ao sujeito não somente
do espaço externo, mas do grau de adequação que se estabelece entre a
autoridade/identidade psicossocial dos sujeitos (espaço externo) e o seu
comportamento enquanto ser linguageiro (espaço interno). É desse grau de inter-
relação/adequação que se orienta a credibilidade dos sujeitos, que por seu turno,
75
não é pré-determinado e, como dito anteriormente, é adquirida e negociada no
desenvolvimento das práticas de linguagem.
Em síntese, o primeiro internauta sugere que X (Márcio Lacerda) não realiza
P (projetos sociais) satisfatoriamente e no encadeamento argumentativo de seu
discurso apresenta um certo estado de indignação e um forte desejo de realização
de P. Logo, para isso, sugere a eleição de Y (Patrus Ananias). Já o segundo
internauta, por outro lado, sugere que a ênfase em P (projetos sociais) tem como
intenção alienar a população carente e que esta medida política-administrativa não é
suficiente para o bom funcionamento do governo.
É interessante observarmos que na dinâmica desses comentários parece que
os enunciadores/internautas pretendem ações discursivas que apontam ora para a
legitimidade, ora para a credibilidade desse político. A legitimidade é conferida ao
candidato a priori devido ao seu estatuto social de político, de candidato à prefeitura,
ex-ministro e ex-prefeito de Belo Horizonte. Tais predicados funcionam como suporte
para construir a credibilidade desse sujeito. Como explicitado na primeira parte deste
trabalho, a credibilidade está diretamente ligada ao estatuto social do sujeito e as
ações que o levaram ao poder, porém a credibilidade pode ser colocada em xeque,
visto que é construída pela própria enunciação: pela eficiência discursiva do sujeito
em construir um ethos condizente com o papel que o interlocutor espera que ele
exerça (Charaudeau, 2009).
Para efeito de contraste, apresentaremos a seguir a análise da pergunta
direcionada ao candidato Márcio Lacerda relacionada a este mesmo tema:
rompimento da aliança. Fundamentando-nos no Quadro 15 (projeto de fala dos
integrantes da sabatina) e no Quadro 16 (projeto de fala dos integrantes diretos),
podemos justificar, em linhas gerais, o comportamento no novo sabatinado, o
candidato Márcia Lacerda.
2.1.3 Tema 1: rompimento da aliança – candidato Márcio Lacerda
Assim como no dia anterior, o tema rompimento da aliança também é
proposto na sabatina de Lacerda, vejamos:
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Exemplo 15 (SML, Bloco 1, E15): JOSIAS DE SOUZA/BLOGUEIRO DO UOL: Prefeito, tem uma coisa que me chama muito a atenção é que os senhores estavam... o senhor e o PT, o Pimentel, estavam todos de braços dados até o dia da Convenção, há fotos na Convenção com o Pimentel do lado, o vice do lado e hoje estão aí, um falando mal do outro, não é, PSB falando mal do PT. Houve uma reunião em que um amigo seu, o Ciro Gomes, saiu dessa reunião falando horrores do Aécio, disse que Aécio teve pouquíssima sensibilidade e que ele ficou muito decepcionado com o Aécio Neves. Até que ponto essa ruptura tem a digital de Aécio Neves, até que ponto foi o Prefeito que decidiu, foi o PSB que decidiu... Em essência, por que houve a ruptura do PSB com o PT? (E16): PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: Bem, Josias, a ruptura aconteceu porque o PT Municipal não aceitou a recusa do PSB Municipal em fazer coligação na proporcional com o PT. Essa recusa já tinha vindo do PSDB e também de outros partidos, toda a bancada de vereadores, de candidatos do PSB, ameaçaram, inclusive formalmente renunciar, caso isso viesse a acontecer, inclusive alegando que a posição... a oposição ao Prefeito ia aumentar na Câmara. A partir do momento que a tese da candidatura própria foi derrotada na reunião do PT Municipal, essa oposição na Câmara foi ampliada, os defensores da candidatura própria passaram a fazer uma oposição acirrada à nossa administração. A reunião eu, Ciro Gomes e Aécio foi no sentido de convencê-lo a tentar buscar um entendimento mais amplo, ou seja, rever todas bases da aliança dentro de uma nova perspectiva. Mas ele tinha dificuldades, porque ele foi muito agredido durante a discussão dessa aliança, inclusive pelo nosso opositor...
Podemos sistematizar esse momento da sabatina, a partir do Quadro 16, utilizado para interpelar o candidato Patrus Ananias.
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Quadro 20: Cena enunciativa da sabatina – projeto de fala dos integrantes
diretos
Análise do exemplo 15 - Rompimento da aliança (aloc: Márcio Lacerda)
EUc CRENÇA de que houve um rompimento da aliança entre PT/PSB;
DESEJO de que a explicitação desse rompimento precisa ser
assumida pelos partidos;
EUe EUe [JS] problematiza o conteúdo em questão pela necessidade
de se esclarecer se se trata de uma decisão partidária ou de um
acordo com Aécio Neves.
TUd → EUe EUe [ML] esclarece a ruptura em razão da não aceitação pelo PSB
sobre a proporcionalidade das vagas para vereador. Em razão
disso o PT lançou candidatura própria, rompendo a aliança.
TUi → EUe (a ser avaliado mais à frente)
Da mesma forma que Patrus, o tema Rompimento da Aliança é proposto na
sabatina de Lacerda. O locutor Josias de Souza questiona o motivo e a
responsabilidade desse rompimento. Para isso, ele apresenta um ato assertivo modo
avaliativo “[...] tem uma coisa que me chama muito a atenção”, ancorando seu relato
em um suposto comentário de Ciro Gomes criticando Aécio Neves: “Houve uma
reunião em que um amigo seu, o Ciro Gomes, saiu dessa reunião falando horrores
do Aécio, disse que Aécio teve pouquíssima sensibilidade e que ele ficou muito
decepcionado com o Aécio Neves.”. No exemplo 15 - E15, o jornalista apresenta
uma postura enunciativa provocativa ao utilizar a expressão “Uma coisa que me
chama muita a atenção” introduzindo uma estrutura sintática comparativa “[...]
estavam todos de braços dados até o dia da Convenção [...] e hoje estão aí, um
falando mal do outro” que tematiza duas atitudes aparentemente incoerentes desse
candidato. A atualização desse ato tem como orientação perlocucional gerar um
efeito de provocação ao ironizar esse fato e ainda o de confrontar Márcio Lacerda
com a opinião expressa por uma importante autoridade política dentro de seu
partido, o PSB, Ciro Gomes, o qual é contrário à indicação de Aécio Neves à
candidatura presidencial.
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Essa introdução à pergunta de Josias tem como objetivo explicitar um
conjunto de crenças amplamente difundidas na mídia mineira que sugere que Márcio
Lacerda não possui autonomia política, visto que não tem um histórico político e que
foi eleito graças à união entre PT (Pimentel) e PSDB (Aécio Neves). A expressão
“Até que ponto” que inicia o ato diretivo aponta para uma avaliação do jornalista de
que Aécio Neves teve participação nessa ruptura: “Até que ponto essa ruptura tem a
digital de Aécio Neves[..]”, demonstrando também o grau de poder de intervenção
política na aliança PSB e PT. A pergunta também solicita que o candidato avalie sua
parcela de responsabilidade e finaliza pedindo uma avaliação geral sobre os motivos
do rompimento: “[...] até que ponto foi o Prefeito que decidiu, foi o PSB que decidiu...
Em essência, por que houve a ruptura do PSB com PT?” Podemos afirmar que a
finalidade da pergunta é esclarecer o suposto envolvimento de Aécio na quebra da
aliança. Em resposta a essa pergunta, da mesma forma que Patrus culpou o PSB, o
candidato Márcio Lacerda responsabiliza o PT por esse distanciamento: “[...] a
ruptura aconteceu porque o PT municipal não aceitou a recusa do PSB municipal em
fazer coligação na proporcional com o PT.” O locutor justifica a ruptura relatando a
“intransigência” do partido petista “[...] os defensores da candidatura própria
passaram a fazer uma oposição acirrada à nossa administração” e argumentando
que a participação de Aécio, apesar de ter um caráter conciliatório, “[...] A reunião
eu, Ciro Gomes e Aécio foi no sentido de convencê-lo a tentar buscar um
entendimento mais amplo, ou seja, rever todas bases da aliança dentro de uma nova
perspectiva”, segundo ele, teve uma má interpretação e grandes divergências. O
sabatinado classifica algumas ações empreendidas na referida reunião como sendo
agressões a Aécio: “[...] Mas ele tinha dificuldades, porque ele foi muito agredido
durante a discussão dessa aliança, inclusive pelo nosso opositor...”. O ato de fala
que fecha essa resposta representa uma defesa à legitimidade da participação do
político tucano na discussão sobre as diretrizes da aliança entre os partidos.
Exemplo 16 (SML, Bloco 1 – E19): EDUARDO SCOLESE/COORDENADOR AGÊNCIA FOLHA: Candidato, essa ruptura em Belo Horizonte do PT com o PSB também se repetiu em Recife e em Fortaleza. Ontem, o candidato Patrus do PT aqui disse que essa aliança nacional PT/PSB tem que ser repensada, será repensada. O senhor concorda?
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(E20): PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: Eu... Eu acho que cada fato de rompimento PSB/PT tem uma história própria e não existe um link, uma motivação única por trás disso, apesar disso ter sido divulgado por algumas áreas do PT naquele momento. O caso de Salva... desculpe, o caso de Recife é bem conhecido e o de Fortaleza também e são absolutamente diferentes um do outro e aqui também foi outra realidade. Portanto, uma certa coincidência, mas motivada a um link comum entre elas que é a extrema dificuldade do PT de entrar em acordo dentro dele entre as suas diversa correntes.
Já no exemplo acima, vemos que a partir da forma da pergunta com a fala
reportada do candidato petista “Ontem, o candidato Patrus do PT aqui disse que
essa aliança nacional PT/PSB tem que ser repensada, será repensada”, o jornalista
busca uma resposta confirmativa ou negativa desse fato. O sabatinado tenta avaliar
coerentemente a real situação, dizendo que: “[...] não existe um link, uma motivação
única por trás disso...”, apontando assim para uma pluralidade motivacional de
outras rupturas (Recife e Fortaleza). É observado na estrutura argumentativa da
resposta um posicionamento de acusação ao adversário e seu partido político
(Patrus/PSB) quando afirma “Portanto, uma certa coincidência, mas motivada a um
link comum entre elas que é a extrema dificuldade do PT de entrar em acordo dentro
dele entre as suas diversa correntes.”. No entanto, tal afirmação conclusiva gera
uma contradição ao que foi informado no início de sua resposta quando disse que
não havia um link e motivação comum.
Vimos anteriormente que o ato ilocucional da pergunta não é realizado
isoladamente, mas quase sempre introduzido por um comentário do jornalista. Ao
apoiar o ato diretivo em outros tipos de atos ilocucionais, principalmente o assertivo,
o locutor tem como objetivo confrontar o interlocutor com um conjunto de
crenças/fatos construídos socialmente, por exemplo quando reporta ao discurso de
Ciro ou ainda a fala de Patrus. A pergunta impõe, desse modo, algumas restrições
de ordem ilocucional discursiva à resposta que nos fornecem indícios do que é uma
resposta apropriada ou não e se certas condições foram satisfeitas em relação à
pergunta. Assim, a partir do agenciamento do tema “rompimento da aliança”, é
possível observamos o modo como os jornalistas direcionam intencionalmente o
foco da resposta e quando percebem que não foram satisfatoriamente respondidas,
retomam o objetivo original da pergunta ou problematizam um novo tópico a partir do
que foi respondido. Nesse sentido, vemos que há um jogo de intenções, tanto do
80
sujeito comunicante quanto do sujeito interpretante, tendo em vista a situação
enunciativa em que se enquadram e a finalidade de seus discursos.
Vejamos a seguir a análise da pergunta do jornalista x resposta do candidato
relacionada ao segundo tema: “lulodependência”, direcionada a Patrus Ananias.
2.1.4 Tema 2: “Lulodependência” – candidato Patrus Ananias
O teor pejorativo do termo “Lulodependência” refere-se a estratégia utilizada
por alguns candidatos políticos em cunhar seu discurso excessivamente na figura do
ex-presidente Lula. Neste momento procederemos à análise desse tema
“Lulodependência”.
Exemplo 17 (SPA, Bloco 1, E50): JOSIAS DE SOUZA/BLOGUEIRO DO UOL: Ministro, tem uma coisa que me chama muito a atenção, mal comparando, o senhor está numa situação inversa a do candidato Haddad em São Paulo, porque lá ele tenta chegar à prefeitura de uma administração que está mal avaliada, não é, e ainda assim ele tem dificuldades e depende muito do apoio do presidente Lula para tentar alavancar a candidatura dele, aqui o senhor vive uma situação inversa, até paradoxalmente, o senhor reivindica aqui o apoio do partido do Kassab e está aí uma discussão judicial e tal, mas aqui a situação inversa a que me refiro é que o senhor disputa contra uma administração a quem o eleitor... a qual o eleitor atribui boa avaliação. E também o senhor recorre muito ao Lula. Essa “lulodependência” não é uma fragilidade dos candidatos do PT nessa eleição? Ela se manifesta em várias cidades do país. (E51): PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Primeiro nós vamos discutir nessa campanha a real avaliação que a cidade tem da atual administração, daí a importância da eleição, do debate, do aspecto pedagógico... Daí talvez o temor que nosso adversário tenha de eventos mais democráticos como comícios e outras manifestações, porque nós sabemos que o atual prefeito, nosso adversário, tem sido muito generoso com os gastos em publicidade, inclusive se apropriando de obras que ele não fez ou algumas obras que ele concluiu e que foram iniciadas antes dele e que ele está e apropriando como se fosse única e exclusivamente dele, chegando ao extremo, inclusive, de se apropriar do Restaurante Popular. Belo Horizonte tem quatro restaurantes populares, um nós fizemos quando eu fui prefeito, implantamos com recursos próprios. Os outros três foram feitos com recurso do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, a implantação do... a
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construção do equipamento, a compra dos materiais necessários, não é? Então essa é uma discussão que nós faremos.
Observe o esquema: EUc CRENÇA de que os candidatos a prefeito pelo PT se escoram em
Lula;
DESEJO de que essa hipótese seja confirmada, caracterizando
uma ausência de personalidade das candidaturas;
EUe EUe [JS] qualifica a dependência dos candidatos a prefeito pelo PT
como fragilidade por dependerem essencialmente do Lula.
TUd → EUe EUe [PA] Não responde à questão proposta, mas crítica o uso
oportunista de obras que vêm sendo inauguradas em BH pelo
atual prefeito e que não foram feitos por sua administração.
TUi → EUe (a ser avaliado mais à frente)
O exemplo 17 - E50, apresenta claramente uma avaliação do jornalista. O
enunciador (JS) faz uma comparação entre o governo de São Paulo e o governo de
Belo Horizonte: “[...]mal comparando, o senhor está numa situação inversa a do
candidato Haddad em São Paulo”. No primeiro, “ele tenta chegar à prefeitura de uma
administração que está mal avaliada”, e, em Belo Horizonte, segundo argumenta o
jornalista, é o contrário: “a situação inversa a que me refiro é que o senhor disputa
contra uma administração a quem o eleitor... a qual o eleitor atribui boa avaliação.”.
A intenção do jornalista parece ser a de apontar para uma possível dificuldade
de se ganhar uma eleição em uma cidade bem avaliada como Belo Horizonte e
também de ironizar a dependência que os políticos petistas possuem da imagem do
ex-presidente Lula em suas campanhas eleitorais, como vemos no excerto: “[...] E
também o senhor recorre muito ao Lula. Essa “lulodependência” não é uma
fragilidade dos candidatos do PT nessa eleição? Ela se manifesta em várias cidades
do país.”. Neste trecho percebemos um tom de deboche por parte do jornalista, ao
apontar o uso recorrente da imagem de Lula nos discursos de outros candidatos
petistas, inclusive, nos de Patrus. Tal estratégia política é classificada pelo jornalista
como uma fragilidade política e, assim, é possível notar um juízo de valor feito em
sua pergunta. Observe a análise da resposta do candidato:
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O primeiro aspecto a ser apontado é a marcação do posicionamento contrário
à avaliação apresentada por Josias: “Primeiro nós vamos discutir nessa campanha a
real avaliação que a cidade tem da atual administração”. O locutor se posiciona
como aquele que tem o conhecimento e a capacidade de demonstrar a verdadeira
avaliação que a cidade tem da administração pública, enfatizando a necessidade de
instrumentos que viabilizam a exposição e confronto dessa realidade por meio “da
eleição, do debate, do aspecto pedagógico”, isto porque ele acusa o adversário
político de:
i: Despreparo para discutir e confrontar ideias: “[...] Daí talvez o temor que
nosso adversário tenha de eventos mais democráticos como comícios e
outras manifestações[...]”;
ii: Artificialidade e perdulariedade: “[...] porque nós sabemos que o atual
prefeito, nosso adversário, tem sido muito generoso com os gastos em
publicidade”;
iii: Oportunismo político-administrativo: “[...] inclusive se apropriando de
obras que ele não fez ou algumas obras que ele concluiu e que foram
iniciadas antes dele e que ele está se apropriando como se fosse única e
exclusivamente dele, chegando ao extremo, inclusive, de se apropriar do
Restaurante Popular.”.
O locutor não responde diretamente ao tema da pergunta, “Lulodependência”,
e sim refuta o comentário do jornalista. Em sua resposta, o candidato direciona seu
foco ilocucional para atos assertivos, cujo efeito é de autoelogio: “Belo Horizonte tem
quatro restaurantes populares, um nós fizemos quando eu fui prefeito, implantamos
com recursos próprios. Os outros três foram feitos com recurso do Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome, a implantação do... a construção do
equipamento, a compra dos materiais necessários, não é? Então essa é uma
discussão que nós faremos.”. O último enunciado “[...] Então essa é uma discussão
que nós faremos” representa um desejo do locutor de avaliar as ações do atual
prefeito, buscando apontar para a sua incapacidade de gerir a cidade e para a
83
necessidade da cidade de uma discussão mais ampla por meio de debates e
comícios que, segundo ele, possui um caráter pedagógico.
No enunciado que se segue, o sabatinador indaga o candidato sobre o real
tema da pergunta, a “lulodependência”, tema este que parece gerar uma certa
insatisfação e/ou surpresa, havendo a necessidade da retomada na sabatina por
duas vezes seguidas, conforme se vê abaixo.
Exemplo 18 (SPA, Bloco 1, E59): JOSIAS DE SOUZA/BLOGUEIRO DO UOL: E a “lulodependência”? (E60): PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Oi? (E61): JOSIAS DE SOUZA/BLOGUEIRO DO UOL: E a “lulodependência”, precisa disso?
Notamos aqui que a pergunta do jornalista aponta para uma intenção de
comprometer o sabatinado, visto que o uso de “precisa disso” representa um ato
diretivo, cujo valor indireto parece ser uma crítica do jornalista à estratégia política
assumida pelo candidato Patrus. Por meio dessa pergunta, revestida de uma
intenção provocativa, o jornalista focaliza/direciona o tema da resposta do candidato.
A argumentação está ligada, assim, à apresentação de um ponto de vista do
locutor e deve-se considerar que o locutor realiza um ato que expressa um certo
ponto de vista relativo a um estado de coisas (lulodependência), seguido de outro
que sugere uma reprovação à atitude do candidato (...precisa disso?).
Exemplo 19 (SPA, Bloco 1, E61): PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Não há “lulodependência”. Não, não há “lulodependência”, não é, nós estamos em campanha com menos... com um pouco mais de um mês, com um pouco mais de um mês. A campanha está crescendo, nós temos feito manifestações belíssimas em Belo Horizonte. Ontem nós fizemos uma manifestação do alto da Afonso Pena, na Praça do Papa, esplêndida. A militância está voltando com esperança, com determinação, a nossa campanha está crescendo. Agora, é claro que nós temos uma afinidade com o presidente Lula, ele participa da nossa história, nós caminhamos juntos. Aí há uma convergência de compromissos. Eu conheço o presidente Lula antes do Partido dos Trabalhadores, quando eu era advogado sindical trabalhista, inclusive do Sindicato dos Jornalistas e dos Radialistas, e ele presidente do Sindicato dos Metalúrgicos em São Bernardo. Depois estivemos juntos na construção do Partido dos
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Trabalhadores. Eu ocupei um Ministério, se não o mais importante, um dos mais importantes ministérios do presidente Lula que fez essa revolução social pacífica e democrática no país... (E62): EDUARDO SCOLESE/COORDENADOR AGÊNCIA FOLHA: Candidato...24 (E63): PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Então a presença do Lula em Belo Horizonte é pra somar conosco o entorno de princípios e objetivos comuns e não há nenhuma relação de independência, há uma relação de companheirismo e de fidelidade a causas que nós partilhamos juntos há muitos anos.
A insistência nos atos diretivos sobre a “lulodependência”, com o objetivo de
gerar um efeito perlocucional de constrangimento sobre uma estratégia de
campanha sem autonomia, na percepção do jornalista, possibilitaram ao sabatinado
respostas enfáticas - Não há “lulodependência”. Não, não há “lulodependência” -
representadas por atos assertivos de refutação e que geram o efeito perlocucional
descaracterizador do constrangimento, em razão do lastro histórico que o candidato
mantém com Lula, seja do ponto de vista sindical - eu era advogado sindical
trabalhista, inclusive do Sindicato dos Jornalistas e dos Radialistas, e ele presidente
do Sindicato dos Metalúrgicos em São Bernardo -, seja do ponto de vista político -
estivemos juntos na construção do Partido dos Trabalhadores – seja do
administrativo - Eu ocupei um Ministério, se não o mais importante, um dos mais
importantes ministérios do presidente Lula.
Assim, faz parte de uma campanha eleitoral, por exemplo, e no discurso de
governo, buscar sempre construir uma imagem positiva de si e negativa dos
adversários. Vale a pena observar, por um lado, que o locutor fundamenta um
projeto discursivo que aponta sempre para as possibilidades de mudança e melhoria
do governo, representadas pela parceria com Lula.
A ênfase em relatar sua amizade com o ex-presidente, “Agora, é claro que
nós temos uma afinidade com o presidente Lula, ele participa da nossa história, nós
caminhamos juntos.”, resultará no destaque das figuras do ethos e pathos. Outra
possibilidade é construir a credibilidade do enunciador como instância política
competente e séria, como se vê em trechos destacados nesse comentário do
sabatinado. 24 Essa tentativa de suspender a fala de Patrus refere-se à necessidade do jornalista de interromper a sabatina para o intervalo.
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Esse ethos virtuoso é igualmente necessário ao político, pois se supõe que
ele, como representante do povo, seja um homem comprometido com a ética, e não
lance mão de falácias de campanha, desse modo suas propostas são julgadas pelo
auditório como dignas de crédito e, não necessariamente, como uma dependência
da figura do ex-presidente, enfatizada na fala de Patrus pelo termo “parceria”, isto é,
ambos contribuem e contribuíram para o desenvolvimento político-administrativo do
país: “[...] não há nenhuma relação de independência, há uma relação de
companheirismo e de fidelidade a causas que nós partilhamos juntos há muitos
anos.”.
2.1.5 Tema 2: “Aéciodependência” – candidato Márcio Lacerda
Agora, para efeito de contraste, apresentaremos a seguir a análise da
pergunta sobre o tema “Aéciodependência” direcionada ao candidato Márcio
Lacerda. Vejamos.
Exemplo 20 (SML, Bloco 3, E126): EDUARDO SCOLESE/COORDENADOR AGÊNCIA FOLHA: O senhor não vê um poder de transferência de votos, porque o PT está apostando tudo nessa visita sexta-feira. O senhor não enxerga aqui em Minas esse poder do ex-presidente Lula?
(E127): PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: Olha, às vezes, eu temo das pessoas acharem o Lula é o candidato a prefeito, que o Lula é o meu adversário nessa... de tanto que ele aparece na televisão. Então a transferência de votos ela tem um teto, ela tem um limite. É...
Podemos sintetizar essa interação inicial da seguinte forma:
EUc CRENÇA de que Lula não teria poder de transferir votos a ponto
de reverter o quadro eleitoral de BH;
DESEJO de que essa hipótese seja confirmada, caracterizando
uma ausência de autonomia na estratégia do PT;
EUe EUe [ES] desqualifica a capacidade de Lula transferir votos, mas
checa essa afirmação junto ao concorrente.
TUd → EUe EUe [ML] Admite a transferência dentro de limites, mas antes
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ironiza a estratégia do PT de se valer da presença constante do
Lula na campanha.
TUi → EUe (a ser avaliado mais à frente)
O ato de linguagem é estabelecido de forma que a pergunta em questão é
precedida por um comentário “[...] o PT está apostando tudo nessa visita sexta-
feira.”, cuja força ilocucional é P:assertivo, M:afirmação, sucedida por uma sentença
diretiva que solicita a opinião do candidato, “[...] O senhor não enxerga aqui em
Minas esse poder do ex-presidente Lula?”. A resposta do candidato é marcada pela
expressão “eu temo” que representa o estado mental do atual prefeito. O locutor
apresenta uma crítica em relação à estratégia assumida pelo candidato concorrente
“eu temo as pessoas acharem [que] o Lula é candidato a prefeito, que o Lula é o
meu adversário... de tanto que ele aparece na televisão...”. Mas esse temor tem a
função de gerar um efeito perlocucional de ironia – acharem que Lula é candidato a
prefeito.
Após a resposta do candidato, o outro jornalista sugere que assim como
Patrus é dependente de Lula, Lacerda também é dependente de Aécio. Observe os
enunciados abaixo:
Exemplo 21 (SML, Bloco 3, E128): JOSIAS DE SOUZA/BLOGUEIRO DO UOL: Em contrapartida, às vezes, eu tenho essa impressão de que o Aécio é candidato a prefeito da sua chapa, de tanto que ele aparece também.
(E129): PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: Ele
ainda não apareceu me dando a mão, não é? Me carregando nos
braços, pelo menos isso ele não apareceu. Então.
Neste exemplo, vemos que o direcionamento argumentativo, marcado pela
expressão “em contrapartida”, tem um valor compensatório dentro da sentença e
quando combinado com a expressão “às vezes, eu tenho essa impressão de que
Aécio é candidato a prefeito” confronta a resposta do candidato com o enunciado
126. Assim, é possível afirmar que o jornalista acusa Lacerda de utilizar a mesma
estratégia que condena, questionando assim sua credibilidade.
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O candidato percebe essa ‘indireta’ e assevera de forma irônica “Ele ainda
não apareceu me dando a mão, não é?”. Ou seja, o enunciador assume a
participação de Aécio em sua candidatura, porém relativiza dizendo que ainda não
chegou ao extremo do adversário político dar a mão e carregá-lo nos braços.
Todavia, atestar isso é dar um tiro no pé, pois o que o candidato faz é assumir sua
“Aéciodependência”, não descartando a possibilidade de fazer o mesmo que o
adversário.
2.1.6 Tema 3: Mensalão – candidato Patrus Ananias
Vejamos, por fim, a análise da pergunta do jornalista x resposta do candidato
relacionada ao terceiro e último tema, Mensalão, direcionada a Patrus Ananias.
Exemplo 22 (SPA, Bloco 3, E178): EDUARDO SCOLESE/COORDENADOR AGÊNCIA FOLHA: Olá. De volta com a sabatina Folha UOL, direto de Belo Horizonte, com o candidato do PT à Prefeitura Patrus Ananias. Candidato, o senhor tem acompanhado o julgamento do mensalão? Qual o opinião do senhor? Como o desenrolar da votação dos ministros pode prejudicar ou ajudar, de acordo com o resultado, claro, os candidatos do PT pelo país? (E179): PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Ô, Eduardo, antes de responder a sua pergunta, eu quero, em nome da verdade, fazer um esclarecimento. Eu fui aqui orientado pela minha assessoria que realmente a questão dos restaurantes populares foi sempre nessa linha do financiamento do Governo Federal para a construção dos prédios e a compra dos equipamentos, mas que no caso específico do Restaurante Popular do Barreiro houve uma parceria maior de tal maneira que a Prefeitura de Belo Horizonte entrou com o valor correspondente a R$ 7 milhões na construção. Então eu queria fazer esse registro pra não ficar nenhuma dúvida pendente. E com relação ao restaurante do Barreiro houve efetivamente uma participação expressiva da Prefeitura de Belo Horizonte.
Podemos caracterizar essa interação inicial a partir dos seguintes elementos:
EUc CRENÇA de que o julgamento do mensalão poderá afetar a
votação dos candidatos do PT;
DESEJO de que essa hipótese seja avaliada pelo PT como lhe
sendo favorável ou desfavorável.
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EUe EUe [ES] projeta uma possível interferência dos resultados do
julgamento do mensalão na eleição dos candidatos do PT.
TUd → EUe EUe [PA] Retifica uma informação sobre a participação da
Prefeitura de BH na construção de restaurantes populares [E179] e
retoma a questão do sabatinador [181] se abstendo de uma
avaliação das repercussões do mensalão sobre as eleições, mas
esperando um julgamento dentro dos cânones da lei.
TUi → EUe (a ser avaliado mais à frente)
A pergunta torna-se curiosa pelos efeitos que ela propicia, o bloco enunciativo
coloca em cena três questões: i) acompanhamento do julgamento; ii) opinião em
relação ao fato e iii) avaliação de prejuízos e ganhos. Os atos ilocucionais diretivos,
modo pergunta, solicitam como resposta um posicionamento do alocutário frente ao
tema polêmico do Mensalão. No entanto, o que se percebe é que o candidato não
responde à pergunta, mas sim esclarece uma informação dada no bloco anterior.
Isso poderia ser interpretado como uma fuga à temática da pergunta? Talvez pelo
fato de o candidato dizer ‘antes de responder’, não seja uma fuga, pois aponta
indiretamente para um reconhecimento da necessidade de se responder a essa
pergunta: “Ô, Eduardo, antes de responder a sua pergunta, eu quero, em nome da
verdade, fazer um esclarecimento.”. Todavia, após fazer o esclarecimento, o
candidato (PA) não volta à temática da pergunta inicial. Observe que o jornalista
retoma a interpelação sobre o Mensalão em nova pergunta:
Exemplo 23 (SPA, Bloco 3, E180): EDUARDO SCOLESE/COORDENADOR AGÊNCIA FOLHA: Está esclarecido. Então retomando a pergunta sobre o julgamento do mensalão. O senhor acha que o resultado, o andamento da votação dos ministros pode prejudicar ou, enfim, ou até ajudar, dependendo da votação, as candidaturas do PT pelo país?
(E181): PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Eduardo, eu sou advogado, sou professor de Direito e aprendi que pra nós falarmos sobre um processo é necessário que tenhamos o conhecimento desse processo, não é, as razões de um lado e as razões do outro. Eu não estou acompanhando, a não ser pela imprensa. Mas não estou acompanhando nos detalhes dentro do processo esse julgamento. A minha expectativa, como cidadão, como advogado, pessoa comprometida com a ordem jurídica e com o estado democrático de direito é que se faça um julgamento limpo,
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transparente, rigorosamente jurídico e atento àquilo que está dentro do processo e dos autos.
Em sua resposta, Patrus, novamente, não responde, de forma direta, à
pergunta, ainda que se submetendo ao tema. Assim, enquanto o jornalista indaga
sobre os efeitos do mensalão, o candidato destaca o seu processo: o comentário é,
pois, uma forma de resposta indireta à questão, mas não aquela pretendida pelo
jornalista. Logo, utilizando um argumento de autoridade “[...] eu sou advogado, sou
professor de Direito...”, ele tangencia sua condição de candidato em relação a esse
tema e apela para seu estatuto de cidadão comum:
[...] Eu não estou acompanhando, a não ser pela imprensa. Mas não estou acompanhando nos detalhes dentro do processo esse julgamento. A minha expectativa, como cidadão, como advogado, pessoa comprometida com a ordem jurídica e com o estado democrático de direito é que se faça um julgamento limpo, transparente, rigorosamente jurídico e atento àquilo que está dentro do processo e dos autos.
Desse modo, não sabemos até que ponto o auditório reconhece no teor de
sua resposta a sinceridade do locutor, mesmo considerando a tentativa de projeção
de um ethos, levando em consideração sua formação acadêmica e posição política
como ministro dentro das bases do governo; o auditório provavelmente duvidará do
seu distanciamento do fato. Apesar do sabatinado enfatizar suas expectativas: “[...] é
que se faça um julgamento limpo, transparente, rigorosamente jurídico e atento
àquilo que está dentro do processo e dos autos” que buscam construir um ethos
virtuoso e justo, a instância inquiridora retoma novamente este tema, apresentando
agora a mesma prática realizada em Minas por um político tucano, Eduardo
Azeredo.
Exemplo 24 (SPA, Bloco 3, E220): VERA MAGALHÃES/EDITORA PAINEL FOLHA: Ministro, o senhor... o Scolese citou aqui o mensalão que tá em julgamento no STF, mas também no STF deve ser julgado no ano que vem ou até em 2014 o chamado Mensalão Mineiro, que tem como protagonista o ex-governador Eduardo Azeredo que o senhor citou aqui agora a pouco. O senhor pretende usar isso na campanha e cobrar que haja uma... um tratamento isonômico, equânime a esses dois escândalos ou o senhor não pretende trazer isso à base?
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(E221): PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Mesma posição jurídica, Vera, que eu mencionei. Mesma posição. Advogado, espero o julgamento limpo em todos os casos, julgamento jurídico com base nos autos, com todo o critério. Jamais farei qualquer utilização disso. No que depender de mim será uma campanha absolutamente ética, no mais absoluto respeito à população de Belo Horizonte. Eu sou candidato a prefeito de Belo Horizonte por conta de Belo Horizonte. Eu quero discutir o futuro de Belo Horizonte. Os desafios que a cidade enfrenta hoje. Eu quero pensar a Belo Horizonte para gerações futuras; Eu quero pensar a Belo Horizonte dos meus netos e dos netos dos meus netos; Eu quero pensar a Belo Horizonte com essa vocação cultural esplêndida que a cidade tem. Colocar cada vez mais Belo Horizonte no circuito nacional e internacional. É isso que me motiva.
O direcionamento argumentativo da pergunta da jornalista em relação ao
contexto político do momento busca flagrar a coerência da resposta de Patrus ao
questionamento de Scolese, averiguando o grau de sinceridade de seu
posicionamento em relação às acusações realizadas ao partido adversário que
coloca Eduardo Azeredo como protagonista do Mensalão Mineiro. O candidato,
assim como na resposta anterior, evita fazer comentários avaliativos sobre efeitos do
julgamento, mesmo se tratando de um processo contra adversários e, por isso,
prefere não fazer juízos de valor, mas sim construir um ethos de homem ponderado
e justo:
[...] Mesma posição. Advogado, espero o julgamento limpo em todos
os casos, julgamento jurídico com base nos autos, com todo o critério.
Jamais farei qualquer utilização disso. No que depender de mim será
uma campanha absolutamente ética, no mais absoluto respeito à
população de Belo Horizonte.
Em sequência à sua resposta, o sabatinado, a partir de um discurso de
campanha eleitoral, enfatiza seu compromisso com a cidade, estabelecendo um
discurso de valorização ético-moral, como se vê:
[...] Eu sou candidato a prefeito de Belo Horizonte por conta de Belo
Horizonte. Eu quero discutir o futuro de Belo Horizonte. Os desafios
91
que a cidade enfrenta hoje. Eu quero pensar a Belo Horizonte para
gerações futuras; Eu quero pensar a Belo Horizonte dos meus netos
e dos netos dos meus netos; Eu quero pensar a Belo Horizonte com
essa vocação cultural esplêndida que a cidade tem. Colocar cada
vez mais Belo Horizonte no circuito nacional e internacional. É isso
que me motiva.
O jornalista compreende o discurso do Patrus como superficial e evasivo,
deixando clara sua desconfiança em relação às condições de sinceridade do
alocutário:
Exemplo 25 (SPA, Bloco 3, E224): JOSIAS DE SOUZA/BLOGUEIRO DO UOL: Ministro, a sua formação de advogado, pelo que vejo, o impede de fazer comentários de natureza jurídica sobre o julgamento do mensalão, mas tem aqui uma pergunta da internauta Maria Aparecida Vieira que, por mais comezinha, talvez lhe permita fazer algum comentário. Ela pergunta simplesmente se o senhor acha que o mensalão existiu. Porque o PT, às vezes, diz que é uma lenda, não é, que não houve nada e tal. Ela pergunta se o senhor acha que o mensalão existiu.
A introdução da pergunta “Ministro, a sua formação de advogado, pelo que
vejo, o impede de fazer comentários de natureza jurídica sobre o julgamento do
mensalão” aponta, com um teor de ironia, para a compreensão do direcionamento
responsivo do candidato, porém, como forma de polemizar o assunto e retomar a
pergunta, propõe ao sabatinado que responda à pergunta enviada por uma
internauta, modalizando o valor da pergunta como “comezinha”, isto é, “mais
simples” do que a que ele propôs anteriormente e também o ato de “responder a”,
por “comentar”.
Exemplo 26 (SPA, Bloco 3, E225): PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Eu não vi, não participei de nada. Absolutamente nada. Está havendo o julgamento no Supremo Tribunal Federal. Vamos aguardar a decisão da mais alta corte do país na expectativa cívica, cidadã de que seja um julgamento à altura das melhores tradições do Supremo Tribunal Federal.
Patrus é enfático em afirmar que desconhece o fato: “Eu não vi, não participei
de nada. Absolutamente nada.”. A relação entre pergunta e resposta é parcialmente
92
simétrica, pois a resposta do candidato não contempla satisfatoriamente a questão
solicitada: “[...]Ela pergunta se o senhor acha que o mensalão existiu.”, todavia
focaliza o seu desconhecimento e sua não-participação no processo.
A seguir, os jornalistas sugerem ironicamente uma certa ingenuidade do
candidato, duvidando reiteradamente do seu desconhecimento sobre o Mensalão.
Esse recurso demonstra um forte direcionamento crítico à posição assumida
discursivamente pelo candidato. Veja a sequência da interação pergunta e resposta
a seguir:
Exemplo 27 (SPA, Bloco 3, E226): JOSIAS DE SOUZA/BLOGUEIRO DO UOL: Ministro, o senhor passou um tempo em Brasília, o senhor não viu nada por lá? (E227): PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Não. (E228):JOSIAS DE SOUZA/BLOGUEIRO DO UOL: Sério mesmo? (E229):PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Eu fiquei um ano como deputado federal e na Câmara dos Deputados dedicando... Depois... (E230):JOSIAS DE SOUZA/BLOGUEIRO DO UOL: Ministro, mas francamente, falando francamente. Tudo que foi noticiado, os pagamento que foram feitos, há toda uma discussão. Alguns dizem, “Ah, não houve compra de voto.”. Agora, dizer que não viu nada é demais, não, ministro? (E231):PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Mais do que isso. Não vi e não ouvi.
O efeito perlocucional de deboche decorrente das perguntas visa a denegrir o
ethos ingênuo projetado por Patrus, ou seja, a pergunta tem a função de
atestar/apontar a desconfiança sobre as condições de sinceridade da resposta do
candidato. O que está em questão é que o jornalista enfatiza demasiadamente sua
descrença do desconhecimento de Patrus:
i) “Ministro, o senhor passou um tempo em Brasília, o senhor não viu
nada por lá?”
ii) “Sério mesmo?”
iii) “Ministro, mas francamente, falando francamente. Tudo que foi
noticiado, os pagamento que foram feitos, há toda uma discussão.”
93
iv) “Agora, dizer que não viu nada é demais, não, ministro?”
O candidato não compactua com tal afirmação e posiciona-se abertamente
contrário a essas proposições e ainda levanta um argumento para fundamentar essa
divergência, “Eu fiquei um ano como deputado federal e na Câmara dos Deputados
dedicando...”, mas seu argumento final é categórico “Mais do que isso. Não vi e não
ouvi.” O que se percebe nestas perguntas encaixadas é que ambos vão discordar
dos argumentos levantados, tanto o entrevistador quanto o sabatinado; o ponto
diretivo, modo pergunta, também terá um valor assertivo de acusação e efeito
perlocucional de deboche e provocação.
Resumindo, em relação a esse tema, é possível ver o confronto de dois
interdiscursos. Trata-se, por um lado: i) de um discurso que procura imputar
acusações ao PT sobre a compra de votos e desvio de verbas públicas, diretamente
materializadas pelas perguntas do jornalista; ii) de um discurso que refuta a
participação do PT no desvio de verbas públicas e de corrupção, materializada nas
respostas indiretas do candidato. Daí a insistência do jornalista neste tópico por
respostas diretas às provocações que foram feitas.
2.1.7 Tema 3: Mensalão – candidato Márcio Lacerda
Para efeito de contraste, vejamos agora a análise da pergunta do jornalista x
resposta do candidato Márcio Lacerda relacionada ao mesmo tema: Mensalão.
Exemplo 28 (SML, Bloco 3, E153): EDUARDO SCOLESE/COORDENADOR AGÊNCIA FOLHA: Prefeito, mudando um pouco de assunto, o senhor tem acompanhado o julgamento do mensalão? Se de alguma forma pretende usá-lo na campanha para atacar o PT, por exemplo?
(E154):VERA MAGALHÃES/EDITORA PAINEL FOLHA: E o senhor chegou a ser mencionado no início da investigação da CPI dos Correios como tendo recebido dinheiro do grupo do Marcos Valério. Queria que o senhor aproveitasse para lembrar um pouco isso e como o senhor não chegou a ser [estar] entre os investigados finais.
(E155):PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: Bem, eu acho que um dos problemas da nossa democracia é a falta de, digamos, de julgamento, porque se um julgamento, qualquer que seja a infração ou crime, demora demais, a justiça não é feita. Então
94
você corre o risco de cometer a grande injustiça de não condenar os culpados e de não absolver os inocentes. Então como o país tem muito escândalo, às vezes, a imprensa, às vezes, exagera um pouco e até condena a pessoa sem provas em cima do movimento de opinião pública. Isso é muito injusto, é de fato muito injusto. Neste caso, como o julgamento já está indo na última instância, a justiça será feita condenando e absolvendo e nós teremos que respeitar qualquer que seja o resultado. É, no meu caso eu não fui nem indiciado, eu não fui... é... eu não fui denunciado. Então, realmente houve lá um grande equívoco naquele momento. Eu me apresentei à Polícia Federal espontaneamente três dias depois, dei todas as explicações, a CPI me desconvocou, inclusive. E a própria Folha de São Paulo um dos órgãos que, em 2006, noticiou, digamos, essa minha absolvição. Eu tenho muito documento sobre isso e eu fui até convidado a retornar ao Ministério da Integração, não aceitei naquele momento, preferia ficar em Belo Horizonte. Eu havia saído voluntariamente...
Podemos sintetizar as intervenções nesse momento enunciativo da sabatina da seguinte forma:
EUc CRENÇA de que o julgamento do mensalão pode ser usado contra
os candidatos do PT;
DESEJO de que essa hipótese seja avaliada/confirmada pelos
adversários do PT.
EUe EUe [ES] projeta o uso do mensalão por parte do adversários para
atacar o PT;
EUe (VM) solicita explicação do candidato de sua não inclusão no
processo da CPI dos Correios.
TUd → EUe EUe [ML] (a) comenta genericamente sobre o risco de uma justiça
lenta que não chega a julgamento e de uma pré-condenação da
imprensa; (b) justifica sua exclusão do processo da CPI dos
Correios.
TUi → EUe (a ser avaliado mais à frente)
O começo da pergunta tem a função de apresentar ao auditório uma relação
contrastiva. O locutor conjuga duas situações: i) O acompanhamento do julgamento
do Mensalão, e ii) A pretensão de uso do julgamento como estratégia política na
campanha para atacar o PT. Sendo também solicitado, por outro jornalista, ao
candidato o esclarecimento do seu suposto envolvimento na investigação da CPI
95
dos correios, em que foi absolvido: “Queria que o senhor aproveitasse para lembrar
um pouco isso e como o senhor não chegou a ser entre os investigados finais”.
Uma grande parte da resposta acima é construída no ponto assertivo, modo
avaliação. Conforme podemos observar, o locutor argumenta que não há uma única
forma de ver um determinado objeto e que, no caso das acusações do Mensalão,
caberia às instâncias competentes julgar: “[...]Neste caso, como o julgamento já está
indo na última instância, a justiça será feita condenando e absolvendo e nós teremos
que respeitar qualquer que seja o resultado.”
Já em relação ao uso ou não desse conteúdo na campanha, não fica clara
essa informação na resposta. Por último, em relação ao comentário da jornalista
sobre o suposto envolvimento de Lacerda na CPI dos Correios, o candidato diz
possuir fontes documentais que asseveram sua inocência, utilizando o prestígio
conferido pela própria instância midiática, a Folha de São Paulo, ao noticiar sua
suposta “absolvição”:
[...] E a própria Folha de São Paulo um dos órgãos que, em 2006,
noticiou, digamos, essa minha absolvição. Eu tenho muito
documento sobre isso e eu fui até convidado a retornar ao Ministério
da Integração, não aceitei naquele momento, preferia ficar em Belo
Horizonte. Eu havia saído voluntariamente...”
Enfim, na relação pergunta do jornalista x resposta do candidato, foi possível
perceber diferentes estratégias discursivo-enunciativas que buscavam ora esclarecer
questões, ora polemizá-las, sendo que, geralmente, nas respostas dos candidatos,
observou-se uma ênfase em se construir um ethos virtuoso, competente, honesto,
confiável e íntegro, entre outros. No entanto, também foi possível perceber que nem
sempre tal estratégia retórica foi bem sucedida, visto que efeitos patêmicos, na
dimensão alocutiva, como demagogia, despreparo, descrédito, desconfiança,
ingenuidade e etc, provavelmente, emergiram com as respostas dos candidatos.
96
2.2 Pergunta do internauta mediada pelo jornalista como projeção do ethos
do candidato
Neste momento, apresentaremos a análise de algumas perguntas de
internautas (mediadas pelos jornalistas) direcionadas a Lacerda e a Patrus com o
objetivo de verificar o posicionamento do internauta em relação ao candidato e ao
seu projeto de governo. Nosso objetivo é analisar as perguntas dos internautas
direcionadas aos candidatos agenciadas pelos jornalistas na sabatina. Faremos
alguns apontamentos relativos à ação e a intencionalidade dessas perguntas,
buscando refletir como esse ato diretivo projeta o ethos dos candidatos.
Para melhor estruturar a inserção dos internautas na sabatina, recuperamos
aqui o quadro que formulamos anteriormente, lembrando que nesse jogo enunciativo
da sabatina, o TUi da cena global assume aqui o papel enunciativo de EUc, mas que
mantém certa identidade com o EUe idealizado, conforme o esquema seguinte:
Quadro 21: Cena enunciativa da sabatina - projeto de fala dos internautas
EUc [afeições
político-
ideológicas do
internauta]
CRENÇA de que a ideologia do partido de sua preferência é a
mais adequada;
DESEJO de que o candidato de seu partido prevaleça sobre os
adversários;
TUi → EUe Problematizar/contestar conteúdos e fatos relatados pelo
candidato sem afinidade com seu perfil partidário;
Elogiar/apoiar conteúdos e fatos relatados pelo candidato com
afinidade com o seu perfil partidário.
TUd → EUe Discorre sobre opiniões de outros internautas, podendo
posicionar-se contra ou a favor.
TUi Acompanha o processo enunciativo da cena, sem, entretanto,
interferir.
97
2.2.1 Pergunta do internauta editada pelo jornalista e direcionada a Márcio
Lacerda
Vejamos o primeiro exemplo:
Exemplo 29 (Bloco 1, SML, E3): EDUARDO SCOLESE/COORDENADOR AGÊNCIA FOLHA: E, para entrevistá-lo, Josias de Souza, colunista do UOL; Paulo Peixoto, correspondente da Folha em Belo Horizonte e Vera Magalhães, editora da coluna Painel da Folha. Essa sabatina está sendo transmitida ao vivo pelo Portal UOL e pelo site da Folha. Você que está em casa, pode fazer perguntas através do Twitter, usando a hashtag: sabatinafolhauol e também pelo Facebook na página do UOL Notícias e quem está na plateia também faça sua pergunta por escrito, nossa equipe de apoio está aqui também para recolher as perguntas. Vamos conhecer agora um pouquinho mais da biografia do candidato.
As condições enunciativas desse tipo de proferimento, grosso modo, já foram
trabalhadas ao longo dessa dissertação, porém teceremos alguns comentários
analíticos referentes à relação pergunta do internauta X resposta do candidato. Esse
evento discursivo apresenta a possibilidade de participação de outros interlocutores
(plateia e/ou internautas) enviando comentários e/ou perguntas aos candidatos
sabatinados. Todavia, os comentários e/ou perguntas são selecionados de acordo
com a relevância do tema e/ou recorrência da pergunta dentro das redes sociais. É
interessante ressaltar que os comentários e/ou perguntas selecionadas, apesar de
serem de sujeitos empíricos “diferentes”, representam um todo coletivo que é de
certa forma “cúmplice” da instância midiática, ambos exercendo o papel de
enunciador. Vejamos o seguinte exemplo:
Exemplo 30 (SML, Bloco 1, E46): VERA MAGALHÃES/EDITORA DO PAINEL DA FOLHA: Prefeito? Desculpa. Aqui no Twitter chegam várias perguntas sobre a administração. Uma das mais recorrentes, feita pela Maria Inês e outros internautas, diz respeito a obras paradas, notadamente metrô e a Pampulha, obras que se eternizam, que não terminam nunca. Ela chega a dizer aqui: “Desde criança ouço falar dessas obras, será que um dia eu vou chegar a vê-las concluídas?”. Está devagar o ritmo dessas obras, como é que está isso?
98
(E47): PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: Os últimos investimentos no metrô de Belo Horizonte foram durante o Governo Patrus, feitas pelo Governo Fernando Henrique e pelo Governo do Itamar, de fato. Então são 20 anos aí sem obras no metrô. Nesse momento, todo o planejamento de obras do metrô, da licitação, está em pleno andamento, Prefeitura, Governo do Estado e Governo Federal conversando de forma muito organizada, muito técnica, em alto nível, para que as obras possam começar, no máximo, no 2º semestre do próximo ano. Obras mesmo, com licitação de parceria público-privada feita. Nesse momento nós já contratamos, com recursos próprios, nós, e o Estado, o início das sondagens e a topografia que começam... Sondagens geotécnicas começam agora no início de setembro. E já devemos ter os primeiros recursos liberados pelo Governo Federal até o final de novembro pra financiar toda essa preparação do grande edital que nós queremos lançar até meados do próximo ano.
Observe o esquema:
EUc [afeição
político-ideológica
contra o Prefeito]
CRENÇA de que a administração do candidato à reeleição é
desastrosa por não concluir obras iniciadas nem propor
novas;
DESEJO de que o seu candidato se posicione diante dessa
constatação e aponte alguma solução.
EUe EUe [MI → VM] problematiza a administração do atual
prefeito por não dar continuidade a obras prometidas e outras
já iniciadas.
TUd → EUe EUe (ML) justifica o fato de a última liberação de verbas para
o metrô ter ocorrido a 20 anos atrás; destaca que está em
curso a ampliação da rede e que obras de sondagem do solo
já foram realizadas.
TUi Outros internautas acompanhando a sabatina.
O tópico negativo relativo à administração pública do candidato Lacerda,
obras paradas, é classificada pela jornalista como sendo “uma das mais recorrentes”
na participação dos internautas, atribuindo o interesse e autoria desse
questionamento à “Maria Inês e outros internautas”. É evidente que esse tema
representa uma pauta importante para a campanha municipal, visto que a questão
99
do transporte público é de suma importância para a cidade. A instância enunciativa
reporta a fala da internauta que ao enfatizar o descaso das instâncias políticas e
suas promessas demagógicas: “Ela chega a dizer aqui: ‘Desde criança ouço falar
dessas obras, será que um dia eu vou chegar a vê-las concluídas?’”, apresenta um
estado mental de descrença nas promessas de ampliação do metrô. O descrédito é
reforçado por outros elementos discursivos, como exemplo a modalização e
avaliação desses objetos discursivos – obras paradas, metrô e Pampulha –
“notadamente... obras que eternizam, que não terminam nunca”. Os comentários e
questionamentos dos internautas, sustentam o pedido de informação da jornalista
“Está devagar o ritmo dessas obras, como é que está isso?”. Vejamos bem que o
ethos intencionado pela instância enunciativa, por assim dizer, é de um cidadão que
não acredita na sinceridade das instâncias políticas “desde criança ouço falar dessas
obras, será que um dia eu vou chegar a vê-las concluídas?”. Em sua contra parte,
obtemos a resposta do candidato Lacerda.
O candidato reconhece que o principal investimento no setor ligado ao
transporte público ferroviário em Belo Horizonte foi durante a gestão-administrativa
de Patrus, seu adversário político, no entanto, também enfatiza o papel de Fernando
Henrique e Itamar Franco. Ele assume que durante esses 20 anos nenhuma obra
ligada ao metrô foi realizada. Porém, também assume o comprometimento da
prefeitura em realizar obras que contemplem essa esfera do transporte público.
Vemos que o ethos intencionado recai sobre atos assertivos afirmativos
“nesse momento... está em pleno andamento... já contratamos” reforçados por
elementos adverbiais temporais – “nesse momento... já...” – que apontam para
ações já empreendidas pelo orador; e atos comissivos “sondagens geotécnicas
começam agora...; nós queremos lançar até...” representando promessas e desejos
do candidato; e também atos assertivos preditivos “para que as obras possam
começar... e já devemos ter os primeiros recursos...” que representam expectativas
do orador, mas que dependem de outras variáveis. Tais atos constroem a imagem
de um gestor público que tem conhecimento da necessidade da população e que já
tomou as medidas para sanar esse problema. Desse modo, o sujeito que enuncia –
no caso, o político – deve, portanto, tentar responder à seguinte questão: como fazer
para ser aceito pelo auditório que desacredita da sinceridade da instância política?
Para isso, ele deve fabricar uma imagem que corresponda às qualidades almejadas
100
a fim de agir sobre o auditório, isto é, daquele que é sensível à necessidade do
auditório, daquele que é competente para saná-las, daquele que almeja saná-las,
etc.
A importância atribuída ao auditório acarreta naturalmente a insistência no
conjunto de valores, de evidências, de crenças, fora dos quais, todo o proferimento
se revelaria impossível. Acreditamos que seja mediante a atualização dessas
crenças e desejos que o orador tenta fazer com que seu interlocutor partilhe seus
pontos de vista ou por eles seja confrontado. Vejamos o próximo exemplo:
Exemplo 31 (SML, Bloco 1, E48): JOSIAS DE SOUZA/BLOGUEIRO DO UOL: Vou aproveitar, nessa mesma linha, prefeito, tem algumas perguntas que chegam pela Internet, dois assuntos são recorrentes aqui. Eu vou resumi-los personificando as perguntas em duas pessoas aqui. Marcelo Moreira fala que são muito ruins... a qualidade é muito ruim, do transporte coletivo em Belo Horizonte, horários ruins, ônibus muito ruins, muito cheios, pergunta se não é possível exigir uma qualidade mais... Exigir dos concessionários mais qualidade nesse serviço. E outro tema recorrente, resumindo aqui numa pergunta da Maria, “Por que é que seu filho, o Tiago Lacerda, foi indicado como gestor do Comitê Executivo da Copa”. Eu imagino que o senhor já tenha dito alguma coisa sobre isso, mas como há perguntas aqui eu faço a liberdade de encaminhar. (E49): PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: Bem, sobre o transporte coletivo, a Prefeitura tem um Contrato de Concessão onde existem indicadores de qualidade. E nós temos aplicado multas pesadas, eu diria que nesses três anos e meio, entre 10 e 15 milhões de reais foram aplicados de multas aos concessionários [...].
Podemos sintetizar as relações enunciativas desse momento da sabatina da
seguinte forma:
EUc [afeição
político-ideológica
contra o Prefeito]
CRENÇA de que a administração do candidato à reeleição é
desastrosa por não concluir obras iniciados nem propor
novas;
DESEJO de que o seu candidato se posicione diante dessa
constatação e aponte alguma solução.
EUe EUe [MM → JS] desqualifica o serviço de transporte público
101
em BH (ônibus), considerando o serviço muito precário
(horários inadequados, poucos ônibus, sempre lotados...).
EUe (Ma → JS) questiona a indicação do seu filho para
gestor do Comitê Executivo da Copa do Mundo.
TUd → EUe EUe (ML): i) justifica a má qualidade do transporte coletivo
dizendo que há uma dificuldade de trânsito causada pelo
aumento da frota de veículos e falta de melhoria/ampliação
das vias.
ii) mais à frente justifica a indicação do seu filho com o
argumento de que seu trabalho como estagiário no comitê
gestor da Copa foi muito bem avaliado.
TUi Outros internautas acompanhando a sabatina.
O ethos, nesse caso, pretendido pela pergunta é um reflexo de uma
orientação discursiva do internauta/jornalista de confrontar e/ou polemizar um
universo de crenças estabelecido ligado ao atual prefeito: o péssimo estado do
transporte público em Belo Horizonte.
Desse modo, as questões dos internautas, editadas pelo jornalista, agenciam
primeiro um desejo de esclarecimento de dois assuntos que são bastante solicitados
pelos internautas; segundo, a questão de Marcelo Moreira apresenta uma crítica à
qualidade do transporte coletivo e, de certo modo, acusa o prefeito de negligenciar e
não cobrar das instâncias responsáveis (concessionários) medidas que melhorem
essa área; e por último, exige uma postura clara do prefeito visto ser ele uma
autoridade supostamente capaz de intervir nessa questão. O outro internauta (Maria)
apresenta um questionamento referente à escolha do filho do candidato para
ocupação de um importante cargo do Comitê da Copa.
Em contrapartida, o candidato afirma que sua administração toma as
precauções cabíveis, sendo que a aplicação de multas parece representar a
principal medida tomada pelo governo municipal. Desse modo, a resposta do
candidato sugere a crença na realização parcialmente satisfatória dos anseios da
população. O esclarecimento do candidato não nega as dificuldades enfrentadas no
transporte público, pelo contrário, ele apresenta dados que sustentam a opinião do
internauta, como em: “[...] Bem, 13% a 14% das viagens têm superlotação” e “Com
102
relação a horários, mais ou menos, 2% das viagens, digamos, estouram o atraso
aceitável...”; todavia enfatiza, como contra-argumento, as ações tomadas por seu
governo para saná-las, como também seus desejos e previsões de governo, a ser
verificado no seguinte trecho:
“Está em andamento... um sistema eletrônico onde todos os ônibus serão monitorados à distância, através de uma central de operação, com painéis de aviso nos pontos” [...] O BRT nós terminamos 22 km até o final do próximo ano, vamos transportar 750 mil passageiros/dia, em muito melhores condições de conforto, segurança e velocidade. Ônibus até 160 passageiros. E o metrô nós esperamos em quatro a cinco anos concluir toda a expansão e modernização da linha existente, que vai transportar 850 mil passageiros. (E51 – Bloco 1 – SML)
Assim, o candidato à reeleição, de certa forma, refuta a acusação de
negligenciar e não cobrar das instâncias responsáveis (concessionários) medidas
que melhorem esse setor e, consequentemente, apresenta dados que financiam sua
competência e apontam para seus desejos e previsões de melhoria do transporte
público.
Já em relação ao questionamento sobre a escolha do filho como gestor do
comitê executivo da Copa, o jornalista justifica que a escolha desse tema não tem
um “interesse” específico, que apenas a encaminha, visto se tratar de uma instância
imparcial. A pergunta do internauta sugere uma prática nepotista do candidato ML,
supostamente, devido ao favorecimento de parentes em detrimento de pessoas mais
qualificadas, especialmente no que diz respeito à nomeação ou promoção de
cargos. O candidato esclarece o fato:
PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: Meu filho Tiago, ele começou a trabalhar como voluntário na Prefeitura de acordo com a Lei Federal, você assina um contrato de voluntário, numa área de comunicação dentro do comitê gestor de Copa. E ele fez um trabalho muito bom, durante muitos meses, e a própria equipe meio que o levou para essa posição de líder. E o trabalho dele foi muito elogiado em todo o país, porque as cidades-sede faziam reuniões, recebia elogios deles, do ministério dos esportes, da FIFA, do pessoal do COI, de todas as cidades, ele fez um belíssimo trabalho de organização aqui em Belo Horizonte. Tanto que Belo Horizonte sempre foi muito elogiada em todos os relatórios, tanto do Governo Federal quanto do comitê organizador. Quando o Ministério Público
103
entrou com a ação ele preferiu, logo depois da definição do calendário da Copa, ele decidiu se afastar. (E54 – Bloco 1 – SML)
Em sua resposta, o candidato enfatiza que a posição assumida pelo filho no
comitê foi a de voluntário, isto é, sem fins lucrativos. Porém, devido aos atributos
gerenciais de TL, na visão de Márcio Lacerda, “E ele fez um trabalho muito bom... E
o trabalho dele foi muito elogiado... ele fez um belíssimo trabalho de organização
[...]”, possibilitou a TL ocupar um cargo de destaque no comitê. Entretanto, devido à
intervenção do Ministério Público, o candidato afirma que seu filho decidiu se afastar.
Podemos observar através da pergunta E48, feita pelo internauta e editada
pelo jornalista Josias de Souza, duas orientações:
I. A pergunta do jornalista (JS) agencia primeiro um desejo de esclarecimento
de dois assuntos que, ao seu ver, são muito solicitados pelos internautas;
segundo, a partir da pergunta do internauta Marcelo Moreira, apresenta uma
crítica à qualidade do transporte coletivo e, de certo modo, acusa o prefeito de
negligenciar e não cobrar das instâncias responsáveis (concessionários)
medidas que melhorem essa área; e por último, exige uma postura clara do
prefeito visto que ele é uma autoridade supostamente capaz de intervir nessa
questão.
II. O jornalista (JS) apresenta o questionamento da internauta Maria, referente à
escolha do filho do candidato para ocupação de um importante cargo do
Comitê da Copa. O jornalista justifica que a escolha desses temas não têm
um “interesse” específico, que apenas as encaminha, visto se tratar de uma
instância imparcial.
Assim, ao selecionar determinados temas (transporte público e comitê da
Copa) a partir de sua coenunciação com os internautas, o sabatinador pretende uma
certa confrontação baseada em fatos polêmicos, para além dos sentimentos
agregadores, satisfatórios e/ou bem intencionados tematizados pelos candidatos em
campanha eleitoral. Assim a tematização das “impressões” dos internautas, sempre
polêmicos, são editados pelo jornalista, geralmente, buscando provocar o
sabatinado.
104
Por isso, ao orquestrar a fala dos internautas, a instância midiática é guiada
por seus próprios interesses, porém, tal interesse é delegado como sendo do
internauta. Poderemos verificar isso abaixo a partir da pergunta e comentário do
jornalista Paulo Peixoto:
Exemplo 32 (SML, Bloco 1, E57)25: PAULO PEIXOTO/REPÓRTER FOLHA (BH): Prefeito, o senhor acha que é bastante legítimo a descrença da população de Belo Horizonte em relação a essas promessas? Porque isso não é exclusivo da eleição do senhor, aconteceu em 2008, aconteceu em 2010 para Governo do Estado, aconteceu em 2006, aconteceu em 2004, e assim vem desde quando o metrô foi construído, todos prometem, mas sabendo que não depende deles, nem do prefeito e nem do governador, a liberação desses recursos, sempre depende do Governo Federal. Foi assim, a gente teve o PSDB na prefeitura, junto com o Governo Fernando Henrique, o dinheiro não veio. Tivemos presidente Lula, com o PT na prefeitura, também o dinheiro não veio. Não é legítimo a população desconfiar dos políticos que tocam no assunto metrô, enquanto essa obra não estiver sendo executada efetivamente?
O excerto acima mostra um posicionamento avaliativo do jornalista ao
apresentar os motivos da descrença da instância cidadã, eleitoral, em relação à
promessa de ampliação do metrô, visto que todos os mandatários municipais,
“desde quando o metrô foi construído”, prometem e não cumprem. O locutor
explicita, de modo enfático, os motivos da insatisfação do eleitorado frente a essas
promessas também feitas por Lacerda, deixando em relevo uma acusação de um
ethos demagógico do candidato e suscitando no eleitorado um efeito de descrença
e/ou indignação, possibilitando assim a realização de julgamentos negativos deste
último sobre o processo de governabilidade em Belo Horizonte.
O trecho “[...] Não é legítimo a população desconfiar dos políticos que tocam
no assunto metrô, enquanto essa obra não estiver sendo executada efetivamente?”
apresenta um ato diretivo que estabelece um vínculo afetivo com o auditório em
função de fatos constatados ao longo de várias campanhas municipais e estaduais
que sugerem a perversidade das instâncias políticas ao prometerem e não
cumprirem: “[...] aconteceu em 2008, aconteceu em 2010 para Governo do Estado,
aconteceu em 2006, aconteceu em 2004, e assim vem desde quando o metrô foi
25 É interessante observarmos que com base nesta pergunta/comentário, o jornalista projeta uma possível interpretação do ethos do candidato construído pelos eleitores como sendo demagógico. O tom que o jornalista assume parece “traduzir” a forma com que o eleitorado supostamente percebe as propostas do candidato.
105
construído”. Indiretamente, tal pergunta torna-se uma crítica à retomada da mesma
promessa em diversas campanhas municipais e estaduais por outros candidatos e
também por Lacerda, considerando que tal obra não tenha sido realizada até o
momento. Aliás, o candidato parece não ter demonstrado tal interesse em seu
mandato (2008-2012), por isso, pode ser interpretado como um artifício eleitoreiro na
busca de votos, sendo que até o momento nenhuma ação efetiva foi tomada rumo à
concretização de tal promessa.
2.2.2 Pergunta do internauta editada pelo jornalista e direcionada a Patrus
Ananias
Semelhantemente ao que foi observado na atualização da pergunta do
internauta em relação a Lacerda, a pergunta feita a Patrus também apresenta uma
intenção provocativa. Observe:
Exemplo 33 (SPA, Bloco 1, E23): JOSIAS DE SOUZA/BLOGUEIRO DO UOL: Nós estamos recebendo perguntas também de internautas, ministro, uma delas é da Juliana Duran, ela pergunta ao senhor, “Grande parte da sua lista de campanha – como ela menciona – limpar a Pampulha, aprimorar a escola, melhorando o salário de professores entre outras metas, nunca foram realizadas na sua gestão anterior na Prefeitura da Cidade”, ela pergunta se não eram, na ocasião, também essas prioridades relevantes. E eu acrescentaria a isso um pouco para fazer o papel de advogado do Diabo: pesquisa recente do Datafolha informa que o prefeito Márcio Lacerda é, entre os prefeitos das capitais, o mais bem avaliado. O senhor aqui faz críticas muito severas à administração dele e está nas pesquisas com metade das intenções de voto dele, o eleitor está errado nessas avaliações que faz? 26 (E24): PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Nós estamos em um processo eleitoral. Quando eu saí da Prefeitura de Belo Horizonte, quando nós concluímos o nosso mandato exitoso, eu tive a aprovação de mais de 80%, tanto que fiz o sucessor, depois de mim [...], então o nosso Governo foi um divisor de águas, nós fizemos importantes investimentos na Pampulha, não resolvemos definitivamente o problema, porque naquela época nós não tínhamos nenhum recurso do Governo Federal. Eu fui à Brasília [...]
26 Apesar deste tópico não ter o objetivo de analisar a pergunta do jornalista e sim a do internauta, o acréscimo do jornalista à pergunta do internauta é interessante visto que o representante da instância midiática assume uma postura explicitamente provocativa, corroborando para a avaliação negativa feita pelo internauta.
106
conversarmos com o presidente Fernando Henrique e ele prometeu que mandaria um recurso para nós resolvermos as obras da Pampulha e não conseguimos. Mesmo assim reduzimos muito a poluição nos córregos Ressaca, Sarandi que são afluentes à Pampulha, retiramos os aguapés, desenvolvemos um grande programa entorno da preservação da lagoa, fizemos uma revolução na Educação em Belo Horizonte. [...] Quando nós assumimos a Prefeitura de Belo Horizonte, Vera, só para lembrar, 50% das crianças eram reprovadas na 1ª série, iam praticamente pra rua. Nós tínhamos uma demanda de quase duas crianças por vaga. Nós construímos 14 novas escolas em Belo Horizonte, reformamos e ampliamos mais de 40 escolas, universalizamos, iniciamos a Escola Integrada, começamos a integrar as creches no processo de educação. Belo Horizonte foi a primeira cidade que municipalizou a Saúde. Implantamos o Orçamento Participativo e fizemos um governo que a Cidade já conhece.
Podemos sintetizar as relações enunciativas desse momento da sabatina da
seguinte forma:
EUc [afeição
político-ideológica
contra o Prefeito]
CRENÇA de que a administração do candidato Patrus
apresentou muitas falhas
DESEJO de que o candidato justifique promessas que não
cumpriu
EUe EUe [JD → JS] desqualifica as promessas do candidato sobre
limpeza da Pampulha, melhoria das escolas e aumento de
salário dos professores, que em suas gestão anterior foram
destacadas e não foram realizadas.
TUd → EUe EUe (PA) justifica a não realização das obras da Pampulha por falta de recursos do Governo Federal e apresenta como contra-argumentos outras obras que realizou em BH: redução da poluição nos córregos Ressaca, Sarandi; construção de 14 novas escolas em Belo Horizonte, reforma e ampliação de mais de 40 escolas, integração das creches no processo de educação, municipalização da Saúde e implantação do Orçamento Participativo.
TUi Outros internautas acompanhando a sabatina.
O jornalista, ao se apropriar da questão de Juliana Duran, formula a pergunta
compactuando com a crítica resultante do julgamento negativo da internauta que
aponta a incapacidade gerencial do candidato quando prefeito, já que não realizou
107
“grande parte de sua lista de campanha”. Essa apreciação negativa direciona a
inserção do comentário irônico do jornalista: “E eu acrescentaria a isso um pouco
para fazer o papel de advogado do Diabo”. Com base no contraste feito entre i)
avaliação negativa da internauta sobre a administração de Patrus e ii) a avaliação
positiva da DataFolha sobre a administração de Lacerda, a instância midiática
explicita a relação conflituosa entre aquele que pretende assumir o poder (Patrus) X
aquele que já está no poder (Lacerda), sendo que este último é bem avaliado.
Diante disso, a resposta do candidato PA busca a construção de um ethos
virtuoso, pois afirma que desempenhou um governo “exitoso” com mais de 80% de
aprovação ao final do mandato, alegando que sua administração foi um divisor de
águas. Assim, a posição discursiva assumida pelo sabatinado em sua resposta é a
de refutação da pergunta/crítica, em que podemos observar o relato de seu
engajamento na solução dos problemas e as adversidades enfrentadas em sua
gerência. Por isso, apresenta-se como um homem competente e engajado no
desenvolvimento da cidade.
Assim, apesar de parecer haver um interesse inicial de esclarecer as críticas
feitas a sua administração, ao explicitar suas ações ao longo de seu governo, PA
visa especificamente persuadir o interlocutor por meio do relato de suas ações. O
uso de elementos epidíticos (elogios) constroem uma imagem de competência,
seriedade e compromisso do candidato relacionadas às questões político-
administrativas da cidade. Isto é, ao refutar as críticas, PA almeja suscitar efeitos
patêmicos de engajamento e simpatia perante o auditório.
Não necessariamente, trata-se da tentativa do jornalista de construir uma
imagem positiva de Lacerda e uma negativa de Patrus, todavia, o locutor polemiza a
fala anterior de Patrus, confrontando sua crença de boa gestão com i) a avaliação
negativa da instância cidadã: “limpar a Pampulha, aprimorar a escola, melhorando o
salário de professores entre outras metas, nunca foram realizadas na sua gestão
anterior na Prefeitura da Cidade” e ii) da avaliação positiva da opinião pública em
relação a Lacerda: “pesquisa recente do Datafolha informa que o prefeito Márcio
Lacerda é, entre os prefeitos das capitais, o mais bem avaliado.”
Em síntese, se o objetivo do jornalista é provocar o candidato por meio da
crítica feita pela internauta, o objetivo do candidato será a de refutá-la e ainda
108
construir um ethos positivo visando a adesão do eleitorado a partir de seus
esclarecimentos.
O ethos tem, assim, grande influência na construção linguístico-enunciativa
interna do discurso; mas esta não é estritamente a única forma de construí-lo, visto
que a sua construção também é influenciada por aspectos
experienciais/psicossociais, no sentido que a experiência dos sujeitos, isto é, suas
crenças, valores, desejos (conhecimentos contextualizados), servem de articulação
entre o intra e o extradiscursivo para a produção/interpretação de um ethos.
2.3 A projeção do ethos do candidato a partir dos comentários dos
internautas
Para uma melhor compreensão e análise do funcionamento do evento,
referente à participação dos internautas do chat, apresentaremos a seguir
considerações gerais sobre o funcionamento dos comentários atualizados neste
espaço, nos dois dias de sabatina e, em seguida, estabeleceremos a análise de
alguns exemplos.
Para esta parte da análise, a escolha dos exemplos foi feita segundo a
orientação político-partidária assumida pelos internautas em seus comentários
dentro do chat.
Para uma melhor compreensão da análise que se segue, retomemos o
quadro enunciativo do chat.
109
Quadro 22: Quadro enunciativo do chat
Ato de Linguagem
Chat
EUc (Posição
ideológica de cada
participante)
EUe (internautas)
↓ Posição
Ideológica
TUd (internautas)
↓ Uol/
Integrantes da sabatina
TUi (Integrantes
da Sabatina e visitantes da
sala) Circuito Interno (dizer)
Circuito Externo (fazer)
(Fazer-crer/sentir)
Quadro adaptado de Charaudeau (2009, p. 77)
No chat dessa sabatina política, o sujeito comunicante (EUc) pode ser
representado por pessoas (cidadãos) que se posicionam ideologicamente sobre
questões referentes à administração pública de Belo Horizonte e se projetam como
enunciadores, avaliando/comentando positiva ou negativamente, sendo: i)
Comentários dos internautas avaliando os candidatos (Patrus Ananias/Márcio
Lacerda); ii) Comentários de internautas avaliando/comentando a fala de outros
internautas; iii) Avaliação/comentário sobre o desempenho da instância midiática que
gerencia o evento (Folha/Uol).
Os comentários dos internautas apresentados abaixo representam ações
avaliativas positivas ou negativas. Hipoteticamente, tais comentários foram
influenciados pela identificação que alguns deles pareceram assumir em relação a
posicionamentos político-ideológicos dos candidatos. Evidentemente, selecionamos
aqueles que melhor atendem a nossos interesses de estudo.
Para efeito de análise, apresentaremos alguns exemplos:
I. Comentários dos internautas avaliando os candidatos:
110
Patrus Ananias
Positiva:
BH_ fala para Todos: ... Patrus merece a chance de demonstrar novamente para o povo a ideia de que é possível administrar uma cidade do ponto de vista humano. Diferentemente das mesquinharias higienistas que acontecem na atual gestão. (E192 – BP – SPA)
Negativa: GOMIDE fala para claudia: Patrus é um cara carismático, mas perdeu
as eleições quando se aliou a nomes como: Newton Cardoso, Hélio Costa e Leonardo Quintão... Decepção!! (E11 – BP – SPA)
Márcio Lacerda
Positiva: Leo fala para Todos: a galera sabe que essas piscadas do lacerda vieram quando ele foi preso pela ditadura? por causa da luz dos interrogatórios. Eu acho muito feio fazer piada com isso, mas cada um é cada um. (E73 – BP – SML)
Negativa: Helga fala para Todos: Candidato Márcio Lacerda, por que o senhor
esconde que mais de 70% da verba destinada às obras executadas pela PBH vem de recursos do Governo Federal? (E40 – BP – SML)
As intervenções acima apontam para a avaliação de dois aspectos dos
candidatos: i) de ordem político-administrativo e ii) de ordem biográfica, isto é,
relacionada ao percurso político. Em relação a Patrus Ananias, percebemos
inicialmente que a avaliação de (i) é positiva, já em relação a (ii), negativa. De modo
inverso, Márcio Lacerda é avaliado como tendo (i) negativo e (ii) positivo. É claro que
essa avaliação não representa apenas o ethos pretendido pelo candidato ao longo
da sabatina, mas é também reforçado por outras informações do domínio desses
internautas (ethos pré-discursivo). Por exemplo, quando BH (comentário positivo a
PA) defende o retorno de PA à administração da cidade, utiliza como argumento o
seu perfil humanitário em detrimento ao perfil de Lacerda, considerado pelo
internauta um administrador excludente, que busca segregar as partes menos
privilegiadas da cidade, como os mendigos que ficam embaixo dos viadutos.27
II. Comentários de internautas avaliando a fala de outros internautas
27 Provavelmente, uma dessas ações higienistas dita pelo internauta refere-se à instalação de pedras embaixo dos viadutos de Belo Horizonte como medida de expulsão de moradores de rua que ali moravam.
111
Avaliação Negativa Dos Internautas (E28 – E34 – BP – SML)
E28 g.azevedo fala para Leo: tá recebendo para responder ou é de graça?
E30 Leo fala para g.azevedo: é de graça.
E31 Leo fala para g.azevedo: sou bem informado, amigo.
E32 Leo fala para g.azevedo: sua crítica é de graça ou paga?
Avaliação Positiva (E51, E55 – BP – SML)
E51 CARLÃO fala para ruamusas: Certamente vc nao mora na rua Musas. Se morasse, estaria feliz em ter um imóvel valorizado em 200% talvez 300% ou mais em pouquissimo prazo.
E55 Leo fala para CARLÃO: concordo com vc, amigo
Observe que a primeira sequência (avaliação negativa) apresenta uma
interação polêmica entre os internautas pela qual se acusam mutuamente de serem
“cabos eleitorais”, isto é, de estarem à serviço de um determinado partido político,
consequentemente, sempre denegrindo o partido adversário. Nesta sequência, o
internauta Léo é acusado ironicamente de receber quantias financeiras por tentar
promover o candidato Márcio Lacerda através de seus comentários. Evidentemente,
ele refuta tal proposição e, posteriormente, devolve a acusação de que, na verdade,
quem estaria sendo pago pelos comentários seria g.azevedo. Assim, os
interlocutores, a partir de seus comentários, buscam questionar as condições de
sinceridade das proposições apresentadas.
Dessa forma, as avaliações e projeções ethóticas dos internautas são
influenciadas pela orientação político-ideológica que eles assumem ao longo da
interação (se petistas ou “lacerditas”). Desse modo, provavelmente, se possuem
uma mesma formação discursiva, se apoiarão, como observado no segundo
exemplo, em que o internauta Léo, que assumiu uma postura pró Lacerda durante
toda a interação no chat, consente com o argumento apresentado pelo internauta
Carlão, também favorável à reeleição de ML.
112
III. Comentários dos internautas avaliando o desempenho da instância midiática
que gerencia o evento (Folha/Uol).28
Comentários relacionados à sabatina de Patrus Ananias
Positiva: Leo fala para Todos: ótimos esses entrevistadores. perguntas inteligentes. (E13 – BP – SPA)
Negativa: Anselmo fala para Todos: UOL, deixa de ser tucano: pergunta porque o
Lacerda não construiu uma UPA até agora. e o Hospital do Barreiro, que não sai nunca? (E179 – BP – SPA)
Comentários relacionados à sabatina de Márcio Lacerda
Positiva: ricardo fala para Todos: parece que pegaram tão pesado quanto ontem, pelo menos pra mim, que tô sem candidato (E159 – BP – SML)
Negativa: Anselmo fala para Todos: UOL pegando leve com o Lacerda,
totalmente diferente do que fizeram com o Patrus. Vergonha! (E77 – BP – SML)
Negativa: Henrique Almeida fala para Todos: Por favor, Jornalistas! Parem de perguntar sobre desavenças políticas! Vamos discutir a cidade. (E123 – BP – SML)
Negativa: dorotéia fala para Todos: esse povo da folha tá lecerdista demais. (E152 – BP – SML)
Negativa Luca (reservadamente) fala para Todos: ENTREVISTA DIRIGIDA E MAU INTENCIONADA. (E438 – BP – SML)
Como se observa, a situação enunciativa do chat possibilita aos internautas,
grosso modo, avaliar positiva ou negativamente o posicionamento do ator político, a
postura assumida pela instância midiática e os comentários dos demais internautas.
Os internautas interagem respondendo às diversas instâncias envolvidas
nesse evento (candidato, Folha e Uol, internautas), como enunciadores, assumindo
ou dissimulando o seu posicionamento ideológico. A partir disso, eles podem
construir uma imagem desses interlocutores, confrontando, apoiando e/ou
questionando suas opiniões (E192, E11), intenções (E40), legitimidade (E28, E438,
E13), credibilidade (E28, E438, E13), crenças (E152, E159) e desejos (E123, E29).
28 É importante salientar que a desproporção entre comentários positivos e negativos visualizada na tabela reflete a desproporção verificada no corpus em que a avaliação negativa é superior à avaliação positiva da instância midiática no chat. No primeiro dia (sabatina com Patrus Ananias), de 193 comentários, 11 eram realizações negativas e 3 positivas, já no segundo dia (sabatina com Márcio Lacerda), de 460 comentários, 114 eram negativas e apenas 1 positiva.
113
Essa relação, como explicitado na primeira parte do trabalho, é, pois, um jogo
de imagens que cada sujeito faz de si e do outro, norteando assim o que deve ser
dito e o como deve ser dito, de acordo com a finalidade, a identidade dos parceiros,
o propósito e o dispositivo da situação comunicacional.
Nesta perspectiva, os enunciadores ao ratificar, refutar e confrontar os juízos
de valor reconhecidos por esses interlocutores, podem contribuir para a construção
de seu próprio ethos e/ou potencializar efeitos patêmicos. Um exemplo disso é a
posição assumida pela internauta “Eliane Catanhêde” (EC), que incorpora a
identidade de um sujeito empírico, isto é, de uma jornalista da Folha/Uol. Os leitores
desse jornal/portal parecem creditar pouca credibilidade a esta jornalista, daí a
estratégia do internauta de “exagerar” essa suposta postura tendenciosa em relação
a partidos elitistas. Observe os seguintes exemplos:
Comentários da internauta Eliane Catanhêde (Fake)29
E170 Eliane Catanhêde fala para Todos: Nosso jornal está acima de críticas. Parem de show! Tamos defendendo bem quem tem 45 na Coligação!
E179 Eliane Catanhêde fala para Todos: A gente gosta é da massa cheirosa!
E180 Eliane Catanhêde fala para Todos: A gente e o Márcio
E218 Eliane Catanhêde fala para Todos: Verinha e Josias, parem de apertar o Márcio 45... Vamos voltar à entrevista iougurte light!
E253 Eliane Catanhêde fala para Luca: Como assim querido? Sou colunista da Folha! Minha relação é só elogiar quem tem 45 na coligação!
E421 Eliane Catanhêde fala para Leo: Leo, na Folha ela pode acusar sem provas !! (desque que seja contra o partido certo)
O enunciado 170 busca desqualificar totalmente a credibilidade da instância
midiática. O locutor ao se valer da seguinte expressão “Tamos defendendo bem
quem tem 45 na Coligação!” sugere claramente que a Folha/Uol fere um princípio
caro do jornalismo, o da imparcialidade. No enunciado 179 há uma denúncia de uma
provável postura elitista do jornal/portal. No E180, o fake da jornalista assume uma
identificação com o candidato, sendo claramente uma estratégia de criticar a postura
assumida pela instância midiática na sabatina feita com Márcio Lacerda. No outro
enunciado, 218, EC debocha da postura pouco incisiva dos entrevistadores em
29 Comentários da internauta “Eliane Catanhêde” – perfil falso – no bate-papo da sabatina com Márcio Lacerda.
114
vários momentos da sabatina. Abaixo, no E253 e E421, vemos, mais uma vez, seu
posicionamento tendencioso, acusando a Folha/Uol de realizarem perguntas
antiéticas, sem provas. O uso dessa identidade falsa parece demonstrar o objetivo
do internauta de fortalecer a crítica dos demais internautas que dizem que a
Folha/Uol são tendenciosos e estão favorecendo Márcio Lacerda na sabatina.
Não sabemos até que ponto outros internautas reconhecem nesse conteúdo
proposicional a sinceridade do locutor, apesar de Catanhêde ter projetado um ethos
de parcialidade e de elitismo de forma exagerada, o que destoa de um ethos de um
“verdadeiro” jornalista, como podemos observar nos seguintes comentários do
internauta:
E245 Luca fala para Eliane Catanhêde: QUAL A SUA RELAÇAO COM O PREFEITO??
E253 Eliane Catanhêde fala para Luca: Como assim querido? Sou colunista da Folha! Minha relação é só elogiar quem tem 45 na coligação!
E266 Luca fala para Eliane Catanhêde: LAMENTO MUITO, VOCE COMO JORNALISTA DEVERIA SER IMPARCIAL.
E270 Luca fala para Eliane Catanhêde: A FOLHA ACABOU DE PERDER UM LEITOR.
E273 Eliane Catanhêde fala para Luca: Só precisamos de leitor tucano querido! Fica a vontade...
E275 Luca fala para Eliane Catanhêde: E VOU ENVIAR UM COMUNICAODO A ELES INFORMANDO SOBRE A SUA ARCIALIDADE FAVORECENDO O PSDB
O internauta Luca, aparentemente, no enunciado E245, estranha o
posicionamento assumido por EC, provavelmente acreditando30 em sua identidade
de jornalista, porém sua postura parcial e elitista destoa desse lugar social, como se
verifica no E266. O posicionamento de EC no E253 gera no internauta um
sentimento de indignação, como se vê em E273 e E275.
Enfim, ao analisarmos o direcionamento retórico-argumentativo dos
comentários dos internautas, concluímos que eles assumem basicamente duas
atitudes avaliativas: uma de cunho positivo e outra negativo, isto é, os discursos
apresentados pelos internautas buscavam apontar aspectos positivos dos
30 Não sabemos até que ponto esse internauta entra no jogo de encenação de “Eliane Catanhêde” ou se ele realmente acredita em sua identidade de jornalista da Folha/Uol.
115
candidatos, da instância midiática e dos comentários no Chat, quase sempre
revelando uma mesma formação discursiva/ideológica.
Em linhas gerais, no tópico “Comentários dos internautas avaliando os
candidatos”, o internauta ao assumir uma formação discursiva/ideológica ligada ao
apoio partidário do candidato X, diretamente e indiretamente, assume uma posição
contrária ao candidato Y. Já no tópico “Comentários avaliando a fala de outros
internautas”, parece que o critério assumido acima também se sustenta, isto é,
internautas de formações discursivas/ideológicas semelhantes recebem apoio e,
internautas de formações distintas, a crítica. Por último, em relação à avaliação da
instância midiática, é possível verificar dois movimentos:
a) Um de defesa da legitimidade/credibilidade da condução da sabatina pelos
entrevistadores;
b) E o outro de questionamento da legitimidade/credibilidade da condução da
sabatina pelos entrevistadores.31
Nessa perspectiva, as críticas à instância midiática são resultantes da FD
discursiva dos internautas que questionam nos dois momentos (SPA e SML) a
imparcialidade do EUc (Folha/Uol) e buscam tornar-se cooperadores no processo de
discussão da melhoria da administração pública a partir da sabatina.
Esperamos ter mostrado, mesmo que de forma global, como se dão os
movimentos argumentativos a partir da estrutura de comentários do chat. A
complexidade, entretanto, dessa estrutura em razão de diversos entrecruzamentos
de falas, a natureza diversificada dos participantes requer uma discussão mais
verticalizada não só das instâncias enunciativas recorrentes, como também de
compromissos ideológico-partidários que os participantes manifestam.
Cabe ainda ressaltar, nesse processo de análise, uma avaliação da natureza
das ações desencadeadas pelos participantes: um processo relativamente anônimo,
nas circunstâncias de sua realização, possibilita posturas muito diversificadas.
Muitas ações se circunscrevem no âmbito de suas realizações ilocucionais; outras
tantas estão mais comprometidas com efeitos perlocucionais, muitos dos quais
desabonadores da conduta humana; muitas ações são autênticas, outras tantas 31 Os que defendem a legitimidade/credibilidade da condução da sabatina pelos entrevistadores é menor que aqueles que não defendem.
116
parecem fingidas. Uma análise mais aprofundada precisa percorrer os limites tênues
que qualificam a natureza dessas ações.
117
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho teve a intenção de apresentar e aplicar diretrizes teórico-
metodológicas que permitissem analisar aspectos importantes do processamento
enunciativo em ambiente virtual. Nesse contexto, a articulação entre Teoria
Semiolinguística, Teoria dos Atos de fala e Retórica-argumentativa, a partir da
categoria ethos, foi fundamental para a descrição e estudo da situação enunciativa
virtual representada pela Sabatina Política, realizada pelo portal Folha/UOL, nos dias
27 e 28 de agosto 2012, com os candidatos à prefeitura de Belo Horizonte, Patrus
Ananias (PT) e Márcio Lacerda (PSB), na medida em que oferece um amplo
instrumental, nos estudos linguísticos, para análise desse tipo de prática discursiva.
Nossa trajetória analítica defendeu a integração dessas perspectivas teóricas
e a busca de consenso entre elas como forma de regulação e análise da tensão
inerente ao processo enunciativo, especialmente, de objetos discursivos do campo
político-midiático. Nosso trabalho pretendeu, grosso modo, refletir sobre as
contribuições dessas três perspectivas na análise dessa situação enunciativa
complexa ao incluir a análise da participação dos internautas. Para isso, nos
comprometemos, em nosso percurso de investigação, descrever e analisar o
processamento enunciativo-discursivo, representado pelo Ato de linguagem
sabatina política; a dimensão “intencional” dos atos de fala na relação pergunta X
resposta (Jornalista/Candidato), pergunta X resposta (Internauta/Candidato) e
comentários X comentários (Internauta/Internauta); e por último, a dimensão
retórica dessas ações discursivas, na perspectiva do ethos.
Em nosso trabalho adotamos uma divisão em duas partes, mais as
considerações finais, que sintetizam o percurso de nossa investigação. Na primeira
parte, buscamos anunciar os fundamentos do arcabouço teórico já descrevendo,
brevemente, nosso objeto de pesquisa. Na segunda parte, analisamos variadas
relações enunciativo-discursivas envolvidas no agenciamento dos atos de fala e das
imagens construídas pelas instâncias enunciativas.
Buscou-se, portanto, descrever a partir da Semiolinguística a forma como
esse dispositivo político-midiático se manifestou, levando em conta sua
complexidade enunciativa, os papeis e lugares assumidos pelas instâncias
enunciativas, e a participação efetiva de internautas. O que nos revela Charaudeau
118
(2011, p.53), “a noção de dispositivo é o que estrutura a situação na qual se
desenvolvem as trocas linguageiras ao organizá-las de acordo com os lugares
ocupados pelos parceiros da troca, a natureza de sua identidade, as relações que
instauram entre eles em função de certa finalidade”. Porém, é necessário levar em
conta que a atualização do dispositivo é dependente das condições materiais em
que se desenvolve a troca linguageira. Dessa forma, o dispositivo é, portanto, aquilo
que garante uma parte da significação do discurso ao fazer com que todo enunciado
produzido em seu interior seja interpretado e a ele relacionado, e que é influenciado
por certas manobras discursivas por parte de seus interlocutores.
Assim, a partir da descrição e análise dos Atos de linguagem representados
pela Sabatina Política e comentários do Chat, observou-se que eles se dão da
seguinte forma: nesse evento apresenta-se o discurso de uma instância locutora
complexa Folha/UOL/jornalista/internautas (o sabatinador), diante de instâncias
alocutivas parlamentares e/ou cidadãs (Candidatos/internautas); essa instância
propõe perguntas/questionamentos à instância alocutiva solicitando
informações/avaliações sobre o seu quadro político-administrativo e/ou esclarecendo
divergências durante o período eleitoral e/ou seu período de governança. Dessa
forma, o EUc espera convencer as instâncias alocutárias a acreditarem em sua
imparcialidade e contribuição cidadã. Desenvolve para isso, um Ato de linguagem
que aponte para o comprometimento de EUe (sabatinador) para com seu interlocutor
TUd ((e)leitores/expectadores), buscando e proporcionando a participação social de
TUi (internautas/eleitores) em seu evento (sabatina política).
Com isso, grande parte de sua organização proposicional se coloca a serviço
de orientações para um fazer-saber (e fazer-crer). É preciso, então, que a produção
discursiva seja percebida a partir das intenções do enunciador, não de apenas
solicitar informações e/ou esclarecimentos, mas também de confrontar as
informações apresentadas pelo candidato, ou ainda, provocá-los questionando suas
condições de sinceridade.
Em suas respostas, geralmente, o ator político sempre se apresenta como
benfeitor e as instâncias alocutárias como beneficiários (instâncias cidadãs); e/ou de
acusados (instâncias adversárias). Quase sempre, na posição de enunciadores,
tentam simular um consenso político-social de sua competência ora como fruto de
sua aprovação, ora como ocupação de cargos públicos e/ou desejo da própria
119
população. Dessa forma, as respostas dos candidatos têm como visadas
argumentativas convencer e informar aos interlocutores sobre as suas pretensões
político-administrativas, competência e idoneidade.
A partir disso, a legitimidade, a credibilidade e a captação estarão no foco dos
modos de argumentar desses sujeitos, em outras palavras, a legitimidade do sujeito,
é, sobretudo, uma imagem de si (ethos), apresentada no discurso. A credibilidade se
dá pelo engajamento desse sujeito nas teses que apresenta e defende. E a
captação se dá, principalmente, numa orientação para construção de relações não
polêmicas (pathos) em relação a si, e polêmicas em relação aos adversários. Isto é,
os sujeitos comunicantes, os candidatos, buscam colocar em cena um conjunto de
estratégias de legitimidade, credibilidade e captação que deve se voltar para um
fazer-saber (informar/esclarecer), fazer-crer (persuadir) e por último um fazer-fazer
(alcançar o voto).
Nesta perspectiva, apresentamos as considerações e análises pertinentes à
compreensão dos atos de fala. Devido à extensão do corpus, apresentamos a
análise de alguns temas significativos. Em nossa análise dos atos de fala, buscamos
estabelecer a descrição e análise dos padrões ilocucionais de interação entre as
realizações dos atos diretivos e as respostas, levando em conta:
i) As regras indicativas da força ilocucional dos atos de fala;
ii) As condições de sucesso e satisfação aferidas no contexto em que foram
produzidos; e
iii) Os efeitos argumentativos decorrentes do agenciamento dos atos de fala.
Mostramos que o padrão de realização dos atos de fala a depender das
relações enunciativas (Jornalista X candidato; Internauta X candidato; e Internauta X
internauta) varia, podendo suscitar formas comissivas em contexto de formas
assertivas. Isto aponta para a pertinência de nossa hipótese inicial, considerando-a
agora num quadro mais amplo para os atos de fala realizados nesse evento, na
perspectiva do candidato:
a) Para respostas às perguntas dos jornalistas, atos assertivos de crítica ao adversário (ou a sua administração) podem sugerir promessas da instância enunciativa e/ou autoelogios.
120
Por outro lado, foi possível observar que as ações avaliativas dos internautas
oscilavam entre positivas X negativas:
b) Nos comentários de internautas, atos assertivos podem expressar no nível ilocucional, indireto ou perlocucional, elogios/críticas às ações dos candidatos sabatinados e/ou ao desempenho da instância midiática.
Como já explicitado na parte de análise, ao analisarmos o direcionamento
retórico-argumentativo dos comentários dos internautas, concluímos que eles
assumem basicamente duas atitudes avaliativas: Uma de cunho positivo e outra
negativa. Em linhas gerais, no tópico “Avaliação do candidato”, o internauta ao
assumir uma formação discursivo-ideológica ligada ao apoio partidário do candidato
X, diretamente e indiretamente, assume uma posição contrária ao candidato Y. Já no
tópico “Avaliação dos comentários de outros internautas”, parece que o critério
assumido acima também se sustenta, isto é, internautas de formações discursivo-
ideológicas semelhantes recebem apoio e, internautas de formações distintas, a
crítica e/ou repúdio.
Por último, em relação à avaliação da instância midiática, é possível verificar
dois movimentos:
i) Um defendendo a legitimidade/credibilidade da condução da sabatina pelos entrevistadores;
ii) E o outro questionando a legitimidade/credibilidade da condução da
sabatina pelos entrevistadores.32
Nesta perspectiva, o próximo aspecto analisado por nós foi a questão
retórico-argumentativa envolvida nesse evento discursivo. O nosso exame das
direções argumentativas nesse contexto de produção/recepção, tendo em conta a
dimensão psicossocial dos sujeitos envolvidos no ato de linguagem sabatina e chat,
parece chegar às seguintes considerações:
a) Os atores políticos procuram persuadir e convencer o maior número de cidadãos da pertinência de seu projeto político e fazê-los aderir a determinadas crenças e valores;
32 Os que defendem a legitimidade/credibilidade da condução da sabatina pelos entrevistadores é significativamente menor que aqueles que não defendem.
121
b) Já a instância midiática procura convencer o eleitorado de sua imparcialidade e prestação de serviço proporcionando “informação” para a escolha consciente do novo mandatário municipal;
c) E, por último, os internautas, os mais interessados como alvo desse evento, interagindo online.
Dessa forma é necessário que estas três instâncias (instância política,
instância midiática e instância cidadã) construam determinadas imagens de si e de
seu auditório. Isto é, como os oradores se apresentavam ao auditório? Que imagens
produzem de si e do público?
Apontamos nas análises a importância da figura do Ethos, entendido aqui
como a construção discursiva da imagem do “caráter do enunciador”, através da
enunciação; e à medida que ele incorpora o pathos, que representa a disposição do
auditório a fim de alcançar-lhe a adesão. As dimensões ethóticas dos oradores (o
candidato –a instância midiática – e internautas) funcionaram como suporte, ora para
identificação, ora para diferenciação entre si, em tensão com imaginários populares
amplamente partilhados entre os interlocutores, uma vez que os locutores tinham
como principais visadas: i) informar/questionar (instância midiática); ii)
esclarecer/captar (candidatos); iii) comentar/questionar/avaliar (internautas).
Assim, a partir do engajamento e da alternância dos lugares enunciativos
resultante da dissimetria enunciativa desse evento e complexidade dos papeis
ideológicos assumidos, a identidade, por exemplo, dos internautas, muitas vezes, foi
colocada em dúvida. Na medida em que o modo como discursivizavam ou utilizavam
um determinado nickname virtualmente, apontavam claramente para um
partidarismo.
Evidentemente, as estratégias discursivas empregadas por esses atores são
variadas, em função dos lugares discursivos e psicossociais que ocupam. Por
exemplo, o político para atrair a simpatia e alcançar a adesão do auditório depende
de vários fatores específicos do ato de linguagem, por exemplo, o tema da pergunta.
O candidato não tem a prerrogativa sobre o tema, mas sim a instância midiática, de
modo que a pergunta pode ser interpretada pelo candidato como uma forma de
acusação e/ou buscando apenas suscitar efeitos provocativos. Assim, o proferimento
do candidato, grosso modo, terá que se ajustar positivamente para que sua imagem
não seja afetada negativamente diante de seu auditório, evidente que nem sempre
122
isso é bem sucedido. Porém, o candidato constrói um ethos que supostamente
corresponda às expectativas do seu interlocutor (Jornalista/internauta), uma vez que
o locutor tem a responsabilidade social de apresentar seu discurso visando ao
benefício do auditório, e buscando construir um ethos de integridade/honestidade,
competência/preparo político-administrativo, isto é, valores que buscam criar a
imagem de um bom gestor, sério, ético e de credibilidade.
Nesse sentido, parafraseando Perelman (1987), a argumentação dos atores
políticos tem como meta agir eficazmente sobre os espíritos, provocar a adesão às
teses que produzam uma ação imediata ou preparem para uma ação do indivíduo no
momento adequado. Para isso, era fundamental que as teses dos oradores
estivessem de acordo com o conjunto de crenças do auditório ao qual era
apresentada.
Todavia, a retomada exaustiva à determinados tópicos pode acarretar um
ethos demagógico ou ainda um ethos de despreparo. Se há tanto a ser feito, porque
não focalizar sua atenção na explicitação dos seus programas político-
administrativos? O excesso de críticas ou acusações, e até autoelogios, para grande
parcela do eleitorado, parece ser uma forma de atenuar a pouca experiência e/ou
despreparo dos locutores em cargos públicos, e acaba gerando um efeito patêmico
de “repulsa” às instâncias políticas. Seria a insistência em trazer em seus discursos
outras figuras políticas (Dilma, Lula, Aécio, FHC) uma estratégia dissimulada para
camuflar o despreparo e a superficialidade das propostas dos candidatos? Sendo
assim, o agenciamento de um tipo de ato ilocucional em detrimento de outro,
apontou a pertinência de se analisar os efeitos perlocucionais que esses atos
assumiram da posição assumida pelas instâncias enunciativas em todos os seus
desdobramentos.
Enfim, a argumentação está ligada à apresentação de um ponto de vista do
locutor, mas validada por uma relação interlocutiva real, seja por contemplar, de
forma direta, os simpatizantes, seja por confrontar-se com os adversários. Dessa
forma, deve-se considerar que os locutores realizam atos que expressam certos
pontos de vista relativos a uma proposição dos atores discursivos envolvidos na
sabatina, seguido de outro ato que constitui a avaliação e/ou explicitação desse ou
de outros pontos de vista, na perspectiva do chat.
123
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ANEXO A: TRANSCRIÇÃO DA SABATINA POLÍTICA-ELEITORAL REALIZADA COM PATRUS ANANIAS – 1º BLOCO – DATA: 27/08/2012
E1: EDUARDO SCOLESE/COORDENADOR AGÊNCIA FOLHA: Olá, bom dia. Bem-vindos à sabatina da Folha UOL, direto de Belo Horizonte, de onde a gente recebe o candidato do PT à Prefeitura Patrus Ananias. Bom dia, candidato. Obrigado pela presença. E2: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Bom dia, Eduardo; bom dia, Vera; bom dia, Paulo, bom dia Josias; bom dia a todas as pessoas, amigos e amigas aqui presentes. É um prazer estar aqui conversando com vocês. E3: EDUARDO SCOLESE/COORDENADOR AGÊNCIA FOLHA: E, para entrevistá-lo, temos Josias de Souza, colunista do UOL; Paulo Peixoto, correspondente da Folha em Belo Horizonte; Vera Magalhães, editora do Painel da Folha; eu sou Eduardo Scolese coordenador da Agência Folha. Essa sabatina está sendo transmitida ao vivo pelo Portal UOL, e você que está em casa, pode fazer perguntas pelo Twiter, usando a hastag: sabatinafolhauol e também pelo Facebook através da página Folha Notícias, desculpe, pelo UOL Notícias. Vamos conhecer agora um pouco do perfil do candidato. E4: REPÓRTER: Patrus Ananias tem 60 anos e nasceu na cidade de Bocaiúva, região Norte de Minas Gerais. Formou-se em Direito em 1966 e participou ativamente da fundação do Partido dos Trabalhadores na década de 1980. Em 1988, Patrus se elegeu vereador na capital mineira e quatro anos depois tornou-se prefeito de Belo Horizonte. Foi candidato ao Governo do Estado em 1988, mas ficou em 3º lugar nas eleições. Tornou-se deputado federal em 2002 com 520 mil votos. Em 2004, convidado pelo então presidente Lula, Patrus assumiu o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. À frente da pasta, Patrus foi um dos responsáveis pelo Bolsa Família, um dos símbolos do presidente Lula. Patrus Ananias foi escolhido apenas no mês de julho para ser candidato à Prefeitura de Belo Horizonte pelo PT, a escolha aconteceu após seu partido romper com o PSB do atual prefeito Márcio Lacerda. Na última pesquisa IBOPE, divulgada no dia 16 de agosto, Patrus aparece na 2ª colocação com 23% das intenções de voto atrás de Lacerda que tem 46%. E5: EDUARDO SCOLESE/COORDENADOR AGÊNCIA FOLHA: Quem está na plateia também pode fazer a sua pergunta por escrito, só procurar a nossa equipe de apoio. Candidato, a primeira pergunta: Se o senhor for eleito, o que o senhor pretende mudar de imediato na administração da Prefeitura e quais ações do atual prefeito Márcio Lacerda que o senhor pretende manter? E6: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Belo Horizonte hoje tem cinco desafios fundamentais que serão prioridades do nosso governo. Claro que a prioridade não implica em exclusão. Mas a primeira grande prioridade é a Saúde. A Saúde não está bem em Belo Horizonte. Nós temos um projeto claro para enfrentar o desafio da Saúde em Belo Horizonte desde a melhoria no atendimento de base com Centros de Saúde, que nós queremos que funcionem aos fins de semana, os Centros de Saúde não funcionam nos fins de semana em Belo Horizonte. Consolidando também, ampliando as equipes de Saúde da Família. Depois, no nível intermediário implantando mais nove unidades de especialidades para atender a demanda; um centro para exames especializados: imagem, né, tomografia, ultrassonografia; concluir as obras do Hospital do Barreiro, integrar com a Rede Hospitalar Municipal, nós temos também o Hospital em [Ininteligível], fazer nossa parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais, o Hospital das Clínicas e também envolver a rede privada nesse atendimento. Um segundo desafio também fundamental em Belo Horizonte é o combate à violência. A questão da segurança pública cidadã. Um compromisso nosso, na Prefeitura de Belo Horizonte é assumir, como responsabilidade do prefeito, todas as questões que disserem respeito à população de Belo Horizonte, nenhum problema vai ser desconsiderado, “Ah, é responsabilidade do Governo do Estado, responsabilidade do Governo Federal...”. Não. O que for do Governo Municipal, vamos fazer. E7: EDUARDO SCOLESE/COORDENADOR AGÊNCIA FOLHA: Saúde e Segurança são temas que dependem muito do Governo Federal e Estadual, não? E8: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Sim. No caso da Saúde existem recursos do Governo Municipal que repassa automaticamente do Governo Federal. Aí também é um pouco mais de liderança de empenho para consolidar e ampliar essas parcerias. No caso da segurança pública, é claro que é uma responsabilidade que vai além da Prefeitura, ampliar a guarda municipal, mas buscarmos parcerias eficazes com o Governo do Estado, Polícia Militar, Polícia Civil. Porque nós não podemos admitir, Eduardo, é que as pessoas morram precocemente, prematuramente, a violência... Então combater a violência em todas as suas formas será uma prioridade fundamental. Terceiro: a Educação. Educação como um todo, mas nós teremos uma ênfase muito especial na Educação Infantil, garantir às crianças pobres, de classe média, trabalhadoras, a educação desde o início. Nós vamos universalizar Educação Infantil em Belo Horizonte, é claro que sem desconsiderar também os desafios, não é, do Ensino Fundamental, da Educação de Jovens e Adultos. Um quarto ponto
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fundamental é a mobilidade urbana: o trânsito, o transporte coletivo... Nós queremos uma cidade democrática, uma cidade que favoreça a circulação das pessoas, o encontro das pessoas, uma cidade que estimule a convivência, e este também será um outro ponto fundamental: enfrentar a questão do metrô, as obras do BRT e também pensar no pedestre. Uma cidade que facilite a circulação de veículos, que melhore efetivamente o transporte coletivo com linhas próprias, por exemplo, mas que procure também criar espaços públicos de acolhimento dos pedestres. E9: EDUARDO SCOLESE/COORDENADOR AGÊNCIA FOLHA: E o que manter da atual gestão? E10: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Eu fecharia então dizendo que nós temos um outro ponto fundamental que está entorno da criança e da juventude. Nós vamos governar, é claro, para todos, mas teremos um foco muito especial entorno da criança e da juventude. Com relação ao atual Governo, todas as obras que estiverem sendo feitas, as obras viárias, as obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) com recursos do Governo Federal, as obras da Copa do Mundo, o BRT, todas as obras que estiverem sendo feitas serão implementadas, realizadas e nós procuraremos dar um pouco mais de agilidade para que a população não seja penalizada com a demora dessas obras. Até porque, quando eu fui relator da Lei Orgânica do município de Belo Horizonte, quando eu fui vereador, eu fiz constar um dispositivo obrigando o gestor a dar continuidade, a concluir todas as obras e programas sociais iniciados no Governo anterior para que nós não tenhamos prejuízos e obras inacabadas. E11: VERA MAGALHÃES/EDITORA PAINEL FOLHA: E o que o senhor pretende mudar, o senhor não disse ainda, ministro, o que o que o senhor acha que está muito ruim e que precisa ser mudado? E12: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Eu já mencionei alguns pontos. A Saúde em Belo Horizonte está muito ruim. A mobilidade urbana, o trânsito, o transporte coletivo também. E13: VERA MAGALHÃES/EDITORA PAINEL FOLHA: Mas tem mudanças específicas nessas áreas que o senhor pretende implementar logo de cara, mudança de modelo, mudança de gestão? E14: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Na área da Saúde nós já colocamos, não é, já falamos. No setor de mobilidade urbana, transporte coletivo, também fizemos uma referência, mas a questão fundamental para nós, na questão do transporte, será investir rigorosamente na obras do metrô. Nos últimos anos, no último Governo, não houve 1 km, 1m a mais no metrô. Então nós temos um programa maior no metrô, mas vamos concluir as obras do Calafate ao Barreiro, integrar Calafate e o Barreiro à região hospitalar de Belo Horizonte. Vamos manter e ampliar as obras do BRT, criar linhas específicas para os ônibus e, sobretudo, a administração pública terá uma gestão mais forte, mais rigorosa sobre a questão do transporte coletivo. Uma outra questão... E15: PAULO PEIXOTO/REPÓRTER FOLHA (BH): Ministro. E16: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Só um minutinho, Paulo. Outra questão que quero falar: Belo Horizonte é uma cidade que tem uma esplêndida vocação cultural. Belo Horizonte é um interlocutor do Brasil e do mundo. Aqui nós produzimos uma cultura esplêndida em todas as frentes e essa dimensão ficou muito rebaixada no atual Governo. Então um outro compromisso nosso também é recolocar a dimensão da cultura em Belo Horizonte: as músicas, a literatura, a dança e o teatro, as artes plásticas, o cinema, o teatro de rua, a cultura popular, o hip-hop, no seu devido lugar. E17: PAULO PEIXOTO/REPÓRTER FOLHA (BH): Em cima dessas três questões que o senhor coloca, os temas que o senhor mais tem criticado na cidade, é justamente Saúde e Transporte. É coincidência ou não serem... A gestão do Márcio Lacerda é uma gestão compartilhada com o PT e o PSDB, não é, reunidos em torno dele ali. São justamente duas áreas, a Saúde e o Transporte, a BHTRANS, que ficaram nas mãos do PSDB. Esse é o motivo da crítica que o senhor faz, principalmente, a essas duas áreas? E18: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Não, Paulo, nós estamos fazendo essa crítica com base em estudos, com base no nosso programa, nas pesquisas. O nosso compromisso é com a população de Belo Horizonte, é com o povo de Belo Horizonte. E nós queremos e vamos efetivamente melhorar os serviços públicos priorizando aqueles que estão mais deficitários, e nós estamos definindo isso a partir de estudos, pesquisas, sem nenhum caráter, digamos assim, de particularidade ou ideológico. E19: PAULO PEIXOTO/REPÓRTER FOLHA (BH): Mas não sendo, o PT é coparticipante da gestão, ou seja, ele também tem responsabilidade também no que está indo mal então? É assim que o senhor entende? E20: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Claro. É importante salientar que quem determina é o líder, quem define as prioridades é o líder, é o Prefeito, é o Governador, é o Presidente da República. Nós fizemos, por exemplo, um trabalho esplêndido no Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, mudamos a cara do Brasil, acabamos praticamente com a fome no país, é claro que por uma competência nossa, por um trabalho muito sério da nossa equipe do Ministério, mas porque tivemos também a total solidariedade do Presidente da República. Quem define as
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prioridades, quem define o orçamento é o prefeito. Então as críticas que nós fazemos, nós estamos apontando para o fato de que o prefeito, enquanto líder da Cidade que deveria ser, não deu a devida atenção a essas questões, sobretudo, o momento... E21: JOSIAS DE SOUZA/BLOGUEIRO DO UOL: Ah... E22: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Sobretudo, o momento, Josias, em que os governos municipais, hoje, têm uma grande vantagem: têm dinheiro do Governo Federal. Eu, quando fui prefeito de Belo Horizonte, fizemos um grande governo, divisor de águas na história de Belo Horizonte, mas não tínhamos recurso nenhum do Governo Federal a não ser os repasses constitucionais da Educação e da Saúde. Hoje nós temos os recursos da área social: Bolsa Família, Restaurantes Populares, Cozinhas Comunitárias, as Políticas Públicas de Assistência Social, temos recursos do PAC, temos recursos do Minha Casa, Minha Vida, temos os recursos das obras da Copa, então é claro que é muito mais fácil nós pensarmos em programa e obras estratégicas. E23: JOSIAS DE SOUZA/BLOGUEIRO DO UOL: Nós estamos recebendo perguntas também de internautas, ministro, uma delas é da Juliana Duran, ela pergunta ao senhor, “Grande parte da sua lista de campanha – como ela menciona – limpar a Pampulha, aprimorar a escola, melhorando o salário de professores entre outras metas, nunca foram realizadas na sua gestão anterior na Prefeitura da Cidade”, ela pergunta se não eram, na ocasião, também essas prioridades relevantes. E eu acrescentaria a isso um pouco para fazer o papel de advogado do Diabo: pesquisa recente do Datafolha informa que o prefeito Márcio Lacerda é, entre os prefeitos das capitais, o mais bem avaliado. O senhor aqui faz críticas muito severas à administração dele e está nas pesquisas com metade das intenções de voto dele, o eleitor está errado nessas avaliações que faz? E24: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Nós estamos em um processo eleitoral. Quando eu saí da Prefeitura de Belo Horizonte, quando nós concluímos o nosso mandato exitoso, eu tive a aprovação de mais de 80%, tanto que fiz o sucessor, depois de mim veio o Dr. Célio de Castro, nosso saudoso Célio, foi meu vice-prefeito, depois veio o Fernando Pimentel, foi nosso Secretário da Fazenda, então o nosso Governo foi um divisor de águas, nós fizemos importantes investimentos na Pampulha, não resolvemos definitivamente o problema, porque naquela época nós não tínhamos nenhum recurso do Governo Federal. Eu fui à Brasília, inclusive na companhia do então governador do Estado, que era o Eduardo Azeredo, conversarmos com o presidente Fernando Henrique e ele prometeu que mandaria um recurso para nós resolvermos as obras da Pampulha e não conseguimos. Mesmo assim reduzimos muito a poluição nos córregos Ressaca, Sarandi que são afluentes à Pampulha, retiramos os aguapés, desenvolvemos um grande programa entorno da preservação da lagoa, fizemos uma revolução na Educação em Belo Horizonte. E25: VERA MAGALHÃES/EDITORA PAINEL FOLHA: Ministro... E26: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Quando nós assumimos a Prefeitura de Belo Horizonte, Vera, só para lembrar, 50% das crianças eram reprovadas na 1ª série, iam praticamente pra rua. Nós tínhamos uma demanda de quase duas crianças por vaga. Nós construímos 14 novas escolas em Belo Horizonte, reformamos e ampliamos mais de 40 escolas, universalizamos, iniciamos a Escola Integrada, começamos a integrar as creches no processo de educação. Belo Horizonte foi a primeira cidade que municipalizou a Saúde. Implantamos o Orçamento Participativo e fizemos um governo que a Cidade já conhece. E27: VERA MAGALHÃES/EDITORA PAINEL FOLHA: Ministro, o senhor foi, durante seis anos o chefe do Ministério responsável pelo Bolsa Família, que é o principal programa social do Governo Lula. No entanto, a sua imagem pessoal não chegou a ser muito associada a esse Bolsa Família, tanto que o senhor não quis ser candidato ao Governo, foi vice do também ministro Hélio Costa e tiveram uma votação bem abaixo das suas votações anteriores e, principalmente aqui na Capital, foi uma votação ruim. Eu queria saber se essa sua candidatura atual lhe foi imposta de alguma maneira, se o senhor teve de fazer um sacrifício pessoal para ser candidato, uma vez que, em 2008, o senhor chegou a dizer que já tinha sido prefeito e não tinha interesse em repetir essa trajetória e se isso foi uma coisa muito de improviso que pode ter repercussão de novo na sua votação na cidade, no seu prestígio aqui na cidade, que é com essa gestão bem avaliada que o senhor diz? E28: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Primeiro eu quero fazer uma referência que é o Ministério, eu tenho muito orgulho. Nós implantamos o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome no Brasil. Nós implantamos o Bolsa Família, nós implantamos vários outros programas na área da Assistência Social, da Segurança Alimentar com maior êxito. O Ministério, no final, nós estávamos com 1.400 funcionários, a metade do que tem a Secretaria de Assistência Social do Rio de Janeiro, 1.400 funcionários para cuidar de 60 bilhões de pessoas pobres no Brasil, um orçamento de R$ 40 bilhões, não há uma denúncia, não há um processo, não há um questionamento, os programas chegavam rigorosamente em dia nas casas das pessoas, fizemos uma revolução social no Brasil e eu tenho grande orgulho dela. Eu coloquei o Ministério, eu coloquei o nosso trabalho, o
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nosso projeto acima da minha imagem pessoal. Todas as minhas energias foram voltadas para o nosso trabalho. E a questão que você coloca da Prefeitura, é um processo democrático em Belo Horizonte. O nosso atual adversário fez uma opção, ele saiu fora do nosso projeto, ele optou pelo PSDB. E30: EDUARDO SCOLESE/COORDENADOR AGÊNCIA FOLHA: Foi ele que rompeu? E31: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Nós tínhamos aqui um pré-candidato, o nosso companheiro Roberto Carvalho que está aqui. Imediatamente nós fizemos uma aliança no PT, o Roberto me procurou para dizer, “Olha, se você quiser, será o candidato”, unificamos o PT, unificamos também o PMDB entorno de um projeto comum, o PCdoB tem essa discussão aí, estamos aguardando a decisão com relação ao PSD, buscamos também o PRTB e, sobretudo, estamos ampliando o apoio de lideranças em movimentos sociais em Belo Horizonte. Concluindo aqui, o nosso adversário é candidato há quase quatro anos. A nossa campanha começou a pouco mais de um mês. E32: EDUARDO SCOLESE/COORDENADOR AGÊNCIA FOLHA: Quem foi responsável pelo rompimento dessa aliança, candidato? E33: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: O Atual prefeito que fez uma opção, ele fez a opção pelo outro lado, ele fez uma opção pelo PSDB. Nós continuamos na nossa linha, fiéis aos nossos compromissos históricos... E34: VERA MAGALHÃES/EDITORA PAINEL FOLHA: O prefeito se queixa... E35: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Ao que nós fizemos por Belo Horizonte, fiéis ao projeto que nós implantamos no Brasil no governo do Presidente Lula e agora continuando com a presidenta Dilma, o nosso compromisso prioritário com os pobres, com a participação popular, com as políticas públicas sociais, essa nossa concepção integrada de desenvolvimento, desenvolvimento econômico, desenvolvimento social, desenvolvimento ambiental, foi feita uma outra escolha e nós continuamos o nosso caminho reafirmando para o povo de Belo Horizonte os nossos projetos e as nossas prioridades. E36: VERA MAGALHÃES/EDITORA PAINEL FOLHA: Em relação a esse rompimento, o Prefeito costuma dizer que o PT, ele criou problemas ali ao longo dos quatro anos de gestão dele com brigas, com questionamentos, apesar de ter uma grande participação em cargos, principalmente cargos de confiança. O senhor acha que essa imagem de que o PT esteve na máquina, aparelhou a máquina durante a gestão Márcio Lacerda e, no entanto, saiu no final, pode comprometer a candidatura de alguma maneira? E37: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Olha, o nosso adversário, ele precisa resolver um problema, não é? É uma questão pessoal dele essa relação que ele tem com o PT. Agora ele quer acabar com o PT. Declarou recentemente que quer destruir o PT em Belo Horizonte, como não quer que o presidente Lula venha a Belo Horizonte. Está torcendo e rezando para que caia uma grande chuva no dia 31, sexta-feira, para que nós não tenhamos o comício com o Lula em Belo Horizonte. O que é uma indelicadeza com o ex-presidente da República, que é muito querido em Belo Horizonte e que gosta muito da cidade. Então ele precisa resolver esse problema que ele tem em relação ao Partido dos Trabalhadores. No passado ele já fez elogios ao PT, o PT teve uma participação no Governo, algumas áreas o PT esteve à frente e que teve um certo, um mínimo de suporte do Prefeito, nós conseguimos avanços, como por exemplo, no campo da Educação. Agora, é claro, que não obstante o empenho dos militantes do PT que são competentes e demonstraram competência quando eu fui prefeito. Na gestão do Célio de Castro, na gestão do Fernando Pimentel, sobretudo, demonstramos competência no Governo Federal, presidente Lula, presidenta Dilma, na implantação do nosso Ministério, o PT sabe fazer. Nós temos compromisso público, seriedade, competência... E38: EDUARDO SCOLESE/COORDENADOR AGÊNCIA FOLHA: Candidato... E39: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Agora, é claro, eu insisto em dizer, se o líder, se o prefeito não prioriza, não disponibiliza recursos, aí as coisas realmente não acontecem por mais que os funcionários queiram e trabalhem. E40: EDUARDO SCOLESE/COORDENADOR AGÊNCIA FOLHA: Candidato, agora como convencer o eleitor disso? Olhar para o eleitor e falar, “Olha, realmente eu apoiei esse candidato na última eleição, fizemos parte da gestão e agora é meu adversário”, como que passa esse recado para o eleitor? E41: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Olha, foi sempre uma relação também com um certo nível de tensão. E a Cidade sabe disso. E Belo Horizonte sabe que nós temos no Brasil hoje e isso reflete em Belo Horizonte, dois projetos: um projeto liderado pelo PT, um projeto democrático, popular, um projeto que pensa em todos, né, é o “Brasil para Todos” do presidente Lula, é “o país rico e sem miséria” como quer a presidenta Dilma, nós governamos para todos, temos um projeto de nação a partir das nossas cidades e regiões, mas com atenção especial para os mais pobres, para a classe social... para as novas classes médias emergentes, para os trabalhadores, temos uma visão
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de futuro para o nosso país, uma visão de independência, uma política externa soberana... Então há um projeto nacional, de desenvolvimento do nosso... liderado pelo PT. E há o outro projeto das privatizações, não é, que não implementam as políticas públicas sociais... E42: VERA MAGALHÃES/EDITORA PAINEL FOLHA: Mas a presidente Dilma não está iniciando o processo... E43: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Que não tem o mesmo cuidado com os pobres, então são dois projetos e a população de Belo Horizonte sabe disso. E44: VERA MAGALHÃES/EDITORA PAINEL FOLHA: Ministro. E45: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: E vai fazer a escolha. E tem um dado importante também, muito importante, nós estamos debatendo Belo Horizonte. Agora sim, vamos ter eleição e as pessoas vão poder, democraticamente, conscientemente fazer a sua escolha. E46: VERA MAGALHÃES/EDITORA PAINEL FOLHA: O senhor acabou de fazer uma dicotomia entre privatizações e não privatizações, mas, no entanto, a presidente Dilma, que é uma das principais entusiastas aqui da sua candidatura, acaba de lançar um projeto grande, um pacote de concessões. O senhor é contra essas concessões, o senhor no seu governo não pretende fazer parcerias com a iniciativa privada? E47: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Quando o presidente Lula me convocou para nós implantarmos o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e programas como o Bolsa Família, já estava acertado que eu teria dois lugares na Câmara Federal: eu assumiria a presidência da Comissão de Constituição e Justiça e assumiria a relatoria do projeto das parcerias público-privadas. Eu não tenho nenhum temor com relação às parcerias. Quando fui prefeito de Belo Horizonte fizemos muitas parcerias com o setor privado, nós dialogamos com o setor privado. Nós queremos promover o desenvolvimento do Brasil, o bem comum, e queremos que aqueles que mais recebem na sociedade deem também a sua contribuição. O fundamental é quem dirige; o fundamental é o objetivo que é o bem comum, que é o interesse público; o fundamental é a presença do Estado nessa relação de parceria e, sobretudo, não entregar, não subtrair o patrimônio público. O que nós estamos fazendo são parcerias para melhorar os serviços púbicos. Isso é correto. Agora o que eu acho muito ruim é subtrair, entregar aquilo que foi construído com o dinheiro do povo brasileiro. E48: PAULO PEIXOTO/REPÓRTER FOLHA (BH): Ministro, a mim, particularmente, causa curiosidade saber por que o senhor, particularmente o senhor, aderiu ao governo do Márcio Lacerda, porque o senhor foi muito crítico dessa aliança em 2008, o senhor deu declarações em 2008, à véspera do 2º turno, falando que “prevaleceu uma concepção centralizadora, autoritária de aliança sem qualquer fundamentação programática e de compromissos sociais”. Foi a justificativa que o senhor deu para não aderir a essa aliança. E o senhor voltou a criticar duramente essa aliança na eleição para o Governo do Estado em 2010, quando o senhor disse... voltou a repetir que “foi um equívoco a aliança, o PT abdicou de manter a sua liderança em Belo Horizonte e isso fragilizou o nosso partido e a nossa militância em Belo Horizonte”. Passada essa eleição, eu sei que o senhor recebeu um convite do prefeito Márcio Lacerda e vocês conversaram e o senhor passou a integrar o Conselho Político da Prefeitura. Por que o senhor aderiu, depois de criticar tanto, no final do governo, o senhor aderiu à gestão Márcio Lacerda? E49: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Primeiro não houve nenhuma adesão. Então eu sou um cidadão de Belo Horizonte, eu tenho um compromisso profundo com essa cidade. Eu fui vereador; eu fui o relator da Lei Orgânica, a lei mais importante de Belo Horizonte; eu fui prefeito de Belo Horizonte em um governo que marcou época, que foi um divisor de águas; candidato a deputado federal, eu fui o deputado mais votado na história de Minas e de Belo Horizonte. Tive aqui em Belo Horizonte uma votação consagradora. Depois, no Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, servimos ao Brasil, mas sempre com o olhar, com carinho especial, jamais deixei de ser um cidadão, um eleitor de Belo Horizonte, um morador da cidade. Então quando o prefeito me convidou para integrar um Conselho Consultivo, eu disse a ele, “Eu não posso negar nenhuma convocação para servir Belo Horizonte. Nenhuma. Então coloco duas condições: que não seja um cargo político e que não seja um cargo remunerado.”. Então é claro que você pode dar uma contribuição à sua cidade, à sua comunidade, ao seu país mesmo com um governo com o qual você tenha discordâncias e diferenças. E50: JOSIAS DE SOUZA/BLOGUEIRO DO UOL: Ministro, tem uma coisa que me chama muito a atenção, mal comparando, o senhor está numa situação inversa a do candidato Haddad em São Paulo, porque lá ele tenta chegar à prefeitura de uma administração que está mal avaliada, não é, e ainda assim ele tem dificuldades e depende muito do apoio do presidente Lula para tentar alavancar a candidatura dele, aqui o senhor vive uma situação inversa, até paradoxalmente, o senhor reivindica aqui o apoio do partido do Kassab e está aí uma discussão judicial e tal, mas aqui a situação inversa
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a que me refiro é que o senhor disputa contra uma administração a quem o eleitor... a qual o eleitor atribui boa avaliação. E também o senhor recorre muito ao Lula. Essa “lulodependência” não é uma fragilidade dos candidatos do PT nessa eleição? Ela se manifesta em várias cidades do país. E51: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Primeiro nós vamos discutir nessa campanha a real avaliação que a cidade tem da atual administração, daí a importância da eleição, do debate, do aspecto pedagógico... Daí talvez o temor que nosso adversário tenha de eventos mais democráticos como comícios e outras manifestações, porque nós sabemos que o atual prefeito, nosso adversário, tem sido muito generoso com os gastos em publicidade, inclusive se apropriando de obras que ele não fez ou algumas obras que ele concluiu e que foram iniciadas antes dele e que ele está e apropriando como se fosse única e exclusivamente dele, chegando ao extremo, inclusive, de se apropriar do Restaurante Popular. Belo Horizonte tem quatro restaurantes populares, um nós fizemos quando eu fui prefeito, implantamos com recursos próprios. Os outros três foram feitos com recurso do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, a implantação do... a construção do equipamento, a compra dos materiais necessários, não é? Então essa é uma discussão que nós faremos. E52: PAULO PEIXOTO/REPÓRTER FOLHA (BH): Mas com a participação da Prefeitura, não é, prefeito? E53: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Oi? E54: PAULO PEIXOTO/REPÓRTER FOLHA (BH): Com participação de dinheiro da Prefeitura? E55: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: A Prefeitura mantém. E nesse sentido o prefeito realmente deu uma grande contribuição, ele dobrou o valor das refeições, passou de R$ 1,00 para R$ 2,00. E56: PAULO PEIXOTO/REPÓRTER FOLHA (BH): Mas o último, o último restaurante implantado no Barreiro, a menor participação de recurso é Federal, parece que de R$ 9 milhões e R$ 1,7 milhões é do Governo e R$ 7 milhões é da Prefeitura. E57: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Os recursos... os recursos para construção dos Restaurantes Populares e para a compra dos equipamento são recursos do Governo Federal através do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Se houve alguma parceria, algum aditamento é uma coisa mínima, muito pequena em relação ao valor dos recursos aplicados pelo Governo Federal e... E58: JOSIAS DE SOUZA/BLOGUEIRO DO UOL: E a “lulodependência”? E59: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Oi? E60: JOSIAS DE SOUZA/BLOGUEIRO DO UOL: E a “lulodependência”, precisa disso? E61: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Não há “lulodependência”. Não, nao há “lulodependência”, não é, nós estamos em campanha com menos... com um pouco mais de um mês, com um pouco mais de um mês. A campanha está crescendo, nós temos feito manifestações belíssimas em Belo Horizonte. Ontem nós fizemos uma manifestação do alto da Afonso Pena, na Praça do Papa, esplêndida. A militância está voltando com esperança, com determinação, a nossa campanha está crescendo. Agora, é claro que nós temos uma afinidade com o presidente Lula, ele participa da nossa história, nós caminhamos juntos. Aí há uma convergência de compromissos. Eu conheço o presidente Lula antes do Partido dos Trabalhadores, quando eu era advogado sindical trabalhista, inclusive do Sindicato dos Jornalistas e dos Radialistas, e ele presidente do Sindicato dos Metalúrgicos em São Bernardo. Depois estivemos juntos na construção do Partido dos Trabalhadores. Eu ocupei um Ministério, senão o mais importante, um dos mais importantes ministérios do presidente Lula que fez essa revolução social pacífica e democrática no país... E62: EDUARDO SCOLESE/COORDENADOR AGÊNCIA FOLHA: Candidato... E63: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Então a presença do Lula em Belo Horizonte é pra somar conosco o entorno de princípios e objetivos comuns e não há nenhuma relação de independência, há uma relação de companheirismo e de fidelidade a causas que nós partilhamos juntos há muitos anos. E64: EDUARDO SCOLESE/COORDENADOR AGÊNCIA FOLHA: Nós vamos fazer agora o nosso primeiro intervalo. Voltamos já. Folha UOL – Eleições 2012. E65: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Obrigado.
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ANEXO B - TRANSCRIÇÃO DA SABATINA POLÍTICA-ELEITORAL REALIZADA COM PATRUS ANANIAS – 2º BLOCO – DATA: 27/08/2012 E66: EDUARDO SCOLESE/COORDENADOR AGÊNCIA FOLHA: Olá. De volta com a sabatina, direto de Belo Horizonte com o candidato do PT à Prefeitura, Patrus Ananias. Você que está em casa pode fazer perguntas através do Twiter pela da hashtag: sabatinafolhauol e também pela página do UOL Notícias no Facebook. Josias, tem uma pergunta do internauta? E67: JOSIAS DE SOUZA/BLOGUEIRO DO UOL: Tenho. O Antonio Meira... tem muita pergunta aqui, a gente escolhe sempre as mais maldosas, não é? O Antonio Meira, ele menciona o fato de que o ministro se apega muito ao Lula, cita as políticas sociais que ajudou a desenvolver no Governo Lula e ele recorda que vários ministros que foram auxiliares do presidente Lula, foram mantidos no Governo Dilma e pergunta: “Se o senhor teve essa relevância toda no Governo Lula, por que não houve essa deferência que houve em relação a outros ministros e por que o senhor não foi mantido na Administração Dilma Rousseff?”. E68: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Porque eu fiz opção de voltar para Belo Horizonte... E69: JOSIAS DE SOUZA/BLOGUEIRO DO UOL: O senhor foi convidado para se manter no cargo? E70: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Eu fiz uma opção de retornar para Belo Horizonte e deixei claro à presidenta Dilma que eu me daria um tempo para retomar as minhas aulas na Universidade Católica, retomar as minhas atividades profissionais em Belo Horizonte, dedicar um tempo maior à minha família, à minha mulher, meus filhos, os meus netos e também um tempo de reciclagem. Eu sempre vivi isso, Josias, quando eu larguei, saí da Prefeitura, eu tive um período também que eu fiquei afastado, voltei, inclusive a estudar, fiz mestrado, doutorado, não concluí a tese de doutorado, mestrado eu fiz tudo direitinho. Eu gosto, né, eu tenho um compromisso também com a vida acadêmica... E71: JOSIAS DE SOUZA/BLOGUEIRO DO UOL: Durou pouco tempo a reciclagem, não é, ministro? E72: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Então eu fiz a opção para me reciclar e também para voltar também a uma militância social mais de base, que eu gosto de fazer também que faz parte da minha vida... E73: JOSIAS DE SOUZA/BLOGUEIRO DO UOL: Durou pouco tempo a reciclagem, né, já tá voltando agora? E74: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Exatamente, né? Essa candidatura a Prefeito, as pessoas sabem disso, ela não estava posta completamente no meu horizonte. Eu considerei até mesmo a possibilidade de disputar há mais tempo, conversei com algumas pessoas, mais não tomei essa decisão. Mas sempre militando, eu sou membro do diretório nacional do Partido dos Trabalhadores, eu sempre cumpro uma agenda de militante social com o PT, com os movimentos sociais, com movimento sindical, com a juventude... E, diante dos fatos que aconteceram, a situação se colocou de uma maneira muito nítida pra mim. E fiel aos meus compromissos com Belo Horizonte, a cidade que me acolheu, a cidade que é a extensão da minha vida, e também os meus compromissos com o PT e com as forças políticas e sociais aliadas conosco, eu coloquei sim o meu nome para disputar e estou fazendo com todo empenho, com toda determinação, com muita vontade de ganhar para fazer um belíssimo trabalho em Belo Horizonte. Já fizemos no passado, faremos mais e melhor agora, que aí eu volto com experiência de quem foi deputado federal, de quem foi ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome... E75: VERA MAGALHÃES/EDITORA PAINEL FOLHA: Ministro... E76: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Os contatos que nós estabelecemos no Brasil e no mundo, certamente possibilitarão que nós façamos um governo ainda mais anunciador e comprometido com Belo Horizonte. E77: VERA MAGALHÃES/EDITORA PAINEL FOLHA: Ministro... E78: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Pois não, Vera. E79: VERA MAGALHÃES/EDITORA PAINEL FOLHA: Tem duas perguntas recorrentes aqui no Twiter que decorrem de respostas suas. O senhor citou o metrô, pelo menos dois internautas estão questionando aqui o fato de o metrô não andar por falta de repasses federais e pediria que o senhor comentasse isso. E a outra é que o senhor citou o governo no ex-prefeito Célio de Castro como de continuidade ao seu, mas vários twiteiros aqui da cidade lembram que o senhor apoiou o ex-deputado Virgilio Guimarães e que combateu a candidatura do Dr. Célio de Castro no 1º turno e só vieram a se aliar depois. Eu queria que o senhor comentasse essas duas perguntas. E80: EDUARDO SCOLESE/COORDENADOR AGÊNCIA FOLHA: É a mesma pergunta que chega da plateia também do Guilherme Oliveira.
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E81: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: A mesma qual que é aí da... E82: EDUARDO SCOLESE/COORDENADOR AGÊNCIA FOLHA: Da questão do Célio de Castro. E83: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: A questão do metrô, depende de recursos do Governo Federal. O Governo Federal tem investido muito em Belo Horizonte. Uma coisa importante que nós conquistamos no Brasil foi essa dimensão republicana. Eu vivi isso no governo do presidente Lula. Nós não discriminamos ninguém, nenhum Governo Federal, nenhum Governo Municipal, ou Est... ou Municipal por questões ideológicas. Nós colocamos sempre o bem comum o interesse público acima de eventuais diferenças partidárias. Ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, nós repassávamos aproximadamente R$ 4 bilhões para o Governo de Minas. Todas as políticas sociais viabilizadas em Minas eram com dinheiro do Governo Federal ou, pelo menos, com a participação muito efetiva, com recursos muito ampliados do Governo. Então com relação a isso nós nunca tivemos nenhuma, nenhuma... E84: VERA MAGALHÃES/EDITORA PAINEL FOLHA: Mas a pergunta é que os recursos não vieram para o metrô. E85: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Sim, estou dizendo. Agora, o próximo passo, para que os recursos venham é necessário também uma liderança mais rigorosa, é necessário fazer projetos, é necessário mobilizar a cidade belo-horizontina, os empresários, os trabalhadores, os técnicos, as universidades, criar um clima de opinião na cidade e buscar os recursos. É isso que eu estava dizendo, o Governo Federal não discrimina, agora é claro, como quando tem um Governo Municipal, como será o nosso que tem os mesmos compromissos, as mesmas afinidades com a presidenta Dilma que tem essa determinação de fazer, que vai montar equipes para elaborar bons projetos,que vai priorizar efetivamente a equipe do metrô, é claro que as possibilidades das parcerias se ampliam muito, não é? E a segunda questão? E86: VERA MAGALHÃES/EDITORA PAINEL FOLHA: A segunda questão é sobre o Dr. Célio de Castro, se o senhor realmente o apoiou... E87: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Sim. O Célio foi o nosso vice, parceiro o tempo todo. Depois tivemos uma pequena divergência no processo, o PT saiu com a candidatura própria. Logo no início do 2º turno, quando o Célio foi para o 2º turno, ele me procurou, nós estivemos juntos e o governo do Célio foi um governo com a participação efetiva do PT e já no seu segundo mandato ele disputou com o apoio do PT tendo o companheiro Fernando Pimentel como vice. E88: VERA MAGALHÃES/EDITORA PAINEL FOLHA: Mas por que não apoiá-lo se ele era o seu vice? O PT tinha e ainda tem uma dificuldade em ceder à primazia nas alianças? E89: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Foi o processo político daquele momento, né? Uma discussão. Eu, particularmente, inclusive defendi que o PT fizesse uma aliança com o Célio. O PT, por outras razões, não entendeu assim, houve uma disputa. Disputa sempre é bom. Houve uma disputa democrática, a cidade conheceu mais propostas, mais projetos... No que dia ficou conhecido o resultado em que o Célio foi para o 2º turno, nós tentamos com ele e retomamos a nossa aliança e o nosso projeto compartilhado. E90: EDUARDO SCOLESE/COORDENADOR AGÊNCIA FOLHA: Falando... E91: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: É importante lembrar também que o Célio de Castro faleceu vinculado ao Partido dos Trabalhadores. E92: EDUARDO SCOLESE/COORDENADOR AGÊNCIA FOLHA: Candidato, falando em alianças, houve o rompimento aqui em Belo Horizonte do PSB com o PT, assim como em Recife e em Fortaleza também. O senhor vê a ruptura local aqui em Belo Horizonte ligada a um plano nacional, talvez já para 2014 ou Belo Horizonte foi um fato isolado? E93: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Essa é uma questão que a história vai dizer, Eduardo. É claro que nós estamos atentos a isso, não é, não foi um fato isolado. Aconteceu em Belo Horizonte, aconteceu em Recife, aconteceu em Fortaleza, aconteceu também em outras cidades menores, médias... Essa aliança do PT com o PSB vai ser repensada, não é? Eu, particularmente, sempre tive uma relação de apreço com o PSB, especialmente com o PSB histórico. Eu quero lembrar, inclusive aqui que vários militantes históricos do PSB, do Partido Socialista Brasileiro, ex-militantes, fundadores, estão nos apoiando, os verdadeiros socialistas do PSB estão conosco. E94: VERA MAGALHÃES/EDITORA PAINEL FOLHA: O prefeito não é um verdadeiro socialista então? E95: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Eu prefiro não... E96: VERA MAGALHÃES/EDITORA PAINEL FOLHA: Como o senhor definiria ideologicamente? E97: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Essa pergunta deve ser feita a ele. Eu respondo por mim, pelo meu perfil ideológico. E98: EDUARDO SCOLESE/COORDENADOR AGÊNCIA FOLHA: O senhor vê hoje o PSB mais como aliado ou como adversário no plano nacional?
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E99: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: É isso que eu estou dizendo, né, participa da base aliada, mantém esse diálogo... Agora, as eleições desse ano sinalizaram algumas diferenças, o futuro vai dizer. E100: JOSIAS DE SOUZA/BLOGUEIRO DO UOL: Olha aqui, prefeito, houve uma engenharia na eleição passada que muitas pessoas imaginavam que poderia haver, ainda que pontualmente, no Brasil. O que ocorre tradicionalmente é que PT e PSDB sempre disputam eleições presidenciais e tal, se distanciam nos seus projetos partidários e aí vão se aglutinar com legendas, pra dizer... para ser elegante, legendas com histórico até menos recomendável, não? E aí fica esses escândalos sucessivos que sempre se repetem no Brasil. Aqui havia sido construída essa exceção. PT e PSDB o senhor foi contra, o Pimentel e o Laércio se juntaram e fizeram essa exceção. Agora romperam novamente por conta de, pelo que se diz, meia dúzia, talvez menos, cadeiras na Câmara de Vereadores. Não é pouca coisa para comprometer um projeto que o eleitorado vinha recebendo bem? E101: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Eu procuro, Josias, não ser e não sou, uma pessoa sectária. Todos que me conhecem sabem que eu sou um homem de diálogo, profundamente fiel às minhas convicções, aos meus valores, profundamente fiel ao povo, aos meus compromissos sociais, mas sou uma pessoa de diálogo, não discriminamos ninguém. Vivi essa experiência republicana no governo do presidente Lula de tratar com todo respeito os adversários, colocando sempre o interesse público acima de eventuais diferenças partidárias, mas eu entendo que é bom para a democracia que existam diferenças, que os projetos sejam explicitados e nós temos projetos diferentes. Tanto que alguns anos já o Brasil vem tendo essa linha divisória. As forças políticas e sociais lideradas pelo PT, as forças políticas lideradas pelo PSDB. E102: VERA MAGALHÃES/EDITORA PAINEL FOLHA: A não ser em BH onde tava todo mundo junto. E103: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Numa aliança que foi sempre um pouco incômoda e que acabou mostrando as suas limitações... E104: JOSIAS DE SOUZA/BLOGUEIRO DO UOL: Incômoda para o senhor ou incômoda para o partido? E105: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: No limite... O atual administrador de Belo Horizonte teve que fazer a sua escolha, exatamente porque são dois projetos diferentes e fez a escolha do outro lado, fez a escolha do PSDB. E106: JOSIAS DE SOUZA/BLOGUEIRO DO UOL: Ministro, o que me chama mais a atenção é o seguinte: que o senhor tenta dar à ruptura um sentido nacional de que o Eduardo Campos estaria lançando a sua candidatura à presidência da República fazendo um ensaio nacional, mas em verdade, o que houve aqui foi uma briga por quatro cadeiras na Câmara de Vereadores, essa que é a verdade. Então não é uma disputa bem mais comezinha do que a que o senhor tenta fazer crer? E107: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Não. A questão da aliança proporcional foi a gota d´água. Vocês mesmos já disseram aqui que eu sempre, e comigo vários companheiros e companheiras aqui presentes, nós sempre tivemos uma posição crítica em relação a atual administração de Belo Horizonte, por razões partidárias, como a maioria do partido em um determinado momento que fez essa escolha, também para servir a Belo Horizonte, dar a nossa contribuição à cidade, estivemos juntos. Mas foi ficando claro que essa aliança não se mantinha e não por razões de conteúdo, por razões de princípios, de valores, por razões de prioridades. E chegou um momento em que o nosso adversário pulou do nosso trem e fez a opção pro outro lado. É claro que Belo Horizonte tem as suas especificidades. Nós estamos disputando eleição municipal, nós estamos discutindo prioridades e propostas para Belo Horizonte, esta grande que querida capital de Minas, mas é claro que Belo Horizonte é a capital de Minas, é o centro da 3ª região metropolitana mais importante do Brasil. Belo Horizonte é uma cidade que tem uma interlocução com o Brasil e com o mundo, na cultura, no esporte, na sua história, na sua vocação de desenvolvimento. Então nós estamos sim debatendo Belo Horizonte, mas não podemos descontextualizá-la do contexto regional da região metropolitana, do contexto nacional e do contexto estadual. E108: VERA MAGALHÃES/EDITORA PAINEL FOLHA: Ministro, dentro deste contexto específico mineiro e de Belo Horizonte, o adversário histórico do PT sempre foi mais o PMDB que o PSDB, lembrando ali do início da sua trajetória, do início da trajetória do PT. Já houve revolta no PT aqui quando foram incitados a apoiar o ex-governador Newton Cardoso. O senhor mesmo quando teve de vice, agora do ex-ministro Hélio Costa sentiu que é uma aliança que não é bem aceita ainda, principalmente na cidade. No entanto, o PMDB está na sua chapa, tem o vice na sua chapa e o senhor vai levar essas figuras que não ornam muito bem com o PT para o seu palanque. Como vai ser a participação, por exemplo, do Newton Cardoso e do ex-ministro Hélio Costa na sua campanha?
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E109: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Primeiro é importante lembrar que nós temos uma aliança histórica com o PMDB, o antigo MDB, com o PMDB de Ulisses Guimarães, de Tancredo Neves, de Teotônio Vilela... E110: JOSIAS DE SOUZA/BLOGUEIRO DO UOL: Esse sumiu faz tempo, hein ministro? E111: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Nós temos uma história compartilhada nesse sentido também. E112: JOSIAS DE SOUZA/BLOGUEIRO DO UOL: Esse PMDB sumiu faz tempo. E113: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: E nesse momento... E nesse momento há uma aliança nacional. Nós estamos reproduzindo em Belo Horizonte uma aliança nacional... E114: VERA MAGALHÃES/EDITORA PAINEL FOLHA: Em 2010 já havia.* E115: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: O PMDB... O PMDB hoje é aliado do Partido dos Trabalhadores, da presidenta Dilma, o vice-presidente Michel Temer num plano nacional. E fizemos em Belo Horizonte, isso é um dado muito importante, está aqui o meu vice, companheiro Aloísio Vasconcelos do PMDB, que representa a unidade do PMDB. Nós fizemos uma aliança com o PMDB como um todo, com o partido. E nós estaremos à frente do governo de Belo Horizonte e vamos governar com aquelas pessoas que efetivamente possam contribuir para o desenvolvimento econômico, social, cultural e democrático da cidade. E116: EDUARDO SCOLESE/COORDENADOR AGÊNCIA FOLHA: Candidato, uma pergunta que chega sem identificação da plateia: “Qual critério que o senhor vai usar para formar o seu secretariado e se vai aceitar a imposição de partidos aliados como o PMDB?”. E117: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: O mesmo critério que eu adotei para montar o secretariado quando eu fui prefeito de Belo Horizonte. Nós montamos aqui um secretariado que era um ministério. O meu Secretário da Fazenda era o ministro Fernando Pimentel; o meu Secretário do Planejamento era o economista Maurício Borges, hoje diretor do BNDES; o meu Secretário de Governo foi ministro também do Governo Lula, Luiz Soares Dulci; tive como Secretário de Saúde uma figura esplêndida que já faleceu, o César Campos; a Maria Regina Nabuco, professora inesquecível implantou conosco as políticas de segurança alimentar e de combate á fome em Belo Horizonte; Célio de Castro era o vice-prefeito. Nós montamos em Belo Horizonte um secretario que foi uma referência, e por isso fizemos um governo histórico por isso não há nenhum questionamento ético sobre a nossa administração. Depois... E118: EDUARDO SCOLESE/COORDENADOR AGÊNCIA FOLHA: Os partidos vão indicar nomes? E119: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Depois, Eduardo, só um minutinho, no ministério. E você acompanhou. Fizemos no Ministério do Trabalho 1.400 funcionários, uma equipe muito reduzida para fazer a revolução que nós fizemos. Para trabalhar comigo tem que ter competência técnica, tem que ter sensibilidade humana, social, tem que ter capacidade de trabalho. São condições fundamentais. Por isso nós fizemos o que fizemos na Prefeitura de Belo Horizonte e no Ministério Social de Combate à Fome. Vou contar dois fatos rápidos do Ministério pra vocês. E120: VERA MAGALHÃES/EDITORA PAINEL FOLHA: Mas a pergunta é pra frente, né, ministro? O senhor ainda não respondeu se vai aceitar indicação política ou não. E121: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Olha, eu considero que o maior aval que uma pessoa tem para pensar no seu futuro é o seu passado. É aquilo que ela realizou no passado. Eu tive duas experiências vitoriosas e faremos assim. Estou dizendo, recuperando o passado, pra dizer que faremos assim. Nós vamos governar Belo Horizonte com os melhores quadros. É claro que eu vou considerar sim as forças políticas e sociais que estão nos apoiando, mas dentro dessas forças políticas e sociais, nós vamos buscar as pessoas mais qualificadas do ponto de vista técnico, do ponto de vista ético, moral, do ponto de vista da capacidade de trabalho, vamos buscar também pessoas nas universidades, os empresários e vamos ter também uma relação de diálogo com os opositores... E122: VERA MAGALHÃES/EDITORA PAINEL FOLHA: Então o senhor vai dar a palavra final, é isso? E123: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Essa é uma outra característica fundamental nossa. Não discriminamos. Depois que ganharmos a Prefeitura, nós vamos buscar sim uma relação de diálogo, de respeito e de parceria. Tudo aquilo que for para o bem comum, que for para o bem do povo de Belo Horizonte, nós vamos buscar alianças, diálogos, com todas as forças políticas e sociais da cidade. E124: EDUARDO SCOLESE/COORDENADOR AGÊNCIA FOLHA: Candidato, só para deixar claro, a Vera perguntou também, as indicações políticas chegarão ao gabinete do senhor, mas a palavra final será sua. É isso? E125: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Claro! Nunca vou abdicar disso. Foi uma das condições que eu coloquei para o presidente Lula. Quando o presidente me convidou para ser ministro, eu falei
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pra ele “Presidente, eu posso montar a minha equipe?”, ele falou “Pode.”. Teve uma vez que um órgão de imprensa foi fazer uma fiscalização lá do Bolsa Família pra ver quantos petistas tinha no Bolsa Família, de 11 pessoas responsáveis pela gestão do programa tinha uma pessoa afiliada ao PT. Então eu procurei uma vez, integrou conosco um rapaz, esplêndido funcionário, hoje está nos Estados Unidos, um técnico esplêndido, eu não conhecia, fui apresentado a ele, afinidade e perguntei pra ele, “Você é do PT?”, ele falou “Não.”, “Você tem compromisso com os pobres?”, ele falou, “Tenho.”, então vamos trabalhar juntos. E126: JOSIAS DE SOUZA/BLOGUEIRO DO UOL: Ministro, dentro da linha que o senhor estava mencionando de que o passado é que recomenda o gestor do futuro, o internauta Alex Prates, lembra que o senhor faz críticas à gestão do prefeito Márcio Lacerda. Entre os setores que o senhor critica está a Cultura e o Alex Prates pede ao senhor que explique o porquê do veto que impôs em 93 à meia entrada de estudantes para shows e espetáculos, veto, aliás, lembra ele, que foi derrubado depois pela Câmara. E127: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Olha, o importante é lembrarmos o que nós fizemos à Cultura em Belo Horizonte. E128: JOSIAS DE SOUZA/BLOGUEIRO DO UOL: Mas houve esse veto, prefeito? Só pra não deixar a resposta... a pergunta dele sem... E129: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Vou ser bem sincero com você, Josias, o que eu me lembro é que nós implantamos em Belo Horizonte o Festival Internacional de Teatro; é que nós implantamos em Belo Horizonte o Festival Internacional de Artes em Padrinho; que nós implantamos em Belo Horizonte o Festival de Arte Negra; que nós implantamos em Belo Horizonte os Centros Regionais de Cultura, que nós criamos a Lei de Incentivos Culturais em Belo Horizonte. E130: JOSIAS DE SOUZA/BLOGUEIRO DO UOL: Desse veto o senhor não se lembra? E131: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Nós fizemos uma revolução na Cultura. A questão... E132: JOSIAS DE SOUZA/BLOGUEIRO DO UOL: Só para não deixar ele sem resposta. E133: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Não. Sinceramente não me recordo. E134: JOSIAS DE SOUZA/BLOGUEIRO DO UOL: É mesmo? E135: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Não me recordo. E se... ganhando a Prefeitura é um assunto que nós podemos rediscutir democraticamente. E136: PAULO PEIXOTO/REPÓRTER FOLHA (BH): A proposta dessa área da Cultura, ministro, eu acho que é uma boa oportunidade de o senhor explicar. Recentemente em uma plenária que o senhor fez na Pompeia, o senhor falou que... a frase que o senhor disse é: “Tentam me julgar contra ela”, o senhor estava e referindo a Thais Pimentel, que foi que presidiu até dias atrás a questão da Fundação Municipal de Cultura, que substituiu a Secretaria de Cultura. Durante todo esse tempo, a Cultura sempre esteve na mão do PT e essa é uma área que o senhor tem criticado bastante, não é? O que é que mudou? Mudou o PT? O que é que aconteceu? E137: EDUARDO SCOLESE/COORDENADOR AGÊNCIA FOLHA: Só um complemento, é que... E138: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Eu estou dizendo... E139: EDUARDO SCOLESE/COORDENADOR AGÊNCIA FOLHA: Candidato, essa mesma pergunta do estudante Alberto Laje que está aqui na plateia. E140: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Pois é. Enquanto eu estive na Prefeitura, nós fizemos uma revolução cultural em Belo Horizonte. Belo Horizonte era a 16ª cidade em eventos culturais. Não nossa administração passou a ser a 3ª atrás somente de São Paulo e do Rio de Janeiro. Foi um trabalho esplêndido que nós fizemos com todos setores culturais da cidade. Agora eu já disse aqui e vou reiterar, quem comanda o time é o técnico, quem comanda é o líder ou quem deve ser o líder. Quem define as prioridades é o prefeito, é o prefeito que define os recursos, é o prefeito que define as parcerias, é o prefeito que define quem deve fazer os projetos, sem esse aval do prefeito não é possível fazer as coisas. E141: PAULO PEIXOTO/REPÓRTER FOLHA (BH): Mas, ministro... E142: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Por mais que o secretário, por mais que a presidente, no caso a companheira Thaís, a presidente da Fundação Cultural, por mais que as pessoas queiram, sem respaldo, sem dinheiro, sem recursos tecnológicos, sem recursos humanos, sem o apoio efetivo da liderança maior, porque deve ser a liderança maior, não é possível. E143: EDUARDO SCOLESE/COORDENADOR AGÊNCIA FOLHA: O senhor não está tirando a responsabilidade dos secretários, enfim, jogando a responsabilidade apena no prefeito? Não é uma forma simplista de resumir a gestão, candidato? E144: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: É a experiência que eu tive, Eduardo. Como prefeito eu delegava, dava liberdade aos secretários, mas também cobrava. Nós tínhamos reuniões semanais, as prioridades eram defendidas entre nós, quer dizer, a palavra final, quem decide é a autoridade maior.
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E145: PAULO PEIXOTO/REPÓRTER FOLHA (BH): O senhor acha então... E146: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: É o prefeito, é o ministro. E147: PAULO PEIXOTO/REPÓRTER FOLHA (BH): O senhor acha... E148: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Eu tenho consciência que eu fiz um esplêndido trabalho no Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Nós fizemos uma revolução pacífica social no Brasil. O Bolsa Família hoje é uma referência no mundo inteiro. Tenho consciência da minha experiência e da minha capacidade como gestor, tenho consciência do grande trabalho da equipe que nós montamos, mas foi fundamental também o papel, a liderança e o acompanhamento, a solidariedade do presidente Lula. E149: JOSIAS DE SOUZA/BLOGUEIRO DO UOL: Ministro, mas do modo como o senhor fala, para reforçar o ponto de vista do Scolese ali, parece que os secretários são seres atoleimados que têm ali as suas linhas, as suas... os seus desejos, políticas e o prefeito que não permite que elas sejam implementadas. Então o sujeito pede o boné e vai embora, quer dizer... Do mesmo modo o senhor, se tivesse prioridades no Ministério e o presidente Lula divergisse delas, talvez o senhor não permanecesse no Ministério, não é? Fica tudo muito simples. A leitura que o senhor faz. “Ah, o prefeito não tem liderança.”. E150: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Primeira coisa, um governo deve estabelecer prioridades. Ninguém pode fazer tudo. Nós sabemos que os recursos são escassos e as necessidades são, praticamente, ilimitadas. Quem define as prioridades, Josias? Quem define? Claro que o prefeito deve chamar seus secretários, seus assessores, como nós sempre fizemos aqui em Belo Horizonte como prefeito, no Ministério e nós trabalhávamos os finais de semana inteirinhos de sexta à noite a domingo à noite pra definir prioridades, trabalhar os limite dos recursos. Agora esse papel de coordenador, esse papel de líder é fundamental, esse é do prefeito. Sem esse papel não tem como fazer, se ele não se reúne com os secretários, se ele não estabelece um trabalho de equipe, se ele não define prioridades... Isso é fundamental. E151: VERA MAGALHÃES/EDITORA PAINEL FOLHA: Ministro... E152: PAULO PEIXOTO/REPÓRTER FOLHA (BH): Não faltou marcar uma posição política então, ministro? E153: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Oi? E154: PAULO PEIXOTO/REPÓRTER FOLHA (BH): O PT não tinha que marcar essa posição política? Porque aos olhos da sociedade quem conduzia era o PT. E155: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Mas nós fomos... Nós fomos esticando a corda com paciência, fomos tentando o nosso compromisso com Belo Horizonte, nós fomos aguentando, fomos... até que chegou o limite. E156: JOSIAS DE SOUZA/BLOGUEIRO DO UOL: Gente, mas o limite ficou no dia da convenção. E157: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Ficou claro, chegou o momento em que realmente as diferenças estavam postas. E158: JOSIAS DE SOUZA/BLOGUEIRO DO UOL: Demorou bastante, não é? E159: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Chegou o momento em que ficou claro a nossas diferenças. E160: VERA MAGALHÃES/EDITORA PAINEL FOLHA: Ministro... E161: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: As diferenças de prioridade e, sobretudo, as diferenças de estilo de governar. E162: VERA MAGALHÃES/EDITORA PAINEL FOLHA: Vamos voltar aqui à questão da política e como essa eleição ganhou um contorno nacional. A presidente Dilma participou ativamente da articulação da sua candidatura, tanto para convencê-lo quanto pra costurar a aliança que se formou entorno da sua candidatura. Ela é mineira, embora tenha feito sua carreira política mais no Rio Grande do Sul do que em Minas, e aqui também está um dos seus principais potenciais adversários em 2014, o atual senador, ex-governador Laércio Neves, que por sua vez é o principal padrinho do lado de lá. Com esse pré-rompimento que a gente mencionou entre PT e PSB, tem um outro ator nacional que é o governador de Pernambuco Eduardo Campos. O senhor acha que uma eventual derrota da sua candidatura fragiliza também a presidente Dilma pra sua postulação para a reeleição daqui a dois anos? E163: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Olha, Vera, eu sou uma pessoa que gosta, eu gosto muito de estudar... E164: VERA MAGALHÃES/EDITORA PAINEL FOLHA: Eu falei eventual. E165: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Eu gosto muito de política, gosto de ler, mas eu não sou analista político. Eu não estou aqui como comentarista político eu estou aqui como militante político. Eu estou aqui como candidato a prefeito de Belo Horizonte determinado a ganhar as eleições para fazer um trabalho histórico afirmativo, anunciador para a cidade. Eu estou aqui para discutir
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propostas, prioridades para Belo Horizonte. Eu não vou entrar em comentários, em análises políticas. A minha motivação aqui hoje é uma motivação de quem é candidato. Candidato para ganhar e para fazer um trabalho que entre para a história de Belo Horizonte. E166: VERA MAGALHÃES/EDITORA PAINEL FOLHA: Mas o senhor... E167: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Estabelecer um novo divisor de águas na história da cidade. Não volto pensando no passado, volto com o olhar para o futuro para que Belo Horizonte seja cada vez mais fiel a esta esplêndida vocação que ela tem como uma cidade universal. E168: VERA MAGALHÃES/EDITORA PAINEL FOLHA: Mas então por que a presença da presidente Dilma é tão vital nessa campanha se isso também não projeta uma importância sobre a reeleição dela daqui a dois anos? E169: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Voltamos a questão anterior. Belo Horizonte é o centro da 3ª região metropolitana mais importante do Brasil. Nós precisamos, cada vez mais, de recursos do Governo Federal. A atual administração, com toda a sua timidez, tem tocado algumas obras com recursos do Governo Federal. Nós queremos ampliar cada vez mais essas parcerias. Belo Horizonte é a capital de Minas. Os caminhos do Brasil passam por Belo Horizonte. Então a interlocução com a presidente da República é fundamental. Agora, além disso, no meu caso com a presidenta Dilma e com o presidente Lula tem uma relação de afinidades. Nós temos olhares comuns com as mesmas coisas. Por exemplo, um compromisso nosso: universalizar o atendimento de creche, Educação Infantil de 0 a 5 anos em Belo Horizonte. Eu sei que essa também é uma prioridade da presidenta Dilma. E170: EDUARDO SCOLESE/COORDENADOR AGÊNCIA FOLHA: Candidato... E171: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Nós queremos acabar definitivamente com a miséria em Belo Horizonte. Nós sabemos que essa também é uma prioridade da presidenta Dilma. Então, nós podemos ampliar... E172: VERA MAGALHÃES/EDITORA PAINEL FOLHA: Então uma aliança que serve só para a bonança? É uma aliança só para a bonança? Em caso de derrota o senhor acha que não tem nenhuma relação com ela? E173: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Como? E174: VERA MAGALHÃES/EDITORA PAINEL FOLHA: Se o senhor ganhar, a presidente Dilma vai ter um papel importante, a parceria vai ser importante, mas se o senhor perder o senhor acha que isso não afeta ela de algum modo? Não é uma forma muito limitada de ver essa aliança? E175: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Não. Primeiro, a presidenta Dilma é minha amiga pessoal. Assim como é o presidente Lula. Nossa conversa vai ser mantida, permanente. O que eu estou dizendo é que as eleições de 2012 não são eleições nacionais, ao contrário do nosso adversário que está cada vez mais se colocando atrás de uma outra figura política em Minas, não é? Eu não vou me ocultar nessa campanha. Eu não vou ficar atrás do presidente Lula e atrás da presidenta Dilma, mas vou deixar claro a nossa interlocução com eles entorno de objetivos comuns. Eu não acredito que 2014 esteja sendo decidido agora. Eu sempre... Cada eleição tem a sua lógica, tem a sua dinâmica e nesse momento, é claro, a eleição é municipal, lembrando sempre que nós vivemos numa cidade que está inserida numa região metropolitana, num estado e num país. E176: EDUARDO SCOLESE/COORDENADOR AGÊNCIA FOLHA: Candidato, faremos agora mais um intervalo. Voltamos já. Folha UOL, Eleições 2012. E177: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Obrigado.
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ANEXO C - TRANSCRIÇÃO DA SABATINA POLÍTICA-ELEITORAL REALIZADA COM PATRUS ANANIAS – 3º BLOCO – DATA: 27/08/2012 E178: EDUARDO SCOLESE/COORDENADOR AGÊNCIA FOLHA: Olá. De volta com a sabatina Folha UOL, direto de Belo Horizonte, com o candidato do PT à Prefeitura Patrus Ananias. Candidato, o senhor tem acompanhado o julgamento do mensalão? Qual o opinião do senhor? Como o desenrolar da votação dos ministros pode prejudicar ou ajudar, de acordo com o resultado, claro, os candidatos do PT pelo país? E179: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Ô, Eduardo, antes de responder a sua pergunta, eu quero, em nome da verdade, fazer um esclarecimento. Eu fui aqui orientado pela minha assessoria que realmente a questão dos restaurantes populares foi sempre nessa linha do financiamento do Governo Federal para a construção dos prédios e a compra dos equipamentos, mas que no caso específico do Restaurante Popular do Barreiro houve uma parceria maior de tal maneira que a Prefeitura de Belo Horizonte entrou com o valor correspondente a R$ 7 milhões na construção. Então eu queria fazer esse registro pra não ficar nenhuma dúvida pendente. E com relação ao restaurante do Barreiro houve efetivamente uma participação expressiva da Prefeitura de Belo Horizonte. E180: EDUARDO SCOLESE/COORDENADOR AGÊNCIA FOLHA: Está esclarecido. Então retomando a pergunta sobre o julgamento do mensalão. O senhor acha que o resultado, o andamento da votação dos ministros pode prejudicar ou, enfim, ou até ajudar, dependendo da votação, as candidaturas do PT pelo país? E181: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Eduardo, eu sou advogado, sou professor de Direito e aprendi que pra nós falarmos sobre um processo é necessário que tenhamos o conhecimento desse processo, não é, as razões de um lado e as razões do outro. Eu não estou acompanhando, a não ser pela imprensa. Mas não estou acompanhando nos detalhes dentro do processo esse julgamento. A minha expectativa, como cidadão, como advogado, pessoa comprometida com a ordem jurídica e com o estado democrático de direito é que se faça um julgamento limpo, transparente, rigorosamente jurídico e atento àquilo que está dentro do processo e dos autos. E182: VERA MAGALHÃES/EDITORA PAINEL FOLHA: Ministro, hoje, reportagem aí dos jornais, mostra que, em termos de financiamento, a sua candidatura e a do também ex-ministro Fernando Haddad em São Paulo são as que mais têm recebido recursos do PT. O senhor e ele têm, inclusive, o mesmo marqueteiro que é o Jornalista João Santana que fez a campanha da presidente Dilma e a campanha do presidente Lula em 2006. Só que a sua candidatura e a dele tem vetores opostos, ele se apresenta como novo na política, e o senhor tem falado aqui em experiência em suas gestões anteriores exitosas. A mesma fórmula pode dar certo lá e cá? Como o senhor vê essa presença importante do PT nacional na sua campanha, impondo o marqueteiro, participando do financiamento, com essa presença do Lula e da Dilma que a gente já falou anteriormente? E183: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: É importante lembrar que não é nenhuma imposição do Governo Federal. A nossa candidatura nasceu aqui em Belo Horizonte e expressa hoje uma unidade profunda, uma grande coesão do PT e das forças políticas e sociais que nos apoiam. É claro que a partir da nossa unidade aqui em Belo Horizonte nós estabelecemos também uma unidade com a direção Estadual, com a direção Nacional e com as nossas duas grandes lideranças: o presidente Lula e a presidenta Dilma. E a nossa campanha será sempre na linha em que nós colocamos. Nós vamos apresentar as nossas propostas para Belo Horizonte, estamos apresentando, nós temos um projeto para a cidade. Vamos recuperar o que nós fizemos, mas sempre com esse olhar para o futuro: como enfrentar os novos desafios. Aquilo que nós fizemos no passado, ideias inovadoras, por exemplo, a questão da segurança alimentar, o Fome Zero, começou em Belo Horizonte. E tantas outras experiências. Então as experiências inovadoras que nós tivemos no passado nós vamos implementar pensando sempre no futuro de Belo Horizonte. E184: EDUARDO SCOLESE/COORDENADOR AGÊNCIA FOLHA: Candidato, o senhor falou em unidade do PT aqui em Minas. Qual é a relação hoje do senhor com o ministro Fernando Pimentel? E185: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Ótima. Como, aliás, sempre foi. E186: EDUARDO SCOLESE/COORDENADOR AGÊNCIA FOLHA: Sempre foi? E187: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Eu sou amigo... E188: EDUARDO SCOLESE/COORDENADOR AGÊNCIA FOLHA: E as divergências? E189: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Eu sou amigo do Fernando, eu sou amigo do ministro Fernando Pimentel há quase 40 anos. O ministro Fernando Pimentel foi um dos meus apoiadores, nós temos fotos, documentos, ele foi um dos meus apoiadores quando eu disputei pela primeira vez a eleição para vereador em Belo Horizonte em 1982. Ele foi meu Secretário da Fazenda. Nós sempre preservamos as nossas relações de amizade, inclusive no campo familiar. Tivemos algumas diferenças que fazem parte a vida política, que fazem parte da democracia.
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E190: EDUARDO SCOLESE/COORDENADOR AGÊNCIA FOLHA: Estão superadas? E191: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Totalmente superadas. E192: PAULO PEIXOTO/REPÓRTER FOLHA (BH): Ministro... E193: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Totalmente unidos hoje na disputa e na busca da vitoria em Belo Horizonte. E194: PAULO PEIXOTO/REPÓRTER FOLHA (BH): Mas existe alguma certeza, alguma garantia que o senhor possa dar de que uma eventual derrota do senhor aqui, caso a candidatura do senhor não consiga prevalecer, esses entulhos de 2008 não serão removidos pelo PT e isso pode mudar o PT de BH? E195: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Não entendi a sua pergunta. E196: PAULO PEIXOTO/REPÓRTER FOLHA (BH): Os entulhos políticos de 2008 que levaram à aliança, que criou-se a figura política de Márcio Lacerda, uma eventual derrota do PT... E197: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Ah, vamos pensar depois. Vamos pensar depois. Estamos julgando... Quando você está em campo de futebol fazendo uma partida você não pensa em perder não. E198: VERA MAGALHÃES/EDITORA PAINEL FOLHA: Ministro... E199: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: É claro que jogando com ética, com respeito, não é, a nossa determinação agora é ganhar as eleições. Eu só penso nessa perspectiva. É claro que fazendo isso de uma forma ética, programática, discutindo com a população de Belo Horizonte, mas não está no meu horizonte aqui considerar o que farei se nós não ganharmos. Estou trabalhando e pensando na possibilidade de ganharmos para fazermos mais e melhor por Belo Horizonte. E200: JOSIAS DE SOUZA/BLOGUEIRO DO UOL: Ministro, tem duas perguntas aqui de internautas, Léo e Antonio Meira, que menciona um programa que o senhor teria lançado quando prefeito, na década de 90, que foi a Escola Plural que previa - se entendi bem o contexto da pergunta - previa a aprovação dos alunos independentemente das menções, não é, das notas. Acho que é alguma coisa parecida com o que em outros municípios se pratica, não é? E eles criticam muito esta linha de política de ensino. É sua intenção retomar isto ou não? E201: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Primeiro, Josias, é preciso recuperar o que nós fizemos em Educação em Belo Horizonte. Fizemos uma revolução na Educação de Belo Horizonte. Já disse aqui e quero reiterar. Quando nós chegamos na Prefeitura de Belo Horizonte, o índice de reprovação na 1ª série era de 50%. Pra onde iam essas crianças? Pra rua. E202: JOSIAS DE SOUZA/BLOGUEIRO DO UOL: Mas se você aprova sem atenção à nota, aí é fácil, não é, para melhorar os índices. E203: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Era 50% de reprovação. Eram quase duas crianças por vaga. Construímos 14 novas escolas em Belo Horizonte, reformamos e ampliamos mais de 40 escolas, começamos a incorporar as creches, muitas das inovações que nós fizemos no ensino em Belo Horizonte foram, posteriormente, incorporadas em 1996 pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Começamos com a escola integrada. O que houve, na verdade, foi a construção, a busca de novos modelos de avaliação. Porque a escola, Josias, você há de concordar comigo, não é o local da exclusão. Nós queremos sim, e isso é fundamental, esse é um compromisso que não abrimos mão: nós queremos que as crianças aprendam. O meu grande desejo, o meu grande sonho e compromisso é fazer da escola pública de Belo Horizonte uma escola no mesmo nível das melhores escolas particulares. Agora, nós queremos que as crianças aprendam, queremos uma escola acolhedora, uma escola prazerosa, uma escola que estimule o aprendizado. Então nós estabelecemos o que foi adotado, inclusive, pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação, o critério de avaliação por três anos: seis a nove, nove a doze, doze a quinze. E reconheço também, a gente tem que reconhecer eventuais equívocos e só comete equívocos quem ousa, quem busca coisas novas, quem propõe alternativas como nós colocamos na Educação de Belo Horizonte. Nós flexibilizamos um pouco na questão da avaliação para manter as crianças naquele momento. Isso já foi corrigido. Já na gestão do nosso companheiro Fernando Pimentel, o critério de avaliação voltou e é nosso compromisso manter um critério rigoroso de avaliação, inclusive usando tecnologias modernas que possibilitem que os pais acompanhem o desempenho escolar das crianças. Então nós queremos uma escola sim onde as crianças aprendam, mas vamos exigir mais na questão da avaliação. Foi só um momento dentro de um projeto maior. A Educação hoje em Belo Horizonte está razoavelmente bem avaliada e nós vamos melhorar muito. E204: VERA MAGALHÃES/EDITORA PAINEL FOLHA: Ministro... E205: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Sobretudo, garantindo a universalidade da educação infantil e aperfeiçoando tudo que nós fizemos e corrigindo eventuais equívocos que fazem parte de qualquer projeto ousado, como corrigimos muitas coisas do Bolsa Família. Foi no processo que nós fomos acertando e aperfeiçoando.
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E206: VERA MAGALHÃES/EDITORA PAINEL FOLHA: Ministro, em relação à cidade, tem uma pergunta mais ou menos recorrente aqui no Twiter a repeito de instalação de pedras embaixo dos viadutos pra que a população de rua não possa dormir. Enfim, eu não sou de BH não sei se esse é um problema, mas é um problema também em São Paulo. A atual gestão do prefeito Kassab é acusada de higienista por conta disso. Os internautas perguntam se o senhor vai mandar retirar essas pedras, qual vai ser a sua política em relação à população de rua? E207: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Eu não concordo em colocar essas pedras. Definitivamente eu não concordo. Eu tenho muito respeito pelas pessoas e, sobretudo, pelas pessoas mais pobres. Nós queremos sim e vamos trabalhar para tirar as crianças, para tirar as pessoas da rua, para levá-la para casas, mas em condições humanas, em condições dignas. Nós não partilhamos dessa ideia chamada “higienização da cidade”. Como se os pobres fossem incômodos, como se os pobres atrapalhassem. Claro que a rua não é lugar de ninguém morar. Não é razoável que ninguém more debaixo de um viaduto. Mas nós não podemos tirar as crianças, as pessoas debaixo de viaduto jogando água, colocando pedra, isso tem que ser feito num processo de diálogo, num processo de respeito, os pobres merecem muito carinho. E208: PAULO PEIXOTO/REPÓRTER FOLHA (BH): Ministro... E209: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Se tem uma coisa que eu posso assumir: vamos governar para todos, mas aqueles que forem os mais pobres, esses terão o nosso maior carinho, o nosso olhar mais afetuoso. E nenhuma violência contra eles. E210: PAULO PEIXOTO/REPÓRTER FOLHA (BH): Ministro, a carreira política do senhor, ela se iniciou a partir de uma convivência muito ampla com as pastorais da igreja católica, com as comunidades eclesiásticas de base. E nessa campanha uma coisa que me... Hoje a gente tem 22% de evangélicos no Brasil. E uma coisa que me chamou a atenção, o senhor articulou muito com essas organizações da igreja católica e muito pouco com os evangélicos. Eu queria que o senhor falasse um pouco sobre isso, o porquê. Por uma questão política por eles terem firmado mais compromissos políticos partidários com o lado do seu adversário? E211: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Olha, Paulo, nós estamos abertos ao diálogo com todos. O meu compromisso na campanha anuncia o meu compromisso no mandato: dialogar com todos os seguimentos sociais. Eu tenho uma formação cristã católica, mas sempre numa linha ecumênica. Quando eu fui prefeito, protestantes e evangélicos participaram ativamente no meu governo, como secretários, líder do governo... Nós teremos sempre uma relação com as igrejas... Por exemplo, eu reconheço o trabalho notável das igrejas evangélicas no combate, por exemplo, ao uso de drogas, no combate ao alcoolismo, nós vamos buscar essa parceria. E nós temos uma referência comum que é esse compromisso com a justiça, que é esse compromisso com os pobres que nós haurimos da mesma fonte que são os ensinamentos de Jesus. E212: PAULO PEIXOTO/REPÓRTER FOLHA (BH): Mas não dava para estabelecer desde já na... durante a campanha essa maior relação com os evangélicos? E213: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Nós estamos dialogando. Estamos buscando apoio, conversas com todos os seguimentos de todos os setores sociais. Estamos marcando agora já um grande evento, por exemplo, com a presença de lideranças religiosas de todas as igrejas. Queremos uma relação muito construtiva com as igrejas cristãs, mas também com as igrejas não cristãs, com outros seguimentos religiosos como também o repeito àquelas pessoas que não têm convicção religiosa. Fiel às minha convicções, aos meus valores, nós vamos fazer em Belo Horizonte também um governo republicano, um governo laico, um governo democrático, mas potencializando toda essa contribuição que as igrejas podem trazer no campo da ética, no campo da educação, no campo do combate às drogas, à violência, ao alcoolismo e outros valores morais que são fundamentais para a coesão da sociedade. E214: PAULO PEIXOTO/REPÓRTER FOLHA (BH): Outra coisa, o senhor citou no bloco anterior, o senhor falou da vinculação do seu adversário com... o senhor não citou explicitamente, mas com o Palácio da Liberdade, com o senador Laércio Neves, com o lado do PSDB. Na campanha de 2010, o senhor falou que tem... que na ocasião, quando o senhor se candidatou como vice-governador, o senhor falou como tem sido, que era duro enfrentar o partido secular que é o Palácio da Liberdade. Como que tem sido enfrentar esse partido secular nessa campanha? Já dá para ter essa dimensão? E215: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Olha, eu estou tão envolvido com a campanha, estamos trabalhando tanto, não é, tantos contatos com a cidade, reuniões e debates que eu... não tá dando tempo assim pra avaliar muito essa questão da... Agora é claro, nós sabemos, por exemplo, que a máquina da Prefeitura tem sido usada de uma forma bem rigorosa, inclusive, infelizmente, no sentido de criar constrangimentos e provocar o afastamento de pessoas que estejam apoiando a nossa candidatura, né? Nós sabemos que em Minas Gerais, não é, por razões históricas nos últimos
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anos, a máquina do Governo do Estado tornou-se muito forte, inclusive a meu ver, comprometendo as bases fundamentais da democracia. E216: PAULO PEIXOTO/REPÓRTER FOLHA (BH): Nesse episódio da Prefeitura, não era natural que o prefeito, a partir do momento que o PT deixou a aliança, não era natural que o prefeito abrisse mão dos cargos comissionados que o PT ocupava, de retirar essas pessoas da prefeitura? E217: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Olha, na minha avaliação, Paulo, a prefeitura não é propriedade de um partido político não. Eu sempre trabalhei com pessoas de outros partidos. Inclusive do adversário. E218: PAULO PEIXOTO/REPÓRTER FOLHA (BH): Mas não é cargo de confiança nesse caso? E219: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Sim, mas a questão... Os secretários, as pessoas que ocupam cargos de confiança saíram. As perseguições, as pressões agora estão se dando no nível intermediário, não é? Estão se dando... Eu tenho orgulho. Vou contar um fato também aqui que eu tenho muito orgulho dele. Além de outros que já mencionei com relação ao Ministério. Eu era prefeito de Belo Horizonte e uma figura esplêndida de Belo Horizonte, Dr. Hugo Werneck, era o presidente da Fundação Zoobotânica. Doutor Hugo Werneck tem relações de parentesco com o então governador Eduardo Azeredo, estava disputando a reeleição. Doutor Hugo Werneck entrou um dia no meu gabinete e falou: “Prefeito, eu vim cá pedir demissão. Eu vou afastar, não quero criar constrangimento pro senhor não. Eu gosto muito do senhor, nós estamos trabalhando muito bem, mas eu vou apoiar o Eduardo Azeredo, porque ele é meu parente...” - eu acho que ele é sobrinho, ele é casado com uma filha dele. Eu falei, “Dr. Hugo, o senhor está muito acima disso. O senhor é um patrimônio de Belo Horizonte. O senhor vai votar em quem o senhor achar melhor, o senhor está fazendo um belo serviço na Fundação Zoobotânica, o senhor vai continuar trabalhando conosco e não vai me criar nenhuma situação de constrangimento.”. Então eu acho que essa dimensão de não colocar a máquina pública vinculada a um partido político, eu acho importante. E muitas pessoas sabem que quando eu assumi a Prefeitura de Belo Horizonte, muitas pessoas que serviram no governo anterior foram mantidas. Muitas. Por uma questão de respeito e delicadeza, não vou mencioná-las aqui, mas alguns casos são muito conhecidos em Belo Horizonte. E220: VERA MAGALHÃES/EDITORA PAINEL FOLHA: Ministro, o senhor... o Scolese citou aqui o mensalão que tá em julgamento no STF, mas também no STF deve ser julgado no ano que vem ou até em 2014 o chamado Mensalão Mineiro, que tem como protagonista o ex-governador Eduardo Azeredo que o senhor citou aqui agora a pouco. O senhor pretende usar isso na campanha e cobrar que haja uma... um tratamento isonômico, equânime a esses dois escândalos ou o senhor não pretende trazer isso à base? E221: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Mesma posição jurídica, Vera, que eu mencionei. Mesma posição. Advogado, espero o julgamento limpo em todos os casos, julgamento jurídico com base nos autos, com todo o critério. Jamais farei qualquer utilização disso. No que depender de mim será uma campanha absolutamente ética, no mais absoluto respeito à população de Belo Horizonte. Eu sou candidato a prefeito de Belo Horizonte por conta de Belo Horizonte. Eu quero discutir o futuro de Belo Horizonte. Os desafios que a cidade enfrenta hoje. Eu quero pensar a Belo Horizonte para gerações futuras; Eu quero pensar a Belo Horizonte dos meus netos e dos netos dos meus netos; Eu quero pensar a Belo Horizonte com essa vocação cultural esplêndida que a cidade tem. Colocar cada vez mais Belo Horizonte no circuito nacional e internacional. É isso que me motiva. E222: JOSIAS DE SOUZA/BLOGUEIRO DO UOL: Ministro, o senhor... E223: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: É isso que me faz candidato. E224: JOSIAS DE SOUZA/BLOGUEIRO DO UOL: Ministro, a sua formação de advogado, pelo que vejo, o impede de fazer comentários de natureza jurídica sobre o julgamento do mensalão, mas tem aqui uma pergunta da internauta Maria Aparecida Vieira que, por mais comezinha, talvez lhe permita fazer algum comentário. Ela pergunta simplesmente se o senhor acha que o mensalão existiu. Porque o PT, às vezes, diz que é uma lenda, não é, que não houve nada e tal. Ela pergunta se o senhor acha que o mensalão existiu. E225: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Eu não vi, não participei de nada. Absolutamente nada. Está havendo o julgamento no Supremo Tribunal Federal. Vamos aguardar a decisão da mais alta corte do país na expectativa cívica, cidadã de que seja um julgamento à altura das melhores tradições do Supremo Tribunal Federal. E226: JOSIAS DE SOUZA/BLOGUEIRO DO UOL: Ministro, o senhor passou um tempo em Brasília, o senhor não viu nada por lá? E227: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Não. E228: JOSIAS DE SOUZA/BLOGUEIRO DO UOL: Sério mesmo? E229: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Eu fiquei um ano como deputado federal e na Câmara dos Deputados dedicando... Depois...
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E230: JOSIAS DE SOUZA/BLOGUEIRO DO UOL: Ministro, mas francamente, falando francamente. Tudo que foi noticiado, os pagamento que foram feitos, há toda uma discussão. Alguns dizem, “Ah, não houve compra de voto.”. Agora, dizer que não viu nada é demais, não, ministro? E231: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Mais do que isso. Não vi e não ouvi. E232: VERA MAGALHÃES/EDITORA PAINEL FOLHA: Essa engenharia... E233: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: E as pessoas sabem disso. Eu fiquei um ano, 2003 na Câmara dos Deputados, depois... E234: JOSIAS DE SOUZA/BLOGUEIRO DO UOL: Mas o senhor lia jornal, pelo menos? E235: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: As questões começaram a emergir a partir de 2004. Aí sim, aí é claro, jornal, revista... Estou dizendo do ponto de vista pessoal. E236: JOSIAS DE SOUZA/BLOGUEIRO DO UOL: Uhum. E237: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Não tive nenhum contato e tal... E238: JOSIAS DE SOUZA/BLOGUEIRO DO UOL: Quanto a isso não tenho dúvidas. E239: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Aí não. Com relação à questão do acompanhamento... E240: JOSIAS DE SOUZA/BLOGUEIRO DO UOL: Tudo que o PT viveu, essa turbulência toda é impossível não ter visto nada. E241: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Sim. No ponto de vista. Do ponto de vista... Depois que as denúncias procedentes ou não, o Supremo vai apurar, depois que os fatos começaram a ganhar a imprensa, é claro que eu passei a ter conhecimento: jornais, revistas, televisão, conversa com as pessoas. O que eu estou dizendo com muita tranquilidade, Josias, é que essas questões, essas conversas eventuais se houveram ou não, nunca... se houve ou não, nunca tiveram qualquer relação comigo pessoalmente. E242: VERA MAGALHÃES/EDITORA PAINEL FOLHA: De qualquer modo, o que as investigações mostram é que a gênese dessa engenharia financeira em que dois bancos e algumas agências de publicidade faziam uma operação pra emprestar dinheiro pra um partido ou pra vários partidos políticos teve origem na campanha reeleitoral do ex-governador Eduardo Azeredo e depois foi replicada no PT, no Governo Federal. Essa engenharia financeira, de algum modo, o senhor diria que pode ser usada ainda em campanhas atuais? O senhor teme que se repita isso? E243: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Não. E244: VERA MAGALHÃES/EDITORA PAINEL FOLHA: Seja na forma de Caixa Dois ou de compra de apoio? E245: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Como eu disse, Vera, não tenho os dados. Este assunto hoje está submetido à apreciação do Supremo Tribunal Federal e não pretendo trabalhar essa questão na campanha. Pretendo discutir Belo Horizonte. E246: VERA MAGALHÃES/EDITORA PAINEL FOLHA: Nem pra responder eventuais ataques? E247: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Não. Eventualmente, não tem por que responder, inclusive. Se necessários alguns esclarecimentos faremos rigorosamente dentro da verdade, da questão jurídica, mas não terei nenhum... Essa questão não estará presente na nossa campanha. E248: JOSIAS DE SOUZA/BLOGUEIRO DO UOL: Ministro, como petista histórico e conhecedor do Lula até antes do PT, o senhor não acha que esse episódio todo... Houve uma discussão lá atrás, isso morreu, não se discute mais, não mostra, esse episódio todo, uma proeminência exagerada do PT de São Paulo na vida orgânica do partido em prejuízo de outras unidades como Belo Horizonte, Rio de Janeiro, PT do Nordeste... Não continua o PT com este problema: uma proeminência à direção do PT muito mais proeminente em São Paulo do que em outras unidades? E249: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Nesse momento não. Até pela atenção que nós estamos recebendo, não é, o empenho do Lula de vir a Belo Horizonte, a presidenta Dilma não cita essa dimensão, o empenho dele também de comparecer em Pernambuco, assim, o PT é um partido nacional, nós construímos o PT com esse caráter, não é, de um partido nacional, um partido de representação no país inteiro, não é? E250: PAULO PEIXOTO/REPÓRTER FOLHA (BH): O senhor acha que a Dilma conseguiu tirar um pouco esse peso de São Paulo no partido? E251: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Esse peso, ele foi sempre muito relativo, talvez mais... Peguemos uma figura, por exemplo, como o Lula, o Lula é uma figura nacional, não é? O Lula é uma pessoa que tem o Brasil no coração. Talvez não tenha ninguém que conheça o Brasil tão bem como o Lula. E252: VERA MAGALHÃES/EDITORA PAINEL FOLHA: Ministro... E253: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Que tenha viajado o Brasil tantas vezes por dentro, pelo interior, pelos rios, como o Lula viajou. Então ele é um cidadão absolutamente brasileiro. O Lula chega em Belo Horizonte e é como se ele estivesse em casa, em todos os cantos conversa com ele, ele lembra a cidade do interior, ele lembra pessoas, ele tem o Brasil no coração e na mente.
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E254: VERA MAGALHÃES/EDITORA PAINEL FOLHA: Ministro... E255: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Nesse sentido eu acho que a presidenta Dilma vem contribuindo pra manter essa belíssima tradição que o presidente Lula iniciou. E256: VERA MAGALHÃES/EDITORA PAINEL FOLHA: O senhor fez duas menções agora ao fato de que o presidente Lula tem o Brasil no coração e é essa coisa de que o senhor vai governar com o coração é um dos slogans aí da sua campanha. Eu queria entender esse apelo emocional na campanha pelo fato de o senhor ser cristão, ser católico pra resgatar isso pra campanha, a ideia é ser uma campanha ‘paz e amor’ como o senhor disse aqui que não pretende usar o caso do mensalão... Qual é a imagem que o senhor pretende passar, usar essa imagem de que vai governar com o coração? E257: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Ser rigorosamente fiel ao que eu sou. Eu tenho uma história de vida. Eu comecei a minha militância política com 13 anos de idade; com 14 anos eu fui eleito presidente do Diretório Estudantil de Bocaiuva e nunca mais parei; comecei a minha luta contra a ditadura; quando eu vim pra Belo Horizonte, definitivamente pra fazer o curso de Direito em 1972, eu estava rigorosamente comprometido na luta contra a ditadura; eu participava de um movimento nacional intitulado “Movimento Nacional de Justiça e Não Violência”; participei do Movimento Estudantil; formei, concluí meu curso de Direito e fiz uma opção, fui ser advogado dos trabalhadores de sindicatos, das comunidades de base, advogado dos pobres, dos movimentos sociais; me integrei no PT desde o início; sou professor desde 1979, gosto de ser professor... E258: VERA MAGALHÃES/EDITORA PAINEL FOLHA: Mas essa imagem... E259: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Tenho dois filhos, tenho dois netos, Vera, e uma coisa que me dá um ânimo hoje muito forte, quando tem que levantar um pouquinho mais cedo, fazer um esforço maior é pensar nos meus dois netos e, a partir deles, pensar nas crianças que estão aí e o dever que nós temos de fazer o máximo pra que eles e os netos deles e as gerações futuras possam viver num mundo melhor. E260: VERA MAGALHÃES/EDITORA PAINEL FOLHA: Ministro, mas essa imagem quase franciscana que o senhor está procurando passar aqui, não destoa desse cenário que vai ser de disputa, de briga de polarização numa campanha acirrada com o aliado de até muito pouco tempo atrás? Como conciliar essas duas dimensões: o senhor com essa imagem do coração e a necessidade de uma briga que vai ser ferrenha ali com o seu adversário? E261: PATRUS ANANIAS/CANDIDATO PT: Exatamente o que eu aprendi na minha formação. E aí, nesse sentido, eu tenho que prestar mesmo aqui uma homenagem à minha formação cristã, os autores que eu li. Eu, por exemplo, tive o privilégio de conhecer, aos 17 anos de idade, e ficar amigo e ter uma correspondência enorme dele, Alceu Amoroso Lima. E aqui em Minas, o professor Edgar da Mata Machado. O Movimento Nacional de Justiça e Não Violência tinha como referência Dom Hélder Câmara e Dom Paulo Evaristo Arns e Dom José Maria Pires e outras lideranças evangélicas e protestantes. Então eu aprendi que a política é a arte do bem comum e que a gente tem também que fazer a política com toda a sinceridade e também com os cuidados necessários, não é? Agora, essa motivação, esse compromisso com o bem comum, com a vida, isso seria uma arrogância, sem nenhuma vaidade, mas também sem nenhuma falsa modéstia. Isso me acompanha desde menino. O que me traz à vida pública, o que me traz à política é esse desejo. Eu estou convencido de que nós, seres humanos, estamos um pouco aquém de nós mesmos. Eu acredito numa sociedade melhor, eu acredito num ser humano melhor, eu acredito que Belo Horizonte pode ser melhor, que Minas Gerais pode ser melhor e que o Brasil pode dar uma esplêndida contribuição à civilização e ao mundo. Eu acredito nisso. Eu venho dessa tradição e vou continuar e tenho uma alegria enorme. Meu pai, meu pai era um homem mais conservador, meu pai me ensinou muito a dialogar com os contrários, meu pai tinha uma... bem conservador, defendia, inclusive, a ditadura. Mas nós ficamos muito amigos, tinha uma relação muito fraterna, não é? Com ele eu aprendi muito essa dimensão da convivência com os contrários. Meu pai um dia me fez um elogio que eu não vou esquecer nunca, um pouco antes da morte dele: ele falou, “É, meu filho, você tá ficando velho, hein? Com essa barba branca e acreditando nas mesmas bobagens que você falava quando era menino.”. E262: EDUARDO SCOLESE/COORDENADOR AGÊNCIA FOLHA: Bom, chegamos ao fim da sabatina com o candidato do PT à Prefeitura de Belo Horizonte, Patrus Ananias. Obrigado, candidato pela presença. Lembrando que amanhã, às 11h o convidado é o candidato à reeleição, o prefeito Márcio Lacerda. Agradecimento especial a você internauta que nos acompanhou até agora. Tchau e até amanhã.
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ANEXO D: TRANSCRIÇÃO DA SABATINA POLÍTICA-ELEITORAL REALIZADA COM MÁRCIO LACERDA – 1º BLOCO – DATA: 28/08/2012 E1: EDUARDO SCOLESE/COORDENADOR AGÊNCIA FOLHA: Olá! Bom dia. Bem-vindos à sabatina Folha UOL, hoje, direto de Belo Horizonte. Recebemos hoje o prefeito e candidato à reeleição, Márcio Lacerda do PSB. Bom dia, prefeito. Obrigado pela presença. E2: PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: Bom dia. Bom dia, internautas. Obrigado à Folha e UOL por estarmos aqui juntos para uma boa conversa nessa manhã. Eu me lembro, tivemos uma sabatina em 2008, acho que no CBL, foi aqui perto, e, portanto, vamos aproveitar bem esse momento de debate aqui. E3: EDUARDO SCOLESE/COORDENADOR AGÊNCIA FOLHA: E, para entrevistá-lo, Josias de Souza, colunista do UOL; Paulo Peixoto, correspondente da Folha em Belo Horizonte e Vera Magalhães, editora da coluna Painel da Folha. Essa sabatina está sendo transmitida ao vivo pelo Portal UOL e pelo site da Folha. Você que está em casa, pode fazer perguntas através do Twitter, usando a hashtag: sabatinafolhauol e também pelo Facebook na página do UOL Notícias e quem está na plateia também faça sua pergunta por escrito, nossa equipe de apoio está aqui também para recolher as perguntas. Vamos conhecer agora um pouquinho mais da biografia do candidato. E4: REPÓRTER: Atual prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda tem 66 anos e nasceu na cidade de Leopoldina, região da Zona da Mata Mineira. Formado em Administração de Empresas em 1977, Lacerda entrou na vida pública apenas em 2003 quando aceitou o convite para ser Secretário Executivo do Ministério da Educação Nacional do Governo Lula, na gestão de Ciro Gomes. Em 2007, assumiu a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais durante o governo do Tucano Aécio Neves. Lacerda foi eleito prefeito de Belo Horizonte na primeira eleição que disputou em 2008 depois de uma aliança inusitada entre o seu partido, o PSB, com os rivais históricos PT e PSDB. Na ocasião, ele venceu Leonardo, que então do PMDB, no 2º turno com cerca de 767 mil votos quase 60% dos votos válidos. Em julho deste ano, Lacerda recebeu a melhor nota entre os prefeitos de seis capitais analisados pelo Datafolha com média de 6,4%. Na última pesquisa IBOPE divulgada no dia 6 de agosto Lacerda aparece em 1º lugar nas intenções de voto para Prefeitura de Belo Horizonte com 46%. E5: EDUARDO SCOLESE/COORDENADOR AGÊNCIA FOLHA: Candidato, os adversários acusam o senhor de uso da máquina na campanha eleitoral. Como conciliar o cargo de prefeito com a campanha eleitoral? E6: PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: Muito bem, eu tenho mantido a minha rotina de prefeito, deleguei algumas tarefas e também a campanha não é em tempo integral. Eu não sei em que se baseou alguma alegação de uso... de uso de máquina. Eu vi uma alegação sobre demissão de servidores, nós... Saíram da Prefeitura após a saída dos secretários, houve um realinhamento administrativo, saíram de fato 40 ou 50 pessoas e é preciso lembrar que nós temos hoje cerca de 1.100 pessoas em cargos de confiança que vêm desde a gestão do Pimentel. Inclusive, temos vários petistas em 1º escalão, em 2º escalão, então estão trabalhando normalmente. Uma outra alegação é o uso do brasão da Prefeitura nas placas de obra e nós não fizemos uma marca do Prefeito, uma marca da gestão, nós decidimos desde o primeiro momento em usar o brasão da cidade como marca da Prefeitura. E7: VERA MAGALHÃES/EDITORA PAINEL FOLHA: Tem algumas acusações mais específicas, prefeito, com relação a uma música que foi usada em propagandas da Prefeitura que está sendo replicada na sua propaganda de campanha e também pelo fato de o gasto com publicidade da Prefeitura ser alto e a principal agência aquinhoada ser a agência do seu marqueteiro de campanha, Cacá Moreno. E8: PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: Muito bem, nós temos um gasto em publicidade, mais ou menos, na faixa de 04%, 05% da receita da Prefeitura. No Governo Patrus, o gasto com publicidade foi o dobro disso e isso ficou muito marcado na história de Belo Horizonte, porque quando assumiu o Dr. Célio de Castro, depois dele, anunciou que ia reduzir à metade e desde então, se analisarmos ano a ano, desde 97, os gastos em publicidade na Prefeitura têm ficado ali um pouco abaixo do 0,5% da receita da Prefeitura. E na Gestão Patrus foi em torno de 1%. Então, com relação à agência, a agência foi escolhida em processo de licitação e nós temos de fato uma pessoa trabalhando na nossa campanha, mas em outra agência que não tem nada a ver, os gastos são absolu... transparentes da nossa... da nossa campanha. E9: VERA MAGALHÃES/EDITORA PAINEL FOLHA: E em relação a essa música que seria uma marca... E10: PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: Olha, a música não é marca da Prefeitura. É uma melodia que está aí no mercado e a nossa campanha adquiriu direitos, pagou por
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isso para poder usar essa melodia nos nossos jingles. A Prefeitura não tem hino, não tem uma música da Prefeitura. E11: PAULO PEIXOTO/REPÓRTER FOLHA (BH): Mas a Prefeitura também deve ter pago os mesmos direitos pra poder usar ou foi doação? E12: PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: Não. Não. Até onde eu sei não houve pagamento. E13: JOSIAS DE SOUZA/BLOGUEIRO DO UOL: O senhor não considera impróprio, pelo menos inusual que a mesma música utilizada em peças publicitárias da Prefeitura sejam agora utilizadas na sua campanha? Não é... E14: PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: Na realidade foi uma adaptação não é exatamente a mesma música, houve uma adaptação. E os nossos adversários reclamaram à Justiça Eleitoral e essa reclamação não foi acolhida. E15: JOSIAS DE SOUZA/BLOGUEIRO DO UOL: Prefeito, tem uma coisa que me chama muito a atenção é que os senhores estavam... o senhor e o PT, o Pimentel, estavam todos de braços dados até o dia da Convenção, há fotos na Convenção com o Pimentel do lado, o vice do lado e hoje estão aí, um falando mal do outro, não é, PSB falando mal do PT. Houve uma reunião em que um amigo seu, o Ciro Gomes, saiu dessa reunião falando horrores do Aécio, disse que Aécio teve pouquíssima sensibilidade e que ele ficou muito decepcionado com o Aécio Neves. Até que ponto essa ruptura tem a digital de Aécio Neves, até que ponto foi o Prefeito que decidiu, foi o PSB que decidiu... Em essência, por que houve a ruptura do PSB com o PT? E16: PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: Bem, Josias, a ruptura aconteceu porque o PT Municipal não aceitou a recusa do PSB Municipal em fazer coligação na proporcional com o PT. Essa recusa já tinha vindo do PSDB e também de outros partidos, toda a bancada de vereadores, de candidatos do PSB, ameaçaram, inclusive formalmente renunciar, caso isso viesse a acontecer, inclusive alegando que a posição... a oposição ao Prefeito ia aumentar na Câmara. A partir do momento que a tese da candidatura própria foi derrotada na reunião do PT Municipal, essa oposição na Câmara foi ampliada, os defensores da candidatura própria passaram a fazer uma oposição acirrada à nossa administração. A reunião eu, Ciro Gomes e Aécio foi no sentido de convencê-lo a tentar buscar um entendimento mais amplo, ou seja, rever todas bases da aliança dentro de uma nova perspectiva. Mas ele tinha dificuldades, porque ele foi muito agredido durante a discussão dessa aliança, inclusive pelo nosso opositor... E17: JOSIAS DE SOUZA/BLOGUEIRO DO UOL: Ele: Aécio foi agredido? E18: PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: Ele, Aécio foi muito agredido de público foi chamado de ‘inimigo dos pobres’ que não teria companhia no palanque, e foi um processo muito difícil todo o 1º semestre. Um clima parecido com o de 2008, inclusive quando o nosso oponente era também contrário à aliança. Enfim, havia uma quase maioria no PT da cidade contra a repetição da aliança e uma maioria muito forte dentro do Diretório Municipal controlado pelo nosso vice-prefeito, um adversário ferrenho da aliança. E19: EDUARDO SCOLESE/COORDENADOR AGÊNCIA FOLHA: Candidato, essa ruptura em Belo Horizonte do PT com o PSB também se repetiu em Recife e em Fortaleza. Ontem, o candidato Patrus do PT aqui disse que essa aliança nacional PT/PSB tem que ser repensada, será repensada. O senhor concorda? E20: PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: Eu... Eu acho que cada fato de rompimento PSB/PT tem uma história própria e não existe um link, uma motivação única por trás disso, apesar disso ter sido divulgado por algumas áreas do PT naquele momento. O caso de Salva... desculpe, o caso de Recife é bem conhecido e o de Fortaleza também e são absolutamente diferentes um do outro e aqui também foi outra realidade. Portanto, uma certa coincidência, mas motivada a um link comum entre elas que é a extrema dificuldade do PT de entrar em acordo dentro dele entre as suas diversa correntes. E21: EDUARDO SCOLESE/COORDENADOR AGÊNCIA FOLHA: Mas essa coincidência prejudica a aliança nacional? E22: PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: Olha, eu vejo o PSB muito alinhado com o Governo Dilma, inclusive eu tenho dito que tem uma participação muito pequena no governo, [Ininteligível] a sua qualidade dos seus quadros. É muito ruim ver o PT defendendo a aliança confidencial do PSDB e isso realmente está na raiz dos problemas que nós enfrentamos hoje. Nós vemos PSB, PSDB e aqui PT tentando uma aliança, tem os sociais democratas de bem juntos num projeto para a cidade ou para duas ou três cidades e isso, não é, não ter continuidade. E vem o nosso oponente defendendo a aliança, uma aliança preferencial com o setor mais fisiológico da nossa política realmente não é muito bom para o país.
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E23: VERA MAGALHÃES/EDITORA PAINEL FOLHA: Prefeito, essa ruptura que se anuncia aí que pelo menos se ensaia nessa eleição entre PSB e PT, pode levar a uma candidatura presidencial já em 2014 do presidente do seu partido Eduardo Campos, por outro lado, o senhor aqui é muito próximo o senador Aécio Neves, também um virtual candidato a presidente em 2014. Suponhamos um cenário em que o senhor reeleito seja incitado a apoiar um dos dois numa candidatura presidencial. O que o senhor vai fazer? E24: PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: Bom, em primeiro lugar, eu não vejo o PSB disputando presidência em 2014, eu não vejo. Pelo menos se a eleição fosse daqui um ano, estaria absolutamente fora de cogitação e até será muito difícil, a não ser que haja um desastre na economia, a presidente Dilma perder uma eleição. Mas eu tenho dito, no caso de uma continuidade da aliança, falando em 2014, eu teria muita dificuldade de me posicionar entre Pimentel e Aécio, no caso de uma eleição para governador. Teria muita dificuldade. E25: PAULO PEIXOTO/REPÓRTER FOLHA (BH): Mas isso talvez num cenário em que o senhor não fosse candidato ao governo de Minas, que isso é uma possibilidade real. E26: PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: Sim. Eu digo era uma outra... era uma outra situação de fato. E nesse momento, depois desse trauma político e pessoal que eu tive, com toda sinceridade, que foi esse rompimento, eu tenho dito, isso é um acordo pessoal que eu tenho com o governador Aécio, 2014 não está em pauta nesse momento, nós... a pauta desse momento é 2012, a eleição de Belo Horizonte e, definitivamente, não tenho feito nenhum cálculo e nem tomado nenhum posicionamento, nem feito qualquer plano pessoal para 2014. Nós precisamos ganhar a eleição aqui. E27: VERA MAGALHÃES/EDITORA PAINEL FOLHA: Mas não sei se o Aécio vai gostar muito disso do que o senhor disse. Primeiro o senhor disse que dificilmente a presidente Dilma não será reeleita, depois já colocou ele como candidato a governador, ele tem dito que não será, será candidato a presidente. O senhor acha que ele não será candidato a presidente? E28: PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: Não, não. Quando eu disse... quando eu disse eu disse que, no caso de repetição da aliança, quando eu disse “Aécio e Pimentel” seria PT/PSDB numa eleição pra governador não me referi ao governador Aécio como candidato. O que eu estou dizendo aqui eu já falei em entrevistas anteriores, não é nenhuma novidade. Não sou analista político, mas digamos, a análise da realidade, assim como cidadão, disse que é difícil a presidente Dilma perder a eleição. Certamente o governador Aécio, na situação atual, seria candidato, mesmo com uma derrota provável, que também pode não acontecer, ele pode eventualmente ganhar, mas se posicionando já para 2018. Mas tudo isso foi especulações. Quem podia dizer dois anos antes que a Dilma ia ser candidata a presidente? Então no meu caso também aqui, quer dizer, a minha candidatura foi uma total surpresa. E29: JOSIAS DE SOUZA/BLOGUEIRO DO UOL: Prefeito, o senhor teria condições de dizer hoje ao eleitorado de Belo Horizonte que, uma vez reeleito, vai cumprir os quatro anos de mandato ou daqui a dois anos há uma possibilidade de o senhor disputar o Governo do Estado? E30: PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: Olha, os jornalistas e os partidos políticos sempre se preocupam com essa definição prévia do futuro. Eu tenho dito que gosto muito de ser prefeito. Estou gostando muito, é uma oportunidade única na vida de qualquer cidadão poder colocar todo meu conhecimento, minha experiência, meu idealismo, do qual eu não abro mão, a serviço de uma cidade importante como Belo Horizonte. E ser reconhecido por isso. Tem tanta coisa em gestação, tem tanto projeto, tem planejamento estratégico de longo prazo, há tanta discussão a fazer com a sociedade a respeito da cidade que nós queremos, que a hipótese, eleito, depois de tomar posse do segundo mandato, daqui um ano e quatro meses renunciar para disputar uma outra eleição realmente não me atrai como pessoa. E31: VERA MAGALHÃES/EDITORA DO PAINEL DA FOLHA: Mas o senhor assinaria, como o Serra fez, em 2004? E32: PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: Eu acho que isso não está em debate. Isso não está em debate, não é? Eu aprendi na minha vida a dizer... porque a gente, quando é jovem, a gente tem muitas certezas, eu aprendi na minha vida a nunca dizer: “Desta água não beberei.”. Mas certamente... E33: VERA MAGALHÃES/EDITORA DO PAINEL DA FOLHA: Ainda mais em Minas. E35: PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: O homem é sua história e as suas circunstâncias. E, às vezes, política é destino também. Mas eu não vejo isso como meu destino, nem é um projeto pessoal para mim. E36: JOSIAS DE SOUZA/BLOGUEIRO DO UOL: Embora nós estejamos em Minas Gerais e em Minas Gerais até os técnicos são meio ensaboados, não é? Então, se entendi bem, o senhor não está excluindo a hipótese, não é?
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E37: PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: Eu, em determinado momento, eu pensei até em nem me candidatar à reeleição para prefeito, confesso isso. Há um ano e meio atrás eu coloquei isso como uma hipótese, discuti com a família, vi a questão do meu projeto de vida. Então, eu sou uma pessoa realizada do ponto de vista empresarial, familiar, e tinha outros planos na minha vida que eu deixei de fazer em função dessa militância mais recente, então, assim, eu prefiro não fazer planos. A verdade é essa. E38: PAULO PEIXOTO/REPÓRTER FOLHA (BH): Prefeito, o senhor nesses quatro anos manteve uma relação muito cordial, muito próxima, com a presidente Dilma. O senhor foi por duas ou três vezes muito elogiado por ela publicamente. Esse rompimento, o senhor acha que isso, de alguma forma, pode afetar, até por pressão do PT, o senhor acha que pode dificultar, pode ser diferente numa eventual segunda gestão, do que foi na primeira, o relacionamento com a presidente e com o Governo Federal? E39: PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: Nós temos na nossa base de apoio, nessa nossa candidatura, 19 partidos. Desses, 16 são da base de apoio da presidente em Brasília. Em todas as discussões que tivemos a respeito de obras e projetos em Belo Horizonte, eu vi a presidente Dilma tratando de uma forma muito técnica, toda a sua equipe, muito técnica, todas as questões. E vi tratando da mesma forma todas as grandes capitais, não vi nenhuma diferença, conversei muito com outros prefeitos, fiz, inclusive, reuniões para debater questões de metrô. No caso de Curitiba e Porto Alegre nós alinhamos nossos projetos, trocamos informações. E não há nenhum rompimento pessoal. E eu, nesse momento, o meu projeto é Belo Horizonte e não vejo a possibilidade de uma pessoa moderna, de visão republicana, como a presidente Dilma, vir a tratar Belo Horizonte de uma forma diferente em função desse afastamento entre o PT e a nossa candidatura. E40: PAULO PEIXOTO/REPÓRTER FOLHA (BH): Mas e do ponto de vista político, independentemente do administrativo? E41: PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: Olha, eu sou, de fato, um militante do PSB, eu acredito no ideário do PSB. Eu vejo o PSB como um partido, de certa forma, à frente do seu tempo, porque ele conseguiu, ele consegue juntar a boa gestão pública, a busca de resultados, o uso dos recursos públicos de forma eficiente, a transparência... Eu vejo tudo isso vinculado ao não aparelhamento da máquina e vinculado à busca da redução das desigualdades. Isso é do ideário do PSB, que defende o socialismo light, humanista, defensor ferrenho dos direitos humanos, então, eu me vejo alinhado com o PSB, continuaria assim. E42: JOSIAS DE SOUZA/BLOGUEIRO DO UOL: Ontem o vosso adversário fez uma referência aqui dizendo que não o enxergava como um militante histórico do PSB, quase que o colocou aí como... Não usou essa expressão, essa expressão é minha, mas pôde se depreender das declarações dele que o senhor é um aventureiro que entrou aí no PSB recentemente e ele não o coloca como um personagem histórico do partido. De fato o senhor se filiou recentemente, para ser candidato a prefeito, não? E43: PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: Eu me filiei em 2007, o governador Aécio Neves me perguntou se eu era filiado e eu disse que não, mas tinha muita simpatia pelo PSB. Não me filiei quando estava em Brasília, mas via com muita simpatia esse partido, e foi uma escolha de fato que eu fiz. Quando ele se refere aos históricos, tem um grupo do partido que não está nos apoiando aqui, são umas dez pessoas, mas que não têm voto, não têm nenhuma expressão, o líder deles, um ex-presidente estadual, deixou as finanças do partido em situação calamitosa e eu o exonerei da Prefeitura porque ele simplesmente não comparecia pra trabalhar, só pra receber salário. Se isso é ser militante histórico, então o PSB, se depender desse tipo de militante estaria muito mal. E44: EDUARDO SCOLESE/COORDENADOR AGÊNCIA FOLHA: Prefeito, o senhor foi eleito na última eleição com o apoio do PT. Eu queria que o senhor voltasse no tempo um pouco e fizesse uma avaliação se valeu à pena essa aliança com o PT, vocês se tratando como adversários ferrenhos hoje em dia, como é que foi a gestão, a relação com o vice, enfim, se o senhor poderia ter sido eleito sem o apoio do PT naquela época, com o vice, com o apoio do Fernando Pimentel, com o tempo de televisão. E45: PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: Olha, é muito difícil fazer esse tipo de avaliação no passado. A verdade é que nem o PT, nem o PSDB tinham candidatos competitivos naquele momento. O candidato com mais chance de conseguir uma aprovação dentro do PT para se lançar seria o meu atual vice e iria perder a eleição, e se ganhasse faria uma péssima administração. Isso dito pelos seus próprios companheiros. Então eu vejo assim, a campanha foi uma boa experiência. Nós fizemos um programa de governo com participação intensa de pessoas e técnicos dos dois partidos e de outros partidos, foram 130 pessoas trabalhando um mês. Fizemos um belo programa de governo. E na gestão, depois, eu diria 99% dos petistas na Prefeitura gostaram da
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nossa gestão. Por quê? Porque como técnicos que são, a maioria deles, são militantes por circunstâncias históricas, são filiados ao partido, eles viram a oportunidade de poder expressar, de uma forma moderna, os seus conhecimentos, uma gestão de fato participativa. Todo o planejamento do que foi feito, seja da nossa gestão, seja do longo prazo, foi uma discussão interna muito intensa e muito aberta. Então, disciplina no planejamento, e disciplina na execução e na cobrança, e a cobrança é feita de forma muito democrática, verdadeiras assembleias de várias secretarias, com 2º e 3º escalões presentes, e sem nenhuma disputa política, sem nenhuma dificuldade de relacionamento, porque foi uma gestão profissional, mas com intensa sensibilidade social... E46: VERA MAGALHÃES/EDITORA DO PAINEL DA FOLHA: Prefeito? Desculpa. Aqui no Twitter chegam várias perguntas sobre a administração. Uma das mais recorrentes, feita pela Maria Inês e outros internautas, diz respeito a obras paradas, notadamente metrô e a Pampulha, obras que se eternizam, que não terminam nunca. Ela chega a dizer aqui: “Desde criança ouço falar dessas obras, será que um dia eu vou chegar a vê-las concluídas?”. Está devagar o ritmo dessas obras, como é que está isso? E47: PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: Os últimos investimentos no metrô de Belo Horizonte foram durante o Governo Patrus, feitas pelo Governo Fernando Henrique e pelo Governo do Itamar, de fato. Então são 20 anos aí sem obras no metrô. Nesse momento, todo o planejamento de obras do metrô, da licitação, está em pleno andamento, Prefeitura, Governo do Estado e Governo Federal conversando de forma muito organizada, muito técnica, em alto nível, para que as obras possam começar, no máximo, no 2º semestre do próximo ano. Obras mesmo, com licitação de parceria público-privada feita. Nesse momento nós já contratamos, com recursos próprios, nós, e o Estado, o início das sondagens e a topografia que começam... Sondagens geotécnicas começam agora no início de setembro. E já devemos ter os primeiros recursos liberados pelo Governo Federal até o final de novembro pra financiar toda essa preparação do grande edital que nós queremos lançar até meados do próximo ano. E48: JOSIAS DE SOUZA/BLOGUEIRO DO UOL: Vou aproveitar, nessa mesma linha, prefeito, tem algumas perguntas que chegam pela Internet, dois assuntos são recorrentes aqui. Eu vou resumi-los personificando as perguntas em duas pessoas aqui. Marcelo Moreira fala que são muito ruins... a qualidade é muito ruim, do transporte coletivo em Belo Horizonte, horários ruins, ônibus muito ruins, muito cheios, pergunta se não é possível exigir uma qualidade mais... Exigir dos concessionários mais qualidade nesse serviço. E outro tema recorrente, resumindo aqui numa pergunta da Maria, “Por que é que seu filho, o Tiago Lacerda, foi indicado como gestor do Comitê Executivo da Copa”. Eu imagino que o senhor já tenha dito alguma coisa sobre isso, mas como há perguntas aqui eu faço a liberdade de encaminhar. E49: PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: Bem, sobre o transporte coletivo, a Prefeitura tem um Contrato de Concessão onde existem indicadores de qualidade. E nós temos aplicado multas pesadas, eu diria que nesses três anos e meio, entre 10 e 15 milhões de reais foram aplicados de multas aos concessionários... E50: JOSIAS DE SOUZA/BLOGUEIRO DO UOL: O serviço é ruim mesmo? E51: PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: Bem, 13% a 14% das viagens têm superlotação. Isso é medido eletronicamente. E muitas vezes isso acontece... Quer dizer, quando a gente diz “superlotação”, passageiros por metro quadrado acima do teto definido pela Legislação Federal. Isso acontece muitas vezes porque as pessoas não querem esperar o próximo ônibus, é natural, estão querendo chegar em casa mais depressa, estão cansadas, e muitas vezes o motorista não controla isso. Com relação a horários, mais ou menos, 2% das viagens, digamos, estouram o atraso aceitável tecnicamente. Nós temos 3.050 ônibus rodando em Belo Horizonte. Está em andamento um processo de detalhamento do projeto, já está em ensaios pilotos na cidade, um sistema eletrônico onde todos os ônibus serão monitorados à distância, através de uma central de operação, com painéis de aviso nos pontos avisando quantos minutos faltam para determinada linha chegar e isso já tem em alguns pontos aí da cidade operando. Então, a qualidade, digamos, não muito boa, é em função da dificuldade de trânsito. Porque a frota dobrou em oito anos, triplicou em 20 anos na cidade e as vias continuaram as mesmas. Então, o transporte de alta capacidade de massa é a solução, é o BRT e é o metrô. O BRT nós terminamos 22 km até o final do próximo ano, vamos transportar 750 mil passageiros/dia, em muito melhores condições de conforto, segurança e velocidade. Ônibus até 160 passageiros. E o metrô nós esperamos em quatro a cinco anos concluir toda a expansão e modernização da linha existente, que vai transportar 850 mil passageiros. E52: EDUARDO SCOLESE/COORDENADOR AGÊNCIA FOLHA: Prefeito, por que é que não chega...
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E53: JOSIAS DE SOUZA/BLOGUEIRO DO UOL: Só para não ficar sem resposta, a resposta do filho. E54: PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: Meu filho Tiago, ele começou a trabalhar como voluntário na Prefeitura de acordo com a Lei Federal, você assina um contrato de voluntário, numa área de comunicação dentro do comitê gestor de Copa. E ele fez um trabalho muito bom, durante muitos meses, e a própria equipe meio que o levou para essa posição de líder. E o trabalho dele foi muito elogiado em todo o país, porque as cidades-sede faziam reuniões, recebia elogios deles, do ministério dos esportes, da FIFA, do pessoal do COI, de todas as cidades, ele fez um belíssimo trabalho de organização aqui em Belo Horizonte. Tanto que Belo Horizonte sempre foi muito elogiada em todos os relatórios, tanto do Governo Federal quanto do comitê organizador. Quando o Ministério Público entrou com a ação ele preferiu, logo depois da definição do calendário da Copa, ele decidiu se afastar. E55: EDUARDO SCOLESE/COORDENADOR AGÊNCIA FOLHA: Prefeito, por que é que os recursos do metrô não chegam? É uma promessa antiga de todos os prefeitos aqui de Belo Horizonte, o senhor teve uma relação boa nesses primeiros quatro anos com o Governo Federal, os recursos não vieram, o senhor já reclamou algumas vezes. E agora diante desse clima de ruptura que o Paulo Peixoto já perguntou, como é que fica a expectativa para a próxima gestão, se o senhor for reeleito? E56: PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: Olha, eu não vejo nenhuma hipótese de mudança no cronograma. O Governo Federal lançou o PAC Mobilidade, a primeira etapa foram os metrôs de várias capitais, Belo Horizonte foi a primeira cidade que teve o anúncio com a presença da presidente Dilma aqui. Mesmo durante a eleição de 2010 nós estávamos em Brasília junto com o Governo do Estado, discutindo com vários ministérios, o detalhamento técnico dessa questão. Então, essa questão do transporte público de qualidade para as capitais é um problema tão premente do país que está se discutindo acima do calendário eleitoral, até porque são projetos muito caros, de gestação também longa. Então, nesse momento é até possível que alguma cidade esteja mais adiantada do que Belo Horizonte, mas nós vemos um Governo Federal absolutamente empenhado em cumprir o cronograma que se colocou. E57: PAULO PEIXOTO/REPÓRTER FOLHA (BH): Prefeito, o senhor acha que é bastante legítimo a descrença da população de Belo Horizonte em relação a essas promessas? Porque isso não é exclusivo da eleição do senhor, aconteceu em 2008, aconteceu em 2010 para Governo do Estado, aconteceu em 2006, aconteceu em 2004, e assim vem desde quando o metrô foi construído, todos prometem, mas sabendo que não depende deles, nem do prefeito e nem do governador, a liberação desses recursos, sempre depende do Governo Federal. Foi assim, a gente teve o PSDB na prefeitura, junto com o Governo Fernando Henrique, o dinheiro não veio. Tivemos presidente Lula, com o PT na prefeitura, também o dinheiro não veio. Não é legítimo a população desconfiar dos políticos que tocam no assunto metrô, enquanto essa obra não estiver sendo executada efetivamente? E58: PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: Eu estou lidando com esse assunto, Paulo, desde 2007, quando era secretário do Governo Aécio. E trabalhando junto com o então prefeito Pimentel, levamos o primeiro esboço junto com o Governo do Estado a então chefe da casa civil, a atual presidente Dilma. E foi bem acolhido e a partir dali se iniciaram uma série de discussões técnicas. Mas no Governo Lula havia uma resistência muito forte à questão de PPPs e concessões. Dizem até que foi uma espécie de acordo que o então presidente Lula fez com as centrais sindicais de, na gestão dele, não ter concessão, nem PPPs. A presidente Dilma acabou acolhendo essa ideia nossa de fazer uma PPP, não é viável só com investimentos públicos, e a partir do momento que ela entendeu e aceitou todo o processo andou muito bem. Durante a campanha dela ela disse que tinha três grandes compromissos aqui com Belo Horizonte, a região metropolitana: o anel rodoviário, a revitalização do atual anel, a questão do metrô e a duplicação da 381. E esses assuntos estão andando. O metrô hoje já é uma obra do PAC, já tem portaria enquadrando o metrô de Belo Horizonte no PAC, portanto, os recursos são de aplicação prioritária. E59: JOSIAS DE SOUZA/BLOGUEIRO DO UOL: Numa dessas visitas que a... E60: EDUARDO SCOLESE/COORDENADOR AGÊNCIA FOLHA: Só, Josias, vamos deixar para depois do intervalo a sua pergunta. E61: JOSIAS DE SOUZA/BLOGUEIRO DO UOL: Perfeito. E62: EDUARDO SCOLESE/COORDENADOR AGÊNCIA FOLHA: Faremos agora o nosso primeiro intervalo, voltamos já. Folha UOL, Eleições 2012.
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ANEXO E - TRANSCRIÇÃO DA SABATINA POLÍTICA-ELEITORAL REALIZADA COM MÁRCIO LACERDA – 2º BLOCO – DATA: 28/08/2012 E63: EDUARDO SCOLESE/COORDENADOR AGÊNCIA FOLHA: Olá. De volta com a sabatina Folha UOL, direto de Belo Horizonte, com o prefeito e candidato à reeleição pelo PSB, Márcio Lacerda. Você que está em casa faça sua pergunta pelo Twitter. Use a hashtag sabatinafolhauol e pelo Facebook na página do UOL Notícias. Josias tem uma pergunta? E64: JOSIAS DE SOUZA/BLOGUEIRO DO UOL: Duas perguntas que chegam aqui pela Internet, ambas têm relação com o rompimento do PSB com o PT e eu as farei em conjunto, portanto. Uma do Albuquerque Junior pergunta se não é para o senhor, prefeito, constrangedor hoje estar aí de mãos dadas com o Délio Malheiros que é eu vice, tendo sido ele tão crítico em relação ao senhor e à Prefeitura. E a outra, a Elga e o Henrique Almeida perguntam... primeiro afirmam depois perguntam. Afirmam que o presidente nacional do seu partido, o governador Eduardo Campos, responsabilizou o senhor pelo rompimento da aliança aqui em Belo Horizonte e disse que tentou pessoalmente demovê-lo e o senhor responsabiliza o PT, no linguajar direto aqui dos nossos internautas, a pergunta é: quem está mentindo? E65: PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: Muito bem, vou começar pelo final. O governador Eduardo Campos soltou uma nota ontem, deu uma entrevista em Recife, desmentindo que nunca tratou com a presidente Dilma desse assunto e esse assunto surgiu no Portal IG, me parece, de segunda ou terceira mão esse comentário. Então, de fato, eu pedi ajuda ao presidente Eduardo Campos para tentarmos resolver aqui a situação e ele não sei se tentou. O fato é que não conseguimos. Então não se trata de quem está mentindo, né? Eu, em momento algum menti, os fatos falam por si. Nós tivemos a Convenção do PSB no final da manhã, a Convenção votou, então, o apoio à aliança com o PT e outros partidos. Com o PT na vice comigo e Fernando Pimentel estava presente, outros dirigentes do PT naquela nossa convenção e delegou à Direção Municipal a decisão sobre a coligação proporcional e isso, inclusive, poderia ser feito até o dia 5, não precisaria ter sido resolvido dia 30. A Direção Municipal do PSB se reuniu e votou contra, votou contra a coligação proporcional com o PT. Esses são os fatos. Com relação ao candidato a vice da minha chapa, Délio Malheiros, ele sempre foi muito crítico da gestão municipal. Desde quando era vereador, depois deputado estadual, advogado de direito do consumidor, sempre foi muito crítico, ele sempre foi, digamos, um crítico da gestão que ele dizia do PT. Ele fez muitas críticas pontuais a nossa gestão, mas assim, convidou para audiências públicas, compareceu à Prefeitura, debateu várias questões comigo, inclusive teve uma questão, uma sugestão que ele deu importante na área da Saúde que nós aplicamos e está dando certo e estamos muito próximos agora. Ele está perfeitamente envolvido... E66: JOSIAS DE SOUZA/BLOGUEIRO DO UOL: Não corre o risco de o senhor ter mais, uma vez eleito, ter um inimigo mais quatro anos aí? O senhor se queixa tanto do atual vice... E67: PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: Eu não acredito nisso. Eu acho que o perfil de Délio Malheiros é bastante diferente do nosso atual vice. O juramento que um vice-prefeito faz quando toma posse na Câmara é respeitar a Constituição Federal, Constituição Estadual, a Lei Orgânica do Município, ser leal e ético e cumprir as tarefas que lhe foram delegadas pelo prefeito e eu tenho certeza que ele fará isso. E68: PAULO PEIXOTO/REPÓRTER FOLHA (BH): A aceitação dele foi de pronto? Por que eu me lembro que no anúncio, quando ele foi anunciado como vice, candidato a vice-prefeito do senhor, estava lá do lado o Secretário de Governo Danilo de Castro, que a gente sabe que é o grande articulador político do governo de Minas, do senador Aécio Neves e tal. Ele não foi meio no laço lá não para não fugir? E69: PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: Olha, ele decidiu deixar sua candidatura e aceitar ser vice na nossa chapa em uma reunião ampla que ele participou, consultou seu partido e Danilo de Castro estava ali, não me recordo disso, representando o PSDB como um aval, digamos assim, à decisão dele. Não vejo isso como um trauma, ele próprio disse que a candidatura dele nesse novo quadro ele não via, ele não a via mais como viável. Na outra com vários candidatos ele imaginava que poderia chegar ao 2º turno. E70: VERA MAGALHÃES/EDITORA PAINEL FOLHA: Prefeito, tem muitas perguntas aqui pelo Twitter a respeito de uma política de antimendigos que seria adotada pela sua gestão, com instalação de pedras embaixo de viadutos, na rua e maus tratos aos mendigos. Vários internautas perguntam aqui se o senhor teria uma política higienista em relação aos moradores de rua. Eu queria que o senhor respondesse um pouco a isso. E outra coisa também, uma crítica recorrente ao fato de o senhor se locomover muito por jatinhos particulares. Queria que o senhor respondesse. E71: PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: Muito bem. Essa questão dos moradores de rua é uma daquelas inverdades ou mentiras que, repetidas à exaustão, as pessoas tentam
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transformar em verdade. O fato é que Belo Horizonte tem uma das políticas de moradores de rua mais bem avaliadas pelas entidades religiosas, ONGs e até o Governo Federal que, inclusive, escolheu colocar em Belo Horizonte... eu fui lá na instalação há dois anos atrás, um Centro Nacional de Políticas de Moradores de Rua e Catadores. Nós fizemos, em 2010, por iniciativa minha, um grande workshop, três dias, envolvendo todas as entidades, todas as agências governamentais que tratam desse assunto, nivelamos nosso entendimento legal, humanístico, assistencial etc. sobre esse assunto. Nivelamos mesmo e criamos um comitê de acompanhamento das políticas municipais sobre morador de rua. São 22 membros, 11 da Prefeitura e 11 da sociedade civil, onde todas as entidades de defesa dos moradores de rua e dos catadores, inclusive compostas por ex-moradores de rua têm representação paritária, são 11 a 11. Nos reunimos mensalmente, temos ações na questão de abordagem política, na questão de abordagem e acolhimento de emprego, reinserção social, tem grupos temáticos trabalhando. Não fizemos tudo ainda que gostaríamos, mas por exemplo, nós temos uma política de dar uma identidade, um passe, digamos assim, para o morador de rua que ele pode ter três refeições diárias de graça nos restaurantes populares. Eles dependiam muito de refeições distribuídas nas ruas por entidades e nós, então, dentro dessa combinação, dessa política, mudamos. Eu tive notícia recentemente por uma das militantes do movimento que foi à Brasília, que o Governo Federal vai, inclusive, oficializar uma política nacional de alimentação para moradores de rua. Com relação às famosas pedras, Belo Horizonte tem quase cem viadutos. Eu tenho notícia de dois casos, um deles embaixo do viaduto sujeito a inundação, que eu, inclusive, fui lá no local e aprovei pessoalmente a colocação. Nós estávamos no auge de umas enchentes de 2010 para 2011 e ali está junto do canal, inclusive houve lá um desabamento na margem do canal ali próximo a... embaixo daquele viaduto. O outro que eu tenho conhecimento é uma rampa, assim, pequena ao lado de uma via que se, uma pessoa dormir ali, ela pode rolar a noite e vai ser atropelada. Então não existe essa política. Não existe política higienista, nós não podemos retirar um morador de rua da rua. Nós temos centro de referência onde eles podem ir se banhar, cortar cabelo, receber roupa, receber aconselhamento. Temos abrigos, temos toda uma política de trabalho, de reinserção que é elogiada. Então não sei de onde veio. Isso veio do movimento de oposição ao prefeito que espalha esse tipo de maluquice na Internet. E72: EDUARDO SCOLESE/COORDENADOR AGÊNCIA FOLHA: Só voltar à questão da viagem dos aviões. E73: PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: Os aviões. Nós, ao contrário de administrações anteriores, nó colocamos no Diário Oficial os fretamentos, inclusive como o valor. Daí o assunto ter se tornado público. Não tinha nada clandestino, nunca fretamos avião para viagens de fim de semana, turísticas etc. As trinta e tantas viagens, na maioria, 80% a 90% foram à Brasília e quase todas as viagens de meio horário para eu poder trabalhar aqui e trabalhar lá. E, com isso, nós trouxemos bilhões de reais de investimentos em Belo Horizonte. Nunca se investiu tanto em obras em Belo Horizonte em parceria com... E74: JOSIAS DE SOUZA/BLOGUEIRO DO UOL: O voo de carreira não é uma opção mais econômica nessa hipótese? E75: PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: Não, mas o grande... O grande problema, eu diria até da má fé, digamos assim, do Ministério Público, porque ao questionar os voos, ele não perguntou quantas viagens de voo de carreira eu tinha feito, ele só perguntou pelas viagens de fretamento. Então eu fiz inúmeras viagens de voo de carreira, inclusive, nem deixei de fretar, aliás, fiz várias viagens oficiais porque eu não consegui fretar em alguns momentos com avião pertencente a uma das... a holding da qual eu sou acionista em sociedade com um outro grupo. Pessoas da Prefeitura viajaram para Brasília comigo no avião do qual eu sou sócio e a Prefeitura não pagou nada por isso. E76: PAULO PEIXOTO/REPÓRTER FOLHA (BH): E essa ação do Ministério Público... E77: VERA MAGALHÃES/EDITORA PAINEL FOLHA: Mas isso não é uma mistura perigosa de público e privado, prefeito? E78: PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: Não, não é por que... E79: VERA MAGALHÃES/EDITORA PAINEL FOLHA: Que o senhor deveria evitar? E80: PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: Até porque essa empresa não tem negócio com o governo, aliás, ela não é uma empresa operacional, ela é uma empresa de investimento financeiro e é uma coisa, uma decisão pessoal minha de fazer uma doação, digamos, ao serviço público. Não há nada de errado. Não há nada de errado nisso, pelo contrário. E81: EDUARDO SCOLESE/COORDENADOR AGÊNCIA FOLHA: Mas qual é a justificativa do frete, voltando à questão do... E82: PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: É ganho de tempo, porque se você tem uma agenda muito intensa como eu tive, inclusive, trabalhando fim de semana, feriado etc. até tarde
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da noite, qualquer quatro ou cinco horas que você ganha na atividade o município ganha com isso. Porque que tivemos tantos financiamentos federais? Porque estivemos lá muitas vezes e também porque fizemos muitos bons projetos. O Governo Federal sempre elogiou a Prefeitura de Belo Horizonte neste sentido. A Prefeitura de Belo Horizonte faz bons projetos e entrega o que promete. E83: EDUARDO SCOLESE/COORDENADOR AGÊNCIA FOLHA: Sem o frete não sairiam esses financiamentos? E84: PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: Eu diria que poderiam ter saído, mas talvez não com a velocidade, a presteza, e eu podendo trabalhar muito mais em Belo Horizonte. E85: JOSIAS DE SOUZA/BLOGUEIRO DO UOL: O senhor vai continuar fazendo. É isso, prefeito? E86: PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: Olha, eu continuei. Eu continuei porque acho que não com a... Eu viajei muito menos porque estava em uma fase de fechar contratos de financiamento, de repasse. Então, nesse momento, estamos muito em uma fase de, nós estamos muito na fase de execução e eu tenho viajado também muito menos. Meu adversário provavelmente usou muito jatinho da FAB para passar fim de semana em casa, em Belo Horizonte e isso... ninguém critica isso. E87: VERA MAGALHÃES/EDITORA PAINEL FOLHA: Prefeito, tem aqui, ainda em relação a obras, duas críticas à paralisação de um hospital por conta da... pelo fato de a empreiteira ter tido problemas financeiros, o hospital do Barreiro, é isso? E outra seria em relação à contratação da Delta, empresa envolvida no escândalo Cachoeira pela sua administração. Queria que o senhor fizesse aí considerações sobre esses dois problemas envolvendo empreiteiras. E88: PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: Bem, o Hospital do Barreiro nós fizemos uma licitação de trinta e poucos milhões de reais e ganhou uma empresa tradicionalíssima em Belo Horizonte de dezenas de anos de existência e ela começou a obra até bem, mas em função, dizem, de perdas pesadas que ela teve em contratos com a PETROBRAS ou Vale do Rio Doce, ela entrou em crise e abandonou, entregou a obra, entregou a obra. E no serviço público você não pode no dia seguinte chamar uma outra empresa. Você tem que fazer o levantamento do que aconteceu ali, checar a medição. Ela deixou muitos problemas, muitos problemas técnicos de execução e depois fazer uma licitação para trazer outra empresa. Nesse meio tempo nós fizemos um edital de PPP para a segunda etapa, porque essa primeira etapa é apenas entregar a estrutura básica do hospital. Esse contrato PPP já está assinado, então assim que a atual empresa entregar essa primeira etapa de trinta e tantos milhões, o outro grupo entra imediatamente para finalizar a construção. A questão de Delta, um consórcio da qual ela participava, e parece que já saiu com 20%, ganhou uma licitação absolutamente aberta, transparente e o PCU checou, inclusive depois, o Tribunal de Contas também, sem nenhum problema. Ela não tinha nenhum problema coma Justiça no momento em que ela participou aqui dessa licitação, várias empresas participaram e ela minoritária no consórcio e, pelo que me consta, estava saindo já do consórcio. E89: PAULO PEIXOTO/REPÓRTER FOLHA (BH): Prefeito, voltando a essa questão do hospital do Barreiro, queria colocar isso dentro de outro contexto que é o contexto da ideia de se criar um hospital na região do Barreiro, nasceu na campanha de 2008 que era uma área que seu adversário, na época entrou muito bem na região, e vocês precisavam reverter aquela situação. Foi pensada então uma solução que pudesse atender aquela população, o hospital sempre teve uma edificação antiga... Só que o hospital não saiu, da mesma forma a linha do metrô que ela faz Barreiro e também que até hoje não saiu. E eu queria emendar com essa questão, porque das suas promessas de 2008 até agora ao final do governo do que não foi cumprido, o senhor cumpriu, pelo levantamento que eu fiz, praticamente 50%. Por exemplo, 65 mil alunos na escola integral de um total de 120 mil só que tinha prometido para 100 mil em 2008; O hospital do Barreiro; construiu uma escola fundamental e eram duas prometidas; Foram construídas 68 escolas infantis e foram 100 prometidas. Além disso, teve a reforma do anel rodoviário e 5.500 moradias. Havia prometido 10 mil e agora o senhor está prometendo 27.300, cerca de 27 mil. O senhor não fez uma promessa para eleição e para reeleição já não? E90: PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: Na realidade, nós tivemos, depois que o plano de governo ficou pronto, nós tivemos aquela crise mundial financeira de outubro de 2008 e durante todo o primeiro semestre de 2009 havia muita incerteza a respeito do futuro cuja crise agora está se replicando em uma segunda onda. Nós fizemos então uma revisão, fizemos um plano de governo no início de 2009 e reduzimos algumas das metas que tínhamos colocado em função da realidade financeira. E o serviço público, você sabe, é muito mais lento. Quer dizer, se fosse uma empresa, pudéssemos tomar as decisões mais rápido e fazer as coisas mais depressa, possivelmente tudo já estaria entregue, mas uma série de entraves você tem. Não houve falta de... na verdade, não houve falta de recurso financeiro. Esse não foi o principal problema. A Prefeitura nunca tinha feito tanta obra na história dela. Então a própria estrutura da Prefeitura não estava preparada de
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engenharia, não e fazia concurso de engenheiro há muito tempo. Ministério Público dificultando as contratações temporárias. Nós levamos um ano negociando com o Ministério Público essa questão. Arquitetos também nós tínhamos, nós tínhamos problemas. No caso do hospital houve essa crise, o problema foi esse. No caso das escolas infantis nós, de fato, entregamos 26, nós tínhamos 40, 66 é o total, temos 50 em andamento hoje e outras 24 em projeto. Então as escolas fundamentais nós temos hoje 5 contratadas, porque de fato, nós não precisávamos de 12, nós reformamos uma série de escolas para ampliar a sua capacidade. E nós temos hoje todas as escolas da Prefeitura preparadas para a escola integrada de 9 horas por dia. Então foi feita uma reforma em todas elas de alguma maneira. E91: VERA MAGALHÃES/EDITORA PAINEL FOLHA: Prefeito, internautas perguntam aqui porque é que o IPTU teve um aumento de 107% na sua gestão. O percentual está correto, está errado? E92: PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: Não, o percentual médio, de fato, é muito menor do que esse. Tivemos alguns casos, quer dizer, não é o aumento do IPTU, o IPTU ele tem uma alíquota que não foi alterada e que é aplicado em cima do valor de mercado do imóvel. E o valor de mercado é esse estabelecido de uma forma muito técnica pela Prefeitura em cima de uma análise, digamos, setorial da cidade e esse valor que é calculado para fazer o IPTU é muito menor do que o valor de mercado e está sempre defasado. A verdade é essa. E tem cidades que têm alíquotas maiores que Belo Horizonte, o caso de São Paulo, por exemplo, tem alíquotas bem maiores. E nós fizemos neste processo, nós aumentamos o número de imóveis isento de imposto de cerca de 40 mil para 90 mil dentro dessa mesma alteração que fizemos no final de 2009. O nosso adversário, na gestão dele, tentou um aumento de 1000% do IPTU, mandou o projeto para a Câmara que foi negado. Isto está... E93: VERA MAGALHÃES/EDITORA PAINEL FOLHA: 1000%? E94: PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: 1000%. Isto está na imprensa. Ontem mesmo eu vi vários recortes. Talvez fosse um esforço dele para corrigir o excesso de gastos que ele teve, ele aumentou em 25% os cargos comissionados na gestão dele e deixou em contas a pagar de curto prazo, contas vencidas a valor de hoje de R$ 200 milhões para Célio de Castro pagar. Isso equivalia a dois meses de arrecadação. Se houvesse lei de responsabilidade fiscal na época, ele teria sido enquadrado de uma forma muito dura. E95: EDUARDO SCOLESE/COORDENADOR AGÊNCIA FOLHA: Prefeito, voltando aqui à questão partidária, uma pergunta que chega da plateia do Guilherme Goss, estudante de direito. Ele quer saber o seguinte: como o senhor pertence ao PSB, qual é o eu conceito de socialismo? E96: PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: O estatuto do PSB existente está completamente defasado, não sei quando ele vai ser atualizado, e ele fala, inclusive, em propriedade coletiva dos meios de produção. Isso hoje não é aceito mais como uma filosofia de avanço da sociedade. O PSB, na prática, ele tem em seus princípios a questão do humanismo que, focado nos direitos básicos do ser humano, na redução de desigualdades e ele defende uma liberdade baseada, não só na liberdade de ir e vir ou de escolher seus representantes, mas naquela liberdade que se funda na possibilidade de acesso de todas as pessoas aos bens básicos da civilização, independentemente de gênero de origem racial, de classe social. Na medida em que você pode fazer distribuição de renda através de leis ou de programas de complementação de renda, mas se todas as pessoas em uma sociedade não tiverem acesso igualitário à educação, à saúde, à habitação, ao saneamento, ao emprego, não será possível se avançar no sentido do socialismo. Esse é o entendimento atual do PSB. E97: VERA MAGALHÃES/EDITORA PAINEL FOLHA: Eu vi que no início da sabatina o senhor chegou a se alinhar entre os sociais democratas antes de falar em socialismo aqui. O senhor também já não está mais chamando a Dilma de presidenta como ela gosta, está falando presidente e o Aécio Neves é o principal garoto propaganda aí do senhor. Tenho visto ele em várias e várias propagandas da sua campanha. O senhor descarta se filiar ao PSDB? E98: PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: É, realmente eu descarto. Eu vejo o PSDB hoje como candidato forte à Presidência, que é o governador Aécio, apesar de oposição de alguns setores do PSDB de São Paulo. Será um candidato competitivo em 2014, se o partido o permitir, e terá a ocasião de colocar a sua mensagem. Eu, durante o Governo Fernando Henrique, eu era um adversário ferrenho do PSDB, eu achava que Fernando Henrique, ele colocou os professores de finanças da universidade no comando da economia, o capital financeiro teve um espaço excessivo na economia brasileira com reflexos negativos até hoje, não tinha uma política de desenvolvimento da indústria nacional, a PETROBRAS comprava onde fosse mais barato no mundo. E eu vejo o governador Aécio um pouco à frente desses conceitos, desse modelo de gestão da economia. E99: VERA MAGALHÃES/EDITORA PAINEL FOLHA: Mas está sendo assessorado pelo Armínio Fraga, Edmar Bacha e Pedro Malan, a trinca de ouro do plano real e do monetarismo.
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E100: PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: Do governo Fernando. E101: VERA MAGALHÃES/EDITORA PAINEL FOLHA: O senhor é dono de uma holding financeira, o senhor acabou de falar. E102: JOSIAS DE SOUZA/BLOGUEIRO DO UOL: Só para acrescentar, no Governo Lula foi muito diferente a relação do governo com o sistema financeiro? E103: PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: Quando o Lula fez aquela Carta aos Brasileiros, eu me lembro bem, eu estava na campanha do Ciro Gomes, o Ciro chamou de “Carta aos Banqueiros”. Havia ali uma preocupação muito grande de rompimento de contratos, o que ocorreria se o Lula tivesse ganho a eleição lá em 89, não é? Nós enfrentaríamos bastante turbulência no país. Mas ele evoluiu, naturalmente, e encontrou a economia em pandarecos. Eu estava no Governo Lula nessa época, a taxa de juros chegou a tantos por cento. E eu acho que o governo Lula avançou pouco nessa questão da relação com... da gestão da economia nesse ponto de vista da relação com o capital financeiro. Embora, ele tenha avançado muito na questão de política industrial, vamos dizer assim. Eu debato sempre com o senhor Aécio as suas ideias. Nós tivemos uma discussão recente sobre a política do Ministério da Saúde de privilegiar as compras nacionais, ele se manifestou publicamente contra e eu tive depois um debate pessoal com ele sobre isso. E104: EDUARDO SCOLESE/COORDENADOR AGÊNCIA FOLHA: Vamos agora fazer mais um intervalo. Voltamos já. Folha e UOL, Eleições 2012.
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ANEXO F - TRANSCRIÇÃO DA SABATINA POLÍTICA-ELEITORAL REALIZADA COM MÁRCIO LACERDA – 3º BLOCO – DATA: 28/08/2012 E105: EDUARDO SCOLESE/COORDENADOR AGÊNCIA FOLHA: Olá. De volta com a sabatina Folha UOL, direto de Belo Horizonte, dessa vez para o último bloco com o prefeito e candidato à reeleição pelo PSB, Márcio Lacerda. Prefeito, no primeiro bloco o senhor reclamou do tamanho do PSB no Governo Dilma. O partido não está sendo valorizado, na opinião do senhor? E106: PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: É. O que eu disse é no sentido de dizer que é um partido leal, é um partido transparente, tem lideranças de alto nível em vários Estados e, comparado com a postura do partido em relação ao governo comparado com outros partidos deveria ter um espaço maior, mas nunca cobrou, nunca exigiu isso. E107: EDUARDO SCOLESE/COORDENADOR AGÊNCIA FOLHA: Espaço em Ministérios? E108: PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: Espaço na gestão de uma forma geral. E109: VERA MAGALHÃES/EDITORA PAINEL FOLHA: Ministro, eu queria que o senhor que tem aí vários, entre aspas, padrinhos políticos e, enfim, proximidade com políticos de vários partidos, hierarquizasse numa fila do mais próximo ao menos próximo em relação ao senhor: o senador Aécio Neves, o ex-ministro Ciro Gomes, o ministro Fernando Pimentel e a presidente Dilma Rousseff. E110: PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: Eu acho muito difícil fazer essa hierarquização. Eu vejo todos os quatro como pessoas de alto nível, políticos, não diria de carreira, mas que estão ocupando cargos e ocuparam à altura da sua contribuição. Eu acho que existem diferenças entre eles em relação à visão dos problemas nacionais, em visão à contribuição de cada um, mas todos os quatro são brasileiros de... E111: VERA MAGALHÃES/EDITORA PAINEL FOLHA: Mas a minha pergunta não foi qual deles é melhor, é qual deles está mais próximo do senhor hoje politicamente. E112: PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: Olha, isso muda. Isso muda. Eu tenho proximidade muito grande hoje com Ciro Gomes, com o senador Aécio. Existe um afastamento, eu diria temporário em função de processo eleitoral, em relação à presidente Dilma e meu amigo Fernando Pimentel, mas eu acho que isso é momentâneo. E113: ORADOR NÃO IDENTIFICADO: A presidente esteve aqui fazendo uma visita um pouco antes do rompimento, fez aí rasgados elogios ao senhor, à sua administração. O senhor vai usar essas imagens na campanha ou não? E114: PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: Não, não é nossa intenção, nós não temos essa intenção, embora os nossos adversários do PT tenham entrando com uma ação preventiva querendo proibir isso. E115: PAULO PEIXOTO/REPÓRTER FOLHA (BH): Prefeito... E116: PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: Mas realmente não temos essa intenção. E117: PAULO PEIXOTO/REPÓRTER FOLHA (BH): Tem um assunto que é bastante recorrente aqui na cidade, que é a questão do uso do espaço público, principalmente da Praça da Estação, que criou-se a partir de um decreto, o decreto 13.798, de 9 de dezembro de 2009, que o senhor proibiu o uso da Praça da Estação. A partir desse decreto, criou-se... surgiram alguns movimentos de ativistas, de produtores culturais que começaram a... foram para as redes sociais, acho que criaram uma grande dificuldade com o senhor. O senhor se arrepende de ter editado essa regra? E só par concluir a história, para contextualizar melhor, acabou que o senhor depois revogou esse decreto, mas instituiu uma cobrança pelo uso da praça e, finalmente, a Câmara derrubou esse decreto e aprovou uma lei liberando a para pequenos eventos sem som mecânico... para esses pequenos eventos. O senhor se arrepende desse decreto? Só lembrando que isso inclusive gerou uma marchinha de carnaval, de tanta oposição que passou a ser feita ao senhor. E118: PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: Bem, Paulo, nunca houve a intenção de proibir, de impedir eventos na Praça da Estação. Foi uma redação infeliz do decreto naquele momento. Estávamos sobre uma pressão muito grande do pessoal do patrimônio do pessoal do Museu de Artes e Ofícios. Tinham sido... tinham ocorrido 67 eventos de grande porte na praça, em 2009, e o patrimônio realmente estava sendo depredado por falta de uma organização mínima do processo. Então não deveria ter ser escrito “proibir”, o correto seria “suspendemos temporariamente”, que foi de fato a intenção, então foi uma infelicidade na redação do decreto. Até porque não fazia sentido eu, uma pessoa que respeita as liberdades e não sou conservador, chegar num espaço daquele e dizer: “Não tem mais evento.”, que seria uma completa loucura. Então nós ganhamos ali um tempo, organizamos uma comissão que, então, organizou o uso da praça. Com relação à cobrança, ela só é aplicada quando são eventos comerciais que venham a cobrar ingresso, apenas nesses casos. E o uso da praça cotidianamente por grupos de pessoas para lazer, para alguma atividade artística, musical, nunca foi proibida. E essa lei que você se refere, nós já estávamos,
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inclusive, com o decreto pronto quando essa lei entrou em votação e nós, então, negociamos alguns vetos na lei para adaptar a nossa intenção. Então hoje qualquer grupo de artistas, desde que não use som mecânico nem tablado, pode se apresentar sem pedir autorização à Prefeitura... E119: PAULO PEIXOTO/REPÓRTER FOLHA (BH): Tudo isso foi motivo de crítica do seu adversário. Inclusive, ele chamou o senhor de autoritário, o senhor revidou e chamou ele de nazista. O senhor não pegou pesado... E120: JOSIAS DE SOUZA/BLOGUEIRO DO UOL: Ontem, a propósito, só para fazer um adendo, ele, na conversa conosco ontem, fez uma referência ao seu estilo de liderança, que seria um estilo muito pouco atuante, flácido e que os secretários não teriam a oportunidade de executar as suas tarefas porque o líder não os conduzia adequadamente. Como é o seu relacionamento com os secretários e essa falta de liderança, ela existe? E121: PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: É, o meu adversário, ele é incoerente muitas vezes. Quando interessa a ele, ele diz que a secretaria não funcionou bem por que o líder era de outro partido, quando não funciona bem que é alguém do PT ele diz que o prefeito não liderou e que os secretários, para funcionarem bem, dependem da liderança do prefeito. Realmente você tem que escolher bem seus comandados, planejar junto com eles e cobrar deles os resultados. Mas não se pode responsabilizar totalmente o principal dirigente se algo não funciona bem, nem se pode dar todo o crédito também ao principal dirigente. Então seria a mesma coisa que dizer que se Patrus falhasse no comando do Ministério, eu não tenho a avaliação, embora a Controladoria Geral da União e o Tribunal de Contas tenha apontado muitos desvios lá no uso do Bolsa Família, se ele falhasse ele poderia dizer: “Não, foi o presidente Lula que não me liderou.”. Então tem uma... bastante incoerência. E essas críticas que ele faz são muito interessantes, porque até recentemente ele estava disputando a oportunidade de ser candidato a vice comigo e participava do nosso fórum de assuntos estratégicos. Nós criamos uma Secretaria de Gestão Compartilhada, a Prefeitura, que, inclusive é Secretaria Executiva desse fórum e ele viu lá todo nosso planejamento estratégico, todo o processo de planejamento participativo regionalizado que nós fizemos no ano passado; a questão do cidadão auditor que nós temos hoje 37 mil cidadãos que assinaram contato de voluntariado com a Prefeitura fiscalizando limpeza urbana. Agora, na gestão no dia-a-dia eu introduzi uma mudança que na Prefeitura não tinha mais, assim, o dono do pedaço, ou seja, não tem o supersecretário, todos os secretários são iguais, discutimos o planejamento, eu entro em detalhes na execução do orçamento, sempre entrei com muita cobrança. Então esse estilo centralizador autoritário significa que não tinha supersecretários nem tinha líder na Câmara que mandava num setor da Prefeitura ou um deputado estadual que era comandante de setores da Prefeitura como nós tínhamos recentemente. E122: VERA MAGALHÃES/EDITORA PAINEL FOLHA: Prefeito, o senhor deu declarações aí, não sei se brincando ou sério, de que seria bom se chovesse na sexta-feira, no dia que o ex-presidente Lula está querendo participar de um comício do candidato Patrus Ananias. O senhor falou isso? O senhor está sendo acusado de atitude antidemocrática pelos eleitores de Belo Horizonte por ter dito isso. O que o senhor falou? Qual é sua previsão meteorológica? E123: PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: Bem, eu estava lá, aí num conjunto habitacional que nós fizemos uma revitalização em conjunto com um grupo de empresários, que eles reclamavam a mais de 30 anos e alguém perguntou: “Você tem algum evento para a noite de sexta-feira?”, eu falei: “Não, nós temos no sábado aí, vamos fazer uma carreata, um abraço na Contorno.”. Mas vocês não vão fazer? Aí eu... Assim, de muito interior na política do interior era essa coisa, né,“vamos torcer para chover no comício do adversário”, então saiu assim, jocosamente, todo mundo riu e tal, não... Eu respeito muito o presidente Lula e ele será sempre muito bem-vindo a Belo Horizonte, apoiou a nossa aliança, veio aqui em 2011 quando o PT estava vacilando e me deu o braço e disse assim: “O Márcio será o nosso candidato.”. Ele veio aqui em 2006 apoiar Nilton Cardoso para o Senado, veio em 2010 apoiar a chapa de Hélio Costa com o Patrus para Governo do Estado. E124: VERA MAGALHÃES/EDITORA PAINEL FOLHA: Ele é pé frio? É isso que o senhor está querendo dizer? E125: PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: Não. Eu disse que ele sempre será bem-vindo, ele foi bem-vindo, não é, foi bem-vindo quando me apoiou, é bem-vindo para apoiar o nosso adversário e será sempre bem-vindo. Depois da eleição, se ele vier aqui como ex-presidente, eu como prefeito vou recebê-lo no aeroporto. E126: EDUARDO SCOLESE/COORDENADOR AGÊNCIA FOLHA: O senhor não vê um poder de transferência de votos, porque o PT está apostando tudo nessa visita sexta-feira. O senhor não enxerga que aqui em Minas esse poder do ex-presidente Lula?
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E127: PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: Olha, às vezes, eu temo das pessoa acharem o Lula é o candidato a prefeito, que o Lula é o meu adversário nessa... de tanto que ele aparece na televisão. Então a transferência de votos ela tem um teto, ela tem um limite. É... E128: JOSIAS DE SOUZA/BLOGUEIRO DO UOL: Em contrapartida, às vezes, eu tenho essa impressão de que o Aécio é candidato a prefeito da sua chapa, de tanto que ele aparece também. E129: PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: Ele ainda não apareceu me dando a mão, não é? Me carregando nos braços, pelo menos isso ele não apareceu. Então... E130: JOSIAS DE SOUZA/BLOGUEIRO DO UOL: O Lula já apareceu carregando o Patrus? E131: PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: Carregando eu digo assim simbolicamente. Mas eu acho assim, nós estamos numa democracia e é importante que haja respeito e me colocaram muitos adjetivos injustos e impróprios, não verdadeiros e, naturalmente, eu não vou fazer o mesmo com o meu adversário. E132: PAULO PEIXOTO/REPÓRTER FOLHA (BH): Prefeito, uma pergunta que o Scolese fez para o senhor, se o senhor se arrependeria de alguma forma dessa aliança, como é que o senhor aproveitou isso? O senhor falou do que os petistas aprenderam com a sua gestão. O senhor não aprendeu nada com o PT durante esses quatro anos? E133: PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: Eu diria que o PT tem quadros de muito boa qualidade, comprometidos com políticas públicas que buscam a redução das desigualdades. Nós temos muitas pessoas de alta qualidade na Prefeitura que dedicaram a sua vida a essa luta e me sinto muito identificado com essas pessoas. O problema é que a prática do partido, a luta interna entre as várias facções, acabou gerando distorções, digamos assim, que apequenaram o partido. E o PT perdeu muita militância, perdeu muitos filiados, perdeu muita simpatia do eleitorado em Belo Horizonte nos últimos 20, 30 anos. E134: JOSIAS DE SOUZA/BLOGUEIRO DO UOL: Prefeito, tem duas perguntas... E135: PAULO PEIXOTO/REPÓRTER FOLHA (BH): Prefeito, partido político atrapalha? E136: PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: Não é que o partido político atrapalhe, o partido político é a expressão natural de um grupo de cidadãos que, de acordo com a lei, usa o partido para ter acesso ao poder e colocar as suas políticas públicas que defendem em prática. A questão é que a disputa interna de poder entre as pessoas e entre os grupos se dá de uma forma que fragiliza o próprio partido, que acabam... o que aconteceu em Belo Horizonte, a nossa aliança não foi à frente, apesar da boa vontade, extrema boa vontade dos outros partidos, não foi à frente em função dessa luta interna do PT. E137: JOSIAS DE SOUZA/BLOGUEIRO DO UOL: Eu não entendi algumas perguntas que vieram aqui, mas eu queria fazê-las. E138: PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: Tinha me esquecido de responder sobre a Pampulha aqui. E139: JOSIAS DE SOUZA/BLOGUEIRO DO UOL: Pode ser uma oportunidade para quando o senhor voltar. O Bruno Julio, ele pergunta se o senhor pretende continuar o processo de venda de ruas para construtoras e igrejas em Belo Horizonte. O Luca pergunta, aí tem a ver com espaço público também, embora tenha um viés privado, se o senhor já vai mudar de Brumadinho para Belo Horizonte. O senhor mora em Brumadinho, é isso? O senhor mora fora de Belo Horizonte? E140: VERA MAGALHÃES/EDITORA PAINEL FOLHA: Deve ser na Nova Lima. E141: JOSIAS DE SOUZA/BLOGUEIRO DO UOL: E por último, tem uma pergunta sobre um proibição de venda de artesanato na Praça... é... E142: PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: Muito bem. Com relação a chamada “venda de ruas”: criou-se uma outra lenda urbana em relação a isso em função de um projeto de lei que foi aprovado na Câmara. Tem uma rua que deveria estar ligando a Avenida Nossa Senhora do Carmo perto do shopping com a Raja Gabaglia, chamado Rua Musas, em que a extremidade dela próxima a Nossa Senhora do Carmo que deveria, inclusive, ter sido aberta, está no plano viário para ela ser uma ligação entre a Nossa Senhora do Carmo e a Raja. Ela não foi aberta, porque isso traria muitos transtornos para a vida ali das 14 famílias que moram ali. Então foi autorizada pela Câmara a alienação dessa extremidade que não está sendo usada, que é um pedaço muito pequeno da rua, para a construção de um hotel de cinco estrelas ali nesse pedacinho da rua, não é? E o projeto foi muito discutido com os moradores, inclusive vai ser aberta uma outra rua para eles de retorno. E isso está inserido em uma política de aumento da oferta de hotéis em elo Horizonte, que foi um dos projetos de sucesso da nossa gestão que gerou aí um licenciamento para construir mais 30 hotéis novos. Belo Horizonte estava em uma situação muito ruim para atrair eventos e turistas em função da baixa qualidade, do pequeno número de hotéis. Outras... outros casos, nós... Diversos terrenos da Prefeitura. sem possibilidade de uso, e nós pedimos à Câmara para aprovar a venda para nós colocarmos no Fundo de Habitação para fazer a habitação popular. A outra pergunta?
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E143: JOSIAS DE SOUZA/BLOGUEIRO DO UOL: A Praça Sete o senhor proibiu a venda de artesanatos. E144: PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: Não. A Prefeitura tem uma política de ocupação de espaço público pelo comércio. Todas as feiras que existem em Belo Horizonte são licitadas. Nós relicitamos todas elas, exceto a da Avenida Afonso Pena, que houve um desacordo judicial. Mas nesse momento nós estamos conversando com os artesãos, estamos avaliando mais de 50 possíveis espaços novos em toda a cidade para transformarmos em feiras. A gente sabe que há, o número de artesãos aqui está crescendo bastante. Então essa ampliação de espaço pra eles será feito de forma organizada. No passado, inclusive, no governo do meu adversário, o centro da cidade se tornou um caos. A cidade foi tomada por ambulantes, se os senhores consultarem os jornais da época verão isso, inclusive, manifestos dos lojistas dizendo: “Acabou o comércio no centro de Belo Horizonte.” Então precisa ver uma organização, um disciplinamento com bastante negociação a respeito disso. E145: JOSIAS DE SOUZA/BLOGUEIRO DO UOL: E o senhor mora fora de Belo Horizonte? E146: PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: Ah, desculpe. Eu tenho duas residências. Eu tenho o apartamento aqui há mais de 30 anos aqui no centro da cidade, que é meu domicílio eleitoral, eu voto no colégio estadual, uso todos os dias esse apartamento; e tenho uma casa no condomínio que existe há mais de 50 anos em Belo Horizonte, tenho uma casa já há bastante tempo, que fica limítrofe na saída de Belo Horizonte, no município próximo e todas as pessoas que vivem lá estudam, trabalham, tem sua vida em Belo Horizonte. A sede do município está há 30 quilômetros, não tem nem estrada e acesso. Então nós temos o cidadão metropolitano, aqui isso é muito comum, as pessoas moram em um lugar, estuda em outro, trabalha em outro. Isso, inclusive fez com que nós tenhamos hoje uma gestão metropolitana muito integrada. E147: VERA MAGALHÃES/EDITORA PAINEL FOLHA: Mas sendo o prefeito da cidade não é esquisito, prefeito? E148: PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: Olha... E149: VERA MAGALHÃES/EDITORA PAINEL FOLHA: Ou fora da cidade. A cidade não tem lugar bacana pra morar? E150: PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: Na realidade, isso é conversa dos adversários. Os nossos apoiadores não veem isso como um problema. Eu sou belorizontino, vivo aqui há 50 anos e me considero morador em Belo Horizonte. Tenho aqui meu domicílio eleitoral e tenho aqui o apartamento. E151: PAULO PEIXOTO/REPÓRTER FOLHA (BH): Isso tem a ver com questão ambiental, prefeito? Eu pergunto... é uma provocação, porque eu pergunto, durante três anos e oito meses da sua gestão o senhor está no 5º de Secretário de Meio Ambiente. Eu acho que é impossível se conseguir uma boa política de Meio Ambiente com tanto secretário. Ninguém consegue desenvolver um projeto de Meio Ambiente. E152: PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: Eu diria que a única secretaria que nós tivemos de fato uma... essa pouca estabilidade. Nós... Se você pesquisar, em todas as secretarias, teve muito pouca mudança. No caso dessa secretaria, no primeiro momento tinha uma pessoa que estava lá interinamente até que o Partido Verde indicasse e foi o Ronaldo Vasconcelos, depois saiu para ser candidato a deputado estadual. Veio uma outra pessoa que depois foi convidado para ir para Brasília. Mas todo esse tempo o adjunto foi o mesmo e ele hoje, inclusive, está como, ele está como secretário. Então não houve perda, de fato, na continuidade. Nós temos uma boa política ambiental de sustentabilidade, tanto que Belo Horizonte foi escolhida para ser sede do Primeiro Congresso Internacional de Cidades Sustentáveis que aconteceu aqui em junho com a presença de mais de 70 países e 400 cidades. E153: EDUARDO SCOLESE/COORDENADOR AGÊNCIA FOLHA: Prefeito, mudando um pouco de assunto, o senhor tem acompanhado o julgamento do mensalão? Se de alguma forma pretende usá-lo na campanha para atacar o PT, por exemplo? E154: VERA MAGALHÃES/EDITORA PAINEL FOLHA: E o senhor chegou a ser mencionado no início da investigação da CPI dos Correios como tendo recebido dinheiro do grupo do Marcos Valério. Queria que o senhor aproveitasse para lembrar um pouco isso e como o senhor não chegou a ser entre os investigados finais. E155: PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: Bem, eu acho que um dos problemas da nossa democracia é a falta de, digamos, de julgamento, porque se um julgamento, qualquer que seja a infração ou crime, demora demais, a justiça não é feita. Então você corre o risco de cometer a grande injustiça de não condenar os culpados e de não absolver os inocentes. Então como o país tem muito escândalo, às vezes, a imprensa, às vezes, exagera um pouco e até condena a pessoa sem provas em cima do movimento de opinião pública. Isso é muito injusto, é de fato muito injusto.
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Neste caso, como o julgamento já está indo na última instância, a justiça será feita condenando e absolvendo e nós teremos que respeitar qualquer que seja o resultado. É, no meu caso eu não fui nem indiciado, eu não fui... é... eu não fui denunciado. Então, realmente houve lá um grande equívoco naquele momento. Eu me apresentei à Polícia Federal espontaneamente três dias depois, dei todas as explicações, a CPI me desconvocou, inclusive. E a própria Folha de São Paulo um dos órgãos que, em 2006, noticiou, digamos, essa minha absolvição. Eu tenho muito documento sobre isso e eu fui até convidado a retornar ao Ministério da Integração, não aceitei naquele momento, preferia ficar em Belo Horizonte. Eu havia saído voluntariamente... E156: EDUARDO SCOLESE/COORDENADOR AGÊNCIA FOLHA: Que lição o senhor tira de todo aquele episódio? O senhor exonerado, tendo que se defender depois do cargo, enfim. Que avaliação o senhor faz hoje? E157: PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: É preciso ter muito cuidado com isso, porque se todo mundo que for acusado de alguma coisa for sair do governo, pode gerar um problema. Mas eu diria o seguinte: que é preciso tomar muito cuidado antes de acusar e condenar as pessoas sem prova, sem julgamento. É preciso ter muito cuidado. Muita injustiça é feita e eu fui vítima dessa injustiça. Mas, felizmente, eu acertei tudo, não devo nada, nunca devi nada de fato. E158: EDUARDO SCOLESE/COORDENADOR AGÊNCIA FOLHA: Pretende usar algo na campanha eleitoral sobre o julgamento? E159: PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: Eu acho que não. Eu acho que nós temos que aguardar o julgamento, respeitar o julgamento, é a mais alta corte. Se lá não houver julgamento justo, eu realmente não sei aonde poderia haver. E160: JOSIAS DE SOUZA/BLOGUEIRO DO UOL: Prefeito, às vezes, passa a impressão, do modo como o senhor fala e tal, que o senhor, como gestor público e empresário com algum êxito, o senhor sente dificuldade na gestão publica. O senhor fala do TCU, fala do Ministério Público que causa problemas, o senhor aluga jatinho para chegar em Brasília mais rápido. Essa sua experiência empresarial ela dificulta sua atividade como homem público ou não? O senhor acha que o Estado hoje ele está desaparelhado para atender ao gestor? O gestor está manietado? E161: VERA MAGALHÃES/EDITORA PAINEL FOLHA: Aproveitando a carona aqui no Josias, muita diz que por conta das PPPs os investimentos próprios da Prefeitura caíram na sua gestão, que seria mais um indício disso que ele está apontando. E162: PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: Bem, Josias e Vera, eu tive realmente uma experiência empresarial, mas fui militante político, fiquei preso quase quatro anos e sempre fui muito militante de identidade de classe de todos os níveis. Aqui, no Rio, em São Paulo, em Brasília... e aprendi a entender de perto o funcionamento da máquina pública e sempre tive opiniões muito claras sobre isso. O mundo empresarial é muito diferente da gestão pública, ma aprendi muito trabalhando em Brasília no Governo Lula, no Governo Aécio. Eu cheguei à Prefeitura muito preparado nesse sentido, conhecendo os dois lados e também com uma sensibilidade social política vindo da minha vida. Os órgãos de controle são necessários, são necessários. São necessários. O TCU, a Controladoria Geral da União. Inclusive, eu recentemente ampliei, aumentei em 200% o efetivo da auditoria interna da Prefeitura que era muito pequeno, era um tanto contado, me espelhei na Controladoria Geral da União, os concursos forma feitos exatamente como a Controladoria faz, passamos de 16 para 50 auditores, mandei um projeto de lei para a Câmara criando a Secretaria Adjunta de Gestão Estratégica e Combate à Corrupção, com esse nome efetivamente e transparência total nas informações, está tudo na Internet, até onde sistemas não tão modernos que nós não temos ainda permitem na velocidade necessária. Então é preciso que haja uma valorização do servidor público, haja cada vez mais funcionários de carreira no nível de carreira de Estado e o principal problema é a impunidade. A lei existe para ser cumprida. As pessoas reclamam comigo das leis e eu digo:” Olha, na próxima discussão do Plano Diretor, da Lei de Ocupação de Solo, mobilize para defender seus pontos de vista.”, mas a lei que está aí tem que ser cumprida. Então eu procuro ser muito transparente nesse aspecto. As dificuldades são naturais, é preciso respeitar o marco legal do serviço público, você só pode fazer aquilo que a lei permite. Como empresário você pode fazer tudo que a lei não proíbe, então essa é a grande diferença. E163: VERA MAGALHÃES/EDITORA PAINEL FOLHA: Prefeito, nas sabatinas em São Paulo a gente costuma perguntar ao prefeito Gilberto Kassab já em três ocasiões que nota ele dá para a gestão dele. Invariavelmente ele se autoconcede dez, apesar da avaliação dele pelo Datafolha ser bem distante disso. Queria saber o senhor. Que nota o senhor daria para a gestão e por que e o que precisa ser mudado em um eventual segundo mandato? E164: PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: Bem, se nós formos ao julgamento da opinião pública somando ótimo e bom com regular positivo, que é a nota que a população nos dá, eu acho que estou aí nos 7,5 para 8,0. Eu não tenho um número... E eu acho um julgamento justo
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porque há muito, de fato, o que fazer. O passivo é muito grande, a cidade teve um desenvolvimento desordenado durante décadas e décadas sem planejamento. As intervenções muito impontuais, muito improvisadas e eu sempre fui um ardoroso defensor do planejamento estratégico. Aliás, quando cheguei no Governo Lula fiz planejamento estratégico no Ministério da Integração atrelado aos compromissos de campanha do então presidente. Foi aberto, foi uma discussão aberta, muita gente fora, inclusive, acompanhou. E aquilo foi muito admirável, porque não se costumava fazer isso no serviço público. Então é preciso pensar a cidade a longo prazo para que as ações de curto prazo sejam atreladas a isso. E, ao contrário do que diz nosso adversário, esse planejamento está sendo feito de forma muito aberta e muito participativa desde 2009. E ele sabe disso, porque ele participava do nosso fórum de assuntos estratégicos da cidade. E165: EDUARDO SCOLESE/COORDENADOR AGÊNCIA FOLHA: Bom, chegamos ao fim da sabatina. Obrigado, prefeito, pela presença. E166: PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: Eu que agradeço à Folha e ao UOL. Espero ter respondido. Faltou uma resposta aqui, se me dá um minuto... E167: EDUARDO SCOLESE/COORDENADOR AGÊNCIA FOLHA: Rapidamente, por favor. E168: PREFEITO MÁRCIO LACERDA/CANDIDATO PSB: Sobre a Pampulha, a COPASA está fazendo um grande investimento, 120 milhões lá, nós participamos do planejamento desse investimento para coletar o restante do esgoto que cai nos córregos que vem para a Pampulha. Nós vamos licitar brevemente todo o trabalho de desassoreamento da barragem para se recuperar o espelho d’água. Logo depois um tratamento de choque da água para eliminar um pouco da poluição e a meta é ter a Pampulha até 2014 preparada para esportes náuticos, que é o grau três. Com o financiamento que nós estamos negociando com o Banco Interamericano de Desenvolvimento, vai ser possível fazer muito mais coisa para melhorar todo aquele ambiente, inclusive em termos de urbanismo, de área de lazer etc. E169: EDUARDO SCOLESE/COORDENADOR AGÊNCIA FOLHA: Obrigado. Em nome da Folha e do UOL, agradeço em especial a você, internauta, que nos acompanhou até agora. Uma boa tarde a todos. Folha e UOL, Eleições 2012.
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ANEXO G - DADOS REFERENTES AO BATE PAPO FOLHA/UOL – PATRUS ANANIAS - 27/08/2012
Nº do Enunciado
Comentário do Internauta
E1. Observador fala para todos: O Patrus ficou nervoso agora... E2. BH Certa fala para todos: Continuo dizendo que este Leo é PSDB. E3. Claudia fala para todos: Vai Patrusssssss E4. Leo fala para Todos: patrus se esquece de falar que aumentou o indice de aprovação
nas escolas justamente pq nao havia boletim E5. (11:29:53) BHnareal fala para Leo: será que tá certo mesmo?
http://colunistas.ig.com.br/poderonline/2012/08/27/eduardo-campos-disse-a-dilma-que-em-belo-horizonte-marcio-lacerda-e-o-culpado-pela-crise-com-o-pt/
E6. Leo fala para Gustavo Aguiar: nao to falando nada de PR E7. Ricardo fala para Todos: Afinal, a escola que aprova analfabeto é a municipal ou a
estadual??? E8. BH CERTA fala para Leo: Para de ficar babando coisa errada Leo, amanhã você entra
para ver o seu candidato. E9. Marcelo Advogado fala para Todos: O que vc acha do Márcio Lacerda dizer na sua
propaganda leitoral, obras que o PT inaugurou e dizer que foi ele que fez ??? E10. fora pt fala para BHnareal: é bandido também como os petistas E11. GOMIDE fala para claudia: Patrus é um cara carismático, mas perdeu as eleições
quando se aliou a nomes como: Newton Cardoso, Hélio Costa e Leonardo Quintão..... Decepção!!
E12. claudia fala para Todos: Leo... Vota no Lacerda... Deixa que a gente vota no Patru : ) E13. Leo fala para Todos: ótimos esses entrevistadores. perguntas inteligentes. E14. BHnareal fala para fora pt: mas o nome do Patrus não aparece em nada!!!! E15. Marcelo Advogado fala para Todos: AÉCIO CHEIRA PÓ TAMBÉM APOIA MÁRCIO
TÁ-LERDA !!! E16. Leo fala para claudia: claro que deixo, claudia. é uma democracia.
E17. BH CERTA fala para fora pt: Votar em candidatos do cherador do PSDB, nunca.
E18. BH CERTA fala para fora pt: Votar em candidatos do cherador do PSDB, nunca. E19. claudia fala para Todos: Isso chama Política que no Brsil ainda está longe de ser a
verdadeira política democrática que buscamos
E20. Leo fala para claudia: mesmo que o povo eleja collor, sarney... e até maluf, o novo amigo do Lula
E21. claudia fala para Todos: Confio no Patrus E22. fora pt fala para BH CERTA: NEM EM MENSALEIRO E COMPRADOR DE VOTAS E23. Marcelo Advogado fala para Todos: APROVAÇÃO DE 80% DA POPULAÇÃO
QUANDO PREFEITO, E ISSO NUM SÓ MANDATO !!! MAIOR VOTAÇÃO COMO DEPUTADO FEDERAL DE MG ...
E24. claudia fala para Todos: Vai Patrussssssssssssssssss E25. BHnareal fala para fora pt: então vc pode votar no Patrus E26. claudia fala para Todos: Bh já se apaixonou por você!
E27. BHnareal fala para fora pt: ele não fez nenhum dos dois
E28. BH CERTA fala para Todos: O Aécio acha que o povo vai continuar votando em
candidatos que ele acha que é bom para ele. FORA AÉCIO NEVES. E29. cesar fala para Todos: FORA LACERDA! FORA AECIO! E30. Ricardo fala para Todos: Aécio vai subir no palanque do Marcio? E31. BH CERTA fala para Todos: FORA LACERDA! FORA AÉCIO! E32. Marcelo Advogado fala para Todos: A CIDADE ESTÁ SENDO GERIDA COMO UMA
EMPRESA, SEM QUE AS PERIFERIAS, EM SUMA AS PESSOAS DE BAIXA RENDA ESTEJAM INSERIDAS NAS SUAS DECISÕES... A PERIFERIA ESTÁ ESQUECIDA
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NA ADM MÁRCIO TÁ-LERDA.... E33. fora pt fala para BHnareal: Caro BHna real , não voto em petista nem se minha mãe
me pedir no leito de morte E34. BHnareal fala para Todos: é uma opção sua E35. Marcelo Advogado fala para Todos: O LADO SOCIAL ESTÁ ENGESSADO DEPOIS
QUE O PT DEIXOU A SUA ADMINISTRAÇÃO... E36. Leo fala para Todos: os recursos nao são do governo federal, patrus E37. claudia fala para Todos: Estou indo para a Praça Afonso Arinos bandeirar... Vamos lá
BH! E38. Leo fala para Todos: os recursos são do povo. eu ajudo a construir esses recursos E39. BH CERTA fala para Todos: Coitada da mãe do ''fora pt" E40. cesar fala para Todos: entao anule o voto E41. cesar fala para Todos: mas esse prefeito nao merece ficar E42. Observador fala para Todos: Mas, nem só de social vive um governo... E43. cesar fala para Todos: CIDADE DA COPA DOMUNDO E44. cesar fala para Todos: É LOGICO QUE IA TER GRANA PRA FAZER OBRA E45. cesar fala para Todos: AI É FÁCIL E46. Leo fala para Todos: Lulodependência? kkkkkkkkk E47. Marcelo Advogado fala para Todos: O ORÇAMENTO PARTICIPATIVO ENCONTRA-
SE DIMINUÍDO, AS REFEIÇÕES DO RESTAURANTE POPULAR (CRIADO PARA PESSOAS CARENTES) DOBROU DE PREÇO....
E48. cesar fala para Todos: LULODEPENDENCIA E49. fora pt fala para BH CERTA: Lulla dependência é vicio em alcool? E50. Marcelo Advogado fala para Todos: A VOZ DA COMUNIDADE PAROU DE SER
OUVIDA PELA PREFEITURA !!! E51. BH CERTA fala para fora pt: E a Aéciodependência é vivio no pó. E52. Leo fala para Marcelo Advogado: dobrou de preço, ne? depois de 20 anos, passou de
1 real pra 2 reais. não pesa no bolso, amigo. pode ter certeza E53. cesar fala para Todos: AOS POUCOS LACERDA VAI CAINDO E54. cesar fala para Todos: E EU NAO SOU PETISTA E55. fora pt fala para Todos: Lullodependência é mesma coisa que viciado em cachaça? E56. cesar fala para Todos: CRIADO PELO PT E PELO PSDB E57. Leo fala para fora pt: vixe! Rsrsrs E58. BH CERTA fala para Todos: Gente e Aéciodependência é vivio em que? E59. BH CERTA fala para Todos: podem falar E60. GOMIDE fala para fora pt: EXATAMENTE.... LULODEPENDENCIA TAMBÉM É
CONHECIDA COMO ALCOOLISMO!! E61. Leo fala para Gustavo Aguiar: já comi diversas vezes em restaurante popular, amigo.
juro por tudo que é mais sagrado E62. Leo fala para Gustavo Aguiar: e 2 reais por dia, me diga um mendigo que nao
consegue isso em 5 min no sinal? E63. BH CERTA fala para fora pt: Aéciodependência é vicio em ó? E64. BH CERTA fala para fora pt: Pó neles gente. E65. fora pt fala para BH CERTA: não sei , mas Lulla dependência me parece vicio em
alcool E66. Ricardo fala para Todos: O Patrus não parece depender tanto do Lula quanto o
Haddad em SP, mas imagino que é o tipo de ajuda que não se recusa, nem dá pra se desligar...
E67. Leo fala para Ricardo: é dificil o lula apoiar o patrus, sendo que declarou diversas vezes que o marcio é um gestor competente
E68. BH CERTA fala para fora pt: Mas você ainda não falou, Aécio é vicio em........ E69. fernanda (reservadamente) fala para Todos: eu vou fingir que não vi gente (leo)
falando sobre mendigo pedindo dinheiro no sinal E70. Leo fala para Ricardo: fica parecendo esquizofrenia. ou bipolaridade E71. fora pt fala para Todos: ainda bem que teremos só primeiro turno , ou seja vários
"cumpanheiros" já estão de aviso prévio E72. fernanda fala para Leo: SANTA ignorância, hein? E73. Leo fala para fernanda: por que, fernanda?
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E74. Marcelo Advogado fala para Leo: Talvez não no seu bolso, mas a esmagadora média de pessoas as vezes não tem nem esse R$ 1,00 que vc diz...
E75. fora pt fala para BH CERTA: Aécio é candidato a prefeito? E76. fernanda fala para Leo: você ja foi a algum restaurante popular? ja presenciou as
pessoas que comem naquele lugar? E77. Leo fala para Marcelo Advogado: indice de desemprego em BH é o menor das
capitais. 4% apnas. nao tem 1 real pra jantar em restaurante popular? E78. Leo fala para fernanda: indice de desemprego em BH é o menor das capitais. 4%
apnas. nao tem 1 real pra jantar em restaurante popular? E79. BH CERTA fala para fora pt: Mas aparece toda hora falando do candidato BONECO
que ele quer na frente de BH para ele comandar tudo. E80. Leo fala para fernanda: juro por tudo que é mais sagrado que já comi. tanto no do
barreiro quanto no da rodoviária E81. fora pt fala para Todos: Patrus diz que voltou a estudar , deveria continuar mais tempo
E82. BH CERTA fala para fora pt: E também quem acha que só tem que ter primeiro turno,
na verdade não sabe votar. E83. Leo fala para Gustavo Aguiar: ah, consegue, gustavo. E84. fora pt fala para BH CERTA: BH certa , todo ditador acha que as pessoas não sabem
votar . O pt para mim é ditadura E85. fora pt fala para Todos: o metro nunca recebeu dinheiro federal nestes anos de
desgoverno petista E86. Marcelo Advogado fala para Leo: Uma enorme parte das pessoas que usam o RP são
pessoas indigentes caro Léo... vc já foi lá e viu ??? E87. Leo fala para Todos: o PT está há 10 anos em BH e nunca investiu em metrô E88. Leo fala para Todos: o PT está há 10 anos em BH e nunca investiu em metrô E89. Leo fala para Todos: agora o Patrus promete. porque devo acreditar? E90. fora pt fala para Todos: O PT nunca investiu no metro pois desviou o dinheiro para o
esquemão de mensaleiros E91. BH CERTA fala para fora pt: E o que o Aécio Neves faz em MInas Gerais, é Ditadura,
é lavagem cerebral E92. Leo fala para Todos: Patrus fala q gov federal nao discrimina ninguem. Mas porque
Pernambuco recebeu 150 vezes mais recursos para acabar com enchentes? sendo q em minas choveu mais?
E93. Marcelo Advogado (reservadamente) fala para Todos: Quem é? E94. fora pt fala para BH CERTA: cara BH Certa , lavagem cerebral só ocorre em quem
permite que seu cerebro seja lavado E95. Leo fala para Todos: 150 nao é um chute. é um valor real.
E96. BH CERTA fala para fora pt: Aécio Neves acha que tem que ser só ele, só ele que
deve decidir E97. João fala para Todos: Patrus, mais de 70% das obras da atual prefeitura vem de
recursos do governo federal e a atual gestão esconde isso. Com o senhor na prefeitura, as verbas oriundas do governo federal aumentarão?
E98. João fala para Todos: Patrus, mais de 70% das obras da atual prefeitura vem de recursos do governo federal e a atual gestão esconde isso. Com o senhor na prefeitura, as verbas oriundas do governo federal aumentarão?
E99. Gustavo Aguiar fala para Leo: deve ser pq o projeto era mto ruim!
E100. Leo fala para Marcelo Advogado: sim, marcelo E101. Leo fala para Marcelo Advogado: como eu disse aqui, já comi no RP do Barreiro e da
Rodoviária. E102. Gustavo Aguiar fala para Leo: tanto faz, oq fala não mudará em nada minhas opinioes
E103. Leo fala para Correia: não tenho essa pretensão, caro companheiro.
E104. tavinho fala para Todos: como seria o ministerio da saude se vc ganhar
E105. Leo fala para Gustavo Aguiar: nao tenho essa pretensão de te convencer, caro
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companheiro E106. Leo fala para Leo: com projeto ruim ou nao, o metrô nao saiu.
E107. Leo fala para Gustavo Aguiar: Comezinha!!!! E108. Leo fala para Todos: Comezinha! Muito bom E109. Leo fala para Todos: PT queria tudo. Projeto pessoal. E110. Leo fala para Todos: Patrus cara de pau. E111. Gustavo Aguiar fala para Todos: PT não suportou a traiçao do projeto pelo Lacerda,
reduzir OP, programas sociais E112. Gustavo Aguiar fala para Todos: acabou com a cultura, criminalizando os movimentos
culturais e de habitação, é a escola do socialismo de lacerda u nao conhecia E113. Leo fala para Todos: atenção: Patrus fala sobre as participações de Newton Cardoso e
Hélio Costa no governo dele E114. Gustavo Aguiar fala para Todos: por isso fora Lacerda!!! E115. Leo fala para Todos: alguém sabia aí que a Dilma ofereceu um ministério para o
Quintão desistir de ser candidato a prefeito em BH? E116. Leo fala para Todos: Ou seja, não serve pra ser prefeito, mas serve pra ser ministro.
Sujeirada danada E117. João fala para Todos: Candidato, na sua gestão o senhor pretende ampliar o
Orçamento Participativo? E118. Meira fala para Todos: Gente, ta muito claro nessa sala quem é partidário aqui,
principalmente gente ligada ao PT. Calma, galera. Sou indeciso. To tentando definir meu voto. Esse tom ríspido nem vai fazer um eleitor do Lacerda mudar de ideia, nem vai fazer um indeciso votar no Patrus. #paz
E119. Anselmo fala para Todos: Engraçado, o UOL só escolhe pergunta do PSDB E120. Leo fala para Anselmo: o que seriam perguntas do PSDB?
E121. Anselmo fala para Todos: Não discutem projetos, só picuinhas trazidas pelo PSDB. Já
enviei perguntas sobre projetos e o UOL ignora E122. BHnareal fala para Todos: vamos ver se amanhã será igual E123. Anselmo fala para Todos: Brincadeira esse UOL. Quero ver se o UOL vai fazer o
mesmo com o Lacerda amanhã E124. João fala para Todos: UOL poderia começar a discutir projetos e plano de governo e
parar de falar sobre coligações e pragmatismo político. E125. Leo fala para Todos: desconversa? patrus desconversa E126. Leo fala para Todos: fala sério... E127. Eu voto Patrus 13 fala para Todos: UOL. pode me explicar o pq da escolha por
perguntas só contra o candidato? E128. Anselmo fala para Todos: UOL só aceita pergunta do PSDB. Por que não falam sobre
o que disse o Eduardo Campos, que foi o Lacerda quem rompeu a aliança e escolheu o lado dos tucanos?
E129. Garoto wbcam fala para Todos: uma bando de mentirosos, só querem ser eleito
E130. Garoto wbcam fala para Todos: depois desviam as verbas E131. Leo fala para Anselmo: ele já falou sobre isso, anselmo. talvez vc nao tenha ouvido. E132. Anselmo fala para Todos: Leo, vc é da Turma do Chapéu, não é? E133. CLAUDIANO AMORIM fala para Todos: VMASO COBRAR AI RESPOSTA E134. CLAUDIANO AMORIM fala para Todos: sobre essa E135. CLAUDIANO AMORIM fala para Todos: situação de sacolinhas em bh E136. CLAUDIANO AMORIM fala para Todos: é um absurdo so a população pargar E137. CLAUDIANO AMORIM fala para Todos: por isso E138. Leo fala para Anselmo: anselmo, to longe de ser da turma do chapéu, amigo
E139. CLAUDIANO AMORIM fala para Todos: PORQUE PROIBIR A SACOLINHA EM BH ?
SO A POPULAÇÃO ESTA PAGANDO ESSA " CONTA " A PREFEITURA LANCOU SOBRE A POPULAÇÃO ESSA RESPONSABILIDADE QUE É DA PREFEITURA
E140. Leo fala para Anselmo: sou só um eleitor informado e inconformado com a política
167
atual E141. Leo fala para Anselmo: nao sou partidário do psdb e nem do pt E142. CLAUDIANO AMORIM fala para Todos: O CERTO NAO SERIA CRIAR UM PLANO
DE RECICLAGEM EM BH COMO POR EXEMPLO COLETA SETELTIVA DE LIXO ? E143. CLAUDIANO AMORIM fala para Todos: PORQUE PROIBIR A SACOLINHA EM BH ?
SO A POPULAÇÃO ESTA PAGANDO ESSA " CONTA " A PREFEITURA LANCOU SOBRE A POPULAÇÃO ESSA RESPONSABILIDADE QUE É DA PREFEITURA, O CERTO NAO SERIA CRIAR UM PLANO DE RECICLAGEM EM BH COMO POR EXEMPLO COLETA SETELTIVA DE LIXO ?
E144. João fala para Todos: Patrus, qual sua posição sobre o Dandara? E145. CLAUDIANO AMORIM fala para Todos: PORQUE PROIBIR A SACOLINHA EM BH ?
SO A POPULAÇÃO ESTA PAGANDO ESSA " CONTA " A PREFEITURA LANCOU SOBRE A POPULAÇÃO ESSA RESPONSABILIDADE QUE É DA PREFEITURA, O CERTO NAO SERIA CRIAR UM PLANO DE RECICLAGEM EM BH COMO POR EXEMPLO COLETA SETELTIVA DE LIXO ?
E146. Leo fala para CLAUDIANO AMORIM: a lei é do vereador petista arnaldo godoy E147. CLAUDIANO AMORIM fala para Todos: mas o prefeito poderia vetar E148. CLAUDIANO AMORIM fala para Todos: nao sou partidario E149. Leo fala para CLAUDIANO AMORIM: sinceramente eu acho a lei boa. mas precisa de
alguns ajustes. E150. CLAUDIANO AMORIM fala para Todos: justamente porque so a a população tem
pago E151. CLAUDIANO AMORIM fala para Todos: justamente E152. CLAUDIANO AMORIM fala para Todos: concordo E153. CLAUDIANO AMORIM fala para Todos: voces ja foram em um aterro sanitario ? E154. CLAUDIANO AMORIM fala para Todos: aposto que nao E155. CLAUDIANO AMORIM fala para Todos: vao ver que nao mudou nada E156. CLAUDIANO AMORIM fala para Todos: so é um deposito de lixo
E157. CLAUDIANO AMORIM fala para Todos: nao existe reciclagem em bh E158. CLAUDIANO AMORIM fala para Todos: so latinha de cerveja E159. Leo fala para CLAUDIANO AMORIM: foi ceiado recentemente no bairro vera cruz,
salvo engano, em centro de reciclagem. acho que ano passado a pbh criou. E160. Leo fala para CLAUDIANO AMORIM: ceiado nao. criado. E161. CLAUDIANO AMORIM fala para Todos: nao ano E162. CLAUDIANO AMORIM fala para Todos: sao milhoes de toneladas de lixo em bh E163. Anselmo fala para Todos: Uma vergonha este UOL, ignora todas as perguntas que
mandamos e só escolhe o PSDB E164. Anselmo fala para Todos: quero ver se vão ser tão imparciais assim com o Lacerda...
E165. João fala para Todos: Patrus, o senhor pretende vender ruas pra hotéis e igrejas como
faz a atual gestão? E166. Ricardo fala para Todos: eita, respondeu a pergunta da escola plural?? E167. Leo fala para Todos: patrus fala de novo pra aprovação na escola plural E168. Ricardo fala para Todos: hmm, não respondeu ainda... E169. Ricardo fala para Todos: haha E170. Ricardo fala para Todos: mas receberam a pergunta E171. Leo fala para Todos: e esquece de falar que ele aboliu os boletins. e aprovava os semi
analfabetos. aí é fácil, uai E172. Leo fala para Todos: fala uma coisa, mas fez outra. E173. Ricardo fala para Todos: Pelo menos reconheceu o erro E174. Leo fala para Todos: ninguém vai perguntar sobre os camelôs na gestão patrus? q
tomavam conta das ruas? E175. Ricardo fala para Todos: ele treinou bem, tá olhando certinho pra câmera E176. Ricardo fala para Todos: tem candidato que nem se lembra disso
E177. Leo fala para Todos: dialogar, dialogar, dialogar... enquanto isso a cidade não anda. é
muita falação e pouca efetivação.
168
E178. Ricardo fala para Todos: até que horas vai a sabatina? E179. Anselmo fala para Todos: UOL, deixa de ser tucano: pergunta porque o Lacerda não
construiu uma UPA até agora. e o Hospital do Barreiro, que não sai nunca?
E180. João Marcos fala para Todos: ele nem mandam muitas perguntas do bate papo :B E181. João fala para Todos: Por que ninguém lembra que MArcio Lacerda é citado diversas
vezes no processo do Mensalão??? E182. João Marcos fala para Todos: quando vai ter com o marcio larcerda? E183. João fala para João Marcos: amanhã no mesmo horário E184. João Marcos fala para Todos: hm E185. Ricardo fala para Todos: parece que é amanhã, neste mesmo horário, 11h
E186. João Marcos fala para Todos: nem vou poder ver E187. João Marcos fala para Todos: olha o mentiroso E188. João Marcos fala para Todos: e.e E189. João fala para Todos: amanhã o Josias vai perguntar pro Marcio sobre a relação de
Lacerda e Marcos Valério? E190. Ricardo fala para Todos: já perguntaram pro Ananias, imagino que será tema amanhã
também E191. Ricardo fala para Todos: é desconfortável para os dois lados E192. BH_ fala para Todos: ... Patrus merece a chance de demonstrar novamente para o
povo a ideia de que é possível administrar uma cidade do ponto de vista humano. diferentemente das mesquinharias higienistas que acontecem na atual gestão .
E193. João Marcos fala para Todos: acabou
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ANEXO H - DADOS REFERENTES AO BATE PAPO FOLHA/UOL – MÁRCIO LACERDA 28/08/2012
Nº do Enunciado
Comentário do Internauta
E1. Mário Lima fala para Henrique Almeida: Falou tudo: "Eu acho que tem mesmo que colocar o entrevistado contra a parede, mas atacar o eleitor é absurdo".
E2. g.azevedo fala para Todos: eu queria saber sobre o Hospital do Barreiro e outras coisas da saúde
E3. Leo fala para g.azevedo: o hospital do barreiro é o primeiro hospital público em bh, construído após JK ser prefeito
E4. Anselmo fala para Todos: Candidato, não é antiético, além de ilegal, usar na campanha a mesma música das campanhas publicitárias da prefeitura? O sr. sabe a diferença entre o público e o privado?
E5. Leo fala para g.azevedo: ele está sendo construído
E6. Leo fala para g.azevedo: é só chegar lá e ver
E7. g.azevedo fala para Leo: quero saber do candidato, não quero propagandista aqui!
E8. Stepherson fala para Todos: qual a principal obra do estado que o sr vai realizar
E9. Leo fala para g.azevedo: abandonou porque ganhou uma obra pra construir estádio da copa. Achou mais rentável e abandonou a obra. Aí tem de fazer uma nova licitação. Contratar uma nova empresa, mas o hospital estará pronto em breve.
E10. Leo fala para g.azevedo: e é bom ressaltar que a empresa pagou a multa para abandonar a obra.
E11. Anselmo fala para Todos: Candidato, não é antiético, além de ilegal, usar na campanha a mesma música das campanhas publicitárias da prefeitura? O sr. sabe a diferença entre o público e o privado? #sabatinafolhauol
E12. IndecisaDoBarreiro fala para Leo: Quando? Estava prometido para essa gestão!
E13. MariMorena fala para Todos: Ahh esse cara é muito cara de pau!
E14. Leo fala para IndecisaDoBarreiro: claro que estava. mas a empresa que ganhou a licitação, decidiu abandonar a obra pq ganhou outra licitação pra construir um estádio da copa do mundo.
E15. GATA CEARENSE fala para Todos: candidato, explique que historia e essa de que vcs foram atacados verbalmente
E16. JPnetto fala para Todos: Então quer dizer que o Patrus gastou mais em publicidade do que a atual gestão??? E agora?
E17. Stepherson fala para Todos: Tem uma barba enorme ai é aparencia de lula
E18. Stepherson fala para Todos: Familiar dele
E19. Leo fala para IndecisaDoBarreiro: isso ninguém pode prever, né? aí tem que fazer uma outra licitação, legalizada, para que outra empresa ganhe o direito de fazer a obra. demora. mas as obras já estarão em andamento.
E20. Helga fala para Todos: O presidente nacional do seu partido, o governador Eduardo Campos, responsabilizou o senhor como o responsável pelo rompimento da aliança em BH. Disse que tentou pessoalmente demovê-lo da decisão de romper. O senhor diz que o culpado foi o PT? Quem está mentindo?
E21. IndecisaDoBarreiro fala para Leo: Mas se a prefeitura desse atenção a população do Barreiro ele teria que ter a região como prioridade, afinal o Hospital é urgente.
E22. Leo fala para IndecisaDoBarreiro: ele tem como prioridade. tanto é que o hospital está sendo construído lá. mas não dá pra passar por cima da lei.
E23. Stepherson fala para Todos: Vc deveria cuidar da saude da população pq de Futebol tamos cheio
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E24. Albuquerque Jr. fala para Todos: que dó do aecinho.
E25. Leo fala para IndecisaDoBarreiro: infelizmente licitação, ainda mais de uma obra tão grande e importante, demanda tempo.
E26. Babi Profeta fala para Todos: o pulsar vai lançar um vídeo explicando que o hospital do barreiro está demorando pq a demora beneficia a população da região e incentiva a integração do barreiro com o centro.
E27. Henrique Almeida fala para Todos: O presidente do PSB disse que o Márcio foi responsavel pelo rompimento com o PT. Ele até conversou pessoalmente com o Marcio e nada! Ou o presidente do PSB está mentindo ou o Marcio está mentindo.
E28. g.azevedo fala para Leo: tá recebendo para responder ou é de graça?
E29. Walesca Santos fala para Todos: Gostaria de saber o que o candidato tem a dizer sobre as duras críticas de Délio Malheiros antes de ser confirmado como seu vice.
E30. Leo fala para g.azevedo: é de graça.
E31. Leo fala para g.azevedo: sou bem informado, amigo.
E32. Leo fala para g.azevedo: sua crítica é de graça ou paga?
E33. tatalobo fala para Todos: leo é pago pra defender?
E34. Leo fala para Babi Profeta: não me envolvo diretamente, moça. Mas gosto de política
E35. IndecisaDoBarreiro fala para Leo: Olha, desculpa existe pra tudo. O que é importante é que ele prometeu em 2008 e está prometendo de novo aqui. Vai prometer de novo em 2014 quando for candidatar a governador?
E36. Babi Profeta fala para Todos: não, eu sou filiado ao PSDB. mas respeito a opinião das pessoas
E37. Leo fala para IndecisaDoBarreiro: bom, eu já te expliquei o que aconteceu. Não tenho a pretensão de te convencer de nada.
E38. tatalobo fala para ruamusas: foi vendida?
E39. Leo fala para IndecisaDoBarreiro: as obras estão lá e o hospital estará pronto em breve. e é o primeiro hospital público a ser construído em bh desde que JK era prefeito, há 70 anos.
E40. Helga fala para Todos: Candidato Márcio Lacerda, por que o senhor esconde que mais de 70% da verba destinada às obras executadas pela PBH vem de recursos do Governo Federal?
E41. Leo fala para IndecisaDoBarreiro: e será que ele vai ser candidato a governador? não sei se ele tem esse desejo.
E42. g.azevedo fala para Todos: Mas o Marcio é o candidato natural do Aécio para 2014
E43. ruamusas fala para Todos: tatalobo. foi vendida sim.
E44. IndecisaDoBarreiro fala para Leo: As obras estão lá há décadas! Obra em andamento não resolve dor de barriga!
E45. Júlia fala para Todos: Financiamento do governo federal, ou seja, BH vai pagar n tem verba de graça da união p BH
E46. CARLÃO fala para Helga: Ele não esconde. Simplesmente não fala porque isso não é verdade. Antes fosse, porque assim o Governo Federal liberaria a verba do Metrô!!
E47. Walesca Santos fala para Todos: Gente, foco na eleição de 2012
E48. ruamusas fala para Todos: e agora vão vender mais duas. uma para a igreja batista no bairro concórdia senão me engano e uma outra para a universidade newton paiva
E49. CARLÃO fala para Helga: Aliás nem pra obras relativamente pequenas como do Tunel do Ponteio, a Dilma não libera o trocado....
E50. Leo fala para IndecisaDoBarreiro: bom, já te expliquei. quem pode prever que uma empresa vai pagar a multa e deixar a obra? o que a prefeitura poderia fazer nesse caso? seja razoável, amiga.
E51. CARLÃO fala para ruamusas: Certamente vc nao mora na rua Musas. Se morasse,
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estaria feliz em ter um imóvel valorizado em 200% talvez 300% ou mais em pouquissimo prazo.
E52. g.azevedo fala para Leo: seja razoavel, vc. ela obviamente precisa do hospital. o sr, pelo visto tem plano de saúde e acha que essas coisas podem demorar
E53. Henrique Almeida fala para Todos: Prefeito de meio mandato?
E54. Albuquerque Jr. fala para Todos: a gestação das coisas de Marcio Lacerda demoram um mandato, pelo menos.
E55. Leo fala para CARLÃO: concordo com vc, amigo
E56. ruamusas fala para Todos: lá já não tem trânsito né
E57. GMBH fala para Todos: Marcio Lacerda o que ocorreu quando três Guardas Municipais se acorrentaram na porta da PBH, explique a situação de cada um.
E58. g.azevedo fala para Todos: CAMPANHA ASSINA LACERDA!
E59. ruamusas fala para Todos: imagina com um empreendimento de vários andares
E60. Leo fala para g.azevedo: acho o hospital de fundamental importancia, amigo
E61. Leo fala para g.azevedo: o razoável foi pra ela entender o que aconteceu.
E62. tatalobo fala para Todos: gestor que não faz planos é complicado
E63. Amarildo fala para Todos: Márcio você mudará para o PSDB quando?
E64. ruamusas fala para Todos: sr. candidato. gostaria de saber o que acontecerá com os impactos irreversíveis gerados pela construção do hotel na região da pampulha autorizado pela sua gestão
E65. GMBH fala para Todos: Lacerda que você tem a dizer sobre seu padrinho bebum?
E66. dorotéia fala para Todos: Eua acho que o Peixoto vota no Lacerda.
E67. Anselmo fala para Todos: UMA VERGONHA ESTE UOL, LEVANTANDO A BOLA PRO LACERDA
E68. Anselmo fala para Todos: vergonha UOL, levantando bola pro Lacerda
E69. Lívia fala para Todos: Bom dia Márcio Lacerda. Gostaria de saber qual(is) os setores que mais tem recebido investimentos em seu mandato e quanto (%) dos investimentos são destinados à saúde e educação? Quais setores o Sr. pretende destinar mais recursos caso seja reeleito?
E70. g.azevedo fala para Todos: Marcio será candidato em 2014 para governador. por isso escolheu délio, seu adversário, para ser seu vice.
E71. GMBH fala para Todos: Lacerda a respeito dos DESASTRES na Pampulha, você foi orientado por seu vice do PV?
E72. IndecisaDoBarreiro fala para Leo: Seja razoável? Eu espero este hospital desde que nasci! Marcio Lacerda prometeu e nós acreditamos. Quem promete se compromete.
E73. Leo fala para Todos: a galera sabe que essas piscadas do lacerda vieram quando ele foi preso pela ditadura? por causa da luz dos interrogatórios. eu acho muito feio fazer piada com isso, mas cada um é cada um.
E74. dorotéia fala para Todos: Pergunta: Se Dilma é cordial, porque ainda pede mais da união, responsável por 70% do orçamento das principais obras da cidade?
E75. g.azevedo fala para Leo: ele poderia ter dito antes. engraçado que quando ele está mentindo, ele pisca mais.
E76. Leo fala para IndecisaDoBarreiro: bom, se vc nao quer entender, nao adianta eu dar murro em ponta de faca. não dá pra um prefeito passar por cima de leis. é preciso fazer licitação
E77. Anselmo fala para Todos: UOL pegando leve com o Lacerda, totalmente diferente do que fizeram com o Patrus. Vergonha!
E78. Leonardo Castro fala para Leo: De onde você tirou isso Te fonte? Ele já afirmou isso?
E79. MariMorena fala para Todos: Nossa agora o Lacerda apelou "Socialismo light e
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humanista"
E80. Leo fala para g.azevedo: não o vi mentindo.
E81. ruamusas fala para Todos: ahhhtá. não aparelhamento da máquina. e enquanto ao uso do jingle institucional da prefeitura na campanha do candidato?
E82. Leo fala para g.azevedo: em que ele mentiu?
E83. Albuquerque Jr. fala para Leo: Sim, e ele usa dinheiro público para fretar jatinhos pq caiu do berço quando era pequeno.
E84. Rafael fala para Todos: Marcio se diz um defensor ferrenho dos direitos humanos, porque colocou até o caveirão da polícia para despejar famílias pobres de um terreno público no barreiro?!
E85. dorotéia fala para Todos: Vamos fazer perguntas, gente eu acabei de fazer uma e repito: Se Dilma é cordial, porque ainda pede mais da união, responsável por 70% do orçamento das principais obras da cidade?
E86. ruamusas fala para Todos: filiou-se dando uma generosa contribuição a campanha do ciro gomes
E87. Luca fala para Todos: VERTICALIZACAO DA PAMPULHA
E88. g.azevedo fala para Leo: "não cogitei a hipótese de sair governador"
E89. Luca fala para Todos: O QUE LE TEM A DIZER
E90. Leo fala para Leonardo Castro: vi no twitter do joao vitor xavier, deputado. que certamente ouviu da boca do prefeito
E91. Luca fala para Todos: TUDO IRREGULAR
E92. Luca fala para Todos: SEM LAUDO DE ESTABILIDADE DA CONSTRUÇÃO
E93. IndecisaDoBarreiro fala para Leo: No Barreiro, quando a gente dá murro em ponta de faca não tem Hospital por perto para ir... Entendeu agora?
E94. Leo fala para Leonardo Castro: mas o prefito não gosta de falar dos tempos da ditadura, de quando foi preso. isso sim eu já ouv em uma entrebista dele
E95. Luca fala para Todos: MECHENDO NO LENÇOL FREATICO
E96. Luca fala para Todos: SEM LAUDO DE VISTORIA CAUTELAR
E97. ruamusas fala para Todos: o dano no lençol freático é irreversível
E98. Leo fala para Albuquerque Jr.: bom.. vc sabia que o patrus voltava de brasília com jatinhos ds forças armadas? pra PASSEAR em bh?
E99. Luca fala para Todos: ACHEI QUE O ULTIMO POLITICO A ACHAR QUE É DONO DE TUDO, ERA O FIDEL CASTRO
E100. Leonardo Castro fala para Leo: Manda link. O João Vitor Xavier não é conhecid por sua objetividade, né?
E101. Luca fala para Todos: TODOS COMBATIAM A DITADURA MILITAR, INCLUSIVE OS COMUNISTAS
E102. Walesca Santos fala para Todos: Gostaria de saber porque na #sabatinafolhauol de hoje o foco das perguntas está no pragmatismo político e não na cidade @veramagalhaes?
E103. Albuquerque Jr. fala para Leo: Viagens oficiais de ministros em jatos da FAB são prerrogativas do cargo. Prove que era passeio.
E104. Leonardo Castro fala para Leo: E se o Marcio não falar, continua fofoca barata
E105. Luca fala para Todos: FALEM DOS PROBLEMAS DA CIDADE
E106. JPnetto fala para Todos: Militante histórica é a Dilma!!!!!!!!!! Militante do PDT-RS!!!!
E107. Luca fala para Todos: DAS VENDAS DE RUAS
E108. Leo fala para Albuquerque Jr.: E qualquer empresário de grande porte, que precisa viajar cnstantemente e não pode depender da boa vontade das péssimas cias aéreas controladas pelo governo federal, precisa de viagens mais rápidas e eficientes.
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E109. Luca fala para Todos: DA VERTICALIZAÇÃO DA PAMPULHA
E110. Albuquerque Jr. fala para Leo: E pq pagou com dinheiro da prefeitura?
E111. Leo fala para Albuquerque Jr.: e sem falar que TODAS as viagens foram de utilidade pública. comprovadamente.
E112. Albuquerque Jr. fala para Leo: Mas onde está escrito que isso é legal?
E113. Leo fala para Albuquerque Jr.: exatamente pelo que acabei de dizer. todas as viagens foram compromissos públicos. arrecadação de investimentos pra bh
E114. dorotéia fala para Todos: Se a aprticipação foi tão intensa de ambos os partidos e se petistas gostaram da gestão por quê, depois do racha, mandou 241petistas embora, inclusive concursados? (Não estou falando de cargos de confiança)
E115. Leo fala para Albuquerque Jr.: ond está escrito que não é?
E116. Luca fala para Todos: DESMATAMENTO DESORDENADO
E117. rapha fala para Leo: Leo, me desculpa mas o investimento dessa viagem não compensa o retorno.
E118. Luca fala para Todos: ELE TA DE ZAP E 7 COPAS?
E119. Leo fala para Leonardo Castro: xará, procura no twitter do deputado
E120. Leo fala para Leonardo Castro: está lá a afirmação de que o pisca do lacerda é por causa dos holofotes da ditadura.
E121. Albuquerque Jr. fala para Leo: Mas nada impede que viagens oficiais sejam feitas em voos comerciais. Caso não saiba, para prefeitos, é regra. Em administração pública, só é legal o que está escrito que é, meu caro.
E122. Amarildo fala para Todos: Qual é sua política de habitação?
E123. Henrique Almeida fala para Todos: Por favor, Jornalistas! Parem de perguntar sobre desavenças políticas! Vamos discutir a cidade
E124. Leo fala para rapha: e porque nao compensa?
E125. Walesca Santos fala para Todos: O seu programa tem dito que, nos últimos 20 anos, não houve planejamento para desafogar o trânsito na cidade. O programa omite o Viurbs, lançado exatamente para este fim em 2008, que previa 148 obras, das quais o sr. só viabilizou três. O seu programa eleitoral se equivocou?
E126. Leo fala para Albuquerque Jr.: eu discordo de vc. acho que nao da pra se confiar nesse caos aéreo do brasil
E127. ruamusas fala para Todos: obras do metrô no segundo semestre do ano que vem! sem mais.
E128. Gáudio Luiz fala para Aluisio Junior: Os entrevistados estão pegando leve com ele... Agora que o cara apertou.
E129. Leo fala para Albuquerque Jr.: mas se for por isso que vc nao gosta do lacerda, tb nao gosta do patrus, ne?
E130. Leo fala para Albuquerque Jr.: o patrus voltava de brasília, pra passear em bh no fim de semana, com jatinhos da força aérea.
E131. rapha fala para Leo: Não há justificativa *razoável* para que todas as viagens sejam em jatos fretados. A prefeitura paga uma grana enorme apenas para o conforto do nosso prefeito.
E132. Leonardo Castro fala para Leo: Essa é a metira mais decarada de toda a série de mentiras que vocês spalhaam: holofotes????
E133. Leo fala para Albuquerque Jr.: é dinheiro público e as viagens não eram a trabalho. e sim pra passear, rever a família
E134. GMBH fala para Todos: Foram gastos 2 MILHÕES para armar os guardas municipais onde estão as armas?
E135. Leonardo Castro fala para Leo: falta é vergonha
E136. Henrique Almeida fala para Todos: Então o candidato quer dizer que a culpa da
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péssima qualidade dos ônibus de BH é da população?
E137. Albuquerque Jr. fala para Leo: Você discorda do direito administrativo? Se eleja deputado e mude a lei para todos os prefeitos poderem andar de jatinhos fretados com dinheiro público. Que faça como qq pessoa: compre passagens com antecedência.
E138. rapha fala para Leo: qualquer um pode viajar em avioes da força aérea de graça...
E139. Leo fala para Leonardo Castro: quem falou foi o deputado joao vitor xavier, amigo.
E140. Albuquerque Jr. fala para Leo: ainda não apresentou fontes.
E141. Leo fala para Leonardo Castro: se vc nao acredita, reclame com ele.
E142. Leo fala para rapha: qualquer um? me explique melhor
E143. Leo fala para rapha: por favor
E144. g.azevedo fala para Todos: começa a piscadaria agora.
E145. Luca fala para Todos: VERTICALIZAÇÃO DA PAMPUHA VAI FAZER PREDIOS AOS ARREDORES DO HOTEL CAIREM, SEM LAUDOS DE ESTABILIDADE E DE VISTORAIA CAUTELAR.
E146. Leo fala para Albuquerque Jr.: existem muitos compromissos que são de uma hora pra outra, amigo
E147. Albuquerque Jr. fala para Leo: E jatinhos são fretados em poucos instantes. sei.
E148. Anselmo fala para Todos: vergonha UOL
E149. GMBH fala para Todos: A PBH gastou 2 MILHÕES em 50 Pistolas, 300 Revólveres e 13.000 Munições ONDE ESTÃO?
E150. Anselmo fala para Todos: vergonha UOL
E151. Anselmo fala para Todos: vergonha UOL
E152. dorotéia fala para Todos: esse povo da folha tá lecerdista demais
E153. Gáudio Luiz fala para Aluisio Junior: Ah, olha os caras falando mal do governo federal e não apertando o cara... PQP!
E154. Albuquerque Jr. fala para Leo: Não foi uma viagem ou duas, foram dezenas.
E155. Leo fala para rapha: essa eu nao sabia. que cara de pau
E156. Júlia fala para GMBH: A polícia federal q tem q liberar o uso de armas para a GMBH vc n viu uma materia do jornal Hoje em Dia falando disso n?
E157. Walesca Santos fala para Todos: A época de chuva se aproxima. Se for reeleito qual será sua solução p/ os bairros q alagam todo ano?
E158. Rita fala para Todos: O filho dele entrou como Voluntário???? Aham.
E159. Gáudio Luiz fala para Aluisio Junior: E isso que você quer ser Aluisio? Jornalista vendido?
E160. Anselmo fala para Todos: cara, eh muita cara de pau desse UOL, postura totalmente diferente da que tiveram com o Patrus
E161. Henrique Almeida fala para Todos: Esses jornalistas estão pegando muito leve. Tá sem emoção essa sabatina.
E162. MariMorena fala para Todos: Essa sabatina esta fraca... umas perguntas "leves"!
E163. Walesca Santos fala para Todos: Me parece que o dever de casa não foi feito para essa #sabatinafolhaUol @veramagalhaes A condução da sabatina de hj está sonolenta
E164. Gáudio Luiz fala para Aluisio Junior: E o capitão óbvio ataca novamente...
E165. Helga fala para Todos: Me parece que o dever de casa não foi feito para essa #sabatinafolhaUol @veramagalhaes A condução da sabatina de hj está sonolenta
E166. rapha fala para Todos: poxa, mas achar que a Folha vai pegar pesado com candidato de direita é ilusão né?
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E167. ricardo fala para Todos: tem usuário duplicado?
E168. g.azevedo fala para Todos: os jornalistas não estão pressionando o suficiente
E169. ricardo fala para Todos: parece que pegaram tão pesado quanto ontem, pelo menos pra mim, que tô sem candidato
E170. Eliane Catanhêde fala para Todos: Nosso jornal está acima de críticas.. Parem de show! Tamos defendendo bem quem tem 45 na Coligação!
E171. Gáudio Luiz fala para Aluisio Junior: Advogado, publicitário, economistas não precisam se vender...
E172. MariMorena fala para Todos: Vamos ver o que ele vai falar sober cultura e habitação!
E173. Gáudio Luiz fala para Aluisio Junior: ... jornalistas também
E174. Gáudio Luiz fala para Aluisio Junior: Márcio Lacerda, porque você acha que criaram um movimento chamado "Fora Lacerda"?
E175. rapha fala para Todos: mas veremos o que vai acontecer. Ontem o debate não foi sobre Patrus, foi sobre o PT. É assim que eles fazem: partido azul tem candidato, partido vermelho só vive na sombra de um ideal.
E176. Gáudio Luiz fala para Aluisio Junior: E pensei em mais uma...
E177. Eliane Catanhêde fala para Todos: Parem de falar mal da Folha! Quem são vocês?
E178. ruamusas fala para Todos: sr. candidato. gostaria de saber qual solução vai ser proposta para as famílias expulsas do dandara, eliana silva que foram retiradas dos locais sem nenhuma solução para o prblema hobitacional que possuem.
E179. Eliane Catanhêde fala para Todos: A gente gosta é da massa cheirosa!
E180. Eliane Catanhêde fala para Todos: A gente e o Márcio E181. Leo fala para rapha: Lacerda está se saindo bem melhor do que o Patrus...Essa é a
verdade E182. g.azevedo fala para Leo: não achei. se complicou sobre ele ser governador. não
explicou direito sobre o filho. e os jornalistas estão fazendo perguntas chapa branca E183. Albuquerque Jr. fala para Todos: O que o prefeito teria a dizer sobre o confisco dos
pertences e documentos dos moradores em situação de rua? E184. Eliane Catanhêde fala para Todos: Vim defender o Josias e a Verinha... Não somos
chapa branca ! E185. rapha fala para Leo: Bom, o patrus é um cara muito passional, isso complica um
pouco numa sabatina. E186. Eliane Catanhêde fala para Todos: Somos chapa Azul e Amarela !! E187. Eliane Catanhêde fala para Todos: Chapa 45) E188. Júlia fala para EnfermeiroBH: Vc sabia q o pessoal do Dandara recebeu proposta
para moradias na RMBH e não aceitou pq alegaram q qriam morar na região da Pampulha?!Se vc está precisando vai ficar escolhendo?
E189. g.azevedo fala para Eliane Catanhêde: as perguntas estão bem fracas, hein?
E190. Eliane Catanhêde fala para Todos: Josias e Verinha, não liguem pra esses bobos E191. Júlia fala para ruamusas: c sabia q o pessoal do Dandara recebeu proposta para
moradias na RMBH e não aceitou pq alegaram q qriam morar na região da Pampulha?!Se vc está precisando vai ficar escolhendo?
E192. rapha fala para Leo: Mas juntando isso com os temas delicados de ontem, é lógico que o resultado é esse.
E193. EnfermeiroBH1 fala para Todos: tem pergunas que eles nem respondem E194. g.azevedo fala para Júlia: quais casas? a prefeitura não tem. casas na Região
metropolitana é morar a mais de 80 km do centro E195. ricardo fala para Todos: reclamar do vice é tenso E196. ricardo fala para Todos: é igual descobrir que casou com a pessoa errada
176
E197. carol fala para Allan: como faço pra me escrever no de cara com seu ídolo E198. Albuquerque Jr. fala para Leo: Patrus foi condenado? Ou você está apenas pegando
uma notícia qq sem averiguação oficial? E199. Gáudio Luiz fala para Aluisio Junior: Lacerda, você disse em certa ocasião que
quem discordasse do seu governo se candidatasse à prefeitura. Não foi arrogância da sua parte? A prefeitura nunca erra?
E200. ruamusas fala para Júlia: poderiam mandar você para uma região erma para ver se você gostaria de morar lá
E201. Eliane Catanhêde fala para Todos: Márcio é um homem bom e generoso. Eu mesmo já viajei no jatinho dele umas 50 vezes !! Dizem que era com dinheiro público, mas a Folha não deu (Ou seja, se a FOlha nao deu é mentira !!)
E202. Leandro fala para Todos: Márcio Lacerda, são aproximadamente 60 dentistas contratados trabalhando nos postos de saúde de BH. O Ministério Publico enviou documento alentando-o que esses contratos são irregulares, entretanto eles continuam sendo renovados. Enquanto isso, dentistas aprovados no concurso estão há um ano esperando por nomeação e, até hoje, apenas médicos e nutricionistas foram chamados. Até quando essa situação vai continuar? Quando os dentistas serão nomeados?
E203. Gáudio Luiz fala para Aluisio Junior: Finalmente! E204. Leo fala para Albuquerque Jr.: a notícia tá ai, amigo. uma fonte séria. se vai ser
condenado ou não, infelizmente não é meu trabalho. o lacerda tb nao foi condenado pelo ministério publico pelo uso de jatinhos.
E205. Albuquerque Jr. fala para Leo: Ainda está sendo investigado, Leo. E206. Leo fala para Albuquerque Jr.: e mesmo assim vc nao concorda, nao é mesmo? E207. Júlia fala para g.azevedo: Eu sei pq eu moro no bairro, convivo com as pessoas que
moram no Dandara, algumas aceitaram a proposta mas n puderam ir por represália dos outros moradores do local, vc sabia q lá existem donos de supermercados, depositos de construção e donos de comercio q tem lotes lá e inclusive estão vendendo.A proposta n foi feita pela PBH foi feita pela imobiliaria dona do terreno
E208. MariMorena fala para Todos: Esse cara mente muito!! E209. Albuquerque Jr. fala para Leo: ele sequer foi indiciado. E210. Eliane Catanhêde fala para Todos: Márcio é como eu... não gostamos de moradores
de rua... A saída é vender as ruas de uma vez ! E211. Luca fala para Todos: lamentável E212. Gáudio Luiz fala para Aluisio Junior: sim E213. Walesca Santos fala para Todos: A polícia adotou política d opressão aos artistas de
rua.Pq? Qual critério usado p/ alegar uso indevido do espaço público #sabatinafolhauol
E214. Júlia fala para ruamusas: Se n tivesse onde morar com certeza preferiria morar lá do que em terreno invadido
E215. Luca fala para Todos: o UOL nao vai fazer nenhuma pergunta das que elaborei E216. Leo fala para Albuquerque Jr.: pois é... mas aí vc ve o governo federal indicando
ministros pro supremo e imagina pq muitos políticos federais nao sao condenados. ou indiciados.
E217. Luca fala para Todos: devem esta comprdos também E218. Eliane Catanhêde fala para Todos: Verinha e Josias, parem de apertar o Márcio 45...
Vamos voltar à entrevista iougurte light! E219. Walesca Santos fala para Todos: Candidato,ontem Patrus declarou q vc dobrou as
refeições do restaurante popular. De 1 para R$2 .Vc pensa em triplicar? #sabatinafolhauol
E220. Felipe fala para Todos: Márcio, e a rede de ciclovias? Por que não há ciclovias nas
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obras em andamento no Arrudas, na Antônio Carlos, na Cristiano Machado? E221. ruamusas fala para Júlia: deve ser mesmo bom morar em um lugar sem qualquer
infra estrutura né. sem hospitais, postos de saúde, supermercados. poderiam aloca-los na mata do parque das mangabeiras. ai resolveria o problema. basta somente dar a eles arcos e flecha e lanças para caçar.
E222. Luca fala para Todos: ELE PARECE O PAPA E223. Luca fala para Todos: ELE PARECE O PAPA E224. Henrique Almeida fala para Todos: Além das pedras, o prefeito colocou cercas
cortantes em alguns viadutos da cidade. E225. Luca fala para Todos: VAI VIRARA SANTO E226. Albuquerque Jr. fala para Leo: Se é para conversar nesses termos, Marcio foi citado
na CPMI dos correios como tendo recebido dinheiro do valerioduto. E227. Luca fala para Todos: SE ELE TRUCAR CORRE E228. Albuquerque Jr. fala para Leo: e se exonerou do cargo. E229. g.azevedo fala para Todos: pelo jeito o prefeito não anda pela cidade E230. Leo fala para Albuquerque Jr.: mas isso foi desmentido, ne? a participação dele foi
descartada E231. ruamusas fala para Todos: Sr. candidato. O sr. recebeu recursos provenientes do ex
tesoureiro do pt o sr. Delúbio Soares? E232. Albuquerque Jr. fala para Todos: por falta de provas. não foi indiciado. desmentir é
outra coisa. E233. Luca fala para Todos: A EMPRESA QUE ELE DISSE QUE VENDEU ANTES DE SE
CANDIDATAR E RATEOU O DINHEIRO COM OS EX FUNCIOARIOS TEVE SEU CAPITAL SOCIAL AUMENTADO PARA 49 MILHOES EM 2010.
E234. g.azevedo fala para Todos: prefeito viajou em avião de empreiteiro??? E235. Henrique Almeida fala para Todos: Por que o candidato não declarou o avião que
tem ao TRE? E236. dorotéia fala para Todos: mentiroso #piscapisca E237. Walesca Santos fala para Todos: Candidato,ontem Patrus declarou q vc dobrou as
refeições do restaurante popular. De 1 para R$2 .Vc pensa em triplicar? E238. Luca fala para Todos: MARCIO LACERDA DE CAUCUTÁ, A MIM NÃO ENGANA E239. Júlia fala para Todos: Vc pelo menos conhece a comunidade Dandara?Pq eu to
cansada de ver gnt q defende o local sem ao menos saber onde é. Conhecer a comunidade. Poderiamos alocá-los na Rua das Musas, ou vcs ficariam incomodados com a presença dos pobres na sua querida área nobre
E240. Albuquerque Jr. fala para Todos: GANHO DE TEMPO? RÁRÁRÁ. SE VIAJASSE EM VOOS COMERCIAIS, A PREFEITURA TERIA ECONOMIZADO R$800.000.
E241. Júlia fala para ruamusas: Vc pelo menos conhece a comunidade Dandara?Pq eu to cansada de ver gnt q defende o local sem ao menos saber onde é. Conhecer a comunidade. Poderiamos alocá-los na Rua das Musas, ou vcs ficariam incomodados com a presença dos pobres na sua querida área nobre
E242. Luca fala para Todos: CONCORDO
E243. Eliane Catanhêde fala para Todos: Verinha e Josias.. parem com essa história de avião... Não têm nenhum problema no avião ! Ele é um luxo!
E244. Leo fala para Todos: "meu adversário usou muito jatinho da fab pra passar fim de semana em casa." essa doeu...kkkk
E245. Luca fala para Eliane Catanhêde: QUAL A SUA RELAÇAO COM O PREFEITO??
E246. Gáudio Luiz fala para Aluisio Junior: Meu Deus, que entrevista light... Se não fosse o Tiwtter a gente tava fudido.
E247. Henrique Almeida fala para Todos: O prefeito poderia falar desse video do aécio
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caindo de bêbado, né? http://youtu.be/ePY4KObHUHk
E248. CARLÃO fala para Albuquerque Jr.: E teria deixado de capitalizar bilhões para o município...... Abra sua cabeça!!
E250. Gáudio Luiz fala para Aluisio Junior: E olha que eles pegam leve quando perguntam o que vem dos internautes
E251. ruamusas fala para Júlia: você conhece? eu já estive em duas manifestações lá, conversei com moradores. nunca vi ninguém ser a favor da venda do patrimônio público do município. somente vocês mesmo.
E252. Gáudio Luiz fala para Aluisio Junior: Tinha que ser incisivo. Ontem eles estavam muito melhores...
E253. Gáudio Luiz fala para Aluisio Junior: Coerentes
E254. Eliane Catanhêde fala para Luca: Como assim querido? Sou colunista da Folha! Minha relação é só elogiar quem tem 45 na coligação!
E255. Walesca Santos fala para Todos: sabatina SONOLENTA
E256. Leo fala para Todos: "meu adversário usou muito jatinho da fab pra passar fim de semana em casa." sensacional, lacerda
E257. ruamusas fala para Júlia: para não falar da especulação imobiliária que corre solta na prefeitura como se a mesma fosse um balcão de negócios
E258. Albuquerque Jr. fala para CARLÃO: Teria? Mesmo? Se ele chegasse em Brasília em voo comercial Dilma não iria recebê-lo? Cadê a lógica?
E259. Gáudio Luiz fala para Aluisio Junior: Ele é um robô Aluisio
E260. Júlia fala para ruamusas: N sou a favor de venda de ruas meu caro. Conheço mto bem. Moro no bairro, já disse, conheço a maioria dos moradores, inclusive os comerciantes q estão tomando conta do local.
E261. ruamusas fala para Júlia: da tentativa de venda do mercado distrital do cruzeiro
E262. EnfermeiroBH1 fala para Eliane Catanhêde: vc colunista da Folha? ta parecendo não, pois sua atitude é muito ruim
E263. dorotéia fala para Laranja: Julia, moro no bairro santa lúcia. acharia bom realocar as familias na rua musas, principalmente se o dinheiro destinado ao minha casa minha vida não tivesse sido devolvido ao PAC. Poderiam construir essas casas ali e ampliar a rede de transporte publico na região, ja soterrada por carros. imaginem como o transito vai ficar daqui uns anos.
E264. EnfermeiroBH1 fala para Todos: que coisa, ninguem faz as pergutas sobre a saúde E265. dorotéia fala para Laranja: foi mal ai laranja enviei resposta para a pessoa errada E266. Eliane Catanhêde fala para EnfermeiroBH1: Sou colunista da Folha e defendo só os
mais cheirosos ! Qual seu problema com isso? E267. Luca fala para Eliane Catanhêde: LAMENTO MUITO, VOCE COMO JORNALISTA
DEVERIA SER IMPARCIAL E268. Walesca Santos fala para Todos: GENTE RIVOTRIL TÁ PATROCINANDO ESSA
SABATINA? E269. Eliane Catanhêde fala para EnfermeiroBH1: Você não conhece a história do meu
jornal pra limpar esse país! E270. ruamusas fala para Todos: Ahhhh tá. Se fosse uma empresa as obras da prefeitura
já estariam prontas. Márcio Lacerda - sabatina UOL E271. Luca fala para Eliane Catanhêde: A FOLHA ACABOU DE PERDER UM LEITOR E272. CARLÃO fala para Albuquerque Jr.: Não conheço a agenda da Dilma, mas
certamente um vôo comercial leva 3 ou 4 vezes mais tempo. Tempo é dinheiro. Você já viajou a partir de confins? Enquanto se sái do centro, quando estiver chegando a Confins, o Prefeito já está em reunião em Brasília.
E273. Leo fala para Todos: a diferença do trabalho do lacerda para o do patrus, na educação, é gritante.
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E274. Eliane Catanhêde fala para Luca: Só precisamos de leitor tucano querido ! Fica a vontade...
E275. Leo fala para Todos: patrus e a escola plural. ontem, na sabatina, reconheceu que fez bobagem.
E276. Luca fala para Eliane Catanhêde: E VOU ENVIAR UM COMUNICAODO A ELES INFORMANDO SOBRE A SUA ARCIALIDADE FAVORECENDO O PSDB
E277. Albuquerque Jr. fala para CARLÃO: Já. Quando tenho compromissos urgentes, saio com antecedência.
E278. Luca fala para Eliane Catanhêde: EU SOU LEITRO TUCANO E ACHO RIDICULO O PSDB PELA SUA HISTORIA SE ALIAR A PSB
E279. Eliane Catanhêde fala para Luca: Se você mandar eu vou ganhar um aumento! E280. CARLÃO fala para Albuquerque Jr.: E justamente tal antecedencia te faz perder
tempo. Tempo às vezes falta a quem tem agenda lotada. E281. Luca fala para Eliane Catanhêde: SEI QUAL O AUMENTO E282. Albuquerque Jr. fala para CARLÃO: Aí vc gasta 35.000 por viagem. E283. EnfermeiroBH1 fala para Eliane Catanhêde: sai de fuga vai E284. Walesca Santos fala para Todos: Lacerda,em época d chuva o Sr. tão somente
coloca placas nas áreas d alagamento.Pq não investir em planejamento urbano? #sabatinafolhauol
E285. Eliane Catanhêde fala para Luca: Ahh, se você é tucano, tem que ficar do meu lado aqui! Contra essa gente que cheira mal
E286. Luca fala para Eliane Catanhêde: VOU REGITRA AGORA E287. Eliane Catanhêde fala para Luca: Na Folha só gostamos dos cheirosos E288. EnfermeiroBH1 fala para Eliane Catanhêde: vc deve feder igual corpo em
decomposição E289. CARLÃO fala para Albuquerque Jr.: E traz de Brasília contratos assinados,
compromissos do Gov. Federal e Bilhões em dinheiro para infra-estrutura. O que é melhor?
E290. Rita fala para Eliane Catanhêde: O Aécio cheira bem, né? E291. Leo fala para Walesca Santos: nao seja injusta. marcio lacerda foi o prefeito q mais
investiu contra enchentes em bh. acabou com as enchentes do barreiro e construiu bacias como a de engenho nogueira.
E292. Eliane Catanhêde fala para Rita: Muito melhor que esses barbudos comunistas .. que os pobres gostam
E293. Eliane Catanhêde fala para Rita: Patrus, Lula, ai meu deus E294. Eliane Catanhêde fala para Rita: coisa de pobre E295. ruamusas fala para Todos: #piscapiscalacerdinha E296. Eliane Catanhêde fala para Rita: Na folha é Chanel N. 5 pra cima E297. Leo fala para Walesca Santos: claro que nao da pra acabar, em 4 anos, problemas
de 20 anos. mas ele tá fazendo. E298. Leandro fala para Luca: Nao perca seu tempo com essa aí nao. O PSDB de SP
arruma emprego pra família dela. Se eu tivesse o rabo preso como ela tb faria o mesmo. A política compra os jornalistas tb amigo!
E299. Albuquerque Jr. fala para CARLÃO: Bilhões? Onde estão?
E300. Albuquerque Jr. fala para CARLÃO: No BRT? E301. Leo fala para Walesca Santos: talvez se os outros prefeitos antigos tivessem
planejado a cidade, nao precisariamos de tantas obras emergenciais. E302. MariMorena fala para Todos: Me conta qual o programa social dele, e a preocupação
de redistribuição de renda?
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E303. Eliane Catanhêde fala para Todos: Gente, não tem jeito, parem de falar mal da Folha e do Márcio 45
E304. ruamusas fala para Todos: alguém lembra do rio que se formou na avenida francisco sá no ano passado? morreram 5 pessoas afogadas dentro dos seus carros naquele dia.
E305. CARLÃO fala para Albuquerque Jr.: Foram anunciados publicamente pela Dilma quando ela esteve em BH. R$ 3,4 Bilhoes. Se foi falado publicamente, é um compromisso fruto de algumas dessas viagens.
E306. dorotéia fala para Eliane Catanhêde: Eliane, fala sério aqui pra nós: você é da Turma do Lacerda, não é?
E307. CARLÃO fala para Albuquerque Jr.: Agora, se ela ainda não liberou de fato, só pode ser porque o PT não está mais com o Prefeito.
E308. Maria fala para Todos: UAI primeiro ele diz que aécio n vai ganhar, agora ele é um candidato forte?????
E309. Henrique Almeida fala para Todos: Ué, ele falou que a Dilma seria reeleita, agora disse que Aécio é um candidato forte?
E310. Júlia fala para Todos: Claro q é Dorotéia, q dia uma jornalista vai ter esse posicionamento hahaha
E311. Albuquerque Jr. fala para CARLÃO: Sem jatinho Dilma não teria anunciado as verbas? É isso?
E312. Eliane Catanhêde fala para dorotéia: Claro que sou né querida! E313. Eliane Catanhêde fala para dorotéia: Da turma do Lacerda, do Serra, do Geisel! E314. Leandro fala para Eliane Catanhêde: Quanto um colunista da Folha cobra para ser
comprado por um partido? E315. Leo fala para Todos: a Dilma e o Lula não apoiam mais o Lacerda? Há um mês eles
diziam que o Lacerda é o melhor prefeito do país... Isso é bipolaridade? esquizofrenia? O vontade de se perpetuar no poder a qualquer custo?
E316. Eliane Catanhêde fala para dorotéia: Eu trabalho na Folha meu bem!!! E317. dorotéia fala para Eliane Catanhêde: Então tá explicada a vibe da sabatina, aposto
que vc é super amiga do Peixoto por exemplo! E318. Amarildo fala para Todos: O senhor se diz socialista, no entando tem adotado uma
política de privatizações e concessões de patrimônio público à iniciativa privada. Como o senhor avalia, por exemplo, a concessão da administração de 37 escolas à construtora Odebrech por 20 anos? Quanto à venda da rua Musas ena região do Belvedere , as outras duas ruas vendidas recentemente à Igreja da Lagoinha?
E319. CARLÃO fala para Albuquerque Jr.: Não disse isso..... Disse que quando se vai de jatinho a Brasilia, leva-se praticamente o mesmo tempo ou menos do que se gasta para ir do centro a Confins.
E320. EnfermeiroBH1 fala para Todos: que porcaria esse debate E321. Eliane Catanhêde fala para dorotéia: Peixotinho, Verinha, Josias, Renatinha Lo
Prete E322. Eliane Catanhêde fala para dorotéia: É muita champagne meu bem! E323. EnfermeiroBH1 fala para Todos: as perguntas que são mais fortes eles nao fazem E324. EnfermeiroBH1 fala para Todos: essa elaine ai é uma doida varrida E325. Leandro fala para Eliane Catanhêde: Já ouvi falar que o PSDB paulista arruma
emprego pra sua família é verdade? E326. ricardo fala para Todos: deve ser um comediante :) E327. Eliane Catanhêde fala para Leandro: Não é o PSDB meu querido E328. Eliane Catanhêde fala para Leandro: O PSDB e a Folha sao a mesa coisa! E329. Eliane Catanhêde fala para Leandro: Entendeu ou falta inteligencia? Ai.. aposto que
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vc é petista E330. MariMorena fala para Todos: hahahahahaha Partido leal! Esse cara tá desperdiçado,
comendiante de primeira E331. Leandro fala para Eliane Catanhêde: Aí credo! Sai satanás! Kkkk E332. Amarildo fala para Todos: O senhor alega que rompeu aliança com o PT em função
da falta de unidade do partido. Efetivar uma aliança com Délio Malheiros, que se declarava opositor à sua administração fazendo duras criticas a sua gestão até o mes passado,nã
E333. Eliane Catanhêde fala para Leandro: Satanás pra Folha é melhor que o Lula !!! E334. Eliane Catanhêde fala para Leandro: se vc me chamar de Lula eu saio! E335. Amarildo fala para Todos: O senhor alega que rompeu aliança com o PT em função
da falta de unidade do partido. Efetivar uma aliança com Délio Malheiros, que se declarava opositor à sua administração fazendo duras criticas a sua gestão até o mes passado,não seria uma incoerencia?
E336. rapha fala para Todos: REDAÇÃO INFELIZ???? AHHH VÁ! E337. dorotéia fala para Todos: ja começou a mentir de novo... E338. Henrique Almeida fala para Todos: Agora a culpa é do redator E339. Walesca Santos fala para Todos: Candidato,gostaria d saber pq a PBH adotou
restrição d lugares onde o pipoqueiro pode trabalhar.Teatro/cinema proibidos #sabatinafolhauol
E340. rapha fala para Todos: Desculpa mais descarada de todos os tempos. "Redação infeliz". Inacreditável.
E341. CARLÃO fala para Todos: Pra quem acha que nao pode ir nas praças e parques:
http://www.otempo.com.br/noticias/ultimas/?IdNoticia=210556%2COTE&busca=parques+e+pra%E7as&pagina=1
E342. Leo fala para rapha: lacerda absolutamente certo. nao dá pra depredar o patrimonio público como vinha acontecendo. a praça é de todos. mas tem de ser usada com responsabilidade para que nao seja quebrada.
E343. Viviane fala para Todos: quem é contra o decreto é porque não viu como a praça ficava com os eventos que ocorriam lá
E344. Eliane Catanhêde fala para Todos: Peixotinho.. pára de apertar o Márcio com essas coisas... A gente combinou lá na redação que não ia falar nessa história da Praça
E345. Leo fala para Todos: Pra quem acha que nao pode ir nas praças e parques:
http://www.otempo.com.br/noticias/ultimas/?IdNoticia=210556%2COTE&busca=parques+e+pra%E7as&pagina=1
E346. tatalobo fala para Leo: essa matéria custou caro? E347. rapha fala para Leo: Proteção de patrimônio não se faz com proibição. E348. Júlia fala para Todos: Já cansei de ir em diversos shows na praça da estação. Milton
Nascimento, Maria Gadu, Capital E349. Leo fala para rapha: ele acabou de falar que nao proibiu E350. Leo fala para rapha: e sim restringiu por um período para que uma legislação melhor
fosse aplicada para o uso do espaço. nao é razoável? E351. Viviane fala para Todos: a praça é de todos e continua sendo E352. Leo fala para tatalobo: não sei. vc sabe quanto custa comprar matérias? eu nao
tenho a menor ideia E353. Ana fala para Todos: é por isso que digo: tem sempre que revisar o texto! Redação
infeliz, é? Prefeito cara de pau!! E354. tatalobo fala para Leo: nem eu, por isso a pergunta kkkk E355. ricardo fala para Todos: haha
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E356. João Marcos fala para Todos: LOL E357. João Marcos fala para Todos: LOL E358. Eliane Catanhêde fala para Todos: Ai, podia chover mesmo... ! E359. ricardo fala para Todos: previsão de pancadas pra tudo quanto é lado
E360. João Marcos fala para Todos: que pergunta E361. Leo fala para tatalobo: quando vc escreve assim está afirmando que a matéria foi
comprada. acusar sem provas dá processo, amigo. cuidado... E362. Eliane Catanhêde fala para Todos: Na folha a gente quer chuva! E363. Eliane Catanhêde fala para Todos: Esse Lula não tá ruinzinho da garganta?? E364. Eliane Catanhêde fala para Todos: Podia mesmo piorar.. Bom pra gente E365. João Marcos fala para Todos: Essa Eliane Catanhêde é o Faker mais descarado que
eu vi. E366. Leo fala para Todos: "Lula me deu o braço pra dizer: Marcio será o nosso candidato" E367. ricardo fala para Todos: mas é um bom humorista E368. JPnetto fala para Todos: Pô Josias! Vc está em BH e não viu o programa de ontem...
Aécio Aparece 15 segundos e o Lula oito minutos!!!!!!!!! E369. Luca (reservadamente) fala para Todos: NO HORARIO NOBRE DA GLOBO O
AECIO APARECEU ONTEM MAIS DE 10 VEZES, SERA QUE ELE É CANDIDATO A PREFEITO??
E370. Eliane Catanhêde fala para Leo: Ahh Leo.. lá na folha a gente não compra materia não
E371. Eliane Catanhêde fala para Leo: Basta você ser do partido certo E372. Eliane Catanhêde fala para Leo: que a gente dá o que você quiser! E373. Eliane Catanhêde fala para Leo: :) E374. Luca fala para Eliane Catanhêde: CUIDADO COM O RUSSOMANO, VAI SERUMA
DERROTA DE RIR. KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK E375. Leo fala para Eliane Catanhêde: desculpe, nao converso com quem faz campanha
pro pedro guadalupe e a turminha do lacerda. E376. EnfermeiroBH1 fala para Todos: papinho ruim heim E377. Eliane Catanhêde fala para Leo: Ahh, aposto que você lê minha coluna! E378. Luca fala para Todos: PESSOAL, VAMOS TODOS BLOQUEAR A ELIANE
CASTENHDE A ELA SOME DAQUI... E379. Eliane Catanhêde fala para Leo: E eu converso com você E380. Eliane Catanhêde fala para Leo: Porque você é da turminha do chapeu! E381. Leo fala para Eliane Catanhêde: pedro guadalupe é um mercenário. fala pro seu
chefe, querida. E382. Eliane Catanhêde fala para Leo: Ou seja, estamos junto querido E383. g.azevedo fala para Todos: o retiro das pedras fica em brumadinho E384. Amarildo fala para Todos: toma tenencia Leo Pardinni, o coletivo negro devia ter
vergonha de apoiar o Lacerda. Sou negro, vcs não me representam! E385. Eliane Catanhêde fala para Amarildo: Ai que nojo !! Um negro na Sabatina da Folha
!! E386. ricardo fala para Todos: rua musas! E387. Eliane Catanhêde fala para Amarildo: quem deixou entrar? E388. CARLÃO fala para Todos: Brumadinho é mais próximo do centro do que a pampulha
que tem vários bairros em BH, e ai? E389. Leo fala para Todos: Lacerda: "Lula veio a BH apoiar Newton Cardoso em 2006,
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voltou para apoiar Hélio Costa em 2010 e agora vem apoiar Patrus" E390. Eliane Catanhêde fala para Amarildo: Nosso jornal é da gente de bem querido! (bem
limpa, bem, cheirosa) E391. Eliane Catanhêde fala para Amarildo: Nosso jornal é da gente de bem querido !
(bem limpa, bem, cheirosa) E392. g.azevedo fala para CARLÃO: não é mesmo! E393. dorotéia fala para Todos: #piscapisca mentiroso E394. g.azevedo fala para Todos: Retiro das pedras é no município de brumadinho E395. g.azevedo fala para CARLÃO: Lei é lei. o candidato tem que morar na cidade que é
candidato. E396. CARLÃO fala para g.azevedo: Qual a lei? E397. cardoso56 fala para Todos: puxa senhor candidato sera ke e tao dificil fazer
campanha eleitoral sem dizer alguma coisa do concorrente E398. ricardo fala para Todos: ele pisca para a eliane? E399. g.azevedo fala para CARLÃO: a lei eleitoral, sobre candidatar-se a algum cargo
público
E400. Leandro fala para Eliane Catanhêde: Sua participação no chat impressiona mais q suas colunas.
E401. Walesca Santos fala para Todos: alguém dá uma água pra esse homem gente E402. CARLÃO fala para g.azevedo: Qual a lei? E403. Leo fala para Todos: Marcio está absolutamente bem em todas as respostas. E404. Júlia fala para Todos: Tá msm Leo. E mto melhor q o Patrus q n soube respondeu pq
vetou o meio passe qndo foi prefeito de BH E405. g.azevedo fala para Todos: isso Lacerda, igual no mensalão mineiro E406. CARLÃO fala para g.azevedo: Pra mim, se o prefeito consegue realizar um bom
mandato, o que menos importa é onde ele mora ou deixa de morar...... E407. Eliane Catanhêde fala para Leo: Claro que está bem querido! Todo mundo que tem
45 na chapa sai bem aqui no jornal!! E408. g.azevedo fala para CARLÃO: é estilo rouba, mas faz, então Carlão. E409. Leo fala para Eliane Catanhêde: Como está o Pedro Guadalupe? Já está feliz pela
casa do pai dele ser valorizada em 300% com a construção de um hotel 5 estrelas na Rua? Eu sei que ele gosta de dinheiro, ele deve estar feliz, né?
E410. g.azevedo fala para CARLÃO: lei existe para ser respeitada, é o que separa o homem do animal (ou dos ladrões)
E411. CARLÃO fala para g.azevedo: Qual a lei? E412. Eliane Catanhêde fala para Leo: Não sei quem é esse. Mas se ele gosta de dinheiro
eu já gosto dele! E413. Leo fala para Eliane Catanhêde: Ele é hacker, mágico, criador da Turma do Lacerda
e de fakes para chats do uol? Que bombril, hein? E414. Eliane Catanhêde fala para Leo: Se ele é da Turma do Lacerda ele é nosso ... Ou da
turma do Serra, ou do Kassab E415. Eliane Catanhêde fala para Leo: A turma da Folha!
E416. Leandro fala para Eliane Catanhêde: Com piadinha racista, chego a desconfiar q esse seu nick é fake. Deve ser o próprio Lulu que está respondendo em seu nome pra sacanear a Folha.
E417. Leo fala para Leandro: desconfiar? é fake demais. e feita pelo publicitário do Patrus. E418. dorotéia fala para Leo: Leo, Márcio possui o dom de mentir! é notório saber que ele
era o contato entre os mensaleiros mineiros e marcos valério! Ele não fez nada realmente, só apresentou as pessoas. E ganhou 1,2 mi, que estão camuflados no seu
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patrimonio de 38. E419. Eliane Catanhêde fala para Leandro: Não é racismo querido ! É questão de cheiro !
Na Folha gostamos das massas ! (Mas só das massas cheirosas)
E420. Leo fala para dorotéia: amiga, seja coerente. se for acusar alguém, tenha provas. do contrário pode até ser processada.
E421. Júlia fala para Todos: E o Patrus q apoio o Dirceu?Ngm fala nd n?E o Lula (chefe do mensalão e padrinho do Patrus) q jura q n sabia de nada
E422. Eliane Catanhêde fala para Leo: Leo, na Folha ela pode acusar sem provas !! (desque que seja contra o partido certo)
E423. Leo fala para dorotéia: a participação dele nunca foi comprovada. pode olhar com o ministério público.
E424. CARLÃO fala para Todos: PATRUS ESTÁ COM NEWTON CARDOSO, HÉLIO COSTA E LEONARDO QUINTÃO. O que ele tem (ou teria) de bom pra oferecer, é automaticamente rejeitado pela imensa rejeição que esses "POLÍTICOS" têm junto à população!!
E425. dorotéia fala para Leo: vou tomar cuidado mesmo porque se tratando da justiça aqui em Minas, sabemos muito bem quem o coronel, independente das provas.
E426. Leo fala para dorotéia: é questão de educação, no mínimo. nao acuse sem ter provas.
E427. Helga fala para Todos: tro lo lo lo lo E428. Leandro fala para Todos: Gente, não percam tempo com essa Eliane. Ela é fake. É o
publicitário do Patrus que está respondendo! E429. Leo fala para Todos: Marcio Lacerda foi muito bem. Melhor do que o Patrus, que
aparentava estar nervoso
E430. Helga fala para Todos: sambarilove! #ForaLacerda E431. Helga fala para Todos: #piscapisca E432. Walesca Santos fala para Todos: sono define essa sabatina E433. EnfermeiroBH1 fala para Todos: Sobre a saúde não fizeram nenhuma pergunta E434. EnfermeiroBH1 fala para Todos: que bosta E435. EnfermeiroBH1 fala para Todos: é porque a saude ta otimo em BH E436. EnfermeiroBH1 fala para Todos: essas porcarias ai é td manipulado E437. Luca (reservadamente) fala para Todos: A FOLHA E O UOL PERDERAM UM
ASSINANTE E438. EnfermeiroBH1 fala para Todos: so perguntam o que querem E439. Luca (reservadamente) fala para Todos: ENTREVISTA DIRIGIDA E MAU
INTENCIONADA E440. Luca (reservadamente) fala para Todos: UMA PENA E441. EnfermeiroBH1 fala para Todos: SE TRATANDO DE FOLHA E UOL E442. Luca (reservadamente) fala para Todos: E POR ISSO QUE O BRASIL E ESSA
PORCARIA E443. EnfermeiroBH1 fala para Todos: FOI PESSIMO E444. Luca (reservadamente) fala para Todos: LAMNETAVEL E445. dorotéia fala para Todos: #piscapisca não convenceu. E446. Luca (reservadamente) fala para Todos: LAMENTAVEL E447. EnfermeiroBH1 fala para Todos: NENHUMA PERGUNTA FEITA PELOS
INTERNAUTAS SOBRE A SAUDE FORAM RESPONDIDAS E448. EnfermeiroBH1 fala para Todos: QUE
PORCARIAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
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E449. Luca (reservadamente) fala para Todos: ERA CACUETE SIM E450. Luca (reservadamente) fala para Todos: 171 E451. Gáudio Luiz (reservadamente) fala para Todos: UOL/Folha incompetente... E452. EnfermeiroBH1 fala para Todos: PQ ABRE PARA FAZER AS PERGUNTAS E453. Luca (reservadamente) fala para Todos: LEMBROU O BEZERRA DA SILVE E454. Luca (reservadamente) fala para Todos: SILVA E455. EnfermeiroBH1 fala para Todos: E NAO FAZEM AO CANDIDATO E456. dorotéia fala para EnfermeiroBH1: nem sobre o uso dos simbolos da prefeitura pela
campanha E457. EnfermeiroBH1 fala para Todos: UMA PORCARIA E458. Luca (reservadamente) fala para Todos: VOU EM BORA DESSA CIDADE E459. Luca (reservadamente) fala para Todos: VOU EMBORA E460. EnfermeiroBH1 fala para Todos: LAMENTÁVEL E461. EnfermeiroBH1 fala para Todos: NÃO TEVE APROVEITAMENTO