Upload
truongkiet
View
212
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
1
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO PARA O
TRABALHO DO PSICOPEDAGOGO
Geruza Hahn Silva
ORIENTADORA
SIMONE FERREIRA
Rio de Janeiro
2011
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO PARA O
TRABALHO DO PSICOPEDAGOGO
Rio de Janeiro
2011
Apresentação de monografia à U-niversidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Psicopedagogia.
Por: Geruza Hahn Silva
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus por me dar
força e coragem no meio de tantos desafios que tenho en-
frentando neste momento da minha vida. Ao meu esposo
que sempre me apoiou, aos meus filhos Mateus e An-
dressa que são a minha motivação de continuar lutando.
4
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a Deus, a minha família e
a todos que acreditam em mim.
5
RESUMO
Este trabalho visa abordar o Lúdico no desenvolvimento do trabalho
Psicopedagogo, através do conceito, histórico e brincadeiras para o trabalho da Psicopedagogia, visando aprofundar os conhecimentos sobre o Lúdico e essa nova arte em expansão. A psicopedagogia se constitui como novo campo do conhecimento voltado a pensar, a agir sobre as dificuldades de aprendizagem, sendo a escola o espaço institucional propício para ser desenvolvida uma práti-ca psicopedagógica ou numa analise clínica. Este trabalho aborda a importân-cia do psicopedagogo e das brincadeiras nas superações dos problemas de aprendizagem.
6
METODOLOGIA
Os professores constantemente se defrontam com problemas quan-
do têm de lidar com alunos com dificuldade de aprendizagem em sala de aulas
e, muitas vezes, ficam sem saber como agir diante de tal situação. Ensinar
uma criança com dificuldade de aprendizagem pode ser uma tarefa extraordi-
nariamente desafiadora.
A metodologia utilizada destina-se mostra a importância do trabalho
do psicopedagogo com crianças que possui dificuldade de aprendizagem.
Está pesquisa visa ampliar ainda mais, a discussão sobre uma temá-
tica tão importante, pois um dia já fomos crianças e já experimentamos o brin-
car descompromissado, e os benefícios dos brinquedos que fazem parte do
nosso desenvolvimento. Os jogos fazem parte das brincadeiras desde os tem-
pos antigos, os quais são capazes de mexer com a imaginação de qualquer
criança.
Este trabalho se inicia com um breve histórico do surgimento da
psicopedagogia com base nos documentos da psicopedagogia do Brasil.
Em seqüência, será discutido o conceito do lúdico e a importância
das brincadeiras e dos jogos na aprendizagem da criança, com base nos se-
guintes autores: Kishiomoto (1994), vigotsky (1987), Piaget (1984) e Machado
e Nunes (2011) e outros. Esses autores enfocam o caminho percorrido pela
história na busca da identificação das brincadeiras e jogos na aprendizagem
das crianças sem força-lá.
No capítulo III serão abordadas a importância do lúdico para o traba-
lho do psicopedagogo, com o objetivo de esclarecer aos educadores e auxiliá-
lo na tarefa de realizar o necessário para que ocorra uma aprendizagem signifi-
cativa.
7
Abordarei ainda, alicerçada nos autores, Piaget (1971),vigostsky
(1998), o papel do psicopedagogo na realização desse trabalho e na atuação
em face do comportamento típico de crianças com dificuldade de aprendiza-
gem. Ambos preconizam que o psicopedagogo terá que conseguir uma condi-
ção de equilíbrio entre a dedicação que uma criança com difuldade de aprendi-
zagem e com alcança – las, sem que isso as prejudique ainda mais.
Por fim, com base em, Visca (1987), Bossa (2000) e Barbosa,
(2003), irão discutir a atuação do trabalho do psicopedagogo. Esse aspecto
reveste-se de especial importância, uma vez que o psicopedagogo facilita o
processo de aprendizado.
Espero que este estudo ajude no processo de identificação de crian-
ças com dificuldade de aprendizagem, distinguindo-as de outras, simplesmente
“desatentas ou perigosas”. Quero mostra que os jogos e as brincadeiras facili-
tam o conhecimento de cada individuo, tornando o aprendizado muito mais a-
gradável.
Este trabalho constitui um estudo teórico, alicerçado em pesquisa
bibliográfica. Os dados serão levantados por meio de consulta a documentação
e outras fontes de informação que tratam do tema, para a seguir serem anali-
sados pelo estabelecimento de um paralelo entre o pensamento dos autores
consultados e uma perspectiva didático psicopedagógico baseada em experi-
ência de prática docente.
8
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 9
CAPÍTULO 1 12
HISTÓRICO DA PSICOPEDAGÓGIA
CAPÍTULO 2 18
O LÚDICO E A CRIANÇA
CAPÍTULO 3 27
ATIVIDADES LÚDICAS DO PSICOPEDAGOGO
CONCLUSÃO 35
BIBLIOGRAFIA 39
WEBGRAFIA 41
ÍNDICE 42
9
"A imaginação é mais importante que o
conhecimento" (Albert Einstein)
INTRODUÇÃO
A brincadeira é uma linguagem natural da criança e é importante que
esteja presente na escola desde a educação infantil, para que o aluno possa se
colocar e se expressar através de atividades lúdicas.
Considerando-se como lúdicas as brincadeiras, os jogos, a música,
a arte, a expressão corporal, ou seja, atividades que mantenham a espontanei-
dade das crianças.
Os jogos e as brincadeiras são aspectos muito importantes na inte-
ração da criança com o adulto e com outras crianças, e a brincadeira em grupo
serve para socializar crianças e compreensão de regras.
As brincadeiras são linguagens não verbais, nas quais a criança ex-
pressa e transmite mensagens, mostrando como ela interpreta e enxerga o
mundo.
“Brincar é um direito de todas as crianças do mundo. É uma ativida-
de de grande importância para a criança, pois a torna ativa, criativa, e lhes dá
oportunidade de relacionar-se com os outros; também a faz feliz e, por isso,
mais propensa a ser bondosa e a amar o próximo.”
Esta pesquisa visa abordar o Lúdico no desenvolvimento do trabalho
do psicopedagogo, através do conceito histórico e o processo no diagnóstico
da psicopedagogia, visando também, aprofundar os conhecimentos sobre o
Lúdico e o trabalho do psicopedagogo nas atividades cotidianas.
A psicopedagoga se ocupa da aprendizagem humana e o problema
da aprendizagem. É uma ciência que se preocupa com os problemas de a-
10
prendizagem, e o psicopedagogo é o profissional que deve ocupar-se inicial-
mente do problema envolvendo-se com o processo de aprendizagem buscando
meios para trabalhar e de fazer com que a criança aprende de maneira lúdica e
divertida.
Através da ação de brincar, a criança constrói um espaço de expe-
rimentação. Nas atividades lúdicas, esta, aprende a lidar com o mundo real,
desenvolvendo suas potencialidades, incorporando valores, conceitos e conte-
údos.
O ensino e a aprendizagem no decorrer dos anos vêm sofrendo mu-
danças na metodologia, e buscando formas que facilitem o trabalho do profes-
sor no processo de aprendizagem.
As mudanças referentes aos recursos didáticos, principalmente os
pedagógicos, incluem os jogos que, quando usados adequadamente tornam a
aprendizagem menos mecânica e mais significativa e prazerosa para o aluno,
refletindo assim, no seu desenvolvimento cognitivo.
O uso de brinquedos e jogos como materiais pedagógicos, do ponto
de vista da psicopedagogia, necessita da percepção do contexto em que se
encontram inseridos. Estes instrumentos não são objetos que trazem em sua
capacidade, um saber pronto e acabado. Ao contrário, eles são objetos que
trazem um saber em potencial, que pode ser ou não ativado pelo aluno.
Os jogos em épocas passadas eram utilizados nas escolas apenas
como recreação e fora dela como lazer. Sabe-se, porém que, os jogos além de
proporcionar prazer e alegria exercem também papel importante no desenvol-
vimento intelectual do aluno quando aplicado adequadamente.
Os jogos em épocas passadas eram utilizados nas escolas apenas
como recreação e fora dela como lazer. Sabe-se, porém que, os jogos além de
proporcionar prazer e alegria exercem também papel importante no desenvol-
vimento intelectual do aluno quando aplicado adequadamente.
11
Estudos mostram que a brincadeira é uma das formas mais contun-
dentes de aprendizado e que as crianças no geral aprendem brincado.
No entanto a muito que estudar sobre este assunto.
Este trabalho tem como objetivo mostra a importância da brincadeira
para a criança em fase escola, com dificuldade de aprendizagem.
Este estudo tem com objetivo refletir sobre a importância do trabalho
do psicopedagogo e as brincadeiras no diagnóstico das crianças de 6 11 anos
em fase escolar (no geral) com dificuldade para aprender.
12
“tudo, em suma, é sempre uma
questão de educação.”
Cecília Meireles
CAPÍTULO 1
HISTÓRICO DA PSICOPEDAGOGIA
1.A história da psicopedagogia
A Psicopedagogia surgiu na Europa, ainda no século XIX, devido à
necessidade de oferecer soluções para as difíceis questões dos problemas de
aprendizagem das crianças. Os médicos e filósofos, e os educadores foram os
primeiros a refletirem sobre esse assunto.
Na literatura francesa – que, como vimos, influencia as idéias sobre psicopedagogia na Argentina (a qual, por sua vez, in-fluencia a práxis brasileira) – encontra-se, entre outros, os trabalhos de Janine Mery, a psicopedagoga francesa que apresenta algumas considerações sobre o termo psicopedagogia e sobre a origem des-sas idéias na Europa, e os trabalhos de George Mauco, fundador do primeiro centro médico psicopedagógico na França,..., onde se per-cebeu as primeiras tentativas de articulação entre Medicina, Psico-logia, Psicanálise e Pedagogia, na solução dos problemas de com-portamento e de aprendizagem (BOSSA, 2000, p. 37)
Janine Mery começou a usar o termo psicopedagogia clínica, e por é
usado para distinguir uma ação terapêutica que considera aspectos pedagógi-
cos e psicológicos na terapia de crianças que apresentam fracasso escolar.
13
Janine Mery aponta o século XIX como àquele em que teve início o
interesse por compreender e acolher portadores de necessidades especiais e
outros problemas relacionados ao comprometimento da aprendizagem.
No final século XIX, educadores como Itard, Pereire, Pestalozzi e
Seguin, deram início e começaram a se dedicar às crianças que apresentavam
dificuldade de aprendizagem por causa de vários tipos de distúrbios segundo
essa autora.
Mery distingue que esses educadores como desbravador no trata-
mento das dificuldades de aprendizagem, observando, porém, que eles se ti-
nham uma grande preocupação com as deficiências sensoriais e debilidade
mental do que com a desadaptação infantil.
Foi formada uma equipe médico- pedagógica no do século XIX pelo
educador Seguin e pelo médico psiquiatra Esquirol. A partir daí a neuropsiquia-
tria infantil passou a se ocupar dos problemas neurológicos que afetam a a-
prendizagem. Nessa mesma época, Maria Montessori, psiquiatra italiana, criou
um método de aprendizagem designado primeiramente às crianças retardadas.
Segundo Bossa, em 1946 foram fundados os primeiros centros psi-
copedagógicos, onde se buscava unir conhecimentos da Psicologia, da Psica-
nálise e da Pedagogia para tratar comportamentos socialmente inadequados
de crianças, tanto na escola como no lar, objetivando a sua adaptação
Desde 1948, entretanto o referido termo pedagogia curativa passa a
ser determinado como terapêutica para entender a crianças e adolescentes
desadaptados que, embora inteligentes, tinham maus resultados escolares. A
Pedagogia Curativa introduzida na França poderia ser entendida como “método
que favorecia a readaptação pedagógica do aluno”, uma vez que pretendia tan-
to auxiliar o sujeito a adquirir conhecimentos, como também desenvolver a sua
personalidade.
14
Na década de 70, foi amplamente difundido no Brasil o rótulo de Dis-
função Cerebral Mínima (DCM) para as crianças que apresentavam como sin-
toma proeminente, distúrbios na escolaridade.
Psicopedagogia tem como objetivo central estruturar o processo de
aprendizagem humana: seus padrões evolutivos normais e patológicos – bem
como a influência do meio (família, escola, sociedade) no seu desenvolvimento.
A Psicopedagogia estuda o ato de aprender e ensinar, levando sem-
pre em conta as realidades interna e externa da aprendizagem, tomadas em
conjunto. E, mais, procurando estudar a construção do conhecimento em toda
a sua complexidade, procurando colocar em pé de igualdade os aspectos cog-
nitivos, afetivos e sociais que lhe estão implícitos.
Segundo Visca, a Psicopedagogia, que inicialmente foi uma ação
subsidiária da Medicina e da Psicologia, perfilou-se como um conhecimento
independente e complementar, possuída de objeto de estudo – o processo de
aprendizagem – e de recursos diagnósticos, corretores e preventivos próprios.
Ultimamente o espaço para a Psicopedagogia vem aumentando.
Acende o número de instituições escolares, hospitais e empresas que contam
com a atuação do psicopedagogo. Nessas instituições o atendimento é prefe-
rencialmente preventivo e se dirige a grupos específicos ou à instituição como
um todo.
Ao psicopedagogo cabe saber como se constitui o sujeito, como este
se modifica em suas diversas etapas de vida, quais os recursos de conheci-
mento de que ele dispõe e a forma pela qual produz conhecimento e aprende.
É preciso, também, que o psicopedagogo saiba o que é ensinar e o que é a-
prender; como interferem os sistemas e métodos educativos; os problemas es-
truturais que intervém no surgimento dos transtornos de aprendizagem e no
processo escolar.
15
Segundo Barbosa, são duas a formas básicas de atuação desse pro-
fissional, a clínica, mais voltada para a recuperação; e a Institucional, mais vol-
tada para a prevenção. É válido ressaltar a importância do Psicopedagogo
também como um pesquisador, no que diz respeito à aprendizagem e desen-
volvimento.
Ainda segundo Barbosa, o psicopedagogo pode trabalhar em insti-
tuições pode trabalhar prestando assessoria aos professores e demais educa-
dores para que estes possam melhorar a qualidade de sua atuação, através de
reflexões sobre questões pedagógicas e de novas alternativas de trabalho,
propiciando a análise de como acontece o processo de ensino-aprendizagem,
focando sempre a importância dos fatores orgânicos, cognitivos, afetivos, soci-
ais e pedagógicos, na construção do conhecimento.
Sua atuação tem como função também proporcionar um clima de
cooperatividade entre todos os profissionais da escola, possibilitando a partici-
pação destes, na construção do Projeto Pedagógico, em discussões sobre ca-
sos especiais sucedidos com os alunos.
Ainda falando sobre a atuação, segundo Visca, psicopedagogo na
escola configura-se no atendimento aos alunos com problemas de aprendiza-
gem já instalados bem como, na prevenção dos mesmos, buscando realizar um
trabalho global junto aos alunos, através da ampliação do raciocínio e resgate
da auto-estima, a fim de despertar o prazer e a vontade de aprender.
...quando se fala de psicopedagogia clínica, se está fazendo refe-rência a um método com o qual se tenta conduzir à aprendizagem e não a uma corrente teórica ou escola. Em concordância com o mé-todo clínico podem-se utilizar diferentes enfoques teóricos. O que eu preconizo é o da epistemologia convergente (VISCA, 1987, p. 16).
16
Para Visa, o tratando do atendimento clínico do psicopedagogo deve
procurar mediante a ouvir sensivelmente a criança e estabelecer um diagnósti-
co que deve caracterizar-se por ter um caráter investigatório, interventivo e
contínuo, a fim de movimentar ações que venham levantar suposições sobre as
possíveis causas que estão intervindo no processo de construção da aprendi-
zagem.
São utilizados como instrumentos para esta modalidade entrevistas
com a família, entrevistas com a criança, contato com a escola professores ori-
entadoras e com outros profissionais que venham complementar o diagnóstico
e, na qual o profissional solicitado irá fazer uma síntese do processo que foi
realizado, durante o período terapêutico, pontuando a necessidade ou não de
encaminhar o aluno para um outro especialista.
Os primeiros cursos no Brasil de especialização em Psicopedagogia
deram inicio no final da década de 70, e foram idealizados para complementar
a formação dos psicólogos e do pedagogo que buscavam soluções para os
problemas de aprendizagem.
Em 1979 foi criado o primeiro curso regular de Psicopedagogia,
no Instituo Sedes Sapientiae, em São Paulo, iniciativa de Maria Alice Vassi-
mon, pedagoga e psicodramatista, e Madre Cristina Sodré Dória, diretora do
Instituto.
Esse curso pioneiro reflete a mudança na forma de idealizar a
problemática do fracasso escolar e a busca pela identidade desse profissional
brasileiro, que nasce como reeducador e que, ao longo do tempo, amplia o seu
compromisso assumindo a responsabilidade com a diminuição dos problemas
de aprendizagem nas escolas e, conseqüentemente, com a redução dos altos
índices de fracasso escolar.
A Psicopedagogia foi inserida no Brasil baseada nos padrões médi-
cos de atuação e foi dentro desta percepção dos problemas de aprendizagem
17
que se iniciaram, a partir de 1970, cursos de formação de especialistas em Psi-
copedagogia na Clínica Médico Pedagógica de Porto Alegre, com a duração de
dois anos
Para Visca, a Psicopedagogia teve inicio em uma ação que veio pa-
ra ajudar a Medicina e a Psicologia, estando presente posteriormente
como um conhecimento independente e complementar, possuída de um
objeto de estudo, denominado de processo de aprendizagem, e de re-
cursos diagnósticos, corretores e preventivos próprios (VISCA apud
BOSSA, 2000, p. 21).
Enquanto elemento de organização formal de uma categoria profis-
sional não reconhecida legalmente, a Associação Brasileira de Psicopedagogia
(ABPp) tem sido responsável pela organização de eventos de dimensão nacio-
nal, bem como por publicações cujos temas retratam as preocupações e ten-
dências na área.
18
"Brincar com crianças não é perder tempo, é ganhá-lo; se é triste ver meninos sem escola, mais triste ainda é vê-los sentados enfileirados em salas sem ar, com exer-
cícios estéreis, sem valor para a formação do homem." ( Carlos Drummond de Andrade )
CAPÍTULO 2
O LÚDICO E A CRIANÇA
2.1 O lúdico e a criança
Todo mundo precisa brincar, faz parte do crescimento. Crianças ne-
cessitam de diferentes oportunidades de brincar em diferentes maneiras. Brin-
car faz com que as crianças mudem cada estágio do seu desenvolvimento na-
turalmente, permitindo-lhe, fazer amigos, resolver dificuldade, seguir seus ins-
tintos, pensar e aprender com os outros.
kishimoto (1996) nos diz que temos em nossa história da infantil, al-
gumas brincadeira, modelos e formas de brinquedos que foram trazidos e dei-
xados por crianças portuguesas, negras e índias.
Temos a certeza que o nosso Brasil é um país originário da miscige-
nação de povos, com predominância dos portugueses, negros e índios e te-
mos como herança muito dessa cultura trazida por estás misturas e não seria
com certeza diferente no caso das brincadeiras infantis.
A cultura portuguesa foi passada de geração em geração através
dos anos, sendo conhecidas as lendas, contos e superstições, objeto de estudo
nas escolas e nas brincadeiras infantis.
19
Na população brasileira existe uma vasta mistura com isso é difícil
deduzir com certeza, qual a ascendência especifica dos brancos, negros e
índios nos jogos tradicionais, infantil na atualidade.
Os povos indígenas introduziram grande parte das brincadeiras, está
foram inserida nas praticar cotidianas, no processo do aprender fazendo, a par-
tir das atividades cotidianas realizadas pelos pais. Sejam nas correrias perse-
guindo pequenos animais com seus arcos e flechas, nos banhos nos rios e la-
gos ou nas atividades que acontecem nas roças e nos rituais.
Foi dessa forma é que os antropólogos, chegaram a conclusão que
o lúdico no contexto indígena está intimamente relacionado ao aprendizado das
praticas sócio culturais de seu povo brasileiro.
Machado e Nunes afirmam que:
“O lúdico têm sua origem na palavra latina “lu-
dos” que quer dizer “jogo”.Se achasse confinado a sua ori-
gem, o termo lúdico estaria se referindo apenas ao jogar, ao
brincar, ao movimento espontâneo.O lúdico passou a ser re-
conhecido como traço essencial de psicofisiologia do compor-
tamento humano. De modo que a definição deixou de ser o
simples sinônimo de jogo. As implicações da necessidade lú-
dica extrapolam as demarcações do brincar espontâneo.( Al-
meida, apud Machado e Nunes 2011p.29 )
Ainda segundo Machado e Nunes ( 2011 ), o mundo lúdico é um a
onde a criança está em constante exercício. É um mundo de fantasia de faz de
conta, de jogos e de brincadeiras. Pode-se dizer que o lúdico é um grande la-
boratório que merece toda atenção das pessoas que cercam a criança, pois por
meio dele que ocorrem experiências inteligentes e reflexiva, praticada com e-
moção, prazer e seriedade.
20
Os especialistas, porém alertam que a característica do brincar pode
fazer uma diferença na vida das crianças, não basta preencherem os espaços
destinados a elas como bichinhos, carrinhos, móbiles e bonecas.
É preciso ser participativo no brincar, cantar, falar com as crianças.
Pais, professores e responsáveis devem estar motivados e envolvidos, pois
são protagonistas, indispensáveis na construção de um cenário de garantia dos
direitos de crianças e jovens, favorecendo seu desenvolvimento integral.
Segundo LIMA (1992), os jogos e as brincadeiras são assim altera-
dos continuamente. A criança brinca para conhecer-se a si mesma e aos outros
em suas relações mútuas para aprender as normas sociais de comportamento,
os hábitos determinados, pela cultura; para trabalhar com o imaginário; para
conhecimento dos fenômenos que ocorrem a sua volta.
Na Brincadeira a criança vivencia o concreto e elabora e negocia as
regra de convivência, com isso constitui a elaboração de um sistema de repre-
sentação dos diversos sentimentos, emoções que constrói o ser humano. Isso
ocorre porque a motivação da brincadeira é sempre individual e depende dos
recursos emocionais.
As brincadeiras ajudam as crianças no seu desenvolvimento social,
intelectual, afetivo e físico, pois, através das atividades lúdicas, a criança forma
conceitos, relaciona idéias, desenvolve a expressão oral e corporal, reforça
habilidades sociais, reduz a agressividade, integra-se na sociedade e constrói
seu próprio conhecimento.
Vigotsky (1987), afirma que na brincadeira a criança se porta além
do comportamento habitual de sua idade além de seu comportamento diário;
no brinquedo, é como se ela fosse maior que ela na realidade.
Brincar com brinquedos, outras crianças e adultos cria -se laços afe-
tivos. Para os pais é uma das maneiras de manifestar nosso amor à criança.
Todas as crianças gostam de brincar com os professores, pais, irmãos, e avós.
21
A participação do adulto na brincadeira com a criança aumenta o ní-
vel de interesse pelo brincar, pode também cooperar para o esclarecimento de
dúvidas referentes às regras das brincadeiras.
A criança sente-se ao mesmo tempo prestigiada e desafiada quan-
do o companheiro da brincadeira é um adulto. Este, por sua vez pode levar a
criança a descobrir e a viver experiências que torna o brincar uma experiência
única e rica para o aprendizado.
"Ao brincar, a criança assume papéis e aceita
as regras próprias da brincadeira, executando,
imaginariamente, tarefas para as quais ainda
não está apta ou não sente como agradáveis
na realidade” (Vygotsky 1987)
Para PIAGET (1984), os jogos tornam-se mais significativos à medi-
da que a criança se desenvolve, pois a partir da livre manipulação de vários
materiais, ela passa a reconstruir objetos, reinventar as coisas o que já exige
uma adaptação, mas completa.
Ainda para Piaget (1984), essa adaptação que deve ser realizada na
infância consiste uma síntese progressiva da assimilação com a acomodação,
e por isso que pelo próprio desenvolvimento interno, os jogos das crianças se
transformam pouco a pouco em construções adaptadas exigindo sempre mais
do trabalho afetivo.
Os jogos despertam desde cedo, o interesse da criança, pois além
da alegria que eles experimentam em executá-los, oferecem-lhes excelentes
oportunidades para o desenvolvimento físico, mental, emocional e social de
crianças e educadores e de crianças, com base nos jogos e nas linguagens
artísticas.
22
Todo ato humano é criativo. Cada criança é única no seu desenvol-
vimento, na forma de se relacionar com o meio. Isso é criatividade. A forma
como esta criatividade se expressa varia conforme o contexto sócio-cultural em
que a criança se situa.
Se hoje uma criança não inventa um brinquedo a partir de uma cai-
xa de sapatos, ela inventa um com Lego. A liberdade de ação e de pensamento
outorgadas às crianças atuais, pela família, sociedade e escola faz um contra-
ponto com a existência de jogos industrializados e com a permanência da cri-
ança em locais aparentemente protegidos
As brincadeiras estão no começo dos pensamentos, da descoberta
de si mesmo, na vontade de experimentar, de criar e de transformar o mundo,
através de uma simples sucata.
Pela brincadeira as crianças exploram os brinquedos e objetos que
cercam, melhoram sua agilidade física e seus sentimentos, e desenvolvem seu
pensamento.
Pode ser sozinho ou em grupo, na companhia de outras crianças,
desenvolvendo também o comportamento em grupo.
Podemos dizer que, com a brincadeira a criança aprende a conhecer
a si próprios ao mundo que as rodeiam e aos demais.
2.2 A importância do brincar e dos jogos para o
aprendizado.
O uso das brincadeiras no ambiente escolar só pode ser colocado
corretamente a partir de uma serie de fatores que contribuem para uma apren-
dizagem funcional.
23
Muitas vezes notamos que as brincadeiras com regras modificadas
vêm sendo usados em sala de aula com a finalidade de transmitir e estabelecer
conteúdos de uma disciplina, de uma forma mais agradável e fascinante para
os alunos.
No entanto, por mais que as brincadeiras em si façam parte do coti-
diano escolar, o que vai promover uma boa aprendizagem é o clima de descon-
tração e troca, com o professor e os alunos, permitindo assim, tentativas e res-
postas divergentes ou alternativas, tolerando os erros, promovendo a sua aná-
lise e não simplesmente corrigindo-os ou avaliando o produto final.
As brincadeiras são atividades mais típicas da vida humana, por
proporcionar alegria, liberdade e contentamento. É a ação que a criança de-
sempenha ao concretizar as regras do jogo e ao mergulhar na ação lúdica.
De acordo com Piaget (1971), na brincadeira a criança aprende a a-
gir e adquirir iniciativa e autoconfiança que proporcionam o desenvolvimento da
linguagem concentração. As brincadeiras e os jogos infantis exercem um papel
muito além da simples diversão, possibilitando aprendizagem de diversas habi-
lidades e são meios que contribuem e enriquecem o desenvolvimento intelec-
tual da criança.
Podemos dizer que o ato de brincar é tão antigo quanto o próprio
homem, pois este sempre demonstrou uma investida para o jogo. Jogar é uma
atividade automática do ser humano. Através do jogo e do brinquedo, o mesmo
reproduz e recria o meio que o cercam.
Piaget (1971) afirma que O jogo é um tipo de atividade individual-
mente importante para o exercício da vida social e da atividade construtiva da
criança.
As brincadeiras e os desenhos de faz-de-conta e os jogos, sem dú-
vida são meios facilitadores na descoberta do aprendizado professores com-
prometidos com a qualidade da sua prática pedagógica e psicopedagogos, re-
24
conhecem a importância das brincadeiras para o desenvolvimento social, emo-
cional e intelectual dos alunos.
Baseado na pedagogia pode-se dizer ainda que a brincadeira é a
melhor forma e a mais fácil e real para se instituir relações afetivas com a cri-
ança, podendo transmitir segurança e confiança para que a sua entrada no
processo de escolarização seja saudável e prazerosa, sem ansiedade, sofri-
mento e culpa.
Através do brincar e das recompensas efetivas que acompanham
esta atividade, a criança dá saída à sua ânsia de conhecer e descobrir.
Segundo Machado e Nunes (2011), é muito importante deixar a cri-
ança brincar ao ar livre com brincadeiras e jogos. Pois Além de desfrutar da
alegria de brincar, isso contribuirá muito para seu desenvolvimento psicomotor.
A criança precisa de vários espaços para exercer suas atividades lú-
dicas, porém nas brincadeiras fora de casa, poderão usar a sua criatividade e
ao mesmo tempo entrar em contato com a natureza e desenvolver um aprendi-
zado mais significativo.
Para Machado e Nunes (2011) é por meio das brincadeiras e dos
brinquedos que ocorrem as de descobertas de si mesmo e do outro e, portan-
to, aprende-se.
Há uma grande diversidade e tipos diferentes de jogos e brincadei-
ras, entre todos podemos destacar alguns tipos de jogos, jogos motores, cogni-
tivos, jogos intelectuais, jogos competidores e jogos de cooperação, individuais
ou coletivos, de faz de conta, simbólicos, verbais. A variedade de jogos conhe-
cidos mostra a variedade desta categoria e a dificuldade. E todos auxiliam no
desenvolvimento da criança.
Na concepção de PIAGET (1984) o jogo simbólico constitui uma ati-
vidade real essencialmente egocêntrica e sua função consiste em atender o eu
por meio de uma transformação do real em função de sua própria satisfação.
25
“Jogo simbólico não é um esforço
de submissão do sujeito ao real, mas, ao
contrário, uma assimilação deformada da
realidade do eu”. (PIAGET: 1971, p. 29).
Kishimoto (1994,) identifica pontos comuns como elementos que in-
terligam a grande família dos jogos:
...” liberdade de ação do jogador ou o caráter
voluntário e episódico da ação lúdica; o prazer
(ou desprazer), o “não sério ”ou o efeito
positivo; as regras (implícitas ou explícitas);
a relevância do processo de brincar (o caráter
improdutivo), a incerteza de seus resultados;
a não literalidade ou a representação da
realidade, a imaginação e a contextualização
no tempo e espaço”. Kishimoto (1994, p.7)
Ainda segundo Kishimoto (1994), o jogo pode ser visto como conse-
quência de um sistema lingüístico que trabalha dentro de um argumento social,
a definição do jogo depende da forma de cada contexto social.
Kishimoto (1996) afirma inclusive que existe uma diferença entre
brinquedo, a brincadeira e jogo. Ao analisar, o brinquedo como objeto, suporte
de brincadeiras, brincadeira como definição de uma conduta estruturada, e jo-
gos para designar as regras (brinquedo e brincadeira). É necessário, então,
considerar o jogo dentro do contexto em que é utilizada, e a atitude daquele
que joga, e qual significado é dado ao jogo pelo observador. (psicopedagogo,
professor, psicólogo, pais e outros).
26
É muito importante compreender o valor dos jogos e nas atividades
lúdicas na escola como subsídios eficazes para a construção do conhecimento
realizado pela própria criança.
Kishimoto (1996) diz que, dependendo de como é conduzido, o jogo
ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento. Aqueles que vão poder co-
laborar na aprendizagem de qualquer novo conhecimento, como: observar e
identificar, comparar e classificar, conceituar, relacionar e inferir.
Mas segundo Winnicott (1993), o jogo permitira uma abrangência a-
inda mais integradora e ampla da aprendizagem. Segundo ele, é no brincar, e é
exclusivamente no brincar, que a criança ou adulto, pode usar sua criatividade,
e sua personalidade integral, e é somente sendo criativo que a pessoa desco-
bre o eu.
Sem dúvida nenhuma os jogos e as brincadeiras não podem faltar
no processo de aprendizagem, pois isso facilitará muitíssimo o trabalho doa
profissionais de educação. E tornará o aprendizado ainda mais fascinante.
27
“É possível descobrir mais de uma pessoa em uma hora de brinca-deira do que um ano de conversa”
(Platão)
CAPÍTULO 3
A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO PARA
O PSICOPEDAGOGO
3.1 O lúdico para o trabalho do psicopedagogo
Os jogos e as brincadeiras fazem parte da necessidade humana e,
segundo Kishimoto (1996), intervêm diretamente no desenvolvimento da imagi-
nação, da representação figurada, da cognição, dos sentimentos, do prazer,
das relações, da convivência, da criatividade, do movimento e da auto-imagem
dos indivíduos.
Muitos educadores desvalorizam a brincadeira acreditando que o
mais importante na escola é aprender a ler e escrever. Não levam em conta
que a brincadeira traz para o desenvolvimento dos indivíduos.
Para PIAGET (1971), o conhecimento provoca uma série de estrutu-
ras construídas progressivamente através de contínua influência mútua entre o
sujeito, o meio físico e social, portanto o ambiente escolar deve ser estimulante
e beneficiar essa interação, e para isso, deve o projeto político pedagógico da
escola, estar fundamentado numa proposta de trabalho que tenha como ca-
racterísticas: processos dinâmicos subjacentes a construção das estruturas
cognitivas.
28
Vygotsky (1998) diz que, a brincadeira simbólica e o jogo formam
uma zona de desenvolvimento proximal que pode organizar o ponto de partida
para aprendizagens formais.
As relações entre o desenvolvimento e aprendizagem, proposta por Vygotstky, podemos dizer,em primeiro lugar, que de-senvolvimento e aprendizagem são processos intimamente relacio-nados: imenso em um contexto cultural que lhe oferece a “matéria –prima” do funcionamento psicológico, individuo tem o seu processo de desenvolvimento movido por um mecanismo de aprendizagem acionados externamente.Por outro lado,embora o processo de a-prendizagem ocorram constantemente na relação do individuo com o meio, quando existe a intervenção deliberada do outro social nes-se processo, ensino e aprendizagem passam a fazer parte de um todo único, indissociável, envolvendo quem ensina, quem aprende e a relação entre essas pessoas.( OLIVEIRA, apud Meyer,1995,p.58)
A melhor forma de colocar esse processo em andamento é através
do lúdico, do jogo, do brincar, para assim ter mais familiaridade com a criança.
O psicopedagogo não interpreta, mas devem compreender as ma-
nifestações figuradas e procurar adequar as atividades lúdicas às necessida-
des das crianças.
Neste sentido, é correto dizer que a brincadeira fornece ao psicope-
dagogo tem possibilidade de ir até a criança e aproximar dela para viver suas
relativas experiências voltada para ao seu próprio mundo.
Ao brincar, a criança, desenvolve sua habilidade de refletir sobre os
fatos reais de formas cada vez mais abstratas, bem como constrói sua reali-
dade, tanto pessoal quanto social. Brincando, a criança tem noção de si mes-
ma como ser atuante e criativo.
A relação do brincar produz e reproduz emoções, permitindo no-
mear e organizar um mundo de caos para um mundo de descobertas, promo-
29
vendo a abertura para o campo cognitivo e para possíveis descobertas para o
psicopedagogo.
Para WINNICOTT, (1993), o brincar se produz no espaço potencial e
é sempre uma experiência criativa, na continuidade espaço e tempo, uma for-
ma básica de viver.
A brincadeira figurada vem sendo aproveitada na área clínica, há vá-
rios anos. No trabalho de consultório, em psicopedagogia, muitas crianças são
aprovadas através do lúdico.
Para VISCA, (1987), O uso de brinquedos e jogos como materiais
pedagógicos, do ponto de vista da psicopedagogia, necessita da inteligência do
contexto em que se encontram introduzidos. Estes utensílios não são objetos
que trazem em sua capacidade, um saber pronto e acabado. Ao contrário, eles
são objetos que trazem um saber em potencial, que pode ser ou não ativo pelo
aluno.
Quando brinca, a criança assimila o mundo à sua ma-neira, sem compromisso com a realidade, pois sua inte-ração com o objeto não depende da natureza do ob-jeto, mas da função que a criança atribui. É o que se de jogo simbólico, o qual se apresenta inicialmente solitá-rio, evoluindo para o estágio de jogo sócio dramático, isto é, para a representação de papéis, como brincar de médico, de casinha, de mãe. (Piaget 1971 p. 59)
A criança responde sempre às mesmas características lúdicas den-
tro de sua faixa etária. Ao brincar e jogar, a criança fica tão envolvida com o
que está fazendo que coloque na ação seu sentimento e emoção.
É nessa hora que a criança, está consciente do que representa,
mas, ao mesmo tempo, está inconsciente de que esteja representando algo
que foge por estar fora do campo de sua consciência no momento.
30
Conforme KISHIMOTO (1996), especialmente no campo da educa-
ção infantil, psicólogos e pedagogos tem dado grande atenção ao papel do jo-
go na constituição das representações mentais e seus efeitos no desenvolvi-
mento da criança.
Na brincadeira figurada, como as demais manifestações simbólicas,
daria à criança condições de aprender a superar suas emoções e afetos.
É importante observar que processo análogo nas crianças, com alternância de
movimentos com predomínio de abertura, e outros de fechamento, tanto em
nível físico funcional, como em nível simbólico representativo.
Através da observação das brincadeiras das crianças, constata-se
realmente que a cada abertura ao meio corresponde um movimento comple-
mentar de interiorização, evidenciando-se a organização interna da ação. Afir-
ma Visca.
O Psicopedagogo estuda a arte do aprendizado e suas dificuldades,
tendo, portanto, um caráter preventivo e terapêutico. Terapeuticamente a psico-
pedagogia deve identificar, analisar, planejar, intervir através das etapas de
diagnóstico e tratamento
O psicopedagogo pode usar também os jogos como experiência,
tanto para avaliação e como para intervenção em processos de aprendizagem.
Na tentativa de evitar bater de frente com o sintoma, os jogos são recursos i-
deais, pois promove e intensificar a interação da criança, e sem que se sinta
ameaçada.
O olhar do psicopedagogo deve procura ajuntar os fatores cognitivos
e afetivos e, que atuam nos níveis conscientes e inconscientes da conduta, não
podendo deixar de lado a importância do símbolo que age com toda sua força
integradora e autoerapêutica do jogo, como atividade simbólica por excelência.
Abrir os caminhos para o simbólico do inconsciente não é apenas
promover a brincadeira de faz de conta, desenho ou jogos. Quaisquer jogos,
31
mesmo os que abrangem as regras ou uma atividade corporal, dão lugar para a
imaginação, a fantasia e, a importância dos conteúdos afetivos, mais ou menos
conscientes, além de toda a coordenação lógica que está ali implícita. O psico-
pedagogo não interpreta, mas podem compreender as manifestações sim-
bólicas e procurar adequar as atividades lúdicas às necessidades das crianças.
Segundo BOSSA (2000), o objeto central da psicopedagogia está
estruturado em torno da metodologia da aprendizagem humana: seus padrões
evolutivos normais e patológicos, bem como controle do meio (família, escola,
sociedade) no seu desenvolvimento.
Para Visca (1987), a aprendizagem precisa estruturar e envolver o
cognitivo/afetivo/social, nas quais são indispensável a ligação desses três e-
lementos. Sendo assim, a inteligência vai se construindo a partir da interação
do sujeito e as circunstâncias do meio social.
“... quando se fala de psicopedagogia clínica, se
está fazendo referência a um método com o qual se tenta
conduzir à aprendizagem e não a corrente teórica ou escola.
Em concordância com o método clínico podem-se utilizar dife-
rentes enfoques teóricos. O que eu preconizo é o da episte-
mologia convergente” ( Visca1987, p.16)
A Psicopedagogia tem se apoiado na Psicanálise, para mostrar que
o conhecimento e o saber não são apreendidos pelo sujeito com imparciali-
dade. Dentro de cada individuo há uma luta entre o desejo de saber e o desejo
de não saber.
Com este processo pode-se estabelecer que para o individuo, de-
terminadas atitudes produzem a assimilação e incorporação de quaisquer in-
formações e ou processos formativos.
32
Elas se refletem tanto no plano consciente quanto inconsciente. Com
o uso de brinquedos, jogos e materiais pedagógicos o individuo pode se levado
ao interesse, tanto para a vontade de saber quanto para a vontade de não sa-
ber. Afirma visca (1987)
Para Barbosa (2003), cabem ao psicopedagogo entender ocasionais
perturbações no processo aprendizagem, participar da dinâmica da sociedade
educativa, favorecendo a integração, promovendo orientações metodológicas
de acordo com as características e particularidades dos indivíduos do grupo,
realizando processos de orientação.
O não conseguir aprender por repetidas vezes faz com que o aprendiz forme de si uma imagem de fracasso se iniba ou se afaste de novas situações de aprendizagem. Este afastamento vai impedindo a sua evolução cognitiva e i-nibindo o seu desejo de aprender, o que gera desconforto di-ante de novas aprendizagens, provocando por certo um novo fracasso. ( BARBOSA, 2003, p. 21)
Já que no caráter assistencial, o psicopedagogo participa de equipes
responsáveis pela elaboração de planos e projetos no contexto teórico prático
das políticas educacionais, fazendo com que os professores, diretores e coor-
denadores possam repensar o papel da escola frente a sua docência e às ne-
cessidades individuais de aprendizagem da criança ou, da própria ensinagem.
Conforme KISHIMOTO (1996), especialmente no campo da educa-
ção infantil, psicopedagogos e pedagogo tem dado grande atenção ao papel do
jogo na constituição das representações mentais e seus efeitos no desenvolvi-
mento da criança especialmente na faixa etária de 0 a 6 anos de idade.
No que é mencionado em acompanhamento escolar, algumas vezes
se faz indispensável, os acompanhamentos pela observação dos cadernos, a
33
organização e os erros cometidos, ajuda a criança a compreender seus erros e
a descobrir o melhor meio de estudar, fazendo assim com que a aprendizagem
aconteça.
O psicopedagogo que atua fora da instituição escolar onde,a crian-
ça e o adolescente poderão desempenhar as mesmas para conversas infor-
mais desta forma poderá ter um conhecimento mais amplo da criança e do
adolescente a ser atendido.
Para BOSSA (2000), o exercício preventivo, pode-se falar em três
níveis de prevenção:
No primeiro nível, o psicopedagogo trabalha no sentido de atenuar a
constância dos problemas de aprendizagem, seu afazer incide nas questões
didáticas e metodológicas, bem como na formação e orientação de professo-
res, além de fazer aconselhamento aos pais.
No segundo nível, o objetivo é atenuar e tratar dos problemas de a-
prendizagem já construídos, a partir dos quais, procura-se avaliar os currículos
com os professores para que não se repitam tais transtornos.
No terceiro nível, o objetivo é suprimir os transtornos já instalados,
num processo clínico com todas as suas decorrências. O caráter preventivo
permanece aí, uma vez que, ao eliminarmos um transtorno, estamos prevenin-
do o aparecimento de outros.
O trabalhado psicopedagogo se faz necessário também em sala de
aula. Para isso o psicopedagogo constrói o seu trabalho, visando à diminuição
dos problemas de aprendizagem e do fracasso escolar. Visando isso, é que
todo educador deve ser um psicopedagogo e perceber que há todo um contex-
to de múltiplas interações na escola onde as atividades lúdicas devem ser utili-
zadas a fim de diagnosticar determinados comportamentos do aluno.
Através dessas atividades que as crianças e adolescentes mostram
aspectos que não existem em situações mais formais do dia-a-dia.
34
A Psicopedagogia proporciona forma mais aprofundada de se traba-
lhar com o aluno. Eleva as considerações e as necessidades específicas de
cada aluno, privilegiando-se a escutar do que está realmente acontecendo na-
quele momento. Isso porque o sistema simbólico e imaginário do aluno é único.
A criança usa uma lógica de pensamento diferente para em cada e-
tapa de sua vida. Segundo Piaget (1971) a prática do aprendizado da criança
surgem em uma ordem que se fala de necessária, e isso não podem ser inter-
rompidos, pois um prepara o outro e são construídas sobre anteriores, as ida-
des em que eles aparecem são relativas, o desenvolvimento de cada um de-
pende da interação do sujeito com o seu meio.
Fica, portanto, comprovado a importância do lúdico no ensino e na a-
prendizagem e da necessidade de introdução desses métodos e saberes em
sala de aula, seja na educação infantil, no ensino fundamental e em muitos ca-
sos até mesmo no ensino médio, pois até mesmo os adolescentes têm muito
mais facilidade de aprendizagem através das brincadeiras
O lúdico é um dos melhores caminhos para o entendimento do mun-
do da criança e do adolescente, por isso, mesmo deve sempre ser utilizada em
sessões de acompanhamento psicopedagógicos.
Pois é através dos jogos e os materiais de apoio como a eoca e ou-
tros,o psicopedagogo poderá trabalhar de forma mais coerente, investigando
os problemas de aprendizagem, e contribuindo para uma aprendizagem mais
completa, sem que a criança perceba ou acabe ficando estressada.
35
CONCLUSÃO
O fundamento da Psicopedagogia é o estudo e atuação junto ao su-
jeito em processo de aprendizagem. Procurei neste trabalho, analisar a impor-
tância dos jogos no desenvolvimento da criança e a importância para o trabalho
do psicopedagogo.
É importante salientar a contribuição na aprendizagem infantil, visto
que o jogo é uma atividade própria da infância podendo se desenvolver de ma-
neira individual ou coletiva, contribuindo dessa forma com a socialização atra-
vés das relações com o seu eu e tudo que o cerca.
Os jogos trazem possibilidades de crescimento pessoal, pois quando
a criança brinca ou participa de jogos, libera necessidades e interesses espon-
taneamente.
A criança utiliza uma lógica diferente para pensar em cada etapa da
vida. Os estágios do desenvolvimento da criança aparecem em uma ordem
necessária, esses estágios não podem ser interrompidos, pois um prepara o
outro e são construídas sobre anteriores, as idades em que eles aparecem são
relativas, o desenvolvimento de cada um depende da interação do sujeito com
o seu meio.
É uma atividade ampla e complexa, que exige do psicopedagogo
conhecimento interdisciplinar que o torna capaz de atuar na compreensão da
aprendizagem e do desenvolvimento integral do sujeito, contribuindo para que
cada um, a partir de sua originalidade, aprenda a ser, a conhecer, a fazer e a
conviver.
36
A profissão é reconhecida pela sociedade brasileira e se fortalece
com o desafio de aperfeiçoar seu trabalho e de ampliar seu atendimento, a-
brindo as portas a todas as crianças.
Porém não está regulamentada, mas se encontra - se na Comissão
de Constituição, Justiça e Redação, na Câmara dos Deputados Federais, para
ser aprovada.
Enquanto isso não acontece, a formação do psicopedagogo vem a-
contecendo de maneira aceitável e oficial em cursos de pós-graduação ofereci-
dos por instituições devidamente autorizadas ou credenciada como a Candido
Mendes, que tem formado psicopedagogos preparados para o mercado de tra-
balho.
A necessidade de uma melhor compreensão do processo de a-
prendizagem, empenhado com as transformações da realidade escolar, possi-
bilitou o surgimento da psicopedagogia na medida em que permite, mediante
dinâmicas em sala de aula, contemplar a interdisciplinaridade, juntamente com
outros profissionais da escola.
Lidar com o diferente, estruturar o sujeito, não é uma tarefa fácil,
mas o psicopedagogo deve ter sempre este compromisso social. E a partir das
ideias envolvidas no processo de intervenção, cooperar para o esclarecimento
deste déficit na aprendizagem, que não tem como causa apenas deficiências
do aluno, mas que pode ser decorrência de problemas na instituição escolar,
como também a família e outros membros da comunidade, que podem interfe-
rir nesse processo para aprendizagem do aluno.
É importante ressaltar que o trabalho do psicopedagogo se dá em
circunstância de relação entre pessoas. O objetivo do profissional é o de con-
duzir a criança ou adolescente, numa escolaridade útil e saudável.
Problemas de aprendizagem existem e sempre existirão, mas só que
agora há uma diferença, temos um olhar novo, clínico e mais amplo voltados
37
para crianças com dificuldade de aprendizagem. Um olhar de um profissional
que deve ser mais requisitado, e que não deixa de ser, de grande relevância no
âmbito escolar.
As mudanças políticas, sociais e culturais são referenciais para
compreender o que acontece nas escolas e no sistema educacional. O psico-
pedagogo deve saber interpretar e estar inteirado com essas mudanças para
poder agir e colaborar, preocupando-se com que as experiências de aprendi-
zagem sejam prazerosas e lúdicas para a criança.
Assim, o psicopedagogo não só contribuirá com o desenvolvimento
da criança, como também contribuirá com a evolução de um mundo que melho-
re as condições de vida da maioria da humanidade.
É importante ressaltar que, o psicopedagogo poderá resgatar as
brincadeiras e os jogos que eram transmitidos pelos pais e avós e criadas pe-
las próprias crianças.
Elas irão despertar umas vivências ricas e muito importantes, e as
ajudariam a despertar suas criatividades, movimentos e uma boa aquisição na
aprendizagem de leitura e escrita, o que o psicopedagogo poderá fazer com
muita competência.
É importante que o professor de Educação Infantil tenha consciência
de que no uso de materiais lúdicos como recursos metodológicos há maiores
possibilidades no desenvolvimento psicomotor, cognitivo e afetivo da criança. É
de grande importância que os professores responsáveis pela educação de cri-
anças na faixa etária de 2 a 6 anos de idade, ao planejamento de suas ativida-
des educacionais, observem fatores relevantes como os citados, e que acima
de tudo desenvolvam atividades para as crianças que incluam os jogos, pois o
mesmo é um meio de liberar tensões, fonte de prazer, alegria, descontração,
convivência agradável e busca o desenvolvimento integral no processo educa-
cional, contemplando os objetivos de um programa moderno de Educação.
38
Acredito que a motivação para a atividade lúdica reside exatamente
no fato de correr o risco e no confronto constante com o real que implica. É es-
te trânsito que qualifica mutuamente brincadeira e realidade. É nos jogos, que
se encontra a fonte do desafio incessantemente reiterado, outra marca do brin-
car e para a psicopedagogia é muito importante as brincadeiras no âmbito es-
colar, pois desta forma o psicopedagogo irá conseguir dirigir o seu trabalho
sem maiores consequências.
Portando, a psicopedagogia, pode fazer um trabalho entre os mui-
tos profissionais, visando à descoberta e o desenvolvimento das capacidades
da criança, bem como pode contribuir para que os alunos sejam capazes de
olhar esse mundo em que vive de saber interpretá-lo e de nele ter condições de
interferir com segurança e competência.
39
BIBLIOGRAFIA
BARBOSA, Laura Monte Serrat. O projeto de trabalho: Uma forma
de atuação psicopedagógica. Curitiba, 2003
BOSSA, Nadia A. A psicopedagogia no Brasil: contribuições a par-tir da prática. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.
KISHIMOTO M. Tizuko. O brincar e suas teorias. São Paulo, Pioneira, 1998.
KISHIMOTO, T. M., O jogo e a educação infantil. São Paulo, Cortez Edi-tora: 1996
LIMA, S.A.C.Elvira. Atividade da criança na idade Pré-escolar, sé-rie idéias, número 10. São Paulo: FDE, 1992.
MACHADO, JOSÉ RICARDO MARTINS E NUNES, MARCUS VINI-CIUS DA SILVA. 100 Jogos psicomotores: uma prática relacionada a esco-la. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2011.
MEYER, Ivanise Corrêia Rezende. Brincar e Viver:projetos em edu-cação infantil.Rio de Janeiro, Wak Editora, 2011.
PIAGET, Jean. Para Onde Vai a Educação? Rio de Janeiro: José Olym-pio, 1984.
PIAGET, J. A formação do símbolo na criança, imitação, jogo, sonho, imagem e representação. de jogo: São Paulo: Zahar, 1971.
40
VISCA, J. Clínica Psicopedagógica. Epistemologia convergente. Porto Alegre:Artes Médicas, 1987.
VYGOTSKY, L. A Formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1987.
_____________. Pensamento e Linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1988.
WINNICOTT, D. W. O Brincar e a Realidade. Rio de Janeiro: IMA-GO, 1993.
41
WEBGRAFIA
Santos, Rogério Augusto. O Psicopedagogo na instituição escolar:
Intervenções Psicopedagógicas no processo de ensino-
aprendizagem
Disponível em:
www.psicopedagogiabrasil.com.br/artigos_rogerio_pp_institucional.
Acesso em: <29/06/11 Hora: 22:31
SOUZA, Ilma Glória Barbacena de. A PSICOPEDAGOGIA NO
BRASIL: Contribuições a Partir da Prática. Disponível em:
http://www.altavista.com.br
Acesso em:> 25 mai. 2011. Hora: 20:15
42
ÍNDICE
AGRADECIMENTOS 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 8
INTRODUÇÃO 9
CAPITÚLO 1-
HISTÓRICO DA PSICOPEDAGÓGIA 12
CAPÍTULO 2-
2.1 LÚDICO E A CRIANÇA 18
2.2 A importância do brincar e dos jogos para aprendizado 23
CAPÍTULO 3-
ATIVIDADES LÚDICAS DO PSICOPEDAGOGO 27
CONCLUSÃO 35
BIBLIOGRAFIA 39
43
WEBGRAFIA 41
ÍNDICE 42